Arquitetura & Aço nº 48 - Porto Maravilha

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ARQUITETURA AÇO ARQUITETURA&AÇO

Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 48 dezembro de 2016

Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 48 dezembro de 2016

PORTO MARAVILHA

O AÇO MOSTRA SUA VERSATILIDADE E CONTRIBUI PARA A TRANSFORMAÇÃO DA ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO

O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!

Principais ações do CBCA

Cursos online e presenciais

Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e manuais da construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site

Pesquisas anuais junto às principais empresas do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no país;

Promoção de palestras e Road Shows gratuitos por diversas cidades brasileiras

Realização do Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura de todo o Brasil

www.cbca-acobrasil.org.br

Acesse o site e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!

REVITALIZAR E QUALIFICAR COM AÇO

A REGIÃO PORTUÁRIA E O CENTRO DO RIO DE JANEIRO passam por uma profunda transformação desde que a cidade foi escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e iniciou um grande programa de requalificação urbana e revitalização da área, o projeto Porto Maravilha.

Foram realizadas obras em diversas frentes, as quais reconfiguraram a região e criaram um novo polo de desenvolvimento comercial e cultural na cidade. Um amplo projeto que contemplou, entre outras melhorias, uma nova infraestrutura viária, espaços públicos bem planejados, novos equipamentos culturais e um moderno sistema de mobilidade urbana. Como resposta natural, surgiram vários empreendimentos comerciais e residenciais na região, alguns já concluídos, outros em construção ou anunciados para iniciar em breve.

É neste cenário que o aço mostra toda a sua versatilidade, presente em diferentes soluções, como nos casos que selecionamos para esta edição de Arquitetura & Aço No projeto do consagrado arquiteto Norman Foster para o edifício corporativo Pátio da Marítima, por exemplo, o aço foi essencial para viabilizar a execução da arrojada estrutura com pilares inclinados. Já no megaempreendimento Porto Atlântico Leste, complexo com três torres para usos distintos, além de um centro comercial, a adoção de uma solução estrutural mista, em aço e concreto, garantiu velocidade construtiva e redução de custos à obra. Temos, ainda, o caso do AquaRio, no qual um antigo armazém frigorífico foi transformado para receber o maior aquário marítimo da América do Sul, com área 22,8 mil m², tirando partido de estruturas em aço preexistentes.

A revitalização da região central do Rio de Janeiro também abriu espaço para projetos de modernização de vários edifícios que estavam deteriorados ou mal aproveitados. E, nesses projetos de retrofit, o uso do aço aparece com grande destaque, como no caso do edifício comercial RB12, que recebeu soluções inovadoras para modernizar e conferir características sustentáveis ao prédio.

Para compreender melhor a dimensão dessas transformações e, em especial, explorar detalhes de projetos como o Pátio da Marítima e alguns casos de retrofit, trazemos a entrevista com o arquiteto Anibal Sabrosa Gomes da Costa, que à frente da RAF Arquitetura trabalhou em parceria com o escritório Foster + Partners e também assina outros projetos na região.

Por fim, abrimos espaço para o registro de uma construção do início do século XX, com estrutura metálica, onde hoje funciona o restaurante Ancoramar. Ao longo dos últimos 110 anos, o local testemunhou e se adaptou às diversas mudanças ocorridas na região. Agora, comprovando a durabilidade do material, inicia uma nova fase.

Boa leitura!

EDITORIAL
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sumário

Arquitetura & Aço nº 48 dezembro 2016

ENTREVISTA

Anibal Sabrosa Gomes da Costa, arquiteto e diretor da RAF Arquitetura, fala sobre a importância do aço na revitalização da região do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro

CONTATOS

Foto da capa: Pátio da Marítima, Rio de Janeiro, RJ Ricardo Werneck
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24. 04.

04. Raio X do Porto: operação de requalificação de zona portuária, no Rio de Janeiro, abre espaço para novos empreendimentos públicos e privados e transforma região degradada em novo polo de desenvolvimento da cidade 8. Porto

Atlântico Leste: com linhas arquitetônicas sóbrias e volumetria elegante, complexo multiuso ganha qualidade construtiva com soluções em aço 12. Edifício Pátio da Marítima: empreendimento assinado por Norman Foster foi concebido para ser um novo marco arquitetônico na região 20. Aquário Marinho do Rio de Janeiro: inaugurado em novembro, AquaRio conta com 1.430 toneladas de aço 24. Edifício RB12: estruturas em aço na fachada e na cobertura colaboram para retrofit com padrão sustentável e soluções inovadoras 28. Memória: restaurante Ancoramar, com estruturas em aço do início século XX 30. Edifício Gamboa: estruturas em aço viabilizam a requalificação do antigo galpão

31. Moinho Fluminense: construção do século XIX passa por reforma que transformará o antigo complexo fabril em um megaempreendimento comercial

28. 12. 30. 20. 31. 08.

AS MARAVILHAS DO PORTO

Aço confere identidade e desempenho aos novos empreendimentos que, pouco a pouco, transformam a região central do Rio de Janeiro

CRIADA EM 2009, a Operação Porto Maravilha propõe a revitalização completa da antiga região portuária da cidade do Rio de Janeiro por meio da renovação da infraestrutura e fomento ao desenvolvimento de projetos imobiliários corporativos e residenciais. A OUC (Operação Urbana Consorciada) do Porto Maravilha foi viabilizada por meio da emissão de 6,4 milhões de Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), que ao mesmo tempo em que permitiram às incorporadoras construir além do previsto no Código de Obras – 1,2 milhão de metros quadrados no total –, proporcionaram R$ 3,5 bilhões em recursos para o FIIPM (Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha), controlado pela Caixa Econômica Federal.

Atualmente, além das obras de infraestrutura, edifícios corporativos marcam a paisagem da região, como é o caso do Port Corporate Tower, do Pátio da Marítima, a nova sede da L’Oreal, o Porto Atlântico Leste e Oeste, o Vista Mauá, e muitos outros.

A Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio) mapeou 123 dos empreendimentos previstos, sendo 51 residenciais, 38 comerciais, oito culturais, sete de hotelaria, seis institucionais e 13 de outras características. Há prédios em construção e projetos em desenvolvimento e aprovação, como é o caso das grandes transformações programadas para a área do Gasômetro, com 1 milhão de metros quadrados, e o projeto para o Moinho

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Fluminense, que abrigarão construções residenciais, escritórios, hotel e shopping center.

Revitalização em aço

E, como era de se esperar, a presença do aço tem sido fundamental para o desempenho de boa parte dessas obras, tanto no âmbito da infraestrutura como nos projetos do setor privado.

Uma intervenção essencial para a transformação da região foi a demolição do Elevado da Perimetral e o reaproveitamento parcial de suas estruturas em aço, que surge como um case importante, talvez o mais relevante deles,

conforme relata o presidente da Cdurp, Alberto Gomes Silva. O Elevado era símbolo de uma lógica rodoviarista, de uma cidade voltada para os automóveis. Com a sua demolição, entretanto, o centro da cidade pôde ser devolvido ao pedestre e a vista da Baía de Guanabara ficou melhor, dando destaque aos prédios de relevância histórica que estavam escondidos sob a sombra do viaduto. “É gratificante ver que o carioca está retomando o hábito de caminhar pelo centro da cidade e que a Praça Mauá, muito diferente do que há cinco anos, hoje é um sucesso absoluto”, diz Silva.

1. Edifício sede da L'Oreal

2. Píer Mauá

3. Moinho Fluminense

4. Pátio da Marítima

5. Museu do Amanhã e trecho do Boulevard da Orla Conde

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3 4 5 2 Ygor Rodrigues
Divulgação / Bruno Bartholini

A demolição do antigo viaduto demonstrou a flexibilidade e a capacidade que o aço tem de se adaptar a diferentes situações e necessidades. As vigas em aço, que integravam o antigo sistema viário, foram direcionadas para obras do próprio Porto Maravilha e, também, reaproveitadas para a construção dos piscinões da Praça da Bandeira. De acordo com o presidente da Cdurp, embora os piscinões da Praça da Bandeira não façam parte das obras de revitalização do Porto, são de importância fundamental para a cidade, pois ajudam a combater os históricos alagamentos daquela região.

Outra obra emblemática para a Operação Porto Maravilha é a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que faz a interligação entre a região portuária, o centro financeiro da cidade e o Aeroporto Santos Dumont. Previsto para ter 28 km de trilhos, sendo 15 km apenas na etapa 1 da obra, o VLT contará, ao término de sua execução, com 32 estações. O novo sistema de transporte transformou a mobilidade na região central do Rio de Janeiro e, mais uma vez, é marcante a contribuição do aço, já que o material foi escolhido pelo designer Guto Indio da Costa para ser o elemento principal das estações de parada.

6. Elevado da Perimetral demolido para dar lugar à Orla Conde

7. Orla Conde

8. VLT e Museu de Arte do Rio ao fundo

9. Praça Mauá

10. Estação de parada do VLT

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Divulgação/Joao Paulo Engelbrecht

Com calçadas niveladas na altura do piso das composições, as estações contam com rampas antiderrapantes para o acesso de pessoas com necessidades especiais, linha de piso podotátil e faixas em alto relevo para a locomoção de deficientes visuais. Além da ênfase na acessibilidade, destaca-se a proposta de transformar a experiência de utilização do transporte público na cidade do Rio de Janeiro. “As diretrizes urbanísticas e de design para o VLT procuram reforçar os valores e a identidade do transporte público no Rio de Janeiro. Integração, transparência, eficiência, bem-estar, contemporaneidade e DNA carioca

foram palavras-chave na definição do conceito, que aponta o impacto urbanístico e a relação do novo sistema com o espaço público”, afirma Guto Indio da Costa ao se referir ao projeto. Enriquecendo a paisagem, o belíssimo projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava para o Museu do Amanhã, inovador e comprometido com a sustentabilidade, utilliza 3.800 toneladas de aço e surge como um símbolo da revitalização da região, fortalecendo a promessa e a esperança de contarmos, cada vez mais, com espaços públicos bem planejados, concebidos para acolher as pessoas com respeito e comodidade. (B.L.)

AS OBRAS DO PORTO MARAVILHA

Públicas

• Demolição do Elevado da Perimetral

• Museu de Arte do Rio (MAR)

• Museu do Amanhã

• Via Binário do Porto e Túnel Rio 450

• Via Expressa e Túnel Prefeito Marcello Alencar

• Nova Orla Conde

• Veículo Leve Sobre Trilhos

• 70 km de vias reurbanizadas e 650 mil m² de calçadas refeitas

• 700 km de redes de infraestrutura urbana reconstruídas (água, esgoto, drenagem)

• 17 km de novas ciclovias

• 15 mil árvores plantadas

Privadas

• Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio) (pág. 20)

• Banco Central

• Complexo Imobiliário Moinho Fluminense

• Complexo Porto Atlântico Leste e Oeste (pág. 8)

• Galeria Sul América (retrofit)

• Gasômetro

• Hotel Design do Moinho

• Hotel Marriott

• L’Oreal

• Pátio da Marítima – Torre I e Torre II (pág. 12)

• Port Corporate Tower

• Porto Maravilha

Corporate – Torre I e Torre II (em fase de aprovação)

• RB12 (retrofit) (pág. 24)

• Quadra Carioca (em fase de aprovação)

• Residencial Lumina Rio

• Torre Olímpica

• Trump Towers (em fase de aprovação)

• Vista Guanabara

• Vista Mauá

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9 Divulgação Ygor Rodrigues

TRÊS VEZES AÇO

Estruturas mistas em aço e concreto conferem velocidade e asseguram qualidade construtiva a um complexo empresarial com três torres no Rio de Janeiro

UM DOS MAIORES empreendimentos do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, o Porto Atlântico Leste é formado por três torres de usos distintos e um conjunto de lojas, distribuídos em um terreno de pouco mais de 16 mil m2. O complexo foi idealizado pela STA Arquitetura com linhas arquitetônicas sóbrias e volumetria elegante para abrigar escritórios-padrão triple A em duas das torres e um hotel na terceira torre.

Os edifícios, que originalmente seriam concebidos totalmente em concreto armado, tiveram sua estrutura alterada para um sistema misto em aço e concreto, a fim de aumentar a previsibilidade do cronograma e racionalizar os custos da obra, que foram realizadas de forma simultânea às intervenções para os Jogos Olímpicos Rio 2016. “Quando analisamos a conjuntura econômica e os prazos de execução, percebemos que realizar um empreen-

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Divulgação / OR

dimento desse porte com soluções construtivas artesanais seria arriscado. Tínhamos de cumprir as metas de cronograma e qualidade. Por isso, optamos por uma solução mista em aço e concreto”, explica o engenheiro Edson Kater, diretor de construções da Odebrecht Realizações.

Assim, apenas os núcleos rígidos onde ficam as caixas dos elevadores e escadas foram executados em concreto para que pudessem receber e ancorar a estrutura em aço. As vigas, por sua vez, foram projetadas em aço, enquanto os pilares e lajes receberam soluções mistas. “Os pilares metálicos preenchidos com concreto e as lajes steel deck foram soluções acertadas”, diz Kater. Segundo o profissional, a escolha agregou qualidade e assertividade geométrica à estrutura, evitando retrabalhos decorrentes de falhas na amarração das fôrmas. Em especial no caso do steel deck, o fato de dispensar escoramento e liberar rapidamente novas frentes de trabalho foi decisivo para garantir rapidez construtiva.

Empreendimento no padrão triple A é composto por duas torres de uso corporativo e um hotel, com núcleo de elevadores em concreto armado e periferia em estrutura metálica. No térreo, um espaço comercial de 1.900 m² abriga lojas de 37 a 218 m²

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Opção por solução estrutural mista ajudou a cumprir o cronograma de 36 meses e reduziu a demanda por mão de obra in loco
Ygor Rodrigues Divulgação / Codeme

Em conjunto com outros sistemas construtivos industrializados, como a fachada unitizada e os banheiros prontos (usados apenas na torre hoteleira), a solução estrutural adotada ajudou a cumprir o cronograma de 36 meses e a reduzir a demanda total por mão de obra in loco. Segundo Kater, o planejamento original previa 1.600 trabalhadores no pico da obra. “Com os sistemas construtivos adotados, instalamos tudo em um período inferior a quatro meses e reduzimos o contingente para 800 pessoas na fase de pico”, revela o engenheiro.

Nas obras do Porto Atlântico Leste, assim como em muitas outras da região do Porto Maravilha, foi detectada a presença de materiais de valor arqueológico no terreno, como balas de canhão, fundo de barcos e âncoras, que exigiram atenção especial para sua remoção. A localização dos edifícios em um aterro próximo ao mar, com lençol freático alto e leito rochoso com alta capacidade de suporte a 17 m de profundidade, também impuseram desafios técnicos importantes.

Para a execução das paredes diafragma, por exemplo, uma hidrofresa, equipamento próprio para escavação em solos resistentes, foi necessária. A solução permitiu embutir as paredes diafragma na rocha, criou uma caixa estanque no solo e dispensou a construção de uma laje de subpressão que, neste caso, teria mais de 1,5 m de altura.

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Fotos Divulgação / OR

> Projeto arquitetônico: STA Arquitetura

> Projeto estrutural: Knijnik Engenharia Integrada (fundações rasas e laje de subsolo), Bedê Engenharia de Estruturas (núcleos de concreto) e Codeme (estruturas metálicas)

> Área construída: 109 mil m²

> Aço empregado: ASTM A572 GR50, ASTM A36, ASTM-A500-C (perfis tubulares) e ASTM-A-570 GR36 (perfis formados a frio)

> Volume de aço: 870 t

> Fornecimento da estrutura de aço: Codeme

> Execução da obra: Odebrecht Realizações Imobiliárias

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: setembro de 2016

Construção “verde”

O aço também colaborou para reduzir impactos ambientais e somar pontos para a obtenção do selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) nas categorias Gold e Silver, pleiteado para duas torres do complexo – a corporativa e a de salas comerciais. “O aço é um material que pode ser continuamente reciclado. Além disso, tende a gerar menos resíduos no canteiro e reduz o tempo de obra, o que contribui para diminuir impactos na vizinhança”, comenta a arquiteta Francine Vaz, gerente da filial Rio de Janeiro do CTE,

empresa que prestou consultoria de sustentabilidade para o Porto Atlântico.

Para assegurar maior sustentabilidade aos edifícios, diversas soluções foram combinadas, segundo Francine. A principal delas foi o estudo da envoltória, que considerou análises com vários tipos de vidro e culminou na escolha por um vidro laminado de controle solar, com alto fator de sombreamento. O paisagismo também contribuiu ao usar um sistema de irrigação eficiente e prever o plantio de espécies nativas, que demandam menos água para a própria sobrevivência. (J.N.) M

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O empreendimento conta com uma parada do VLT bem à sua frente, favorecendo o acesso e conforto dos usuários
Divulgação / OR
Ygor Rodrigues

ARROJADO E PRECISO

Marcado por uma arquitetura ousada, o Pátio da Marítima, em construção no Rio de Janeiro, leva pilares inclinados de aço e a assinatura de Norman Foster

UM DOS EDIFÍCIOS MAIS IMPACTANTES na paisagem do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, o Pátio da Marítima é um empreendimento-padrão triple A com 140 mil m2 de área, distribuídos entre 21 andares de escritórios e cinco subsolos. O projeto, marcado pela presença de duas torres retorcidas que se unem no topo, leva a assinatura do renomado arquiteto britânico Norman Foster e deverá ser ocupado por grandes empresas nos próximos anos.

Viabilizar o empreendimento com formas tão arrojadas como as concebidas por Foster (vencedor do Prêmio Pritzker em 1999), entretanto, não foi uma tarefa fácil. Muitos desafios tiveram de ser superados pelos engenheiros brasileiros.

A estrutura, nada convencional, se caracteriza por diferenças entre os pavimentos sucessivos e pilares inclinados, que provocam excentricidades de até 21 m em relação à base. Alguns pavimentos chegam a ter 3,8 mil m2 de área, com pilares apenas na periferia e no core. No lobby, o pé-direito chega a 8,5 m.

Toda a concepção estrutural foi baseada em linhas de vértices que se encontram de modo preciso em forma de V e Y. Segundo Luiz Henrique Ceotto, diretor de Design & Construction da Tishman Speyer, “a exatidão requerida para a manutenção dos vértices seria impossível de se obter em concreto armado”. Por isso, foi adotada uma solução mista, que combina as características do aço e do concreto.

Pilares de aço inclinados viabilizaram a execução do projeto do renomado arquiteto britânico Norman Foster, garantindo a precisão necessária à montagem das fachadas

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Divulgação
Ygor Rodrigues
Fotos Ygor Rodrigues

A exatidão requerida na montagem das linhas de vértices que configuram o edifício só poderia ser obtida com o uso de estruturas em aço

O núcleo, onde foram acomodados elevadores e escadas, foi construído em concreto armado e executado com fôrmas trepantes com elevação hidráulica, formando um eixo rígido que recebe e ancora as estruturas metálicas e absorve as cargas horizontalmente. Pilares e vigas são de aço. As lajes, por sua vez, foram executadas em steel deck com chapas de aço zincado com 0,95 mm e 1,25 mm de espessura.

Encaixe milimétrico

> Projeto arquitetônico: Foster + Partners (autoria) e RAF Arquitetura

> Área construída: 119 mil m²

> Aço empregado: ASTM

A572 GR50, ASTM A36, ASTM

A500-C (perfis tubulares de seção circular) e ASTM A570 GR50 (perfis formados a frio)

> Volume de aço: 3.690 t

> Projeto estrutural: JKMF e Codeme

> Fornecimento da estrutura de aço: Codeme

> Execução da obra: HTB

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: 1º trimestre de 2017 (primeira torre) e 3º trimestre de 2020 (segunda torre)

O principal diferencial da estrutura são as megacolunas inclinadas junto às fachadas. Tratam-se de pilares mistos, de aço preenchido com concreto e revestidos com alumínio. Em alguns trechos, como nos pontos de intersecção dos vértices, as colunas receberam concreto de alta resistência (de até 85 MPa). Devido à complexidade imposta na montagem de escoramentos e fôrmas, foi essencial o uso do aço para garantir qualidade e precisão à execução. “Havia um risco grande de não executar a estrutura com precisão e isso implicaria em problemas na montagem das fachadas”, conta o engenheiro Juliano Lanza, projetista da Codeme. “Optando por peças de aço de 12 m a 16 m de comprimento e ligações parafusadas, a montagem não foi apenas facilitada, como também pôde ser realizada com maior segurança”, continua Lanza.

A realização do projeto estrutural em 3D e a compatibilização do mesmo com a arquitetura pela ferramenta de clash detections trouxeram maior precisão geométrica. “O projeto sai do 3D e vai direto para as máquinas em que as peças são fabricadas”, diz Lanza, que reforça que o uso do laser escâner para o controle dimensional da estrutura durante a execução também foi crucial para o projeto. “O equipamento realiza a leitura de milhões de pontos e monta uma imagem 3D da superfície analisada numa escala de 0,1 mm.”

Empreendimento sustentável

No edifício projetado por Foster, as fundações são em sapatas apoiadas diretamente em rocha. A contenção foi executada em parede diafragma feita com hidrofresa e tirantes. A fachada inclinada, ainda em execução, está sendo montada com painéis unitizados e vidro de alto desempenho.

Em relação à vedação, inúmeros estudos e ensaios de conforto térmico foram realizados visando chegar à melhor solução estética e técnica, inclusive para definir o ângulo de inclinação de cada trecho da fachada e a especificação do vidro de revestimento. O Pátio da Marítima almeja a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria Gold. (J.N.) M

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Fotos Divulgação

AA – A revitalização do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, tem contribuído para a transformação de uma área abandonada e degradada da cidade. Como o senhor enxerga essa mudança de cenário e qual a participação da RAF nos novos projetos que estão despontando na região do Porto?

Anibal Sabrosa Gomes da Costa – A revitalização é um longo processo do qual temos orgulho de participar. Atuamos na infraestrutura urbana, com as estações do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) da Central do Brasil, bem como na concepção de novos edifícios residenciais e comerciais; o AQWA Corporate, conhecido como edifício Pátio da Marítima e assinado pelo arquiteto Norman Foster, é um deles. Também participamos do retrofit de importantes obras no Rio de Janeiro, como o Into (Instituto de Traumatologia), de 2008, e a Villa Aymoré, de 2015. O retrofit do Moinho Fluminense, que ainda terá início na região portuária, é outro

Anibal Sabrosa Gomes da Costa formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula em 1988 e, à frente do RAF Arquitetura, especializou-se em projetos de centros comerciais, residenciais e de saúde. Após a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas 2016, também voltou os olhos para o setor de infraestrutura, atuando em importantes projetos de estações de trem e na revitalização da Rua Uruguai, entre as obras. Atualmente, Costa também é vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura do Rio de Janeiro (AsBEA/RJ).

projeto de destaque que também terá elementos importantes e em aço.

AA – Muitas das obras já executadas e que ainda estão por vir na região do Porto Maravilha contam com elementos em aço. Como as estruturas metálicas estão colaborando para a revitalização da região?

ASGC – O aço é um elemento multifacetado que pode ser usado de inúmeras maneiras em uma obra. O material nobre vem ganhando cada vez mais a confiança dos arquitetos, que, por sua vez, estão aprendendo a utilizar e a tirar proveito do mesmo da melhor forma possível. No Pátio da Marítima, o aço trouxe velocidade e redução de custo à obra. Além disso, seria muito complexo obter a forma desejada para o edifício caso ele tivesse estrutura de concreto. Em aço foi mais simples. Já no caso do Moinho Fluminense, a escolha se deu em função de ser uma construção que já existe. Antes

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Divulgação/RAF Arquitetos

de fazer a intervenção, temos que escorar a estrutura existente e o escoramento metálico acaba servindo de estrutura ao novo recheio do edifício.

AA – Quais as principais características do edifício Pátio da Marítima?

ASGC – O Pátio da Marítima é o primeiro do Foster + Partners no Brasil. Será um edifício icônico, que tem o aço como principal elemento estrutural. Fomos contratados pela Tishman Speyer para trabalhar no projeto, auxiliando no desenvolvimento de estudos, da concepção até o executivo, com total liberdade e parceria para sugerir e buscar soluções. A decisão pelo uso do aço passou não somente pela viabilidade econômica, como também pela técnica em função do design escolhido para a construção. Buscamos inspiração nas raízes brasileiras para desenhar o edifício, que tem core em concreto e entorno em aço.

AA – E como o aço colaborou com o design do edifício neste caso?

ASGC – O aço foi fundamental para garantir a leveza desejada para o Pátio da Marítima, principalmente no sky lobby. A solução ajudou a reduzir os custos, o prazo e, também, garantiu a exequibilidade do projeto. A montagem das estruturas metálicas, sem a concretagem, foi importante por viabilizar uma obra mais limpa.

AA – Como se dá a fixação dessa estrutura à estrutura principal do edifício?

ASGC – Foram fixados com tirantes metálicos do quarto pavimento para baixo. São braços metálicos que partem do 15º metro de altura do edifício, criando um belo efeito. Exceto pelo core central do elevador e das escadas, a estrutura principal é toda metálica, com steel deck para as lajes. O mesmo ocorre no sky lobby para aliviar ao máximo a carga que incide nos tirantes.

AA – Os projetos arquitetônicos em que o seu escritório está envolvido no Porto Maravilha são muito diferentes entre si. Por qual razão a linguagem das obras acaba sendo tão distinta?

ASGC – Sem dúvida, nossos projetos se destacam pela diversidade. Diria que a característica principal é acertar o produto conforme a realidade socioeconômica da região na qual está inserido. Não só em quantidade ou categorização, mas fundamentalmente na viabilidade e sucesso para os nossos clientes. Em todos eles, buscamos uma arquitetura com qualidade internacional e conceituação nacional, aliando tecnologia às raízes brasileiras, para criar uma arquitetura que o mundo passe a reparar novamente. Com relação ao desenho urbano do Porto, estamos sempre sugerindo novos arranjos ao traçado original, pois todos sabemos que o plano nasceu como um instrumento inicial de ocupação e que ajustes se fazem necessários e são bem-vindos.

Retrofit do Moinho Fluminense, que ainda terá início em 2017, receberá importantes intervenções em estrutura metálica

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Divulgação

AA – Paralelamente aos novos edifícios que estão sendo construídos, o Porto tem sido palco de um movimento em que o retrofit está sendo muito valorizado. Como o senhor enxerga essa questão?

ASGC – A renovação de edifícios históricos é muito forte e está sempre presente em nosso escritório. O Rio de Janeiro é uma cidade repleta de bons exemplares que requerem cuidados, especialmente na região em questão. A reabilitação do elemento construído, como costumamos falar, é mais do que um restauro ou reforma; é uma nova maneira de entender o edifício histórico, valorizando-o e permitindo recriar e adicionar novas arquiteturas complementares.

AA – O aço também desenvolve um papel importante nesse tipo de intervenção? Como o material agrega valor à obra e à linguagem arquitetônica?

ASGC – O aço garante a preservação de elementos antigos, quando escorados e abraçados em uma nova estrutura. Permite uma intervenção que não afeta a estrutura existente e deixa clara a intervenção numa nova época, reforçando o discurso de reabilitação da edificação. Com o aço, conseguimos executar um retrofit seguro, rápido e com pouca interferência visual.

AA – O que é a obra do Moinho Fluminense?

ASGC – Até hoje, o Moinho é um dos maiores fabricantes de farinha do Rio de Janeiro e fornece para diversas padarias e empresas de biscoito. Estava instalado numa área central do Porto, em frente ao boulevard olímpico e

era um dos poucos galpões industriais ainda em atividade na região portuária. Em 30 de novembro, ele foi desativado e suas atividades foram transferidas para outro local. Vamos transformar o local, que tem 180 mil m2, em um complexo multiuso, com residência, hotel, apart-hotel, prédios corporativos com lajes grandes e também em um prédio de salas comerciais menores. Posteriormente, também haverá um shopping center com 20 mil m2 de área construída.

AA – A estrutura metálica estará presente nesta intervenção?

ASGC – Os cinco prédios, que são tombados pela Prefeitura, serão restaurados e ampliados, todos com intervenções em estrutura metálica. Inclusive o edifício da moagem, que é o mais antigo, em estilo inglês, com fechamentos em paredes de tijolo, pilares metálicos e vigas em madeira. Vamos manter os pilares originais e substituir as vigas de madeira por vigas metálicas. Com a desativação do Moinho, os elementos em aço serão utilizados de maneira preliminar para escorar as edificações e, só depois e em definitivo, para recriar lajes e adicionar novas áreas ao fundo das residências.

AA – O retrofit da Villa Aymoré, concluído em 2015, no bairro da Glória, trouxe contribuições significativas para o restauro de outras obras históricas na região do Porto Maravilha. O senhor pode dar mais detalhes?

ASGC – A Villa Aymoré é, hoje, considerada um exemplo a ser seguido na requalificação de edificações históricas. Mesmo antes da obra,

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“ Com o aço, conseguimos executar um retrofit seguro, rápido e com pouca interferência visual, no qual a forma e a leveza sejam prioridades, e também onde seja necessário vencer grandes vãos.

o aço foi usado para salvar as construções que estavam realmente em ruínas, sendo posteriormente utilizado nas edificações preservadas. Comercialmente, a Villa ganhou um anexo corporativo. Já em relação à recuperação, criamos pequenos anexos ao fundo das casas, que ampliaram os espaços e trouxeram um aspecto mais contemporâneo a intervenção. Uma curiosidade dessa obra passa pela arqueologia. As contenções e as novas construções foram feitas considerando-se as descobertas arqueológicas do local, que continha uma infinidade de elementos de época, tais como louças, garrafas, roupas, brinquedos e até joias, que precisavam ser protegidos e preservados. O material encontra-se sob a guarda do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

AA – Como se deram as intervenções?

ASGC – A região da Glória é uma área que já foi muito nobre, foi esvaziada e agora está voltando a receber investimentos. Fica entre o centro da cidade e a zona sul. A Villa Aymoré

tinha nove casas geminadas. Nosso cliente, um investidor, as comprou para transformar em imóvel comercial. A nossa primeira ação foi chamar uma construtora para fazer o escoramento da fachada, que estava ruindo. São casas do final do século XIX, com mais de 100 anos. Escoramos com elementos metálicos e também fizemos todas as adições internas com estruturas em aço. Ou seja, demolimos parte dos pisos, criamos uma nova estrutura interna e a fachada foi restaurada. Todas as novas obras são metálicas, exceto o prédio anexo, que é em concreto.

AA – Somente com o aço essas intervenções seriam possíveis?

ASGC – As estruturas internas são metálicas devido à delicadeza da construção original. Seria complicado usar fôrmas para concreto. Além disso, a estrutura metálica grampeia bem construções antigas. O Cândido Magalhães, engenheiro calculista especializado em preservar edifícios históricos, sempre usa escoramentos metálicos nessas situações. (B.L.) M

Elementos em aço também ajudaram a recuperar as estruturas internas e a fachada da Villa Aymoré, no bairro da Glória

19 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Divulgação

O AQUÁRIO DO PORTO

Construído no local onde antes funcionava um antigo armazém, o AquaRio se aproveita das estruturas originais em aço do projeto do início do século XX para trazer uma nova proposta de lazer à zona portuária

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As estruturas em aço permitiram conciliar a preservação das fachadas originais com a reconfiguração do espaço interno e o reforço estrutural do edifício do antigo armazém frigorífico, erguido em 1914

PRESERVAR A FACHADA DE UM ANTIGO ARMAZÉM datado de 1914 e adaptar as estruturas internas da construção já existente foi o principal desafio da equipe do ALHORA Arquitetos Associados ao projetar o Aquário Marinho do Rio, o AquaRio. A edificação, recém-inaugurada e que ocupa uma área de 22,8 mil m2, demorou quase nove anos para sair do papel, mas, enfim, ficou pronta e passou a receber o público no início de novembro na zona portuária do Rio de Janeiro, mais precisamente na extremidade da Orla Conde, entre a Avenida Rodrigues Alves e a via Binário do Porto.

O empreendimento, executado com recursos da iniciativa privada, foi idealizado para ser o maior aquário marinho da América do Sul: os cinco andares do edifício abrigam 28 tanques, com capacidade para receber até 8 mil animais de 350 espécies. O maior reservatório, conhecido como recinto oceânico, ocupa dois andares do prédio e leva 3,7 milhões de litros de água.

Conforme conta o arquiteto Alcides Horacio Azevedo, da ALHORA Arquitetos Associados, o partido arquitetônico proposto para o projeto considerou o resgate e a valorização das fachadas preservadas, além do surgimento de uma nova edificação metálica em seu interior. “As instalações frigoríficas da Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento) tinham superestruturas em aço moduladas, que puderam ser parcialmente reaproveitadas. Algumas vigas e pilares foram removidos, mas outros elementos foram aproveitados de maneira natural.”

Basicamente, com exceção do tanque oceânico, executado em concreto armado, todo o restante da nova edificação foi concebido em aço para permitir a integração das novas estruturas com os elementos remanescentes originais e em aço, que tinham uma modulação básica de 4,88 x 4,88 m. “O aço trouxe vantagens ao conferir velocidade à obra e permitir, com os seus esbeltos componentes, a conciliação das limitações da estrutura datada de 1914 com o projeto atual.”

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Ygor Rodrigues Divulgação/Medabil

Edifício AquaRio, que tem fachadas norte e leste preservadas pelo IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), aproveitou parte da estrutura metálica interna e original do antigo armazém da Cibrazem com reforços também em aço

22 &ARQUITETURA AÇO
Ygor Rodrigues
/
O Globo
Guilherme Leporace
Agência

O percurso de visita tem início no 4º andar, onde tanques de águas-vivas, de praias arenosas e recifes de corais podem ser contemplados. A partir deste ponto, o visitante é conduzido para os andares inferiores da edificação, onde fica o recinto oceânico, atração principal do local. No interior do AquaRio, o aço é presença constante em elementos estruturais, passarelas e até no túnel transparente que leva os visitantes a um passeio no "fundo do mar"

Segundo o engenheiro Paulo Roberto de Souza Naice, da MPNaice Cálculo Estrutural, o AquaRio conta, em sua totalidade, com 1.430 toneladas de aço. “Além das 992 toneladas presentes na estrutura existente, outras 438 toneladas do material foram acrescentadas de modo complementar para atender às novas solicitações estruturais”, explica o engenheiro.

O reforço dos pilares no bloco A foi feito a partir de chapas laterais de diferentes espessuras. “Ao modificar a seção I para seção caixão, garantimos uma maior resistência para cargas, bem como a absorção de deformações. Na estrutura que suporta o recinto oceânico, por sua vez, optamos pela criação de novas vigas do tipo I com 610 mm de altura, mesa de 360 mm e espessuras variáveis em função das solicitações”, detalha Naice.

A presença do aço é marcante ainda na cobertura sustentável do AquaRio, que

conta com generosos balanços laterais, que servem de proteção ao passeio e ajudam a captar a água das chuvas. “As telhas metálicas pré-pintadas e zipadas, com miolo isotérmico e estrutura em pórticos retos, formam uma área central quase plana, envolta por platibandas periféricas recurvadas, que resultam em balanços nos beirais”, detalha Azevedo.

De acordo com a Medabil, a cobertura estruturada em aço é formada por um conjunto de pilares metálicos e vigas mistas – esta última, com laje steel deck. Enquanto os pilares em aço têm seções variáveis e podem chegar a 12 m de altura, as vigas da cobertura, sobre as quais se apoiam as terças, vencem um vão de aproximadamente 30 m.

Já os prolongamentos da estrutura da cobertura, com balanços de 2 m nas fachadas, servem de proteção e marcam a identidade do edifício. (E.Q.) M

> Projeto arquitetônico: ALHORA Arquitetos Associados

> Área construída: 22,8 mil m²

> Aço empregado: ASTM A36 e A572

> Volume de aço: 1.430 t

> Projeto estrutural: MPNaice Cálculo Estrutural e Medabil Sistemas Construtivos S.A.

> Fornecimento estruturas de aço: Medabil Sistemas Construtivos S.A.

> Execução da obra: Kreimer Engenharia

> Local da obra: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: 2016

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Divulgação/Bruno Bartholini

Na fachada bioclimática, os antigos caixilhos com abertura basculante horizontal foram substituídos por vidros em zigue-zague, sustentados por estruturas em aço, com posicionamentos definidos a partir de estudos de insolação

24 &ARQUITETURA AÇO

RETROFIT VERDE

Soluções sustentáveis e inovadoras, aliadas a estruturas em aço, modernizam edifício comercial RB12

ADOTAR NOVAS TECNOLOGIAS em meio a uma série de limitações estruturais foi o desafio do Triptyque Architecture ao idealizar o retrofit de um antigo edifício localizado na Avenida Rio Branco, principal via comercial do centro do Rio de Janeiro. O prédio corporativo de 21 pavimentos, conhecido como RB12, integra a revitalização urbana da cidade e acompanha as melhorias que integram o projeto Porto Maravilha.

As adequações interna e externa da construção foram baseadas em um conceito conhecido do mercado nacional, mas ainda pouco utilizado pelos profissionais do segmento e empreendedores: o retrofit verde, que consiste, basicamente, na reforma de uma construção convencional para que ela possa apresentar desempenho compatível com padrões modernos de sustentabilidade.

25 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Leonardo Finotti

Ao lado, escada técnica em aço liga o último pavimento ao topo do edifício. Abaixo, estruturas em aço para sustentar o sistema de vidros em zigue-zague que configuram a nova fachada

A intervenção considerou aspectos como o conforto térmico, a gestão do consumo de água e o aproveitamento da luz natural, e foi conduzida pelo grupo francês Natekko, especializado em construção e incorporação imobiliária sustentáveis e em edifícios de consumo energético neutro, que geram a própria energia, e, para tanto, teve o aço como um de seus protagonistas.

Na readequação finalizada neste ano, a estrutura original com lajes e pilares em concreto foi mantida, mas novos elementos em aço foram incorporados ao projeto original, que passou a contar com vigas em aço em substituição ao concreto do segundo ao 21º pavimentos, além de importantes elementos também em aço na fachada e cobertura.

As estruturas em aço revestidas com placas ACM e com acabamento em inox espelhado foram usadas para apoiar os vidros da fachada, que têm brises horizontais. Os elementos servem de proteção solar e ajudam a rebater a luz solar para o interior do edifício, reduzindo, com isso, o consumo energético durante o dia.

Para a execução da estrutura metálica, que dá suporte à nova fachada bioclimática composta por um jogo de vidros em zigue-zague, foram usados perfis verticais tubulares retangulares 120 x 80 x 6,3 e perfis hori-

26 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Divulgação

> Projeto arquitetônico: Triptyque Architecture

> Área construída:

4.728 m²

> Aço empregado: perfis tubulares ASTM A500 GRB; perfis laminados ASTM A572 GR50 e chapas ASTM A36

> Volume de aço: 13 t

> Projeto estrutural: Greenwatt Engenheiros Consultores

> Fornecimento da estrutura de aço: VB

Serviços e Montagem de Estrutura Metálicas

> Execução da obra: RR Compacta

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: 2016

Substituição da viga em concreto armado V4 por um perfil em aço – pisos 2º ao 21º

Escoramento provisório a ser colocado antes de iniciar os trabalhos de demolição

Demolição parcial da laje existente, sem danificar as barras de aço existentes

zontais tubulares quadrangulares 50 x 50 x 4 soldados. A estrutura em aço foi dimensionada para resistir às ações verticais e horizontais (do vento) e foi escolhida por suas propriedades, que trouxeram leveza, velocidade construtiva e plasticidade ao projeto.

De acordo com os autores, o uso do aço na sustentação da caixilharia da fachada permitiu a execução de estruturas mais leves e delgadas sobre as já existentes, sem sobrecarregá-las.

Os projetistas também previram o emprego de uma tela em aço na cobertura para dar leveza ao coroamento do edifício. Além do apelo estético, o elemento arquitetônico, assim como a nova caixilharia, permitiu delimitar a estrutura sem, contudo, impedir a sua visão. Os módulos de chapa expandida em inox são requadrados por perfis L 25 x 25 mm, fixados nos perfis tubulares da estrutura localizada na cobertura.

Além da fachada e da cobertura, o aço foi empregado nas duas escadas técnicas que ligam o último pavimento ao topo do edifício. Apesar da manutenção da estrutura existente, alguns reforços pontuais em aço tiveram de ser executados, sobretudo por conta da realocação dos núcleos de área molhada (banheiros e copas), originalmente concen-

Escoramento provisório a retirar após o período de cura do elemento concentrado

Superfície picada, lavada e pintada com resina epoxy do tipo Sikadur 32 Gd, da Sika ou equivalente

Detalhamento mostra a substituição das vigas em concreto por perfis em aço

trados no centro dos pavimentos. São exemplos dessas intervenções as furações feitas nas vigas para a passagem da infraestrutura e o reforço da laje técnica, que recebeu novas estruturas em aço.

Soluções sustentáveis

Além dos novos elementos estruturais, o projeto também previu uma série de intervenções para possibilitar o reuso da água, a economia de energia e o aproveitamento da luz solar. Pela disposição do edifício no terreno – ele se encontra cercado por outras duas construções verticais –, a revitalização privilegiou o redesenho completo da face principal do RB12, que agora recebe mais luz natural e produz energia elétrica própria.

Um dos destaques do prédio é o uso de painéis fotovoltaicos nas empenas cegas e na cobertura, que permitem transformar luz solar em eletricidade. O sistema de refrigeração, por sua vez, adota a tecnologia de vigas frias que otimizam a climatização do ambiente e reduzem o consumo energético. Com a implantação dessas tecnologias, segundo os arquitetos do Triptyque, a intenção é reduzir os custos operacionais do prédio, além de posicionar positivamente as empresas instaladas do ponto de vista socioambiental. (G.C.) M

27 &ARQUITETURA AÇO
Corte fachada Vigas de distribuição de cargas Laje existente Laje existente Laje existente Laje existente Vigas de distribuição de cargas
Demolição da Viga V4 Zona a ser concretada W200x35.9 (H) FASE 1 – DEMOLIÇÃO DA VIGA V4 FASE 2 – COLOCAÇÃO DO PERFIL METÁLICO 0.20 0.62 0.15 0.15 0.20

HISTÓRIA PRESERVADA

Com estrutura metálica do início do século XX, construção que abriga o restaurante Ancoramar é referência de uma arquitetura típica da Revolução Industrial, da qual restam poucos exemplares no Brasil

Quando a Praça Marechal Âncora ainda se chamava Largo do Moura, existia lá o antigo Mercado Central da cidade do Rio de Janeiro. Com mais de 20 mil m² de área construída, o espaço foi inaugurado em 14 de novembro de 1907 e funcionava como centro de distribuição da cidade, oferecendo à população grãos, frutas, legumes, verduras e pescados.

O projeto original do mercado, que data da primeira metade do século XIX, é de autoria do arquiteto francês Grandjean de Montigny e previa uma planta quadrada, com pavilhões

longitudinais e um torreão grande, com relógio no centro e 35 m de altura. O edifício foi executado em elementos padronizados de ferro fundido, trazidos da França pelo arquiteto General Souza Aguiar, que também foi prefeito da cidade.

A ampliação, em 1908, incluiu quatro pavilhões laterais, com mais de 500 lojas e quatro outros torreões octogonais nos vértices, cada um com 24 m de altura. Esses elementos foram importados da Antuérpia, na Bélgica. O estilo de todo o projeto seguia as tendências da

28 &ARQUITETURA AÇO
Edson Gomes

época para mercados e grandes projetos, com intenso uso de estruturas metálicas. Internamente, havia 16 ruas de paralelepípedo, sendo oito radiais e oito transversais.

Por estar localizado em uma região nobre do Rio de Janeiro, o Mercado Central chamou a atenção do empresário Rodolfo Souza Dantas que, em 12 de novembro de 1933, inaugurou no local o restaurante Albamar. O estabelecimento, especializado em frutos do mar, ocupou um dos torreões da edificação, onde ficava o portão de número 4 do mercado.

Com uma incrível vista em 360º para a Baía de Guanabara e público composto pela alta sociedade carioca, o restaurante se tornou uma das referências gastronômicas do Rio de Janeiro e mantém as portas abertas até os dias atuais.

Trajetória de sucesso

Mas a história do Albamar não foi fácil. Já nos anos 1950, o estabelecimento fez esforços para sobreviver à demolição de todo o restante do Mercado Central. A torre de número 4 só continuou de pé graças ao empenho dos funcionários que conseguiram, em 1962, que o pavilhão onde funciona o restaurante fosse tombado pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), do Rio de Janeiro.

Embora fisicamente o prédio estivesse protegido, o restaurante já não podia contar com o fluxo natural de pessoas que frequentavam o mercado. Além disso, a partir de 1958, o empreendimento testemunhou de perto a construção do elevado da Perimetral, que isolou completamente a edificação e toda a região da Praça Marechal Âncora e da Praça XV.

Em 1964, o interior do restaurante foi totalmente reformado, com projeto do arquiteto Roberto da Costa Soares, e, mesmo com o mergulhão do elevado prejudicando todo o entorno, fez muito sucesso na década de 1970, quando passou a receber diplomatas e até mesmo presidentes do país, como Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek.

Nas décadas de 1980 e 1990, no entanto, o estabelecimento sofreu com a degradação do entorno malcuidado e ermo, que assustava os clientes.

Renascimento

Com as obras de revitalização do projeto Porto Maravilha, o local pode voltar a brilhar como uma das atrações da cidade. A demolição do elevado da Perimetral permitiu que o entorno voltasse a respirar e, com isso, a clientela passou se interessar novamente pelo local. O restaurante, por sua vez, também não ficou parado. Com novos proprietários, ganhou um novo nome, Ancoramar, em homenagem à Praça Marechal Âncora, revitalizada recentemente. Neste período, a edificação também foi reformada e ganhou um bar no pavimento térreo. (B.L.) M

29 &ARQUITETURA AÇO MEMÓRIA
Fotos Acervo

RETROFIT EM AÇO

Transformar um antigo galpão em avançado estado de deterioração em um edifício corporativo é a proposta da Cité Arquitetura ao idealizar o Gamboa Offices, na zona portuária do Rio de Janeiro. A obra, com início previsto para janeiro de 2017, prevê o restauro e conservação da fachada original e o acréscimo de novos elementos estruturais em aço na parte interna.

De acordo com Fernando Costa, da Cité Arquitetura, o layout interno será transformado com a utilização de vigas e pilares em aço, em perfis de seção H e circulares, além de lajes steel deck.

A expectativa é que 160 toneladas de perfis laminados ASTM A572 GR50 e ASTM A36 sejam usados em uma área construída de 4.500 m2. A preferência pelo sistema metálico foi motivada pelas vantagens construtivas do aço nesse tipo de intervenção e pela esbeltez que o mesmo confere aos projetos. “A opção pelo aço se deu pela rapidez na execução, praticidade e, principalmente, por ser o material mais indicado para obras de retrofit. Com o aço, também conseguimos uma maior liberdade no projeto arquitetônico ao garantir vãos livres mais extensos”, explica Costa. O retrofit prevê a exposição de algumas áreas por meio das estruturas metálicas que poderão ser facilmente reconhecidas pelos usuários do edifício. “O projeto reinterpreta o antigo prédio em vista das transformações necessárias para tornar possível a recuperação do edifício, assim como do seu entorno. A proposta respeita a estrutura e os materiais originais, mas também valoriza a identidade do edifício com novos elementos de aço integrados às novas ocupações.” O edifício se desenvolverá a partir de um pátio central, que privilegia a iluminação das áreas internas por meio de uma grande claraboia no teto. (E.Q.)

Antigo galpão terá sua fachada restaurada e e o interior renovado para receber escritórios corporativos
30 &ARQUITETURA AÇO
Imagens Nelson Sadala

Instalações do Moinho

Fluminense

A TRANSFORMAÇÃO DO MOINHO

O Moinho Fluminense, instalado na zona portuária do Rio de Janeiro e conhecido por produzir, desde 1887, farinha para boa parte das padarias cariocas, se prepara para passar por uma profunda transformação. A partir de 2017, a icônica construção será restaurada e reformada para dar lugar a um megaempreendimento comercial, que inclui um hotel, escritórios, torre corporativa triple A, shopping center, área residencial e centro médico. A intervenção, que terá importantes elementos em aço em sua estrutura, deverá ficar pronta a partir de 2018.

O projeto, que une o retrofit de um símbolo arquitetônico tombado pelo IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) às construções modernas, terá a participação de dois escritórios de arquitetura, o RAF Arquitetura e o B+ABR – Backheuser e Riera Arquitetura. Enquanto o primeiro responde pelo retrofit do complexo, o B+ABR foi designado para o novo empreendimento do setor hoteleiro, o Hotel Design.

A obra, idealizada pela Vinci Partners, conta, ainda, com a participação da Carioca Engenharia. “Os cinco prédios tombados pela Prefeitura serão restaurados e ampliados, todos com intervenções em estrutura metálica”, informa o arquiteto Anibal Sabrosa Gomes da Costa, do RAF Arquitetura.

Os pilares metálicos originais do complexo serão mantidos e as vigas em madeira serão substituídas por vigas em aço. “As estruturas metálicas serão usadas de maneira preliminar para escorar as edificações e, só depois e em definitivo, para ajudar na recomposição das lajes e no processo de criação de novas áreas ao fundo das residências.”

O complexo multiuso terá 180 mil m² de área construída. A Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro) informa, ainda, que o empreendimento será contemplado com uma estação de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para facilitar o transporte e o acesso do público ao local. (E.Q.)

31 &ARQUITETURA AÇO
Imagens Nelson Sadala
ACONTECE
serão adaptadas e darão origem a um megaempreendimento comercial, residencial e hoteleiro

CONTATOS

> ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA

Alcides Horacio Azevedo Arquitetos Associados alcideshoracioarquitetos@gmail.com

Cité Arquitetura www.citearquitetura.com.br

Foster + Partners www.fosterandpartners.com

RAF Arquitetura www.rafarquitetura.com.br

STA Arquitetura www.staarquitetura.com.br

Triptyque Architecture www.triptyque.com

> PROJETO ESTRUTURAL

Bedê Engenharia de Estruturas www.bede.com.br

Codeme www.codeme.com.br

Greenwatt Engenheiros Consultores www.greenwatt.com.br

JKMF www.jkmf.com.br

Knijnik Engenharia Integrada www.engenhariaintegrada.com.br

Medabil Sistemas Construtivos S.A. www.medabil.com.br

MPNaice Cálculo Estrutural pnaice@yahoo.com.br

> ESTRUTURA METÁLICA

Codeme www.codeme.com.br

Medabil Sistemas Construtivos S.A. www.medabil.com.br

> EXECUÇÃO DA OBRA

HTB www.hochtief.com.br

Kreimer Engenharia www.kreimer.com.br

Odebrecht Realizações Imobiliárias www.orealizacoes.com.br

RRCompacta www.rrcompacta.com.br

Sinco Engenharia www.sincoengenharia.com.br

EXPEDIENTE

Revista Arquitetura & Aço é uma publicação

trimestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora

CBCA: Av. Rio Branco, 108 – 29º andar 20040-001 – Rio de Janeiro/RJ

Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br

GESTOR: INSTITUTO AÇO BRASIL

Conselho Editorial

Bruno Mello – Gerdau

Carolina Fonseca – CBCA

Eneida Jardim - CSN

Humberto Bellei – Usiminas

Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão

Supervisão Técnica

Arq. Silvia Scalzo

Publicidade

Ricardo Werneck: (21) 3445-6332

Roma Editora

Rua Barão de Capanema, 343, 6º andar CEP 01411-011 – São Paulo/SP

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Direção

Cristiano S. Barata

Coordenação Editorial

Eliane Quinalia

Redação

Bruno Loturco, Eliane Quinalia, Gisele Cichinelli e Juliana Nakamura

Revisão Técnica

Arq. Roberto Inaba

Revisão

Deborah Peleias

Edição de arte

Cibele Cipola

Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA

Av. Rio Branco, 108 – 29º andar 20040-001 – Rio de Janeiro/RJ

Tiragem: 5.000 exemplares

Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA.

É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.

Agradecemos a todos aqueles que contribuíram para a produção desta edição, fornecendo imagens, informações e comentários sobre as obras publicadas e os processos construtivos.

NÚMEROS ANTERIORES

Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br

A&A nº 01 - Edifícios Educacionais

A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares

A&A nº 03 - Terminais de Passageiros

A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais

A&A nº 05 - Pontes e Passarelas

A&A nº 06 - Residências

A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas

A&A nº 08 - Indústrias

A&A nº 09 - Edificações para o Esporte

A&A nº 10 - Instalações Comerciais

A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções

A&A nº 12 - Lazer e Cultura

A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares

A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos

A&A nº 15 - Marquises e Escadas

A&A nº 16 - Coberturas

A&A nº 17 - Instituições de Ensino II

AÇO

A&A nº 18 - Envelope

A&A nº 19 - Residências II

A&A nº 20 - Indústrias II

A&A Especial - Copa do Mundo 2014

A&A nº 21 - Aeroportos

A&A nº 22 - Copa 2010

A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social

A&A nº 24 - Metrô

A&A nº 25 - Instituições de Ensino III

A&A nº 26 - Mobilidade Urbana

A&A nº 27 - Soluções Rápidas

A&A nº 28 - Edifícios Corporativos

A&A Especial - Estação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros

A&A nº 29 - Lazer e Cultura

A&A nº 30 - Construção Sustentável

A&A nº 31 - Construções para Olimpíadas

A&A nº 32 - Instalações Comerciais II

A&A nº 33 - Hotéis

A&A nº 34 - Shopping Centers

A&A nº 35 - Hospitais e Edificações para a Saúde

A&A nº 36 - Pontes e passarelas

A&A nº 37 - Estádios da Copa 2014

A&A nº 38 - Mobilidade Urbana

A&A nº 39 - Varandas, Mezaninos e Escadas

A&A nº 40 - Residências

A&A nº 41 - Centros de Pesquisa e Tecnologia

A&A nº 42 - Especial 10 anos

A&A nº 43 - Edifícios Multiandares

A&A nº 44 - Centros de Distribuição e Logística

A&A nº 45 - Aeroportos

A&A nº 46 - Jogos Olímpicos Rio 2016

A&A nº 47 - Light Steel Framing

32 &ARQUITETURA

CURSOS ONLINE

Introdução à Construção em Aço

Sistemas Estruturais em Aço

Dimensionamento de Estruturas de Aço (básico)

Dimensionamento de Estruturas de Aço (avançado)

Execução de Estruturas de Aço

Mais informações:

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