Arquitetura & Aço nº 52 - Sul

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ARQUITETURA&AÇO

Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 52 novembro de 2018

SUL

PIONEIRISMO, QUALIDADE DE PROJETOS

E BELAS OBRAS MARCAM A TRAJETÓRIA E A FORÇA DA CONSTRUÇÃO EM AÇO NA REGIÃO

O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!

Principais ações do CBCA

Cursos online e presenciais

Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e os manuais de construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site

Pesquisas anuais junto aos fabricantes do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no País

Promoção de palestras e Road Shows por diversas cidades brasileiras

Realização dos Concursos CBCA para Estudantes de Arquitetura e de Engenharia, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura e engenharia de todo o Brasil

www.cbca-acobrasil.org.br

Acesse o site e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!

TRAJETÓRIA BEM CONSTRUÍDA

Vem do início do século XX a presença da construção em aço na região Sul do Brasil. O crescimento do mercado, contudo, toma impulso apenas a partir do período desenvolvimentista iniciado nos anos 1950. A demanda, a princípio concentrada em obras de infraestrutura e instalações industriais e para o agronegócio, gradativamente avançou para outros segmentos e atualmente é bastante diversificada, como comprovamos nesta edição especial dedicada à região.

Uma obra pioneira, a bela ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926 em Florianópolis (SC), passa, agora, por uma grande reforma para poder continuar servindo às necessidades da população.

Outro marco na trajetória da construção em aço no Sul é o edifício Santa Cruz, em Porto Alegre (RS), um arranha-céu erguido com estrutura inteiramente em aço no início dos anos 1960 e que permanece, até hoje, como o prédio mais alto da cidade.

Muitos outros exemplos demonstram a variedade e a qualidade dos projetos executados em aço no Sul. Começamos pelo Paraná, onde quatro obras na região metropolitana de Curitiba, idealizadas para finalidades bastante distintas, tiraram proveito da plasticidade e flexibilidade do material, conferindo forte identidade visual às instalações de uma indústria, de um escritório de projetos, de um complexo esportivo e, também, à sede corporativa de uma construtora.

De Santa Catarina, destacamos a leveza e elegância da cobertura instalada no prédio do Mercado de Florianópolis, construção tombada que integra o Patrimônio Histórico Municipal. Além de um hotel e uma residência, ambos construídos à beira-mar, que revelam soluções criativas, bonitas e funcionais.

Em Porto Alegre (RS), apresentamos um edifício que explora muito bem as possibilidades da estrutura em aço, a tal ponto que foi batizado com o nome de Centro Empresarial DNA do Aço.

Ainda na capital gaúcha, mostramos uma área às margens do Rio Guaíba que passou por um amplo programa de requalificação, tendo o aço como aliado para ressaltar a beleza da paisagem e criar espaços de contemplação e lazer para a população.

Por fim, uma seleção de outras 14 belas e interessantes obras – todas já publicadas em edições anteriores da revista – amplia este panorama regional, reunindo diferentes soluções construtivas em aço para atender às mais variadas necessidades na construção civil.

Em sintonia com o avanço da demanda, uma sólida e qualificada cadeia de fornecedores de insumos e serviços garante a força do mercado regional. Algumas das principais empresas fabricantes de estruturas em aço no país estão instaladas nos estados do Sul. Também há boas universidades e muitos profissionais qualificados. O futuro, sem dúvida, é muito promissor para a construção em aço na região. Confira!

EDITORIAL
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Projeto da nova sede da Fecomércio, em Porto Alegre, RS, vence concurso nacional e empregará 1 mil toneladas de aço em sua construção

sumário Foto da capa: Edifício OXI, Curitiba
Arquitetura & Aço nº 52 novembro 2018 CONTATOS 56 04. 25. 08. 28. 32. 12. ENTREVISTA 34 Emerson Vidigal, arquiteto do Estúdio 41 Arquitetura, fala sobre sua experiência com projetos estruturados em aço e sobre o mercado na região Sul do Brasil REFERÊNCIAS 46 Estruturas metálicas são destaques em 14 obras no Sul, já publicadas por Arquitetura & Aço em edições anteriores. Confira! Silvio Aurichio ACONTECE 54
(PR)

04. Clube de Pádel, Curitiba, PR: estrutura em aço dá forma a novo complexo esportivo 08. NGC do Brasil, São José dos Pinhais, PR: identidade visual de impacto e estruturas em aço transmitem imagem de modernidade e tecnologia 12. Construtora Triunfo, São José dos Pinhais, PR: design arrojado busca expressar valores corporativos na sede do conselho da empresa

16. Edifício OXI, Curitiba, PR: permeabilidade visual destaca estruturas em aço e revela atuação dos ocupantes do escritório

19. Ponte Hercílio Luz, Florianópolis, SC: reforma e novos elementos em aço para melhor servir à população 22. Cobertura do Mercado Público, Florianópolis, SC: intervenção em aço confere roupagem moderna e conforto ao local 25. Pousada Parador, Balneário de Camburiú, SC: à beira-mar, em aço e com desenho inspirado em ambiente naval 28. "Container", Itajaí, SC: escritório de arquitetura tira partido de contêineres em aço para configurar sua nova sede 32. Casa na praia, Florianópolis, SC: funcional e elegante, construção modular feita em aço pode ser desmontada e realocada em qualquer lugar 36. DNA do Aço, Porto Alegre, RS: centro empresarial explora vantagens da construção em aço e obtém grau máximo em certificação internacional de sustentabilidade

40. Revitalização da Orla do Rio Guaíba, Porto Alegre, RS: intervenção transforma região e cria importante espaço de lazer e turismo na cidade 44. Edifício Santa Cruz, Porto Alegre, RS: edifício construído com estruturas em aço nos anos 1960 ainda é o mais alto da cidade

16. 36.
19. 40. 22. 44.

AÇO, LUZ E ESPORTE!

Aço confere arrojo arquitetônico e assegura economia à construção de complexo esportivo em clube curitibano

SEMELHANTE AO TÊNIS, disputado com duas raquetes e uma bola, o pádel está em ascensão no Brasil, especialmente na região Sul do país. Em Curitiba, a modalidade ganhou um impulso no final de 2017 com a inauguração do novo complexo do Clube Curitibano. Instalada no bairro de Parolin, a estrutura foi projetada pelo escritório Saboia+Ruiz Arquitetos visando ser um centro de referência nacional para as competições deste esporte.

Para viabilizar a construção, os projetos de arquitetura e estrutural tiveram de solucionar alguns desafios. O primeiro deles foi a necessidade de compatibilizar a instalação de quatro quadras de 10 x 20 m e de eventuais arquibancadas provisórias, sem a interferência visual de elementos estruturais. Estabelecer uma relação positiva com o entorno urbano e a paisagem era outra premissa.

O terreno onde se localiza o complexo de pádel é separado da sede de tênis do clube por uma rua perimetral. A condição serviu de estímulo aos arquitetos, que buscaram um contraponto às construções da região, cercadas por muros altos. Por fim, houve a necessidade de garantir uma obra de impacto visual, mas que não extrapolasse a previsão de custos do projeto, que teve o aço como principal aliado. “Somente uma estrutura em aço poderia nos dar um resultado formal e economicamente adequado”, afirma o arquiteto Alexandre Ruiz.

Segundo ele, o partido arquitetônico exigia uma estrutura que permitisse poucos pontos de apoio e grandes balanços para responder às exigências de visualização dos jogos e estabelecer uma relação correta com a paisagem, e por isso optou-se pelo aço.

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Pérgola metálica, que também atua como regulador de escala na área de convivência, auxilia o travamento lateral da estrutura Alexandre Kenji Okabaiasse

Para melhorar a interação entre o complexo de pádel e a vizinhança, o projeto se aproveitou da declividade expressiva do terreno para criar um pódio em sua cota mais elevada. Nesse local, foram construídas quatro quadras e um terraço com vista para a cidade. O espaço também foi calculado com sobrecarga para acomodar, quando necessário, a instalação de arquibancadas provisórias. Além disso, um estacionamento em rampa foi projetado na cota inferior do terreno para minimizar o impacto visual gerado pelos veículos em relação às quadras, que contam com superfícies em vidro temperado e venezianas em policarbonato leitoso.

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Fotos Alexandre Kenji Okabaiasse

O fechamento permitiu a incidência de luz natural difusa no interior da construção e, ao mesmo tempo, assegurou ventilação natural abundante. Na cobertura, telhas de aço com isolamento termoacústico foram adotadas.

Estrutura tubular

Para atender ao projeto arquitetônico proposto e, ao mesmo tempo, respeitar o patamar de custos estabelecido para a obra, vários estudos foram executados, segundo o engenheiro

Celso Antônio Thá, da Tecmetal, até que se chegasse à opção pela solução estrutural baseada no uso de perfis tubulares em aço.

Assim, a estrutura principal do complexo possui oito pilares tubulares circulares posicionados nas laterais da construção, quatro de cada lado, que servem de apoio para vigas de transição treliçadas com 50 m de comprimento e 6 m de altura. Nas extremidades dessas vigas são apoiadas vigas treliçadas com 24m de

comprimento e os mesmos 6m de altura. Essa "caixa" treliçada serve de suporte para a estrutura de cobertura e para os pergolados. As treliças principais vencem um vão de 22 m no centro das quadras e permitem balanços de até 12 m nas extremidades, enfatizando a leveza do conjunto. A solução arrojada, combinada com os fechamentos translúcidos e com a iluminação com LED, dá um efeito de caixa flutuante à construção. Celso Thá explica que a estrutura tubular foi especialmente interessante nesse caso ao permitir uma inércia excelente, sem adicionar muito peso e, ainda, respeitando a limitação de custos.

Para auxiliar no travamento lateral da estrutura, foi instalada uma pérgola metálica, que também atua para regular a escala na área de convivência.

Outra solução original foi o uso de uma pequena treliça deitada para realizar o travamento no banzo inferior das treliças maiores.

> Projeto arquitetônico: Saboia+Ruiz Arquitetos

> Área construída: 1.580 m²

> Aço empregado: perfis tubulares

ASTM A36

(ABNT NBR 7007 MR250) e perfis laminados ASTM

A572 GR50 (ABNT NBR

7007 AR 345)

> Volume de aço: 100 t

> Projeto estrutural: Eng. Ricardo Henrique Dias e Eng. Norimasa Ishikawa

> Fornecimento da estrutura metálica e Projeto estrutural executivo: Tecmetal Estruturas

Metálicas - Eng. Celso Antônio Thá

> Execução da obra: VCCON

Engenharia

> Local: Curitiba, PR

> Conclusão da obra: 2017

Treliças em aço vencem vão de 22 m no centro das quadras e permitem balanços de até 12 m nas extremidades, conferindo leveza ao conjunto

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Fotos Alexandre Kenji Okabaiasse

Venezianas em policarbonato leitoso e fechamentos em vidro favorecem a iluminação e ventilação naturais no interior da construção estruturada em aço

“Utilizamos esse recurso como alternativa à mão-francesa, que poderia criar alguma interferência indesejada no jogo realizado nas quadras”, conta o engenheiro.

Para garantir máxima durabilidade e minimizar custos com manutenção, a estrutura foi protegida contra a corrosão por um sistema de proteção composto por jateamento de granalha padrão SA 2.1/2, pintura epóxi e pintura de acabamento poliuretano.

A estrutura do Complexo de Pádel de Curitiba foi montada em apenas 60 dias com o apoio de um guindaste, de forma parafusada, eliminando a necessidade de soldas no canteiro. Como seria inviável transportar as treliças de 50 m em caminhões, elas foram divididas na indústria em quatro tramos. Uma vez no canteiro, essas partes foram unidas por meio de parafusos ASTM A 325. (J.N.) M

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Fotos Alexandre Ruiz

MATERIALIZAÇÃO DA CONFLUÊNCIA entre projeto arquitetônico e estrutural, a sede da NGC do Brasil, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (PR), tem design arrojado e nuances tecnológicas evidenciados pelo uso do aço. A escolha pelo material, entretanto, não foi casual, já que a indústria é conhecida por desenvolver soluções tecnológicas inovadoras para os setores automotivo, aeronáutico e agrícola. “O cliente, com visão ousada, nos incentivou a propor uma arquitetura diferenciada para o ramo industrial, o

que de certa forma foi um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade para a boa arquitetura”, explica Luiz Volpato, arquiteto responsável pelo projeto.

A sede da NGC abriga as áreas administrativas, de engenharia e de produção em um grande bloco metálico. “Como o setor de fábrica e de projetos estão em constante diálogo, optamos por condensar as atividades em um mesmo bloco”, descreve Volpato. Para denotar os diferentes usos, completa o arquiteto, cria-se uma linha tênue entre as duas porções, perce-

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bida na edificação por meio de uma grande subtração na área administrativa – causando uma significativa distinção visual.

Alojados na porção frontal da construção, os escritórios têm fechamento externo em grandes fachadas envidraçadas. A recepção, com pé-direito duplo, permite a visão de todo o espaço, incluindo as salas de reuniões ao fundo, que conectam o saguão às áreas de engenharia. O módulo de escritórios foi projetado em estrutura metálica, com pilares e vigas em aço, além de lajes steel deck

MODULAR E INDUSTRIAL

Edifício estruturado em aço confere forte identidade visual à sede de indústria em São José dos Pinhais

“O modelo estrutural é composto por pórticos de vigas e colunas de alma cheia. As lajes steel deck são ancoradas às vigas metálicas por meio de conectores de cisalhamento do tipo stud bolt. Trabalhamos com vãos maiores do que aqueles usualmente utilizados, e elementos metálicos inteiramente visíveis, incluindo escadas de aço”, conta Jeferson Luiz Andrade, diretor técnico da Andrade Rezende Engenharia, responsável pelo projeto estrutural. Os fechamentos contam com painéis termoacústicos e brises em seu acabamento.

Painéis em aço foram adotados para os fechamentos externos, conferindo visual moderno à sede da NGC, empresa conhecida por desenvolver soluções tecnológicas inovadoras para indústrias dos setores automotivo, aeronáutico e agrícola

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Silvio Aurichio

> Projeto arquitetônico: Luiz Volpato Arquitetura

> Área construída: 9.019 m² (primeira fase) e 9.000 m² (ampliações)

> Aços empregados: perfis laminados ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); perfis laminados, barras redondas e chapas (E<12.5 mm) ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250); chapas (E>=12.5mm) CIVIL300 - ASTM A572 GR42; tubos ASTM A500 GR; parafusos A325 e A307

> Volume de aço: 700 t

> Projeto estrutural: Andrade e Rezende Engenharia de Projetos

> Fornecimento da estrutura de aço: Tecmetal Estruturas Metálicas

> Execução: Nakid Construções Civil Ltda.

> Local: São José dos Pinhais, PR

> Conclusão da obra: 2013

A área de escritórios tem dois pavimentos. O superior é destinado às áreas diretivas da empresa e setores administrativos. No térreo, há salas de reuniões moduláveis. “Internamente, buscou-se estabilidade visual com poucos revestimentos, trazendo a força dos elementos estruturais em aço e uma comunicação visual acentuada”, afirma Volpato.

Galpão industrial

O módulo fabril é um galpão com duas naves principais e vãos livres de 25 m. O esquema estrutural baseia-se em pórticos constituídos de colunas treliçadas e vigas de alma cheia tipo I. “Sobre essas colunas treliçadas, que suportam duas pontes rolantes nas bordas e no eixo central, subimos uma coluneta que apoia treliças de cobertura”, descreve Andrade.

Os pórticos formados por esse conjunto de pilares, baionetas e treliças de cobertura formam um sistema contraventado por meio de tirantes, os quais suportam terças e longarinas de fechamento. “Sobre elas, foram instalados painéis de fechamento lateral e telhas em aço, com isolamento termoacústico”, detalha Andrade.

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Concluída em 2013, a obra teve execução acelerada, com a fabricação da estrutura em aço quase concomitantemente à montagem em canteiro. Os pilares e as vigas em aço do módulo de escritórios, em sua maioria, apresentam dimensões de 200 x 200 mm nos pilares e 200 x 150 mm nas vigas. No galpão industrial, sobressaem-se os pilares e vigas treliçadas. “Usamos primordialmente perfis laminados parafusados para pilares e vigas”, aponta Volpato.

Nenhuma intervenção foi feita no prédio original, mas foram realizadas, nos últimos dois anos, três novas ampliações, chegando a uma área total construída de mais de 18.000 m2, com 700 toneladas de aço utilizadas. (E.C.L.) M

O aço está presente em todos os setores da edificação. Na área da fábrica, colunas treliçadas e vigas de alma cheia de perfil tipo I, todas em aço, são destaques. Os escritórios, além de pilares e vigas em aço, receberam lajes steel deck. Acima, escadas em aço atendem à circulação vertical

Fotos Silvio Aurichio

IDENTIDADE REFORÇADA

Estrutura e fechamentos em aço conferem visual moderno a edifício corporativo em Curitiba

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Edifício com estrutura mista tem quatro andares e fechamentos em vidro no primeiro andar e em chapas perfuradas, formando grandes brises, nos demais. Automatizados, os brises móveis têm acionamento individualizado

O EDIFÍCIO QUE ABRIGA A NOVA SEDE

do conselho da construtora Triunfo, em Curitiba (PR), foi erguido em um terreno já ocupado por outros dois prédios. O projeto arquitetônico precisava demonstrar harmonia com as outras edificações e, ao mesmo tempo, expressar valores importantes para a companhia, como modernidade e solidez. Para tanto, lançou mão de estruturas e outros elementos em aço para assegurar flexibilidade e visual arrojado ao conjunto.

Com quatro pavimentos, o prédio tem estrutura mista, contando com um núcleo rígido de concreto armado, no qual foram instalados os elevadores, que confere estabilidade horizontal à edificação. Pilares e vigas em aço combinam-se a lajes steel deck e completam o modelo estrutural.

“O projeto revela as estruturas metálicas e traz acabamentos em concreto aparente e vidro”, explica o arquiteto Luiz Volpato. Os fechamentos, conforme descreve, promovem um arranjo orgânico com os detalhes aparentes da estrutura. “O primeiro pavimento é envolto por uma membrana de vidro serigrafado, fixada em sistema spider. Os demais têm uma segunda pele de revestimento com chapas perfuradas e automatizadas, funcionando como brises móveis e com acionamento individual por ambiente – o que resulta em diferentes aspectos estéticos, conforme suas regulagens.”

O primeiro andar abriga a recepção, o centro de controle de operações do grupo e salas de reuniões moduláveis. Nos três pavimentos superiores ficam as salas dos conselheiros, salas de reuniões e um café. “Nessa área, forma-se um bloco que se projeta em balanço, de forma a enfatizar a entrada principal do novo edifício”, aponta Volpato.

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Fotos Silvio Aurichio

Prédio com quatro pavimentos foi executado em estrutura mista. Construção leva pilares e vigas metálicas, além de lajes steel deck A montagem das estruturas ficou pronta em apenas 90 dias

> Projeto arquitetônico: Luiz Volpato Arquitetura

> Área construída: 1.552 m²

> Aços empregados: perfis laminados ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); perfis laminados, chapas e chumbadores ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250); chapas CIVIL 300 - ASTM A572 GR42;tubos ASTM A500 GR e parafusos A325 e A307

> Volume de aço: 125 t

> Projeto estrutural: Andrade e Rezende

Engenharia de Projetos

> Fornecimento do aço: Perfilados Pinhais

> Execução: Nakid Construções

> Local: São José dos Pinhais, PR

> Conclusão da obra: 2015

Treliças nas duas laterais do último pavimento funcionam como tirantes para estruturar os grandes balanços dos pavimentos abaixo delas

O balanço, que suporta os três pavimentos superiores, cobre a escada de acesso principal ao edifício, apresentando-se como elemento arquitetônico de destaque. Do ponto de vista da engenharia estrutural, também foi o balanço o principal desafio dos projetistas.

Conforme explica o engenheiro estrutural Jeferson Rezende, se o projeto tivesse lançado mão de um modelo de estrutura aporticada, o balanço precisaria ser sustentado por vigas, que necessariamente teriam dimensões muito grandes. “Isso não seria compatível com a identidade proposta para o edifício corporativo, além de ser uma solução mais cara”, argumenta.

A alternativa considerada mais adequada, dos pontos de vista arquitetônico e estrutural, além de ser a mais vantajosa financeiramente, foi a de

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A B C D E

trabalhar com tirantes no suporte do balanço. “Nas duas laterais do edifício, criamos uma grande treliça, cujos banzos estão nos níveis das últimas lajes, na altura dos pisos. Os banzos são intercalados com cabos de aço, que se ligam a rótulas articuladas nas extremidades. Cria-se, desse modo, um sistema aparente e mais elegante, do ponto de vista arquitetônico”, descreve Rezende.

Durante a execução, foi necessário planejar um sistema de montagem para que o balanço ficasse escorado até que fossem instalados os tirantes. “Utilizamos escoramentos com vigas metálicas, que depois de retiradas puderam ser reaproveitadas em fábrica”, lembra Rezende.

As etapas de fabricação e montagem da estrutura levaram cerca de 90 dias. Foram empregados perfis de aço laminados parafusados para compor os pilares, com dimensão de 400 x 300 mm e vigas com 300 x 150 mm.

Outros detalhes arquitetônicos também mereceram atenção especial. É o caso dos brises automatizados, projetados especialmente por Volpato para o edifício e desenvolvidos em uma serralheria de pequeno porte. Eles foram executados em chapas galvanizadas perfuradas a laser. “As chapas de aço galvanizadas e perfuradas permitem o completo controle da incidência solar e mantêm a possibilidade de múltiplas vistas do skyline de Curitiba, a oeste, e da Serra do Mar, a leste, mesmo quando totalmente fechados”, conclui Volpato. (E.C.L.) M

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Fotos Silvio Aurichio

VOCAÇÃO EVIDENTE

Estruturas metálicas asseguram grandes vãos e permeabilidade visual à edificação que abriga escritórios em Curitiba

Estruturas metálicas aparentes aliadas ao uso do vidro conferem transparência ao edifício. Abaixo, segunda pele feita de chapas perfuradas é destaque na fachada

UM BOM PROJETO ARQUITETÔNICO deve ser naturalmente inspirador. E quando idealizado para abrigar um escritório de arquitetura e outros dois especializados em projetos estruturais deve ser ainda mais. No edifício OXI, em Curitiba (PR), a premissa fica evidente. No prédio, concebido pelo arquiteto Luiz Volpato, os elementos estruturais contribuem para a criação de uma identidade marcante que reflete o DNA das empresas em seu interior.

Na obra, dois blocos idênticos e paralelos, implantados respeitando a característica longilínea do terreno, dão o tom da construção, que conta com estrutura em aço, lajes em concreto e vedações em chapas de aço e vidro. Tanto os materiais empregados como o layout do edifício, com vãos em exposição, foram importantes para assegurar a permeabilidade visual sem deixar de lado o conforto térmico. “Os vãos permitem uma compreensão clara do corpo do edifício, contribuindo para uma obra atemporal”, diz Volpato.

Leveza estrutural

Para obter uma estrutura leve e que viabilizasse a criação de grandes vãos, o projeto foi idealizado com pilares e vigas em aço com dimensões variáveis, predominando o uso de perfis de 200 x 200 mm nos pilares e de 200 x 150 mm nas vigas. “Usamos perfis laminados parafusados para pilares e vigas. Os fechamentos laterais foram feitos com chapas de aço patinável”, destaca o arquiteto.

As lajes de cada pavimento, simulando borda infinita, foram fechadas com vidro laminado 8 + 8 mm do piso ao teto, permitindo o diálogo dos ambientes internos com o exterior.

A estrutura da cobertura também é em aço; porém, a laje foi executada em concreto pré-moldado com capa de solidarização de 7 cm. Os brises frontais foram executados com barras de aço do tipo vergalhão em seis camadas, amarradas com arame recozido entre si e finalizadas com perfis cartola nas bordas.

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Fotos Silvio Aurichio

> Projeto arquitetônico:

Luiz Volpato Arquitetura

> Área construída: 2.341 m²

> Aço empregado: perfis laminados

ASTM A572 GR50 (ABNT

NBR 7007 AR 345); perfis

laminados ASTM A36 (ABNT

NBR 7007 MR 250)

> Volume de aço: 160 t

> Projeto estrutural: Andrade

Rezende Engenharia de Projetos

> Fornecimento da estrutura:

Perfilados Pinhais

> Execução da obra: PJ Engenharia

> Local: Curitiba, PR

> Conclusão da obra: 2011

Ao lado, visão geral do conjunto que conta com fachadas em chapas de aço patinável. Abaixo, detalhe da estrutura. O partido arquitetônico usou de contraventamento da estrutura como um forte elemento visual na fachada

A definição pelo uso do aço no projeto foi decorrência – além das características do material – de uma preferência pessoal do autor pelo resultado estético que o material confere ao produto acabado.

Escolha sustentável

A atenção com a sustentabilidade pautou diversos aspectos do projeto, a começar pela escolha de materiais que dispensam o uso de acabamentos, como o aço, o concreto lapidado, a madeira de demolição e o vidro. “Não usamos tintas e também nos preocupamos com o consumo de energia. Criamos ambientes que dispensam luz artificial durante o dia, usamos brises para minimizar o uso de ar-condicionado e, ainda, lançamos mão de sistemas de aproveitamento de água e contenção de cheias.” Essas estratégias combinadas foram essenciais para, na visão do arquiteto, ajudar a reduzir as exigências de processos de manutenção no edifício, colaborando para ampliar sua resistência à ação do tempo. (G.C.) M

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Gustavo Oliveira/Site Oficial do CAP Divulgação

CARTÃO-POSTAL RESTAURADO

Obra de recuperação utiliza aço de ultrarresistência para capacitar a ponte Hercílio Luz a atender às demandas atuais

EM ANDAMENTO há mais de uma década, a restauração da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis (SC), é um dos projetos de mobilidade mais importantes para a população da região. A reabilitação da via, inaugurada em 1926, devolverá à cidade um importante equipamento, tombado como Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do município

E não só isso. Também dará maior sobrevida ao sistema viário da região. Uma vez restaurada, espera-se que absorva até 20% do trânsito de outras duas pontes que atualmente conectam o continente à ilha de Santa Catarina. “Além da sua importância, esta é uma obra de muita complexidade técnica”, diz o engenheiro responsável pela

Daniel Wiedemann

fiscalização dos trabalhos, Wenceslau Diotallevy, do Departamento Estadual de Infraestrutura – Deinfra-SC.

Segundo o profissional, a intervenção foi necessária não apenas para recuperar a estrutura metálica dos efeitos do tempo, mas para adaptar a ponte ao aumento de carga e aos veículos que hoje transitam pelo local, em quantidade muito superior à estimada no início do século passado.

Alta complexidade

A obra em Florianópolis tornou-se ainda mais desafiadora em função de características específicas do projeto original. A Hercílio Luz é uma ponte pênsil de 5 mil toneladas, sustentada por um sistema de barras de olhal. Tem comprimento total de 819,5 m, sendo 259 m de viaduto insular, 339,5 m de vão central e 221 m de viaduto continental.

Sustentada por duas torres de 74 m de altura e 12 torres secundárias, tem altura de vão – em relação ao nível de maré média – de quase 31 m, além de carga total nas cadeias de barras de olhal de 4 mil toneladas-força. Seu vão central faz da Hercílio Luz uma das maiores pontes pênseis – e a última com barras de olhal incorporada à treliça – do mundo. Para o seu restauro, foram previstos a substituição de aparelhos de apoio das torres principais, reforço e recuperação de fundações, além da reabilitação da estrutura metálica e substituição de barras de olhal, celas e pendurais. A troca do tabuleiro, inicialmente construído com longarinas metálicas e pranchas de madeira, por outro confeccionado com placas ortotrópicas de aço, também foi especificada no projeto, que, segundo Diotallevy, teve na troca das barras de olhal o seu principal desafio.

> Projeto arquitetônico: Robinson & Steinman (projeto original)

> Projeto de restauro: RMG Engenharia

> Área construída: 821 m

> Aço empregado: aço de ultraresistência, da classe de 100 kgf/mm² de limite de resistência

> Volume de aço: 2.000 t

> Fornecimento do aço:

Usiminas Mecânica

> Execução: Construtora

Teixeira Duarte

> Local: Florianópolis, SC

> Conclusão da obra: 2018

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Para viabilizar o serviço, foi preciso realizar a transferência de carga de todo o vão central para uma estrutura provisória, composta por cinco treliças de aço com bases apoiadas em fundações independentes. A estrutura provisória foi transportada de balsa até a ponte e içada por cabos com a ajuda de macacos hidráulicos. Toda a operação foi monitorada por meio de levantamentos topográficos e dados coletados de sensores posicionados na estrutura.

Outro ponto crítico foi garantir que as barras de olhal fossem confeccionadas com material capaz de atender às necessidades de alta resistência mecânica e durabilidade, uma vez que realizar serviços de reparos no local é extremamente complicado.

Por essa razão, foi necessária a especificação de um novo aço de ultrarresistência mecânica para o projeto, com 980 MPa (100kgf/mm2) de

limite de resistência. Produzido pela técnica de resfriamento acelerado Continuous Online Control (CLC), trata-se de um dos aços mais nobres obtidos por um método de produção de chapas grossas, de acordo com o especialista de produto da Usiminas Mecânica, Leonardo de Oliveira Turani. “Com o método, foi possível desenvolver um aço capaz de apresentar, simultaneamente, alta resistência mecânica e elevada tenacidade, além de um desempenho superior no que diz respeito à soldabilidade.”

Em função de todas as particularidades da ponte, o trabalho de restauração foi praticamente artesanal. “Os rebites de ferro, por exemplo, precisaram ser retirados um a um para serem, posteriormente, substituídos por elementos equivalentes em aço”, explica Diotallevy. Somente no vão central a estimativa é que 200 mil rebites sejam trocados por peças equivalentes e de maior resistência à corrosão. (J.N.) M

Transferência de carga do vão central para uma estrutura provisória com cinco treliças de aço apoiadas em fundações independentes foi necessária para não sobrecarregar a estrutura existente durante os trabalhos de recuperação da ponte

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Fotos Deinfra/Paulo Knoll

INTERVENÇÃO SOB MEDIDA

Aço confere roupagem moderna ao Mercado de Florianópolis, instalado em um edifício tombado pelo Patrimônio Histórico

PROJETADA PELA DUPLA de arquitetos Gustavo Correia Utrabo e Pedro Lass Duschenes, a cobertura do vão central do Mercado Público de Florianópolis (SC) tem o aço como protagonista. Presente nas colunas de apoio, na viga principal e nas vigas secundárias, o sistema foi decisivo para superar o desafio de vencer um grande vão de 57 m com a menor seção possível, o que conferiu agilidade e leveza à obra.

Para que fosse executada com o mercado funcionando a pleno vapor, a nova cobertura

deveria ser instalada rápida e eficientemente. Nesse sentido, o uso do aço colaborou para minimizar o efeito da intervenção. Segundo Duschenes, a escolha de outro sistema até poderia trazer ganhos de altura, mas eliminaria a leveza necessária ao novo elemento construtivo, que deveria ser inserido sem interferir na edificação já existente, tombada pelo Patrimônio Cultural Municipal. A proposta de criação da nova estrutura com interferência mínima nas antigas instalações garantiu aos sócios do escritório Aleph

Para vencer um vão de 57 m sem alterar a estrutura já existente, o aço foi especificado nas colunas de apoio e nas vigas principais e secundárias do projeto

Zero, criado em 2012, o prêmio do concurso nacional promovido pelo Instituto de Planejamento Urbano (Ipuf), em 2013, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil de Santa Catarina (IAB-SC) para reconfigurar o vão central do Mercado Público de Florianópolis.

Impacto mínimo

Além de manter a integridade dos edifícios, os autores tiveram a preocupação de criar uma estrutura que causasse o menor impacto possível nas fundações já existentes. A nova cobertura retrátil se apoia em apenas duas colunas de aço, dispostas de modo alinhado com as colunas existentes, que já orientavam a circulação de acesso ao vão central, hoje ocupado por restaurantes.

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Fotos Felipe Russo

> Projeto arquitetônico: Aleph Zero Arquitetura

> Área construída: 1.015 m²

> Aço empregado: ASTM A588

(ABNT NBR 7007 AR 350COR)

> Volume de aço: 72 t

> Projeto estrutural: Andrade Rezende Engenharia de Projetos

> Execução da obra: Esphera Sul

> Local: Florianópolis, SC

> Conclusão da obra: 2016

A solução evitou que as novas fundações interferissem perigosamente no embasamento dos edifícios. “Foi uma solução muito apropriada, pois durante a execução encontramos uma cisterna enterrada nas proximidades de um dos apoios propostos”, relembra Duschenes.

Sobre as duas grandes colunas de apoio, distantes 22,8 m entre si, apoia-se a grande viga longitudinal de 57 m, que sustenta as vigas transversais em formato V.

Outro destaque do projeto da dupla Utrabo e Duschenes é o uso de um sistema de membranas opacas brancas de poliéster retráteis no lugar das telhas tradicionais. Além de garantir graus diversos de luminosidade e conforto térmico, o elemento pode ser retraído a partir de um sistema automatizado, permitindo a visualização desobstruída do céu quando desejado.

Desafios estruturais

De acordo com Jeferson Luiz Andrade, diretor técnico da Andrade Rezende, a tipologia da estrutura deveria atender não apenas à forma plástica escolhida pelos arquitetos, como também aos esforços solicitantes. “Como se trata de uma estrutura do tipo asa, os esforços de vento eram muito significativos e não poderiam produzir deformações excessivas e incompatíveis com o sistema de membrana retrátil utilizada”, observa Andrade.

A viga central de perfil caixão, lembra o diretor, foi o elemento fundamental para controlar a deformação dos balanços laterais.

Ao todo, a estrutura consumiu 72 toneladas de aço patinável ASTM A588, resistente à corrosão atmosférica e com alta resistência mecânica. O sistema aplicado sobre a estrutura é composto por uma caixilharia leve de alumínio, membranas retráteis e mecanismo motorizado de abertura. (G.C.) M

Cobertura com membranas opacas brancas de poliéster retráteis favoreceu a luminosidade e trouxe conforto térmico adicional à edificação

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Felipe Russo

INSPIRAÇÃO NAVAL

Estrutura metálica confere caráter moderno e diferenciado a uma pousada em Santa Catarina

Acima, visão da pousada estruturada em aço. Abaixo, pilares tubulares em aço conferem identidade visual à pousada localizada na praia do Estalerinho, próximo ao Balneário Camboriú

EXECUTADO NO INÍCIO dos anos 2000, o projeto do arquiteto Hugo Nieto desafiou a cultura local da construção civil ao usar o aço na estrutura de uma pousada erguida na praia do Estalerinho, próximo ao Balneário Camboriú (SC).

A proposta, recebida com entusiasmo pelo proprietário do local, atendeu à exigência de transparência visual além de conferir rapidez de execução e, sobretudo, arrojo estético ao empreendimento. Com os blocos de apartamentos e do restaurante separados, o projetista apostou em um desenho que remete a um ambiente naval, com grandes vãos livres, pilares inclinados, estais tubulares e deques de madeira.

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Fotos Arquivo pessoal PJ Engenharia

Na pousada, estruturas em aço recriam ambiente naval, com grandes vãos livres, pilares inclinados, estais tubulares e deques de madeira

O ineditismo do uso dos elementos metálicos à beira-mar exigiu, da equipe responsável pelo projeto estrutural, atenção especial na seleção de materiais e tratamentos específicos para garantir a proteção contra a corrosão agressiva da névoa salina. A solução, segundo Marcos Antonio Polli, sócio-diretor da PJ Engenharia, empresa responsável pelo projeto estrutural, foi usar o aço patinável, jateado e pintado. “Na época, os perfis em aço laminados ainda não estavam disponíveis no mercado, por isso utilizamos os perfis eletrossoldados”, conta o engenheiro.

Navio fora do mar

Estes perfis permitiram a construção de vigas customizadas, facilitando o projeto e otimizando o peso. Para evitar que houvesse qualquer comprometimento à proteção anticorrosiva que seria aplicada, foram removidos pontos de irregularidade no cordão de solda das peças, as quais foram tratadas com jateamento de granalha de aço para remover sujidades ou outros resíduos. Receberam, ainda, pintura com shop primer (técnica provisória para a proteção das superfícies jateadas) e aplicação de um selante de poliuretano sobre a região da solda, de modo que as camadas subsequentes de pintura encontrassem um substrato uniforme nesta região.

O projeto estrutural levou em conta não apenas as características do aço escolhido, mas também o comportamento solidário de materiais tão diferentes como madeira, vidro, concreto, lajes steel deck e telhas metálicas com materiais termoisolantes. Esses elementos seriam combinados em um projeto pouco convencional, com pilares inclinados, vigas de seção variável e formas orgânicas em algumas paredes.

“Quando o projeto foi concebido, os softwares de cálculo estrutural eram ainda desenvolvidos em linguagem DOS, nem sempre se comunicando diretamente com os softwares de desenho, o que acarretava muitas horas de interação entre as atividades de cálculo e de desenho. Qualquer alteração, natural no desenvolvimento de obras complexas, demandava muitas noites em frente aos computadores”, relembra Polli.

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> Projeto arquitetônico: Hugo Nieto

> Área construída: 2.400 m²

> Aço empregado: ASTM A588 (ABNT NBR 7007 AR 350COR)

> Volume de aço: 84 t

> Projeto Estrutural: PJ Engenharia

> Fornecimento da estrutura: PJ Engenharia

> Execução da obra: PJ Engenharia

> Local: Balneário Camboriú, SC

> Conclusão da obra: 2002-2003

Pronta entrega

A fabricação dos componentes da estrutura foi planejada em sintonia com o cronograma de montagem, onde cada lote fabricado – equivalente a uma carreta rodoviária – era enviado imediatamente para o tratamento e, posteriormente, para a obra. O procedimento minimizou o espaço de estoque e permitiu que a fabricação fosse totalmente feita na oficina da PJ Engenharia.

A estrutura foi montada em campo com o auxílio de serviços de topografia para garantir que a geometria projetada fosse alcançada e que os elementos estruturais pré-fabricados se encaixassem perfeitamente. (G.C.) M

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Fotos Arquivo pessoal PJ Engenharia

REFERÊNCIA LOCAL

Projeto premiado da região portuária de Itajaí, em Santa Catarina, busca inspiração no entorno para sua concepção

A DEGRADAÇÃO

URBANA frequentemente observada em regiões portuárias do país representa um grande desafio para arquitetos e urbanistas. Muitos projetos nessas áreas buscam a revitalização arquitetônica pelo resgate das construções originais; outros, pela implantação da estética contemporânea. Já o arquiteto Rodrigo Kirck buscou inspiração em um dos elementos plásticos mais característicos dos portos – os contêineres – para criar, em 2016, a sede do seu escritório. O projeto foi eleito a melhor obra da categoria Arquitetura Pré-Fabricada no 5th Architizer A+Awards no ano seguinte.

Apelidado de “Container”, o projeto procurou atingir uma série de objetivos: apresentar um modelo conceitual, interagir com as questões da sustentabilidade, propor uma construção modular industrializada e possibilitar um resultado estético de impacto e com forte expressão. “O projeto tem como base conceitual o resgate da simbologia que o módulo contêiner representa para a cidade, que tem

toda a sua economia e história estruturada pelo seu rio principal e pelo porto de cargas. O uso de módulos contêineres incorporou um resgate afetivo na discussão da importância ‘do que se vivencia’ dentro desses espaços”, afirma o arquiteto.

A construção utilizou quatro unidades de contêineres reciclados de aço de alta resistência à corrosão para compor sua modulação, conectados por perfis tubulares em aço e, também, perfis laminados. São dois volumes paralelos, cada um com dois contêineres sobrepostos, ligados por um sistema de abertura zenital, que “afasta” os volumes, abriga as circulações verticais e reduz o uso de iluminação artificial.

A equipe de Rodrigo Kirck respondeu por todas as etapas do projeto: do desenho arquitetônico, passando pelos cálculos estruturais e projetos executivos até a execução da obra. Em todas elas, o viés da sustentabilidade figurou como meta. “Buscamos desenvolver um projeto modular, ecológico e pré-fabricado, com zero de desperdício na fase construtiva”,

Construção que abriga escritório de arquitetura foi idealizada a partir de quatro contêineres em aço, conectados por perfis metálicos

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Fotos Alexandre Zelinski

afirma. Após o dimensionamento, os perfis foram encomendados à empresa que forneceu as estruturas em aço, muitas delas cortadas a laser. As instalações foram feitas in loco por mão de obra especializada, com nivelamentos em três dimensões e soldas de alto desempenho.

O principal desafio do projeto, segundo o arquiteto, foi de ordem dimensional, dada a modulação em contêineres. “Ficamos limitados ao uso de espaços com larguras inferiores a 2,4 m, o que restringe as opções para o layout interno”. A montagem também exigiu atenção especial, com a instalação de algumas estruturas não convencionais, como uma escada pendurada no vão entre os contêineres.

O espaço do escritório foi concebido com dois pavimentos: o térreo abriga sala de reuniões, lavabos, biblioteca, sala técnica, copa e varanda externa; o superior foi destinado à sala de produção, em sistema open plan, sobre a qual foi instalado um terraço jardim. “Inicialmente, teríamos um terraço jardim sobre os contêineres, com uso de forração gramínea simples. Porém, durante a obra, percebemos

Acima, escada em aço instalada no vão entre os contêineres confere identidade visual ao projeto, que conta com perfis metálicos também no segundo pavimento para melhor divisão das áreas de trabalho

> Projeto arquitetônico: Rodrigo Kirck Arquitetura

> Área construída: 135 m²

> Aço empregado: aço de alta resistência à corrosão e perfis estruturais ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250); perfis em barras chatas e tubulares retangulares

> Volume do aço: 16 t

> Projeto estrutural: Rodrigo Kirck Arquitetura

> Fornecimento da estrutura de aço: Megaço

> Execução da obra: Rodrigo Kirck Arquitetura

> Local: Itajaí, SC

> Conclusão da obra: 2016

Módulos foram içados e instalados aos pares no térreo e no segundo pavimento. A luminosidade e a ventilação naturais foram asseguradas por uma abertura zenital entre os volumes

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que estávamos circundados por diversas edificações de grande altura, que nos olhavam diariamente de cima, o que nos levou a projetar um jardim mais complexo, com sistema de iluminação noturna, para ser mais agradável e fomentar a qualidade dos espaços nos nossos vizinhos”, comenta o arquiteto. Os “telhados-jardins” cumprem, ainda, as funções de reduzir o impacto da radiação solar, captar a água da chuva para reuso e servir de reservatório de águas pluviais, diminuindo o impacto no sistema de coleta pública.

“Vejo o ‘Container’ como um laboratório. Um espaço repleto de significados, em que foram divididas memórias com uma equipe de arquitetos e somadas experiências com outros profissionais de criação em design, fotografia e arte, em um processo de coworking. O resultado é uma verdadeira multiplicação de inspirações”, analisa o arquiteto. (A.L.) M

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Fotos Alexandre Zelinski

MONTA E DESMONTA

UMA RESIDÊNCIA COM ESTRUTURA METÁLICA e fechamento de painéis em vidro, que pode ser montada e desmontada em até três semanas e realojada em qualquer outro terreno. Essa foi a proposta dos arquitetos Abreu Junior e Beatriz Kubelka para a casa, montada na mostra de arquitetura Casa Nova 2008, e remontada no Morro das Pedras, no litoral de Florianópolis (SC).

O uso do aço como elemento estético e funcional foi a solução construtiva para garantir flexibilidade ao conjunto. “O conceito era de que a casa pudesse ser realocada em outro terreno, e por isso sua estrutura, cobertura e piso foram pensados para a situação”, diz Marcos Antonio Polli, sócio-diretor da PJ Engenharia, responsável pelo projeto estrutural.

A definição de que a casa seria montada posteriormente em áreas costeiras, onde estaria sujeita a agressões de uma atmosfera salina e ventos intensos, foi importante para a escolha dos materiais. Para a execução, perfis em aço de alta resistência à corrosão foram empregados.

No piso, a opção foi por painéis de 4 cm em fibrocimento e recheio em madeira autoclavada na área interna da casa. Externamente, deques de madeira modulares contornam a residência. Na cobertura, foram utilizadas telhas térmicas sem emendas no sentido transversal, com miolo de EPS 30 mm. As calhas e demais vedações foram embutidas em um perfil de acabamento aplicado no perímetro, que ajudaram a manter o layout retilíneo sem interrupções.

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Casa modular em aço foi projetada para ser rapidamente desmontada e reconstruída em outro local Felipe Arruda Felipe Arruda Arquivo pessoal PJ Engenharia

Leveza estrutural

Os fechamentos em vidro precisavam de perfis resistentes a deformações. Considerando as áreas de piso e cobertura, a taxa de consumo de aço da estrutura foi de 27 Kgf/m2, índice semelhante ao de mezaninos comerciais. "Esta taxa de consumo de aço, mais tarde também verificada em outras obras, demonstra que a construção residencial em aço é tão competitiva quanto a convencional, mas quando idealizada para esta finalidade”, diz Polli.

Como vantagem adicional, o baixo peso da construção implicou em cargas reduzidas para as fundações. A proteção das estruturas também exigiu atenção. Apesar da utilização do aço patinável, caracterizado por sua alta resistência à corrosão, a presença de cloretos e demais compostos iônicos transportados pela névoa salina demandou tratamento diferenciado à construção. Na casa, os perfis foram tratados por jato abrasivo até a completa remoção da carepa de laminação para, posteriormente, serem protegidos com primer epóxi até atingirem a espessura recomendada pelo fabricante.

Alterações estruturais

Na realocação das estruturas para o litoral, os pilares em aço foram apoiados sobre bases de concreto para elevar a casa e a ampliar o horizonte visual a partir das varandas. A estratégia possibilitou, ainda, a criação de espaço para a garagem. O deque externo, que contorna a residência, também foi ampliado para receber ofurô e área de lazer. A desmontagem na Mostra Casa Nova 2008 foi feita em apenas três dias. Já a montagem da residência no Morro das Pedras foi concluída em 15 dias. “As fases de projeto estrutural, aquisição de materiais, fabricação e tratamento consumiram mais tempo, cerca de 30 dias”, relembra Polli. (G.C.) M

> Projeto arquitetônico: Abreu Junior Arquitetura Eireli

> Área construída: 112 m²

> Aço empregado: perfis em aço de maior resistência à corrosão ASTM

A588 (ABNT NBR 7007 AR 350COR)

> Volume de aço: 6 t

> Projeto estrutural: PJ Engenharia

> Fornecimento da estrutura de aço: PJ Engenharia

> Execução da obra: PJ Engenharia

> Local: Florianópolis, SC

> Conclusão da obra: 2008

Montagem das vigas e pilares em aço, que compõem toda a estrutura da casa, foi concluída em apenas 15 dias no litoral de Santa Catarina

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Fotos Arquivo pessoal PJ Engenharia

Emerson Vidigal é arquiteto do Estúdio 41 Arquitetura, escritório de Curitiba (PR) formado por profissionais interessados na solução dos desafios arquitetônicos das cidades. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), é doutor em Projeto de Edificações pela USP (Universidade de São Paulo) e também professor da disciplina de Projeto de Arquitetura na UFPR. Autor de inúmeras obras premiadas, assina, entre outras, o projeto da Estação Antártica Comandante Ferraz e da Sede da Fecomércio do Rio Grande do Sul, ainda em execução e que deve ficar pronta até o fim deste ano.

Arquitetura&Aço – O Estúdio 41 tem uma trajetória de sucesso na criação de projetos contemporâneos, muitos deles pensados para concursos nacionais e internacionais. Quais motivos os levaram a apostar nesse tipo de atuação?

Emerson Vidigal – Acreditamos nos concursos de arquitetura como uma forma democrática de atuação, pois facilitam o acesso de jovens profissionais ao mercado de trabalho. Nosso ingresso – meu e de outros sócios do escritório – nos concursos começou ainda na universidade e continuou no início da nossa vida profissional. Já participei de incontáveis competições dessa natureza. Venci em 12 ocasiões, sete delas pelo Estúdio 41.

AA – Considerando apenas os projetos estruturados em aço, quantos foram concebidos nesse sistema construtivo?

EV – Idealizamos por volta de 15 projetos com estruturas em aço. A maioria para concursos de arquitetura. Estão em execução atualmente o da Estação Antártica Comandante Ferraz e o do Centro de Convivência da nova sede da Fecomércio do Rio Grande do Sul.

AA – Quais aspectos destacaria nesses projetos?

EV – Os dois têm peculiaridades interessantes. O Centro de Convivência da Fecomércio tem uma estrutura em dupla treliça, com vão de 70 m e balanço de 30 m em uma das extremidades.

Imaginamos que essa será uma das maiores estruturas deste tipo no Brasil. Já o projeto da Estação Antártica Comandante Ferraz é, de fato, emblemático. Um edifício que marca a presença brasileira na região antártica, dentro de um espaço geopolítico importante. As condições adversas do local foram inspiradoras para a concepção do projeto: optamos por uma estrutura em aço de alta resistência mecânica para resistir a ventos de 200 km/h e temperaturas que podem chegar a -30ºC no inverno. Era essencial garantir proteção e conforto para os ocupantes, com o menor impacto ambiental possível. O isolamento do restante do mundo também impunha condições especiais para a execução; enfim, uma situação que não se encontra em qualquer momento.

AA – Pensando na adoção da construção em aço na região Sul do Brasil, como avalia a aceitação desse sistema?

EV – No Sul do país, estamos começando a trilhar um caminho em que a industrialização e a pré-fabricação são parte do vocabulário arquitetônico do dia a dia. Ainda é um movimento lento, como tudo que cerca a ideia de construção, mas acreditamos no potencial desse processo de fabricar antes e montar no canteiro. O uso do aço já é bastante presente em projetos industriais e de infraestrutura; aos poucos, essa tecnologia está entrando também nas edificações de outros segmentos, como hotelaria e centros comerciais. O modelo de negócio do empreendimento é

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AÇO E CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
Acervo pessoal

uma variável determinante nas decisões. Em situações em que é importante contar com maior rapidez na execução da obra para reduzir o prazo de retorno do investimento, a opção pelo uso do aço é favorecida.

AA – Além da velocidade construtiva, quais os principais benefícios percebidos na adoção da construção em aço e quais as barreiras para ampliar sua participação no mercado da região? EV – Como comentei, alguns clientes entendem as vantagens de construir com o aço e sua aceitação é natural. Questões relativas ao ciclo de vida do edifício, ao processo de montagem e desmontagem e à possibilidade de se evitar desperdícios sempre ajudam na argumentação da escolha pelo sistema construtivo. Mas creio que ainda é necessário reforçar o conhecimento e criar uma cultura junto à população da região para que sejam melhor percebidas as situações em que a construção em aço propicia benefícios interessantes se comparada às demais tecnologias. Também precisamos lidar com o fato de que o preço do material sempre será importante na tomada de decisão de projeto. Se o preço não é tão favorável em algumas situações – uma vez que se trata de uma commodity com cotação definida no mercado internacional –, o argumento de construir em aço deve levar em conta outras vantagens que o tornam competitivo. Entendo que as mais relevantes são o tempo que se ganha, a leveza do material e a eliminação de desperdício.

AA – Em sua opinião, a cadeia de fornecedores está preparada para atender adequadamente à demanda por obras em aço na região Sul, considerando a disponibilidade de serviços e materiais?

EV – Acredito que o mercado esteja preparado para atender à demanda, caso esta realmente se imponha.

AA – Baseado em sua atividade acadêmica, como avalia a formação de novos profissionais para projetar em aço nas universidades brasileiras? O que poderia ser melhorado neste quesito?

EV – Temos cada vez mais estudantes trabalhando com esse material. Os concursos do CBCA são um grande incentivo nessa direção. Contudo, ainda precisamos trabalhar mais com as noções de concepção estrutural. Temos poucos profissionais capacitados para o cálculo e dimensionamento de projetos em aço, mas temos ainda menos gente capacitada para compreender e conceber sistemas estruturais de forma adequada. A concepção, nesse sentido, é parte fundamental da decisão da estratégia projetual. Se não conseguimos entender isso, continuaremos repetindo modelos desgastados à exaustão. (E.Q.) M

A reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira que foi parcialmente destruída em um incêndio em 2012, foi projetada com elementos pré-fabricados em aço de alta resistência à corrosão atmosférica para minimizar a necessidadede de manutenção e suportar as condições da ambientais da região

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“ Entendo que o tempo que se ganha, a leveza do material e a eliminação de desperdício são as vantagens mais relevantes da construção em aço

DNA DE AÇO

Executado inteiramente em aço, centro empresarial é o único edifício da região Sul a contar com a certificação LEED Platinum

CONSTRUÍDO EM AÇO pela Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), em Porto Alegre, o centro empresarial DNA do Aço é mais uma prova de que não existem barreiras técnicas ou econômicas para a utilização do material em qualquer tipo de edificação.

O edifício, que tem 13 andares, foi concebido, desde o início, para ser uma referência para o setor. “Sua elaboração começou em 2014, fundamentada no princípio de que os elementos metálicos seriam empregados não só na estrutura, mas em todos os sistemas possíveis da edificação”, diz a arquiteta Maria Bernadete Sinhorelli, da JMBS Arquitetura e Construções,

responsável pelo projeto e pelo gerenciamento da obra. Desta forma, diferentemente do modelo estrutural que vem sendo empregado em muitas edificações multiandares, que combina núcleo rígido em concreto com estruturas metálicas, neste caso tanto o núcleo como as demais estruturas são inteiramente em aço. Nos pavimentos com área de 356 m2, até mesmo a estrutura da fachada é complementada por pilares em aço de contraventamento, que se repetem em pontos internos da construção. “A obra recebeu perfis soldados NBR 7007 AR 350 e laminados A572 GR50 (AR 350)”, detalha Eduardo Giacomello, gerente de

As estruturas em aço foram expostas ao máximo na fachada para reforçarem a identidade pretendida e contribuírem com a estética da obra, conferindo maior leveza ao edifício

Fotos JMBS 37 &ARQUITETURA AÇO

contratos da Medabil, empresa que responde pelo projeto estrutural do edifício. Foram utilizadas lajes steel deck, o que colaborou na produtividade da obra.

Beleza e aproveitamento interno

A utilização de pilares e vigas exclusivamente em aço garantiu um melhor aproveitamento do espaço interno e possibilitou flexibilidade de layouts. As estruturas em aço também foram importantes para conferir esbeltez e leveza ao edifício. “Fizemos o maior número possível de exposições da estrutura em diferentes áreas da fachada. Os contraventamentos, por exemplo, foram todos evidenciados para que pudessem ser vistos do lado de fora, através da pele de vidro do edifício”, aponta Sinhorelli.

Para alcançar esse propósito, uma série de estudos foram contemplados com o intuito de identificar o vidro que apresentasse desempenho térmico e acústico mais adequado. “Também previmos o uso de um material que não trouxesse problemas de reflexividade ou transparência excessiva”, completa.

A fachada é composta, ainda, por brises do tipo bandeja de luz e duas linhas de placas

fotovoltaicas – já que o edifício tem capacidade de geração de energia.

Segundo Giacomello, a execução não poderia ter sido concluída em um prazo melhor: toda a estrutura do edifício foi entregue em apenas quatro meses graças a um planejamento minucioso de logística e montagem, que garantiu a quase inexistência do canteiro de obras. “Trabalhamos com o conceito de construção just in time. Os caminhões chegavam com as peças necessárias para a montagem do dia de acordo com o sequenciamento necessário”, explica Sinhorelli. O processo de engenharia e fabricação foi dividido em lotes, de acordo com o plano de montagem. Cada lote compreendia três pavimentos, que, uma vez montados e finalizados, eram liberados para a execução dos demais trabalhos civis.

Custos controlados

A compatibilização entre os projetos dos diferentes sistemas foi mais efetiva, uma vez que a estruturação em aço trouxe a possibilidade de adaptação a diversos materiais, o que gerou significativa redução de custos e de desperdício de insumos. Não por acaso, o edifício foi contemplado com a certificação LEED Platinum.

Além do uso racional de recursos construtivos e da limpeza do canteiro, o prédio atende a uma variada gama de demandas ambientais, como a certificação dos materiais utilizados, reaproveitamento de água da chuva nos sanitários e telhado verde, sendo, atualmente, o único da região Sul a contar com esta certificação.

O centro empresarial também conta com áreas de estacionamento no subsolo, segundo e terceiro andares, além de um centro de convenções, com auditório e salas de reunião para uso dos condôminos. A AARS está sediada no quarto pavimento – os demais, até o 12º andar, foram projetados para acomodar divisão em até quatro conjuntos independentes, conforme a necessidade. No 13º andar, há ainda uma área de convivência com vista panorâmica da cidade de Porto Alegre, assim como equipamentos técnicos. (E.C.L.) M

> Projeto arquitetônico: JMBS Arquitetura e Construções Ltda.

> Área construída: 7.091 m²

> Aço empregado: perfis estruturais ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR345) e ASTM A653 GR40; tubos de aço ASTM A618I; chapas de aço pré-pintadas

> Volume de aço: 528 t

> Projeto estrutural: Medabil Soluções Construtivas

> Fornecimento de aço: Medabil Soluções Construtivas

> Execução: JMBS Arquitetura e Construções Ltda.

> Local: Porto Alegre, RS

> Conclusão da obra: 2017

A fachada incorpora equipamentos que contribuem para a sustentabilidade do edifício, como os brises em aço e placas fotovoltaicas. Prédio é o único da região Sul a receber a certficação

LEED Platinum

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Fotos JMBS
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ORLA RENOVADA

Intervenção na margem do Guaíba, em Porto Alegre, combina estruturas em aço com madeira, concreto e vidro em busca de durabilidade, leveza e harmonia

UM CONJUNTO DE INTERVENÇÕES arquitetônicas e urbanísticas transformou a orla do Rio Guaíba, na região central de Porto Alegre (RS), em um dos pontos de lazer e turismo mais importantes da cidade. Mirando na durabilidade e na baixa necessidade de manutenção, os arquitetos responsáveis privilegiaram o uso de materiais sem revestimento, dando ao aço um papel especial no projeto do novo parque urbano.

A intervenção foi feita em uma área de 56,7 ha, ao longo de 1,5 km da margem do Guaíba. Além da recomposição ambiental e paisagística, a intervenção incluiu equipamentos como passarelas, um ancoradouro, áreas esportivas, cafés, bares e sanitários.

“Queríamos que a obra fosse discreta e que os ângulos e paisagens, conforme se caminha, não fossem molestados. Ela não é protagonista, o protagonista é a paisagem”, define Fernando Canalli, coordenador de projetos e acompanhamento de obras do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados.

Como explica Canalli, os quatro materiais empregados nos equipamentos – aço, concreto, madeira e vidro – não tiveram nenhum tipo de revestimento ou pintura, de forma que será muito menor a necessidade de manutenções periódicas.

“O aço tem elevadíssima resistência à corrosão, mas para adquirir ainda mais longevidade foi galvanizado a fogo. Nos elementos aparentes, tiramos partido das propriedades e da estética do aço patinado”, acrescenta Jeferson Andrade, projetista de estruturas metálicas.

De acordo com Andrade, a própria natureza dos equipamentos e estruturas instaladas conduziu à escolha do aço. “As passarelas metálicas, que avançam rio adentro, deveriam ser esbeltas e ter transparência, de forma que optamos pelo piso grade. Essa leveza é natural das estruturas metálicas”, avalia.

Aço tem papel de destaque no projeto do novo parque urbano, que conta com passarelas, ancoradouro, áreas para esporte, ciclovia, restaurante, bares e sanitários

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Leonardo Finotti

resultado estético ao conjunto

A versatilidade do aço e a rapidez e simplicidade no processo construtivo que ele possibilita, aponta o arquiteto Canalli, também contribuíram para que fosse adotado no projeto. “Toda a estrutura metálica foi fabricada na indústria, com precisão rigorosa nas furações e comprimentos. A maioria das vigas foi parafusada, ocorrendo pouquíssimas soldagens”, recorda.

> Projeto arquitetônico: Jaime

Lerner Arquitetos Associados

> Área construída: 56,7 ha

> Aço empregado: perfis laminados

ASTM A572 GR50 (ABNT NBR

7007 AR 345); ASTM A36

(ABNT NBR 7007 MR 250)

e ASTM A588 (ABNT NBR 7007 AR 350COR)

> Volume de aço: 840 t

> Projeto estrutural: Andrade

Rezende Engenharia de Estruturas

> Fornecimento da estrutura de aço: SH Estruturas Metálicas

> Execução da obra: Consórcio Orla

Mais Alegre – Procon Construções e Sadenco Sul Americana

> Local: Porto Alegre, RS

> Conclusão da obra: 2018

As estruturas metálicas também aparecem no deque do ancoradouro de embarcações. Estruturado com tubulões de concreto aparente e vigamento de aço, ele foi recoberto com madeira de alta resistência. Os bancos distribuídos por todo o parque seguiram a mesma combinação: estrutura em aço e cobertura com pranchas de madeira. O aço ainda tem presença importante nos 46 postes metálicos que fazem a iluminação da orla. Com luz de LED, os postes são inclinados para permitir maior alcance da luminosidade.

O projeto incluiu, ainda, um restaurante “flutuante”, batizado de Quase Meia Noite por Jaime Lerner – e que recebeu do operador o nome

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Os postes de iluminação receberam uma inclinação para ampliar o alcance da luminosidade. Foram instalados 46 postes em aço, trazendo um belo Fotos Leonardo Finotti

comercial de Orla 360. “Um núcleo de concreto suporta a estrutura radial de aço, com 12 vigas, em alusão a um relógio. O piso de vidro permite a visualização das águas do Guaíba. Os fechamentos laterais são igualmente em painéis de vidro”, descreve Andrade.

Para o projetista, a intervenção foi uma oportunidade de trabalhar com estruturas em aço em um contexto pouco usual. “Ao contrário das estruturas com que trabalhamos tradicionalmente, como um edifício, um galpão ou uma fábrica, este foi um projeto com magnitude e impacto para uma sociedade inteira”, avalia.

O parque, inaugurado em agosto de 2018, abriu novas perspectivas para a visualização de edificações do patrimônio histórico porto-alegrense, como o Gasômetro. “Foram anos de trabalho para entregar uma obra com qualidade para a população, em todos os aspectos. Temos o desejo de que, daqui a 50 anos, possamos voltar lá e constatar que tudo está do mesmo jeito”, conclui Canalli. (E.C.L.) M

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O restaurante panorâmico, inicialmente batizado por Jaime Lerner como “Quase Meia Noite”, tem estrutura radial em aço, com 12 vigas metálicas que lembram um relógio. O piso em vidro possibilita a visão das águas do Rio Guaíba Fotos Leonardo Finotti

PIONEIRO DOS PAMPAS

Edifício Santa Cruz, inaugurado em 1965, é precursor na construção em aço e o mais alto da capital gaúcha

PRIMEIRA CONSTRUÇÃO EM AÇO de Porto Alegre (RS), o edifício Santa Cruz, em plena região central da cidade, é um testemunho arquitetônico da onda desenvolvimentista sobre a qual o país surfava nas décadas de 1950 e 1960. Rodeado pelo espírito de criação de um Brasil moderno, industrial e urbano, instalou-se na capital gaúcha um marco referencial, pioneiro na introdução das estruturas metálicas no Rio Grande do Sul, o que também contribuiu para a difusão da tecnologia da construção em aço por todo o território nacional. Desde a concepção original até a efetiva inauguração do edifício passaram-se dez anos. Em 1955, o Banco Agrícola Mercantil patrocinou um concurso fechado para avaliar anteprojetos para a sua sede em Porto Alegre. O trabalho

do arquiteto Carlos Alberto de Holanda Mendonça consagrou-se vencedor, propondo uma expressão arquitetônica que visava disseminar a cartilha moderna no Sul do país: uma construção marcada pelo racionalismo, funcionalismo e pela composição em ângulos retos. Com três recuos nas fachadas de acesso, graduando os volumes, o projeto inicial sugeriu 30 pavimentos, além de dois subsolos que acomodariam os equipamentos de infraestrutura (geradores e medidores de energia, casa de máquinas e bombas d’água), cofre para depósito de valores e postos de guarda. Previa, ainda, o tratamento das fachadas principais em grelha, um tramado com predominância de elementos horizontais. A aprovação da nova construção pela Prefeitura da capital gaúcha data de 27 de junho

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Geovani Lemos

de 1956. Precisamente um mês depois, faleceu o arquiteto vencedor do concurso. Eu seu lugar assumiu o arquiteto Jayme Luna dos Santos, que se viu obrigado a provocar profunda revisão do projeto, devido à incorporação de dois lotes contíguos ao terreno, de propriedade das empresas Somovil e Banco de Crédito Real, que também passariam a se estabelecer no edifício. Ao programa, foram incluídos quatro pavimentos, um restaurante, sala de conferências e apartamentos residenciais do 26º ao 34º andares, em grupos de quatro unidades por andar. Em substituição ao tratamento das fachadas em grelha de Mendonça, o novo projeto optou por panos de vidro. Nas fachadas laterais, o edifício passou a apresentar grande variação de fechamentos, em uma expressão que remete ao neoplasticismo.

A montagem da estrutura foi executada em duas etapas: a primeira, entre 1960 e 1961; a segunda, de 1962 a 1963. Toda estrutura metálica utilizada no prédio de 107 m acima do solo e 14 m abaixo dele foi fornecida e montada pela Fábrica de Estruturas Metálica (FEM), empresa criada especialmente para impulsionar a indús-

tria da construção em aço no Brasil. A obra foi executada pela Construtora Ernest Woedcker. O edifício foi composto por dois blocos unificados, estruturados em aço desde as fundações, com placas de base e grelhas de apoio assentadas sobre sapatas de concreto armado, nas quais foram fixados os pilares em aço. Em sua maioria, as vigas são constituídas por perfis I laminados, variando de 6” a 18”. Na montagem, as vigas foram unidas, por processo de rebites, nos pilares de seção H. Em menor quantidade, também foram utilizadas vigas compostas por chapas, perfis U e cantoneiras nos vigamentos do 2°, 24° e 31° pavimentos.

Símbolo máximo do processo da verticalização porto-alegrense, o edifício Santa Cruz reina, ainda hoje, como o mais alto da capital, atendendo a um extenso programa de necessidades e incorporando o emprego de tecnologias inovadoras para a sua época, em um contexto marcado pela alteração do referencial arquitetônico da cidade: a revalorização de referências ligadas às vanguardas do início do século XX e ao alcunhado “Estilo Internacional”.

Edifício inteiramete estruturado em aço conta com pilares e vigas de aço em perfis laminados de 6” a 18”. Na montagem, as vigas foram unidas por processo de rebites aos pilares de seção H

(A.L.) M
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Fotos cedidas pelo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo / Autores: Léo Guerreiro e Pedro Flores Fotos acervo Dalton Nectoux

REFERÊNCIAS CRIATIVAS

AÇO PARA TODA OBRA

A construção em aço está presente no Sul há bastante tempo e, hoje, conta com um amplo e consolidado parque de fornecedores qualificados na região: de fabricantes de estruturas a prestadores de serviços, de revendas a profissionais especializados. É possível concretizar todo tipo de obra na região. E a reposta aparece prontamente. Com projetos de qualidade e em tipologias cada vez mais diversificadas, o aço avança e ocupa seu espaço no mercado da construção no Sul do país. Confira alguns exemplos de obras realizadas e já publicadas em edições anteriores de Arquitetura & Aço

Arena da Baixada, Curitiba, PR

> Projeto arquitetônico: Carlos Arcos Arquitetura • Área construída: 124 mil m² • Conclusão da obra: 2014

Para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, a Arena da Baixada passou por uma reforma que adicionou um novo setor, com áreas de imprensa, de alimentação e camarotes, além da grandiosa cobertura da arena, projetada com estruturas em aço pela Andrade Rezende Engenharia. Na cobertura, mais de 4.880 toneladas do material foram empregadas. A estrutura cobre um vão livre central de 196 m e inclui arquibancadas e gramado. É composta por duas vigas treliçadas de perfis soldados, com altura de 10 m e largura de 4,5 m. As duas vigas principais suportam um sistema de treliças secundárias, espaçadas a 9,80 m, com vãos laterais de 42 m e central de 68 m.

“Arcos de aço sobre as treliças secundárias recebem a cobertura em chapas de policarbonato”, detalha Ângela Mariani dos Santos, gerente de contratos da Brafer, empresa que forneceu as estruturas.

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ESPECIAL:
EDIÇÃO 37
Fotos Brafer

Passarela do Shopping Mueller, Curitiba, PR

> Projeto arquitetônico: Adolfo Sakaguti

Área construída: 61 m • Conclusão da obra: 2003

Construída em aço e vidro, a passarela suspensa entre o edifício-garagem e o Shopping Mueller, em Curitiba (PR), conduz os consumidores às áreas de cinema e compras. De aspecto futurista, a obra cruza o espaço aéreo da Rua Mateus Leme e contrasta com a antiga construção tombada pelo Patrimônio Histórico. A passagem suspensa a 8,50 m de altura, tem 61 m de comprimento e é sustentada por delgados tubos de aço em suas extremidades – os quais foram projetados para não atrapalhar o trânsito da região. A estrutura, que consumiu 53 toneladas de aço para sua execução, conta, ainda com fechamentos em vidro e esteiras rolantes para permitir a contemplação da rua e o conforto dos pedestres em seu interior.

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PARANÁ
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EDIÇÃO
Fotos Carlos Gueller

Centro Universitário Positivo, Curitiba, PR

> Projeto arquitetônico: Manoel Coelho e Antonio Abrão • Área construída: 100 mil m² • Conclusão da obra: 2010

"Previsto para ser implantado em etapas, mas de forma contínua, combinando elementos construídos in loco e o uso de estruturas metálicas, em técnicas diversas e prazos curtíssimos", como explica o arquiteto Manoel Coelho, o Centro Universitário Positivo é um complexo com mais de 100 mil m2 de área construída, dedicados ao estudo, ao lazer e até à meditação. As peças em aço estão presentes em diversos setores do campus, como na Biblioteca Central, onde o aço contribui para vencer vãos de até 45 m. No Centro Esportivo, o material contribuiu para a criação de amplos espaços, sendo utilizado, inclusive, na estrutura da grande cobertura, que vence vãos de 58,6 m e contém um módulo retrátil na área central da piscina. Já na praça de alimentação, com 1.000 m2, o aço surge no vão livre formado por uma grelha metálica, com cobertura sustentada por pórticos de aço. E, ainda, em brises, marquises de acesso e escadas dos blocos do setor acadêmico, além do Templo da Paz, a capela construída sobre o lago, com estrutura totalmente em aço.

Aeroporto Internacional Afonso Pena, Curitiba, PR

> Projeto arquitetônico: PJJ Malucelli Arquitetura e Engenharia • Área construída: 77 mil m² • Conclusão da obra: 2016

Para que pudesse ser modernizado e ampliado, o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região da Grande Curitiba, passou por uma intervenção que teve o aço como protagonista. Empregada nos fechamentos laterais, coberturas e pontes de embarque, as estruturas metálicas ajudaram a conferir versatilidade, leveza e resistência à obra. Os perfis de aço tubulares curvos, que formam a estrutura de sustentação da cobertura, bem como os fechamentos laterais, feitos em perfis de aço, também foram importantes para trazer um diferencial arquitetônico. “As cores adotadas nas chapas metálicas pré-pintadas, que revestem a fachada, compõem um grande mosaico, permitindo uma leitura contemporânea. O projeto também ganhou destaque e contraste junto às pontes de embarque, pintadas em vermelho”, explica o arquiteto Paulo José Malucelli.

48 &ARQUITETURA AÇO ESPECIAL: REFERÊNCIAS CRIATIVAS
EDIÇÃO 45
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Consórcio IQS/PJJ Consórcio IQS/PJJ
EDIÇÃO
Infraero/Divulgação
Sérgio Sade

PARANÁ

Shopping Pátio Batel, Curitiba, PR

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Ibis, Maringá, PR

EDIÇÃO

A fachada e a cobertura, ambas transparentes e estruturadas em aço, são o destaque no projeto do arquiteto Antonio Paulo Cordeiro. Para que a fachada, de 20 m de altura, por 44 m de extensão, fosse esbelta, leve e ao mesmo tempo transparente, foram considerados ligações especiais e tirantes de aço associados a vigas de vidro. A cobertura, por sua vez, formada por figuras geométricas irregulares, demandou precisão e detalhamento além do usual. “A estrutura forma um grande arco irregular, onde as faces laterais são uma continuidade da cobertura em si”, explica Cordeiro. A área destinada ao cinema conta com um vão livre de 41 m e pé-direito de 13 m. “A estrutura atende aos requisitos para a implantação do que há de mais moderno em projeção, com cargas que diferem do normal. Também atende à plástica requerida pela arquitetura, sendo visível por quem observa o shopping do lado de fora”. No total, 1.639 toneladas de aço foram utilizadas na obra.

> Projeto arquitetônico: Dória Lopes Fiuza Arquitetos Associados • Área construída: 5.600 m² • Conclusão da obra: 2002

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A concepção do Hotel Ibis Maringá, construído em terreno de pequenas dimensões e idealizado com dez andares, exigia rapidez na sua execução. O primeiro edifício de múltiplos andares da rede hoteleira no Paraná foi executado totalmente em aço e em apenas três meses. “A decisão pela estrutura em aço foi fundamental para cumprir o nosso prazo”, afirma o arquiteto Waldeny Fiuza, do escritório Dória Lopes Fiuza Arquitetos Associados, responsável pelo projeto. A estrutura consumiu 280 toneladas de aço ASTM A36. O layout interno do edifício conta com divisórias em drywall para assegurar a maior flexibilidade dos espaços destinados aos hóspedes. 33
> Projeto arquitetônico: Antônio Paulo Cordeiro • Área construída: 110 mil m² • Conclusão da obra: 2013 EDIÇÃO
Fotos Divulgação
Fotos Divulgação

Supermercado Angeloni, Criciúma, SC

> Projeto arquitetônico: Douglas Piccolo • Área construída: 37.400 m²

• Conclusão da obra: 2011

Uma grande reforma, em 2011, transformou o supermercado Angeloni, de Criciúma (SC) , acrescentando mais de 26.000 m2 de área ao local. A opção pelas estruturas em aço permitiu que as obras fossem executadas sem necessidade de interromper as operações do mercado. Ao todo, foram utilizadas 494 toneladas de aço, com a estrutura deixada aparente, tirando-se partido estético dos seus elementos. Para reforçar a contemporaneidade do projeto, foi criada uma marquise com formas geométricas inspiradas em elipse.

“Com o aço, conseguimos um visual mais leve e elegante, além de uma obra rápida e limpa, na qual a perda de materiais foi praticamente zero”, comenta o arquiteto Douglas Piccolo.

Centro de Exposições Vila Germânica, Blumenau, SC

> Projeto arquitetônico: A+C Arquitetura • Área construída: 25.554 m² • Conclusão da obra: 2006

Construído em tempo recorde, em apenas cinco meses, o Centro de Exposições Vila Germânica,em Blumenau (SC), teve cobertura e fechamentos laterais estruturados em aço. Além da velocidade que imprimiu ao projeto, a escolha pelo material foi importante para que o espaço pudesse abrigar diferentes eventos em seu interior. “A flexibilidade de usos era um dos pré-requisitos do complexo, que deveria sediar eventos de pequeno, médio e grande portes, dos mais diversos segmentos, como feiras, congressos, festas e shows”, explica o arquiteto Alfredo Lindner, autor do projeto. A necessidade de uma obra de aparente leveza e bom custo-benefício também foi importante. “A concepção dos apoios atirantados externos permitiu uma excelente relação custo-benefício, reduzindo o peso total da estrutura, trazendo também ganhos na execução.”

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SANTA CATARINA
32
12
EDIÇÃO
EDIÇÃO
Fotos Cinara
Piccolo A + C Arquitetura
Dagnese

EDIÇÃO

Refúgio São Chico, São Francisco de Paula, RS

> Projeto arquitetônico: Studio Paralelo • Área construída: 82 m²

• Conclusão da obra: 2007

Exemplo de arquitetura moderna e industrializada, a casa de linhas retas, localizada numa pequena cidade a 100 km de Porto Alegre (RS), foi concebida no sistema construtivo lightsteelframe

Perfis de aço galvanizado compõem a estrutura, formando paredes e vigas, nas quais são fixadas placas de OSB para fechamento. O revestimento externo, em lambris de pinus autoclavados e telhas onduladas galvanizadas, confere beleza e identidade à construção, que estabelece perfeito diálogo com a mata do entorno e garante o conforto térmico indispensável ao inverno rigoroso da região. “O aço é a melhor opção quando pensamos em pré-fabricação, agilidade construtiva e redução de desperdício”, diz o arquiteto Luciano Andrades, do escritório de arquitetura que assina o projeto. Depois de executadas as fundações e a laje de concreto armado, a casa foi erguida em pouco mais de duas semanas.

Estação Liberdade do Metrô, Porto Alegre, RS

> Projeto arquitetônico: Deltacon Engenharia / Debiagi Arquitetura • Área construída: 4.881 m² • Conclusão da obra: 2012

A estação Liberdade faz parte da expansão da Linha 1 do metrô de Porto Alegre (RS), ligando o centro da capital a cidades da região metropolitana, como Canoas, Esteio, São Leopoldo e outras, somando 21 estações em 44 km. Dividida em dois pavimentos e elevada do solo – bem como todo o trajeto da expansão –, a estação tem cobertura em estrutura em aço, formada por segmentos de arcos e telhas metálicas galvanizadas do tipo sanduíche, com 170 m de comprimento, por 17 m de largura. Os acessos, constituídos de pórticos metálicos, também têm estrutura em aço, com fechamento em painéis pré-fabricados de concreto. O projeto enfatiza, ainda, o uso da iluminação zenital. “A definição estrutural visou fazer um uso inteligente da tecnologia, proporcionando estruturas seguras, confortáveis e duradouras”, diz o engenheiro Martin Beier, projetista da obra, na qual 250 toneladas de aço foram empregadas.

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RIO GRANDE DO SUL
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Fotos Robson Nunes / Prefeitura Novo Hamburgo Fotos Divulgação

ESPECIAL: REFERÊNCIAS CRIATIVAS

Ibis, Canoas, RS

> Projeto arquitetônico: Michaelis Arquitetos • Área construída: 4.200 m² • Conclusão da obra: 2012

A construção do Hotel Ibis em Canoas (RS) superou as expectativas dos construtores e investidores. Finalizada em apenas 67 dias, com sete pavimentos e 4.500 m², a obra foi executada em sistema misto de aço e concreto. “Caso não tivesse sido adotado este tipo de tecnologia, o prazo para execução da estrutura e fachada seria de oito a dez meses”, estima o engenheiro Eduardo Giacomello, da Medabil. Composta por pilares em aço preenchidos por concreto, com vigas principais e secundárias também em aço, a estrutura do hotel conta com lajes em steel deck, além de fachadas e vedações em steel framing. Segundo Giacomello, a adoção do sistema foi essencial para garantir maior segurança, limpeza e precisão ao empreendimento.

Bruning Tecnometal, Panambi, RS

> Projeto arquitetônico: Oscar Escher Arquitetos e Urbanistas S/S Ltda • Área construída: 761,41 m² • Conclusão da obra: 2007

Principal matéria-prima dos produtos fabricados pela Bruning Tecnometal, o aço foi plenamente incorporado ao projeto da nova sede da empresa. Em uma proposta que reflete o nível tecnológico atingido pela companhia, foram utilizadas 83 toneladas do material, que funciona como o principal elemento estrutural e estético.

Com dimensão de 850 m, a cobertura recebeu telhas metálicas trapezoidais em aço galvanizado, pré-pintadas e fixadas nas terças em aço com parafusos autoperfurantes, com beiral frontal de 65 cm e lateral de 150 cm.

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AÇO
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Fotos Vinícius Costa/Medabil Divulgação

Santander Cultural, Porto Alegre, RS

> Projeto arquitetônico: Roberto Loeb e Associados

Área construída: 10 mil m² • Conclusão da obra: 2001 EDIÇÃO

A reforma e restauro do Santander Cultural, em Porto Alegre (RS), contou com um importante aliado: o aço. “Ele estabelece a ligação entre o passado e o presente da construção”, diz o arquiteto Roberto Loeb, referindo-se à grelha metálica do piso e às chapas brancas de tela perfurada que revestem lateralmente o ambiente. No átrio, o revestimento metálico e a vedação em vidro estão fixados em uma estrutura composta por perfis e montantes pintados em branco. Uma cobertura com arcos em aço e vidros planos transparentes também chama a atenção no local, garantindo luminosidade ao ambiente. A adoção de sistemas em aço conferiu agilidade à obra, que foi concluída em apenas quatro meses. “O aço facilitou a montagem, reduziu o peso da estrutura e garantiu peças mais esbeltas, favorecendo, ainda, a transparência do piso e da cobertura do átrio”, diz Heloisa Maringoni, responsável pelo cálculo estrutural.

Condomínio Terrara, Porto Alegre, RS

> Projeto arquitetônico: Roseli Melnick • Área construída: 26.392,28 mil m² • Conclusão da obra: 2017

Estruturados em lightsteelframing, os sótãos de 178 casas no condomínio Terrara, em Porto Alegre (RS), foram produzidos e parcialmente montados em fábrica, transportados por 40 km, finalizados em canteiro e colocados sobre os sobrados em alvenaria para agilizar e conferir melhor custo-benefício ao empreendimento. A tecnologia, batizada como “Sótãos Voadores”, trouxe agilidade. Enquanto o processo convencional exigiria 35 dias para montar uma dupla de casas, o método adotado consumiu apenas cinco dias. “O sistema trouxe ganhos como redução em despesas indiretas, vantagens em termos de mão de obra e, também, sustentabilidade, já que não foi preciso nenhuma gota de água para concluir 50 m² de área construída em cada conjunto”, diz engenheiro Willians Amaral, da Melnick Even.

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RIO GRANDE DO SUL EDIÇÃO 47
Ary Diesendruck Fotos Divulgação

CASA NOVA

Com espaços dedicados à edução, cultura e convivência, nova sede da Fecomércio tira partido estético e funcional das estruturas em aço

Idealizada pelo arquiteto Emerson José Vidigal, do Estúdio 41 Arquitetura e ainda em execução em Porto Alegre, a nova sede do sistema Fecomércio no Rio Grande do Sul só deve ficar pronta a partir do próximo ano, mas já deixa clara a sua importância para a região. O projeto foi escolhido em um concurso nacional e ocupa uma área de 150 mil m², com edifício da sede administrativa, centro educacional, espaço de eventos e outros prédios.

No complexo, que está localizado às margens da Freeway – como é conhecida a principal rodovia de acesso a Porto Alegre –, tudo foi pensado para trazer um impacto positivo à região e, principalmente, garantir qualidade de vida aos profissionais e à população que frequentarão o local.

Para evitar que as águas do Rio Gravataí afetassem a área durante as cheias, Vidigal lançou mão de uma topografia diferenciada para o empreendimento. O edifício-garagem, que serve de apoio para as demais construções, foi construído na cota de 3 m, evitando que seja atingido

pelas águas e favorecendo a contemplação da área verde local. Acima dele, em cota de 8 m, o destaque fica por conta de um centro de convivência inteiramente estruturado em aço. Em formato linear, atravessando todo o conjunto, o centro funciona como uma espécie de antessala que conecta as diferentes edificações. “No centro de convivência, duas grandes treliças em aço compõem a estrutura, com extensão de 125 m. No projeto, foram previstos vãos de até 70 m e balanços de 30 m”, detalha o arquiteto. A estrutura escolhida foi importante, ainda, para trazer leveza à edificação. “Com ela, tivemos peças relativamente pequenas e mais leves, se comparadas à opção em concreto.”

Além das treliças principais, tanto as passarelas como os deques, os suportes dos brises, as escadas e a cobertura do auditório têm estruturas em aço. Perfis soldados foram utilizados nos elementos das treliças principais – banzo superior, banzo inferior e diagonais –, bem como nas vigas transversais de conexão entre as duas

O centro de convivência que atravessa todo o conjunto e conecta os diferentes espaços é inteiramente estruturado em aço

> Projeto arquitetônico:

Estúdio 41

> Área construída: 44 mil m²

> Aço empregado: perfis ASTM

A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250); ASTM

A588 (ABNT NBR 7007 AR

350COR) e CIVIL 350

> Volume de aço: 1.092 t

> Projeto estrutural:

Vanguarda Engenharia

> Fornecimento da estrutura de aço: Nova JVA

> Execução da obra: Construtora JL

> Local: Porto Alegre, RS

> Conclusão da obra: 2019

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Imagens divulgação

treliças. Já as terças das coberturas são em perfis de aço laminado e os contraventamentos e outras estruturas foram executados com perfis formados a frio. Os elementos da treliça principal têm dimensões de seção H externas médias de 50 cm, com espessuras de chapas variando entre 16 mm e 20 mm.

“Na primeira fase de obras, também está sendo construído o edifício que corresponde à administração, diretorias e presidência, parte funcional que será acomodada nos pavimentos-tipo da torre. O embasamento é composto por restaurantes e um grande auditório de múltiplo uso, com planta flexível e capacidade para comportar até mil pessoas”, detalha Vidigal, que apostou em uma arquitetura contemporânea para atender ao programa em questão.

“A arquitetura proposta para o complexo buscou dar respostas diretas a questões técnicas, aplicando materiais e sistemas construtivos industrializados e explorando a capacidade estrutural do aço para criação de espaços flexíveis por conta dos grandes vãos. O sistema pré-fabricado também foi determinante para uma obra mais rápida e limpa.” Os elementos estruturais foram evidenciados não apenas por opção estética, mas também por questões funcionais, colaborando para a luminosidade e ventilação naturais no interior das construções. (E.Q.) M

ACONTECE
“ Com o aço, foram viabilizados vãos com até 70 m de comprimento e balanços de 30 m “
55 &ARQUITETURA AÇO
Acima, visão geral do complexo que conta com núcleos administrativo, educacional e de eventos, além de um centro de convivência inteiramente em aço. Abaixo, detalhe das grandes treliças que compõem a estrutura do centro de convivência

CONTATOS

> ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA

Abreu Junior Arquitetura Eireli abreujr@me.com

Aleph Zero Arquitetura www.alephzero.arq.br

Estúdio 41 www.estudio41.com.br

Hugo Nieto www.facebook.com/nietoarquitetos

Jaime Lerner Arquitetos Associados www.jaimelerner.com.br

JMBS Arquitetura www.jmbsarquitetura.com.br

Luiz Volpato Arq www.luizvolpato.com

Saboia+Ruiz Arquitetos www.saboiaruiz.com.br

EXPEDIENTE

Rodrigo Kirck Arquitetura www.rodrigokirck.com.br

> PROJETO ESTRUTURAL

Andrade Rezende Engenharia de Projetos www.andraderezende.com.br

Celso Antônio Thá www.tecmetal.ind.br

Medabil Soluções Construtivas www.medabil.com.br

Norimasa Ishikawa norimasa.ishikawa@hotmail.com

PJ Engenharia www.pjengenharia.com.br

Ricardo Henrique Dias richdias@uol.com.br

RMG Engenharia www.rmg.com.br

Revista Arquitetura & Aço é uma publicação trimestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora

CBCA: Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ

Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br

GESTOR: INSTITUTO AÇO BRASIL

Conselho Editorial

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Cleber Jose Pereira Junior – Gerdau

Humberto Bellei – Usiminas

Luciano Molina – CSN

Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão

Revisão Geral

Rosane Bevilaqua

Publicidade

Ricardo Werneck: (21) 3445-6332

Vanguarda Engenharia vanguardaengenharia.com.br

> ESTRUTURA METÁLICA

Medabil Soluções Construtivas www.medabil.com.br

Megaço www.megaco.com.br

Nova JVA www.novajva.com.br

PJ Engenharia www.pjengenharia.com.br

SH Estruturas Metálicas www.shestruturas.com.br

Tecmetal Estruturas Metálicas www.tecmetal.ind.br

Usiminas Mecânica www.usiminas.com/mecanica

Roma Editora Rua Barão de Capanema, 343, 6º andar CEP 01411-011 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3061-5778 cbca@arcdesign.com.br

Direção

Cristiano S. Barata

Coordenação Editorial

Eliane Quinalia

Redação

André Larcher, Eduardo Campos Lima, Eliane Quinalia, Gisele Cichinelli e Juliana Nakamura

Revisão Ortográfica

Deborah Peleias

Edição de Arte Cibele Cipola

> EXECUÇÃO DA OBRA

Construtora JL www.construtorajl.com

Consórcio Orla Mais Alegre – Procon Construções www.proconc.com.br

Construtora Teixeira Duarte www.teixeiraduarte.com.br

Esphera Sul www.espherasul.com.br

Nakid Construções Civil Ltda. www.nakid.com.br

PJ Engenharia www.pjengenharia.com.br

Racional Engenharia www.racional.com

Sadenco Sul Americana www.sadenco.com.br

VCCON Engenharia www.vccon.com.br

Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA

Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ

Tiragem: 5.000 exemplares

Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA.

É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.

Agradecemos a todos aqueles que contribuiram para a produção desta edição, fornecendo imagens, informações e comentários sobre as obras publicadas e os processos construtivos.

NÚMEROS ANTERIORES

Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br

A&A nº 01 - Edifícios Educacionais

A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares

A&A nº 03 - Terminais de Passageiros

A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais

A&A nº 05 - Pontes e Passarelas

A&A nº 06 - Residências

A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas

A&A nº 08 - Indústrias

A&A nº 09 - Edificações para o Esporte

A&A nº 10 - Instalações Comerciais

A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções

A&A nº 12 - Lazer e Cultura

A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares

A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos

A&A nº 15 - Marquises e Escadas

A&A nº 16 - Coberturas

A&A nº 17 - Instituições de Ensino II

A&A nº 18 - Envelope

A&A nº 19 - Residências II

A&A nº 20 - Indústrias II

A&A Especial - Copa do Mundo 2014

A&A nº 21 - Aeroportos

A&A nº 22 - Copa 2010

A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social

A&A nº 24 - Metrô

A&A nº 25 - Instituições de Ensino III

A&A nº 26 - Mobilidade Urbana

A&A nº 27 - Soluções Rápidas

A&A nº 28 - Edifícios Corporativos

A&A Especial - Estação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros

A&A nº 29 - Lazer e Cultura

A&A nº 30 - Construção Sustentável

A&A nº 31 - Construções para Olimpíadas

A&A nº 32 - Instalações Comerciais II

A&A nº 33 - Hotéis

A&A nº 34 - Shopping Centers

A&A nº 35 - Hospitais e Edificações para a Saúde

A&A nº 36 - Pontes e passarelas

A&A nº 37 - Estádios da Copa 2014

A&A nº 38 - Mobilidade Urbana

A&A nº 39 - Varandas, Mezaninos e Escadas

A&A nº 40 - Residências

A&A nº 41 - Centros de Pesquisa e Tecnologia

A&A nº 42 - Especial 10 anos

A&A nº 43 - Edifícios Multiandares

A&A nº 44 - Centros de Distribuição e Logística

A&A nº 45 - Aeroportos

A&A nº 46 - Jogos Olímpicos Rio 2016

A&A nº 47 - Light Steel Framing

A&A nº 48 - Porto Maravilha

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