CADERNO PEDAGÓGICO 2022 - ESTIMULAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO DAS APRENDIZAGENS

Page 1

Coleção

Caderno Pedagógico Escola Que Faz Professor que Acontece - Estimulação e Recomposição das Aprendizagens - Volume I

Prefeito Santiago

Tiago Gorski Lacerda

Vice-Prefeito Santiago Marcelo Görski De Matos

Secretaria Municipal de Educação e Cultura Mara Elizete Rebelo de Lourenço

Gestora Pedagógica

Maria Joceli dos Santos Figueiredo

Assessoria Pedagógica

Kelen Dal- Souto Frescura Márcia Verônica Gomes Thábata Fiorenza Finamor Thomás Karise Dethétis de Lima Adriana Pizoloto Machado Fernanda Gomes Machado

Coordenação de Tecnologia Thanize Rodrigues

Instituições Representativas do Comitê Gestor da Educação Municipal

• Universidade do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus Santiago - Maria Saléti Reolon

• Unopar - Bruna Velasco

• Conselho Tutelar - Helena Gonçalves e Juliano Primon

• SENAC Santiago - Silvana Silvana Dichiette Madalozzo

• SICREDI - Daiane Nunes Robaino

• Conselho Municipal de Educação - Maria Serafini Immich

• Brigada Militar (Patrulha Escolar) - Régis Luís Moraes Caderno

Edtitoração

Casa do Poeta Brasileira de Santiago Projeto gráfico e diagramação Lucas Rodrigues dos Santos Impressão

Ponto Cópia - Santiago/RS

Elaborado pela Bibliotecária Eliziane Lopes CRB 10/2330

Pedagógico Escola que Faz Professor que Acontece ESTIMULAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO DAS
Vol I. / Organização: Maria
dos Santos
Kelen
Frescura,
Verônica Gomes,
Lima,
RS:
1. Educação 2. Práticas. 3. Pedagogia. CDU 37.01 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
APRENDIZAGENS.
Joceli
Figueiredo,
Dal-Souto
Márcia
Thábata Fiorenza Finamor Thomás, Karise Dethétis de
Adriana Pizoloto Machado, Fernanda Gomes Machado e Thanize Rodrigues
Santiago
Casa do Poeta Brasileiro de Santiago. 2022. 80p. ISBN nº 978-85-64886-55-1

EU QUERO SABER! “PEQUENOS EXPLORADORES E A DESCOBERTA DA CIÊNCIA NAS COISAS”

ALINE APARECIDA LOPES FERREIRA JULIANA DA SILVEIRA SOARES NADALON EM UM MUNDO ONDE AS DESCOBERTAS TRANSFORMAM VIDAS, ATRAVÉS DA SUSTENTABILIDADE ANDRESSA COELHO MÜLLER PRISCILA REOLON “MUSICALIZANDO:

SUMÁRIO 7 9 11 15

BIANCA DOS SANTOS BITENCORTE AGUIAR THIÉLE SILVEIRA BARCELOS

BONS AMIGOS, BONS VIZINHOS!

ELAINE MAI MACHADO

LAURA PAULETTO MACHADO LARA PINTO ROMEIRO SIMONE SAUCEDO NUNESR

Apresentação Prefácio
UM OLHAR PARA A RECOMPOSIÇÃO DE APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA MÚSICA”
19 23

TUDO VIRA BRINQUEDO E BRINCADEIRA: ENLACES DO BRINCAR HEURÍSTICO NO BERÇÁRIO MULTI FERNANDA DA ROCHA CALEGARI A EXPEDIÇÃO DO GATO XADREZ GRACIELI SALES LAMBERTI COMO EU FIQUEI APÓS UMA PITADINHA DE AMOR E AFETO DE CADA FAMÍLIA JOSIÉLI PERUZI RONZANI MUITO ALÉM DO OLHAR: RESGATANDO AS APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS NO PÓS PANDEMIA: O RETORNO DA FAMÍLIA DA MARICOTA JULIANA PATIAS SAMPAIO LETÍCIA MIRAILH DOS SANTOS STEPHANIE CENDON MACHADO ZIMPEL BRINCAR E APRENDER: AS DESCOBERTAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL MARISA SOARES DO NASCIMENTO MACIEL PLIM PLIM NÓS CUIDAMOS DA ÁGUA SIM! TAYLANA DAL CAROBO BRUM

4
26 31 35 39 43 47

QUE BICHO É ESSE?

UMA VISITA AO MUNDO ANIMAL

THANIZE DETHETIS DE LIMA PASTA VIAJANTE: ENTRE NESSA HISTÓRIA COM O FRED E OS AMIGUINHOS

ARIADNE SOUZA DUARTE A LEITURA COMO PRÁTICA DE RECOMPOSIÇÃO DE APRENDIZAGEM

CRISTIELI LANES GARCEZ

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NAS AULAS DE HISTÓRIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL PÂMELA POZZER CENTENO NUNES ROBÓTICA COM ACESSIBILIDADE

CARLOS VANDRÉ AQUINO BESSA

A INFLUÊNCIA DOS JOGOS PEDAGÓGICOS NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR: JOGOS VS APRENDIZAGEM

ARIANE BENITZ BARBOSA MATEMÁTICA E OS ESPORTES

CAROLINA DAL MOLIM DA LUZ CRIANÇA FELIZ E A VIAGEM PELA LITERATURA

KARINE DETHETIS DE LIMA

5
51 55 58 61 65 69 73 78
6

APRESENTAÇÃO

O Programa “ Escola que Faz, Professor que Acontece”, é uma iniciativa da Secretaria Municipal da Educação e Cultura/SMEC Santiago, sua primeira edição aconteceu no ano de 2017, fortalecendo-se ao longo dos anos.

O programa almeja incentivar de forma efetiva, a melhoria da qualidade da Educação Básica das escolas da rede municipal de educação, assim como valorizar o corpo docente e equipe gestora, tendo como principal objetivo reconhecer, divulgar e premiar o trabalho de professores das escolas públicas municipais que contribuem para a continuidade e a melho ria dos processos de ensino e aprendizagem das crianças/estudantes, valorizando o seu papel como agentes fundamentais no processo formativo das novas gerações e dando visibilidade às experiências pedagógicas, conduzidas pelos professores em regência e que sejam passíveis de adoção por outros educadores.

O Programa conta com a parceria do Comitê Gestor da Educação constituído por institui ções representativas e universidades locais que avaliam e respaldam as produções científicas submetidas pelos docentes aos editais do mesmo.

No ano de 2021, o referido programa tornou-se proposta anual e temática, sendo que nesta V edição, valorizam-se as experiências exitosas de estimulação/recomposição das apren dizagens, considerando que as crianças/estudantes retornaram a presencialidade após um longo período de afastamento do ambiente escolar, medida esta imposta pelos protocolos sanitários em decorrência da pandemia da Covid 19, o que exigiu dos educadores um olhar sensível e cuidadoso sobre o processo das aprendizagens formais. Com esse intuito, a V edi ção do Programa Escola que Faz, Professor que Acontece, objetiva valorizar os educadores que disseminam práticas educativas de estímulo às habilidades essenciais das crianças/estudan tes, atentando para os princípios de inclusão e equidade nas diferentes etapas e modalidades de ensino.

Assim, apresentamos o caderno pedagógico Escola que Faz Professor que Acontece como estratégia de fomento à Formação Continuada em serviço, através da pesquisa e do protagonismo dos docentes da rede municipal de ensino para que estes mantenham o dese jo e a busca pelo constante aprender e ensinar como norteador de suas práticas pedagógicas. Desejamos que este caderno pedagógico seja disseminado em diferentes espaços esco lares e não-escolares, com o intuito de compartilhar as boas práticas dos professores da rede Municipal de Santiago/RS, reafirmando que a “Educação Municipal move caminhos, conecta afetos e entrelaça histórias…”

Departamento Pedagógico Secretaria Municipal da Educação e Cultura de Santiago/RS

7
8

PREFÁCIO

Entrelaçar muitas e diversas histórias mobilizando saberes tem sido a premissa das práticas pedagó gicas e institucionais da Rede Municipal de Ensino de Santiago no ano de 2022. Essa abordagem se construiu a partir do desafio imposto pela pandemia da Covid 19, que apressou muitas tomadas de decisões no campo educacional, tornando-o mais ativo, colaborativo e, ao mesmo tempo, singular. Repensar as práticas pedagó gicas a partir da óptica de uma nova realidade social, educacional e de saúde, afetou em todos os sentidos o fazer em nossas escolas. Assim, compor, recompor, construir, recuperar, repensar, personalizar modos e tempos de aprendizagens, passaram a ser termos mais cotidianos nas rodas de conversas e escutas entre os docentes e profissionais da educação, tornando o domínio dos mesmos imprescindíveis na melhoria e qualificação das práticas escolares nos territórios, visando a integralidade dos estudantes, enquanto sujeitos aprendentes.

Com esse intuito, o Caderno Pedagógico Escola que Faz Professor que Acontece traz em sua essência, experiências exitosas desenvolvidas nas Escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental do município de Santiago.

A Educação Infantil tornou visível a necessidade da problematização de aspectos fundamentais no processo de socialização, estimulação e desenvolvimento integral das crianças, visando uma infância saudá vel, presente nos relatos intitulados: - Tudo vira Brinquedo e Brincadeira: Enlaces do brincar heurístico no Berçário Multi; - Que bicho é esse? Uma visita ao mundo animal; - Plim Plim, nós cuidamos da água sim! - Musicalizando: Um olhar para a recomposição de aprendizagem através da música; - Eu quero saber! “Pequenos Exploradores e a descoberta da ciência nas coisas”; - Em um mundo onde as descobertas transformam vidas, através da sustentabilidade; - Bons amigos, Bons vizinhos!; - Muito além do olhar: Resgatando as aprendizagens significativas no pós pandemia: O retorno da família da Maricota; - A expedição do Gato Xadrez; - Como eu fiquei após uma pitadinha de amor e afeto de cada família; - Brincar e Aprender: As descobertas na Educação Infantil Da mesma forma, os Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental, implicaram-se com essa postura pro blematizadora e cuidadosa sobre as aprendizagens dos estudantes, manifestas nos relatos intitulados: - A in fluência dos jogos pedagógicos no desenvolvimento escolar: Jogos vs Aprendizagem; - Matemática e os Esportes; - Criança Feliz e a viagem pela literatura; - O lúdico como estratégia pedagógica nas aulas de História nos Anos Finais do Ensino Fundamental; - Pasta Viajante: Entre nessa História com o Fred e os Amiguinhos; - Robótica com acessibilidade; - A leitura como prática de Recomposição de Aprendizagem Esse Caderno Pedagógico oportuniza ao leitor, acesso a diferentes ações desenvolvidas e compartilhadas por profissionais que através de seus saberes entrelaçaram histórias e fizeram acontecer a efetivação da estimulação/recomposição das aprendizagens no referido ano letivo. A to dos, nosso desejo de uma enriquecedora leitura.

9
10

EU QUERO SABER! “PEQUENOS EXPLORADORES E A DESCOBERTA DA CIÊNCIA NAS COISAS”

APRESENTAÇÃO

“A questão não é levar a ciência para a Educa ção Infantil, e sim dar luz e vida para a ciência que já está lá.” (SOUZA, 2008, p.145)

Como o mundo funciona? Como funcionam as coisas no mundo? Qual é o meu lugar nele? As crianças buscam encontrar-se e reconhecer-se no vasto universo de informações que as rodeiam, es pecialmente nas faixas etárias abrangidas pelo ní vel da Educação Infantil, cada resposta obtida gera novas perguntas. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI, 1998) já previa o in teresse da criança pelo ser humano, pelos outros e pelo mundo natural pela qual está cercado, o que conversa com a teoria de Carl Sagan de que “as crianças são naturalmente cientistas, apenas ainda não possuem habilidades para desenvolver o co nhecimento necessário”.

Este perfil de criança questionadora, curiosa e imaginativa é facilmente encontrado nas turmas da EMEI Mary Lopes Peixoto. Um passeio pelo pá tio da escola, a observação da terra, da grama, da areia, o contato com as diferentes texturas, os in setos encontrados nos jardins e os animais que vi vem no entorno da escola – o quanto eu já cresci, o quanto vou crescer e o que me faz diferente, o

1

2

que me motiva a sentir feliz ou triste e a dúvida cons tante sobre outras crianças, em particular os menores, em como podem cuidar e se relacionar com eles em espaços comuns. Estar em constante aprendizado, com elementos naturais ou instru mentos tecnológicos: tudo faz com que a curiosida de emerja.

Buscando dar dire cionamento pedagógi co ao interesse natural da criança por tudo que compõe o mundo que a rodeia, e em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (2017, p.36) quando colo ca que a construção do conhecimento “não deve resultar no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvolvimento natural ou es pontâneo” confiando à prática pedagógica a ne cessidade de intenção educativa desde a Educação Infantil, nasce a proposta do projeto “Eu quero sa ber!” que visa, a partir do trabalho pedagógico de viés científico construir novos saberes e recompor aprendizagens sobre o mundo e as suas coisas nas

11
ALINE APARECIDA LOPES FERREIRA¹ JULIANA DA SILVEIRA SOARES NADALON² EMEI Mary Lopes Peixoto, Educação Infantil-professor, Santiago, RS. EMEI Mary Lopes Peixoto, Educação Infantil-professor, Santiago, RS.

suas reais dimensões, de modo sensível à infância, considerando a faixa etária das crianças participan tes bem como sua maturidade cognitiva para que tenham participação autônoma nas experiências a serem realizadas. Lima e Loureiro (2013) compreen dem o espaço escolar como um local próprio para:

(...) cultivar o interesse natural desses estudantes pelo conhecimento, (...) a formulação de perguntas, a ousadia em criar ou inventar explicações e so luções para os problemas apresenta dos, desenvolver atitudes autônomas, estimular o gosto pelas ciências, ten tando explicar o mundo ao seu redor e propondo soluções para problemas concretos. (2013, p.15)

Isto posto, o projeto: EU QUERO SABER! “Pe quenos exploradores e a descoberta da ciência nas coisas”, busca possibilitar às crianças o seu desenvolvimento pleno de acordo com os direitos de aprendizagens previstos nas DCNEI, BNCC e os campos de experiências e objetivos de aprendiza gens elencados na BNCC, RCG e DOM.

OBJETIVOS

Agir de maneira curiosa e investigativa sob o mundo que vivemos, considerando os núcleos sociais/naturais e todas as suas possibilidades, instigando novas descobertas que aliem os co nhecimentos prévios às experiências vivenciadas, recompondo aprendizagens, a fim de promover a iniciação científica a partir das situações cotidianas da Educação Infantil.

METODOLOGIA

O presente projeto utilizará a abordagem STEAM - traduzido para o português (S) Ciências,

(T) Tecnologia, (E) Engenharia, (A) Artes e (M) Mate mática, que se caracteriza como metodologia ativa para a aprendizagem aliada as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs). De acordo com Maia et. al., (2021, p.72)

Na composição das práticas peda gógicas em Educação STEAM, as Ciências entram com o rigor meto dológico e sistematização do trabalho investigativo; a Tecnologia caracteriza os conhecimentos e artefatos desen volvidos para solucionar os proble mas; a Engenharia indica os proces sos de planejamento e prototipação das soluções; as Artes é a componen te humanística fundamental para empatia na abordagem do problema apresentado; e a Matemática traz os conceitos abstratos representados para interpretar e intervir na realida de. (2021, p.72)

Essa abordagem traz como principais obje tivos a criança como protagonista do processo de aprender, engajada e imersa nas experiências pro porcionadas, colaborando e interagindo com seus pares, conversando com a perspectiva de Escola Maker e Design Thinking.

Com foco criativo, o STEAM incentiva a edi ficação dos saberes em cinco etapas, sendo elas: a investigação, a descoberta, a conexão, criação e reflexão, que funcionam por meio de provocações interdisciplinares lúdicas, que visam desenvolver habilidades e competências como a criatividade, a inovação, pensamento crítico, computacional, comunicação, colaboração, flexibilidade, habilida des socioemocionais além da capacidade de lidar com diversas situações. Essas habilidades estão re fletidas na Base Nacional Comum Curricular, espe

12

cialmente em três de suas dez competências.

Dentre as práticas mais relevantes a serem realizadas a partir dessa metodologia, estão a criação de um espaço mais dinâmico, aberto e favorável à aprendizagem; A disposição de instrumentos e ferramentas para manuseio livre e orientado; A criação de oficinas na turma de Jardim, expansivas a crian ças de outras faixas etárias; A transformação de conceitos em aulas práticas; A problematização, oportunizando a criatividade; A integração de conhecimentos e o debate de questões reais da sociedade dentro da escola.

O projeto em questão será desenvolvido de maneira colaborativa, contando com a participação dos professores e da Equipe Escolar como um todo, através da acolhida das ações propostas, de maneira a transformar as ideias em práticas integrativas para as diversas faixas etárias contempladas pela EMEI Mary Lopes Peixoto, da etapa creche ao Jardim.

Da mesma forma, as metodologias aplica das serão abrangentes, trabalhando com todos os campos de experiências previstos na Base Nacional Comum Curricular e no Referencial Curricular Gaú cho. Serão contemplados, igualmente, objetivos previstos no Documento Orientador Municipal da cidade de Santiago/RS, valorizando os espaços e a cultura de nosso município.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O projeto em questão foi pensado e elaborado no primeiro semestre, para ter sua aplicação a partir do mês de agosto. Visando contemplar os objetivos

citados anteriormente, a imple mentação vem sendo realizada por etapas, inserindo o trabalho nas turmas de Jardim A - Tarde e Maternal II - Manhã, para, pos teriormente, ampliá-lo para ou tras turmas e faixas etárias.

A exemplo de algumas práticas realizadas, temos a ex periência do “milho dançante” em que o bicarbonato de sódio reage com o ácido do vinagre e produz dióxido de carbono, for mando bolhas de gás que en volvem e se fixam nos grãos do milho, fazendo-os flutuar; esta atividade mostrou às crianças (e aos professores que acompanharam) que compreen der reações químicas pode ser fácil e muito diver tido quando realizado da maneira correta, respei tando a maturação da criança, não estando a quem de suas capacidades e aumentando sua zona de desenvolvimento potencial. Essa experiência tam bém teve sabor, quando ao final da sua aplicação, utilizamos o mesmo tipo de milho para fazer uma pipoca deliciosa!

Em continuidade, o acompanhamento do movimento de rotação, a compreensão de como acontecem os dias e as noites, que cada lugar no mundo está em um momento diferente do seu dia, a influência do formato da terra neste movimento, tudo se tornou mais claro quando observado, tra zendo o conceito do imaginário para a vida real, de forma palpável. Cada criança teve a oportunidade de simular a luz do sol com o uso de uma lanterna, refletindo sua luz na lua e, da mesma forma, giran do a terra, criando dia em alguns lugares e noite em outros. Os olhos se tornaram ainda mais curiosos ao conhecer o conceito de gravidade, quando perce beram que existem pessoas “do lado” e “embaixo”

13

do planeta, que estão de cabeça para baixo, mas não caem no universo.

As tentativas também englobam temáticas vinculadas à cultura brasileira, como a experiência causa-efeito do moinho do Saci (lenda “Saci Pere rê”), expedição investigativa em busca de casas de joão de barro para observação, representação da casa com argila (lenda gaúcha “João de Barro”), ob servação e representação da cruz missioneira com argila, bem como a observação, capacidade de resolução de problemas e colaboração com seus iguais na representação de uma igreja missioneira com blocos de caixas de leite (lenda gaúcha “Lunar de Sepé Tiaraju”). Atividades que, além de evocar a cultura maker, trazem conceitos previstos na BNCC como a exploração de materiais diversificados, vin dos da natureza ou produzidos pelo homem.

A partir das atividades supracitadas e de ou tras mais, como a construção de um relógio solar para perceber a passagem do tempo, as crianças puderam compreender de forma lúdica a ciência em tudo que nos rodeia, sem deixar que a aprendi zagem perdesse a cor e a magia. Dessa forma, reto mamos o conceito de que a Educação Infantil deve valorizar a infância e sua curiosidade natural sem infantilizar seu processo de aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cabe ressaltar que, embora seja prática da escola o trabalho com a metodologia de projetos, lançando a cada ano novas propostas, esse traba lho não deve ser encerrado em dezembro de 2022 - uma das propostas principais é que seja expandi do e incorporado em práticas diárias, explorando as diversas temáticas e experiências, das mais simples às mais complexas.

Assim, para que as crianças tenham a vivên cia do pensamento científico, em momentos livres

e orientados do seu dia-a-dia, dá-se continuidade a sua aplicação, após o envio deste relato, com o apoio da equipe gestora, das famílias engajadas bem como dos professores que compõem a equi pe Mary Lopes Peixoto e que, gentilmente, aceita ram participar e aplicam em suas turmas práticas STEAM de acordo com o sugerido, mesmo antes da realização das oficinas.

Conta-se ainda (e principalmente) com o apoio especial de cada criança, que com sua inocência, através do encantamento e desejo de explorar o mundo, nos dá a motivação necessária para pro mover práticas diferenciadas, transformando um pouco de cada vez a educação que temos, na edu cação que tanto se deseja e sonha.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educa ção Infantil: conhecimento de mundo. V. 3. Brasília: MEC/ SEF, 1998.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. MEC. 2017. Disponível em:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ GAROFALO, Débora. Como levar o STEAM para a sala de aula? Rev. Nova Escola, 2019. Disponível em: https://no vaescola.org.br/conteudo/18021/como-levar-o-steam-pa ra-a-sala-de-aula Acessado em 05/06/2022.

HAILE, Ana Caroline. O ensino de ciências na Educação Infantil. Ponta Grossa: UTFPR, 2018. Disponível em: http:// repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3946/1/PG_PP GECT_M_Haile%2C%20Ana%20Caroline_2018.pdf

LIMA, Maria Emília Caixeta de Castro; LOUREIRO, Mairy Barbosa. Trilhas para ensinar ciências para crianças. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2013.

MAIA, D.L.; CARVALHO, R.A.; APPELT, V.K. Abordagem STEAM na Educação Básica Brasileira: Uma Revisão de Literatura. Rev. Tecnol. Soc., Curitiba, v. 17, n. 49, p.68-88, out./dez. Acessado em 06/06/2022.

SOUZA, Carolina Rodrigues de. A ciência na Educação Infantil – uma análise a partir dos projetos e reflexões desenvolvidos por educadores infantis. São Carlos, SP: UFSC, 2008.

14

EM UM MUNDO ONDE AS DESCOBERTAS TRANSFORMAM VIDAS, ATRAVÉS

DA SUSTENTABILIDADE

APRESENTAÇÃO

O retorno às atividades escolares presenciais após um longo período de isolamento, imposto como medida preventiva à pandemia da Covid-19, exigiu um olhar atento e sensível por parte dos professores, especialmente aqueles que trabalham com crianças pequenas, como é o caso da Educa ção Infantil. O período pandêmico não só afastou as crianças do ambiente escolar, mas também comprometeu suas relações extra escolares, im pedindo-as, em grande parte, de conviver e rela cionar-se com outras crianças, adultos e contextos significativos para potencializar aprendizagens e descobertas.

Considera-se que essas circunstâncias afeta ram diretamente um período de desenvolvimento fundamental da infância. Além de todos os impac tos psicológicos desencadeados pela ruptura da convivência com os pares, a sensação de medo e possíveis perdas de familiares ou pessoas queridas, as crianças foram expostas ao uso excessivo de te las e aparelhos eletrônicos. Sem dúvida, atualmen te, as tecnologias são uma ferramenta importante para o desenvolvimento de muitas aprendizagens, mas seu uso precisa ser equilibrado e, em hipótese

1

EMEI Mary Lopes Peixoto, Educação Infantil-professor, Santiago, RS.

2

EMEI Mary Lopes Peixoto, Educação Infantil-professor, Santiago, RS.

alguma, deve substituir as relações físicas desen volvidas em contato com o meio. Perce be-se que, além das crianças, as fa mílias também foram afetadas pelo longo período de pan demia, por isso, envolvê-las em uma proposta é funda mental.

Diante desse cenário e das observações realiza das na turma do Maternal 1, da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Mary Lopes Peixoto, onde as crianças demonstram a necessidade de sentirem, tocarem e explorarem o mundo que as cerca. Consi dera-se fundamental no perío do pós-pandemia, resgatar a sensibilidade através de expe riências significativas em um contexto de múltiplas possibi lidades que é o meio ambiente, por meio de propostas que per mitam não apenas estar em contato com a natureza, mas interagir com ela, de fato: se sujar, sentir cheiros, experimentar texturas...

15

Acredita-se, contudo, que essas experiências com e na natureza não podem estar descoladas das questões ambientais, cada vez mais urgentes em nossa sociedade. Portanto, entende-se que a conscientização para a preservação do meio am biente e, especialmente, dos recursos naturais –fundamentais para a sobrevivência humana – pre cisa fazer parte do cotidiano das crianças desde cedo, contribuindo para a formação de indivíduos responsáveis e conscientes de seu papel na preser vação do planeta.

Sendo assim, pensa-se a Educação Ambiental no âmbito da Educação Infantil como um proces so contínuo a ser desenvolvido em parceria com as famílias para tornar-se ainda mais significativo. Vis to que, na infância as relações sociais se ampliam e conceitos importantes são constituídos por meio das vivências que acontecem dentro e fora da es cola, ao sentir-se parte da natureza, a criança pode desenvolver uma relação mais sustentável com o meio ambiente, através de práticas de cuidado e preservação.

O projeto foi embasado nos principais documentos legais que dizem respeito à Educação Infantil, são eles: Base Nacional Comum Cur ricular (BNCC) e Diretrizes Curricula res Nacionais para a Educação Infan til (DCNEI’s), visando contemplar os interesses das crianças, as particula ridades da turma e os eixos estrutu rantes - interações e brincadeira - de modo a garantir integralmente os direitos de aprendizagem propostos pela BNCC e os cinco campos de ex periência. Além de ser uma propos ta diferenciada de estimulação que permite a recomposição das apren dizagens, tendo em vista o retorno à

presencialidade após o período de afastamento do ambiente escolar.

OBJETIVOS

• Desenvolver experiências e descobertas pau tadas em práticas sustentáveis para relacionar-se com o meio ambiente;

• Proporcionar a recomposição de aprendiza gens que foram prejudicadas durante o período pandêmico;

• Desenvolver habilidades socioemocionais, através de experiências e descobertas com a natu reza;

• Envolver crianças e famílias na consolidação de práticas sustentáveis.

METODOLOGIA

Como metodologia para guiar o projeto, levou -se em consideração a multiplicidade que envolve as crianças da turma (dividida nos turnos integral, manhã e tarde), entendendo que as mesmas deveriam ser o guia do trajeto a ser percorrido. Desde o início do ano letivo, busca-se aten tar para as demandas das crianças, suas preferências nos momentos de brincadeira livre, seus relatos nas rodas de conversa, enfim, foram elas que conduziram à temática central do projeto. Ao perceber o interesse delas pela interação e exploração da natureza, atravessada pela emer gente necessidade de desenvolver atitudes de consumo mais susten táveis, realizaram-se leituras e pes quisas, visando responder a seguin te questão: é possível desenvolver

16

práticas de Educação Ambiental com crianças bem pequenas?

A partir desses estudos, foram inseridas na prá tica com a turma do Maternal 1, propostas que es timulam a interação das crianças com a natureza, através do contato com materiais não estruturados que as permitissem brincar, criar e expressar seus sentimentos, ocupando o lugar de protagonistas. A observação desses momentos permite mapear áreas e propostas que despertam maior interesse nas crianças, possibilitando delinear percursos, pro postas e ações a serem desenvolvidas no âmbito do projeto. As ações são flexíveis e constantemente retomadas e reavaliadas, considerando sempre os interesses e demandas das crianças – centro do pla nejamento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Acredita-se que a infância é uma fase que pre cisa ser vivida no presente, em sua plena potência, visto que não se trata de uma ‘preparação’ para a vida adulta ou para o futuro, no entanto, entende -se que as iniciativas que se relacionam ao meio ambiente terão seus resultados mais significativos a longo prazo. Ao propor as experiências a serem vivenciadas pela turma do Maternal 1 ao longo do ano, percebe-se o quanto elas estão sendo impor tantes para o desenvolvimento das crianças, contri buindo para a consolidação de práticas sustentá veis no contexto escolar, familiar e principalmente na convivência em sociedade.

A turma do Maternal 1 vem mobilizando as de mais turmas da escola para a implementação de lixeiras seletivas, a fim de separar os resíduos cor retamente e disponibilizando pontos de coleta de papel em 4 locais da cidade (escola, Secretaria de Educação e Cultura, Secretaria de Meio Ambiente e Prefeitura Municipal), os papéis arrecadados, jun

tamente com sementes de frutas e legumes, são utilizados para produzir papel plantável. Na escola, também foi organizado um ponto de coleta de la cres, latas e garrafas pet, os mesmos serão vendidos aos centros de reciclagem e o valor arrecadado será utilizado na compra de materiais para as turmas, abordando a temática da Educação Fiscal.

A produção de papel plantável consiste em uma das principais ações do projeto, sendo desen volvida com a participação ativa das crianças. Utili zam-se os papéis arrecadados nos pontos de coleta, que são picados, deixados de molho por 24h, em seguida, são processados no liquidificador e espa lhados em uma peneira, na qual são acrescentadas as sementes e, por fim, é colocado para secar ao sol. Quando seco, o papel é utilizado para atividades pedagógicas e seu descarte é feito na terra, de for ma sustentável, fazendo germinar as sementes que o compõem.

As crianças colaboram ativamente na produ ção do papel plantável, tem sido muito gratificante observar o envolvimento e curiosidade delas, estan do atentas aos processos da produção, explorando os materiais e suas texturas. Quando o papel é des cartado, elas observam a germinação das semen tes, compreendendo na prática o processo de cres cimento e o ciclo de vida das plantas, experiências que estão estreitamente relacionadas ao campo “Espaços, tempos, quantidades, relações e transfor mações” da BNCC.

Nas práticas cotidianas, trabalha-se o consumo consciente, evitando o desperdício de materiais, água e alimentos. Os rejeitos orgânicos produzidos pelas turmas e pela cozinha são destinados à com posteira da escola, sendo um processo realizado por todas as turmas, sob orientação dos professores e crianças do Maternal 1, juntamente com os profis sionais parceiros da Secretaria do Meio Ambiente. Essa prática se iniciou na escola e despertou o inte

17

resse das famílias, com isso, as crianças produziram um vídeo explicando como criar uma composteira com garrafa pet, a ideia se ampliou e os familiares acabaram aderindo à iniciativa.

Além das ações já mencionadas, a turma mo bilizou a comunidade escolar na arrecadação de diversos materiais, como panelas, formas, potes, colheres, canos de PVC, entre outros materiais que seriam descartados, para construir painéis senso riais e sonoros. Esses recursos, que estimulam o de senvolvimento de diversas competências do cam po “Traços, sons, cores e formas” (BNCC) compõem uma área da escola e estão disponíveis para serem explorados por todas as turmas.

Outra proposta que envolveu muito as crianças da turma, foi a produção de tintas caseiras utilizan do alguns elementos de origem natural, como be terraba, açafrão, erva-mate e café. Essa experiência proporcionou às crianças que explorassem os ma teriais de forma integral, visto que puderam sentir cheiros, texturas e até sentir o gosto dos alimentos, o que provocou diversas sensações, mobilizadas pelos sentidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por mais que o projeto ainda esteja em de senvolvimento, já se percebe que é absolutamen te possível desenvolver práticas de Educação Am biental envolvendo as crianças bem pequenas. Para além disso, a experiência realizada na turma do Maternal 1 da EMEI Mary Lopes Peixoto, permite observar o quanto as propostas desenvolvidas em meio a natureza são significativas para as crianças, possibilitando-as reconectarem-se com a sensibili dade, dando vazão para a expressão de sentimen tos e emoções, além de proporcionar a recomposi ção de aprendizagens importantes – prejudicadas pelo isolamento –, valorizando a brincadeira, as in

terações e o protagonismo, fundamentais para a infância.

Ademais, o projeto está sendo fundamental para envolver as famílias em um momento no qual estavam afetadas pelas consequências da pande mia e distantes da escola. Elas colaboram ativa mente na arrecadação de materiais e acolhem em casa as iniciativas desenvolvidas e propostas na es cola, como a composteira na garrafa pet e a sepa ração do lixo. Essa participação é muito importan te para o desenvolvimento do projeto, visto que, a possibilidade de realizar algumas ações no contex to familiar as torna ainda mais significativas para as crianças e se amplia para o convívio social.

Por fim, acredita-se que as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas na turma e que se estende ram para toda escola e para as famílias irão contri buir na consolidação de práticas mais sustentáveis para se relacionar com o meio ambiente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação Infantil. Conselho Nacional de Educação. Câmara De Educação Básica. Resolução CNE/CEB 165 5/2009.

BRASIL. Sociedade Brasileira de Pediatria. O papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e adolescentes durante e após a pandemia de covid-19. São Paulo, 2021.

CUNHA, Angélica. A educação ambiental aplicada na educação infantil: um estudo sobre o trabalho realizado em uma escola de educação infantil: da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019.

FRAIDENRAICH, Verônica. 8 Dicas para praticar o con sumo consciente com as crianças. Canguru News, 2020. Disponível em: https://cangurunews.com.br/consumo -consciente-criancas/. Acesso em: 22 de setembro de 2022.

18

UM OLHAR PARA A RECOMPOSIÇÃO DE APRENDIZAGEM

ATRAVÉS DA MÚSICA”

APRESENTAÇÃO

O tema inicial “MUSICALIZANDO: UM OLHAR PARA A RECOMPOSIÇÃO DE APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA MÚSICA”, foi estudado e escolhido, le vando em consideração o contexto pós-pandemia, no qual é possível notar as consequências no atraso da linguagem oral em crianças. Pretendeu- se atra vés das ações compreender como a música pode auxiliar no processo de recomposição das aprendi zagens.

Ressalta-se a importância da escolha em optar pela musicalização, pois mais do que nunca, é pre ciso ter um olhar sensível sobre como as crianças se apropriam da musicalização, tendo em vista as consequências que a pandemia tem causado no desenvolvimento da fala destas, e como pode-se ressignificar o estudo musical, para que as crianças efetivamente apoderem-se desse processo e sejam protagonistas da aprendizagem.

A música é uma linguagem universal. Se gundo a educadora musical brasileira Ilari (2003), o primeiro contato do ser humano com a música acontece mesmo antes de nascer, na sua vida in trauterina. Ao ouvir o batimento cardíaco da mãe mais compassado e mais lento que o seu, o feto en

1

EMEI Jovino Zambonato, Educação Infantil, Santiago-RS.

2

EMEI Jovino Zambonato, Educação Infantil, Santiago-RS.

tra em contato com um dos elementos fundamen tais da música – o ritmo, por isso podemos concluir que a música está presente em nossa vida desde a mais tenra idade. Com o contexto pós-pandemia notou-se crescente aumento em atrasos no desen volvimento da linguagem, por esse motivo preten demos explorar a musicalização como método para recomposição de aprendizagem.

A música contribui para o enriquecimento do processo ensino aprendizagem, devendo-se neste contexto procurar desenvolver a sensibilidade, per cepção, observação, criatividade e autoestima do aluno, fazendo com que a aprendizagem aconte ça de forma muito mais prazerosa. No cenário pós -pandemia considera- se que nem toda a equipe de docentes está preparada para receber alunos com dificul dades na fala, que exigem uma maior atenção, por isso fez-se necessário levantar questiona mentos de como está acontecendo o pro cesso de aquisição da fala, possibilitando a criação de elos entre o professor, aluno e família,

19
“MUSICALIZANDO:

a fim de buscar estratégias para identificar e traba lhar com esses alunos, utilizando uma linguagem motivadora, inclusiva e criativa.

A presente proposta tem como objetivo ge ral buscar por meio de ações, usar a musicalização como estratégia para desenvolvimento de habili dades por meio do contato com a linguagem ar tístico-musical, dando a oportunidade de expressar sensações, sentimentos e pensamentos, criando e ampliando seu repertório oral de forma lúdica e prazerosa, dentro de uma Escola Pública do Muni cípio de Santiago-RS, Emei Jovino Zambonato.

Os objetivos específicos constituem-se primor dialmente em compreender como se pode utilizar a musicalização como processo de desenvolvimen to da fala e ampliação do vocabulário do discente, estimular a oralidade, expressão corporal e criativi dade do aluno, e estimular a exploração e a pesqui sa por parte dos docentes em busca de conheci mentos e experiências.

METODOLOGIA

O desenvolvimento das ações foi realizado com crianças da Emei Jovino Zambonato- Santia go-RS, tendo como base o estímulo, apreciação, ex ploração de sons, ritmos, linguagem oral, corporal e gestual.

• Exploração de diferentes instrumentos, bem como confecção de instrumentos com materiais al ternativos.

• Canto e dramatização de músicas e cantigas de roda.

• Construção de paródia para o Projeto Educa ção Fiscal é mais legal.

• Show de talentos organizado pelas professo ras para que cada criança tivesse a oportunidade de

contribuir com uma música ou dança de seu gosto, que trouxesse um pouco da sua vivência para seus colegas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É necessário construir uma perspectiva na Educação musical com metas, objetivos, visão e es tado desejado, isso depende de uma boa relação e realização de um trabalho interativo e complexo en tre os professores conviventes no Ambiente Escolar que favoreçam e beneficiem os alunos com uma visão mais sensível, voltada para o senso estético, contribuindo para a valorização da criação musical. Durante a pandemia de COVID- 19 sofremos severas situações indesejáveis, entre as quais desta cam-se as mortes, que segundo a OMS (Genebra, 5 de maio de 2022):

Novas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o número total de mortes asso ciadas direta ou indiretamente à pan demia de COVID-19 (descrito como “excesso de mortalidade”) entre 1 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021 foi de aproximadamente 14,9 mi lhões (intervalo de 13,3 milhões a 16,6 milhões).

Além das mortes e as consequências socioeco nômicas, que mudaram drasticamente a realidade de milhões de pessoas, um dos principais grupos sociais atingidos com a pandemia de COVID-19 fo ram as crianças, pois suas rotinas mudaram, seus relacionamentos, seus estímulos, e a consequên cia disso para o desenvolvimento destas é algo que deverá ser aprofundado em estudos, para ROCHA (2021, p.34):

20

Há uma necessidade urgente de mais estudos abordando esse assunto para melhor compreender o impacto po tencial da pandemia COVID-19 no desenvolvimento da linguagem e da fala na infância. Nesse contexto, o fonoaudiólogo certamente terá um papel central na prevenção e aborda gem terapêutica do atraso de lingua gem. Junto com pais e professores, eles devem estar atentos a essa possi bilidade, principalmente em crianças pequenas.

O intuito das ações é amenizar os impactos da pandemia na fala e linguagem das crianças, e fazer da musicalização uma ferramenta ativa para desenvolvimento das potencialidades linguísticas dos alunos, estimulando assim a aprendizagem de uma forma lúdica, criativa e prazerosa.

A música como objeto das ações do projeto, buscou compreender a importância de manter os conhecimentos atualizados, pois a música se faz presente na vida do ser humano desde os tempos mais remotos com o homem primitivo, a mesma compreende uma forma de arte e elucida a evolu ção dos povos. Segundo Schaeffner (1958), mesmo antes da descoberta do fogo, o homem primitivo se comunicava por meio de gestos e sons rítmicos, concluímos que o desenvolvimento da música é re sultado de vivências individuais e sociais.

A partir da música o aluno entra em contato com o mundo artístico e cultural, expande seu re pertório e isso faz com que interaja com seus fami liares, além de possuírem também outras inúmeras fontes como rádio, tv e bandas. Consequentemente ao entrar em sala de aula ela terá sua bagagem mu sical, seu gosto, seu jeito de ver as coisas e isso deve ser valorizado. De acordo com Brasil (1998, p.51):

[...] O ambiente sonoro, assim como a presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês e crianças iniciem seu processo de musicalização de for ma intuitiva. [...] Nas interações que se estabelecem, as crianças constroem um repertório que lhes permite uma forma de comunicação por meio de sons.

O ensino de música visa oportunizar aos alu nos o ensino e a apreciação musical, visando o seu desenvolvimento. Para Chiarelli (2005), a mú sica é importante para o desenvolvimento da inteligência, a intera ção social da criança e a harmonia pessoal, fa cilitando a integração e a inclusão.

O ensino da mú sica busca tornar os indivíduos sensíveis às manifestações musi cais, como afirma Mau ra Penna (1990, p.22) “musicalizar-se, signi fica tornar-se sensível à música, de modo que, in ternamente, mova-se e reaja a mesma.” Desta ma neira a música torna-se fator indispensável para a construção e recomposição da linguagem oral no ser humano.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como ressalta Moita (1992, p. 115) “ninguém se forma no vazio. Formar-se supõe troca, experiência, interações sociais, aprendizagens, um sem fim de

21

relações”. Sendo assim, estamos em constante for mação se a ação estiver sempre acompanhada da reflexão durante e depois da prática.

Essas trocas que Moita menciona acabaram por não existir durante a pandemia, com o isola mento social, o fechamento de escolas, o uso cons tante de máscara, tudo isso afetou as trocas, a inte ração social, as experiências com a aprendizagem que antes ocorriam na escola e no cotidiano das crianças.

Diante disso, ressalta-se que no decorrer das ações do projeto, foi possível perceber que as crian ças estão mais confiantes, aumentaram significati vamente seu repertório e a pronúncia de algumas palavras e envolveram-se na exploração dos sons, trabalhando com a intensidade, altura e criação musical.

Tornou-se de fundamental importância a rea lização de um trabalho em conjunto, com a finali dade de construção de conteúdos que facilitem o aprendizado dos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, para que a educação musical ocorra de forma significativa é fundamental a consciência da importância da mesma nas diversas áreas do conhecimento, para que a criança possa desenvol ver sua autonomia, criticidade, interação como um sujeito ativo na construção de sua aprendizagem. Conseguiu-se através de observações e interações, notar o envolvimento das crianças em momentos de criação musical, resultando em conquistas e melhores condições na sua fala, favorecendo assim não só o seu desenvolvimento na linguagem oral mas também de forma global.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996. Editora do Brasil.

CHIARELLI, Lígia Karina Meneghetti. A música como meio de desenvolver a inteligência e a integração do ser, Revista Recre@rte Nº3 Junho 2005: Instituto Catarinense de Pós-Graduação.

ILARI, B. A música e o cérebro: algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical. Revista Abem, Porto Alegre, v. 9, p. 7-16, set. 2003.

MOITA, M, C, (1992). Percursos de formação e de transfor mação. In: ___ NÓVOA, A. Vida de Professores. Porto: Por to Editora, Ltda.

OMS. Organização Mundial de Saúde. Excesso de mor talidade associado à pandemia de COVID-19 foi de 14,9 milhões em 2020 e 2021. Genebra: OMS, 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/5-5-2022-excesso -mortalidade-associado-pandemia-c ovid-19-foi-149-mi lhoes-em-2020-e-2021: Acesso em: 17/07/2022.

PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Edições Loyola, 1990.

ROCHA, Paulo. A pandemia de Covid-19 e suas possíveis consequências para o desenvolvimento e atraso da linguagem e da fala em crianças: uma questão urgen te. Scielo. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/23176431-2021-2566. Acesso em: 17/07/2022.

SCHAEFFNER, A. Origene dês instrumentes de musique. Paris: Mouton,1958.

22

BONS AMIGOS, BONS VIZINHOS!

1

APRESENTAÇÃO

Tendo em vista todo contexto vivido nos anos de 2020 e 2021, acredita-se que é preciso recons truir uma nova caminhada na escola, revendo aprendizagens, estratégias e caminhos possíveis para um retorno tranquilo, procurando amenizar as necessidades de nossas crianças e famílias.

A Escola de Educação Infantil Neuza Maria Manzoni, assim como os demais contextos escola res precisaram se reorganizar, a fim de possibilitar o acesso à educação de forma segura, garantindo os direitos escolares e a saúde. As crianças certamente terão que reconstruir conceitos para uma vivência em grupo e individual que priorizem da melhor for ma possível o acesso a aquisição de saberes que são necessários a esta faixa etária. Maria Montessori já diz, “[...]A prova de sucesso da nossa ação educati va é a felicidade da criança.”

Desta forma, as mudanças ocorridas na Educa ção Infantil durante as últimas décadas e diante do conceito de criança, precisa-se entender o processo de desenvolvimento e aprendizagem, as tendên cias pedagógicas e a função social de uma institui ção educacional, enquanto lugar privilegiado, para

EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

2

EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

³EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

4

EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

que as crianças tenham acesso a oportunidades de compartilhar saberes, de reorganizar e recriar suas experiências, de favorecer vivências provocativas, inovar e criar a cultura de ter contato e incorporar os bens culturais produzidos pela humanidade.

Visto que, a constituição da sociedade deve ser permeada pelo pleno respeito às crianças, em constante processo de valorização do protagonis mo infantil como a garantia de diferentes formas de sua participação, tanto no planejamento como na realização e avaliação das atividades que elas participam no contexto da instituição. Assim, já dizia Paulo Freire (2004, p. 98), “[...] a educação é uma forma de intervenção no mundo”. As crianças atribuem sentido e atuam sobre o mundo, fazem história e cultura, em meio às relações humanas e precisamos dar continuidade a este processo de forma processual utilizando de muita cautela e cla reza para que possamos reconstruir nosso dia a dia no contexto escolar.

Pensando desta forma, acredita-se ser neces sário utilizar de práticas significativas que possam acolher, ressignificar e conduzir nossas relações de forma afetiva.

23

OBJETIVOS

• Assegurar os Direitos de Aprendizagem e os Campos de Experiência elencados na BNCC;

• Sensibilizar e fortalecer as relações afetivas, em função dos momentos de fragilidade que o contexto da pandemia deixou;

• Acolher e auxiliar as demandas das famílias, buscando estratégias diversas e significativas;

• Oportunizar o convívio e a interação entre nossa comunidade escolar, despertando o interes se de todos os envolvidos neste processo.

METODOLOGIA

Deste modo, levando em consideração o Pro jeto da escola de 2022: “De coração em coração, vamos: PLANTAR, FLORESCER E COLHER, realiza mos a prática: “Bons Amigos, bons vizinhos”, onde cada turma da escola pensou em algo que pudesse partilhar com instituições vizinhas e membros da equipe da escola que fazem parte do nosso coti diano, sendo elas:

- ESF São Jorge;

- Escola de turno Oposto Criança Feliz;

- Padaria Desejos do Paladar (mãe que está em tratamento de saúde);

- Serviços de limpeza, copa e cozinha da escola;

- Mercado Damian.

As turmas foram desafiadas a bus car uma forma de interação pós pandê mica entre a comunidade escolar, para conscientizar o papel social que a escola exerce na vida das crianças.

Partindo disso, houve a participação de todas as famílias que se uniram em prol destas ações sociais. Cada turma pensou em uma dinâmica a ser aplica da. As turmas do Berçário realizaram a arrecadação de itens para uma cesta de café da manhã, para cada uma de nossas colabo radoras responsáveis pela limpeza da sala promo vendo um gesto simples do sentimento de amor e empatia, com a intenção de despertar emoções e alegrias após este período.

As turmas dos Maternais realizaram uma visita no mercado Damian, simbolizando em cartaz, com registros das crianças, uma mensagem de carinho aos funcionários. Também visitaram o ESF São Jor ge, referência da escola, entregando o Potinho do Amor com mensagens diárias de inspiração à equi pe daquele espaço. Também as colegas dos servi ços gerais receberam o Potinho do Amor para dei xar na cozinha como motivação diária.

24

As turmas do Jardim visitaram a Escola de Tur no Oposto Criança Feliz, fazendo a entrega de uma bela tela confeccionada pelas crianças simbolizan do harmonia e amizade.

A prática evidenciada proporcionou mo mentos de surpresa, alegria, emoção e grati dão, relatadas pelos participantes, por serem lembrados de forma tão carinhosa e espe cial.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O retorno das ações foi gratificante, onde per cebeu-se a aceitação e o envolvimento das famílias, crianças, professores e gestão no desenvolvimento da atividade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível perceber que este trabalho en volveu de forma significativa toda a comunidade escolar, onde as crianças manifestaram amizade, afeto, partilha e amor entre todos os envolvidos na dinâmica.

A atividade estreitou um laço afetivo com pes soas que se fazem presente no cotidiano da escola, mostrando que o amor é gerado e compartilhado com o próximo, pois desta forma a vida trará a você, muito mais do que se tinha antes. Sendo assim, a presente proposta buscou trabalhar com as crian ças os valores para o convívio social.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (1ª versão) versão preliminar. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2015. BNCC (2ª versão) versão preliminar. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2016.

RIO GRANDE DO SUL. MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL. Referencial Curricular Gaúcho. Educa ção Infantil. 2018.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 43ª Ed. 2011.

RÖHRS, Hermann. Maria Montessori / Hermann Röhrs; tradução: Danilo Di Manno de Almeida, Maria Leila Alves. – Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massanga na, 2010. 142 p.: il. – (Coleção Educadores)

25

TUDO VIRA BRINQUEDO E BRINCADEIRA: ENLACES DO BRINCAR HEURÍSTICO NO BERÇÁRIO MULTI

APRESENTAÇÃO

O presente projeto/relato de experiência teve como orientador o projeto anual (2022) da Escola Municipal de Educação Infantil Aurora Melo Lublon intitulado “Escola e família: juntas, para além da diversão”, que em síntese busca ressignificar a ca minhada da escola, revendo estratégias e possibi lidades do lúdico, com a intenção de fortalecer o vínculo com as famílias.

Nesse sentido, coube a reflexão da importân cia em associar o brincar com a melhoria dos pro cessos de ensino e aprendizagem das crianças do Berçário Multi considerando também o contexto pós pandemia, uma vez que, a brincadeira favorece a autoestima e auxilia na superação progressiva de aquisições de forma criativa. Conforme a Base Na cional Comum Curricular (BNCC):

“A interação durante o brincar carac teriza o cotidiano da infância, trazen do consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções”.(BRASIL, 2018.P.37)

Diante disso, in dica-se que o brincar é direito garantido às crianças e sua pre sença está especifi cada em documentos legais como as (DCNEI, 2010), no item das práticas pedagógicas da educação infan til, que traz como eixo norteador as interações e as brincadeiras e no (ECA, 1990), em seu artigo 16, in ciso IV, que ressalta o direito de brincar, praticar es portes e divertir-se.

Seguramente, pode-se conceber a infância como o período de vida em que a criança por meio das interações com o mundo potencializa impor tantes descobertas sobre si, o outro e sobre tudo que está a sua volta, e ao mesmo tempo, o brincar proporciona resolver conflitos e hipóteses de co nhecimento, amplia a capacidade de fazer-se en tender e de demonstrar suas opiniões na perspec tiva da lógica infantil.

Kishimoto (2010, citado por Crespo, 2016) de fende que, ao brincar, a criança desenvolve capa cidades sensoriais e cognitivas, cria laços afetivos, compreende a importância de cumprir as regras, descobrindo assim, as possibilidades do seu corpo, bem como, dos cinco sentidos que se desenvolvem

26
1 Escola Municipal de Educação Infantil Aurora Melo Lublon, pós graduada, professora, Santiago-RS.

dentro de si. Ainda para Kishimoto (2010, citado por Crespo, 2016) é fundamental respeitar uma crian ça quando quer brincar sozinha ou em grupo, visto que uma brincadeira nunca deve obrigar a criança a fazer algo que não queira.

Para tanto, faz-se necessário perceber e in centivar a capacidade criadora das crianças, levan do-nos a questionar: em que momento a criança genuinamente consegue ser protagonista da sua interação com o novo? De que forma educadores (família/escola) podem propiciar vivências significa tivas? Como desmistificar e aproximar o modo de brincar entre diferentes faixas etárias?

Assim, justifica-se a relevância de analisar e in serir o brincar heurístico nas práticas pedagógicas do Berçário Multi, que em síntese pode ser definido como a livre exploração com objetos não estrutura dos (não brinquedos) que permitem a expressão da criatividade e curiosidade inata à faixa etária e ain da, possuem a capacidade de ser acessível a todos, dado que, nada mais é que a busca incessante da criança em si.

OBJETIVOS

Frente ao exposto, traçou-se o objetivo geral: Investigar e analisar as implicações do brincar heu rístico no desenvolvimento das crianças nos primei ros anos de vida, como também, perceber de que forma esta prática pode aproximar as crianças de diferentes faixas etárias, posto a realidade da turma multisseriada (Berçário 1 e 2) que abrange crianças de 0 até 2 anos de idade.

Já como objetivos específicos: Ampliar o con ceito de brincar heurístico como alternativa de es timulação em casa e na escola, a fim de aproximar o modo de brincar entre adultos e crianças e de monstrar a facilidade em recursos não estruturados virarem brincantes; Investir em ações pedagógicas

que contribuam para estreitar os vínculos das crian ças e seus familiares com a escola, visto o contexto pós pandêmico; Promover e incentivar a capacida de criadora das crianças, como complementação curricular pelo viés da ludicidade;

METODOLOGIA

O projeto então intitulado “Tudo vira brinque do e brincadeira” se desdobra dessa problemática e adquire cunho teórico-bibliográfico no formato de pesquisa-ação, onde, a turma do Berçário Mul ti (manhã e integral), totalizando 16 crianças na faixa etária de 0 a 2 anos, junto de seus familiares vivenciaram esta abordagem do brincar heurístico, promovendo variedade e qualidade ao brincar. Evi dencia-se ainda, que a escolha dessa temática está ligada a inquietações pessoais surgidas desde o iní cio do ano ao receber pela primeira vez, o desafio de mediar uma turma de berçário, somado a condição de ser uma turma multisseriada.

Em um primeiro momento, foi fundamental rever a própria prática pedagógica (práxis), repen sando maneiras de não centralizar a aprendizagem em si, mas acreditar que a troca entre os alunos e momentos de rotina (troca de fraldas, alimentação, soninho) também fariam parte do trabalho desen volvido. Embora os desafios da classe multisseriada

27

não sejam poucos, gradativamente, foi possível per ceber que esta organização possibilita um processo educativo diversificado, em que bebês e crianças, de faixas etárias e experiências diferentes podem interagir e cooperar dentro do espaço escolar, prin cipalmente enquanto brincam.

Ao ter clareza que a brincadeira é tão valiosa para a criança e que deve ser implementada e re corrente ao seu dia a dia, é que buscou-se possibi lidades dentro do brincar heurístico. O brincar heu rístico trata-se de uma abordagem desenvolvida por Elionor Goldschmied (2006), que visa oferecer um ambiente rico de experiências, onde as crianças possam interagir com objetos de cunho simples, do dia a dia contribuindo com suas experiências in trínsecas para que outras sejam acrescentadas com base nas descobertas feitas, mostrando-se autôno ma e capaz.

A origem da palavra é grega, deriva de heu rísko e o seu significado é “descobrir, inventar, ob ter”, nas palavras do autor supracitado (2006, p.147) “(…) processo pedagógico de encaminhar o aluno a descobrir por si mesmo o que se quer ensinar (…)”. Dessa maneira, ainda assevera que “ (...) envolve oferecer a um gru po de crianças, por um determinado período e em um ambiente controla do, uma grande quantidade de tipos diferentes de objetos e receptáculos, com os quais elas brincam livremen te” (2006, p. 147-148).

Em síntese, o autor tirou partido desta forma de agir natural dos bebês frente aos objetos para criar um mé todo de aprendizagem que busque estimular a curiosidade dos peque nos através dos famosos cestos dos tesouros. Estes, consistem em cestos

repletos de objetos que são colocados a disposição das crianças para que eles explorem livremente, en tretanto, não se trata de brinquedos “comprados”, devem ser materiais de fácil manipulação, segu ros e que não tenham sido criados para esse fim, tais como: objetos da natureza: pinhas, esponjas, buchas, gravetos, folhas; objetos de diversas proce dências: caixas, cilindros de papelão, prendedores, tecidos, utensílios de cozinha etc. Para Goldsch mied e Jackson, 2006, p.115):

Um cesto de tesouros bem abaste cido, oferecido por um adulto aten to, pode proporcionar experiências que são interessantes e absorventes, capacitando o bebé a buscar uma aprendizagem vital para a qual ele está pronto e ansioso.

Os materiais não estruturados são utensílios variados que com as intervenções das crianças, transformam-se em objetos brin cantes. Em consonância, Brougère e Wajskop (1997, citado por Cordazzo e Vieira, 2007), afirmam que o “brin quedo não tem de ser o único objeto para brincar”, ilustrando que, o valor simbólico dado a um objeto subordi na-se a ação da criança, exemplifican do, um cabo de vassoura apesar de ter uma função específica, nas mãos de uma criança transforma-se em um cavalo (p.91). Com base nisso, em uma primeira etapa as atividades fo ram realizadas no contexto de sala de aula, associando momentos de brin car heurístico ao cunho pedagógico, seguem alguns relatos de experiên cia/exemplos:

28

Depois de explorar questões de identidade e família através da história “Fofinho”, houve relação com o personagem da história (pintinho) e a brin cadeira heurística, disponibilizando penas e cas cas de ovos. Foi notório as diferentes sensações trazidas pelas mãos e bocas, como a temperatura e a consistência. Algumas crianças acariciaram o ros to com as penas, outras usaram as penas em seus cabelos, quebraram as cascas de ovos usando os pés/mãos, etc.

Após trabalhar noções de dia e noite por inter médio da história “Gato Xadrez”, houve a brincadei ra heurística com novelos de lã, que assim como na atividade da história “Aranha Walter”, com retalhos de tecidos, foi possível observar o envolvimento das crianças ao comprovar a maleabilidade dos mate riais, esticarem, cobrirem o rosto, criarem bolas e até mesmo a ideia de um cachecol surgiu.

Já com a temática do meio ambiente, as pró prias crianças buscaram no pátio da escola ele mentos naturais, arrecadando pedrinhas, folhas de diferentes tamanhos, cores e espessuras, areia e terra. Nesta abordagem de brincar heurístico, além do contato com a natureza, observou-se o levanta mento de hipóteses e diferentes conceitos: tirar e colocar, encher e esvaziar, leve e pesado...

Ainda, se tratando da temática educação mu sical a brincadeira heurística foi organizada com Cd ‘s, fita cassete, latas e também contou com a participação da família que enviou panelas, tampas e colheres para uma possível bandinha. Na atividade as crianças tiveram a oportunidade de criar de modo livre as diversificadas formas de pro dução sonora.

Além desses exemplos citados acima, cumpre destacar rapidamente algumas datas comemora tivas em que o brincar heurístico esteve presente: Na festa junina, após realizar uma receita de bolo de milho, a brincadeira foi por conta de utensílios

de cozinha, tais como: colheres de pau, tábuas, fu nis... das palhas e sabugos. Na semana farroupilha houve brincadeira heurística com pelegos, cabos de vassouras e mini

porongos

Em meio a essas e outras atividades desen volvidas em sala de aula que já se demonstravam assertivas, a proposta foi apresentada aos pais e/ ou responsáveis. Com o uso de questionários, as fa mílias puderam relatar suas opiniões e lembranças sobre brincar na infância; quais os limites, possibi lidades de brincar e envolver a criança durante a pandemia ou até mesmo agora, etc. E eis, que se notou a inquietação das famílias em pensar que a infância está perdendo seu lugar de direito, ora por relatarem uma infância com mais liberdade e criação do que a de seus filhos, no dizer de uma mãe “antigamente brincávamos na rua até tarde, agora é ao contrário” referindo-se que precisa in sistir para que o filho mais velho interaja com ou tras crianças, ou então “eu costumava cozinhar as comidinhas de capim, pedrinhas ... agora tem até frutinha pronta de velcro”, ora por perceberem ou “culparem-se” que este novo contexto da correria diária que faz a ludicidade e os momentos em fa mília serem escassos.

Posterior a este levantamento de dados, e atentando às transformações socioeconômicas e culturais, a ida a escola cada vez mais precoce, va le-se ainda mais necessário o alinhamento entre fa mília e escola. Nesse sentido, é que pensou-se em outra ação, onde as famílias receberam a tarefa de organizar/preencher juntamente com a criança a sua sacola/cesto de tesouros com materiais não es truturados.

Gradativamente, as sacolas foram retornando a sala de aula, para que as crianças pudessem ex plorar os objetos nela contidos. Ainda em casa, a fa mília foi convidada a separar um tempo para brin car com a criança, utilizando os objetos escolhidos,

29

registrando o momento através de fotos e vídeos, encaminhados pelo grupo de whatsapp da turma e também nas redes sociais da escola (Facebook e Instagram).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao propiciar a brincadeira livre sob um olhar atento do educador, é possível presenciar o quanto as crianças mesmo tão pequenas possuem iniciati va no seu processo de criação.

Por este motivo, ao chegar na análise dos re sultados deste projeto, pode-se dizer que conse guiu-se explorar o brincar heurístico dentro de uma proposta pedagógica, obtendo mais que avanços, descobertas, para todos os envolvidos: professoras, crianças, famílias e toda comunidade escolar, que direta ou indiretamente acompanhou os passos do projeto.

Esta interação entre família e escola, contem plou o objetivo do projeto anual da escola “Desen volver um trabalho coletivo no ambiente escolar envolvendo a família nas atividades e brincadeiras da escola e estimulando a sua participação no pro cesso ensino-aprendizagem como parceiros e cola boradores conscientes, além de estimular a valori zação e respeito nas famílias e seus membros.”, mas sobretudo, foi uma proposta que permitiu observar, explorar e apropriar-se, desenvolvendo potenciali dades e produzindo conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este relato de experiência, já con siderando uma perspectiva pessoal, cabe por as sim dizer, que o “enlace” de todo o processo em si, refletiu no processo de formação pessoal e pro fissional. A motivação e interesse das crianças, os olhinhos brilhando para a curiosidade, os sorrisos

de descobertas registrados em fotos e vídeos evi denciam que o projeto foi ao encontro dos obje tivos elencados inicialmente, isto é, foi nítido o envolvimento das crianças em brincadeiras heu rísticas, e por isso, elas podem e devem fazer parte do contexto pedagógico.

Outro ponto a destacar, foi a forma como as famílias tão bem acolheram a abordagem, desco brindo a riqueza dos materiais existentes em seus lares, pois a imaginação e a criatividade não surge apenas de objetos estereotipados e caros, existe um arsenal de materiais alternativos que, muitas vezes por falta de conhecimento, se tornam “obsoletos” nas casas de cada um de nós.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Base Nacional Comum Curricular. BNCC. Díspo nível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ Ministério da Educação. CNE/CEB. Diretrizes Curricula res Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2010. BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras pro vidências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990. CRESPO, T. P. N. (2016). A importância do Brincar para o desenvolvimento da criança. [Relatório Final: Instituto Politécnico de Portalegre: Escola Superior de Educação] FOCHI, P., ESPÍNDOLA, I., JOSIANE, P. D. C., CONSANI, N. C. (2016). Brincar Heurístico. (1ªed). São Paulo: Ateliê Ca rambola & Ateliê Centro de Pesquisa e Documentação Pedagógica.

JACKSON, Sônia; GOLDSCHIMIED, Elionor.Educação de 0 a 3 anos: O atendimento em creche.Porto Alegre: Art med, 2006.

30

A EXPEDIÇÃO DO GATO XADREZ

APRESENTAÇÃO

O projeto a seguir tem por objetivo trabalhar a história do gato xadrez e suas peculiaridades na perspectiva de educação e arte, realizando uma ati vidade lúdica juntamente com a turma do mater nal-I do turno da tarde da Emei Sol Criança. Essa ideia surgiu a partir do segundo semestre de 2022, na qual gostaria-se de desenvolver uma proposta pedagógica que envolvesse os alunos e suas famílias através da sacola viajante, que fica dois dias em cada casa dos educandos. Destaca-se a relevância da escolha em optar por uma história que envolvesse o lúdico, as cores, jogos, brincadei ras e que pudesse ter algum(a) mascote, nesse caso o próprio gato xadrez, que foi confeccionado especialmente para a expedição, dando seguimen to na linha de pesquisa sobre o trabalho realizado ao longo do ano.

A relação do professor de educação infantil com a educação através da arte faz-se necessária em virtude da compreensão e de que modo essa temática pode afetar positivamente a trajetória escolar de cada criança, buscando compreender a importância de desenvolver o aluno no seu as pecto integral, estimulando as habilidades de: so cioafetividade, linguagem, motricidade fina e am pla, percepção visual, audição, enfim ampliando as possibilidades de diálogos vivenciados pelos estu

dantes que tiveram acesso a atividades artísticas, lúdicas e explorando diferentes histórias, imagens, objetos, etc.

OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral foi buscar por meio da intera ção, aprimorar o desenvolvimento do senso estéti co com experiências sensoriais, motoras e cogniti vas dos educandos, bem como fortalecer os laços de afetividade com o aluno e sua família, partindo da teoria à prática na busca constante de aprendi zado.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos serão: estimular a ex ploração da história e a participação das famílias, proporcionando um momento lúdico e prazeroso através da realização da atividade proposta, con tendo na sacola viajante: a história para exploração, o jogo de quebra-cabeça, o jogo da me mória e o mascote denominado gato xadrez, levando o edu cando a conhecer, apreciar e adotar atitudes valores de cooperação através dos jogos da sacola, as sociação das cores, por exemplo, estimulando a oralidade e expressão cor poral do mesmo.

31
GRACIELI SALES LAMBERTI¹ 1 Escola Municipal de Educação Infantil Sol Criança, Santiago-RS.

Devem-se obter experiências lúdicas e dife renciadas a partir da primeira infância, ressaltando Aguiar (1998): Brincando e jogando, a criança terá oportunidade de desenvolver capa cidades indispensáveis a sua futura atuação profissional e social, tais afe tividades, o hábito de permanecer concentrada e outras habilidades, perceptuais e psicomotoras, pois brin cando, a criança torna-se operativa. (AGUIAR, 1998, p.36).

Através dos jogos e brincadeiras despertamos a atenção da criança, trazendo ela para a aprendi zagem, ao brincar ela se desenvolve integralmente. Por isso realizando essa expedição desenvolvem-se as mais variadas habilidades dos alunos. Será uma viagem ao mundo da imaginação e da criatividade, já que os momentos de cada história contada serão únicos e diferentes.

METODOLOGIA

A Educação possui diferentes abordagens e isso gera inúmeras possibilidades de conceitos que podem ser utilizados no âmbito das pesquisas e no ensino de educação e arte. Nesta perspectiva, construiu-se a questão-problema que norteia este trabalho tendo em mente a importância de estarmos buscando a evolução e apri moramento da contação de histórias no ambiente esco lar, com objetivo por trás de cada historinha contada, le vando a apreciação, valoriza ção e o gosto por manifesta ções visuais e artísticas nas inúmeras experiências pro porcionadas no cotidiano.

Todas as informações que deram “um norte” na elaboração deste projeto, da expedição do gato xadrez, irão com referenciais teóricos retirados de al gumas leituras e estudos de artigos, dentre outros aportes que contribuirão para o enriquecimento do ensino-aprendizagem. A exploração da história será realizada com recursos táteis, atividades de pintu ras, percepção visual e jogos para serem explorados durante sua execução. Podendo ser realizados rela tos, registros com fotos e/ou vídeos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O papel dos educadores é uma tarefa fun damental, o ato de educar crianças atualmente é complexo, pois enfrentarão um universo cheio de dificuldades, onde encontrarão grandes desafios e evoluções no decorrer da vida. O mundo preci sa mais que simples ou quaisquer educadores, na verdade precisa-se de quem tenha o dom e prazer de ensinar, sendo assim, ensinantes-mediadores e construtores críticos de conhecimentos, que real mente transformem seu planejamento em pes quisa, para saber a quem, o quê, e para que, está ensinando, buscando sempre conhecer qual é a realidade do aluno envolvido no processo de ensi no-aprendizagem.

Ao desenvolver esse projeto através da conta ção da história, estimula-se a participação das fa mílias “como um todo”.

De acordo com Rodrigues (2005), ele afirma:

A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao pre parar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência viven cial por meio da narrativa do autor.

32

Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os senti mentos e as emoções transcendem à ficção e se materializam na vida real. (RODRIGUES, 2005, p.4).

Devemos destacar e valorizar a importância da contação de histórias na educação infantil, valori zando-a, pois ela é uma atividade imprescindível que deve estar sempre presente no planejamento do professor, servindo de incentivo à imaginação, fazendo a “ponte” entre fantasia e realidade, des pertando os mais variados sentimentos e emoções dos alunos que ouvem uma boa história.

Nesse sentido, com o projeto da sacola viajan te, busca-se além de proporcionar os momentos de interações com a sequência didática realizada em sala de aula, explorar ao máximo todo o con texto de ensino-aprendizagem que a temática ofe rece. Observando cada ganho, conquista e parti cipação, partindo dos conhecimentos prévios dos educandos, levando em consideração seu tempo de concentração e modo de aprendizagem, respei tando seus limites.

Pode-se dizer que os saberes das crianças se desenvolvem de acordo com modos de expres sões com as quais a mesma tem contato, como por exemplo, as histórias, as músicas, os movimentos, os sons, as imagens, os jogos, as cores e formas, sendo que essas abordagens sempre estão direta mente relacionadas com a literatura infantil, onde as linhas de expressão são aplicadas de maneira a aprimorar a comunicação dos envolvidos.

As crianças em sua primeira infância sentem -se atraídas pelo simples prazer de brincar. A con tação de histórias torna-se um meio de intervenção fundamental na sala de aula, oportunizando tra balhar várias temáticas e atividades diferenciadas. Abramovich (2006), afirma:

É ouvindo histórias que se pode sen tir (também) emoções importantes como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade e tan tas outras mais, e viver profundamen te tudo que as narrativas provocam em quem as ouve, com toda a sua amplitude, significância e verdade que cada uma delas faz (ou não) bro tar, pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário. (ABRAMOVI CH, 2006, p. 17).

São inúmeras as sensações que uma história pode nos proporcionar, sendo então que depen dendo do imaginário, despertam-se as mais va riadas emoções naquele determinado momento, enfim, é uma mistura de reações esboçadas e sen tidas que marcam a nossa vida.

A aplicação do projeto ainda está sendo reali zada, de primeiro momento foi trabalhada em sala de aula a sequência didática: O Gato Xadrez, com a hora do conto, exploração oral, exploração dos jo gos e releitura do personagem através de pinturas das diferentes cores do gato, no azulejo da sala de aula, registros com fotos da atividade, após segui mos com a participação das famílias do maternal-I, onde cada aluno leva a sacola viajante pra sua casa. Os resultados esperados são em forma de registros da família através de fotos e/ou vídeos e fazendo um breve relato no caderno da expedição do gato xadrez de como foi essa experiência com seu(sua) filho(a), destacando o que mais chamou a atenção da criança, tendo como objetivo levantar análises de opiniões, trocas de experiências, analisando ati tudes, e reações de todos os envolvidos nesse con texto. A avaliação será contínua, os planejamentos posteriores serão de acordo com as necessidades e interesse dos alunos, na busca de aprimorar seu desenvolvimento no decorrer do ano letivo.

33

Sendo que, para finalizar esse projeto, as famí lias terão que usar de muita criatividade e imagina ção para confeccionarem com seus(suas) filhos(as) seus próprios mascotes de gato, inspirados na nos sa expedição, onde no final do ano letivo será reali zado a exposição dos (das) mascotes e a das fotos registradas pelos pais com cada aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A contação de histórias no olhar das crian ças pode parecer apenas um momento de brinca deira, porém quando o professor conta uma história em sala de aula tem-se vários objetivos a serem al cançados, tornando-se um instrumento que auxilia a prática pedagógica em todas as etapas da edu cação infantil, pois esta colabora para a formação da personalidade e do caráter do educando, englo bando de forma geral o social e o afetivo, além de estimular: a criatividade, a oralidade, a imaginação, e ainda despertar nas crianças a possibilidade de ampliar a imaginação.

As atividades desenvolvidas durante esse pro jeto proporcionam possibilidades de observação dos relatos e a avaliação da proposta pedagógica por parte das famílias através do desenvolvimento da atividade em casa com seus(suas) filhos(as), en volvendo de certa forma todos os familiares que a criança convive em casa, propiciando um momen to de interação dos mesmos com relação à leitura e exploração do universo lúdico das histórias, jogos e brincadeiras com o gato xadrez.

Considera-se gratificante aplicar esse planeja mento, os alunos levam com entusiasmo a sacola viajante para casa, algumas famílias já mandam os registros da atividade no mesmo dia que recebem a sacola, os relatos literalmente são lindos de ler e ver a alegria das crianças nas fotos enviadas é emo cionante, aquecendo o coração.

Ao contar uma história abrangem vários as pectos importantes para o desenvolvimento das crianças, pois essa prática é uma arte que abre “um leque” de possibilidades na vida de todos, inclusive servindo como ato indispensável na educação, seja ela na escola ou fora dela, onde pela qual podemos adquirir novas experiências pelos fatos contados, e ainda trabalhar aspetos tais como: a imaginação, a linguagem, percepção visual, valores, ou até mes mo despertar para o hábito e gosto pela leitura ao longo da vida dos educandos.

REFERÊNCIA

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bo bices, 5ª ed. São Paulo: Scipione, 2006.

AGUIAR, J.S. Jogos para o ensino de conceitos. Campinas: Papirus, 1998.

RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e conta ção de histórias. Goiânia, 2005.

34

COMO

FIQUEI APÓS UMA PITADINHA DE AMOR E AFETO DE CADA FAMÍLIA

APRESENTAÇÃO

EU

As atividades desenvolvidas no Berçário bus cam aproveitar um período privilegiado, quando as crianças têm seu momento de maior desenvolvi mento junto com a sua família e em parceria com a escola.

Segundo um artigo da Revista Guia Prático para professores de Educação Infantil: “As crianças são seres em construção, maleáveis nas suas capa cidades e com uma inteligência que pode expandir à medida que é estimulada pelo ambiente. Quando se estimula uma criança, um leque de oportunida des e de experiências se abre a ela, fazendo explo rar, adquirir destrezas e habilidades de uma forma mais natural”.

Quando se remete à estimulação no berçário, fala-se em incentivar a criança, para que ela possa ficar à vontade com o ambiente, que tenha confian ça com o próprio corpo, conheça as suas possibili dades e os seus limites; e possa explorar esse am biente, objetos, alcançando novas conquistas.

Neste sentido todo o processo de estimulação visa possibilitar a criança independência, auto esti ma, construindo autonomia e segurança para que ela possa enfrentar novas experiências que resulta rão em seu crescimento e desenvolvimento.

Tendo em vista os debates que envolvem as questões de diversidade cultural, bem como a étni co-raciais no Brasil, é levado para o cenário das dis

cussões sobre discriminação dentro dos espaços das Ins tituições Infantis. As diversi dades existem é um tema que deve ser abordado nas unidades escolares inician do-se na Educação Infantil. Assim, o início de vida da criança, a família e a escola configu ram-se como os principais mediadores da apresentação e significação do mundo social a qual a criança está inserida. Percebe-se que as crianças possuem distintos temperamentos, atitu des, credos e características físicas. Neste contexto deve-se criar situações de aprendizagem em que a questão aqui presente seja abordada nas institui ções educativas que levam o respeito às diferenças e à transformação das mentalidades.

Rocha (2008) nos inspira a articular uma nova contemporaneidade de práticas pedagógicas mais includentes, pensando novas possibilidades e di mensões do ensinar e do aprender levando em conta a diversidade étnico-racial e cultural da socie dade brasileira.

Isso implica um exercício de rever o que se en sina e como se ensina. É responsabilidade dos edu cadores lidar com a diversidade na escola e ensinar aos seus alunos a respeitar as diferenças.

Segundo os Referenciais Curriculares Nacio nais da Educação Infantil para que seja incorporada

35
1 Escola Municipal de Educação Infantil Sol Criança, Santiago-RS.

pelas crianças, a atitude de aceitação do outro em suas particularidades precisa estar nos atos e atitu des dos adultos com quem convivem na instituição (BRASIL, 1998, p.41).

As crianças têm diferentes origens e histórias de vida, portanto, não podemos negar essas dife renças que os tornam seres humanos concretos, sujeitos sociais e históricos (GUSMÃO, 2000).

Nesse sentido, o grande desafio da educação é estabelecer um processo de aprendizagem ba seado na comunicação e na troca visando eliminar práticas de discriminação e de exclusão presentes no contexto social educativo (GUSMÃO, 2000).

Por isso, é necessário incluir a diversidade no dia-a-dia das instituições de ensino, principalmente na Educação Infantil que é um ambiente adequa do para a formação dos valores humanos das crian ças pequenas (BARBOSA, 2009).

OBJETIVOS Geral

Proporcionar experiências aos alunos e suas fa mílias de modo que compartilhem um trabalho co letivo em parceria, promovendo a união e respeito entre eles como parceiros e estimulando o cresci mento de todos resgatando e fortalecendo valores, respeito e a valorização da diversidade cultural.

Específico

Melhorar as relações entre as crianças, profes sores e famílias;

Contribuir para a formação de futuros cida dãos sensíveis às indiferenças, capazes de defender e garantir direitos de igualdade social;

Promover reconhecimento e valorização dos diferentes povos e culturas; interagindo com o outro; Respeitar as diferentes histórias de vida, envol

vendo a família e a sociedade, a favor da promoção e defesa do respeito à diversidade.

Campos de Experiência

- O Eu, O outro e Nós; Traços, Sons, Cores e Formas; Corpo, Gestos e Movimentos; Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação e Espaço, Tempo, Quan tidades, Relações e Transformações.

Direitos de aprendizagem

Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expres sar e Conhecer-se.

METODOLOGIA

A boneca ou boneco viajante: confecção de uma boneca feita de tecido pela professora, na cor parda, sem acessórios ou características firmadas, tendo apenas a estrutura do seu corpo, com enchi mento em fibra, suas características serão confec cionadas de maneira coletiva em parceria com as famílias deixando seus traços ou marcas culturais. Cada família é convidada a adicionar na boneca (o) algum acessório ou característica, como este ainda não tem um gênero definido a partir da construção coletiva das famílias é que pode se pensar.

Cada semana a boneca fará um passeio na casa dos alunos e seus familiares, previsto em um cronograma para que todos os alunos participem desse momento, podendo esses aproveitar com seu novo amiguinho, para proporcionar à criança momentos em brincadeiras ou passeios com esse convidado especial, a critério de cada família que a recebe.

Nessa mesma visita a casa da criança, junta mente com a sua família será sugerido um nome, podendo dar identidade ao amiguinho da turma e realizar um relato de como foram esses momen

36

tos com a criança, atra vés de uma agenda que acompanha a boneca até a casa dos alunos, esse re lato será feito através da observação dos pais com seus bebês. Relatos esses que permanecem em re gistro para a confecção de um livro.

Após a visita nas casas, e com a lista de suges tões de nomes será feita a escolha do nome do(a) boneco(a) da turma, essa escolha será feita pela comunidade escolar, com votação, convidando a equipe de funcionários, gestores, monitores, pro fessores e alguns pais de outras turmas a votar o que acha mais indicado para a personagem, essa escolha será feita com o nome mais votado, caso haja empate será convidado o presidente do CPM (Conselho de Pais e Mestres) para realizar o desem pate com o seu voto.

Confecção de um livro coletivo com autoria dos bebês e seus familiares a partir dos textos em forma de relatos desses momentos que foram vivencia dos com essa experiência; A publicação do mesmo ocorrerá na feira do livro (Município de Santiago / RS), relatos todos registrados na agenda, bem como acompanhados através de fotos ou vídeos compar tilhados pelas famílias com a professora.

Vídeo de encerramento com participação da família: montagem de vídeo com fotos das crian ças e suas famílias, valorizando e respeitando as di ferenças (promovendo a valorização da diversidade cultural presente em sala de aula), a partir da mú sica: Passarinho de toda cor, gente de toda cor! De autoria –Renato Luciano.

RESULTADOS

O envolvimento da família no ambiente escolar e social da criança é fundamental e é um compo

nente importante para a aquisição de valores even tualmente assumidos, o ambiente escolar sem dú vida tem uma função im portante de estar instruin do, mostrando o caminhos, apresentando soluções, proporcionando meios de aprendizagem e reflexão sobre a problemática que é apresentada, portanto se faz necessário que a escola e a família busque e promova o ambiente de aprendizagem constante para o educando, visando as suas necessidades e seu total desenvolvimento, lembrando que um tra balho em conjunto da escola e família proporciona melhor processo de ensino e aprendizagem.

Tem como base essa importante relação de construção de conhecimento a partir de um traba lho conjunto entre família e escola, percebeu-se a dedicação das famílias em participar com os seus filhos da proposta escolar, cumprindo a tarefa so licitada e os prazos de entrega, bem como propor cionar um momento lúdico e atrativo as crianças a partir da visita recebida, garantindo a diversão aos bebês.

Todos tiveram a oportunidade de resgatar al guns de seus traços culturais na construção das características da boneca, como por exemplo, uma de nossas famílias, apresenta origem negra, repre sentado na boneca através de um cabelo cacheado, na cor preta, outra família em que a mãe é toda vai dosa cuidou de proporcionar sobrancelhas a bone ca, outra em que os pais têm seus corpos tatuados, criaram tatuagens na pele da boneca explicando o porquê de suas tatuagens e permitindo-a que tam bém tivesse cores, diversão em sua pele; e assim por diante.

Foi possível perceber os momentos de intera ção e criatividade tanto nas características criadas

37

quanto nos relatos, bem como nos momentos de diversão em que foram proporcionados como mú sicas ao vivo para o bebê e a boneca de um pai que é cantor, outro bailinho com a avó e os primos, ou tro momento de alimentação ou higiene sendo acompanhados pela visita.

Tendo a participação integral das famílias, per cebe-se envolvimento e dedicação com o projeto, podemos destacar que foi alcançado o objetivo ini cial da atividade proposta.

DISCUSSÕES

Com o projeto da turma do Berçário 1, da Es cola Municipal de Educação Infantil Sol Criança, “Como eu fiquei após uma pitadinha de amor e afe to de cada família”; que tem como finalidade opor tunizar as famílias a conhecer um pouco mais da diversidade cultural presente no grupo familiar dos nossos alunos da turma, respeitando e valorizando as mesmas, fazendo um trabalho coletivo e integra do em construção de uma boneca que respeita a diversidade e as diferenças; além de proporcionar momentos lúdicos e divertidos do bebê/ família / boneca; bem como a construção de um livro para publicação através dos relatos da experiência vi venciadas pelos educandos e seus familiares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema abordado neste trabalho é amplo e exige uma pesquisa apurada no ambiente escolar. Essa temática vem ressaltar e avaliar todo o proces so do caminho e do trabalho com projeto pedagó gico na educação infantil, onde foram realizadas pesquisas bibliográficas e um estudo de caso por meio de uma abordagem qualitativa. Por todo o ex posto, pode-se concluir que o projeto pedagógico na educação infantil é algo fundamental a ser co

locado em prática, para a qualidade do ensino, mas é preciso que os docentes se conscientizem e utili zem essa metodologia para fins de cunho qualita tivo e significativo no desenvolvimento da criança.

Esse projeto pedagógico é de total importân cia para a sociedade, pois foi articulado e planejado antes de ser realizado em sala. Pensando no desen volvimento integral dos alunos é que ele se aplica, tendo como foco principal a relação família e escola para a valorização da diversidade cultural presentes em sala de aula.

Enfim, a proposta é o respeito às diversidades culturais presentes em sala de aula, respeitando e valorizando-as o que se conseguiu proporcionar e obter de maneira satisfatória, percebendo-se que quando se trabalha em conjunto e em parceria, tudo fica mais prazeroso.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria C. S. Praticar uma educação para a di versidade no dia-a-dia da escola de educação infantil. Re flexões sobre as práticas pedagógicas. Novo Hamburgo: Feevale; s/a.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC, SEB, BRASIL. Ministério da Educa ção e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, v. 2; GUSMÃO, Neusa M. M. Desafios da Diversidade na Escola. Revista Mediações, Londrina, v.5, n.2, p.9-28, jul/dez, 2000.

MEC-BRASIL, Base Nacional Comum Curricular/A Etapa da Educação Infantil, 2017;

MEC/BRASIL, Referencial curricular nacional para educa ção infantil/ Ministério da educação e do Desporto, Secre taria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1998. Volume 2: Formação Pessoal e Social Volume 3: Conheci mento de Mundo.

38

1

MUITO ALÉM DO OLHAR: RESGATANDO AS APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS NO PÓS PANDEMIA: O RETORNO DA FAMÍLIA DA MARICOTA

2

APRESENTAÇÃO

Para fundamentar o presente relato de expe riência fez-se necessária uma visita ao ano de 2018, mais precisamente meados de dezembro de 2018. O ano ia findando e a vontade de promover vivên cias reais da criança em contato com a natureza e os animais, se intensificava. Com esse sentimento, teve-se a ideia de aproveitar o espaço da escola para adotar um mascote que possibilitasse uma série de vivências reais para as nossas crianças em conta to com os animais. Bastava saber qual animal seria e em qual proposta se encaixaria. Com a chega da do ano de 2019, uma avalanche de expectativas preenchia os dias e iniciou-se o ano desenvolvendo vínculos com as crianças e realizando passeios em torno da escola. E foi em um desses passeios que o mascote foi escolhido: seria uma galinha. Então, com disposição e muito carinho, traba lhou-se com essa temática que culminaria no Lar da Maricota. Um espaço de vivências, para todo o ambiente escolar, para a Comunidade Escolar e claro, para os “amantes” dos animais. Maricota viveu feliz em seu Lar e ganhou irmãos e irmãs, doados

EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

³EMEI Prof.ª Neuza Maria Manzoni, Educação Infantil Professor, Santiago-RS.

pelas famílias que se encanta vam com as propostas envol vendo as novas moradoras. Infelizmente o ano de 2020 chegou com a Pandemia COVID-19 e muitas incer tezas. Foi necessário que a Maricota e sua família mu dassem temporariamente para um novo espaço. O que não se esperava é que tudo mudaria, se riam canceladas as atividades por tempo indeterminado. As salas de aulas ficaram vazias, os corredores sem o som das gargalhadas, e tudo perdeu um pouco a cor. Não era sabido se voltaria -se, quando voltaria-se, foram perdas irreparáveis de vidas, sonhos, amigos. Uma enorme lacuna na aprendizagem dos pequenos, que foram privados da interação e convivência com os colegas. Quando finalmente retornou-se, ainda receosos, havia mui tas dúvidas de como se daria o processo educativo, de como conduziria-se as aulas, quais instrumen tos seriam utilizados com as crianças que ficaram dois anos praticamente em frente a telas, apren dendo de longe, sem os carinhos, colinhos, sem dar

39

as mãos e brincar de roda com o colega, dividir seus brinquedos, conviver com outras pessoas que não fosse seu núcleo familiar. E para agravar a situação, por ser Educação Infantil, ainda precisava -se ter em mente, que muitas das crianças que es tavam retornando eram crianças que enfrentaram a pandemia e que nunca haviam tido contato com ninguém que não fosse da sua família. Foi um iní cio de ano letivo bem tenso, para todos, tanto pais quanto alunos e professores. Ainda em adaptação, busca-se descobrir formas de acolher e motivar essas crianças a estarem juntas. Com muito afeto, com olhar cuidadoso, respeitoso, está se recons truindo o que ficou para trás. Pensa-se nesse mo mento, em retomar o Lar da Maricota, aproveitando a oportunidade para que movidos pela curiosidade das crianças, promova-se momentos ricos de trocas e aprendizados sobre a vida e a morte, dessa vez utilizando como moradores os filhos da Maricota.

OBJETIVOS

• Assegurar os Direitos de Aprendizagem e os Campos de Experiências elencados na BNCC.

• Sensibilizar e fortalecer as relações afetivas, em função dos momentos de fragilidade que o contexto da Pandemia deixou.

• Oportunizar o convívio e a interação entre a Comunidade Escolar, motivando o interesse de to dos os envolvidos nesse processo.

• Promover o despertar de sentimentos e ações para o bem estar coletivo e social, desenvolvendo habilidades socioemocionais.

METODOLOGIA

Em um primeiro momento, as crianças passaram a questionar sobre a Maricota, onde es tava, e sua família. Assim fez-se necessário explicar que durante esse tempo, Mari cota foi para um lar temporário e acabou morren do. No entanto, deixou descendentes, seus filhos, e que eles iriam retornar para a escola. Revisitou-se o projeto “Semeando no jardim da infância a alegria de ser criança”, onde estudou-se a possibilidade da criação de um “espaço verde”, no local do Lar da Maricota, revitalizando e trazendo assim, as antigas moradoras.

A afetividade se evidencia nas propostas esco lhidas para acolher as crianças diariamente. Com isso, se fez oportuno e de extrema importância tra balhar-se o luto, e as perdas como forma de ameni zar a dor da saudade de cada um nesse tempo em que se viveu a Pandemia e suas consequências. Pois como bem pontua Wallon: “A afetividade constitui um papel fundamen tal na formação da inteligência, de forma a deter minar os interesses e necessidades individuais do indivíduo. Atribui-se às emoções um papel primor dial na formação da vida psíquica, um elo entre o social e o orgânico. (2007, p. 73).

Tendo em vista esse pensamento, levou-se as crianças até o galinheiro para relembrarem como era o espaço. Muito curiosos olhavam atentos todos os detalhes, indagando o porquê de estar fechado e sem nenhum morador. Foi proposta então a revita lização, partindo das crianças e de seus desejos de como transformar aquele ambiente para receber as

40

moradoras. Utilizou-se materiais como: tintas, pin céis, material reciclado, mudas de plantas, tocos de madeira, vasos suspensos, como forma de manter o ambiente o mais natural e sustentável possível. Sensibilizou-se o restante das turmas da escola para auxiliar, deixando suas contribuições encan tando mais esse espaço. Partindo dessa reconstru ção, promoveu-se a chegada e ambientação do ca sal de moradores, filhos da Maricota, o que causou extrema euforia por parte das crianças que então questionavam qual seriam os nomes deles.

Realizou-se uma consulta com sugestões de nomes e foi desenvolvida a votação envolvendo a Comunidade Escolar nesta escolha. No entanto, a dúvida sobre onde Maricota estava permanecia. Nesse momento, utilizou-se como recurso a histó ria: “A árvore das lembranças”, de Britta Teckentrup, uma história que celebra a vida e ajuda a resgatar as doces lembranças daqueles que se ama.

Utilizando o imaginário infantil adentrou-se em um mundo cheio de magia e de muitas possi bilidades. Conforme pontua Glenn Doman “A ma gia está não na técnica, e sim na criança. A magia está no seu incrível cérebro.”

Sendo assim, desenvolveu-se uma contação seguida de diversas atividades onde resgataram -se as lembranças da Maricota, realizando o plantio de uma “Árvore das lem branças”, transformada em um Memorial da Ma ricota. Cada criança pode expressar seu sentimento em relação ao que viven ciou durante a Pandemia. Foi enviado para casa uma fita em que a família fez um laço escrevendo o sentimento despertado

por seu filho. Esse laço foi colocado junto à árvo re e a criança expressou seu significado diante do grupo.

Para dar mais significado e como forma de re gistro de toda a prática desenvolvida, foi idealizada a construção de um livro elaborado com os relatos das famílias com vivências reais do período da Pan demia juntamente com desenhos de seus filhos, intitulado: “Muito além do olhar: resgatando vivên cias significativas em família na Pandemia.”

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O retorno dessas ações trouxe-nos a certeza de que se está caminhando na direção certa. Com aceitação da Comunidade Escolar e envolvimento nas atividades propostas. A escola ganhou um es paço revitalizado e lúdico, onde todas as turmas participam ativamente nos cuidados diários do ambiente e dos animais, que envolvem alimenta ção, limpeza, adubação da terra, plantio…

As crianças aprendem participando ativamen te de cada proposta e em contato diário com a na tureza, desenvolvendo autonomia, respeito, amor e cidadania.

São momentos recheados de imaginação e brincadeiras durante os cuidados indispensáveis da rotina, onde cada um colabora ativamente tra zendo suas vivências ex ternas para dentro do uni verso infantil. Aos poucos vão reconstruindo o mun do infantil dando novos e importantes significados ao que vivem. Já que: “É nos momentos de brinca deira que as crianças po

41

dem nos informar como elas são, o que elas acredi tam e vivenciam juntamente com os adultos que as cercam e principalmente como elas entendem o mundo ao seu redor.” (Delorme, 2012).

Partiu-se então para uma campanha: arreca dar alimentos para as galinhas, que já possuíam agora seus nomes, Kika e Tito, nomes escolhidos na votação da Comunidade Escolar. Mobilizou-se as famílias para trazer as mudas de flores bem como confeccionar floreiras com material reciclado para embelezar o espaço, contemplando o projeto ma cro da escola: “De coração em coração vamos: Plan tar, Florescer e Colher.”

Plantou-se a “Árvore das lembranças” próximo ao galinheiro e foi construído o memorial da Mari cota, momento de grande valor emocional para to dos os envolvidos. Finalizou-se com a proposta da confecção do livro elaborado pelas famílias, onde houve a grata surpresa da participação entusias mada dos mesmos com lindos e emocionantes re gistros por palavras e desenhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto proporcionou construções signi ficativas com as crianças e famílias, promovendo práticas pedagógicas de interação com a criança e a natureza, desenvolvendo a cidadania e a cons ciência ambiental. Sensibilizou-se o despertar da importância da vida e da aceitação da morte como um recomeço necessário e natural.

Considera-se gratificante desenvolver esse tra balho não somente com as turmas de Jardim (faixa etária obrigatória), mas com toda a Comunidade Escolar, exercendo o papel social da escola.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (1° versão) Versão preliminar. Ministério da educação. Base Nacional Comum Curricular, 2015. BNCC (2° versão) versão preliminar. Ministério da educação. Base Nacional Comum Curricular, 2016. DELORME, M. I. de Carvalho. Infância e ludicidade. Educação Infantil 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2012. Capítulo 09, pg 111-122.

DOMAN, G_ DOMAN, J; Como multiplicar a inteligência dos bebês; Editora Artes e Ofícios, 2004.

RIO GRANDE DO SUL. MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL. Referencial Curricular Gaúcho. Educa ção Infantil. 2018.

WALLON, H. Afetividade e aprendizagem – Contribuições de Henry Wallon. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

42

BRINCAR E APRENDER: AS DESCOBERTAS

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

APRESENTAÇÃO

A Educação Infantil destaca-se pela sua re levante importância no marco inicial do processo educacional das crianças. Nesta fase, atividades lú dicas tornam-se uma metodologia eficaz de abor dar os conteúdos e competências pertinentes a esta etapa do ensino. Acreditando na importância do lúdico como um aliado no desenvolvimento das crianças definiu-se a temática para o referido relato de experiência “Brincar e aprender: as descobertas na educação infantil.”

Visando possibilitar uma ilustração fiel da reali dade da Educação infantil, apresentar-se-á o relato das vivências cotidianas de uma sala de aula.

Partindo do pressuposto de que o brincar é construtor de novas aprendizagens e interações na infância, apresenta-se como objetivo geral: utilizar as diferentes linguagens: corporal, musical, plásti ca, oral, escrita e manual em diversas situações de exploração, proporcionando o desenvolvimento integral da criança. Como objetivos específicos ar rolam-se os seguintes: 1) proporcionar situações de aprendizagem para estimular o desenvolvimento de competências dos aspectos afetivos, psicomo tor, cognitivos, linguísticos e social através da ludi cidade; 2) promover a aprendizagem das crianças através da criatividade e da imaginação; 3) propiciar o desenvolvimento da competência comunicativa,

proporcionando à criança, se expressar de forma oral, criando um ambiente de interação; 4) traba lhar com a criança a conscientização e o respeito às diferenças, possibilitando a vivência de novas cultu ras e saberes.

METODOLOGIA

O presente relato de experiência “Brincar e aprender: as descobertas na educação infantil”, busca ilustrar o cotidiano pedagógico de uma tur ma multisseriada de Maternal I e II da Escola Mu nicipal de Educação Infantil Recanto da Alegria do município de Santiago, turma que possui 14 crian ças, sendo 06 de maternal I e 08 de maternal II na faixa etária de 02 a 03 anos e de 03 a 04 anos. Tendo como documento orientador a Base Comum Curri cular – BNCC, Referencial Curricular Gaúcho – RCG e Documento Orientador Municipal – DOM, alinha dos a uma proposta lúdica e criativa, promovendo, assim, a vivência de novas culturas e saberes.

As crianças que compõem referida turma possuem uma realidade bem distinta, não tinham tido até o presente momento contato com o contexto escolar, seu círculo de re lacionamento social res tringia-se ao contexto familiar, pois logo após o

43
1 EMEI Recanto da Alegria, Santiago, RS.

seu nascimento passaram por um momento críti co de saúde sanitária, causado pela “Pandemia de COVID19”. O trabalho baseou-se na metodologia de projetos com propostas pedagógicas lúdicas, abor dando um leque de possibilidades práticas para fomentar o desenvolvimento infantil, propostas di versificadas e enaltecendo experiências de sucesso que contribuem para o desenvolvimento integral das crianças.

Esse relato de experiência das atividades do centes na educação infantil, orienta-se pela aborda gem de forma reflexiva. Para tanto, Libâneo (1999, p. 02) ressalta que:

Ao compartilharmos, no dia-a-dia do ensinar e do aprender, ideias, percep ções, sentimentos, gestos, atitudes e modos de ação, sempre ressignifica dos e reelaborados em cada um, va mos internalizando conhecimentos, habilidades, experiências, valores, rumo a um agir crítico-reflexivo, autô nomo, criativo e eficaz, solidário. Tudo em nome do direito à vida e à digni dade de todo o ser humano, do reco nhecimento das subjetividades, das identidades culturais, da riqueza de uma vida em comum, da justiça e da igualdade social. Talvez possa ser esse um dos modos de fazer pedagogia.

O espaço do ambiente escolar é de fundamen tal importância para as crianças da faixa etária que corresponde à educação infantil, favorecendo si tuações em que possam desenvolver sua aprendi zagem e autonomia, proporcionando uma troca de conhecimento entre seus pares.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O brincar faz parte das vivências infantis, por tanto, compreender a aprendizagem na educação infantil como um processo indissociável do brincar, é fundamental, despertando o interesse por novas descobertas.

Segundo a Base Comum Curricular – BNCC (2018, p.37), “A interação durante o brincar caracteri za o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimen to integral das crianças.”.

A contextualização das atividades desenvolvi das no ambiente escolar, organizada por campos de experiências estruturantes da BNCC, apresen ta-se da seguinte maneira: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação e Espaços, tempos, quantidades, relações e transfor mações.

Dentro de cada Campo de Experiência serão relatadas algumas atividades desenvolvidas com as crianças da turma Multisseriada Maternal I e II, além da contextualização dos Objetivos de Apren dizagem e Desenvolvimento para as Crianças bem Pequenas.

O Campo de experiência “O eu, o outro e o nós” busca desenvolver no indivíduo a autonomia e as interações com os seus pares. Referente a este campo, foram realizadas diversas propostas peda gógicas, dentre elas a atividade de circuito com cones, bolas e bambolês. Primeiramente as crian ças tinham que fazer um zig zag nos cones, traba lhando a sua coordenação e equilíbrio, em seguida carregar a bola com a mão até o ponto indicado e, por último, pular nos bambolês com os pés juntos e com os pés separados.

44

Dentro do mesmo campo de experiência buscou-se oportunizar momentos para o desen volvimento da autonomia infantil através de vi vências diárias, como ir ao banheiro, alimentar-se sozinho(a), limpar nariz e boca, subir e descer de graus e pequenas escadas com e sem apoio, como é apresentado no Referencial Curricular GaúchoRCG, “o conjunto de ações busca articular experiên cias e saberes das crianças com práticas efetivadas por meio do brincar e das suas interações estabele cidas, construindo a sua identidade e autonomia”. (RCG, apud BRASIL, 2010).

No Campo de experiência Corpo, gestos e mo vimentos, que aborda sobre as expressões corporais e identificações das suas potencialidades, muitas atividades foram apresentadas, no entanto, a ati vidade que mais chamou a atenção e despertou a criatividade e curiosidade das crianças foi a caixa de sucata. Nessa atividade, foi disponibilizado uma caixa com vários elementos não estruturados como potes, cones, caixas e, a partir disso, as crianças têm a possibilidade de criar diversas brincadeiras e jo gos simbólicos, com diferentes estratégias.

No Campo de experiência Traços, sons, cores e formas, que possibilita a vivência de diversas formas de expressão das linguagens como as artes visuais, a música, a dança, entre outras.,e em específico no campo das artes visuais, foi realizada a atividade de desenhar com o carvão a qual possibilitou às crian ças terem uma experiência muito significativa, ex pressando diferentes linguagens, apropriando-se de diversas formas de expressão.

Outra proposta pedagógica, baseou-se em instrumentos musicais feitos de sucata, visando estimular a expressão criativa através de diferentes linguagens entre elas, a musical, como também, despertando nas crianças a conscientização de preservar e cuidar do meio ambiente, o consumo consciente e a reciclagem.

As propostas pedagógicas referentes ao Cam po de experiência Escuta, fala, pensamento e ima ginação, que ressalta a importância do desenvol vimento da linguagens e suas diversas formas de expressão, foi realizado a atividade que se chama “Passeio musical”, cuja proposta baseia-se em so licitar que as crianças fiquem sentadas em roda e vão cantando a música, fazendo sons diferentes e pausas de acordo com a cantiga, seguindo todos no mesmo ritmo, dessa forma, possibilita-se o de senvolvimento da imaginação, da criatividade e da oralidade, suscitando o gosto pelas história.

E, para finalizar, aborda-se o Campo de expe riência Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Nesse quesito, como forma de for talecer a autonomia e as noções de tempo, relações e transformações, a atividade de plantar uma se mente e acompanhar o seu crescimento e desen volvimento, proporciona inserir as crianças, desde pequenas, no campo da observação e da reflexão de mudanças.

Foram plantadas duas sementes em ambien tes diferentes, a primeira, um grão de feijão, no sa quinho transparente, para que as crianças pudes sem visualizar o seu crescimento. A segunda, sementes de girassol, plan tadas em um pote com terra, o de senvolvimento foi acompanhado pe las crianças, até sur girem suas primei ras folhinhas. Nessa proposta ocorreu o fortalecimento do desenvolvimento do raciocínio lógico,

45

transformação e noções de tempo, despertando a curiosidade com atividade cotidiana e prazerosa.

A Educação Infantil precisa possibilitar uma ro tina diária com práticas que oportunizem momen tos para o despertar da autonomia infantil, através de propostas educativas que fazem parte do seu cotidiano. De acordo com Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil cabe:

A intervenção do professor é impor tante para que as crianças possam, em situações de interação social ou sozinhas, ampliar suas capacidades de apropriação dos conceitos, dos có digos sociais e das diferentes lingua gens, por meio da expressão e comu nicação de sentimentos e idéias, da experimentação, da reflexão, da ela boração de perguntas e respostas [...] (BRASIL, 1998. p. 30).

Dessa forma, compreendendo que o sujeito se constitui como um ser único e singular, será pos sível a formação de cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos os envolvidos no processo de aprendi zagem são produtores de conhecimento, portanto, um espaço que instigue e desafie os educandos, amplia as possibilidades de desenvolvimento. Den tro dessa perspectiva, um ambiente organizado, que traz situações de experiências concretas da vida cotidiana, possui uma relevante importância, pois proporcionará a essas crianças um desenvolvi mento integral com situações reais do seu dia a dia.

Portanto, o relato em tela buscou apresentar como se dá o trabalho pedagógico, utilizando-se de

diferentes linguagens: corporal, musical, plástica, oral, escrita e manual, em diversas situações de ex ploração, proporcionando o desenvolvimento inte gral da criança, tendo como documento orientador a Base Comum Curricular – BNCC, Referencial Cur ricular Gaúcho – RCG e o Documento Orientador Municipal – DOM, alinhados a uma proposta lúdica e criativa e promovendo, assim, a vivência de novas culturas e saberes de uma turma Multisseriada de Maternal I e II, da EMEI Recanto da Alegria, no mu nicípio de Santiago, RS.

Concluindo, percebe-se a importância do en sino na Educação Infantil como um marco no início na vida estudantil das crianças, sendo fundamental a formação de uma base sólida no desenvolvimen to integral das mesmas, de maneira a prepará-las para as próximas etapas do ensino. Como educa dores, é fundamental estar sempre atento às pro postas metodológicas aplicadas, para ter sucesso na busca dos objetivos pretendidos.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Base Comum Curricular – BNCC. Ministério da Educação. Disponível em: http://basenacionalcomum. mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site. pdf, acesso em: 22/09/2022.

BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ rcnei_vol1.pdf, acesso em: 13/09/2022.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 1999.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. Referencial Curricular Gaúcho: Educação Infantil. Porto Alegre: Departamento Pedagógico, 2018. V1. Disponível em: https://saopaulodasmissoes.rs.gov.br/Arquivos/210/ Conte%C3%BAdos/2903/RCG%20Completo_2651.pdf, acesso em: 22/09/2022.

46

PLIM PLIM NÓS CUIDAMOS DA ÁGUA SIM!

APRESENTAÇÃO:

Este trabalho apresenta o resultado das ações do projeto “PLIM PLIM NÓS CUIDAMOS DA ÁGUA SIM! ”, que foram desenvolvidas na Escola Munici pal de Educação Infantil Gente Miúda, no municí pio de Santiago - RS. A referida prática foi aplicada na Turma do Maternal 1 Manhã e Tarde, contem plando crianças de 2 e 3 anos de idade. Com relação a proposta, percebe-se que o cenário pandêmico criou um distanciamento entre a escola e sua co munidade, aliando a escassez dos recursos hídricos que principalmente no verão assola nosso municí pio durante os períodos de estiagem, fazendo com que nossas reservas de água fiquem ameaçadas. Assim, o presente projeto possui a intenção de fazer com que as crianças percebam que água é fonte de vida e um bem precioso, tendo a necessidade de reconhecer a sua importância, suas utilidades, suas formas de uso, salientando a necessidade da cons cientização do cuidado e uso racional desse precio so bem e também fazendo com que as suas famí lias fossem instigadas a participar do processo de aprendizagem juntamente com suas crianças para que houvesse a recomposição das aprendizagens onde juntos pode-se construir uma sociedade me lhor e mais consciente de seus direitos e deveres. Assim, busca-se promover atitudes de reflexão jun to à comunidade escolar e as famílias do Maternal 1.

OBJETIVOS

Objetivo

geral

- Conscientizar sobre a água como fonte de vida, recurso natural essencial para os seres vivos para que seu uso seja realizado de for ma racional.

Objetivos Específicos

- Adotar por meio de atitudes cotidianas medi das de valorização da água.

- Promover ações de conscientização junto às famílias do Maternal 1 sobre a importância da água e o seu uso racional.

- Identificar os muitos diferentes usos da água no nosso cotidiano.

- Conscientizar quanto ao uso sustentável e in teligente da água e outros recursos naturais finitos.

- Perceber o papel do ser humano nas solu ções e problemas relacionados à água.

METODOLOGIA

A metodologia do presente trabalho deu-se através de visita realizada com nossos estudantes a Barragem de água da cidade de Santiago, para vermos onde a água que consumimos fica arma zenada e após a Estação de Tratamento de Água de Santiago (ETA) onde é feito o tratamento dessa

47
1 EMEI Gente Miúda, Educação Infantil (Maternal 1) - Professor, Santiago, RS.

água para chegar em nossas casas. Foi mostrado às crianças a água logo que chega a ETA e como é realizado esse processo. Foram realizadas ativi dades com diversos recursos como Guarda-chuva musical com a canção Água de Cristina Mel, his tórias infantis sobre a água; recorte de revistas ou jornais com imagens que representam a economia de água e o desperdício. Montagem de cartazes com as crianças sobre a utilidade da água e sobre maneiras de economizá-la, disponibilização de um tambor para captação da água da chuva na EMEI Gente Miúda; plantar e regar as florezinhas com a água da chuva, lavagem das calçadas da Escola com a água da chuva. Através da contação e ex ploração lúdica da história A gotinha Plim Plim de Gerusa Rodrigues Pinto várias propostas de ativida des aconteceram como conversas, discussões com o intuito de demonstrar a importância desse pre cioso bem e o ciclo da água. Foi realizada a apresen tação de recurso lúdico visual (boneca em tecido no formato de gota) chamada Gotinha Plim Plim onde as crianças a levaram para casa juntamente com o caderno de registros para que seus pais realizas sem o relato referente aos cuidados tomados com a Gotinha Plim Plim e os procedimentos adotados para a economia de água que cada família realiza, podendo também anexar registros fotográficos. To das as atividades planejadas para o projeto tinham como principal objetivo demonstrar a importância da água para as nossas vidas, evitar o desperdício e oportunizar a aprendizagem de métodos sustentá veis, principalmente nesta faixa etária.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Educação Infantil se dá o início do processo de educação. Para isso, através da socialização a es cola possui o objetivo de ampliar o universo de expe

riências, conhecimentos e habilidades das crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens como nos orienta o documento da Base Comum Curricular (2017, p.36).

Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o compartilhamento de responsabi lidades entre a instituição de Educa ção Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição precisa co nhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/ diversidade cultural das famílias e da comunidade.

Tomando como base tais pressupostos com o Projeto Plim Plim nós cuidamos da água sim! Foi possível experienciar o universo da água desde a origem da água (Manancial e Estação de tratamen to da cidade de Santiago), oportunizando o conhe cimento in loco das crianças de modo a contextua lizar e consolidar aspectos teórico-práticos sobre o tema água.

Crianças bem pequenas possuem uma facili dade maior de aprendizagem podendo levar para a vida e até repassá-lo para outras pessoas. Para opor tunizar aprendizagens e experiências de acordo com a BNCC realizou-se atividades variadas visando à aprendizagem e o diálogo com as famílias uma vez que as atividades foram contextualizadas com as crianças e contaram com a participação dos pais para que fossem oportunizadas ações conjuntas fa mília e escola a partir do tema água e a importância DE AÇÕES conjuntas com vistas a preservação de tão importante meio de subsistência humana.

48

Sobre as ideias de Vygotsky Rego, (1994) afir ma que:

As características tipicamente hu manas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e com seu meio sociocultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo.

Assim, quando o homem modifica o ambiente através de seu comportamento, vai influenciar seu comportamento futuro. Dessa forma, havendo a in teração entre escola e família ocorre-se a transfor mação do meio social e formação de futuros adul tos conscientes da necessidade do cuidado com a água.

Freire, (1994, p. 39) refere que: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”

O mundo a que refere Paulo Freire são os con textos e o meio em que as crianças estão inseridas (assim escola, família e ambiente) em estudo repre sentam aspectos que foram investigados e explora dos na realização do Projeto Plim Plim nós cuida mos da água sim! orientando aprendizagens. Freire, (1996, p. 21) nos faz refletir que alme jamos formar seres críticos e inquiridores quando nos diz que: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria pro dução ou a sua construção.”

A partir do estudo prático viabilizado pelo pro jeto já referido ampliou-se possibilidades que des pertaram curiosidades investigativas do processo água e diferentes formas de como a mesma se faz presente nas vidas das crianças e suas famílias (ma nancial da água, armazenamento e tratamento da água que abastece as residências) oportunizando conclusões e aprendizagens que objetivaram a pro dução e a construção de conhecimentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades realizadas durante o projeto de monstraram que a água é um recurso natural, es sencial e importante elemento para a sobrevivência humana. Consciencializando as famílias quanto à responsabilidade em conservar os recursos hídricos e usá-los de forma sustentável preservando assim a nossa existência.

Trabalhar com as crianças a temática do cui dado e da conservação da água na Educação Infan til de maneira lúdica sensibilizando-as em relação aos cuidados do uso, desperdício e conservação da água possibilitou um repensar em mudanças de posturas e proporcionou uma conscientização em relação ao tema.

49

É nesse sentido que esse trabalho se torna um desafio às crianças, as suas famílias e a comunida de escolar para que relacionem com seu cotidiano, de forma que proporcione desde cedo a percebe rem a realidade onde vivem, a importância do meio ambiente e de seus recursos naturais em especial a água, bem como as influências e impactos da de gradação do meio ambiente em suas vidas e, con sequentemente, os impactos para a sociedade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC. 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 25ª edição. Paz e Terra.1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 23º reimpressão. Paz e Terra.1994.

REGO, T.C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultu ral da educação. Editora Vozes, Petrópolis.1994.

50

QUE BICHO É ESSE?

UMA VISITA AO MUNDO ANIMAL

APRESENTAÇÃO

Partindo de um olhar atento sobre as de mandas da turma, além de reconsiderar o projeto macro da Escola no presente ano, o qual tem por temática “Escola e família juntas, para além da di versão”, percebeu-se a relevância de estar envol vendo as crianças em propostas que despertassem o seu interesse, atenção e desejo pela descoberta, dessa forma foi escolhida a temática sobre as ani mais, dando origem ao projeto intitulado “Que bi cho é esse? Uma visita ao Mundo Animal”. Partindo dessa temática, a qual está presente no cotidiano da instituição, visto que esta situa-se em um bairro rodeado de pequenas propriedades rurais, oportu nizando o contato rotineiro das crianças tanto com animais domésticos como também animais da fa zenda, as propostas foram idealizadas com vistas a garantir os Direitos de Aprendizagem das crianças, ofertando a estimulação para desenvolver habilida des em defasagem, suprindo lacunas deixadas por quase dois anos de ensino remoto, para isso fez-se uso de recursos diversificados, passeios, expedições e ainda atividades que envolviam a participação fa miliar, reconstruindo e oportunizando momentos de trocas entre pais e filhos. Além disso, através do referido projeto buscou-se despertar o olhar cien tífico/explorador, possibilitando espaços de intera

ção em que as crianças fossem sujeitos ativos do processo ensino/apren dizagem, sempre inte grando o uso de tecnolo gias, jogos e programação digital, tudo isso pensado a partir de um olhar atento sobre as crianças da geração Alpha, ou seja, os famosos nativos digitais, dessa forma, o projeto aqui exposto tem como princípio os pressupostos da metodologia ativa.

OBJETIVOS

Para melhor organizar as práticas do referi do trabalho, teve-se como objetivo geral o seguin te pressuposto: Observar, descrever e comparar as características de animais de diversos tipos, que habitam ambientes, próximos ou mais distantes; bem como estudar a vida desses animais, e sua im portância para o meio ambiente, relacionando aos demais conhecimentos previstos para essa Etapa da Educação Infantil. Já como objetivos específi cos, cita-se os seguintes: Oportunizar espaços ricos em saberes e estímulos, através de uma temática de interesse coletivo, recompondo aprendizagens e construindo conhecimentos úteis para uma for mação integral da criança; Conhecer diferentes

51
1 EMEI Aurora Melo Lubnon, Educação Infantil – Professor Jardim, Santiago, RS.

animais e seus habitats, valorizando sua importân cia para o meio ambiente, desenvolvendo a cons ciência cidadã acerca do respeito e cuidado com os animais; Reconhecer e identificar animais em suas classes, sejam elas domésticas, selvagens; Cooperar junto a Escola e a Família para ações de proteção aos animais, além de organizar parcerias com enti dades públicas e privadas do município de Santia go/RS; Desenvolver habilidades físicas, cognitivas e sociais, contemplando os diferentes Campos de Ex periência da Base Nacional Comum Curricular, com vistas a garantir os 10 Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento; Proporcionar visitas a espaços diferenciados, com vistas a valorizar a preservação destes e dos que habitam ali e Utilizar recursos tec nológicos na abordagem da temática em questão, a fim de oportunizar a construção de aprendiza gens a partir da cultura digital e da programação.

METODOLOGIA

O projeto aqui apresentado foi proposto na tur ma de Jardim na Escola de Educação Infantil Au rora Melo Lubnon, a metodologia utilizada para tal foram propostas diversificadas, ou seja, seguiram -se os princípios da metodologia ativa envolvendo passeios, expedições, visitas técnicas e rodas de conversa, com o intuito da criança ser protagonista, questionando e interagindo, e assim construindo saberes, momentos estes planejados a partir de ob jetivos claros. Dentre as ações propostas pelo pro jeto, buscou-se parcerias com entidades públicas e também privadas do município de Santiago/RS, envolvendo as famílias, a escola e também os mo radores dos bairros próximos à instituição de ensi no, essas ações foram pensadas visando promover o exercício da cidadania, considerando a temática abordada, a qual envolve o respeito, cuidado e tam bém responsabilidade com os animais, sejam eles

selvagens/domésticos, de estimação ou em situa ção de abandono.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As aprendizagens na etapa da Educação In fantil não ocorrem necessariamente no momento da atividade pedagógica, elas estão ocorrendo nas atividades de rotina, no momento da rodinha, no banheiro, no lanche, na pracinha, até mesmo nos momentos de brincadeira e conversa livre, e par tindo da observação desses momentos que de paramo-nos com um assunto que desperta e ins tiga a imaginação e a curiosidade das crianças, o tão inesperado mundo dos animais, sejam eles os de pequeno porte, como as singelas formigas, como também dos grandes e majestosos cavalos, ou então o mundo deixado para trás onde viviam os dinossauros. Foi ao observar-se por alguns mo mentos os assuntos da turma, que delimitou-se a temática, os animais e todas as suas curiosidades, Onde vivem? O que comem? Como é a casa? Como fazem em dias de chuva? Por que são diferentes? Como é morar em uma fazenda? Esses e outros questionamentos deixam a aula ainda mais diverti da e foi pensando nisso que se trouxe esse mundo para dentro da sala de aula. Vallonton (1979), des taca sobre a riqueza que é trabalhar sobre o meio ambiente quando diz que “o meio ambiente, pela confiança que desprende pela sua riqueza que con vida à experimentação, pela curiosidade que des perta e pelos laços de simpatia que provoca” (1979, p. 23). Dessa forma, partindo dos desejos e anseios por descobertas das crianças, buscou-se englobar o cotidiano à aprendizagens significativas, construin do saberes.

O mundo animal, além de estar presente no dia a dia das crianças, através dos animais de esti mação, dos vídeos e jogos na internet e das reporta

52

gens na televisão, também estão presentes nas histórias infantis, desde as mais clássicas, como Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho (Lobo), O Gato de Botas, Os músicos de Bremen e O Pati nho Feio, são tantos enredos que por vezes os animais passaram despercebidos diante da trama, no entanto abrem caminho para um mundo sobre seu hábitat, suas aventuras e sua forma de viver, curiosidades estas que para crianças de 4 a 5 anos de idade são o despertar para um mundo de diversão e entrete nimento.

Corroborando com o exposto, Montagner afir ma ainda que “as relações com os animais criam também situações e contextos que alimentam, es timulam e estruturam numerosos processos cog nitivos e intelectuais, nomeadamente os que fun damentam as aprendizagens” (2002, p. 271), assim, nessa busca por oportunizar aprendizagens através do mundo animal, ficou perceptível que as desco bertas sobre a temática abarcam muito além de aspectos cognitivos, mas também emocionais, mo tores, e ainda sociais

Para mediar as interações acerca da temática escolhida pelas crianças, fez-se uso dos princípios da metodologia ativa, essa que vem para desmistifi car a forma tradicional de “dar aula”, antes o profes sor estava preocupado em compartilhar conteúdos, hoje, por meio das metodologias ativas o processo de ensino/aprendizagem é centrado na forma que cada criança aprende, e para isso, cabe ao professor diversificar suas técnicas com percursos flexíveis, nos quais os alunos sejam atores ativos, trazendo para dentro de sala de aula suas experiências, suas pesquisas, seu conhecimento prévio acerca da te mática. Para tudo isso, o professor agora assume o

papel de mediador, o aluno será o centro da aprendizagem. Corrobo rando com o exposto, Moran (p.18, 2015) ressalta que: “As metodolo gias ativas são pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integra ção cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas.” Dessa forma, falar que o referido projeto teve como ferramenta de execução os princípios da metodologia ativa, é res saltar que este aglutinou diferentes ambientes de aprendizagem, mecanismos de interação e recur sos para compartilhar informações, ou seja, a me diação da temática se deu através do blendad (mis tura) de técnicas e tecnologias, a fim de oportunizar a participação ativa das crianças no processo de en sino/aprendizagem. Destaca-se aqui algumas me todologias ativas que podem ser utilizadas dentro da Educação Infantil, enriquecendo as propostas, as quais fazem parte das ações do projeto: Aprendi zagem Baseada em Projetos; Gamificação; Sala de Aula Invertida e Aprendizagem Baseada em Pro blemas. Frente a isso, conhecer, valorizar e respeitar os animais torna-se um mecanismo para mediar aprendizagens. De forma lúdica e contextualizada as curiosidades das crianças tomam forma em um espaço de construção e descoberta, favorecendo o debate sobre responsabilidades sociais, saúde, ci dadania e higiene.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar a Educação Infantil significa repensar os ideais de creche, de estimulação e de criança, há alguns anos as Escolas de Educação Infantil de tinham para si apenas o cunho assistencialista, ou seja, um lugar para deixar as crianças enquanto os

53

pais precisavam ir trabalhar. Hoje, não só a Edu cação Infantil, bem como a criança, possuem um novo significado perante a sociedade. As Escolas de Educação Infantil aderiram um papel crucial de desenvolvimento integral das crianças, prepa rando os indivíduos para a sociedade e também para posteriores aprendizagens, qual educador que nunca ouviu a seguinte frase: Antes de escrever é necessário que a criança aprenda a pegar um lápis. Realmente, a criança precisa aprender correr, pu lar, cantar, dançar, brincar, amarrar, saltar, abraçar, antes de aprender ler e escrever, mas além de tudo isso, precisa também aprender se posicionar, dizer o que gosta, como gosta, ser crítico, construir e des construir, e a Educação Infantil é isso, é oportunizar a construção de saberes, de experiências, de viven cias, só assim a criança chegará no primeiro ano repleta de saberes e também de imaginação para vivenciar novas e complexas trocas de saberes.

A partir do referido projeto, possibilitou-se às crianças da turma do Jardim um novo olhar so bre o seu cotidiano, aprendendo sobre os animais e seu mundo, o ambiente em que a escola está si tuada oportunizando momentos de construções ricas, visto que era só olhar através da janela lateral e tinha-se acesso a um açude que servia de bebe douro para ovelhas, porcos, galinhas, patos, vacas e cavalos, assim fez-se uma parceria com os vizinhos que enriqueceram ainda mais as ações do projeto, pois foi possível visitar as propriedades que rodea vam a escola. Além disso, foram pensadas ações em rede, firmando parcerias também com outras Se cretarias e com instituições privadas e comunitárias do município, como o Agroshop Vila Nova, a Uni versidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões e ainda com o Centro de Equitação Cris tal, favorecendo assim experiências fora da escola. Desta forma, as ações saíram dos muros da escola, envolveram a comunidade, as famílias, outras Se

cretarias do Município, abrindo espaço para que as crianças pudessem ser atores ativos da construção de saber, questionando, vivenciando e interagindo, enriquecendo o seu repertório visual, linguístico e imaginário, além de exercitarem o papel de cida dão do município de Santiago/RS, visto que muitas das ações foram idealizadas para propostas sociais, como a Feira de Adoção Responsável Aurorinha e o Dia do Castramóvel Aurorinha.

Com tudo isso, realizar o presente projeto en riqueceu não apenas as vivencias diárias da turma do Jardim, mas oportunizou um novo olhar sobre questões sociais, tanto das crianças, bem como das famílias que embarcaram junto com as propostas, além disso, através dos objetivos propostos envol veu-se temáticas que contemplavam as habilida des e objetivos de aprendizagem da referida faixa etária, como questões sobre Educação Fiscal, Meio Ambiente e uso de Tecnologias/Programação, as sim, alcançando o objetivo principal da Etapa da Educação Infantil, como já mencionado no decor rer deste relato de experiência, o qual é oportunizar vivencias e contribuir para a construção integral do indivíduo, seja aspectos físicos, psicossociais, emo cionais e cognitivos.

REFERÊNCIAS

BNCC. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília, 2017.

MONTAGNER, H. A criança e o Animal: As emoções que libertam a inteligência. Instituto Piaget, 2002.

MORAN, J. M. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens, v. 2, 2015.

VALLOTON, M. A criança e o animal na educação. Porto: Livraria Civilização, 1979.

54

PASTA VIAJANTE: ENTRE NESSA HISTÓRIA COM O FRED E OS AMIGUINHOS

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Objetivo Geral

Estimular o gosto pela leitura de maneira lúdi ca e prazerosa.

Objetivos específicos:

Articular saberes e conhecimentos de maneira multidisciplinar;

Favorecer o desenvolvimento do aprendizado por meio do “Faz de conta;

Proporcionar de forma lúdica, a identificação e escrita das letras do alfabeto com a “Caixa do Se nhor Alfabeto”

Possibilitar a familiarização e a diferenciação das letras do alfabeto, por meio da exploração do material da “Caixa solidária” e a “Caixa do Senhor Al fabeto”;

Oferecer materiais concretos e significativos para o material de contagem, através da “Caixa soli dária” e da “Dona Numérica”;

JUSTIFICATIVA

“Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante” (Paulo Freire), e é neste sentido, que este projeto caminha e se norteia.

Ele nasce portanto, de um esforço para articu lação de saberes, previstos para Educação Infantil por meio da BNCC, utilizando como ferramenta, o mundo do “Faz de Conta”, com a criação de per sonagens feitos de caixas – O Senhor Alfabeto e a Dona Numérica - que surgem como novidade na sala, e lá permanecem, como “amiguinhos”, que se inserem ao dia a dia da turma, com diá logos, brincadeiras, músicas, mo mentos de rodinha, e as histo rinhas inusitadas, nas quais, os alunos são estimulados de maneira alegre e di vertida. E assim, em nos sas façanhas do aprendi zado, eles aparecem para abrilhantar ainda mais as explorações diárias.

Após um tempo convi vendo com o Senhor Alfabeto e a Dona Numérica na rotina da sala, surge mais um outro “amiguinho”, por meio do Projeto de Leitura, que unifica e se correlaciona com as de mais criações.

Neste entrelaçamento, A PASTA VIAJANTE: O FRED, busca estimular o gosto pela leitura de ma neira lúdica e prazerosa. E quais os caminhos bus car para que este objetivo seja alcançado?

55
1 EMCM São José, Educação Infantil, Professora, Santiago, RS.

• Primeiro caminho: Trazer a proposta em for ma de personagem;

• Segundo caminho: Que este projeto fosse multidisciplinar, relacionando as demais criações citadas;

• Terceiro caminho: Criar uma história, na qual os alunos pudessem se reconhecerem como prota gonistas;

• E Quarto caminho: Que a(as) história(as) cria da(as), pudesse atingir de maneira positiva a nossa comunidade.

Trilhando estes caminhos, o FRED chegou no ano de 2018 na sala da pré-escola manhã e tarde da professora Ariadne e logo após, foi inserido tam bém, nas demais turmas da pré escola São José. Foi uma experiência que deu muito certo!

E após um longo período de Pandemia, re tomarmos este ano com projeto, reelaborando os personagens e intensificando ainda mais, valores como a solidariedade, intercalando saberes, que vi sam um aprendizado repleto de significado para o nosso educando.

A PASTINHA VIAJANTE VERSÃO 2022

Pasta: Contém uma história, na qual os alunos também são personagens.

A história: Igual para todas as turmas, o que muda é nome dos personagens (citação do nome dos alunos da turma) e a ilustração.

A ilustração da história: é feita com lustrações do Fred e fotos dos alunos. Importante que neste dia que não falte nenhum aluno, para que todos es tejam presentes na ilustração.

A impressão: Um exemplar para cada turma, encadernado, com espaço reservado ao final, para que os alunos e as famílias possam relatar a expe riência.

Resumo da história: Conta a história de uma pastinha chamada FRED, que tinha o desejo de conhecer o mundo, e embarcou em uma viagem, conhecendo vários lugares e pessoas. No meio da sua aventura, o FRED começa a refletir sobre as di ficuldades sociais existentes em nosso meio, como a fome.

Surge uma inquietação: De que forma ele po deria fazer a diferença para mudar essa realidade?

Até que um dia, o FRED chegou à cidade de Santiago e logo foi conhecer a Escola São José, onde descobriu a sala do pré. Lá, ele fez muitos amigos e teve uma ideia: “Construir uma Caixa Solidária” com o objetivo de arrecadar alimentos para serem doa dos à quem necessita.

Nesse momento, é citado o nome de cada alu no no livro, que são questionados se aceitam a pro posta do novo amiguinho da turma.

Assim, cada aluno tem a oportunidade de levar o FRED para a sua casa, retornando no dia seguinte, com o registro do que mais gostou da história, e se possível, um quilo de alimento não perecível para a “Caixa Solidária”

56

Após todos levarem o FRED para as suas ca sas e a arrecadação dos alimentos, é escolhida uma Instituição de Caridade da cidade, para a doação.

A intenção é que os alunos exercite o conceito de Solidariedade, sentindo-se pertencente nesse processo.

SUGESTÃO: Encerrando-se uma história, o FRED pode trazer para a turma, novas histórias. Po dem ser clássicas, ou re/criadas pelas profs, envol vendo temas como Meio Ambiente, por exemplo. Provavelmente, essa será a próxima aventura do FRED na pré escola São José.

O Senhor Alfabeto: Já se encontra inserido na sala de aula, sendo solicitado nas explorações diá rias das letras, além de contar histórias inusitadas nas rodinhas. E quando o FRED estiver em ação, ele participará das explorações referentes à “CAIXA SOLIDÁRIA”, ele quer saber a letra inicial de todos os alimentos da caixa, e também vai nos passando dicas dos alimentos que é bom para a nossa saúde. Está ansioso para saber quem é o novo amiguinho que está a caminho!

A dona Numérica A personagem também já foi inserida em sala de aula. É solicitada para mos trar o seus números e trazer materiais para conta gem. “Passeia” pela sala para ver como os alunos estão se saindo nas atividades de quantificação, e traz histórias diversas sobre o mundo do núme ros. Também está à espera do FRED, e irá realizar a verificação da “CAIXA SOLIDÁRIA”, observando o números de alimentos, qual tem mais/menos, qual pacote é mais pesado/leve e etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como dito inicialmente: “Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”, e para isso, é necessário revestir-se de encantamento, para que se possa fazer encantar! E é nessa perspecti va que nos orientamos, compreendendo que con texto atual de pós pandemia, é também momen to oportuno para nos fortalecermos como sujeitos protagonistas de nossa história.

Sem dúvidas, há prejuízos profundos para a educação, mais é possível sim, nos reconstituirmos com atitudes por vezes simples, mais recheadas de encantamento. O caminho é árduo, mais a jornada poderá ser brilhante!

REFERÊNCIAS

PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para en sinar. São Paulo: Artmed, 2000.

PIAGET, Jean. A construção do real na criança. 3 ed. São Paulo: Ática, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes neces sários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

57

A LEITURA COMO PRÁTICA DE RECOMPOSIÇÃO DE APRENDIZAGEM

APRESENTAÇÃO

A pandemia da Covid 19 impactou toda so ciedade gerando sérios enfrentamentos em todos os campos da vida humana, na Educação não foi diferente. Estu dantes sofreram muito para atra vessar esse período e os índices de aprendizagem dos mesmos ti veram quedas significativas. Des se modo, fez-se necessário adotar estratégias para resgatar a apren dizagem dos alunos, bem como rea daptá-los ao ambiente escolar. Assim, foram desenvolvidas estraté gias de Recomposição de Aprendizagem que pode ser entendida como:

“um plano pedagógico em que se define um conjunto de objetivos aos quais, para serem atingidos, exigem o desenvolvimento de atividades em que os estudantes poderão (re) ver conteúdos e atingir objetivos de aprendizagem que não puderam al cançar ao longo de sua escolarização.”

Recompor aprendizagem não significa reapre sentar “tudo o que não foi aprendido” até chegar ao

ano escolar que os estudantes estão cursando, mas dar a eles condições para que possam progredir, fo cando nas aprendizagens essenciais.

Para tanto, foram selecionadas ha bilidades do ano anterior relaciona das à leitura, práticas de leitura e produção de textos, uma vez que “a leitura é primordial para que o verdadeiro estudo e conhecimen to aconteça”. (Mochinski, 2021).

É importante lembrar que, como observam Chartier (1999) e Paulino (2001), os modos de ler têm se modificado e se reorganizado de acordo com as sociedades e as tecnologias de cada época. Assim, as práticas de leitura são di versas, podendo ser realizadas em vários espaços e de modos diferentes, não necessariamente com um livro e em sala de aula.

Com o intuito de que a leitura ultrapasse a aquisição da informação e passe para o campo da formação, é preciso que o leitor estabeleça com a mesma uma relação mais próxima, subjetiva “e para que a leitura desempenhe esse papel, é funda mental que o ato de leitura e aquilo que se lê façam sentido para quem está lendo.” (Lajolo, 2003)

58
1 EMCM Tito Beccon, Anos Finais - professora, Santiago, RS.

OBJETIVOS

• Mostrar a importância da leitura;

• Promover o desenvolvimento da imaginação e da criatividade;

• Desenvolver a oralidade e a escrita;

• Ampliar o repertório leitor e o aprofundamen to da leitura autônoma.

METODOLOGIA

Durante os dias 05 a 26 do mês de agosto, nas aulas de Língua Portuguesa, na turma do 6º ano, totalizando 18 h/a, foram desenvolvidas atividades de leitura, compreensão e produção textual, dire cionadas a habilidades do ano anterior que, devido à situação pandêmica, não foram desenvolvidas em sua totalidade.

As habilidades trabalhadas foram EF05L P09RS-1, EF05LP10RS-1, EF05LP11RS-1 e EF05LP10R S-1DOM-SAN1.

Para desenvolver a habilidade EF05LP09RS-1, foram trabalhados textos instrutivos diversificados: “Relógio de Sol”, “Receita de Pão de queijo”, “Bata ta Quente”, os quais foram lidos de forma silencio sa e, posteriormente, em voz alta e coletivamente e realizaram-se atividades diversas de compreensão e função social dos gêneros textuais. Ainda, produ ziram um texto instrucional sobre seu jogo ou brin cadeira favorita. Para finalizar o trabalho com essa habilidade, os alunos receberam o jogo “Detetive”, juntamente com o manual de instruções, o qual ti veram que ler e, em grupo, socializar e entender o funcionamento do jogo, para jogá-lo.

A habilidade EF05LP10RS-1 foi desenvolvida, inicialmente, com a distribuição de livros diversos de contos infanto-juvenis. Os alunos, em dupla, rea lizaram a leitura silenciosa de diversos contos, após, escolheram um conto para completar uma “ficha de leitura”, contaram o conto lido para os colegas e

explicaram os dados preenchidos na ficha.

Em outra atividade, os alunos foram levados para a biblioteca da escola e, sentados em almofa das, descontraídos e com música ambiente, rece beram, de forma intercalada, dois contos populares diferentes sobre as Peripécias da Comadre Onça: “A onça e o lobo” e “A onça e o bode”. Realizou-se a leitura silenciosa, seguida da leitura coletiva, a qual foi “dramatizada”, logo, assistiram ao vídeo do conto popular “A onça e o sapo” e em momento de socia lização, conversaram sobre as semelhanças e dife renças dos três contos.

Trabalhou-se, também, com a habilidade EF05LP11RS-1, nessa atividade, os alunos produzi ram um novo conto popular em que a Comadre Onça foi uma das personagens principais.

Para finalizar, desenvolveu-se a habilidade EF05LP10RS-1DOM-SAN1, na qual os alunos tive ram contato com o livro “Alice entre realidades e so nhos” da autora santiaguense Raquel Machado. A história foi lida/contada pela professora de modo a estimulá-los a refletir sobre a mesma. Em seguida, a professora mostrou quem era a autora, uma ex -aluna da escola, enfatizando que todos podemos alcançar nossos objetivos, mesmo sendo oriundos de uma escola considerada pequena e do interior. Houve um momento assíncrono com a autora, atra vés de um vídeo contando um pouco sobre sua ex periência enquanto autora e a importância da lei tura em sua vida. Por último, os alunos realizaram uma pesquisa sobre o livro “Alice no País das Mara vilhas’’, comparando-o com a obra local.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a realização das atividades planejadas, foi possível observar os seguintes resultados:

• Ampliação do vocabulário, sendo esse perce bido durante as aulas que se sucederam;

• Desenvolvimento da criticidade, onde os alu

59

nos demonstraram maior auto nomia para defender seus pontos de vista, através da leitura;

• Dicção e linguagem corpo ral potencializadas;

• Melhoria na interpretação de texto;

• Maior confiança para falar em público.

Esses resultados abrem pre cedentes para que possamos de senvolver outras atividades ligadas a práticas de leitura, bem como o sonho de abertura de um clube do livro direcionado aos anos finais do ensino fundamental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao dominar a leitura, conquistamos a possi bilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, ampliar a visão de mundo, do outro e de si mesmo e participar ativamente da vida social. Contudo, ler ainda é um problema para muitas pes soas e cabe à escola estimular a leitura, melhorar as estratégias e oferecer muitos e variados textos em meio a tantas mudanças tecnológicas e sociais.

Com a realização deste trabalho, buscou-se oportunizar o encontro do aluno com atividades de leitura que lhe despertem o prazer de ler, instiguem a imaginação e favoreçam a compreensão da rea lidade e da cultura que o cerca, contribuindo para uma aprendizagem significativa.

Siglas

EF05LP09RS-1 Ler e compreender textos instrucio nais, com autonomia, considerando suas caracte rísticas, observando a adequação ao portador, ao espaço de circulação e à finalidade, atentando para a linguagem usada.

EF05LP10RS-1 Ler e compreen der textos, com autonomia, aten tando para a organização, as marcas linguísticas, os recursos visuais e o conteúdo temático, considerando a situação comuni cativa.

EF05LP11RS-1 Registrar, de forma atenta e com autonomia, textos de gêneros orais lúdicos e/ou hu morísticos da vida cotidiana, con siderando a situação comunicati va e a finalidade do texto.

EF05LP10RS Ler e compreender, com autonomia, anedotas, pia das e cartuns, dentre outros gê neros do campo da vida cotidiana, de acordo com as convenções do gênero e considerando a situa ção comunicativa e a finalidade do texto.

EF05LP10RS1DOM-SAN1 Conhecer as obras dos poetas locais, trabalhando sobre elas.

REFERÊNCIAS

CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navega dor. Tradução de Reginaldo de Moraes. São Paulo: Editora UNESP/Imprensa Oficial do Estado, 1999.

Curso: Defasagem de aprendizagem nos anos finais do Ensino Fundamental: (re)planejar para avançar.

LAJOLO, Marisa (Org.). A importância do ato de ler. São Paulo: Moderna, 2003.

MOCHINSKI, Clarê. Hábitos de leitura durante a pande mia: uma análise sobre as ações e as dificuldades enfren tadas por uma escola pública estadual e seus professores. In: Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciência e Educação. São Paulo, v.7, n. 10, out. 2021.

PAULINO, G. Pensando a leitura. IN: PAULINO, G. et al. Ti pos de textos, modos de leitura. Belo Horizonte: Forma to editorial, 2001. p. 11-35.

60

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA

NAS AULAS DE HISTÓRIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

APRESENTAÇÃO

É perceptível que a sociedade passou e passa por transformações que a tornam cada vez mais di nâmica e tecnológica; por conta disso, observa-se que assuntos e comportamentos mudaram, assim como a facilidade e rapidez do acesso à informação. Então é imprescindível para o educador entender que a escola deixou de ser a única produtora de co nhecimento, visto que há uma gama de sites, ca nais do youtube, filmes e documentários, os quais além de entreter, servem como propagadores de conteúdo anteriormente vistos apenas em sala de aula e livros didáticos. Dessa forma, o método tra dicional, aquele que enxerga o aluno como mero receptor passivo frente ao professor “enciclopédia” não serve mais para o tipo de discente que se rece be na escola atualmente.

Se o aluno mudou e não se interessa em ser um escriba, ficar 4 horas sentado e apenas escre vendo o que é colocado no quadro, o que pode ser feito para que ele se empenhe novamente pela es cola e seus conteúdos? Como reverter essa situação e tornar a aula mais atrativa?

A minha solução para o meu componente cur ricular História foi usar a ludicidade em sala de aula.

Essa solução se deu por um motivo básico, se gundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a História deveria ser ensinada desde os Anos Ini ciais do Ensino Fundamental, tendo primeiro em vista a formação do sujeito e da sua comunidade (construção do “eu”, do “outro”, de “nós”), amplian do o conhecimento para a sua cidade (“O lugar em que se vive”) e, posteriormente o mundo (“Meu lu gar no mundo” e “as diferentes culturas”), ou seja, tornando o conhecimento cada vez mais amplo e complexo.

Porém, o observado é uma ênfase dada em Língua Por tuguesa e conceitos ma temáticos e, o aluno que chega ao 6º ano, não pos sui as noções básicas para iniciar os novos saberes. Ou, quando teve contato com a História foram as suntos relacionados a uma metodologia dominante com um viés positivista, caracterizado essencialmente por uma “visão de cima – no sentido, em que se concentra nos feitos dos estadistas, generais ou eclesiásticos, conferindo ao resto da humanidade um papel secundário” (BUR KE, 1992); em síntese, seriam aquelas aulas onde

61
PÂMELA POZZER CENTENO NUNES¹ 1 EMEF Heron Jornada Ribeiro, anos finais - professora , Santiago, RS.

é exigido a memorização de datas, festas cívicas e personagens históricos desconectados da realida de do estudante. Por isso, se torna importante que os conteúdos e conceitos sejam inseridos de forma leve e de fácil entendimento para que entrem em “cena novos atores, novas sociedades, novos cami nhos, que sempre estiveram na História, mas nem sempre receberam a devida importância” (BRASIL, 2018, p.89).

OBJETIVOS

Desta forma, o objetivo principal do trabalho foi elaborar, ao longo deste ano letivo de 2022, me todologias atrativas que permitissem o alinhamen to do ensino prático em conjunto com o ensino teó rico do componente curricular História de maneira diferenciada, enriquecendo as aulas. Ao passo que, essa maneira diferenciada não seja algo além do que qualquer educador possa ter em mãos, não sendo materiais ca ros os utilizados.

Buscou-se eliminar o proces so de decoração/memorização e instituir uma aprendizagem que seja significativa, que permita que os alunos aprendam de forma prazerosa e que o coloque como sujeito ativo no processo de ensi no-aprendizagem.

Ao passo que fica o questio namento se, realmente, o lúdico favorece na aprendizagem ou se ele não passa de um subsídio para “passar o tempo”, ao final é anali sado se houve construção de co nhecimento por parte dos alunos.

METODOLOGIA

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), todo material que serve como mediador na comunicação entre o professor e o aluno pode ser considerado material didático. Isto é, desde os ma teriais criados essencialmente como fim para se rem usados em sala de aula são materiais didáticos (livros didáticos, apostilas, vídeos educativos), assim como aqueles que foram criados para outro fim, mas que depois de um olhar atento do educador de avaliação e diagnóstico podem criar situações de ensino (músicas, pinturas, charges, entre outros). É sabido que o livro didático ainda é o mate rial sui generis utilizado em sala de aula. O seu uso indiscriminado é bastante questionável, visto que ele nos apresenta uma história linear, normalmen te “limpa” e focando em assuntos pré-concebidos e pré-fixados e, é de conhecimento geral que a escola é um espaço repleto de diversida de e múltiplo que não é abarcado por esse recurso em sua totalida de. Por isso, a criação de materiais para além do livro pode ser uma das respostas para o maior inte resse dos alunos nas aulas.

Atrelado aos conteúdos e as normativas disponibilizadas pela BNCC, pensou-se ao longo do ano letivo em curso, recursos para as aulas do componente curricular de História.

Nas turmas de 6º ano, se tra balha a noção de tempo e de es paço com as primeiras sociedades e a Antiguidade Clássica. Logo no início, se trabalhou com certidão

62

de nascimento ao falar da questão da História (O que é? Quem faz? Todos fazemos a história? Qual é a minha história?); há visitação ao bairro e aos pon tos principais da cidade para se localizar na socie dade e no mundo (utilização de imagens Santiago hoje e ontem); para entender como é o trabalho do historiador, realizamos uma escavação no pátio da escola, onde montamos o esqueleto encontrado e depois realizamos pesquisas sobre a história do fós sil escavado; quando se comentou sobre Pré-histó ria trabalhou-se com as pinturas rupestres através de pesquisa e desenho na pedra, confeccionando suas próprias tintas através de elementos da natu reza; ao falar de Mesopotâmia e Egito Antigo, so ciedades mais distantes, entendeu-se os principais pontos da sua cultura e, produzimos zigurates, pirâ mides, sarcófagos, realizamos o processo de mumi ficação com bonecos. Ainda no último trimestre, no conteúdo de Grécia, faremos as diferenças entre as principais cidades-estados criando escudos e espa das (Esparta) e os instrumentos musicais e pinturas (Atenas), além de em conjunto com a professora de Educação Física realizar uma Olimpíada com as modalidades e premiação da época (folhas de louro que serão substituídas por folhas de árvores da es cola); e ao falar de Roma, confeccionar o nosso pró prio coliseu com caixas de papelão.

No 7º ano, deve-se mostrar as relações entre a América, a África e a Europa e o conceito de moder nidade e as relações ocidente/oriente. Antes de sair mos da Idade Média realizamos o Bingo da Idade Média; ao chegar na Idade Moderna, trabalhamos com as pinturas renascentistas, fazendo releituras da mais famosa de todas, a Monalisa; ao estudar as Grandes Navegações, confeccionamos currículos chamando navegadores para as viagens, criamos nossos mapas com os monstros marinhos e os

países conhecidos no século XV, fabricamos nossa própria caravela com caixas de leite vazias, também provamos especiarias, as riquezas do Novo Mundo; ao chegar na América, encontramos os Astecas, Maias e Incas e fabricamos os calendários utilizados por eles; no último trimestre, ao chegarmos no Bra sil de 1500, produziremos o dicionário tupi-portu guês e nossa própria casa de engenho e senzala, ao iniciar o conteúdo das Capitanias Hereditárias.

No 8º ano, busca-se compreender o mundo contemporâneo, para isso realizamos o Bingo da Revolução Industrial, além de uso de filmes sobre o tema e poemas; uso de imagens e videogame sobre o tema da Revolução Francesa; ao falar da Independência dos Estados Unidos, Conquista do Oeste e Guerra Civil trabalhamos com o movimento de direitos civis para os negros, através de pesquisas atuais sobre questões de racismo na sociedade, na educação, no esporte (assunto que toca a turma); uso de pesquisas sobre o 1808 e releituras das obras de Debret que retratam o Brasil com a chegada da Família Real.

No 9º ano, último ano do Ensino Fundamental trabalha com a História do Brasil, a partir da Procla mação da República até os dias atuais; já fizemos um Jogo da Discórdia tendo como pano de fundo o Imperialismo; já trabalhamos com as mulheres na Primeira Guerra Mundial e o pós-guerra, com vi sitação à Câmara de Vereadores para conhecer as mulheres na nossa política municipal; no último tri mestre, ainda faremos uso das músicas da Ditadura Civil-Militar e faremos charges sobre a questão da censura.

Como se observa as atividades feitas e que es tão planejadas para serem realizadas são relaciona das a atividades de pintura, de dobradura, de explo ração, de pesquisa, de visitação e observação, com

63

materiais que estão a disponibilização de qualquer pessoa, pois envolvem papel, papelão, materiais re cicláveis e tinta.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os trabalhos são expostos na escola para que todos reconheçam o esforço e dedicação dos alu nos. Além disso, o que se compreende nesse pro cesso é que os estudantes se empenham nas ati vidades, mesmo aqueles que têm mais dificuldade de socializar, de falar o que sente para o grande grupo, em atividades assim, mais manuais se des tacam e participam.

Sobre a questão do conhecimento, é nítido que o lúdico aqui favoreceu a participação ativa do alu no na elaboração do saber. Ao mobilizá-los, pode-se perceber o desenvolvendo de lideranças na sala de aula, que auxiliam aqueles que possuem mais difi culdades, além de ocorrer o aprimoramento de al gumas competências e estabelecimento de alguns valores como solidariedade, criatividade e autono mia; competências estas que são ditas como essen ciais pela BNCC na área das Ciências Humanas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que se nota é que o tema da ludicidade se encontra mais disposto na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Sempre tive essa impressão de que até o 5º ano, o aluno ainda é considerado acessível ao lúdico – ele gosta de de senhar, de pintar, de correr, saltar – e, como que por mágica, ao chegar ao 6º ano, tudo isso desapare ceria. Mas o que sempre me perguntei é: isso de saparece ou os professores não se importam mais com esse lado criativo do estudante? E quando ele busca novos recursos por si próprio, como vídeos nas redes sociais ou filmes, ele não está nos respon

dendo que gostaria de ir além de um livro, caderno e quadro? Na sala dos professores há sempre a fala de alunos desmotivados, mas algo é feito para que a chama da motivação seja acesa, para que o aluno volte a se interessar pelo conteúdo que ele leciona?

Longe de culpabilizar o professor, com 20h, 40h, às vezes 60h de sala de aula mais casa, famí lia e problemas pessoais, mas é importante sair do lugar comum e o lúdico pode ser uma dessas al ternativas. Não é necessário abandonar o quadro e o livro didático, mas em conjunto com outros pro cessos educativos melhorar o ensino, porém para isso, é necessário um planejamento e estudo sobre o tema que será lecionado.

Através da minha experiência neste ano e em outros, pois não é somente neste ciclo que utilizo esses recursos e outros nas aulas, é notória a rele vância da ludicidade como instrumento facilitador de aprendizagem, permitindo que as aulas se tor nem mais agradáveis e práticas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâme tros curriculares nacionais: História/ Secretaria de Edu cação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BURKE, Peter. A escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992.

64

ROBÓTICA COM ACESSIBILIDADE

APRESENTAÇÃO

Com as oficinas de robótica na Escola Munici pal Cívico Militar São José, esse projeto visa deslo car o aluno do seu habitual em sala de aula, onde o aluno é o detentor e explorador do conhecimento, quem vai buscar as soluções e de quais maneiras ele pode transpor as dificuldades que surgirem du rante o projeto.

Com a ideia de criar um robô com materiais de baixo custo e reciclados utilizando os 5Rs da reci clagem, Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar, Recusar, além de introduzir o aluno na cultura ma ker, “o faça você mesmo”, eles devem ser capazes de cortar, desenhar e imaginar de que maneira e modelos esse robô poderia ser criado, além de esti mular o pensamento científico.

O robô não possui articulações e portanto ele se move através de rodas e motores, visan do a acessibilidade da escola esse robô irá visitar as dependências da escola transpassar por obstáculos como as rampas e escadas mostrando o quão importante é a acessibilida de para todos, durante esse pas seio pelas salas de aulas e corre dores, foi constatado e repassado às autoridades escolares, os locais

de difícil acesso da escola onde foi registrado e que dará início a futuro plano de acessibilidade escolar.

OBJETIVOS

Promover o incentivo da robótica nas esco las abordando temas como pensar fora da caixa, a inclusão e as dificuldades enfrentadas de quem possui alguma dificuldade motora ou locomoção em seus deslocamentos, além de fazer um levan tamento para futura adequação de alguns ambien tes escolares para que haja uma equidade escolar e que todos os alunos possam tomar e acessar toda e qualquer área do ambiente escola.

Inserir o aluno na cultura maker “mãos na mas sa”, é imprescindível uma vez que o aluno conhece essa forma de aprender e adquirir conhecimento fica fascinado com desafios que ele consegue supe rar, além de sair da sua habitual aula de ro tina, explorando o mundo da tecnologia e colocando em prática as suas habi lidades manuais, solucionando os problemas recorrentes a monta gem prática desse robô, passando a ser um criador de tecnologia ao invés de ser apenas consumidor de tais ferramentas.

Com uso de materiais reapro veitados os alunos foram levados a repensar a forma de consumir no seu dia a dia e não apenas consumir de forma incons ciente, mas usar e consumir de forma mais cons

65
1 EMEF HEscola Municipal Cívico Militar São José, Ensino fundamental – Vandré, Santiago, RS.

ciente deixando um pouco de sermos consumido res por impulso, neste projeto tiveram noção, visão e consciência de que em nosso meio podemos trans formar coisas que iriam para o lixo em brinquedos e até mesmo robôs para estudos, assim tiveram co nhecimento sobre os bilhões de lixo tecnológicos que são produzidos todos os dias, o Brasil está em 5° lugar como um dos maiores produtores de lixo eletrônico do mundo. “Anualmente, mais de 53 mi lhões de toneladas de equipamentos eletroeletrô nicos e pilhas são descartadas em todo o mundo, segundo o The Global E-vaste Monitor 2020.” (ISTO É DINHEIRO, 2021). É possível fazer robótica de bai xo custo e ainda assim trazer para dentro da escola o descarte consciente de materiais eletrônicos e de reaproveitamento, possibilitando e desmistificando a robótica mostrando que ela não precisa ser algo oneroso, mas sim recompensador.

A fácil replicação deste projeto torna possível a réplica em toda e qualquer escola, seja ela do in terior ou de grandes centros, sendo um projeto de baixo custo e de peças que podem ser retiradas de um carrinho de controle remoto que já não é mais utilizado ou está em péssimas condições.

METODOLOGIA

A metodologia deu-se em formato de oficina, pois todos estavam sentados em um amontoado de mesas que formavam uma grande bancada de trabalho, após a ideia da montagem passou-se a produzir, medir, recortar e colar, ressaltando o tra balho em grupo e que devemos fazer o melhor para que cada etapa saísse como o planejado, logo surgiram problemas e como mediador foi falado para que pensassem em uma forma de solucionar com as diversas ferramentas que podemos encon trar em pesquisas na internet.

Abordou-se conhecimentos de eletrônica, liga

ções de fios e construção de um controle respon sivo ao robô. Pensamento Científico acionado por perguntas de como isso se move. De que manei ra podemos contornar esses problemas foram for çados a fazer pesquisas e pensar fora da caixa de como resolver a montagem do robô. Repertório cultural, os alunos de hoje em dia, segundo Marc Prensky, “Porém a denominação mais utilizada que eu encontrei para eles é Nativos Digitais. Nossos estudantes de hoje são todos “falantes nativos” da linguagem digital dos computadores, vídeo games e internet.” (Marc Prensky, 2001). Percebeu-se que ao invés de buscar em livros e outros materiais im pressos esses nativos digitais, buscavam direto em sites e vídeos as soluções dos problemas, assim os tornando cem por cento em Nativos Digitais e in seridos nessa cultura tecnológica. A comunicação deu- se através da fala e trabalho em grupo. Cultura Digital, abordada através da exploração de tecno logias robóticas que surgem e aumentam a cada dia, além do repertório de palavras como MAKER e DIY fazendo com que os alunos se apropriassem do uso de tecnologia para solução e busca por re soluções dos mesmos através da internet se inspi rando em problemas já vividos por outras pessoas, através da conectividade que a internet traz em sua imensidão desde que usada para a finalidade correta. Trabalho e Projeto de Vida, se apropriando dos problemas que se enfrenta e procurando por si mesmo às resolução dos mesmos, isso faz com que o aluno tome responsabilidade e às vezes fos se para casa pensando em como resolver das mais diversas formas esses problemas, entendendo que em sua carreira futura passará por momentos onde deve tomar decisões de continuar com essa ideia ou abandonar e começar um novo ponto de vista, além de aceitar as resoluções sugeridas por seus colegas de desenvolvimento de trabalho em equi pe. Argumentação, ter de abrir mão de ideias que

66

dariam certo do mesmo modo que a dos outros in tegrantes do grupo fez com que defendessem suas ideias ou abrissem mão de algo que queriam de senvolver no robô, além de ser estimulado na área da ética em ver que nem todo padrão das socieda des como ter escadas em todos os locais ao invés de rampas para acesso de quem tem dificuldades motoras. Empatia e cooperação, a questão da aces sibilidade do robô perante as escadas coloca os alunos a pensarem será que todos têm o mesmo acesso? colocando- os contra a parede temos todos os direitos? Alguém com dificuldade motora é aco

lhido? respeita-se ou pensa-se em alguém com dificuldade de locomoção? é preciso remover essa ideia de que tudo que é padrão é bom mostrar que podemos construir uma escola sem preconceitos. Responsabilidade e cidadania, o robô visita as áreas e anotará em quais área devemos fazer a adaptação para acesso de todo e qualquer cidadão já levanta essa questão de democracia uma escola inclusiva para todos e com acesso de todos e mais de 70% do robô foi construído com resíduos ou materiais que seriam jogados fora assim o tornando sustentável.

RESULTADOS

Em apenas alguns dias percebeu-se a mudan ça no semblante dos alunos, vindo de uma sala mo nótona para uma onde eles são os protagonistas, sendo possível perceber o orgulho em seus olhos ao concluir seu trabalho e que cada parte foi de ex trema importância para conclusão desse projeto.

Aluno sendo protagonista de seus exercícios em escola, colocando em prática a cidadania e in clusão, mesmo que muitas vezes não percebida pelo aluno que trabalha temas complexos como: inclusão, acessibilidade, ética, direitos, maker, diy, eletrônica básica, robótica, solução de problemas, sustentabilidade, reutilizar, em um projeto simples, mas que de maneira geral envolve os alunos.

Mapa de locais onde nossa escola precisa ser adequada para trazer a equidade a todos os cida dãos de nosso município, ficando assim um mapa para futura adaptação da escola.

DISCUSSÕES

Foram discutidos os seguintes temas: susten tabilidade, quanto lixo eletrônico geramos, reciclar, ética, cidadania, robótica, eletrônica, DIY(faça com

67

suas próprias mãos), criar ao invés de apenas usar a tecnologia, acessibilidade, equidade, inclusão, di reitos, trabalho em equipe, cultura digital, respon sabilidade com uso de materiais descartados ou reutilizados, robótica com materiais reutilizáveis, fá cil replicação do projeto, aluno protagonista, apre sentação e planejamento, inovação, resolução de problemas, aula diversificada e modelo diferente de trabalho, desmistificar a robótica, pois não é algo tão oneroso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o objetivo foi atingido, que é colocar a robótica em sala de aula de maneira fácil, trazendo e expondo pontos que nem todas esco las se dispõem a colocar a conhecimento de todos, mapa para futura adaptação da escola para que os alunos e comunidade tenham acesso e possam to mar as áreas escolares, equidade a todos os alunos com dificuldades de locomoção para que todos te nham alcance a uma educação de qualidade.

REFERÊNCIAS

ISTO É DINHEIRO; 13/10/21 - 21h:53min, https://www.is toedinheiro.com.br/brasil-e-o-5o- maior-produtor-de -lixo-eletronico-veja-como-descartar/; acessado em: 08/07/2022

NATIVOS DIGITAIS, IMIGRANTES DIGITAIS; De On the Horizon (NCB University Press, Vol. 9 No. 5, Outubro 2001) Marc Presnky, https://mundonativodigital.files.wor dpress.com/2015/06/texto1nativosdigitaisimigrantesdigi tais1110926184838-phpapp01.pdf; acessado em: 14/07/22

68

A INFLUÊNCIA DOS JOGOS PEDAGÓGICOS NO

DESENVOLVIMENTO ESCOLAR: JOGOS VS APRENDIZAGEM

APRESENTAÇÃO

O brincar, aspecto tão primordial na infância, permite um jogo de imaginação, no qual a criança desenvolve atenção e concentração, além de expri mir o que sente, desenvolvendo o aspecto socioe mocional, na dinamização do aprender fazendo.

Os jogos pedagógicos desenvolvem diversas habilidades e competências, por meio do contato com diferentes objetos e diferentes situações. En tre seus benefícios, o brincar auxilia no desenvol vimento da sociabilidade em diversos momentos mediante situações como ganhar e perder, com partilhamento de materiais e objetos, respeito às regras, entre outros.

Se faz necessário que o professor reflita sobre a importância dos jogos no desenvolvimento infantil, fazendo uma autoanálise para checar em sua práti ca cotidiana um perfil lúdico que lhe permita incor porar os jogos em suas aulas, como um recurso pe dagógico efetivo. Dessa forma, o docente assume o papel de um mediador, fazendo de uma atividade atrativa um excelente instrumento de aprendiza gem ressignificando o contexto de sala de aula para seus alunos.

No cenário atual, no qual ocorrem diversas transformações da sociedade em virtude das novas tecnologias, as brincadeiras também vão se adap tando. Aos poucos, as amarelinhas e o esconde -esconde foram substituídos pelos jogos de videogame e outras demandas tecnológicas, fa zendo com que os pais co mecem a questionar-se sobre como esses novos hábitos interferem na vida dos filhos.

Nesse intuito, o pre sente trabalho busca re latar as experiências que o espaço de Jogos Pedagógicos vem proporcionando ao integrar a prática de sala de aula, fazendo que os jogos de cunho didático façam cada vez mais parte do con texto escolar e originem novas aprendizagens agre gando disciplinas do currículo e vivência dos alunos.

OBJETIVOS

- Promover a aprendizagem significativa do aluno, realizando a complementação curricular por meio de jogos que permitam seu desenvolvimento físico, emocional, intelectual e ético;

69
1 Escola Municipal de Turno Oposto Criança Feliz, pós graduada, professora, Santiago RS.

- Auxiliar na mediação de aprendizagens vol tadas ao campo mstemático, raciocínio lógico, linguagem e oralidade, assim como os demais componentes curriculares, contribuindo para o de senvolvimento cognitivo do aluno;

- Promover situações de interação social a fim de contemplar habilidades socioemociais, como compartilhar, respeito às regras, ganhar e perder.

METODOLOGIA

Os jogos pedagógicos e as atividades lúdicas estão ganhando cada vez mais espaço quando se abordam questões sobre inovação das metodolo gias de ensino e aperfeiçoamento dos processos de aprendizado, principalmente, quando o objetivo é o desenvolvimento global do aluno.

O espaço do jogo na sala de aula, dada a gama de possibilidades que este pode originar no con texto de aprendizagem dos alunos e que também são apresentadas aos docentes, podem ser um rico laboratório de observação sobre as fragilidades e avanços, podendo mostrar-se útil ao contexto da quilo que necessita de maior atenção por parte do professor.

Em um amplo e significativo contexto, a im portância de se abordar questões referentes aos jo gos educativos se fazem cada vez mais necessárias, visto que esse tem grande potencial desenvolvedor de habilidades dos alunos, como, por exemplo, a coordenação motora, concentração, motricidade fina e grossa, raciocínio lógico, integração, autocon fiança, e principalmente, incentivo por meio do lú dico a aprendizagem. Nesse contexto,

[...] os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos den tro do contexto de aprendizado. Um dos usos básicos e muito importan tes é a possibilidade de construir-se a autoconfiança. O outro incremento da motivação [...] um método eficaz que possibilita uma prática significa tiva daquilo que está sendo aprendi do. Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para pro porcionar informações factuais e pra ticar habilidades, conferindo destreza e competências. (SILVEIRA, 1998, p. 02)

O jogo é um instrumento valioso no aprendi zado, o qual deve ser muito bem preparado e pen sado, sempre utilizado buscando atingir objetivos definidos, pois por meio desse recurso, a aula e os delimitações pedagógicos se tornam muito mais atraentes, servindo como motivação a aprendiza gem mais significativas e contextualizadas de for ma brincada.

Nas questões referentes ao profissional edu cador, o jogo pedagógico pode ser um facilitador, fazendo-se conhecer melhor como ser humano, explorando suas potencialidades, desfazendo-se de resistências e corroborando com seu trabalho, auxiliando-o na reflexão sobre a importância de se trabalhar com esse instrumento para a vida das crianças, dos jovens e até mesmo dos adultos. Des ta maneira, o trabalho pedagógico entre professor e aluno se tornará muito mais envolvente e produtivo. Mediante o exposto acima, foram desenvolvi dos jogos que contemplam diversificadas turmas e níveis de aprendizagem, voltando-se ao cotidiano da escola e da vida dos alunos. Entre as atividades

70

significativas desempenhadas, buscaram-se con templar a interdisciplinaridade, abordando ques tões comportamentais e de sociabilidade (como esperar sua vez, ganhar/perder, auxiliar o grupo...), assim como conhecimentos gerais (contemplan do datas comemorativas como sete de setembro, por exemplo) e dificuldades de aprendizagem (em parceria com a professora de letramento e escrita criativa e alfabetização matemática), de forma a contemplar o aluno de forma integral.

Dessa forma, foram trabalhados jogos como: bambolê das vogais, jogo da velha vivo, lego das sí labas, Pot It dos sinônimos e antônimos, bingo das sílabas, jogo da ASMD (adição, soma, multiplicação e divisão), quebra-cabeça reciclado, geoplano, res taurante das letras, caça palavras reciclado, Nome flix, trilha das formas geométricas, ditado estoura do, gincanas, jogo das frases secretas, entre outras.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em síntese, foi observado como os jogos são excelentes mediadores para a aprendi zagem, sem o peso concreto de uma mera transmissão de conteúdo. Brincando, intera gindo com o meio e com o contexto de sala de aula de maneira lúdica, novos conheci mentos podem ser despertados de maneira interdisciplinar, tornando o contexto de sala de aula natural e prazeroso, por meio de fer ramentas diversificadas que podem ser utili zadas de forma didática.

O desenvolvimento de jogos e brinca deiras aliadas a componentes e competên cias curriculares auxiliam docentes na con solidação de mediação de conhecimentos solidificados, de forma inovadora e criativa, brincan do retirá-lo de sua zona de conforto, aproximando -o do educando.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito deste trabalho foi apresentar o espa ço de Jogos Pedagógicos da EMTO Criança Feliz como um rico e diversificado espaço de estímulo à consolidação de aprendizagens contextualizadas e significativas, como um instrumento pedagógico importante e indispensável para o desenvolvimen to do aluno, tornando-se facilitar na assimilação de novos conhecimentos. Dessa forma

71

(...) Pensar na atividade lúdica en quanto meio educacional significa pensar menos no jogo pelo jogo e mais no jogo como instrumento de trabalho, como meio para atingir ob jetivos pré-estabelecidos. Através do jogo a criança fornece informações, e isto pode ser útil para estimular o de senvolvimento integral da criança e para trabalhar conteúdos curriculares. Friedmann (apud GOMES e ALMEI DA, 2001, p. 21)

Assim sendo, na conclusão desta pesquisa, foi possível constatar que os jogos trazem resultados positivos e vantagens ao processo de alfabetização, letramento e campo matemático entre diversas possibilidades de componentes curriculares, contri buindo significativamente para o desenvolvimento integral dos alunos. Em termos referentes ao traba lho docente, pode-se despertar um novo olhar ao trabalho didático-pedagógico, o qual faz-se neces sário uma busca e formação constante por estraté gias metodológicas cada vez mais atrativas e que despertem o interesse dos alunos, enriquecendo as aulas e promovendo atividades mais lúdicas e de safiadoras.

REFERÊNCIAS

CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. (Guido de Almeida, trad.). São Paulo: Summus Editorial, 1987.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

72

MATEMÁTICA E OS ESPORTES

APRESENTAÇÃO

A Escola Municipal de Turno Oposto Criança Feliz possui em sua essência, um caráter educacio nal e social indiscutível, na qual é constantemente necessário ressignificar práticas e vivências. Nesse panorama, enquanto escola de contra turno às es colas de origem, precisa ser a alavanca desenca deadora de um processo significativo e acolhedor, visto que potencializando um trabalho competente e motivador de aprendizagens, todos os envolvidos tornam-se sujeitos ativos e construtores de seus próprios conhecimentos.

De fato, é preciso romper paradigmas, que, até pouco tempo, vigoravam como verdades absolu tas: professores como detentores do saber, alunos passivos a todas as informações e conhecimentos, metodologias de ensino tradicionais, avaliações classificatórias e transmissão de conteúdos descon textualizados.

Dentro desta perspectiva e em conformidade com o cenário educacional diante do contexto atual vivenciado, a escola tem sido ainda mais demanda da em virtude das inúmeras lacunas de aprendiza gem, principalmente, no que tange à aquisição da leitura/escrita e o campo da matemática. E é nesse sentido, que o presente trabalho propõe-se a rela tar a importância do espaço de aprendizagem, de

nominado Alfabetização Matemática viabilizado pelas práticas peda gógicas vivenciadas na instituição tendo em vista, o desejo e o gosto pela apren dizagem significativa, dentro da contextualiza

ção e no entendimento de forma prática, onde as crianças percebam sua relevância em atividades cotidianas.

OBJETIVOS

Promover a aprendizagem significativa do alu no, realizando a complementação curricular por meio de estratégias de vivências e pontos de esti mulação, para que a aluno seja o protagonista de suas próprias ações, oferecendo atividades que per mitam seu desenvolvimento integral; Oportunizar uma educação em turno oposto à escola formal, valorizando a realidade, conheci mentos prévios e valores culturais de cada criança, visando a ampliação de saberes, através da oferta de atividades lúdicas que propiciem a reflexão so bre a ação;

Demonstrar que a alfabetização matemáti ca está presente na vida de cada indivíduo, bem como, aguçar sua utilidade em atividades práticas, instigando o raciocínio lógico, pensamento crítico e a matemática dentro das práticas esportivas.

73
CAROLINA DAL MOLIM DA LUZ¹ 1 Escola Municipal de Turno Oposto Criança Feliz, pós graduada, professora, Santiago, RS.

METODOLOGIA

A Escola Municipal de Turno Oposto Crian ça Feliz vem renovando sua proposta de trabalho a cada ano letivo, já que sua peculiaridade reside num espaço que propicie atividades complemen tares, englobando a capacidade de oportunizar espaços de participação, formação e reflexão. Par tindo desse pressuposto, é preciso despertar para uma ação pedagógica interdisciplinar, priorizando o desenvolvimento dos educandos em todas as suas capacidades, cabendo ao educador proporcio nar variados meios de auxiliar seus discentes neste processo tão rico e, ao mesmo passo, tão desafiador. Direcionando este viés para a Alfabetização Matemática se faz necessário ultrapassar os limites conteudistas de grades programáticas, transmis são de regras e “armações de continhas”. Esta área precisa ser propulsionada para a compreensão e aplicabilidade de conceitos básicos, estruturando o pensamento lógico, estimulando o conhecimen to cognitivo e a resolução de situações problema, bem como, levar à percepção do quão útil ela é para a vida das crianças nas mais variadas situações.

TOLEDO (sem ano, p.14) define propostas para o ensino consistente de matemática:

[...] Essa proposta, mais atual, visa à construção de conceitos matemáti cos pelo aluno através de situações que estimulam a sua curiosidade matemática. Através de suas expe riências com problemas de naturezas diferentes o aluno interpreta o fenô meno matemático e procura explicálo dentro de sua concepção da mate mática envolvida. [...] Nesse processo o aluno envolve-se com o “fazer” mate mática no sentido de criar hipóteses e conjecturas e investigá-las a partir da situação-problema proposta.

Desta forma, é por acreditar que o campo ma temático vai muito além de meros sistemas quanti tativos que se começou a dinamização do trabalho propriamente dito. Primeiramente, foi dada a opor tunidade para que as crianças relatassem todos os motivos pelos quais os levam a não gostar/não de sejar o aprendizado da matemática, sendo enten dido por meio desse contexto que esta disciplina surge com algo maçante, repetitivo e consequen temente, sem sentido algum, em que na maioria das situações acontecia a “decoreba” do sistema conteudista, ficando evidente a resistência dos alu nos para este espaço de aprendizagem.

Posteriormente a este levantamento de dados, fez-se necessário também uma sondagem acerca da aprendizagem das crianças, bem como, suas realidades e interesses. A partir disso, o tão temi do horário da matemática deu espaço ao prazer, à diversão, ao encantamento e à brincadeira, pois se abriu um leque de possibilidades para tal fim vincu lamos as aulas de matemática unindo aos esportes, tema este escolhido pelos nossos alunos, através de um questionário realizado no início do ano, onde os alunos expressaram as suas vontades, e as coisas que mais gostavam de fazer...

Sabemos que nossa escola de turno oposto é muito rica e variada, nossos alunos exploram diver sas áreas do conhecimento em aulas diferenciadas, como: artesanato, judô, música, dança, capoeira, teatro, robótica/informática e o horário tão espera do, os esportes.

Foi aí que entrou a matemática, unindo forças através do gosto dos nossos alunos, pois antes da aplicação dessa nova metodologia, a matemática era uma das aulas mais “chatas” da nossa escola, diante de tantas coisas divertidas e diferenciadas. Unimos a pesquisa, ludicidade e os desafios, per cebendo que a matemática nos esportes é inegá vel, uma vez que conceitos como medidas, direção

74

e sentido, velocidade, espaço, proporciona lidade, dentre outros conteúdos matemá ticos, estão por certo presentes nas ações desenvolvidas pelo esportista ao longo da atividade, e mais do que a realização da ativi dade entre si, o seu preparo, tais como demarca ção do espaço, a organização dos esportistas em equipes, a definição de tabelas de campeonato, a precisão de cronogramas, a atribuição de pon tuações positivas e negativas numa partida ou um conjunto delas.

Sabemos o quanto as atividades esportivas tem se tornado de grande importância para a sociedade, tanto do ponto de vista competitivo, quanto voltado às questões de vida saudável. O es porte possibilita um vasto e rico material de estu dos ligados a conteúdos matemáticos. Nas nossas aulas, conseguimos interligar inúmeras situações envolvendo as operações de adição, subtração, multiplicação, divisão entre outros fundamentos. Os esportes individuais ou coletivos utilizam técni cas matemáticas, como, por exemplo, no futebol, a elaboração dos jogos, distribuição dos pontos, saldo de gols, cálculos geométricos, probabilidade e estatística, metragem da quadra. É trabalhado também os conceitos geométricos presentes na dimensão do campo, área do círculo central, su perfície da grande e pequena área, distância entre os gols, tamanho do gol e ângulos formado entre as dimensões, oportunizando conhecimentos que puderam oportunizar a utilizar trena, a construção de painéis coletivos, plantas da quadra de futebol, entre outros.

Diante disso, é de extrema relevância um tra balho lúdico, onde os sujeitos possam construir

seus conhecimentos com o intermédio de seus educadores, pro porcionando situa ções ricas e desafia doras, com o intuito de deixar os educan dos livres, dando-lhes a possibilidade de observar, explorar, manipular, construir, reconstruir e estabelecer relações, sendo esta a alavanca desencadeadora para a ocorrência de uma aprendizagem significativa e prazerosa.

Conforme, MELO (2006, p.77):

O encontro com o aluno recebe a co notação de aprendizagem, espaço onde vão sendo tecidos os caminhos e as possibilidades de aprender e en sinar, tendo como horizonte a dinâ mica interativa.

Partindo do exposto acima, desenvolveram -se algumas atividades específicas em que se bus cou contemplar a realidade de cada turma. Temos como exemplo, a matemática unida aos esportes olímpicos, através de atividades como, salto em dis tância, arremesso de peso, corrida, natação entre outros, aplicando a mobilização de conceitos mate máticos tais como: noções de espaço, tempo, mas sa com suas medidas, proporcionalidades, força, tempo e comparação. Fizemos também simulação de jogos de basquete, ping pong, golfe, futebol, vô lei, beisebol, padel, etc...

Assim, a utilização deste tipo de atividade em sala de aula desperta a curiosidade do aluno, moti vando o interesse pela disciplina, pois ele percebe que os fundamentos matemáticos aprendidos pos suem sim aplicabilidade.

Diante destes exemplos, acreditamos que ser professor hoje é permitir-se renovar diante dos de

75

safios, reconstruindo estratégias de aprendizagem, sendo o mediador do conhecimento por meio da criatividade, paciência, humildade e principalmen te, da humanização, interagindo com os alunos e respeitando-os. De forma alguma, isso significará a perda da autoridade frente à turma, nem ao me nos, a perda do foco do conhecimento conteudista. Significa sim, valer-se de uma prática inovadora e envolvente, em que se aprende a aprender, porque à medida que o professor ensina, também aprende e é nesse caminho que ele se ressignifica pessoal e profissionalmente junto aos seus alunos.

Sandra Regina Soares (2014, p. 04-05):

O papel do professor é provocar dese quilíbrios [...], é mediar de forma críti ca a relação dos estudantes com o co nhecimento e desencadear reflexões, a fim de possibilitar-lhes a construção do saber, a capacidade de aprender a aprender e o desenvolvimento éti co, político, pessoal, profissional e da cidadania. O professor acredita na capacidade dos estudantes e legiti ma seus sentimentos e emoções. Ele exerce sua autoridade mediante a in teração, o respeito, o diálogo, a nego ciação e o estabelecimento de uma relação horizontal com os estudantes.

Neste panorama, nossa prática docente está fundamentada no reconhecimento de cada alu no, independente de idade ou nível escolar, como singular e, ao mesmo tempo, como parte de um todo. Partindo desses pressupostos, afirmamos que estamos aprendendo a fazer matemática de uma maneira simples e consolidada, quebrando aquele tabu de que esta disciplina se resume em aplicar procedimentos, por muitas vezes, incompreensí veis aos olhos dos nossos pequenos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Podemos afirmar que na EMTO Criança Feliz a matemática está sendo encarada como uma ferra menta facilitadora do cotidiano dos nossos alunos. Percebemos que hoje, por meio desta dinamização das aulas, conseguimos explorar de forma lúdica o estudo desta disciplina, obtendo grandes avanços. Eles entendem o porquê aprender matemática é importante e a sua relevância para qualquer atitu de do dia-a-dia: localizarem-se num relógio, inter pretando-o, medidas, formas geométricas nos pró prios materiais utilizados em sala de aula, noções básicas que, até então, passavam despercebidas e/ ou estavam adormecidas, etc. Perceber que é pos sível ir além do tradicional é gratificante, porém, escutar relatos das famílias e dos próprios alunos acerca disso, é imensurável.

Conseguimos despertar a curiosidade pelo en sino da matemática e trazer aulas que um dia eram taxadas como aulas cansativas por aulas divertidas e contextualizadas; substituímos os “cálculos soltos” pela diversão nas mais variadas propostas, trazendo o caráter dinâmico e investigativo da matemática e do raciocínio lógico. Trilhamos um percurso para uma melhor aprendizagem, unindo os esportes, a saúde física, mental e intelectual, permitindo que o aluno estabeleça relações entre o conteúdo escolar estudado com o mundo e as suas vivências.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, o grande desafio da educação reside em superar um ensino tão fragilizado e aqui, não estamos falando em dar menos ênfase aos conteú dos curriculares. O que defendemos nesta proposta de trabalho, primeiramente, é o modo pelo o qual o professor se projeta diante da realidade em que está atuante e de que forma promove a práxis edu

76

cativa. Ser professor engloba a capacidade de opor tunizar espaços reflexivos acerca de um trabalho competente e motivador de aprendizagem, propi ciando situações ricas e desafiadoras.

Além disso, se faz necessário diariamente, con siderar a jornada diária de uma criança frequente neste espaço (08 horas aula), tendo este fator como preponderante na busca, organização e sistemati zação de momentos lúdicos, na qual a complemen tação curricular ocorra de maneira leve e prazerosa.

Portanto, é por acreditar na renovação diante dos desafios que devemos reconstruir estratégias de aprendizagem, buscando desenvolver e impul sionar cada vez mais, aspectos qualitativos de en sino, em que o conhecimento seja norteado pela criatividade, socialização, experimentação, paciên cia e principalmente pela humanização.

REFERÊNCIAS

TOLEDO, Marília e Mauro. Didática da Matemática como dois e dois. A construção da matemática. São Paulo. Editora FTD, 1997.

MELO, Mara Rubia Santos. Encontros e Desencontros do Processo Formativo dos Professores de Licenciatura: dados de uma realidade. Revista de Ciências Humanas/ Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Departamento de ciências Humanas- Vol.7, nº 8(ago.2000). Frederico Westphalen, Editora URI,2006.

SOARES, Sandra Regina; RIBEIRO, Marinalva Lopes. A prática educativa nas representações de docentes de cursos de licenciatura. GT Formação de professores, 2014.

77

CRIANÇA FELIZ E A VIAGEM PELA LITERATURA

APRESENTAÇÃO

O mundo das letras, dos símbolos e das formas de linguagem estão presentes desde muito cedo no nosso cotidiano, até mesmo antes de nascermos, visto que quando ainda estamos sendo gerados no útero de nossa mãe, estamos escutando conversas, propagandas na TV e ouvindo histórias e narrativas. Estudos já falam sobre a importância de incentivar o hábito pela leitura desde cedo entre as crianças, como, por exemplo, o projeto Conta pra mim: Guia de Literacia Familiar (2020), que é uma proposta de que orienta, inspira, sugere práticas e obras que os pais podem estar contando para seus filhos, en volvendo toda a família momentos de afeto, segu rança e aprendizagem. No ambiente escolar não é diferente, por meio de narrativas variadas como clássicos, contos, poemas e lendas, é construído um ambiente de interação entre as crianças, promovendo a socialização, o debate, o diálogo, e dessa forma abrangendo e esti mulando as diferen tes competências e habilidades previs tas pela Base Nacio nal Comum Curricular (2017), este documento

que orienta práticas educativas a fim de desenvol ver habilidades cognitivas, físicas e psicossociais. O projeto intitulado Criança Feliz e a viagem pela Li teratura, aborda contações de histórias destinadas às turmas de 1° e 2° ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Turno Oposto Criança Feliz, instituição esta que acolhe crianças de todas as re giões da cidade, no contraturno da escola regular. Através do referido projeto possibilitamos o contato das crianças com diferentes clássicos, e ainda com novas versões deles, tornando assim os encontros contextualizados, repletos de cultura regional, e construção de saberes significativos.

OBJETIVOS

O objetivo geral para o projeto é o de oportu nizar o contato da criança com diferentes tipos de literatura, tendo em vista recomposição e recupera ção das aprendizagens a fim de problematizar de bates e construir o posicionamento crítico acerca das narrativas. Para melhor delimitarmos a prática, citamos aqui alguns objetivos específicos: Construir ambientes variados de contação de histórias, in centivando a imaginação e o resgate de memórias entre as crianças; Resgatar a cultura regional atra vés da releitura de Clássicos, favorecendo o contato com os costumes da nossa terra, ao mesmo passo que valorizamos esta; Vivenciar momentos de cons

78
1 Escola Municipal de Turno Oposto Criança Feliz, pós graduada, professora, Santiago, RS.

truções, interações e debates a partir da análise das histórias contadas, construindo um para lelo entre as diferentes versões da mesma narrativa; Associar questões problema ao contex to lúdico a fim de proporcionar explorar relevantes situações do cotidiano infanto-juvenil.

METODOLOGIA

O presente relato de expe riência teve como metodologia utilizada a de projetos, propon do diferentes ações, contextua lizados com a realidade da instituição e com o dese jo das crianças acerca da temática, ou seja, as ações do projeto foram idealizadas com vistas a garantir o desenvolvimento integral da criança, desenvolven do habilidades cognitivas, físicas e psicossociais por meio de momentos repletos de imaginação, fanta sia e criatividade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como falado anteriormente, o incentivo à lei tura deve iniciar desde muito cedo, pais, familiares, cuidadores e professores devem estar envolvidos e engajados em proporcionar o contato com o mun do da literatura, só assim conseguiremos construir um ambiente de prazer e aprendizagem, ou seja, desenvolveremos o desejo pelos livros, o gosto pela leitura. A literatura abrange um leque de narrativas, que podem ser desde histórias clássicas, até relei turas das obras, poesias, contos, lendas e parlendas, sempre com vistas a garantir um espaço rico em aprendizagens, trocas e diálogo, incentivando as crianças a repensarem valores, costumes e emo

ções. No entanto, para tornar o momento da contação de his tória, o qual é o foco do presente relato de experiência, é necessá rio compreender o significado de leitura no qual, Souza (1957) afirma que ler é interpretar uma percepção sob influências de um contexto. Já Freire (1989), ressalta que a leitura do mundo antecede a leitura da palavra, ou seja, levando em considera ção os dois autores supracita dos é necessário compreender que a leitura, ou a contação de histórias diz respeito a um determinado contexto, levando em conta aspectos sociais, culturais, emo cionais e econômicos, além de ser um momento de reflexão acerca da vida. Neste contexto, os livros não são apenas histórias com palavras soltas, não, ali existem pessoas que fazem parte de um mundo. E o mais importante, a criança que escuta a história irá interpretar a narrativa a partir de suas vivências, de suas experiências de mundo.

A partir desse pressuposto foi que idealizamos o projeto Criança Feliz e a viagem pela literatura, com o intuito de vivenciar momentos de aprendi zagem através de literaturas variadas, sempre le vando em consideração a bagagem de cada aluno, os conhecimentos já adquiridos e as habilidades já desenvolvidas. Foram momentos de trocas, de aná lises e de um repensar e reavaliar as práticas, visto que quando fazemos uso da metodologia de proje tos, a cada ação reavaliamos a prática com vistas a garantir momentos de mais significado.

Para tornar as contações de histórias contex tualizadas e ao mesmo tempo incentivar a imagi nação, ou então a viagem pela literatura, fizemos uso de diferentes recursos e também de ambientes

79

variados, como fantoches, fantasias, imagens, con tações no pátio da escola, no galpão Recanto Fe liz, tudo isso com vistas a tornar aquele momento prazeroso, instigando a curiosidade, despertando o interesse pelas descobertas e assim incentivando as crianças a gostarem dos livros, das histórias, das viagens, dos mundos que podemos conhecer atra vés da leitura.

Outro aspecto relevante acerca do projeto aqui exposto foi as releituras das obras Clássicas, pois qual criança já não ouviu a história da Chapeuzinho Vermelho? Mas, e a versão Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Bom, ou então a Chapeuzinho Vermelho: Uma aventura borbulhante? Foram por meio de contações como estas que foi possível desenvolver o senso crítico, o posicionamento e a análise das narrativas, fazendo um paralelo das obras explora das, motivando as crianças a novas descobertas. Da mesma forma ocorreu com o Clássico Cinderela, após a contação da história original, foi realizado um resgate da cultura regional (gaúcha) através da contação da história Prendarella, revendo crenças, costumes e valorizando a riqueza da cultura gaúcha incentivamos as crianças a criar o hábito da leitura, ao mesmo tempo que oportunizamos o desenvol vimento de habilidades e diferentes áreas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente artigo, enfatizamos a importância da contação de história sempre de forma contex tualizada, em todas as etapas da Educação Básica, mas em especial em nosso público alvo, crianças do primeiro ciclo. Dessa forma, criar momentos lúdicos e prazerosos para contar histórias auxilia no proces so da construção da aprendizagem de maneira significativa abrangendo os diferentes Campos de Aprendizagem e Desenvolvimento previsto pela Base Nacional Comum Curricular (2017).

Além disso, as histórias proporcionam o conta to dos alunos com novas palavras, aguçam a ima ginação, ajudam no desenvolvimento da oralidade, memória, raciocínio lógico, trabalham os valores, moral, afetividade, relações sociais e contribuem para o desenvolvimento de indivíduos mais críticos e criativos, pois no geral as histórias abordam um conteúdo moral que contribui para a formação éti ca e cidadã das crianças.

Dessa forma, foi possível sentir o quão prazero so e significativo pode ser a contação de uma his tória, e assim pode-se observar o desenvolvimen to das crianças durante o referido projeto, seja na oralidade, na tomada de decisão, na criatividade, na desenvoltura e teatralidade, ficando perceptí vel o desejo de contar e recontar as narrativas, que proporcionavam aos estudantes embarcarem em viagens... viagens da literatura. Notou-se o brilho no olhar ao saborear uma nova história, um olhar de dúvida e de espanto ao compreender as men sagens trazidas pelos personagens, mensagens es sas que traziam valores, costumes, sentimentos e emoções, fazendo com que cada criança fosse per sonagem ativo, reflexivo e construtor de uma nova aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Conta pra mim: Guia de literacia familiar. Brasília: MEC, 2020.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três arti gos que se completam. 23ª Ed. São Paulo: Cortez, 1989.

SOUZA, Renata Junqueira de. Leitura do professor, leitu ra do aluno: processos de formação continuada. UNESP – Presidente Prudente. Disponível em: www.unesp.br. Acesso em 27/09/2022.

80

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.