Brincando com Astronomia

Brincando com Astronomia

PROPOSTA DIDÁTICA PARA O PRÉ-ESCOLAR NICOLE MARQUES, RITA FERREIRA, SARA DIAS E MARISA CORREIA

Aceite para publicação em 28 de julho de 2017.

Índice

Introdução ............................................................................................................................................... 1 Descrição da Atividade ............................................................................................................................ 2 Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 4 Anexo....................................................................................................................................................... 5 Ficha Técnica ........................................................................................................................................... 9

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Introdução É hoje consensual que as ciências, como forma racional de descobrir o mundo (Reis, 2008), devem ser abordadas desde as idades mais precoces. Por isso, é fundamental que nesta fase das suas vidas se estimule as crianças para o contato com o mundo físico de modo a despertar nelas um olhar atento e com significado em tudo o que observam. Também as Orientações Curriculares para a Educação PréEscolar (OCEPE) (Silva, Marques, Mata & Rosa, 2016) destacam que “A introdução à metodologia própria das ciências parte dos interesses das crianças e dos seus saberes, que o/a educador/a alarga e contextualiza, fomentando a curiosidade e o desejo de saber mais” (p. 89). Segundo Brinquete (2012), não se pretende no Pré-Escolar persuadir as crianças a serem cientistas, mas sim tornar a ciência mais acessível. Esta autora, refere que no jardim de infância as crianças não apresentam ainda estruturas cognitivas que lhes permitam construir conceitos científicos elaborados. Porém, a partir das suas ideias, constroem noções científicas, a par de conceitos científicos simples, que lhes permitirá evoluir, posteriormente para conceitos mais complexos. Além disso, a aquisição do significado de termos científicos, utilizados através de experiências variadas, contribui também para o desenvolvimento da linguagem. (p. 20) Um tema que desperta curiosidade nas crianças devido à relação com o seu dia a dia é a Astronomia, mas por não existir manipulação direta da criança, torna-se algo difícil para a mesma compreender (Curval & Peixoto, 2016). Contudo, é possível recorrer a vários dispositivos ou ferramentas (físicas ou digitais) que permitam à criança observar e explorar e, assim, facilitar a compreensão dos fenómenos (Pereira, 2012).

A atividade proposta desenrola-se ao longo de uma semana e aborda o tema do Sistema Solar, que é referido nas OCEPE (Silva et al., 2016), no seguinte excerto: As aprendizagens em ambiente pré-escolar podem ampliar-se e diversificar-se, para além do meio imediato, tanto em geografia (o planeta Terra, algumas noções do sistema solar e da influência do sol na vida da terra, os rios, os mares, os acidentes orográficos, etc.), como em geologia (comparação e coleção de rochas, observação das suas propriedades). (pp. 93-94) Para além da Área de Conteúdo de Conhecimento do Mundo, é feita a articulação com a Área da Expressão e Comunicação (Domínios da Educação Motora, da Educação Artística, da Matemática e da Linguagem Oral e abordagem à Escrita) em diversos momentos da atividade. Esta abordagem integrada contribui, assim, para o desenvolvimento integral das crianças.

Apresenta-se de seguida a descrição da atividade. Em anexo, disponibiliza-se a lista de materiais usados para a construção da maquete e algumas fotos.

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Descrição da Atividade Sugere-se a implementação ao longo de uma semana, que poderá ser designada como a “Semana da Astronomia”. A atividade inclui a visualização de um filme, a construção de uma maquete do Sistema Solar, a exploração de um livro e o desenho livre.

A atividade tem início com o visionamento do filme “Paxi - O Sistema Solar” da Agência Espacial Europeia (2016), como forma de introduzir a temática. Este vídeo faz referência aos planetas do Sistema Solar e à sua ordem, indicando que o Sol é a nossa estrela e, também, algumas características principais dos planetas. Faz a diferenciação entre os planetas rochosos e os planetas gigantes e faz, também, referência ao período de rotação e de translação da Terra, ilustrando o porquê da existência dos dias e das noites. Aponta também a existência da Cintura de Asteroides, que divide os dois tipos de planetas, e a existência de cometas no espaço. Após a visualização do vídeo, promove-se uma breve conversa com as crianças no sentido de perceber o que pensam sobre o que viram e de reforçar algumas das informações mais importantes.

No segundo e terceiro dia da atividade é construída a maquete do Sistema Solar em conjunto com as crianças. O segundo dia é dedicado à pintura dos planetas do Sistema Solar, do Sol e da Lua. Para o efeito, divide-se a turma em grupos de 2/3 crianças, cada um responsável por pintar um planeta, a Lua ou o Sol. Cada grupo dispõe na sua mesa de uma imagem do corpo celeste correspondente, para que tente reproduzir a sua pintura o mais realista possível. Durante todo o processo o(a) educador(a) e o(a) auxiliar educativo(a) facilitam os materiais necessários (ver lista em Anexo) e apoiam os grupos na realização dos trabalhos.

O terceiro dia, depois de secos os corpos celestes, destina-se à construção da maquete em que as crianças, com a ajuda do(a) educador(a) e do(a) auxiliar, montam e forram a estrutura da maquete (ver imagens em Anexo). Por fim, colocam-se os corpos celestes na correta posição com a participação das crianças, pedindo-lhe que ponham em prática a informação adquirida através do vídeo visionado no primeiro dia. A colocação dos corpos celestes na maquete permite a aquisição e consolidação de noções matemáticas, identificadas nas OCEPE (2016): A construção de noções matemáticas, em particular o que se designa por pensamento espacial, fundamenta-se na vivência do espaço e do tempo, tendo como ponto de partida as atividades espontâneas e lúdicas das crianças. É a partir da consciência da sua posição e deslocação no espaço, bem como da relação e manipulação de objetos que ocupam um espaço, que a criança pode aprender o que está “longe” e “perto”, “dentro”, “fora” e “entre”, “aberto” e “fechado”, “em cima” e “em baixo (p. 82).

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BRINCANDO COM ASTRONOMIA E possibilita o desenvolvimento da visualização espacial que “é um processo que envolve a construção e a manipulação de imagens mentais de objetos a 2 ou 3 dimensões e permite construir representações visuais que são essenciais para a vida (p. 83)”.

No quarto dia da semana, procede-se à leitura e análise do livro “Estrelas e Planetas” (Winters & Senden, 2011). Com todas as crianças sentadas no chão, em cima de um tapete com almofadas, o(a) educador(a) lê o livro, explicando alguns conceitos ou dúvidas pontuais e mostrando as ilustrações do livro. A leitura é fundamental, para consolidar as informações veiculadas ao longo da semana, assim como fomenta o desenvolvimento da linguagem e são a base da escrita, fundamental neste grau de ensino, conforme mencionado nas OCEPE: O contacto com a escrita tem como instrumento fundamental o livro. É através dos livros, que as crianças descobrem o prazer da leitura e desenvolvem a sensibilidade estética. As histórias lidas ou contadas pelo/a educador/a, recontadas e inventadas pelas crianças, de memória ou a partir de imagens, são um meio de abordar o texto narrativo que, para além de outras formas de exploração, noutros domínios de expressão, suscitam o desejo de aprender a ler. O gosto e interesse pelo livro e pela palavra escrita iniciam-se na educação de infância. (p. 70) No quinto e último dia da semana, encerra-se a semana com uma atividade de expressão plástica. Esta é a etapa com mais liberdade tanto a nível motor como expressivo. O(A) educador(a) coloca um papel de cenário na parede da sala e solicita às crianças que elaborem um desenho livre, baseado na experiência pessoal vivenciada durante a semana. Para a realização do desenho as crianças podem recorrer a lápis de cor, canetas de cor, tintas, pinceis ou até às mãos e, claro, à sua imaginação. Esta tarefa é também preconizada nas OCEPE: Ao longo deste percurso visual que interrelaciona o “falar sobre as imagens” e os “modos de ver as imagens”, a criança enriquece o seu imaginário, aprende novos saberes, integra-os no que já sabe, e experimenta criar novas imagens, desenvolvendo progressivamente a sua sensibilidade estética e expressividade através de diversas modalidades (desenho, pintura, colagens, técnica mista, assemblage, modelagem, entre outras). (p. 53)

Figura. Fotografia da maquete (Anexo)

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Referências Bibliográficas Brinquete, J. (2012). Educação em Ciência no Jardim de Infância (Relatório final da Prática de Ensino Supervisionada). Portalegre: Escola Superior de Educação de Portalegre.

Curval, A., & Peixoto, A. (2015). Olhar para o céu: A criança e a astronomia. Interacções, 39(11), 653666.

Pereira, R. (2012). Dormir com a Lua: Astronomia em contexto pré-escolar (Relatório Final de Prática de Ensino Supervisionada II). Viana do Castelo: Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

Reis, P. R. (2008). Investigar e Descobrir - Actividades para a Educação em Ciências nas Primeiras Idades. Chamusca: Edições Cosmos.

Silva, I. (coord.) Marques, L., Mata, L., & Rosa, M. (2016) Orientações Curriculares para a Educação PréEscolar. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

Winters, P., & Senden, M. (2011). Estrelas e Planetas. Vila Nova de Gaia: Editora Educação Nacional.

Agência Espacial Europeia (2016). Paxi - O Sistema Solar - Português #ESA. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=m2ozvd4ECb8

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Anexo

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Lista de materiais necessários para a conceção da maquete do Sistema Solar: •

10 Esferas de esferovite de variados tamanhos;

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Guaches e tintas acrílicas;

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Papel higiénico;

•

Pincéis;

•

9 Folhas de papel Eva;

•

3 caixas de cartão;

•

Purpurinas;

•

Gravilha (para representar a Cintura de Asteroides);

•

1 Lâmpada (para colocar dentro da metade da esfera oca de esferovite que representa o Sol);

•

Casquilho, interruptor, fio elétrico e ficha macho;

•

X-ato;

•

Cola quente;

•

Rolhas de cortiça;

•

Paus de espetada;

•

Pisca-polos;

•

Papel de embrulho;

•

Fita-cola;

•

Fita-cola de dupla face.

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Fotos da maquete

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Ficha Técnica Título:

Brincando com Astronomia

Autoras:

Nicole Marques, Rita Ferreira, Sara Dias e Marisa Correia

Imagens:

https://pixabay.com/ (repositório de imagens para uso pessoal e comercial sem atribuição) Nicole Marques

Ano

2017

Publicação:

28 de julho de 2017

Publicação sob uma Licença Creative Commons da Casa das Ciências

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