ARQUITETURA&AÇO
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 53 junho de 2019
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 53 junho de 2019
NORTE
UM MERCADO EM CRESCIMENTO, COM GRANDES OPORTUNIDADES
PARA A CONSTRUÇÃO EM AÇO
O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!
Principais ações do CBCA
Cursos online e presenciais
Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e os manuais de construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site
Pesquisas anuais junto aos fabricantes do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no País
Promoção de palestras e Road Shows por diversas cidades brasileiras
Realização dos Concursos CBCA para Estudantes de Arquitetura e de Engenharia, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura e engenharia de todo o Brasil
www.cbca-acobrasil.org.br
Acesse o site e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!
ENORME POTENCIAL
UMA ÁREA MAIOR DO QUE A ÍNDIA, só um pouco menor do que a da União Europeia. Direcionamos nosso foco, nesta edição, para a região Norte, que ocupa quase a metade do Brasil, 45% do nosso território!
O impressionante ecossistema da floresta amazônica cobre cerca de 80% da região, onde encontramos imensas riquezas naturais, como a maior floresta tropical, a maior bacia hidrográfica e a maior biodiversidade do planeta. De sua população de 18,2 milhões de habitantes, cerca de 70% vive nos estados do Pará e Amazonas, fortemente concentrados nas capitais. Assim, a densidade demográfica é a menor entre todas as regiões do país, com apenas 4,7 habitantes/m2, o que equivale a 20% da média nacional. Na economia, destacam-se as atividades ligadas ao extrativismo vegetal e mineral. A produção agropecuária extensiva tem avançado bastante nos últimos anos e há, ainda, um polo industrial importante na Zona Franca de Manaus.
Neste cenário, é interessante notar a presença da construção em aço em todos os estados do Norte, em diversas tipologias, com importantes obras realizadas. Apresentamos uma ampla resenha de bons projetos executados em aço na região, viabilizando a construção de hospitais, escolas, centros comerciais, aeroportos, prédios públicos, entre outros, que contribuem para prover a infraestrutura necessária ao desenvolvimento socioeconômico da região.
Em entrevista, o arquiteto Lorenzo Max Gvozdanovic Villar, responsável pelo projeto da passarela Espaço de Todos, construída em Porto Velho, Rondônia, nos mostra que o aço oferece boas respostas às demandas do mercado da construção no Norte brasileiro, superando os significativos desafios logísticos que marcam a região e garantindo qualidade, rapidez e maior sustentabilidade às obras.
Um grande mercado a ser desenvolvido, com muitas oportunidades. Confira!
Boa leitura!
04. Espaço de Todos, Porto Velho, RO: passarela em aço torna-se atração e marco arquitetônico da cidade 07. Cacoal Shopping, Cacoal, RO: estruturas e fechamentos em aço conferem arrojo e modernidade a centro comercial 10. Hospital de Amor Amazônia, Porto Velho, RO: aço viabiliza expansão modular de unidades hospitalares 14. Aeroporto Internacional Plácido de Castro, Rio Branco, AC: uma floresta de pilares de aço 17. Rodoviária Internacional de Rio Branco, Rio Branco, AC: cobertura inspirada em ocas indígenas é marco de terminal rodoviário 20. OCA Rio Branco, Rio Branco, AC: cúpula em aço confere identidade a espaço de serviços públicos 22. Faculdade Católica do Tocantins – Facto, Palmas, TO: estruturas metálicas facilitam ampliação de centro universitário 26. Espaço Cultural José Gomes Sobrinho, Palmas, TO: projeto da cobertura garante leveza e integração à paisagem 28. Feira da Cidade, Ananindeua, PA: tensoestrutura dá forma e confere conforto térmico ao pavilhão da feira 30. Hospital Sarah Kubitschek, Macapá, AP: aço tem papel de destaque em projeto clássico da rede de hospitais 32. Pátio Roraima Shopping, Boa Vista, RR: sistemas industrializados viabilizam construção do primeiro shopping center da cidade 36. Bumbódromo, Parintins, AM: o maior arco metálico parafusado da América do Sul 38. Aeroporto Internacional de Manaus – Eduardo Gomes, AM: reforma com elementos em aço traz economia à obra e atende a um cronograma enxuto
14. 30. 17. 36. 20. 38.BANZEIRO DE AÇO
Com formas orgânicas, que lembram as ondas dos rios da região, passarela metálica em Rondônia promove o lazer e se destaca como um importante marco arquitetônico local
INAUGURADA EM ABRIL DE 2018, a passarela Espaço de Todos, na capital Porto Velho, em Rondônia, já é reconhecida como um dos principais pontos de lazer e atração turística na região.
Construída em aço, a “escultura urbana”, com 184 m de extensão, foi projetada pelo arquiteto Lorenzo Max Gvozdanovic Villar, que buscou na paisagem local referências que lhe servissem de inspiração. “Pensei na sinuosidade dos rios, plantas, cobras e lagartos da região amazônica e então cheguei a essa forma, com vãos alternados, de tamanhos variados, que dão ritmo e colaboram para a harmoniosa composição”, explica o profissional.
A solução em aço foi adotada após um projeto inicial ter sido cancelado devido a problemas na contratação. “Aproveitamos as fundações preexistentes de um projeto anterior, concebido em concreto, para erguer a passarela atual. Para evitar o excesso de pilares na composição, tiramos partidos das sapatas já construídas para projetar os arcos metálicos que compõem a estrutura, vencendo vãos de até 48,3 m e conferindo apelo estético ao conjunto”, diz Villar.
Ao longo do seu percurso, a passarela é sustentada por sete grandes arcos em cada lateral, compostos por elementos em aço, retos e curvos, parafusados e apoiados em sapatas posicionadas no solo. Outro conjunto de arcos, de menor dimensão, chamados de auxiliares e fixados apenas nas laterais da passarela, contribuem para a estabilidade da estrutura conectando-se aos arcos maiores por meio de estais tubulares em aço de 75 mm de diâmetro. Para aumentar a proteção da estrutura, foi
especificado o uso do aço de maior resistência à corrosão.
O tabuleiro da passarela Espaço de Todos, localizada no chamado Novo Espaço Alternativo, foi executado com lajes do tipo steel deck Para a segurança dos usuários, um guarda-corpo feito em aço e com corrimão em inox também foi instalado. O local é um dos principais pontos de lazer da cidade, com frequência estimada de até 50 mil pessoas nos fins de semana para não somente atividades esportivas como inicialmente previsto, mas também para encontros, passeios e comemorações.
Idealizada em aço e com 184 m de extensão, passarela vence vãos e até 48,3 m
> Projeto arquitetônico:
Lorenzo Max Gvozdanovic
Villar e Estúdio Amazônia
> Comprimento total: 184 m
> Aço empregado: aço de maior resistência à corrosão
ABNT NBR 7007 AR350 COR e perfis ASTM A588
> Volume de aço: 280 t
> Projeto estrutural: Vetor Engenharia
> Fornecimento da estrutura de aço: Benafer e Fortaleza e Ferro
> Execução da obra: Equipe Técnica Engenharia
> Local: Porto Velho, RO
> Conclusão da obra: 2018
Com a utilização das estruturas em aço, a obra ganhou rapidez e praticidade para a execução, bem como redução na utilização de mão de obra no local. Entre projeto e construção foram gastos menos de um ano.
Para Franchel Pereira Fantinatti Neto, gerente de engenharia da Equipe Técnica, empresa responsável pela execução da obra, o projeto conseguiu não apenas atender às necessidades de lazer, mas entregar um valor
inestimável à região ao se configurar, também, como um importante ponto turístico local.
Em 2018, a passarela Espaço de Todos, concorreu ao prêmio de melhor projeto de arquitetura, na categoria projeto de Design Urbano e Arquitetura Paisagística, na XXI Bienal Panamericana de Arquitetura de Quito, no Equador. “Embora não tenhamos sido contemplados com a premiação, a aprovação popular foi muito importante”, conclui Villar. (L.P.) M
MERCADO EM EXPANSÃO
Inédito em Cacoal, projeto de shopping center atrelado a supermercado tira partido de estruturas em aço para expressar arrojo e modernidade
NA CIDADE DE CACOAL, em Rondônia, o projeto de um supermercado atrelado a uma galeria de compras acabou se tornando um moderno shopping center com espaço para mais de 60 lojas, três salas de cinema, praça de alimentação, boliche, academia e estacionamento com 700 vagas. Estrutura e fechamentos em aço imprimiram liberdade construtiva ao projeto, que pôde atender às necessidades locais e, ao mesmo tempo, expressar arrojo e modernidade.
Conforme conta o arquiteto Attilio Rondinelli, do escritório Total Varejo, de Cuiabá (MT), um empreendedor de Rondônia o procurou inicialmente com a ideia de construir um supermercado em Cacoal, cidade de 90 mil habitantes a cerca de 480 km de Porto Velho. “Conhecíamos a região de Cacoal e sabíamos que se tratava de uma cidade com grande presença de escolas, inclusive várias faculdades. Entendemos que valeria a pena sugerir que a galeria que seria ligada ao mercado fosse
Cobertura apoiada por pilares de aço em V forma marquise na entrada do centro comercial e serve de cobertura para o estacionamento
> Projeto arquitetônico: Total Varejo (Cuiabá/MT)
> Área construída: 19.094,08 m²
> Aço empregado: ASTM A36 e A572 GR50
> Volume de aço: 630 t
> Projeto estrutural: Castilho
Estruturas Metálicas
> Fornecimento da estrutura de aço: Castilho Estruturas
Metálicas
> Execução da obra: Castilho
Estruturas Metálicas
> Local: Cacoal, RO
> Conclusão da obra: 2017
expandida e se tornasse um shopping”, explica. O terreno localizava-se em uma região da cidade sem atratividade comercial, de forma que um shopping seria, possivelmente, um empreendimento com mais apelo – capaz de atrair frequentadores de outras regiões.
O projeto passou a prever a instalação de salas de cinema e uma praça de alimentação,
exigindo desenho mais típico de shopping center. Mas algumas características fundamentais, requeridas desde o início pelo contratante, deveriam ser mantidas mesmo com a mudança. A principal delas era que o estacionamento ficasse no mesmo nível do supermercado, conforme os clientes de Cacoal estão acostumados. “Como é comum que as
Abaixo, área de estacionamento com cobertura semelhante a "tendas invertidas" que possibilita a captação de água de chuva pelo pilar central em tubo de aço
vagas sejam cobertas – dado o sol forte da região –, instalamos uma cobertura em balanço sobre o estacionamento, engastadas em pilares em V. Esta solução forma uma marquise que cumpre a função e, ao mesmo tempo, mantém relação com o design de um shopping”, explica Rondinelli.
Diante dessas condicionantes, o aço foi a escolha natural não apenas para a cobertura do estacionamento, mas para a quase totalidade da edificação. O shopping center tem estrutura inteiramente em aço, com linhas retas bem marcadas e volumetria significativamente sólida.
“A estrutura metálica foi considerada, desde o início, a mais adequada para vencer os vãos do shopping. A adoção de fechamentos em painéis termoisolantes também foi uma opção natural”, explica Bruno Castilho, da Castilho Estruturas Metálicas, responsável pelo cálculo estrutural e pelo fornecimento da estrutura metálica. O projeto também incluiu lajes do tipo steel deck. As dificuldades usuais de conceber um projeto dessa natureza em uma região ainda pouco habituada a obras dessa tipologia foram contornadas principal-
mente pela utilização do aço. A dificuldade de contar com mão de obra especializada no local, por exemplo, foi equacionada pela precisão e facilidade que a construção metálica possibilita. “A obra em aço, além disso, acarreta manutenção menos custosa e mais fácil, o que não se deve desprezar, considerando as características locais”, argumenta Rondinelli. Os projetistas tomaram cuidado para que o desenho arrojado não representasse um rompimento brusco com o conceito inicial de uma galeria de compras, mantendo um visual leve e facilidade de acesso. “A geometria precisava demonstrar ousadia e contemporaneidade, mas sem gerar inibição no consumidor. O shopping center une simplicidade e modernidade – e a ideia é que ele continue moderno por muito tempo”, define Rondinelli.
O empreendimento atraiu diversos comerciantes interessados em se instalar lá, desde a fase de obras, o que exigiu mudanças no projeto inicial – parte do estacionamento foi transformada em mais espaço para lojas. “Em abril, começamos a segunda ampliação do empreendimento”, informa Castilho. (E.C.L.) M
Acima, cobertura em balanço estruturada em aço marca o acesso principal ao supermercado
SOLUÇÃO MODULAR
Sistema construtivo em aço traz celeridade e ótimo custo-benefício a projeto hospitalar em Porto Velho (RO)
O HOSPITAL DO CÂNCER de Barretos, agora chamado Hospital de Amor, optou por uma metodologia construtiva industrializada para impulsionar o processo de expansão e descentralização pelo Brasil. O sucesso da combinação de estruturas em aço e fechamento em painéis termoisolantes na obra da primeira unidade desta etapa, em Porto Velho (RO), abriu caminho para a aplicação em cinco outras unidades.
As novas construções têm sido inteiramente custeadas por doadores, e por isso o hospital de Porto Velho – batizado como Hospital de
Amor Amazônia – foi concebido em módulos. Cada bloco do complexo corresponde a um setor hospitalar e pode ser executado de forma autônoma, de acordo com a captação de recursos. “Para a união dos blocos, executamos grandes jardins centrais por onde passam os corredores de ligação de um bloco a outro. Assim, aproveitamos a iluminação e a ventilação naturais”, explica a arquiteta Carla Vilhena. Por ser um hospital voltado ao tratamento de câncer, o projeto precisava prever, segundo Vilhena, que a maioria dos pacientes permaneceria no local por longos períodos para
Estruturas metálicas trouxeram flexibilidade e economia aos projetos de expansão do hospital, viabilizando obras sustentáveis e rápidas
tratamento, garantindo conforto térmico, acústico e visual aos usuários. Em função de tal necessidade, a integração espacial com a natureza passou a ser considerada um dos elementos centrais do partido arquitetônico.
Inicialmente, a equipe de projetos havia planejado uma construção convencional. Contudo, após conhecerem uma obra em aço em Porto Velho, os projetistas se reuniram com o engenheiro Bruno Castilho, da Castilho Estruturas Metálicas, e decidiram adotar uma estrutura em aço, com lajes em steel deck e fechamentos em painéis termoisolantes. “Tornou-se uma obra totalmente industrializada e econômica, com custo por metro quadrado em Porto Velho semelhante ao de São Paulo”, aponta Castilho.
A arquiteta Carla Vilhena lembra a reação inicial que teve ao saber da proposta. “Ficamos um pouco apreensivos no início, pois tivemos de mudar alguns pontos na modulação para nos adequarmos a essa nova estrutura”, explica. Mas, por fim, o balanço foi positivo. “O uso do aço nos proporcionou maior flexibilidade e a possibilidade de trabalhar com grandes vãos. Além disso, atendeu à questão da sustentabilidade, com redução do desperdício e maior agilidade na obra”, diz Carla.
Castilho explica que o novo projeto estrutural procurou manter a disposição das colunas, de forma que não houvesse interferência
no projeto arquitetônico. A mudança do fechamento em alvenaria para painéis termoisolantes exigiu algumas modificações no desenho, mas trouxe ganhos adicionais. “A adoção do painel termoisolante gerou grande economia em ar-condicionado, em torno de 20%. A conta de luz também diminuiu significativamente”, aponta Castilho.
O modelo de execução industrializada também acarretou vantagens gerenciais. Com um único engenheiro responsável pelo andamento da obra, o Hospital de Amor Amazônia precisava apenas administrar a relação com a Castilho Estruturas Metálicas, que executava toda a parte seca, e com uma empresa de instalações. Uma equipe do hospital também foi destacada para executar o contrapiso, a cerâmica e a pintura. “Com um contingente muito reduzido, o hospital pôde construir simultaneamente outras obras similares em Macapá (AP), Rio Branco (AC), Campinas (SP), Piracicaba (SP) e Barretos (SP)”, conta Castilho. Nos últimos quatro anos, a partir da obra inicial em Porto Velho, foram construídos 50 mil m2 de hospitais e centros de prevenção.
O primeiro módulo do Hospital de Amor Amazônia entrou em operação em 2017, com uma área de 25 mil m2 e capacidade de atender a 9 mil pacientes por mês. Outros blocos estão previstos, mas ainda não foram orçados. (E.C.L.) M
> Projeto arquitetônico: Carla Vilhena
> Área construída: 25 mil m²
> Aço empregado: ASTM A572 GR50
> Volume de aço: 880 t
> Projeto estrutural: Pedro Bergamasco
> Fornecimento da estrutura de aço: Castilho Estruturas Metálicas
> Execução da obra: Castilho
Estruturas Metálicas
> Local: Porto Velho, RO
> Conclusão da obra: 2019
AÇO: OPORTUNIDADE PARA A QUALIFICAÇÃO
Lorenzo Max Gvozdanovic Villar é arquiteto e fundador do Estúdio Amazônia, escritório de projetos que busca identificar expressões culturais relacionadas ao meio ambiente, ao conflito da civilização com a natureza e em relação à modernidade com a cultura tradicional. É graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e tem mestrado em geografia pela Universidade Federal de Rondônia. Atualmente, leciona engenharia civil e arquitetura e urbanismo na Faculdade de Educação de Porto Velho. Villar responde pela autoria da Passarela Espaço de Todos, obra executada em aço em Porto Velho (RO). Em entrevista à Arquitetura & Aço, Villar fala sobre os avanços da construção em aço no Norte do país e como o sistema pode contribuir para o enfrentamento dos desafios da construção civil na região.
Arquitetura&Aço – A partir da sua atuação profissional e acadêmica, como avalia o desenvolvimento do mercado da construção em aço na região Norte do Brasil?
Lorenzo Max Gvozdanovic Villar – Apesar dos avanços e das diversas obras já realizadas com sucesso, observamos em grande parte da região um certo lapso no desenvolvimento desse mercado, comparativamente a outras regiões do país. O aço é reconhecido e valorizado por suas qualidades mecânicas e nos últimos anos houve um notório crescimento na busca de soluções com esse sistema construtivo. Contudo, a distância para a aquisição de insumos e a carência de especialistas, tanto para projetar estruturas em aço como para sua execução, são fatores que contribuíram para retardar uma maior utilização desse em nossas construções.
AA – Quais os principais benefícios que as estruturas em aço podem oferecer às demandas do mercado da construção no Norte, inclusive para enfrentar suas particularidades, como o período marcado por altas temperaturas, fortes chuvas e cheias?
LMGV – De modo geral, esbelteza, resistência, pré-fabricação, facilidade de montagem e leveza estrutural, com possibilidades diversas de fechamentos, são algumas das características que o aço confere às construções. Um fator determinante para a utilização do material tem sido o atendimento ao mercado quanto à necessidade de agilidade nas construções, aspecto em que o aço se destaca muito. No período do “inverno amazônico”, marcado por chuvas, é essencial contarmos com a proteção de coberturas eficientes ou beirais que possibilitem a abertura de janelas para a troca de calor. Há um ditado na Amazônia, lembrado pelo arquiteto paraense João Castro Filho, que diz: “menino, fecha a janela que vai chover”. Mas o certo a dizer seria: “menino, abre a janela que vai chover”. Nessa época, os poucos ventos são alterados com um pé-d'água, fazendo com que haja troca de calor na edificação. O aço oferece ótimas possibilidades para lidar com essa situação devido à sua capacidade estrutural.
AA – Neste sentido, em quais tipos de obras as estruturas em aço estão sendo mais demandadas?
LMGV – A concentração da população nas cidades criou novas demandas na arquitetura, como aeroportos, rodoviárias, escolas e hipermercados, gerando mudanças, principalmente, quanto à escala dos projetos. Algumas construções do passado, e que apresentavam grandes dimensões para a época, hoje são consideradas pequenas frente às novas arquiteturas. Sabemos que o
aço é adequado para atender a essa nova demanda, com obras em que é frequente a presença de grandes vãos. Em galpões industriais e comerciais o sistema já tem participação destacada no mercado. Mas temos novas obras que introduziram um novo paradigma para a construção metálica local. Em paralelo, observamos também um uso mais disseminado do aço em pequenas construções, como edifícios comerciais e residências, assim como nas estruturas de coberturas.
AA – Como o senhor avalia a formação de profissionais na região Norte para projetar em aço? Na sua percepção, existem iniciativas nas universidades para que a formação dos jovens profissionais passe a ser mais ampla no sentido de prepará-los para valorizar a adoção de diferentes sistemas construtivos, como o do aço, por exemplo?
LMGV – A necessidade tem sido a mãe de todas as virtudes e as acima mencionadas, das novas tecnologias e escalas nos projetos, são exigências que se fazem já necessárias para a formação de profissionais que atendam a esse mercado. As escolas, por formação dos próprios professores vindos de instituições tradicionalmente modernistas, têm se dedicado muito ao ensino do concreto armado, que dominou o cenário da construção durante os últimos 60 anos no Brasil. Mas com o crescimento das novas tecnologias construtivas, vemos que essa hegemonia começa a ser quebrada, partindo para um equilíbrio que oferece mais opções e liberdade criativa aos
arquitetos. O mercado tem exigido essa formação e as boas universidades têm se orientado a atender à demanda técnica por meio de cursos de pós-graduação voltados para o uso de outros sistemas construtivos, além do concreto armado.
AA – Com relação à cadeia de fornecedores de produtos e serviços para a construção em aço, o senhor acredita que ela está preparada para atender adequadamente à demanda por obras em aço no Norte do país?
LMGV – O mercado tem se adequado rapidamente ao atendimento das demandas. O avanço nessa área, aliás, tem sido perceptível. Os insumos do aço são adquiridos com facilidade, a não ser em casos que demandam o uso de ligas especiais, quando há uma maior dependência de fornecedores de outras regiões. Embora tenhamos o obstáculo da distância entre as usinas siderúrgicas e a nossa região, podemos produzir as peças das estruturas metálicas aqui mesmo.
AA – Quais as principais barreiras ainda existentes para que possa haver uma maior utilização das soluções estruturadas em aço nas construções do Norte brasileiro?
LMGV – Acredito que a nossa maior carência, nesse momento, seja em relação à pequena quantidade de empresas do ramo com conhecimento sobre a solução e à pouca disponibilidade de mão de obra especializada, seja ela técnica ou de profissionais com formação universitária. (E.Q.) M
“ O aço é reconhecido e valorizado por suas qualidades mecânicas e nos últimos anos houve um notório crescimento na busca de soluções com esse sistema construtivo.Profissional é autor do projeto passarela Espaço de Todos, na capital Porto Velho, em Rondônia, com estruturas inteiramente em aço Paulo Bass
FLORESTA DE AÇO
Reforma amplia e moderniza aeroporto em Rio Branco, com presença marcante de estruturas em aço
REINAUGURADO EM ABRIL DE 2018 após uma ampla reforma que praticamente triplicou sua área, o Aeroporto Internacional Plácido de Castro, em Rio Branco (AC), transformou-se em um dos mais modernos do país, com capacidade para atender 2,4 milhões de passageiros anualmente, o dobro da sua capacidade anterior.
A reforma teve como base o projeto elaborado e doado pela arquiteta Marlúcia Cândida, na época primeira-dama do estado. Segundo conta a profissional, a premissa foi valorizar a identidade regional, incorporando ao projeto elementos que remetem à paisagem e à cultura local. “Queríamos que, ao chegar ao aeroporto, o viajante realmente percebesse que havia acabado de desembarcar na Amazônia.” Logo na entrada do edifício do terminal, surge a grande estrutura que sustenta a cobertura frontal, com pilares em formato de galhada.
“A estrutura da cobertura foi projetada com pilares de aço em forma de árvores; tem extensão de aproximadamente 93 m e 24 m de largura e está apoiada por 18 pilares, com vão entre eles de aproximadamente 10 m e pé-direito de 5 m. Os pilares em forma de árvores ou galhadas, como alguns costumam dizer, fazem uma clara referência à Floresta Amazônica”, detalha Marlúcia Cândida. O aço contribuiu de forma relevante para viabilizar diversas das soluções adotadas no projeto. “Buscamos tirar partido da sua versatilidade e possibilidades de aplicação, de um lado atuando para a estabilidade e solidez das estruturas, de outro, conferindo maior plasticidade ao conjunto”, afirma a arquiteta Cristiana Monteiro da Tecon – Tecnologia em Construção, responsável pela execução da obra. Além das árvores de aço, o material aparece nas vigas e pilares que formam a superestrutura do edifício, na cobertura do prédio principal e nas estruturas que sustentam o forro e painéis internos.
Cobertura na face externa do aeroporto tem vãos livres de 10 m e conta com esbeltos pilares metálicos que se assemelham a árvores
Diante da diversidade de situações, foram utilizados perfis em aço de variados tipos para compor os pilares, vigas, treliças e outras peças, de modo a oferecer a melhor resposta a cada necessidade específica. As peças estruturais em aço foram fabricadas no estado do Amazonas e transportadas por vias fluviais e terrestres até o local da obra. “Mais uma vez, a escolha do material demonstrou-se determinante ao possibilitar o particionamento de grandes peças em módulos, cabendo fazer na obra somente a montagem das estruturas”, acrescenta Cristiana.
Compromisso com a sustentabilidade
Seguindo a proposta de identificação com a região amazônica, todo o projeto de reforma do Aeroporto Internacional Plácido de Castro foi pensado com apelo à sustentabilidade e ao regionalismo, buscando valorizar a floresta e a fauna locais. Assim, no interior do saguão os
forros acústicos são em MDF revestidos com madeira natural, formando três grandes ondas que embelezam o espaço e remetem aos “banzeiros”, ondas provocadas pelo deslocamento das embarcações nos rios e igarapés da Amazônia. A preferência foi, sempre que possível, por matérias-primas com certificação FSC ou de origem de projetos de manejo florestal, como os adornos com pássaros feitos em madeira cedro aplicados nas paredes laterais do saguão.
A opção pela construção em aço também está associada a este compromisso. A tecnologia do sistema resulta em uma obra limpa, que quase não produz resíduo. “O aço é um material 100% reciclável, e pode, esgotada a vida útil da edificação, retornar aos fornos sob forma de sucata e se tornar um novo aço, sem perda de qualidade”, destaca Cristiana. “Este foi um ponto essencial em nossa decisão de escolher o aço para essa obra”, conclui a arquiteta. (D.S.P.) M
> Projeto arquitetônico: Marlúcia Cândida de Oliveira Neves (participação de Carolina Sgorla, Simone Pesth, Washington Luiz, Alan Pinho, Lucas Blazute) e equipe Infraero
> Área construída: 7.500 m²
> Aço empregado: perfis do tipo H, I, L, U e W; chumbadores e SAE 1020/ SAE 1045; ASTM A325 e A307 nos parafusos e porcas; perfis laminados e chapas em aço ASTM A36
> Volume de aço: 225 t
> Projeto estrutural: Kleber Fernandes Braga e Nestor Marques de Carvalho Júnior
> Execução da obra: Tecon – Tecnologia em Construção Ltda.
> Local: Rio Branco, AC
> Conclusão da obra: 2018
Sinuosos, forros em madeira natural no interior do saguão lembram banzeiros dos rios e remetem à paisagem local
IDENTIDADE E CONFORTO
Rodoviária Internacional de Rio Branco adota estruturas em aço para oferecer modernidade e comodidade aos usuários
MODERNA E AREJADA, a Rodoviária Internacional de Rio Branco, localizada na capital do Acre, chama a atenção pelas características do seu projeto. Com estruturas em aço, o terminal urbano foi projetado pelo arquiteto Álvaro Luque a pedido da Prefeitura para atender à crescente demanda de passageiros na região. E para criar uma obra diferenciada e com forte expressão, Luque buscou referências na cultura local.
Tal como uma maloca indígena, que faz uso de poucos pilares para a sustentação da cobertura, o projeto da Rodoviária Internacional de Rio Branco segue o mesmo padrão. No edifício, inaugurado em 2012, poucos pilares foram necessários para suportar o conjunto que forma a cobertura, inteiramente estruturado em aço.
Os pilares em aço partem de uma base em concreto e, para permitir uma maior aproximação dos ônibus em relação ao beiral, foram instalados inclinados, conectando-se às vigas da cobertura. Esta, por sua vez, é estruturada por meio de pórticos independentes formados por vigas em aço, destacando-se na paisagem com sua grande superfície aparente revestida por telhas metálicas do tipo sanduíche pintadas em Com inspiração nas malocas indígenas, cobertura em aço é destaque em rodoviária local
Ricardo TorresPara assegurar conforto térmico aos usuários, o projeto contou com grandes vãos que favorecem a troca de calor e arejam o ambiente
> Projeto arquitetônico: Álvaro
Luque e AC Arquitetos
> Área construída: 7.642,80 m²
> Aço empregado: ASTM A36, A572 e SAE 1010/20
> Volume de aço: 85 t
> Projeto estrutural: Andrade
Rezende Engenharia de Projetos e Warner Barros Engenharia
Estrutural e Geotécnica
> Fornecimento da estrutura de aço: Multimetal Engenharia de Estruturas Metálicas
> Execução da obra: Albuquerque
Engenharia
> Local: Rio Branco, Acre
> Conclusão da obra: 2012
branco. O arquiteto explica que no projeto da cobertura era essencial garantir a presença de grandes vãos, favorecendo a troca de calor e arejando o terminal, de modo a oferecer maior conforto térmico em um local onde predominam as altas temperaturas durante quase todo o ano. “O uso do aço foi imprescindível para conseguirmos grandes vãos e, ao mesmo tempo, conferindo uma aparência mais leve à construção.”
A opção pelas estruturas em aço garantiu, ainda, o cumprimento do cronograma de obra, como destaca o engenheiro Warner Barros, da Warner Barros Engenharia Estrutural e Geotécnica, um dos responsáveis pelo projeto estrutural. Barros também avalia que foi uma solução muito interessante para lidar com as características climáticas da região. “O inverno amazônico é marcado por altas temperaturas e chuvas torrenciais, algo que precisou ser considerado na especificação dos materiais usados no projeto.”
A Rodoviária é distribuída em dois pavimentos no edifício que ocupa uma área de 7.642,80 m2. O encontro dos dois planos de cobertura é marcado por brises metálicos lineares horizontais, que conferem um diferencial extra à composição. O espaço conta com 14 baias de ônibus com galeria para embarque e desembarque, estacionamento, lojas de serviços, área administrativa, guaritas de segurança, entre outros estabelecimentos. Localizado na chamada Via Verde, o maior corredor verde da capital acreana, o terminal rodoviário foi pensado para valorizar e fortalecer o turismo na região. “A monumentalidade da obra é muito significante para a região tornando a rodoviária um marco para a cidade”, comenta o arquiteto e urbanista da Prefeitura de Rio Branco, Carlos Alberto Coelho Bianco, que acompanhou o desenvolvimento do projeto. (L.P.) M
Pilares inclinados em aço permitem a aproximação de ônibus em relação ao beiral e suportam a estrutura da cobertura do terminal
OCA METÁLICA
Marcante, estrutura em aço projetada para OCA Rio Branco remete à cultura indígena local e organiza o acesso ao espaço de serviços para a população
EM FUNCIONAMENTO DESDE 2010, a OCA
Rio Branco é um espaço criado para abrigar diferentes centrais de atendimento ao público. São mais de 900 serviços oferecidos à população por 27 instituições das esferas municipal, estadual e federal. Diariamente, são quase 5 mil atendimentos realizados por órgãos como a Secretaria de Fazenda, Detran, Procon, bancos públicos, Justiça Eleitoral, entre outras repartições.
Para atender a um programa tão complexo, o projeto de arquitetura realizado pelos
profissionais do escritório Acrópole, do Rio de Janeiro, precisava assegurar fluidez e praticidade. Para a área pública, privilegiou-se a ocupação open space, com o máximo de integração visual entre os setores. “Os usuários circulam livremente na área central, enquanto os balcões de atendimento se distribuem ao longo do perímetro do prédio”, conta o arquiteto Raul Vasconcellos. Cores e a programação visual em rodatetos contínuos ajudam a identificar os setores e tornam o tráfego mais intuitivo.
> Projeto arquitetônico, compatibilização e acompanhamento: Acrópole Arquitetura (Autor: Arq. Raul Vasconcellos. Coordenação: Arq. Marina Mesquita de Castro)
> Projeto legal: Arquitetos Jozilda Paiva, Hebert Costa e Erick Mendonça (equipe do Governo do Acre)
> Área construída: 8.828,39 m²
> Aço empregado: perfis soldados ABNT NBR 7007 AR350 COR e ASTM A36
> Volume de aço: 60 t
> Projeto estrutural: Andrade e Rezende Engenharia de Projetos
> Fornecimento da estrutura em aço: SGE Estruturas Metálicas
> Execução da obra: Etenge Engenharia
> Local: Rio Branco, AC
> Conclusão da obra: 2010
Com quatro pavimentos, dos quais dois são semienterrados, a OCA foi erguida com estrutura de concreto e uma volumetria predominantemente horizontal, implantada em um terreno em desnível. O projeto teve como princípio reduzir os custos de construção e operação do edifício de quase 9 mil m2 de área. Daí todas as instalações elétricas, de incêndio, rede lógica, sistema de vídeo, segurança e telefonia serem mantidas aparentes com malhas quadriculares de eletrocalhas. Para os revestimentos, preferiu-se soluções duráveis, como o piso monolítico em granilite usado nas áreas de atendimento e circulação.
Esférica e marcante
O elemento mais marcante do projeto é uma cúpula esférica de vidro, estruturada em aço, que evidencia a esplanada de acesso à OCA. São 28 m de diâmetro e 16 m de altura com vidros laminados de 10 mm, caixilhos metálicos e brises que remetem às construções indígenas.
Vasconcellos conta que a cúpula agregou uma identidade bem objetiva para o projeto, estabelecendo uma relação clara com a cultura local. Mas o principal motivo que levou à concepção dessa cúpula foi a necessidade de criar um elemento vertical com pé-direito alto, que permitisse aos usuários enxergar, ao mesmo tempo, os dois níveis do edifício, além de possibilitar a entrada de luz natural.
O grande vão livre a ser vencido induziu a escolha pela estrutura metálica, conta o arquiteto. Foram utilizados perfis de aço com pintura eletrostática e perfuração feita a laser para dar suporte ao vidro laminado de alta reflexão solar.
“Para atender à forma arquitetônica, o projeto previu a estrutura principal em arcos formados por perfis soldados e seção I de altura variável”, detalha o engenheiro Jeferson Andrade, diretor técnico comercial da Andrade Rezende Engenharia de Projetos. Ele conta que os arcos foram distribuídos radialmente e se juntam no centro em um anel circular. Transversalmente aos arcos, foram instaladas longarinas em tubos retangulares para receberem as esquadrias e
os brises formados por tubos circulares. “Não existe contraventamento. O sistema estrutural funciona como pórtico espacial”, explica Andrade. Segundo ele, na obra realizada na capital acreana, todas as ligações foram soldadas, uma vez que o projeto de arquitetura exigia juntas entre perfis o mais pura e limpa possível, sem chapas e parafusos que pudessem poluir a estética desejada.
Reforçando a amplitude do pé-direito e a leveza, sob a cúpula foi instalada uma obra do artista plástico Lucas Isawa, com pássaros construídos em MDF e tiras de compensado suspensas em cabos de aço. (J.N.) M
Com 28 m de diâmetro e 16 m de altura, cúpula formada por arcos em aço confere amplitude e transparência ao interior do edifício
AMPLIAÇÃO FACILITADA
Em Palmas, estrutura em aço viabiliza ampliações consecutivas em universidade
A FACULDADE CATÓLICA do Tocantins
(Facto) é um centro universitário criado em 1999 que quer se consolidar como referência de excelência em ensino na região. Em seu principal campus, localizado no Plano Diretor Sul, o Edifício de Classes se destaca por sua volumetria e pela fachada branca com 150 m de extensão.
O prédio tem quatro pavimentos erguidos com estrutura em aço, vidros e muita transparência. O volume principal é interrompido no trecho central para abrigar um bloco não ortogonal, onde foram instalados os laboratórios e as áreas administrativas e sob o qual formou-se um pátio coberto. Na face norte, um conjunto mais compacto abriga a biblioteca e uma capela, ambas abertas para visitação
pública. Já no lado sul, estão alocadas as salas de aula, protegidas pela circulação, com rampas e escadas, e pelo grande painel perfurado descolado da estrutura.
O campus da Facto foi projetado em 2004 pelos arquitetos Manoel Balbino, Monica Torminn e Jalma Lamounier. Em 2009, a edificação passou por uma reforma para acomodar mais quatro salas de aula em cada pavimento, intervenção conduzida pelos mesmos profissionais. Segundo eles, devido à opção pela estrutura em aço, a ampliação foi realizada com muita facilidade. “Ao contrário de uma estrutura em concreto, na qual as ligações são marcantes, na estrutura metálica é difícil apontar onde a mesma sofreu acréscimos”, diz Balbino.
Com o aço foi possível manter a uniformidade da edificação sem deixar evidente onde os acréscimos foram feitos. Estrutura utilizou perfis laminados e soldados na forma de vigas I, pilares em perfil H e lajes em steel deck
Além da facilidade para modificações e ampliações, o prazo de execução reduzido também teve um peso importante na opção pela estrutura em aço na universidade de Palmas. Balbino conta que o contratante já tinha uma experiência anterior bem-sucedida com a construção de um colégio na Capital Federal, com 22 mil m2 executados em apenas um ano.
Na estrutura da Facto, foram utilizados perfis laminados e soldados na forma de vigas I e pilares em perfil H, além de lajes em steel deck. As ligações foram todas soldadas. Uma viga de aço com 35 m foi instalada para vencer o vão sobre os blocos menores e a rampa. Também foi realizado um apoio intermediário com pilares bastante esbeltos, criando dois vãos com 20 m e 15 m cada. “Quase imperceptível, esse apoio permitiu que a viga I tivesse sua altura reduzida sensivelmente, gerando economia para a obra”, revela Manoel Balbino.
Interligação estrutural
No Edifício de Classes em Palmas, a parede perfurada afastada da estrutura é um elemento de arrojo e identidade na fachada. Para sua construção, foram executados blocos de fundação com pilaretes que, por sua vez, receberam um esqueleto de concreto com vigas e pilares largos.
Durante a realização do projeto, estudos de carga de vento mostraram que essa estrutura de concreto com os pilares em linha não resistiria aos esforços. “Isso levou à instalação de grampos metálicos, que estabilizam a parede e a conectam com a estrutura metálica, evitando um possível tombamento”, conta Balbino.
Os fechamentos foram executados com alvenaria previamente planejada para evitar patologias construtivas na interligação com a estrutura em aço. Os blocos cerâmicos formam paredes duplas, uma em cada face da viga de 30 cm. A solução permitiu liberar espaço interno para um colchão de ar, melhorando o desempenho térmico do edifício.
“As paredes foram retiradas da estrutura em aço e apoiadas sobre um sistema de funda-
Viga em aço de 35 m vence vão sobre blocos menores e rampa. Apoio intermediário com pilares também cria dois vãos de 20 m e 15 m cada
> Projeto arquitetônico:
Manoel Balbino, Monica
Torminn e Jalma Lamounier
> Área construída: 6.089 m²
> Aço empregado: ABNT NBR
7007 AR350 COR e A572 GR50
> Volume de aço: 300 t
> Projeto estrutural: Lenildo
Santos da Silva
> Fornecimento da estrutura de aço: Codeme
> Execução da obra: Arcel
Engenharia
> Local: Palmas, TO
> Conclusão da obra: 2006 Fotos Mitt
No desenho, a área indicada em vermelho corresponde à expansão realizada em 2009
ção independente, tangenciando o perímetro externo da estrutura. A ligação entre parede-estrutura se deu com a inserção de conectores de cisalhamento no nível das lajes e possibilitou o cálculo preciso das paredes com faixas verticais apoiadas horizontalmente nas lajes”, conta o engenheiro Roberto Coelho, diretor da Racional Sistemas Construtivos e autor do
projeto de vedações. Ele conta que as paredes internas e divisórias foram todas projetadas desvinculadas da estrutura, com pequenos perfis metálicos. “Os marcos das portas foram projetados em perfis em aço de chapa dobrada, de forma a participarem da estabilização destas paredes, assim como os marcos das janelas”, conta o engenheiro. (J.N.) M
INTEGRAÇÃO TOTAL
Para se conectar ao entorno com harmonia, espaço cultural em Palmas explora a leveza das estruturas metálicas em cobertura que abriga eventos
CONSTRUÍDO EM 1996, o Espaço Cultural
José Gomes Sobrinho representou, na época, uma novidade relevante para a rede de equipamentos culturais da cidade de Palmas (TO), e passou a funcionar como um dos principais centros de eventos da capital tocantinense. A grande praça que domina sua área central é protegida por uma extensa cobertura estruturada em aço, que a um só tempo demarca visualmente o espaço cultural e o integra à área verde circundante.
“O aço foi a solução ideal para a cobertura da praça de eventos, com vistas muito liberadas e grandes vãos, favorecendo sua integração com a paisagem”, explica o arquiteto Paulo Henrique Paranhos.
Desde a fase de concepção do projeto, Paranhos defendeu a ideia de que o equipamento deveria não apenas oferecer a Pal-
mas um centro para a prática de atividades artísticas e a realização de grandes eventos, mas também ocupar o espaço em conexão com o ambiente, que é marcado por reservas que dariam origem, pouco depois, ao parque Cesamar. “Ele deveria funcionar como eixo de preservação daquela área verde na cidade”, aponta Paranhos.
A proposta, por isso, definiu-se esteticamente em função da sua relação com o entorno. “Quem passa por ali de carro, por exemplo, percebe que o espaço cultural não é o protagonista, mas, sim, a paisagem.” Do ponto de vista prático, a praça de eventos reuniria milhares de pessoas, que não poderiam ficar expostas ao sol de Palmas. A cobertura deveria proteger os frequentadores e vencer grandes vãos, ao mesmo tempo mantendo a leveza visual que Paranhos desejava no projeto. Assim, para
O posicionamento das estruturas de sustentação da cobertura foi cuidadosamente definido, avaliando o equilíbrio dos esforços exigidos entre os vãos e balanços que chegam a atingir 20 m
atender a essas questões, a solução em aço revelou-se como a melhor resposta.
As cargas foram divididas entre quatro colunas de concreto, encimadas por capitéis incomuns, em formato de pirâmide invertida, sobre os quais se abrem mais duas pirâmides invertidas. “Com essa solução, pudemos distribuir melhor as cargas da cobertura, já que estávamos trabalhando com poucas colunas”, lembra Paulo Sérgio Ribeiro, engenheiro estrutural da Ferenge.
Ribeiro conta que foi necessário estudar a melhor posição das colunas na estrutura espacial, de modo a encontrar o equilíbrio ideal entre os esforços exigidos pelos vãos e os balanços, que os diminuem. “Atingimos o posicionamento desejado com o uso de balanços significativos que chegam a 20 m.”
A ausência de fechamentos laterais, devido à concepção arquitetônica de Paranhos, contribuiu para diminuir as pressões sobre a estrutura causadas pelo vento, o que acabou reduzindo os esforços gerais. “De qualquer forma, foi necessário estudar as frequências naturais da cobertura para garantir que os ventos não entrariam em ressonância com a mesma, fazendo-a vibrar”, explica o engenheiro Ribeiro.
O resultado foi uma estrutura delgada, que sofreu apenas uma pequena elevação em relação ao projeto inicial devido a um pedido da construtora na fase da execução. A cobertura foi realizada com telhas em aço com alta resistência à corrosão atmosférica e resistência mecânica de 300 MPa, na época um dos mais resistentes disponíveis no mercado. “Outra solução possível seria o alumínio, mas o custo seria maior. Sem dúvida, o aço tinha mais viabilidade e foi a melhor escolha,” pontua Ribeiro.
O conforto térmico foi garantido pelo isolamento aplicado às telhas metálicas e pelo planejamento climático da edificação. “O espaço cultural tem elementos vazados, como cobogós e esquadrias ventiladas, exceto no teatro e no auditório. Os equipamentos também contam com espelhos d’água. Dessa forma, buscamos promover a dinâmica de ventilação”, diz Paranhos.
O Espaço Cultural José Gomes Sobrinho abrange, além da praça central de eventos, um grande teatro para 530 pessoas, uma pequena sala de cinema e auditório, um centro de oficinas culturais e uma biblioteca. A praça conta também com lanchonete e sanitários. (E.C.L.) M
> Projeto arquitetônico: Paulo Henrique Paranhos
> Área construída: 9.440 m²
> Aço empregado: ABNT NBR
7007 AR350 COR
> Volume de aço: 450 t
> Projeto estrutural: Ferenge Soluções em Estruturas Metálicas
> Fornecimento da estrutura de aço: Alusud
> Execução da obra: Ecen Enganheria Ltda.
> Local: Palmas, TO
> Conclusão da obra: 1996
LEVEZA ESTRUTURAL
Tensoestrutura garante fluidez, beleza e funcionalidade a tradicional feira em Ananindeua, no Pará
A FEIRA DO QUATRO sempre foi um importante polo comercial de Ananindeua, município na região metropolitana de Belém. Inicialmente sinônimo de comércio informal e de instalações precárias, o mercado de frutas, peixes e artesanato foi transferido para um novo local na Avenida Arterial 18 para a abrigar, de modo organizado, os 354 pontos de venda, além de espaços para administração e utilidades.
O equipamento urbano, agora batizado de Feira da Cidade, foi projetado por José Maria Coelho Bassalo e Flávio Campos do Nascimento, do escritório Meia Dois Nove Arquitetura. O trabalho teve como diretriz garantir fluidez à circulação das pessoas e acesso igualitário a todos os boxes e bancas.
Erguida com estrutura em aço e membrana de fibra de poliéster com PVC, uma grande tensoestrutura dá forma a um pavilhão com área
total coberta de quase 3.200 m2. Translúcida, a membrana permite o funcionamento do pavilhão durante o dia sem iluminação artificial. Em Ananindeua, esta solução foi especificada principalmente para atender ao curto prazo de execução e à limitação de recursos. Na Feira da Cidade, a cobertura foi montada em apenas 80 dias de trabalho.
Efêmero e permanente
“A concepção da tensoestrutura que cobre a feira foi determinada por razões geométricas, construtivas e conceituais”, explicam Bassalo e Nascimento. A cobertura se baseia na justaposição de módulos hexagonais, estruturalmente independentes. Essa composição ajustou-se à geometria triangular do lote e permitiu cobrir uma grande área sem que houvesse pontos muito elevados na membrana.
Tubos de aço e chapas metálicas com acabamento galvanizado a fogo suportam coberturas que abrigam 354 pontos de venda da feira
“Do ponto de vista conceitual, a escolha da membrana fundamentou-se no fato de que a história consagrou o uso de coberturas têxteis em abrigos temporários e em estabelecimentos provisórios”, dizem os arquitetos. “Ainda que o pavilhão seja uma estrutura permanente, por princípio, é um evento circunstancial, a tensoestrutura pode expressar essa efemeridade do seu caráter”, complementam Bassalo e Nascimento.
“A cobertura foi concebida com a interligação de 48 elementos hexagonais de três tipologias: cálices, umbrella e tenda cônica”, explica a engenheira Rita de Cássia Antunes Bose, da Tecno Staff, empresa responsável pela execução da cobertura. Ela conta que, ao todo, foram utilizadas 42 unidades do tipo cálice com 9,60 m de diâmetro e 5,5 m de altura, com geometria semelhante à de bumerangues. Desse total, 32 são do tipo 1, com configuração em estrutura metálica completa, e dez do tipo 2, com pilares de concreto e conformação superior em metal.
“Os espaços curvos entre as coberturas dos cálices foram cobertos com estruturas do tipo claraboias revestidas com membrana com blackout. Já os demais espaços, com membrana translúcida, que proporciona um jogo de luz e transparência na cobertura com a luz do dia”, explica Cássia.
A cobertura da Feira da Cidade empregou, também, quatro unidades de membranas do tipo umbrella e duas unidades do tipo tenda cônica, todas elas com 16 m de diâmetro.
Elementos de destaque na composição arquitetônica do projeto, as tendas têm estrutura de sustentação compostas por dez mastros monumentais em aço externos à cobertura. Além da função de proteção, as tendas
são um elemento diferencial na composição arquitetônica da feira.
O conforto térmico, aspecto crítico em uma região tão quente, foi resolvido com uma combinação de soluções. Além do uso da membrana, que por si só possui bom desempenho térmico, o pavilhão é totalmente aberto em suas laterais, o que favorece a circulação do vento. Outra estratégia relevante foi a instalação de 36 exaustores eólicos nos pontos mais elevados da tensoestrutura, potencializando a renovação do ar no interior da Feira.
Sustentação em aço
Composta por tubos de aço e chapas metálicas com acabamento galvanizado a fogo, a estrutura metálica que suporta a cobertura foi dimensionada considerando-se carregamentos de vento de 108 km/h, peso próprio de 20 kgf/m2 e sobrecarga de 25 kgf/m2
Em vez de cabos, o sistema de tensionamento da membrana nas bordas conta com barras de ferro redondas rosqueadas nas pontas, uma solução mais simples e econômica.
As membranas, dimensionadas para suportar uma carga de ruptura com tração de 60 kN/m, foram reforçadas com as chapas metálicas parafusadas nas bordas, garantindo sua integridade após o tensionamento.
Cássia conta que, para a instalação das membranas, foram empregados vergalhões de aço, parafusados nos troncos dos cones de interligação das peças. Na parte inferior da cobertura, as membranas dos cálices foram fixadas nos funis de captação de água pluvial. Na parte superior, os vergalhões passantes nas bolsas das membranas foram parafusados nos troncos dos cones de interligação, entre as fôrmas. (J.N.) M
> Projeto arquitetônico: Meia Dois Nove Arquitetura e Consultoria
> Autores: José Maria Coelho Bassalo e Flávio Campos do Nascimento
> Área construída: 3.127 m²
> Aço empregado: tubos redondos e vergalhões de aço SAE e chapas de aço ABNT NBR 7007 AR350 COR
> Volume de aço: 75 t
> Projeto de estruturas: Reinaldo Jansen Silva
> Projeto de tensoestrutura: Paulo André Brasil Barroso
> Membrana: Mehler Texnologies, Serge Ferrari e Formatto
> Execução da cobertura: Tecno Staff Engenharia e Estruturas
> Local: Ananindeua, PA
> Conclusão da obra: 2007
MODELO CONSAGRADO
Clássico de Lelé, unidade da Rede Sarah em Macapá conta com espaços modulares e cobertura em sheds metálicos que ajudam a regular a temperatura na edificação
O SARAH MACAPÁ foi inaugurado em 2005 na capital amapaense com o objetivo de oferecer tratamento local não hospitalar a crianças e adolescentes com paralisia cerebral, lesão cerebral adquirida ou atraso de neurodesenvolvimento. Até sua inauguração, os pacientes tinham de viajar ao hospital de São Luís, no Maranhão. Projetado por João Filgueiras Lima, o Lelé, e construído pelo Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), o posto avançado carrega os traços típicos dos projetos da rede, com cobertura em sheds metálicos e organização modular dos espaços.
Conforme explica a arquiteta Adriana Filgueiras Lima, filha de Lelé e parte da antiga equipe responsável pela construção da rede, a unidade de Macapá foi produzida com elementos industrializados produzidos pelo próprio CTRS. “O CTRS era uma verdadeira indústria montada por Lelé para construir esses hospitais e postos avançados. Contava com serralheria para a fabricação de elementos estruturais, produzia esquadrias e elementos mais leves para fechamentos, como brises, e também pré-moldados de argamassa armada”, conta.
A construção do posto de Macapá foi, a exemplo das outras unidades, inteiramente industrializada. O partido do projeto era garantir dois conceitos centrais, flexibilidade e extensibilidade. “Dessa maneira, tornava-se possível implantar novos setores e ampliar setores já existentes sem prejudicar o funcionamento do hospital”, completa Adriana. Outro elemento fundamental para Lelé era assegurar o conforto ambiental na edificação.
O controle da ventilação e da temperatura no prédio tem como elemento fundamental a cobertura em shed, executada em aço e com curvatura acentuada para receber o vento predominante na região. “Os fechamentos laterais também são executados em painéis metálicos vazados, que permitem a entrada de ar”, acrescenta Adriana. A circulação do ar é estimulada pela altura dos sheds, que chegam a alcançar 3 m e, por diferença de pressão, favorecem a saída do ar interno.
No que se refere à flexibilidade espacial, Lelé aplicou em Macapá o mesmo conceito de outras obras da Rede Sarah – desenhou uma circulação central que se estende por toda
Projeto marcado por leveza estrutural foi estruturado em aço de maneira modular para que pudesse receber futuras ampliações
a unidade, funcionando como uma coluna vertebral com a qual se comunicam todos os espaços do posto. “Essa coluna vertebral permite que os diversos setores estejam ligados à totalidade, mas ao mesmo tempo funcionem de forma autônoma.”
O programa segue critérios de funcionalidade. O primeiro setor é uma área administrativa, que inclui os vestiários. A seguir, abrem-se dois grandes espaços de atendimento, uma área de avaliação e uma área de fisioterapia. Ao lado, situam-se uma entrada principal, com área de recepção e espera, e um setor de diagnóstico, com equipamentos de raios X. Por fim, surgem os setores de coleta de material para análise laboratorial, radiologia, oficina ortopédica, piscina e quadra coberta. “Tem ainda o bloco de serviço, ao longo dessa coluna central, que sedia o setor de manutenção, uma pequena lavanderia, farmácia, central de limpeza, pequeno almoxarifado, cozinha e refeitório.”
Lelé trabalhou intensivamente com aço em alguns projetos, sobretudo na Rede Sarah. “Ele adotou o metal em seus projetos finais, para a estrutura e a cobertura. Acho que o aço limita menos, no que se refere à industrialização. O aço calandrado, quando se conhece bem suas possibilidades, permite soluções muito interessantes”, explica Adriana.
A construção da unidade de Macapá exigiu, também, a instalação de uma passarela, que une o posto avançado a um campus universitário situado do lado oposto de uma via de trânsito rápido. Conforme recorda o engenheiro estrutural Roberto Vitorino, a passarela teve um projeto diferenciado, com rampa helicoidal. “É um caracol, com cobertura em espiral”, explica. Executada em aço e concreto, a passarela tem um único pilar central, no canteiro da avenida, em formato de leque, com quatro braços, para absorver as treliças. (E.C.L.) M
> Projeto arquitetônico: Centro de Tecnologia da Rede Sarah/ CTRS (extinto) – Arq. João
Filgueiras Lima, o Lelé
> Área construída: 5.000 m²
> Aço empregado: ASTM A-242
> Volume de aço: 225 t
> Projeto estrutural: Centro de Tecnologia da Rede Sarah/ CTRS (extinto) – Engenheiro
Roberto Vitorino
> Fornecimento da estrutura de aço: Centro de Tecnologia da Rede Sarah/CTRS (extinto)
> Execução da obra: Centro de Tecnologia da Rede Sarah/ CTRS (extinto)
> Local: Macapá, AP
> Conclusão da obra: 2004
DivulgaçãoSHOPPING PARA BOA VISTA
Centro comercial na capital de Roraima estruturado em aço fica pronto em menos de um ano ao adotar soluções construtivas industrializadas
INAUGURADO EM NOVEMBRO DE 2014, o Pátio Roraima Shopping – primeiro shopping center de Roraima – foi concebido com 180 lojas, cinco salas de cinema, dois elevadores e um estacionamento com 1.300 vagas para veículos. O conceito inicial do empreendimento foi criado pela Designcorp, uma empresa canadense, e o desenvolvimento e compatibilização do projeto ficou a cargo do escritório A. Dell'Agnese Arquitetos Associados – AD Arquitetura.
Devido à distância e à dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, a obra priorizou o uso de sistemas construtivos industrializados com estrutura em aço, fechamento em painéis termoisolantes e cobertura com telhas de aço.
A opção pela estrutura em aço, além de facilidade e rapidez na montagem, assegurou outros benefícios ao empreendimento. A flexibilidade e maior leveza do material possibilitaram a concepção de um projeto estrutural com número reduzido de pilares, liberando mais espaço para lojas e usuários. Ao todo, 1.120,84 toneladas de aço foram usadas na
obra, na forma de pilares, vigas, estrutura da cobertura, lajes steel deck e escadas.
Estrutura da cobertura
Os pilares e vigas que compõem a estrutura do edifício são formados por perfis em aço laminado e perfis do tipo I soldados. As vigas, por sua vez, foram dimensionadas considerando a colaboração da estrutura mista das lajes em steel deck, ligada a elas por meio de conectores do tipo stud bolt e atuando para reforçar a estabilidade do conjunto.
Na cobertura, a estrutura principal apoia-se nos pilares e foi executada com chapas de aço de seção variável. Já a estrutura secundária é formada por treliças em aço semiespaciais parafusadas. Na cobertura dos domus, foram usadas estruturas secundárias compostas por terças em perfis de chapas dobradas com contraventos e amarrações.
Os pilares e vigas receberam proteção passiva contra incêndio e corrosão, com aplicação de argamassa projetada, enquanto a estrutura de cobertura recebeu pintura em pó com camada de 60 micras.
> Projeto arquitetônico: AD Arquitetura
> Área construída: 39.786 m²
> Aço empregado: pilares e vigas ASTM A572 GR50
> Volume de aço: 1.120,84 t
> Projeto estrutural: Medabil Sistemas Construtivos
> Fornecimento da estrutura de aço: Medabil Sistemas Construtivos
> Execução da obra: Interbuild Engenharia e Construções
> Local: Boa Vista, RR
> Conclusão da obra: 2014
No canto inferior, à direita, os pilares de sustentação da marquise são formados por perfis em aço do tipo I, com revestimento em placas cimentícias. Logo acima, visão interna do domus com cobertura estruturada em aço.
Cuidado com o calor
Para garantir conforto aos usuários em uma região quente como a de Boa Vista, era essencial a preocupação com os materiais escolhidos para o fechamento da estrutura. Assim, placas cimentícias com núcleo isolante em poliestireno expandido foram especificadas para compor as paredes externas, as quais receberam, ainda, revestimento cerâmico. Telhas em aço com proteção termoisolante aparecem na cobertura do shopping e na fachada relativa à praça de alimentação – executada em sistema de pele de vidro – foram utilizados brises, amenizando a sensação térmica. Além de um sistema de ar-condicionado inteligente, que se ajusta de acordo com a demanda local.
“As soluções adotadas permitiram superar o desafio da escassez de mão de obra qualificada, viabilizando a execução da obra com rapidez em uma região distante. As peças industrializadas chegavam prontas para serem apenas montadas no local, eliminando a necessidade de um grande canteiro e resultando em uma obra limpa e sem desperdícios. Além de garantir maior segurança, produtividade e qualidade à construção”, comenta Alan Gonçalves, gerente de projetos da AD Arquitetura. (G.C.) M
ALÉM DO TEMPO
Marco histórico de Manaus, a Ponte Benjamin Constant teve suas estruturas renovadas para atender às exigências atuais e seguir servindo a cidade
SÍMBOLO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA e de uma “europeização” muito valorizada àquela época, a Ponte Benjamin Constant representa bem a transformação urbanística e arquitetônica que Manaus experimentava no final do século XIX. Sua construção começou em 1892 e terminou em 1895, período áureo da borracha no Amazonas e que levou Manaus a ser um importante centro comercial exportador e importador no país.
Acompanhando o espírito da época, Manaus – assim como outras cidades brasileiras – passou por um processo de transformação para atender às expectativas econômicas e sociais de uma sociedade que emergia e se sofisticava. Foi nesse período que o governo de Eduardo Ribeiro optou pela construção da ponte, que liga o centro da cidade ao bairro da Cachoeirinha, viabilizando a chegada da linha de bonde até lá.
Construída em aço e ferro sob a supervisão do engenheiro inglês Frank Hirst Hebblethwaite, a Ponte Metálica – como passou a ser conhecida – se destaca por seu desenho elegante, assemelhado ao padrão de uma ponte pênsil. “Vivia-se a Revolução Industrial e o uso
de metais nas grandes obras era uma tendência mundial”, explica a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Amazonas, Karla Bitar.
A construção de influência inglesa e concepção bastante arrojada para a época, com a presença de grandes vãos, foi executada com peças metálicas importadas, o que se mostrou um desafio e tanto, dadas as condições e recursos então existentes. Isso porque além de uma superestrutura metálica com comprimento total de 161 m e largura de 10,5 m, a Ponte conta ainda com dois vãos de 20 m, dois vãos de 30 m e um vão central de 60 m, além de duas passarelas laterais.
O sistema estrutural em treliça com infra e mesoestrutura composta de encontros, pilares e fundações reforçam a importância da ponte do ponto de vista histórico e construtivo.
Atualização constante
Por questões de segurança e também para manter intacta a histórica obra, a Ponte Benjamin Constant passou por uma série de manutenções e melhorias desde a sua cons-
Inaugurada em 1895, ponte recebeu diversas intervenções de manutenção e reforma, sempre preservando suas características. Em 1988 foi reconhecida como Monumento Histórico do Estado
trução. A primeira grande reforma aconteceu entre 1936 e 1939. Depois, três restaurações foram executadas na década de 1960 e em 1975 e 1987.
Mas foi somente em 1988 que a Ponte Benjamin Constant foi tombada e passou a ser reconhecida como Monumento Histórico do Estado. Em 2005, teve o seu tráfego limitado a veículos leves para evitar possíveis desabamentos. Dois anos depois, entretanto, o Governo do Estado deu início a uma nova restauração como parte das obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus.
Na última restauração, que preservou as características originais da construção cente-
nária, uma série de intervenções foram feitas para reforçar sua estrutura e permitir que suportasse o tráfego dos veículos. As passarelas também foram substituídas. Segundo a RMG Engenharia, que participou das intervenções, foi utilizado aço ASTM A36 nas estruturas, que receberam uma nova pintura, com seis camadas de tinta, e iluminação computadorizada com 1.300 luminárias, em projeto assinado por Peter Gasper, mestre da iluminação arquitetônica. Reinaugurada em 25 de setembro de 2008, a Ponte Benjamin Constant continua exibindo uma inigualável beleza arquitetônica e se mantém como um símbolo da presença inglesa na região. (N.L.) M
Última restauração trouxe melhorias estruturais, nova iluminação e passarelas renovadas
ARCO MONUMENTAL
Engenheiros vencem desafio logístico e instalam o maior arco metálico parafusado da América do Sul, no Bumbódromo de Parintins
EM 2013, 25 ANOS após sua inauguração, o Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes, em Parintins (AM), mais conhecido como Bumbódromo – onde ocorre anualmente o festival folclórico da cidade, com apresentações dos bois Caprichoso e Garantido – sofreu uma série de intervenções modernizantes. A principal delas foi a instalação de um arco em aço sobre a arena, que sustenta passarelas aéreas e abriga equipamentos cenotécnicos.
Dificuldades logísticas e técnicas exigiram ousadia redobrada de projetistas e montadores, afinal, o arco tem 114 m de comprimento e 30 m de altura – dimensões consideráveis e que, devido às condições locais, amplificaram o desafio construtivo. “O grande problema é que o arco não poderia ser soldado porque não
havia infraestrutura suficiente no local. Então, teve de ser totalmente parafusado”, explica Flávio D’Alambert, engenheiro responsável pelo projeto estrutural.
Conforme esclarece o engenheiro Benedito Baldon, da Engemetal, empresa responsável pela fabricação do arco, seria muito difícil isolar os pontos de soldagem entre as peças para evitar o contato deles com as chuvas frequentes da Região Amazônica. “É uma estrutura alta e que exige total confiança nas ligações. As intempéries levariam à necessidade frequente de refazer a soldagem, o que conseguimos evitar com o parafusamento.”
Do ponto de vista estrutural, o projeto precisou prever a grande sobrecarga a que o arco seria submetido, já que ele deveria sustentar as duas passarelas laterais e os volumo-
> Projeto arquitetônico: Equipe de projetos da Secretaria de Estado de Infraestrutura do Governo do Amazonas
> Aço empregado: ASTM A 572 GR50
> Volume de aço: 280 t
> Projeto estrutural: Flávio
D’Alambert/Projeto Alpha
> Fornecimento da estrutura de aço: Engemetal Estruturas
Metálicas
> Montagem: Castilho Estruturas Metálicas
> Execução da obra: SH
Engenharia
> Local: Parintins, AM
> Conclusão da obra: 2013
sos equipamentos de som e iluminação. “Com a significativa sobrecarga, tivemos cuidado especial em relação à tolerância construtiva”, aponta D’Alambert.
O arco foi projetado considerando-se a necessidade de transportá-lo da região do ABC Paulista para Parintins, localizada em uma ilha no Rio Amazonas. Por isso, planejou-se sua modulação em peças de 6 m, que puderam ser transportadas em caminhões que seguiam até Porto Velho (RO). De lá, tomavam uma balsa até Manaus e outra de Manaus a Parintins. “Os trechos de balsa eram demorados: de Porto Velho a Manaus chegava a levar quatro dias, pela ausência de balsas diárias. De Manaus a Parintins, a viagem tomava de 18 a 24 horas”, conta Bruno Castilho, da Castilho Estruturas Metálicas, empresa responsável pela montagem da estrutura metálica.
Vencida a questão logística, a equipe deu início à montagem utilizando guindastes com capacidade de até 200 toneladas, que içavam grupos de três módulos por vez. “Como o arco não tem travamento lateral, as bases foram
feitas com uma bifurcação, de modo a produzir estabilidade espacial. Ele ficaria instável se fosse um arco normal, de um ponto a outro, sem travamento intermediário”, descreve D’Alambert. À altura de um quarto da base, aproximadamente, o arco se bifurca em duas pernas, formando uma espécie de Y.
O “Arco Monumental” – denominação dada pela Secretaria de Infraestrutura do Governo do Amazonas no projeto arquitetônico – compõe, em conjunto com as passarelas laterais, uma forma que lembra uma cabeça de boi. “Devido ao grande vão a ser vencido na arena, a solução necessariamente devia ser em aço. Se fosse um arco de concreto, ele ficaria mais alto e mais largo, descaracterizando o projeto arquitetônico”, explica Baldon.
O escopo do projeto incluiu ainda a construção de dois módulos de arquibancadas, também executados inteiramente em aço. Toda estrutura metálica do Bumbódromo, executada em perfis de aço ASTM A 572, recebeu tratamento com pintura anticorrosão. (E.C.L.) M
Suspensas no grande arco com 114 m de comprimento e 30 m de altura, passarelas em aço foram fabricadas em módulos de 6 m e transportadas por caminhões e balsas até Parintins. Montagem e fixação foram realizadas com parafusos. Sem travamento lateral, o arco foi montado a partir de uma base de bifurcação Y para garantir a estabilidade da estrutura
CONEXÃO NA AMAZÔNIA
Para dobrar sua capacidade de atendimento, o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, recebe melhorias com uso intensivo de aço
LOCALIZADO NO CORAÇÃO do Amazonas, o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes tem passado, desde sua inauguração, em 1976, por uma série de reformas para atender ao crescente fluxo de viajantes. Não à toa, foi reconhecido pela pesquisa Aeroportos + Brasil, do Ministério da Infraestrutura, como o melhor terminal aeroportuário do Brasil na sua categoria. Na mais recente renovação, realizada em 2017, passou a contar com seis novas pontes de embarque em estrutura metálica com acabamento em vidro. Mas foi na reforma e ampliação feita para atender à demanda da Copa do Mundo de 2014 que o local recebeu as intervenções mais significativas. Para elevar sua capacidade de 6,4 milhões para 13,5 milhões de passageiros por ano, e ampliar a
área do terminal para 97.258 m2, o aeroporto manauara foi submetido a uma grande reforma entre 2011 e 2015, na qual o aço teve um importante papel.
“Tínhamos cerca de 30 meses para criar um novo nível inferior destinado ao desembarque, ampliar os lados leste e oeste, construir um estacionamento, uma passarela de acesso ao terraço e para adequar o terminal com novos elevadores e escadas. As intervenções deveriam ser feitas com o aeroporto mantendo-se em perfeita operação e obedecendo um cronograma bastante enxuto, e por isso optamos pela solução em aço para atender a várias destas demandas”, diz o engenheiro Ronaldo Lazzarini, projetista estrutural e de fundações do Aeroporto Internacional de
A opção pelo uso de estruturas em aço permitiu realizar todas as intervenções mantendo o aeroporto em plena operação e dentro dos prazos do cronograma proposto
Manaus. Nas obras, cerca de 2,2 mil toneladas do material foram usadas em pilares, vigas, coberturas e outros elementos, atendendo ao extenso programa.
Detalhes da obra
Para que a nova área de desembarque de passageiros fosse construída no nível inferior do terminal de embarque, sem atrapalhar o fluxo de passageiros do terminal em operação, foi preciso escavar o local. O projeto inicial previa o uso de uma solução em laje alveolar protendida para preencher as aberturas originadas pela escavação, mas, considerando a disponibilidade de materiais na região e o menor prazo de execução, a opção se deu pelo aço.
“Tínhamos uma reserva de capacidade de solo, então foi possível o acréscimo de cargas nos pilares. Assim, apoiamos as vigas em aço nos robustos pilares já existentes, espaçados entre
12 m e 13 m no pavimento inferior, e preenchemos as lacunas que ficaram após a escavação com outros elementos em aço”, detalha o engenheiro. E para facilitar o acesso de passageiros à nova área de desembarque, o estacionamento do aeroporto também ganhou um
> Projeto arquitetônico: Consórcio
ATP-Laghi Engenharia
> Área construída: 197 mil m²
> Aço empregado: perfis metálicos tipo U laminados, tubulares, treliças
ASTM A-307, ASM A325, ASTM A36, ASTM A572 e ASTM A570
> Volume de aço: 2,2 mil t
> Projeto estrutural: Consórcio ATP e Laghi Engenharia
> Fornecimento da estrutura de aço: Empresa Carboquímica
> Execução da obra: Consórcio
Encalso-Engevix-Kallas
> Local: Manaus, AM
> Conclusão da obra: 2015
nível inferior, porém, este foi construído em concreto.
No trecho central do terminal de passageiros, onde estão localizados os elevadores e escadas rolantes que dão acesso aos pavimentos superiores do aeroporto, também foi utilizada uma estrutura em aço. “Ao sair do elevador no pavimento do terraço, o passageiro encontra uma passarela de acesso feita em perfis soldados de aço, que vence um vão de 22 m”, explica Lazzarini.
Já no pavimento térreo, os esforços se concentraram na ampliação do terminal a leste e a oeste, visando aumentar sua capacidade de atendimento nas áreas que seriam destinadas exclusivamente ao embarque após a reforma. E para a cobertura do terminal, as estruturas em aço foram também a solução escolhida. Devido aos grandes vãos a ser vencidos – o maior deles com 63 m –, foram adotadas coberturas metálicas autoportantes em todas as novas áreas do aeroporto. O aço aparece, ainda, em escadas, rampas de emergência e nas guaritas de controle de acesso ao estacionamento. Segundo Ronaldo Lazzarini, “as estratégias adotadas permitiram, além da redução no tempo de execução das obras, uma economia de cerca de 7% no custo da parte estrutural”. (E.Q.) M
Para a estrutura da cobertura do terminal, devido aos grandes vãos a serem vencidos, foram utilizadas treliças em aço, com fechamento em telhas também de aço
CONSTRUÇÃO SOB MEDIDA
Edifício com dez pavimentos e inteiramente estruturado em aço será inaugurado em dezembro para abrigar novo fórum
Os moradores de Porto Velho, em Rondônia, não precisarão mais se deslocar por toda a cidade para ter acesso a diferentes esferas do sistema judiciário. Até dezembro deste ano, a população do município, de 520 mil habitantes, encontrará o que precisa para resolver suas questões jurídicas em um único local.
A poucas quadras do Rio Madeira, onde no passado havia um clube, um novo edifício será inaugurado para centralizar as operações do Poder Judiciário e oferecer atendimento qualificado ao cidadão.
Com dez pavimentos, o novo Fórum Cível e Criminal de Porto Velho, como vem sendo chamado o empreendimento, tem formato retangular semelhante ao observado em prédios públicos convencionais e foi idealizado pela arquiteta Andréia de Sousa Martins inteiramente em aço para atender a importantes exigências do projeto, especialmente no que diz respeito ao tempo de execução. Tudo para que ficasse pronto em menos de um ano. “As estruturas metálicas são melhores de serem trabalhadas em obra, pois entregam eficiência, rapidez e qualidade. Optamos pelo aço pelo rápido desempenho que o mesmo confere ao levante da obra e por outras vantagens, como o não desperdício, limpeza e segurança”, explica Andréia.
“ As estruturas metálicas são melhores de serem trabalhadas em obra, pois entregam eficiência, rapidez e qualidade.
> Projeto arquitetônico: Andréia de Sousa Martins
> Área construída: 31.149,26 m²
> Aço empregado: perfis laminados ASTM A572 GR50; perfis soldados e chapas ASTM A36
> Volume de aço: 1,4 mil t
> Projeto estrutural: Leandro Lorensi dos Santos
> Fornecimento da estrutura de aço: Castilho Estruturas
Metálicas
> Montagem das estruturas de aço: Castilho Estruturas
Metálicas
> Execução da obra: Mauí Construções e Incorporações Ltda.
> Local: Porto Velho, RO
> Conclusão da obra: 2019
O edifício, que ocupa 31.149 m² de área construída, incluindo os dois pavimentos de garagem com 650 vagas de estacionamento, é todo estruturado em aço, que aparece em pilares, vigas, caixa de elevadores e escadas, além das lajes em steel deck. Ao todo, cerca de 1,4 mil toneladas de aço foram empregadas na obra.
Segundo o engenheiro Leandro Lorensi dos Santos, da Lorensi Engenharia, empresa responsável pelo projeto estrutural do fórum, com exceção dos pilares dos pavimentos iniciais, com perfis de seção CS soldados, todo o restante do projeto recebeu perfis W e HP laminados ASTM A572 GR50. Os pilares mais carregados, que chegam a 900 toneladas de carga axial de compressão, entretanto, utilizam perfis soldados CS 450 x 280. Outro ponto importante diz respeito à dimensão das vigas. “Temos, nesse projeto, vigas que vencem 14 m de vão. Para elas, adotamos perfis W610 x 155 utilizando a laje como mesa de compressão para combater deformações”, explica o engenheiro.
Para cumprir as metas de execução e conferir ainda mais agilidade à obra, que previa a concretagem de três lajes por mês, a adoção da estrutura em aço foi essencial.
O Fórum Cível e Criminal de Porto Velho recebeu, ainda, fechamentos internos em drywall e externos em painéis térmicos e acústicos. Além de conferir celeridade à execução, os sistemas industrializados possibilitaram realizar uma obra mais sustentável, em uma área muito quente e sujeita a fortes chuvas. “Optamos por um sistema de captação e reaproveitamento de água das chuvas, que no nosso inverno amazônico é intensa. Também apostamos em uma cobertura em aço com proteção termoacústica que, além de reduzir a temperatura no interior do edifício, também reduz o ruído da chuva oferecendo maior conforto ao trabalho, audiências e julgamentos realizados no interior do edifício”, diz Andréia.
MONTAGEM FACILITADA
A montagem das estruturas transcorreu sem entraves. As peças de aço chegaram prontas da fábrica, diretamente no canteiro, já nas dimensões e furações adequadas para o parafusamento, obedecendo exatamente às especificações do projeto estrutural. Na montagem, uma grua com 40 m de altura e guindastes de apoio foram usados, em um processo simples e eficiente.
O Fórum Cível e Criminal de Porto Velho é um empreendimento realizado pela iniciativa privada no conceito Built to Suit (BTS), erguido sob medida para o Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, que alugará a construção por prazo indeterminado. (E.Q.) M
O edifício, com 31.149 m2 de área construída e inteiramente estruturado em aço, terá as obras concluídas em menos de um ano
VENCENDO DESAFIOS
A região Norte do Brasil apresenta nítidas especificidades no seu processo de ocupação e desenvolvimento econômico, influenciadas por sua localização geográfica, sua dimensão, seu clima, cultura e a incomparável força e riquezas da floresta e dos rios que dominam seu território. Em paralelo, há também grandes polos urbanos nas capitais dos estados. Todos esses aspectos se refletem nas condições que marcam o desenvolvimento da construção em aço na região. Os avanços são evidentes e o potencial para crescimento é muito grande! Para reforçar este amplo panorama de bons projetos executados em aço no Norte do país, confira mais alguns exemplos significativos, com casos já publicados em edições anteriores de Arquitetura & Aço
Shopping Ponta Negra, AM
> Projeto arquitetônico: André Sá e Francisco Mota Arquitetos Área construída: 91.292 m² • Conclusão da obra: 2013
O aço foi um importante aliado na construção do Shopping Ponta Negra, em Manaus (AM). Para a execução da obra, em uma área de expansão urbana com vista para o Rio Negro, o escritório André Sá e Francisco Mota Arquitetos optou pela adoção de uma estrutura mista composta por pilares pré-moldados em concreto e inserts metálicos, além de vigas de aço e lajes do tipo steel deck. Ao todo, 3.850 toneladas de aço foram usadas na construção. A opção por elementos pré-fabricados e, em especial, pelo aço, colaborou para a redução do peso estrutural da obra, viabilizando equipamentos de montagem de menor porte no canteiro. "Tivemos uma redução significativa de seções de pilares e de fundações decorrente do uso de vigas metálicas e formas em steel deck", explicam os arquitetos.
Arena da Amazônia, AM
> Projeto arquitetônico: GMP Architekten; Grupo Stadia (desenvolvimento) • Área construída: 170 mil m² Conclusão da obra: 2014
Lembrando o formato de um grande cesto indígena, a Arena da Amazônia, inaugurada em 2014, em Manaus, foi projetada pelo escritório alemão Von Gerkan, Marg und Partners (GMP), que concebeu também os principais estádios da Alemanha, China e África do Sul. A estrutura em aço responde pela sustentação da fachada e cobertura do estádio, que recebe uma membrana branca em politetrafluoretileno em seu exterior. São 72 módulos em X, compostos por 756 peças de aço, pesando cerca de 6,8 mil toneladas. Os módulos foram montados diretamente no canteiro, seguindo um detalhado plano logístico. Durante a montagem, foi necessário executar um criterioso cimbramento (estruturas provisórias) para sustentar os 41 m de vão livre, em balanço, da cobertura. No total, foram utilizadas 36 peças para o travamento horizontal e 32 torres de apoio com 20 m de altura para o travamento vertical.
REFERÊNCIAS CRIATIVAS
Docas de Belém, PA
> Projeto arquitetônico: Paulo Chaves Fernandes e Rosário Lima • Área construída: 9.000 m² • Conclusão da obra: 2000
A recuperação e transformação dos antigos galpões portuários de Belém (PA) deu origem a um importante complexo turístico e cultural, a Estação das Docas, idealizada pelos arquitetos Paulo Chaves Fernandes e Rosário Lima. Com a intervenção, três armazéns do início do século XX, construídos originalmente em estrutura metálica inglesa, bem como um terminal de passageiros, também metálico, foram completamente revitalizados em aço, recebendo novos elementos como mezaninos, túneis, escadas e marquises.
Para valorizar o entorno e permitir que os visitantes pudessem contemplar as águas do grande rio, panos de vidro substituíram as telhas metálicas nas fachadas. Túneis também ganharam transparência ao receberem coberturas em policarbonato e vidro. Desde então, no lugar dos três armazéns, a área da Estação das Docas passou a contar com um espaço de artes, que ganhou um museu, lojas e serviços em geral; uma área voltada à gastronomia, com cinco restaurantes e um espaço cultural, com auditórios, teatros e local para abrigar feiras e exposições. A revitalização também conferiu cara nova ao terminal de passageiros, que hoje recebe milhares de turistas interessados em conhecer a região.
Proinfância, RR, AM, PA e AP
> Projeto arquitetônico: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) Área construída: 1.211,82 m² • Conclusão da obra: 2016 EDIÇÃO
Para enfrentar a crônica falta de creches e escolas públicas para educação infantil, o FNDE investiu em unidades construídas no sistema light steel framing na região Norte, visando a celeridade e economia na execução. Foram contratadas 150 unidades padronizadas com cerca de 1.200 m² cada, implantadas em municípios de Roraima, Amazonas, Pará e Amapá.
Neste sistema, perfis leves de aço galvanizados compõem a estrutura, recebendo fechamento em placas cimentícias pintadas ou revestidas com pastilhas cerâmicas. As divisões internas são em drywall e a cobertura é feita com telhas em aço apoiadas sobre os perfis metálicos. “Estruturalmente, é um projeto bastante simples. As construções são térreas e com vãos pequenos”, diz o engenheiro Frederico Chiattone Alves, da Kofar, empresa que forneceu as estruturas em aço. Para assegurar a mão de obra especializada para a montagem dos painéis modulares, o consórcio responsável pela obra capacitou profissionais locais, gerando trabalho e renda na região – apenas na cidade de Manaus (AM), foram criados 150 empregos diretos e indiretos.
CONTATOS
> ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA
AC Arquitetos boris.cunha@casacin.co
Acrópole Arquitetura www.acropoleprojetos.com.br
AD Arquitetura www.adarquitetura.com.br
Álvaro Luque www.lvurbanismo.com.br
Andréia de Sousa Martins andreiamartinsarquiteta@gmail.com
Carla Vilhena cavilhena.arq@gmail.com
Consórcio ATP-Laghi Engenharia www.laghi.com.br e www.atp.eng.br
Lorenzo Max Gvozdanovic Villar lorenzovillar@gmail.com
Manoel Balbino e Monica Torminn www.balbinoecrosara.com.br
Marlúcia Cândida de Oliveira Neves marluciacandida@hotmail.com
EXPEDIENTE
M2P Arquitetura e Engenharia www.m2p.com.br
Meia Dois Nove Arquitetura e Consultoria www.meiadoisnove.com.br
Paulo Henrique Paranhos www.paulohenriqueparanhos.com
Secretaria de Estado de Infraestrutura do Governo do Amazonas www.seinfra.am.gov.br
Total Varejo www.totalvarejo.com.br
> PROJETO ESTRUTURAL
Andrade e Rezende Engenharia de Projetos www.andraderezende.com.br
Castilho Estruturas Metálicas www.castilhoestruturas.com.br
Consórcio ATP-Laghi Engenharia www.laghi.com.br e www.atp.eng.br
Ferenge Soluções em Estruturas Metálicas www.ferenge.com.br
Revista Arquitetura & Aço é uma publicação semestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora CBCA: Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br
GESTOR: INSTITUTO AÇO BRASIL
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Humberto Bellei – Usiminas
Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão
Revisão Geral
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Publicidade
Ricardo Werneck: (21) 3445-6332
Flávio D’Alambert/Projeto Alpha www.projetoalpha.com.br
Kleber Fernandes Braga tecongerencia@terra.com.br
Lenildo Santos da Silva www.lattes.cnpq. br/5440879965299939
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Medabil Sistemas Construtivos www.medabil.com.br
Nestor Marques de Carvalho Júnior nestor@nestorcarvalho.com
Pedro Bergamasco www.castilhoestruturas.com.br
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Castilho Estruturas www.castilhoestruturas.com.br
Codeme www.codeme.com.br
DN AÇO – Distribuidora Nacional de Aços Ltda. www.dnaco.com.br
Empresa Carboquímica www.carboquimica.com.br
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