Os novos templos
do saber
O legadO da escOla Paulista, ou o “brutalismo paulista”, que tem como expoente Vilanova Artigas (1915 – 1985), se faz presente na arquitetura atual e, principalmente, na arquitetura escolar por meio da continuidade espacial garantida pela adoção de rampas e de iluminação zenital, do emprego de grandes vãos, gerando extensos planos horizontais, e das técnicas construtivas mais elaboradas.
Nesta edição, a terceira dedicada às instituições escolares, apresentamos projetos que optaram pelas estruturas metálicas baseados na agilidade, na adequação às diferentes realidades do entorno e nas necessidades de seus usuários. O exemplo maior vem do próprio Estado, cujas escolas, apesar de usarem projetos-padrão, mostram o talento e a criatividade dos arquitetos contratados: quatro escolas construídas pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), instituição ligada à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, e um projeto do SESI em Limeira (SP).
Outros projetos aqui publicados são o Centro Universitário Positivo, em Curitiba (PR), cujas edificações projetadas por Manoel Coelho exploram a estética do aço; o Campus Aterrado, do Polo Universitário de Volta Redonda, da UFF; e o Edifício Beta da PUC-Rio de Janeiro, em projeto premiado pelo IAB-Rio. Dentre os projetos internacionais, a construção do anexo elevado da Ontario College of Art & Design (Ocad), em Toronto, Canadá, sobre uma construção centenária, revela que o aço atende até às ideias mais arrojadas e inusitadas.
Enquanto templos do saber, as escolas da atualidade dão novos significados às comunidades onde estão inseridas e qualificam os espaços urbanos. Em função do forte apelo estético e da agilidade na obra, os sistemas construtivos em aço têm contribuído na nova identidade dessas escolas.
Boa leitura!
04. Escolas recém-construídas da FDE usam elementos metálicos e cores para dialogar com o entorno e valorizá-lo 12. Centro Educacional Unificado de Guarulhos se articula a partir de uma generosa cobertura. 14. Unidade do SESI em Limeira (SP) tem arquitetura marcante e define sua identidade no município. 16. Em entrevista, Carlos Eduardo Cabanas, Diretor de Obras do SESI/SENAI, aborda as principais questões que norteiam as novas construções da entidade. 18. Centro Universitário Positivo, em Curitiba (PR), mostra a versatilidade do aço. 24. Premiado pelo IAB, novo edifício da PUC-Rio dá enfase ao aço e à sustentabilidade. 28. Campus da Universidade Federal Fluminense, em Volta Redonda (RJ), usa a tecnologia do aço em projeto que valoriza o convívio dos usuários. 30. A Ontario College of Art & Design, em Toronto (Canadá), recebe anexo com design arrojado em aço.
Exemplos que vêm do Estado
Escolas da FdE usam sistEmas mistos dE construção E têm Em comum o diálogo com o Entorno por mEio dE ElEmEntos mEtálicos E uso dE Escalas cromáticas
Atender à demAndA por novAs escolAs estaduais dos Ensinos Fundamental e Médio, diminuir prazos de construção, melhorar a qualidade da obra e utilizar terrenos menores devido ao aumento da densidade demográfica nas cidades do Estado. Estas são algumas das condicionantes trabalhadas pela equipe da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), vinculada à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no desenvolvimento de projetos. O salto em qualidade das unidades recém-construídas e a velocidade das construções são resultado da utilização, a partir de 2003, de sistemas construtivos pré-fabricados. Neste sentido, o aço tem sido um importante aliado para que os arquitetos criem e organizem espaços com criatividade, partindo de um projeto-padrão. E ultrapassando os limites técnicos, selecionamos quatro escolas que mostram como sua arquitetura pode ser um elo entre o entorno e a comunidade na busca pelo equilíbrio social. (e.F.)
A praça de acesso da Escola Jardim Tatiana organiza toda a distribuição dos fluxos do piso inferior. O bloco didático está implantado no alinhamento do terreno e abre-se para um pátio, visível de todas as salas de aula. Na foto da página ao lado, a quadra, situada em um nível mais baixo, tem autonomia em relação às demais instalações e é utilizada pela população nos fins de semana
> Projeto arquitetônico: Alvaro
Puntoni, Jonathan Davies e João
Sodré (Grupo SP); colaboradores: Isabel Nassif e Rodrigo Ohtake
> Área construída: 3.500 m²
> Aço empregado: ASTM A570 G36 e SAE 1020
> Volume do aço: 12 t.
> Projeto estrutural: Zamarion e Millen Consultores S/S Ltda., CTC
Projeto e Consultoria S/C Ltda.
> Fornecimento da estrutura
metálica: Indústria e Comércio
Nakamura Ltda.; Perfilor (telhas)
> Execução da obra: Construmik
Comécio e Construção Ltda.
> Local: Votorantim, SP
> Data do projeto: 2006
> Conclusão da obra: 2008
Construída em um terreno no limite de Votorantim (SP), a Escola Estadual Jardim Tatiana é um edifício aberto com vistas para propriedades rurais e cenas urbanas. A obra foi implantada em um eixo perpendicular à rua e possui dois blocos articulados por uma rampa, que estabelece o vínculo entre eles. Com projeto dos arquitetos Alvaro Puntoni, Jonathan Davies e João Sodré, do escritório Grupo SP, a escola é formada por um piso térreo e um pavimento superior.
“Enquanto parte de um grupo de projetos desenvolvidos pela FDE, que queria experimentar um sistema industrializado de construção, optamos pela adoção de pilares pré-moldados de concreto e da estrutura em aço para os vãos maiores (21,60 m)”, afirma Puntoni. O aço também foi utilizado nas estruturas de fechamento e nas telhas metálicas da cobertura.
O bloco didático está implantado no alinhamento do terreno e estende-se para um bosque, permitindo apreciar a natureza em todas as salas de aula. No pavimento de acesso, a área de serviços e administração organiza os espaços e conforma a área de convivência. Na fachada do lado urbano, uma praça de acesso organiza a distribuição dos fluxos de modo que a quadra, situada em um nível mais baixo, tenha autonomia em relação às demais instalações, o que permite seu uso pela população nos fins de semana.
Uma das características do projeto é o forte apelo cromático, utilizado para ressaltar a presença do edifício público em áreas degradadas
Fotos Nelson KonO acesso ao piso superior, onde estão as salas de aula, na Escola Dom Angélico II se dá por escada e elevador para portadores de deficiência
> Projeto arquitetônico: Arte3
/ Pedro Mendes da Rocha
Arquitetos Associados; colaboradores: Celso Maleronka, Chico Gitahy, Felipe Noto, Jordana Zola, Maira Rios, Ricardo
Santanna (arquitetos), Marília
Dantas (estagiária)
> Área construída: 1.616 m²
> Aço empregado: ASTM A572
> Volume do aço: 75 t.
> Projeto estrutural: Kurkdjian e Fruchtengarten Engenheiros
Associados
> Fornecimento da estrutura
metálica: Indústria e Comércio
Nakamura Ltda.
> Execução da obra: Construtora
Itajaí Ltda.
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2003/2004
> Conclusão da obra: 2005
escala cromática
Tendo o forte apelo cromático como destaque, a Escola Dom Angélico II foi erguida sobre um lote de dimensões exíguas. Projetada pelo arquiteto Pedro Mendes da Rocha, apresenta uma disposição compacta dos espaços dentro de um único volume de 28,80 x 18,70 m. “O grande desafio deste projeto foi resolver um programa extenso em um terreno com pouco mais de 1.200 m² sem comprometer a transparência e a permeabilidade entre o interior e o exterior, tão importantes em edifícios dessa natureza”, afirma Pedro Mendes da Rocha.
A estrutura é composta por perfis em aço formando uma grelha, os quais se encontram aparentes nas fachadas e dão ritmo a estas.
A área dedicada à circulação vertical recebeu uma chapa metálica perfurada, garantindo luminosidade e transparência às escadas. Nos módulos das salas de aula, foram utilizados elementos vazados de concreto para proteção da insolação, sem impedir a entrada da luz natural.
As cores foram empregadas de forma inusitada e o "diálogo entre elas é um elemento fundamental no projeto, constituindo espaços internos mais alegres e lúdicos”, diz o arquiteto. Este jogo cromático conferiu ao projeto a menção especial Color en la reactivación de áreas deprimidas, no concurso El Color de la Arquitectura en Latinoamérica, promovido pela revista 30-60 Cuaderno Latinoamericano de Arquitectura
O emprego da estrutura em aço confere leveza ao edifício, destancando-se do conjunto. Esta configuração é ainda mais acentuada com o jogo de cores proposto, distinguindo sempre a estrutura dos outros elementos construtivos, nas fotos acima, à direita, e abaixo. Acima, à esquerda, cobertura metálica da quadra
uma praça para uma escola. ou vice-versa
A peculiaridade do terreno da Escola Jardim Santo Antônio, construída a 72 km da capital paulista, em Louveira, conduziu o partido arquitetônico, de acordo com seu autor, José Lamparelli: “o local é demarcado por uma fonte de água potável que divide todo o quarteirão em duas glebas, uma destinada à escola e a outra para uma praça. Como o programa da escola exigia uma intensa ocupação do terreno, optamos por deixar as grandes áreas abertas para criar a ilusão de que praça e escola são um só elemento”.
Partindo deste conceito e do formato em L do terreno, Lamparelli optou por uma implantação em dois blocos: um para atividades pedagógicas e outro para a quadra de esportes e administração. A disposição das salas de aula privilegiou o aproveitamento da iluminação natural e a circulação de ar e, principalmente, que estivessem distantes da quadra de esportes, importante fonte de ruído.
Uma das premissas de projeto ditadas pela FDE era o emprego da estrutura metálica. “O processo de industrialização das peças estruturais e a montagem da superestrutura conferiram ao edifício uma qualidade de muito rigor”, afirma o arquiteto, complementando que a leveza do edifício, fruto da estrutura mais esbelta e destacada do conjunto, é acentuada com o jogo de cores, que a distingue dos outros elementos construtivos.
> Projeto arquitetônico: José Condé
Lamparelli
> Área construída: 3.205 m²
> Aço empregado: ASTM A572 GR 50 e ASTM A36
> Volume do aço: 130 t.
> Fornecimento da estrutura metálica: Indústria e Comércio Nakamura Ltda.
> Execução da obra: Construtora Itajaí Ltda.
> Local: Louveira, SP
> Data do projeto: abril 2004
> Conclusão da obra: abril 2006
O arquiteto adotou uma estrutura em que as vigas de aço e as lajes estão solidarizadas, formando vigas mistas, enrijecendo desta forma todo o conjunto estrutural. Abaixo, praça e fonte que determinaram o partido arquitetônico
um fechamento diferenciado
Construída em um platô e contornada por três ruas com desnível de 8 m de altura entre elas, a Escola Parque Grajaú se sobressai no entorno pouco urbanizado por seu fechamento metálico em azul.
Com projeto do arquiteto Sergio Kipnis, do escritório Kipnis Arquitetos Associados, a solução para o extenso programa da escola (15 salas de aula, cantina, área administrativa, quadra) para a área do terreno, que ainda abriga uma outra escola, foi verticalizar e concentrar no térreo e no primeiro andar as salas de aula. No segundo pavimento estão as áreas comuns e no terceiro, a quadra coberta.
“Por opção, colocamos o acesso à escola pela rua inclinada, na altura do segundo pavimento, de uso coletivo, que se dá por meio de uma ponte em nível”, destaca o arquiteto. “Desta maneira, também resolvemos o acesso à quadra nos fins de semana, que tem intensa utilização pela comunidade.”
Ainda segundo o arquiteto, “com o uso da estrutura metálica, que é um sistema mais leve, diminuímos significativamente a carga sobre o restante da estrutura”.
O fechamento metálico – pouco comum nesta tipologia – usa telhas trapezoidais de 0,8 mm, que conferem à fachada da escola um efeito diferenciado. As telhas são fixadas lateralmente por meio de consoles metálicos no concreto, deixando um espaço vazio entre o fechamento e a alvenaria. Assim, o ar ingressa por baixo do envelope metálico e sai pelo lanternim, colocado na cobertura da quadra, por meio de um efeito chaminé. O envelope metálico tem faixas com chapas perfuradas para permitir a passagem da luz.
“Pela volumetria significativa da escola, adotei uma solução que não agredisse a paisagem da região, mas que a identificasse. As telhas metálicas do fechamento não são regulares e os recortes às vezes revelam o edifício, e às vezes o escondem. Quando se observa a distância, tem-se um conjunto de fachadas variadas, e esta é uma das características que mais me agrada neste projeto”, finaliza Sergio Kipnis.
Na foto à esquerda, acesso ao edifício que é revestido com telhas trapezoidais de 0,8 mm de espessura e pintura azul. Acima, vista geral do bloco único da escola, destacando-se o volume em verde da caixa de elevadores. Abaixo, vista da quadra coberta
> Projeto arquitetônico: Kipnis
Arquitetos Associados: Sergio Kipnis (autor); Carolina Castroviejo, Mariana Simas e Renata Cupini (colaboradoras)
> Área construída: 3.200 m²
> Aço empregado: ASTM A570 GR 50 e ASTM A36 (cantoneiras e chapas); ZAR 230 (telhas de aço galvanizadas pré-pintadas)
> Volume do aço: 24,12 t.
> Projeto estrutural: Oficina de Arquitetura
> Execução da obra: Construtora Massafera
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2004
> Conclusão da obra: 2009
Uma cobertura generosa
E m uma r E gião car E nt E d E E quipam E ntos comunitários para o E nsino , laz E r E E sport E , o c E ntro E ducacional u nificado ( c E u ) g uarulhos p im E ntas dá vida nova ao E ntorno formado por galpõ E s industriais
Com projeto de mario Biselli e artur KatCh Borian, o CEU Guarulhos Pimentas tem um traço arquitetônico conciso e contemporâneo, estruturado por uma grande cobertura de 250 m de extensão, composta por vigas e telhas metálicas e aberturas zenitais. A topografia plana e a forma linear do terreno foram determinantes para o projeto.
A cobertura, que vence vãos de 25 m, define o partido arquitetônico do edifício e abriga nas extremidades de sua dimensão longitudinal os diversos usos, que se distribuem em blocos anexos. Biblioteca, salas de aula e refeitório se localizam no lado oeste do eixo. No lado oposto, estão os volumes das salas de aula, ginástica olímpica, dança e auditórios.
Os blocos anexos são articulados por um vazio central, que culmina na área dedicada às práticas esportivas, formando uma grande praça coberta, que dá continuidade à programação ao seu redor por meio de percursos sugeridos no térreo e pontes no primeiro pavimento, acolhendo permanências e usos diversos ao longo de seus bancos e espaços livres.
Contribuem para essa atmosfera lúdica as cores das fachadas internas, que variam do verde ao amarelo, em diversos matizes.
O projeto do CEU Guarulhos Pimentas e sua generosa cobertura em aço valorizam a criação de um local para estudos, esportes e lazer, oferecendo aos estudantes, professores e usuários um espaço de encontros moderno e agradável. (e.F.) M
> Projeto arquitetônico: Biselli e Katchborian Arquitetos Associados
– Mario Biselli e Artur Katchborian (autores); colaboradores: Paulo Roberto dos Santos Barbosa, Luiz Marino Kuller, Cássia Lopes Moral, Cássio Oba
Osanai, Camila Bevilacqua de Toledo, Gabriel César e Santos, Ana Carolina Ferreira Mendes e Débora Pinheiro; CHN Arquitetos (desenvolvimento)
> Área construída: 16 mil m²
> Aço empregado: ASTM A36 e A572 GR 50
> Volume do aço: 572 t.
> Projeto estrutural: Edatec Engenharia Ltda.
> Fornecimento da estrutura metálica: Soufer Industrial Ltda.
> Execução da obra: JZ Engenharia
> Local: Guarulhos, SP
> Data do projeto: 2008
> Conclusão da obra: 2008/2010
Na página ao lado, o conjunto do CEU Guarulhos Pimentas e a enorme cobertura da área de acesso. Acima, à esquerda, brises para contenção solar e, à direita, a quadra coberta e as telhas translúcidas e metálicas que fecham o pavilhão entre a quadra e a piscina. Na foto abaixo, espaço de convivência
SESI moderniza suas escolas
C om várias es C olas em li C itação , o s erviço s o C ial da i ndústria prioriza os espaços de C onvivên C ia e a arquitetura mar C ante para definir sua identidade nos muni C ípios em que está presente
A urgênciA dA entregA é A mArcA nos projetos das novas escolas do SESI, que seguem o modelo de edificação-padrão da entidade: arquitetura marcante para fácil identificação da escola nos municípios; formatos curvos com o intuito de criar leveza no volume, além da criação de uma grande área de convivência interna que torna agradável o deslocamento entre as várias atividades, e convida os alunos a interagir uns com os outros.
Seguindo este modelo, a unidade do SESI em Limeira (SP) conta com 16 salas de aula, três de convivência, salas para professores, administrador escolar, atendimento aos pais, secretaria, coordenação pedagógica, supervisor de ensino, monitores de educação integral, copa para funcionários, biblioteca e laboratórios, para receber seus 768 alunos dos Ensinos Fundamental e Médio. O programa da
unidade é contemplado ainda por laboratório de informática educacional, de ciência e tecnologia, ciências físicas, químicas e biológicas, sala de música e de artes cênicas e quadra coberta.
Como em todas as escolas do SESI, a de Limeira foi construída em sistema misto e o aço está presente também na estrutura metálica de cobertura dos prédios e na quadra coberta. Um dos diferenciais é o aproveitamento da luz natural, que se dá através da área de convivência, onde a tempe-
> Projeto arquitetônico: Gerência de Projetos e Obras / Diretoria de Obras (autoria do projeto-padrão e dos projetos de implantação, coordenação dos projetos complementares); colaborador do projeto arquitetônico: Batagliesi (desenvolvimento do projeto arquitetônico-padrão inicial)
> Área construída: 7.108 m² (escolas para duas turmas, com um prédio térreo e outro com dois pavimentos)
> Aço empregado: ASTM A36
> Volume do aço: 162 t.
> Projeto estrutural: Prodenge
Engenharia e Projeto Ltda.
> Fornecimento da estrutura
metálica: Emsil Estruturas
Metálicas
> Execução da obra: MVG Engenharia
> Local: Limeira, SP
> Data do projeto: janeiro de 2009
> Conclusão da obra: janeiro de 2011
ratura interna é controlada por brises metálicos e grandes beirais, e pela ventilação cruzada, a partir da criação de caixilhos internos que permitem a circulação de ar.
Outra preocupação dos projetos desenvolvidos para as escolas do SESI é o reaproveitamento da água da chuva, coletada a partir dos telhados e usada para a irrigação de jardins e lavagem de pisos.
Seguindo as diretrizes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o SESI, com suas escolas, cumpre seu papel de oferecer uma boa formação educacional para os jovens brasileiros, que se reflete também no espaço arquitetônico moderno e de qualidade. (da redação) M
Na página ao lado, a grande cobertura em estrutura metálica com telhas translúcidas é requisito dos projetos-padrão para as escolas do SESI, visando o aproveitamento da luz natural. Nas três fotos desta página, de cima para baixo: brises da quadra esportiva regulam a entrada de luz e a temperatura; área externa e detalhe da cobertura entre os blocos da escola
Escolas de alto padrão
entidades de formação de mão de obra e de assistência cultural e de lazer para os trabalhadores da indústria, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), criado em 1942, e o Serviço Social da Indústria (SESI), em 1946, têm como responsabilidade a formação de mão de obra qualificada, além de oferecer cultura e lazer de alto padrão. Tão importante quanto a metodologia de ensino, quadro de professores e a qualidade da programação cultural, as entidades também procuram oferecer ambientes adequados à educação e ao bem-estar dos alunos e seus familiares.
Como exemplo do sistema educacional no Brasil, as unidades do SESI/SENAI se modernizaram, usam sistemas construtivos com melhor tecnologia e menor desperdício, e também se preocupam com a eficiência energética.
O arquiteto Carlos Eduardo Cabanas, há 32 anos no SENAI, assumiu, nos últimos dois anos e meio, a Diretoria de Obras Corporativa (SESI/SENAI) e atualmente coordena uma demanda de 134 obras,
entre a construção de novas unidades e a reforma das existentes, e aborda, nesta entrevista, as principais questões que norteiam a urgência pela capacitação da mão de obra no país.
AA – Quais os principais avanços na arquitetura das novas unidades do SESI/SENAI?
CEC – Para o SESI, desenvolvemos e atualizamos o projeto-padrão das escolas externas em duas versões, uma totalmente térrea e uma com um dos blocos com dois pavimentos. Em relação às questões ambientais, introduzimos o reuso da água da chuva, eficiên-
A estrutura metálica tem nos proporcionado a redução do tempo na execução e uma melhor padronização desses espaços.
cia energética, uso de piso intertravado, coleta seletiva, acessibilidade, dentre outros. Para se ter uma ideia, já concluímos 18 unidades e estamos no momento com 36 unidades em construção. Já para o SENAI, por se tratar de projetos e obras com características industriais, estamos trabalhando em um projeto modular em estrutura mista pré-fabricada em concreto e aço.
AA – Em relação ao uso de sistemas construtivos pré-fabricados, em sua opinião quais são as vantagens de seu uso? Fale-nos, por favor, sobre o papel do aço neste processo.
CEC – Temos buscado uma padronização sem, no entanto, engessar a construção. Neste sentido, o uso do sistema pré-fabricado nos dá mais velocidade, qualidade e minimiza a geração de entulho. Temos usado estruturas metálicas nas quadras poliesportivas, cobertura entre os blocos das salas de aula e estrutura da cobertura. A estrutura metálica tem nos proporcionado a redução do tempo na execução e uma melhor padronização desses espaços.
AA – Aponte as principais vantagens práticas da adoção da tecnologia metálica.
CEC – Como comentei, sem dúvida o uso do aço agiliza e nos proporciona uma obra mais limpa e em um padrão de qualidade adequada. Como nossa meta é construir mais 15 unidades, o uso da estrutura metálica atende tanto à quantidade, e no prazo necessário, como também na qualidade final esperada.
AA – O SESI/SENAI é um centro de formação de mão de obra e de tecnólogos. Quais os planos em relação à formação de mão de obra para as construções industrializadas e, principalmente, para a construção em aço?
CEC – O SENAI sempre primou pela formação e capacitação da mão de obra para a indústria e, sem dúvida, está atento às demandas e necessidades da cadeia produtiva da construção civil. No caso das construções industrializadas em aço, recentemente o SENAI/São Paulo coordenou um projeto nacional que identificou os perfis profissionais dessa cadeia produtiva com a ajuda de todas as partes envolvidas e formatou programas de treinamento visando desenvolver as competências necessárias desses profissionais.
AA – Atualmente, quais são as maiores preocupações do SESI/SENAI em relação à arquitetura dos projetos das novas escolas?
CEC – Além da grande demanda por obras novas tanto no SESI como no SENAI, temos como meta buscar cada vez mais construções com selo de sustentabilidade.
Não podemos esquecer que nossa missão é a formação integral do cidadão e, neste caso, os espaços que construímos devem sinalizar essa preocupação com o ambiente.
AA – Quantas unidades licitadas para início de obras o SESI/SENAI possui atualmente?
CEC – Hoje, temos no SESI/São Paulo 36 obras de novas escolas externas ao CAT (Centro de Atividades) em execução e mais 20 obras de reforma e ampliação nos CATs. Ainda teremos pela frente mais 15 escolas novas e 33 reformas e ampliações nos CATs.
Para o SENAI, além de 18 obras de reforma e ampliação temos uma demanda de 12 novas escolas técnicas a serem construídas.
AA – Para o futuro, quais são os principais desafios do SESI/SENAI na construção de novas escolas e para os arquitetos que trabalharão nos projetos?
CEC – É fazer tudo isso acima listado buscando eficiência, qualidade e diminuição dos prazos de execução, pois as demandas são urgentes, seja por capacitação (SENAI) ou por educação, esporte, cultura e lazer (SESI).
Não podemos nos esquecer de que, enquanto estamos construindo e ampliando nossa atuação, as demandas por manutenção também requerem atenção de nossa parte. ( d a r edação) M
Um sonho realizado em aço
No alto da página, fachadas da Biblioteca Central e do Teatro da universidade. Acima e ao lado, o Templo da Paz, sobre o lago, foi todo construído em estrutura metálica, onde suas linhas ascendentes metaforicamente remetem à reverência às fontes de criação
E m C uritiba , a u niv E rsidad E P ositivo E rig E sua “C idad E do s ab E r ”, um C om P l E xo d E E difi C açõ E s qu E E x P loram d E forma int E lig E nt E as inúm E ras P ossibilidad E s E stéti C as do aço Para r ECE b E r s E us mais d E 12 mil alunos
Com mais de 100 mil m2 de área Construída, o Centro Universitário Positivo está localizado em um lugar quase mágico, perfeito para a contemplação científica: as características naturais da região estão preservadas e o campus dispõe de áreas de estudo, de lazer e até para a meditação. Não é à toa que recebeu o nome de “Cidade do Saber”, sendo frequentada por mais de 12 mil jovens acadêmicos.
Localizado na capital paranaense, o campus vem sendo construído há dez anos e sua arquitetura explora as inúmeras possibilidades estéticas do aço. Projetado pelo arquiteto Manoel Coelho, a ideia central da reitoria era tirar partido das excepcionais condições naturais do sítio, valorizando-as com a ampliação da área do lago e com a recuperação de trechos degradados de matas naturais.
Feito o projeto, este foi aprovado com louvor pela direção da universidade. O campus possui 225 laboratórios, 180 salas de aula, ampla biblioteca, teatro, espaço para as artes, centro de convenções, praças de alimentação, um grande centro esportivo, capela (o Templo da Paz) e, futuramente, um hotel.
“Desde o início, o projeto foi previsto para ser implantado em etapas, mas de forma contínua, com a opção por um processo que adotou a composição de elementos construídos in loco e o uso
de estruturas metálicas, em técnicas diversas e prazos curtíssimos”, explica Manoel Coelho.
O setor acadêmico é composto por seis blocos didáticos idênticos, personalizados por meio de um sistema cromático aplicado nas peças metálicas aparentes - brises, marquises dos acessos e escadas de saída de emergência nos finais dos corredores -, para facilitar a identificação.
Entre cada bloco didático existe uma praça de alimentação, de 1.000 m2, com um vão livre formado por uma grande grelha metálica, com cobertura sustentada por pórticos de aço.
A Biblioteca Central, com 6.500 m2, construída em apenas seis meses utilizando um sistema construtivo misto, tem estrutura pré-moldada em
Acima, Centro Esportivo: estrutura em aço suporta a cobertura, que possui uma parte retrátil sobre a piscina olímpicaAo lado, fachada e circulação vertical do Centro de Pós-graduação, cuja iluminação se dá pela grande cobertura zenital
concreto, para as áreas destinadas ao acervo de livros, e para os três pisos das áreas de consulta e leitura utilizou-se estrutura metálica vencendo os grandes vãos, sendo o maior deles da cobertura, com 45 m.
O aço também foi usado para criar os amplos espaços necessários ao curso de Educação Física, além das atividades esportivas de alunos, professores e funcionários. Assim, o Centro Esportivo é constituído por uma pista olímpica pavimentada, um campo oficial de futebol, ginásio de esportes com canchas polivalentes e capacidade para 2 mil pessoas, quadra de tênis e piscina olímpica coberta e aquecida.
O principal elemento estrutural da cobertura da piscina é o conjunto de arcos treliçados, compostos por tubos metálicos, que vencem vãos de 58,6 m, com espaçamento de 8,10 m entre os arcos. No mezanino, estão localizados, além da academia, espaços para danças e outras atividades físicas.
A cobertura do Centro Esportivo e da piscina utiliza telhas metálicas que se apoiam em terças com modulação média de 2 m, executadas em perfis de aço conformados a frio. Um módulo retrátil (16,52 x 38,78 m), localizado no centro da cobertura da piscina, possibilita a ventilação e a iluminação zenital através de telhas alveolares translúcidas. A cobertura retrátil permite ainda, além da exaustão dos
devido à carga e com estrutura metálica para os três pisos das áreas de consulta e leitura. Optou-se pela estrutura em aço para vencer os grandes vãos, sendo o maior de 45 m
gases de tratamento da água da piscina, o desenvolvimento de atividades ao “ar livre” nos dias de calor.
Outro espaço que chama a atenção no Centro Universitário
Positivo é o Templo da Paz, edificação que parece flutuar no lago central do campus, cujo acesso se dá por uma plataforma metálica, sugerindo a singeleza do inusitado ambiente. Nesta
> Projeto arquitetônico:
Manoel Coelho (direção geral); Antonio Abrão (coordenação de projetos);
colaboradores: Lucas
Bertholdo, Patrícia
Gasparelo, Fernanda
Morishita, Daniel Galeazzi e Thiago Assad
> Área construída: 100 mil m²
> Aço empregado: perfis laminados em aço ASTM-A588; perfis formados a frio em aço patinável de maior resistência à corrosão
> Cálculo estrutural: Kalkulo
Projetos Estruturais Ltda. e Grandesul Engenharia Ltda.
> Fornecedor da estrutura
metálica: Açotec Estruturas
Metálicas e Junckes
Metálicas
> Execução da obra: Construtora Thá e Construtora Ferreira Filho
> Local: Curitiba, PR
> Data do projeto: 1998
> Conclusão da obra: 1999/2010
peculiar implantação – sobre a água –, optou-se por utilizar integralmente a estrutura de aço. Um volume de vidro multifacetado com superfícies irregulares indica a abertura para qualquer orientação espiritual ou religiosa específica.
Placas metálicas irregulares formam brises que atenuam a incidência solar, sem prejudicar a integração do espaço com o lago e com a natureza, ao mesmo tempo em que conferem a introspecção necessária à meditação e à espiritualidade.
Seu interior é despojado e mobiliado com alguns volumes de madeira e um vitral onde figura a Pomba da Paz. O espaço é eclético, ecumênico, democrático e, principalmente, voltado à promoção humana. (a.C.H.) M
Simbiose com a natureza
Os arquitetOs MarcOs FaverO, andres PassarO e diegO POrtas buscaram o conceito de percurso interativo e de descoberta para definir o projeto do edifício Beta, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.
Construído em meio às grandes árvores do terreno, o edifício se integra em perfeita simbiose entre a natureza e a tecnologia construtiva do aço para abrigar estúdios para aulas de arquitetura e design.
Implantado no terreno de forma a integrar-se com o entorno verde, o edifício Beta é apoiado em quatro pilares metálicos, deixando o térreo livre. A circulação do edifício é feita por escadas e passarelas fora do corpo principal, formando um jogo de planos que se ajustam à topografia acidentada do morro e à profusão de árvores.
A existência de uma adutora no subsolo do terreno limitou a quatro apoios a estrutura de sustentação, impossibilitando a execução de mais fundações. “Depois de uma troca de ideias com o engenheiro projetista, optamos pela estrutura em aço, com o esquema estrutural de um vão central de 12 m e balanços de 3 m para cada extremidade – dois pórticos com quatro pilares, totalizando os 18 m de comprimento da edificação”, afirmam os arquitetos.
Definido o esquema estrutural, optou-se por usar o aço patinável para os perfis soldados, devido à alta resistência mecânica e à corrosão, e o ASTM A572 GR 50 para os perfis laminados. O aço está presente nas estacas das fundações, na estrutura, em pilares e vigamentos, nos vedos e nas portas, que são em telhas pré-pintadas, no forro dos pilotis e nas escadas.
Considerando a eficiência energética, o projeto limitou o uso de ar-condicionado, mesmo no forte calor do Rio de Janeiro, com o aproveitamento da luz natural e dos ventos.
Os arquitetos trabalharam com um sistema de camadas de vedação. De fora para dentro, na fachada de maior insolação, foi montada uma estrutura que permite a formação de uma “pele verde”, composta por trepadeiras com variadas florações.
Já as fachadas – frontal e posterior – permitem a ventilação cruzada por meio de esquadrias basculantes de vidro, oferecendo maior conforto térmico à edificação. A segunda camada é formada por telas perfuradas com quadros pré-fabricados modulados, e somente na fachada frontal, de maior insolação, uma estrutura metálica engastada no piso do primeiro pavimento e do teto do segundo pavimento destaca-se do edifício. O aproveitamento da luz natural se dá pelos elementos transparentes que revestem toda a estrutura.
Premiado pelo IAB-Rio na categoria Edificações, em 2010, neste projeto o aço teve papel importante para vencer as condicionantes do local, resultando em uma edificação de linguagem contemporânea e comprometida com a sustentabilidade. Um local agradável para se estar e para estudar. (a.M.) M
> Projeto arquitetônico: Marcos Favero, Andres Passaro e Diego Portas; colaboradores: Luciano Alvares, Nathalia Mussi e Gustavo Aguilar; estagiários: Catarina Flaksman, Denise Kuperman, Gabriel Maia e Raquel Cruz
> Área construída: 306 m² (salas de aula) e 153 m² (teto verde)
> Aço empregado: aço de maior resistência à corrosão nos perfis soldados e ASTM A572 GR 50 para os perfis laminados
> Volume do aço: 27 t.
> Projeto estrutural: Sebastião Andrade, Geraldo Filizola e Luiz Fernando Martha
> Fornecimento da estrutura metálica: Tensor Engenharia
> Execução da obra: Tensor Engenharia
> Local: Rio de Janeiro, RJ
> Data do projeto: 2008-2009
> Conclusão da obra: 2009
O Edifício Beta é formado por dois pisos e um teto verde, apoiado em quatro colunas, resultando em vãos de 12 m e balanços de 3 m. Todas as vigas trabalham como vigas mistas, com conectores espaçados a cada 700 mm
Na medida de um Brasil real
Volta Redonda, no Vale do PaRaíba, é desde 1945 importante local de produção de aço no Brasil, e por isso é conhecida como “Cidade do Aço”. De forma condizente com este histórico, para a criação de um polo universitário que ultrapassasse os espaços de transmissão do ensino (como salas de aula e laboratórios) e oferecesse áreas de convivência generosas com bosques, pátios cobertos e jardins sombreados, as estruturas em aço foram a opção no projeto do Campus Aterrado, do Polo Universitário de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense (UFF).
“Com o domínio da tecnologia do aço em nossa região, as estruturas metálicas são adequadas aos projetos nos quais se pretende racionalização, interação com outros sistemas e a possibilidade de se ter uma construção seriada que responda por prazos e custos pretendidos, além do conforto ambiental”, afirma o arquiteto Sérgio Fernandez, do escritório Concepção Projetos e responsável pelo projeto do Campus Aterrado, construído em um terreno de 21.377 m2, na região central de Volta Redonda.
O aço foi utilizado em toda a estrutura, pilares e vigas, na estrutura da cobertura, e com pisos em lajes pré-moldadas. Nos fechamentos externos foi utilizada a alvenaria convencional e nos internos, o sistema drywall, para maior flexibilidade dos layouts ao longo do tempo.
“De inovador neste projeto cito os pergolados em aço galvanizado, que funcionam como proteção contra a insolação e suporte
para a vegetação (jiboias e buganviles), parte do projeto paisagístico sobre as passarelas que ligam os edifícios.”
A adoção de uma estrutura modular, com vãos de 8 m x 5 m, atendeu às condicionantes da obra em relação a custos e prazos, e também ofereceu uma estética expressiva ao complexo.
Todas as edificações do Campus Aterrado foram construídas em 15 meses, totalizando 12.418 m2 de construção e 21.377 m2 de urbanização, incluindo a estação de tratamento de esgoto e tanques de reuso de águas da chuva. “O aço é um fator importante no quesito prazo, tanto pelas possibilidades de interface como por ser uma tecnologia estrutural pronta na prateleira. Além disso, é precisa, como qualquer tecnologia que se pretenda no planejamento de um empreendimento deste porte”, explica o arquiteto.
Nas fachadas de maior insolação, em relação à temperatura, o projeto
> Projeto arquitetônico: Sérgio Fernandez; coautores do projeto arquitetônico: Diana Arbex Ribeiro, Geovana Monteiro e Carolina Duque
> Projeto paisagístico: Jonas Brandão
> Área construída: 12.418 m²
> Aço empregado: ASTM A572 GR 50
> Volume do aço: 295 t.
> Projeto estrutural: Sieton Engenharia e Construção
> Fornecimento da estrutura metálica: Moraes Lopes Engenharia
> Execução da obra: Construtora Zadar
> Local: Volta Redonda, RJ
> Data do projeto: maio de 2009
> Conclusão da obra: outubro de 2010
Nas fotos à esquerda, estrutura metálica e fechamento em alvenaria convencional; detalhe da estrutura metálica da cobertura, acabamento do telhado e calhas elétricas. Acima, blocos acadêmicos conectados pelas treliças metálicas e brises contra insolação
previu a colocação de brises, além de pergolado entre edifícios para o sombreamento dos jardins internos.
As questões ambientais também foram requisitos importantes no projeto: foram colocados pisos permeáveis nas ruas internas e solo permeável em praças com o reaproveitamento de pedrisco de marmorarias; promoveu-se a reconstituição da flora com a criação de um bosque; em termos de acessibilidade, implantou-se cota única de nível para portadores de necessidades especiais.
“Ter participado de um empreendimento onde os espaços não construídos predominam e valorizam aqueles que foram edificados, é o que mais me agrada nesse trabalho; por isso vejo como uma obra na justa medida para um Brasil real, sem o luxo da pretensão e nem a miséria que nos oprime”, finaliza Sérgio Fernandez. (d.P.) M
Arte em aço
A necessidAde de AmpliAção deu origem a um prédio anexo na Ontario College of Art & Design (Ocad), projetado por Alsop Sparch e executado com a colaboração do escritório Robbie/Young + Wright Architects. As obras começaram em agosto de 2002 e terminaram exatos dois anos depois.
O conceito inicial do projeto arquitetônico do anexo, o Sharp Centre for Design, com 6.215 m 2, foi decidido após uma série de workshops com funcionários e estudantes da Ocad. Destes workshops, surgiu a ideia de uma superestrutura em forma de
“mesa”, elevada acima da escola já existente e das propriedades vizinhas.
A ideia de suspender o novo prédio nove andares acima da rua também foi aprovada pelos moradores do bairro, que participaram das discussões iniciais. Esta decisão também possibilitou que o térreo virasse um local para exibições de arte e outros eventos.
A OntAriO COllege Of Art & Design (OCAD), lOCAlizADA em tOrOntO, é A mAiOr e mAis AntigA universiDADe De Artes e Design DO CAnADá. funDADA em 1876 pelA sOCieDADe De ArtistAs De OntáriO, A OCAD pAssOu pOr umA grAnDe refOrmA em 2002, e gAnhOu um préDiO COm Design
ArrOjADO em AçO, umA superestruturA DignA pArA O shArp Centre fOr Design
O arrojo do projeto arquitetônico para o Sharp Centre for Design, da Ocad, em três ângulos diferentes: à noite o efeito pixelado é reforçado pelas luzes; a ideia de elevar o anexo possibilitou que o térreo fosse ajardinado e recebesse exibições de arte e outros eventos
Na forma de um paralelepípedo, estruturado em aço, com dimensões de 9 m de altura, 31 m de largura e 84 m de extensão, a singular superestrutura da “mesa” possui dois andares de cerca de 4,5 m de altura cada e fica a 26 m acima do solo. O conceito estrutural da “mesa elevada” é baseado em um conjunto de treliças de aço, transversais e longitudinais, interconectadas. O sistema inteiro de treliças de duplo nível é reforçado horizontalmente nos níveis do piso para oferecer maior rigidez.
A estrutura está apoiada sobre 12 pilares tubulares multicoloridos
de aço (com 90 cm de diâmetro por 28 m de extensão), que tocam o chão de maneira aparentemente randômica, e é revestida por painéis metálicos que formam um pixelado em preto e branco. Apesar destes pilares terem todos o mesmo diâmetro, seis têm acabamento em preto, o que lhes dá uma aparência “mais fina”, ilusão de óptica enfatizada à noite, quando estas colunas dão a impressão de desaparecer. Um elemento vermelho brilhante em diagonal se destaca abaixo da “mesa” e abriga as escadas.
Um dos maiores desafios do projeto era o exíguo espaço para a obra. Devido ao diâmetro das peças de aço dos pilares que sustentam a edificação (em dimensões similares aos usados pela indústria petrolífera), essas estruturas, algumas com até 20 toneladas, eram fabricadas a 120 km de Toronto e transportadas aos pares em um trator-trailer e, ao chegarem no canteiro de obras, eram imediatamente içadas e montadas.
Devido à natureza única da estrutura e ao desafio de erguer as colunas, a obra foi erigida do mesmo modo que uma ponte suspensa. O núcleo de serviços com elevadores e escadas, em concreto, foi erguido primeiro e, posteriormente as estruturas em aço foram montadas.
Com a reforma, a Ocad passa a ser um importante centro de atividades sociais, com espaço para reuniões e eventos, galeria, auditório, café e centro de conferências. O Grange Park, localizado na região, também se beneficiou com a regeneração da área e passou a receber eventos relacionados às artes.
Com isso, a universidade satisfaz suas aspirações de reconhecimento nacional e internacional, reaviva uma área negligenciada e fortalece seus vínculos com a comunidade. (e.F.) M
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