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ORACY DORNELLES

Oracy Dornelles nasceu em Santiago em 26 de junho de 1930, filho de José Felipe Dornelles e Brasilina Rodrigues Dornelles. Foi pintor cartazista, decorador, desenhista de publicidade, caricaturista, escultor, perito em grafologia judiciária e poeta. O poeta da Terra dos Poetas faleceu em 2 de junho de 2019, devido a um infarto. Desde cedo mostrou suas habilidades artísticas: aos 7 anos escreveu seu primeiro poema e retratou Santos Dumont em um quadro negro do “Colégio Elementar” (atual Escola Estadual Apolinário Porto Alegre), desenho realizado em frente à Inspetora Estadual de Ensino que visitava Santiago. Trabalhou como tipógrafo no Jornal “O Popular”, de Guirahy Pozo, em Santiago. Foi cartazista de cinema em Santiago e em Santa Maria, onde residiu a partir de 1945 e teve lições de desenho e pintura com Eduardo Trevisan. Nesse período escreveu seu primeiro e inédito livro de poesias, “Farrapos de Sonhos”, versos dos 15 anos, com prefácio de Oswaldo Mota. Ainda em Santa Maria publicou no jornal “A Razão” o Menor Soneto do Mundo e uma tira em quadrinhos na revista Lanterna Verde. Mudando-se para Porto Alegre, fez amizades com poetas, artista e intelectuais e trabalhou como pintor letrista e decorador na empresa “Pepsi Cola”, depois em cinemas da capital, como pintor, e em agências de publicidade, mostrando suas habilidades artísticas. Aos 17 anos participou de lutas nacionais da época: “O Petróleo é Nosso”, “Hiléia Amazônica”, contra as armas Bacteriológicas e Atômicas. Declamou, em comício popular, na Praça Central da cidade, violento poema épico de sua autoria, contra o envio de tropas brasileiras para a Coréia. Esse poema encontra-se no livro “Agonia das Trevas”. Trabalhou como Astrólogo na TV Gaúcha, Canal 12, de Porto Alegre, no Programa “Doze Dá Sorte”, apresentado por Ivan Castro. Em 1977, tornou-se funcionário da Prefeitura de Santiago. Publicou os livros: “Agonia das Trevas”, 1954, “Belkiss”, 1955, “Ninguém e Mais Eu”, 1959, “Poemas Opus 4”, 1981, “Poesia a Dois”, 1984, “Cantares Ares”, 1992, “Antologia a”, 2000, “Cânticos do hoje”, 2006, “ Páginas Impossíveis”, 2008, “320 Caricaturas Menos Uma”, 2009, “Poesias Novíssimas e Antycqüas”, 2009, “epitáfios e últimos poemas”, 2010, “poesia y chronica” 2011. Observando cronologicamente a poesia do Oracy vemos que aqueles poemas realizados na década de 50 se apresentam com versificação e metrificação perfeitas (sonetos, quadras, sextilhas, oitavas). Com o passar dos anos, nota-se a evolução no processo criativo do poeta em perspectivas inovadoras: ele passa a se utilizar do verso livre (característica dos poetas modernistas), mas intensificando o ritmo e a cesura, que imprimem forte musicalidade e cadência aos seus poemas, pela conveniente alternância de sílabas tônicas e átonas, acentuando a sua mensagem cósmica, universal.

Quanto a linguagem poética oracyana, observa-se que os aspectos internos, semânticos, estão quase sempre ligados aos aspectos externos, formais. Da mesma forma, a literariedade, as idiossincrasias e a perenidade também não se separam, mas em alguns poemas se sobressaem Entre 1998 e 2010, trabalhou na biblioteca da URI Santiago (campus da Universidade Regional Integrada), e colaborou durante muito tempo com o jornal da cidade.

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Dornelles, patrono da Casa do Poeta Caio Fernando Abreu, também foi patrono da Feira do Livro de Santiago em 2003. Tema do livro O que importa em Oracy, de Fátima Friedriczewski, Júlio Prates e Froilam Oliveira, de 2003, e integrou o projeto “Santiago do Boqueirão: seus poetas, quem são?”, organizado por Rosane Vontobel Rodrigues e Cintia Maciel Toledo, em 2007, entre outras homenagens. Em 2013, participou da “Coletânea de Poesia Gaúcha Contemporânea”, organizado pelo escritor Dilan Camargo, obra lançada pela Assembleia Legislativa em alusão ao aniversário de 100 anos da Biblioteca Borges de Medeiros do Legislativo. Também, foi Integrante da Academia Sul-Riograndense de Letras e da Associação Santamariense de Letras Oracy foi o autor do Brasão e da Bandeira do município e de vários monumentos institucionais, como: monumento no centro da praça Moisés Vianna em homenagem à Nossa Senhora da Imaculada Conceição; monumento do Centenário de Santiago, no largo 4 de Janeiro, em frente da Prefeitura; monumento da lira que complementa os monumentos da Rua dos Poetas, simbolizando o potencial literário do município; monumento em homenagem à Força Expedicionária Brasileira, localizado na Praça da Bandeira; entre outros, que estão distribuídos em vários espaços públicos de nossa cidade, mostrando, assim a grandiosidade desse artista da Terra dos Poetas. Pelo Monumento à Força Expedicionária Brasileira, de 1992, foi condecorado com a “Medalha de Bronze Marechal Mascarenhas de Moraes”, pela Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira. Para o campus local da Universidade Regional Integrada - URI, executou quatro painéis em alto-relevo e sobre a Pedra Fundamental implantou uma Pirâmide Magnética e a escultura em ferro de um veleiro, simbolizando a História. Para o curso de Letras pintou três painéis, cópia-leitura de Oracy para “Noite Estrelada” de Van Gogh (1,80m x 2m), “Mulher junto ao Pilão”, de Portinari, (1,20m x 1m) e “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, (1,20m x 1m). Na biblioteca da Universidade foi criada a “Sala Oracy Dornelles” na qual estão em exposição permanente as suas micropinturas em pauzinhos de erva-mate e grãos de soja. Com amigos fundou o Clube de Música Amigos de Beethoven, fez sucesso nacional com seu famoso “Circo de Pulgas Amestradas”, participando de diversos programas de televisão e foi o primeiro artista a ser homenageado na Calçada da Fama de Santiago, onde suas mãos foram imortalizadas.

Ampulheta Gilliard Santos – Fortaleza/CE 1º Lugar

A areia ali se move lentamente Neste artefato frágil e incolor... E em sua ação mecânica e silente, Vai alcançando o bojo inferior.

Os grãos de areia nunca irão se opor À lei da gravidade contundente... Transcorrem, exercendo seu labor, Cumprindo sua sina, tão somente.

Naquele artigo que hoje adorna a sala A areia nunca volta, nunca entala E vai, por ele, sendo consumida.

O tempo, em categórica faceta, Trabalha assim, conforme essa ampulheta, Levando, pouco a pouco, nossa vida.

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