Arquitetura & Aço nº 54 - Retrofits e Ampliações

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ARQUITETURA AÇO ARQUITETURA&AÇO

Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 54 dezembro de 2019

Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 54 dezembro de 2019

RETROFITS E AMPLIAÇÕES

EM OBRAS DE REMODELAÇÃO

OU AMPLIAÇÃO, O AÇO SURGE

COMO PARCEIRO ESSENCIAL

PARA VIABILIZAR SOLUÇÕES

INOVADORAS E EFICAZES

O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!

Principais ações do CBCA

Cursos online e presenciais

Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e os manuais de construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site

Pesquisas anuais junto aos fabricantes do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no País

Promoção de palestras e Road Shows por diversas cidades brasileiras

Realização dos Concursos CBCA para Estudantes de Arquitetura e de Engenharia, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura e engenharia de todo o Brasil

www.cbca-acobrasil.org.br

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RENOVAR E VALORIZAR COM AÇO

EM UMA TRADUÇÃO SIMPLES, o termo retrofit significa colocar o antigo em boa forma. Na arquitetura, muito além de reforma, seu uso remete a obras que envolvem a recuperação, atualização e requalificação de construções, tanto para atender à necessidade de restaurar e preservar edifícios com alto valor histórico e cultural como para dar um melhor aproveitamento a prédios que podem ser modernizados, adaptados a novos usos e valorizados com a incorporação de modernos itens de conforto, segurança, sustentabilidade e outras exigências.

Essas soluções são cada vez mais demandadas em nosso mercado, seja pelo crescimento das cidades, com saturação das áreas centrais e redução de espaços livres para construção, seja pela existência de um grande número de edifícios que oferecem boas oportunidades para valorizá-los com obras de requalificação.

Apresentamos, nesta edição de A&A, uma seleção de projetos com diferentes portes e tipologias, nas quais o aço aparece como aliado essencial, contribuindo com sua flexibilidade, leveza, praticidade e precisão na montagem, para viabilizar a renovação de instalações destinadas aos mais variados usos.

Assim, em São Paulo, para criar o Shopping Jardim Pamplona, um antigo supermercado recebeu novas estruturas em aço e teve seu visual completamente transformado, além de ampliar o espaço destinado às compras e ao lazer. Já no Rio de Janeiro, o edifício de 1906 que abrigou o Hotel Bragança, tombado pelo Patrimônio Histórico municipal e em péssimo estado de conservação, foi recuperado com auxílio do aço e recebeu um anexo, também em aço, para dar lugar a um novo hotel, moderno e com capacidade de atendimento ampliada.

Trazemos casos em que as intervenções foram realizadas em edifícios de escritórios e comércio, em hospitais, em centros culturais, hotéis, escola, e até mesmo em obras de infraestrutura, como na ponte do BRT Transbrasil, sobre o Rio Acari, no Rio de Janeiro, que foi alargada com uso de estruturas em aço em apenas uma semana de obras. Em todos eles, o aço tem papel destacado, atuando no reforço ou substituição de estruturas, na reconfiguração das plantas e na ampliação e modernização dos espaços.

Em entrevista, o arquiteto Nelson Dupré, autor de vários projetos de retrofit, nos conta sobre sua experiência e sua preferência pelo uso do aço em obras desse tipo, destacando a liberdade projetual que o material propicia.

Para finalizar, uma boa nova: inauguramos nessa edição o uso de um recurso para ampliar o conteúdo oferecido a nossos leitores. Em algumas matérias, inserimos um QR Code que possibilita acesso a vídeos com mais informações sobre o tema e sobre as obras apresentadas. Esperamos que apreciem e aproveitem.

Boa leitura!

EDITORIAL
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Hospital Oncomed, Belo Horizonte, MG: com estrutras em aço, antiga instalação hospitalar dobra de tamanho e é transformada em moderno hospital

sumário
Jardim
Arquitetura & Aço nº 54 dezembro 2019 CONTATOS 48 04. 28. 08. 32. 35. 12. ENTREVISTA 21 Arquiteto Nelson Dupré fala sobre seus projetos de retrofit e a contribuição do aço nessas obras Daniel Ducci ACONTECE 46
Foto da capa: Shopping
Pamplona, São Paulo/SP

04. Pátio Maria Antônia, São Paulo, SP: requalificação em importante prédio histórico da cidade 08. Shopping Jardim Pamplona, São Paulo, SP: uso intensivo do aço confere identidade e viabiliza novo centro de compras 12. Casa Marília, São Paulo, SP: solução com exoestrutura em aço 16. Hospital Nove de Julho, São Paulo, SP: ampliação realizada com todas as operações em funcionamento 18. Wish School, São Paulo, SP: reforma cria espaços compatíveis com a filosofia pedagógica da escola 24. Cinemateca Brasileira, São Paulo, SP: estruturas em aço atuam harmoniosamente na requalificação de antigo matadouro 28. Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ: com intervenções em aço, sobrados históricos são recuperados e podem atender a novas demandas 32. Glória 122, Rio de Janeiro, RJ: solução inovadora com estrutura em aço para preservar fachada art decó 35. Thyssenkrupp, Porto Alegre, RS: aço viabiliza escritórios modernos para empresa alemã 38. Hotel Selina Lapa, Rio de Janeiro, RJ: prédio em ruínas é recuperado para dar origem a novo hotel 40. Fábrica de Gaiteiros, Barra do Ribeiro, RS: antiga fábrica é remodelada para preservar tradição das gaitas-ponto 44. Ponte no BRT Transbrasil, Rio de Janeiro, RJ: aço permite alargar a ponte com apenas uma semana de obras

16. 38. 18. 40. 24. 44.

REQUALIFICAÇÃO COM ARTE E CULTURA

Aço possibilita recuperação de edifícios históricos com diferentes níveis de degradação no Centro Universitário Maria Antônia, da USP

O RETROFIT NO CONJUNTO de edifícios históricos do Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo, tinha a missão de requalificar construções com diferentes níveis de degradação, possibilitando novos usos para os espaços. O aço foi empregado de forma marcante em elementos estruturais e de fachada, cumprindo a função adicional de evidenciar as intervenções contemporâneas no complexo.

Marco na vida cultural e política da cidade de São Paulo, os prédios que compõem o Centro Universitário Maria Antônia, na região central, são repletos de história. Construídos na década de 1930, os edifícios Rui Barbosa e Joaquim Nabuco abrigaram o Liceu Nacional Rio Branco e, entre 1949 e 1968, foram ocupados pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP).

A necessidade de preservar e requalificar esse conjunto arquitetônico, estabelecendo uma nova relação com a cidade, foi o ponto de partida para o projeto de reforma e restauro, realizado pelos arquitetos do escritório UNA. O objetivo foi adaptar os edifícios às novas necessidades do Centro Universitário Maria Antônia, do Teatro da USP e do Instituto de Arte Contemporânea.

As fachadas foram restauradas e a volumetria dos edifícios foi mantida. Nas faces voltadas para a Rua Maria Antônia, chama a atenção a preservação das linhas art déco, típicas dos anos 1930.

A área livre entre os dois prédios deu origem a uma praça. “No nível da rua, essa praça é o alargamento natural da calçada, evidenciando o aspecto público do conjunto. No nível inferior, a praça serve de acesso ao teatro implantado

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Nelson Kon

O aço compôs elementos estruturais dos prédios recuperados. A fachada lateral do edifício foi valorizada, assumindo nova identidade, com painel de sombreamento em aço inox e uma varanda

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no subsolo do edifício Rui Barbosa, bem como aos novos espaços de café, foyer, sala de música e dança”, explica a arquiteta Fernanda Barbara.

Elegância discreta

No edifício Rui Barbosa, tombado pelo patrimônio histórico estadual, a organização espacial original foi mantida, com uma escada central. No entanto, uma parte da edificação, com estrutura de madeira, teve de ser demolida em função do mau estado de conservação em que se encontrava. Em seu lugar, foi erguida uma estrutura composta por pilares e vigas de aço e laje de concreto, dimensionados para suportar altas cargas pontuais e viabilizar a exposição de esculturas pesadas.

Barbara conta que, nesse caso, a estrutura de aço respondeu bem a algumas condições importantes. Uma delas foi garantir

alta capacidade de suporte de cargas, uma exigência do programa que previa uma série de espaços expositivos. O aço possibilitou, também, preencher a área demolida e conformar a nova volumetria com um processo construtivo mais respeitoso com o conjunto preexistente. Além disso, permitiu dar forma a uma varanda junto à fachada, com vista para a rua e para a nova praça.

Com a utilização da estrutura metálica foi possível, ainda, estabelecer uma distinção marcante, mas muito delicada, entre a intervenção contemporânea e o conjunto histórico.

“O projeto revela os diversos tempos dos edifícios e o conjunto de transformações que acompanharam suas distintas ocupações”, comenta a arquiteta.

Mantida aparente, a estrutura é composta por pilares de aço do tipo H, que suportam as cargas de uma viga de transição e de uma laje protendida.

> Projeto arquitetônico:

UNA Arquitetos

> Área construída: 6.198,68 m²

> Aço empregado: perfis soldados PS e perfis tubulares de seção retangular em aço estrutural com maior resistência à corrosão; brises em aço inox

> Volume de aço: 25 t

> Projeto da estrutura de aço: Engebrat Consultores

> Execução da obra: Gafisa/lk2

> Local: São Paulo, SP

> Conclusão da obra: 2017

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Acima, a passarela em aço vence grande vão e conecta a praça ao nível da rua

Véu de aço

A intervenção realizada no Centro Universitário Maria Antônia fica evidente na fachada lateral do edifício. Anteriormente inexpressiva, ela assumiu linhas marcantes e industriais, voltadas ao novo espaço público. Essa face ganhou a proteção de um painel de sombreamento de aço inox, material escolhido principalmente pela alta durabilidade e por demandar baixa manutenção. “Semelhante a um véu, esse painel é composto por filtro industrial de fios de aço inox. Adaptado para uso na construção civil, o produto foi entregue em módulos que foram parafusados na estrutura metálica”, detalha Barbara.

Neste caso, o painel translúcido exerce duas funções simultâneas. A primeira delas é garantir sombreamento às áreas de exposição, deixando entrar uma luz suave e difusa. Ao mesmo tempo, em função da sua transparência, o painel permite visibilidade dos interiores, mantendo a relação do edifício com o espaço externo e com a cidade.

Outro elemento em aço importante no conjunto do Centro Maria Antônia é a passarela em aço que vence um vão generoso, atravessa toda a área da praça e permite criar um caminho ao ar livre, conectando o nível da rua à praça inferior. “O aço permitiu que esse fosse um elemento esbelto, quase que uma linha que atravessa o vazio”, complementa Fernanda Barbara. (J.N.) M

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Abaixo, área de exposições com proteção do painel de sombreamento em aço mantém permeabilidade do espaço e iluminação natural. Na sequência, visão da fachada do prédio, em estilo art decó, tombado pelo patrimônio histórico da cidade Fotos Nelson Kon Daniel Ducci

Novo shopping tem estruturas metálicas aparentes e visual inspirado nas galerias paulistanas da década de 1950

INTEGRADO AO BAIRRO

Com estrutura em aço, retrofit converte antigo hipermercado em um moderno centro de compras conectado com a cidade, em São Paulo

LOCALIZADO EM UMA ÁREA NOBRE da capital paulista, o Shopping Jardim Pamplona foi inaugurado em 2017 após passar por um profundo processo de retrofit, que transformou um antigo hipermercado em um dinâmico centro de compras, mais antenado às demandas da população que vive naquela região.

Responsáveis pelo projeto de revitalização, os arquitetos do L35ACIA Arquitetura procuraram resgatar a importância que aquele centro tinha para o comércio da região. O plano não se limitou a reativar a atividade no interior, a intervenção previu, também, medidas de requalificação, estabelecendo novas conexões com o entorno. Uma referência adotada pela arquitetura foram as elegantes galerias comerciais paulistanas dos anos 1950 e 1960. “A ideia foi criar uma espécie de extensão do comércio do bairro, preservando o dinamismo das ruas e incentivando a convivência e a diversidade”, revela o arquiteto Fábio Aurichio.

O resultado é um edifício contemporâneo e transparente, com um design de linhas puras e visual leve, baseado em estruturas de aço mantidas expostas e em grandes superfícies envidraçadas. Por conta das soluções arquitetônicas adotadas, o retrofit venceu o Prêmio Prix Versailles, na categoria centro comercial, em 2017.

ESTRUTURA EM AÇO

O programa do Jardim Pamplona se distribui sobre quatro pavimentos, além de um subsolo. Um supermercado ocupa o térreo e parte do primeiro andar. O segundo pavimento recebeu um mix de lojas. No terceiro nível, foi implantada uma grande academia e mais algumas lojas. Dedicado à gastronomia, o quarto pavimento conta com restaurantes cercados por uma praça externa de convivência, que oferece uma bela vista para o bairro.

Para viabilizar a transformação, a estrutura original do antigo hipermercado em concreto armado e protendido precisou ser reforçada.

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O aço está presente, além das estruturas, em marquises, mezaninos, passarelas e na cobertura da praça de alimentação, que tem vão de 21 m

O aço foi amplamente utilizado como elemento estrutural. No novo centro de compras, é ele que dá forma a marquises, mezaninos, fechamentos de vãos, passarelas, pavimento técnico, caixas de escada e caixas de elevadores. “Algumas áreas da estrutura de concreto que não puderam ser reforçadas foram demolidas e reconstruídas com estrutura em aço”, conta o engenheiro Renato Pompéia Gioielli, diretor da Grupo Dois Engenharia. Segundo ele, na execução dessas estruturas, o aço contribuiu com velocidade de execução e leveza, permitindo o acréscimo de área construída. O material também foi decisivo para viabilizar a cobertura do último pavimento, que vence um vão livre de 21,4 m sobre a praça de alimentação.

“Foram utilizados os perfis laminados e de abas paralelas (W e H), bem como perfis soldados e perfis compostos por chapa dobrada em volume menor”, explica Gioielli. Ele revela, ainda, que o projeto da estrutura metálica adotou, em sua maior parte, a mesma modulação da construção original, de 10 x 10,7 m.

> Projeto arquitetônico: L35ACIA Arquitetura

> Área construída: 43.500 m²

> Aço empregado: ASTM A572 GR50

> Volume de aço: 1.000 t

> Projeto estrutural: Grupo Dois e Quadrante Engenharia

> Execução da obra: Consplan e RR Compacta

> Fornecimento da estrutura de aço: Tibre

> Local: São Paulo, SP

> Conclusão da obra: 2017

MAPEAMENTO 3D

Para atender ao cronograma de obras enxuto, a estrutura metálica do Jardim Pamplona foi concebida com todas as ligações parafusadas. “Para aumentar a precisão da estrutura, foram executados mapeamentos 3D com nuvens de ponto em algumas áreas da construção. Isso permitiu uma perfeita integração com o projeto 3D elaborado com tecnologia BIM”, explica Renato Gioielli.

O engenheiro da Grupo Dois lembra que, quando o projeto do shopping paulistano foi desenvolvido, as tecnologias de mapeamento 3D com nuvens de pontos eram mais limitadas em relação às informações geradas. “Hoje, essas soluções estão muito mais acessíveis, podendo ser usadas em grande escala, uma vez que proporcionam uma obra muito mais precisa, rápida e econômica”, diz Gioielli, ressaltando que o mapeamento 3D é indicado para obras de diferentes portes e é especialmente interessante para construções com soluções estruturais mistas, que combinam aço e concreto, como é o caso do Jardim Pamplona. (J.N.) M

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Fotos Daniel Ducci

Exoesqueleto de aço permitiu reconfiguração completa da antiga casa de alvenaria, suportando novos pavimentos

AÇO À VISTA

Estrutura em aço aparente permite transformação de casa do início do século XX, na região da Avenida Paulista, em coworking contemporâneo

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LOCALIZADA A POUCOS METROS do coração financeiro de São Paulo, a Casa Marília tem 450 m2, modestos quando comparados aos casarões que habitaram a Avenida Paulista. Para acompanhar as transformações pelas quais passa a cidade, essa sobrevivente – cuja primeira planta tem registro de 1915 – passou por um amplo retrofit, em que uma estrutura em aço aparente ampara novos usos e pavimentos adicionais.

Embora a necessidade do cliente não fosse clara de início, Lula Gouveia, arquiteto e engenheiro, sócio do SuperLimão Studio, responsável pela obra, explica que o projeto desde o começo já previa flexibilidade para diferentes usos do espaço. “Focamos em um projeto que poderia ser um escritório mono ou multiusuário e também ser adaptado para voltar a ser uma casa”, completa. Atualmente, o imóvel abriga um escritório de coworking – local de uso compartilhado, conectado a espaço coletivo maior.

Revitalizar o imóvel sem danificar a estrutura existente foi o maior desafio da obra na Casa Marília. Áreas sem aproveitamento foram demolidas, permitindo o surgimento de dois novos andares e o acesso direto de todos os ambientes do imóvel a generosos terraços.

Na obra, o aço cumpre função estrutural e estética. Um exoesqueleto formado por perfis em aço do tipo W (também conhecido como perfil estrutural) chama a atenção pelo contraste com os tijolos à vista e destaca a justaposição do antigo e do moderno. A estrutura em aço permitiu transferir parte das cargas dos tijolos autoportantes e dos pavimentos adicionais para as novas fundações, que foram executadas abaixo da casa existente e com certa distância das antigas paredes. Para complementar, criou-se uma cinta de coroamento em concreto armado, já que assoalhos e telhados foram retirados para abrir espaços que podem ser fechados de acordo com a necessidade do proprietário.

Partes comprometidas da estrutura antiga foram reforçadas com perfis metálicos externos ligados por tirantes, de maneira a impedir deformações nas paredes. Para evitar a formação de trincas devido às vibrações causadas pelos trens do metrô, as passagens do aço entre os tijolos receberam vedação em elastômero.

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Fotos Maíra Acayaba Nova planta conta com espaços amplos sustentados por estrutura metálica, servidos por iluminação e ventilação naturais

> Projeto arquitetônico: SuperLimão Studio

> Área construída: 450 m²

> Aço empregado: perfis laminados

> Volume de aço: 18 t

> Projeto estrutural: SuperLimão Studio e Ricardo Zulkes

> Execução da obra: SuperLimão Studio

> Local: São Paulo, SP

> Conclusão da obra: 2014

Comparada por Gouveia a um “lego gigante”, a estrutura em aço, cuja leveza e resistência foram determinantes para a sua escolha, conta com grande parte das peças em 10 polegadas e teve sua montagem cuidadosamente planejada para evitar soldagem in loco, atendendo a uma solicitação do proprietário do imóvel.

O compromisso com a sustentabilidade norteou diversas etapas da obra. As peças do assoalho de madeira, as vigas do telhado, os batentes, as portas e janelas originais e resultantes de reformas anteriores foram restaurados e reciclados de acordo com a função original ou remodelados para a criação de mobiliário.

As paredes removidas para abrir espaços tiveram seus materiais reaproveitados nos fechamentos dos novos andares, sendo os superiores executados com caixilhos de correr, aliados a basculantes que permitem o controle da ventilação natural e otimizam a entrada de luz solar. As largas paredes originais aliam-se à ventilação cruzada e garantem conforto térmico, criando um ambiente agradável e minimizando o uso de ar-condicionado. Para finalizar, o uso da estrutura em aço permitiu menor geração de entulho, reduzindo, dessa forma, os gastos energéticos e a emissão de CO2 com o transporte. (M.P.) M

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Fotos Maíra Acayaba Elevação frontal

A solução estrutural adotada viabilizou a criação de dois novos pavimentos, além de terraços e acesso direto a todos os ambientes. Nos pavimentos superiores, os fechamentos são em caixilhos de correr, que permitem entrada de luz e ventilação

Assista à entrevista do arquiteto e engenheiro

Lula Gouveia, sócio do SuperLimão Studio, na série Transformadores da Construção.

Para acessar, basta apontar a câmera do seu celular ou tablet para o código acima e abrir o link com o conteúdo.

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CRESCIMENTO PLANEJADO

Para ampliar hospital em São Paulo, sem interrupção das suas atividades, novo edifício em aço é construído em cima de prédio existente

EM 2016, TEVE INÍCIO a elaboração do projeto de remodelação de um dos prédios do hospital Nove de Julho, em São Paulo. O grande desafio apresentado para os projetistas foi fazer a ampliação do edifício que comporta um centro cirúrgico sem que as atividades – fundamentais para a instituição – fossem interrompidas. A audaciosa solução encontrada por arquitetos e calculista foi construir os novos pavimentos sobre o prédio existente, lançando mão do aço como material fundamental da nova estrutura.

Conforme explica o engenheiro de estruturas César Pereira Lopes, responsável pelo cálculo estrutural do projeto, o hospital dispunha de edifício com quatro subsolos e apenas dois pavimentos acima do nível da rua – este era o prédio que precisava ser ampliado sem grande impacto em suas operações. “Decidimos implantar quatro pilares de concreto, com fundações novas em estaca-raiz, e executamos a ampliação com apoio apenas nestes”, descreve.

Sobre os novos pilares, que se estendem até o nível da cobertura do edifício antigo, foram então montadas grandes treliças de transição, inteiramente em aço, para vencer o vão entre eles e funcionar como base para os novos pavimentos. “São duas treliças sobre 27 m de vão e duas treliças secundárias sobre 17 m. Elas foram instaladas sobre aparelhos de apoio tipo Rudloff, de forma a evitar que surgissem esforços horizontais nos pilares de concreto”, explica o engenheiro Juliano Lanza, da Codeme, empresa que forneceu e montou a estrutura em aço.

As treliças metálicas, descreve Lanza, formam uma espécie de piso de transição, sobre o qual nascem todos os pilares do novo prédio, em perfil I. “Fizemos a montagem em fábrica, de maneira a garantir o perfeito encaixe na obra. Como o canteiro era pequeno e a rua apertada, tínhamos de nos assegurar de que não haveria necessidade de realizar ajustes no local”, afirma Lanza.

As limitações de espaço no canteiro de obra e na própria Rua Peixoto Gomide, onde fica o prédio, exigiram esquema logístico especial, com descarregamento das peças em aço à noite e depósito provisório em nível elevado

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Fotos Construtora Afonso França

Da planta da Codeme em Juiz de Fora (MG), as treliças foram levadas ao canteiro de obra e arqueadas in loco para atingirem a flecha determinada em projeto.

Como explica Lanza, as duas treliças principais avançam do piso de transição até os pavimentos superiores como se fossem uma grande estrutura metálica de seis andares. “Isso exigiu sequências construtivas combinadas. Não poderíamos concretar as lajes sem que tivesse sido efetuado o torqueamento das treliças.”

Para a execução da estrutura dos pavimentos – constituída de pilares e vigas metálicos e lajes tipo steel deck –, a equipe de obra construiu um nível provisório de 5 m de altura, onde as peças eram descarregadas à noite e depois transportadas verticalmente para os locais de montagem, conta Lanza.

Completou a estrutura um núcleo de concreto que abriga os elevadores e integra também o prédio antigo. “Mas ele é independente da estrutura metálica e não tem função

estabilizadora. Nos pavimentos, executamos juntas de dilatação entre o núcleo de concreto e as vigas”, explica Lanza.

Segundo Cássia Cavani, arquiteta responsável pelo projeto de remodelagem e ampliação do edifício hospitalar, foi o aço que viabilizou a intervenção – que seria quase impossível se empregasse outro material.

"Pelas características do projeto e a necessidade de manter o hospital com suas atividades normais, era fundamental que fosse uma obra limpa e com grande rapidez, de modo a interferir sobre a menor área e no menor tempo possível”, define.

Com todas as restrições espaciais e o prazo exíguo, a obra exigiu a interdição de uma única sala do centro cirúrgico, aponta Cavani. Concluídos os novos pavimentos, a equipe realizou a renovação do prédio antigo. “Nada parou de funcionar”, completa a arquiteta. A montagem da estrutura metálica foi realizada em apenas três meses. (E.C.L.) M

> Projeto arquitetônico: Cavani Arquitetos

> Área construída: 3.800 m²

> Aço empregado: chapas: Civil 350 e laminados: ASTM 572 GR50

> Volume de aço: 330 t

> Projeto estrutural: Escritório Técnico César Pereira Lopes

> Fornecimento da estrutura de aço: Codeme

> Execução da obra: Afonso França

> Local: São Paulo, SP

> Conclusão da obra: 2018

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Divulgação/Hospital Nove de Julho

SALAS DE AULA EXPANDIDAS

Abertura e contiguidade dos espaços, possibilitadas por estruturas em aço, nortearam a transformação de um galpão em sede de escola bilíngue em São Paulo

Pedro Napolitano Prata

PARA TRANSFORMAR UM GALPÃO de tipo industrial na sede da Wish Bilingual School, em São Paulo (SP), a equipe responsável pelo projeto planejou diversas ações de demolição, reconfigurando todo o espaço. O aço aparece em diferentes elementos estruturais e imprimiu mais leveza ao conjunto, facilitando a ventilação e a iluminação naturais.

A escola adota uma proposta de educação holística, e o novo espaço da Wish School deveria refletir sua filosofia pedagógica servindo como catalizador para as atividades educacionais, que em grande parte ocorrem fora da sala de aula. “A partir disso, abordamos a sala de aula como um ponto de encontro”, conta Erico Botteselli, sócio-arquiteto do Garoa. Há salas fixas, com transparência nas vedações, e salas móveis, com painéis pivotantes. A ideia é estimular que as atividades pedagógicas se expandam para as áreas contíguas.

Em consonância com a proposta, o pavimento inferior, que antes era “ermo e sem iluminação”, segundo Botteselli, foi transformado por cortes nas lajes existentes, nos quais foram instalados sheds de iluminação zenital. “Os cortes só foram possíveis com a utilização de reforços estruturais metálicos, com vigas de aço laminado”, explica o arquiteto.

A escolha do aço para a execução dos reforços estruturais deveu-se, como descreve o arquiteto, à sua praticidade e maior resistência. “Uma vez instalado o reforço, a laje existente já poderia começar a ser demolida. Se utilizássemos concreto, demoraríamos 27 dias para desenformar as vigas de reforço”, compara. Além disso, o aço viabilizou o uso de vigas mais esbeltas, liberando altura para o pé-direito, completa Botteselli.

O arquiteto explica que foram utilizados quatro chumbadores UR de 16 mm na fixação das vigas de aço. “As vigas foram cortadas in loco e foram efetuados furos na laje existente para a passagem da corrente das talhas e içamento das vigas. Quando na posição correta,

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A planta do antigo galpão foi completamente transformada com o auxílio de estruturas em aço que viabilizaram a criação de espaços flexíveis, com iluminação natural e uso múltiplo Fotos Pedro Napolitano Prata

> Projeto arquitetônico: Grupo Garoa

Arquitetos Associados

> Área construída: 1.166 m²

> Aço empregado: ASTM A572

> Volume de aço: 4 t

> Projeto estrutural: Telecki

Arquitetura de Projetos

> Execução da obra: Grupo Garoa

Arquitetos Associados

> Local: São Paulo, SP

> Conclusão da obra: 2016

a alma das vigas era soldada às esperas metálicas chumbadas na viga de concreto existente”, descreve.

Um pilar em V, também em aço, foi adotado para sustentação da rampa de acesso ao pavimento superior.

O edifício já dispunha de cobertura metálica, com treliças conformadas por perfis de cantoneiras de abas iguais.

O escritório buscou inspiração em referências internacionais com o objetivo de entender a possibilidade de circulação infinita e a conformação de espaços flexíveis, de uso múltiplo – como no complexo Fukuoka Housing, projetado por Steve Holl na cidade de Fukuoka, Japão – para moldar o espaço de acordo com o seu uso, por meio de paredes móveis.

O aço foi um aliado essencial no projeto da Wish School e aparece tanto em elementos estruturais, como no pilar em V que suporta a rampa de acesso, nas vigas de reforço das lajes e na cobertura, como em escadas, guarda-corpos, esquadrias e outros elementos

“A proposta encara os alunos como sujeitos ativos, agentes capazes de compreender e moldar o espaço que lhes envolve. Desenhamos todos os espaços de forma que eles sejam propícios, cada um do seu jeito, à assimilação de conhecimento”, destaca Botteselli. (M.P.) M

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Fotos Pedro Napolitano Prata

O arquiteto Nelson Dupré

visitou as instalações da Cinemateca Brasileira com a equipe de A&A, onde nos apresentou as intervenções ali realizadas e nos contou sobre sua atuação em diferentes obras de retrofit. Para assistir, basta apontar a câmera do seu celular ou tablet para o código acima e abrir o link para o vídeo.

AÇO PARA PROJETOS DE RETROFIT

Para Nelson Dupré, arquiteto desde 1973 e professor de Projetos na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP), obras de retrofit devem ter como princípio a demonstração evidente das intervenções realizadas, de maneira que as características originais do edifício não se confundam com os novos materiais empregados em sua recuperação. À frente do escritório que leva seu nome, foi o responsável pelo premiado projeto da Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, instalada onde havia sido a antiga Estação Ferroviária Júlio Prestes. Dupré é autor, também, de outras importantes obras de retrofit, como a da sede da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), recentemente concluída, em São Paulo, e a da Cinemateca Brasileira, onde nos concedeu a entrevista a seguir, em que fala do seu trabalho e da sua visão sobre a construção em aço.

Arquitetura&Aço – Em seus projetos de retrofit, como se dá a decisão pelo uso do aço?

Nelson Dupré – A escola de restauro em que acredito preconiza que toda intervenção seja clara no processo de restauração, para garantir que, visualmente, tudo aquilo que for incorporado à construção original possa ser bem identificado. Assim, há diálogo entre os materiais e podemos mostrar a intenção, as características do prédio restaurado e da nova intervenção. Quando se trata de um prédio executado em concreto, por exemplo, trabalho com aço. Além disso, geralmente é mais fácil trabalhar com aço porque ele permite que façamos montagens com mais simplicidade.

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Paulo Barros

Acima, prédio da Amazul, que recebeu envelopamento em aço patinável e um novo mezanino em aço em retrofit recentemente concluído. Na obra da Sala São Paulo, na página ao lado, importante obra de retrofit conduzida por Nelson Dupré, o aço teve um papel central, presente na estrutura do forro móvel, nos balcões, no mezanino, acessos e na cobertura

AA – Considerando as propriedades físicas do aço, quais são as principais vantagens do seu uso em retrofit?

ND – Qualquer intervenção que possa destruir, de alguma maneira, elementos originais da obra, eu procuro evitar. Por isso, preciso trabalhar com materiais que ofereçam flexibilidade e sejam bastante adaptáveis em diferentes situações. Esse tipo de facilidade me convida a usar o aço. Além disso, com o aço conseguimos soluções mais leves, não só fisicamente como visualmente.

AA – Pensando em outros tipos de projeto, que benefícios o senhor associa à opção por soluções com estruturas em aço?

ND – Os principais benefícios que enxergo no uso do aço na arquitetura estão em sua sustentabilidade e capacidade de reciclagem. Ele também propicia limpeza na construção. Outro aspecto importante é a esbeltez, a leveza do material, que possibilita lidar com os elementos de maneira dimensional com muito mais liberdade. O aço é muito maleável e permite que nós tenhamos uma certa fantasia em relação às soluções que podemos adotar.

AA – Como aparece o aço em seu projeto de retrofit para a Amazul, recentemente concluído?

ND – A Amazul tinha um edifício pré-fabricado. O reforço estrutural e mezanino foram integralmente executados em aço. Além disso,

o prédio inteiro é envelopado em aço patinável, com proteções solares, em alguns lugares, em tela de tecido em aço inox.

AA – Quais foram os maiores desafios do projeto? Como o aço contribuiu para vencê-los?

ND – As questões determinantes eram o custo e um prazo de execução muito curto. Tínhamos limitação de altura no prédio existente. Nas lajes e pisos novos de mezanino, só poderíamos trabalhar com uma estrutura metálica delgada, de forma que sobrasse um pé-direito adequado. Todos os forros foram executados em colmeia de aço galvanizado para permitir que na parte superior estejam as instalações e elas sejam acessíveis através da própria grade. Precisávamos garantir que o prédio tivesse custos de operação e manutenção reduzidos.

AA – No projeto da Sala São Paulo, o aço também foi utilizado?

ND – Sim. A construção do mezanino e acessos, por exemplo, se dá com estrutura em aço e piso de madeira. No interior, o aço suporta os balcões que adentram a sala. Na parte superior, a estrutura que suporta a movimentação do forro é formada por treliças metálicas grandes, apoiadas nas colunas internas da sala. Os painéis do forro móvel são em aço revestidos em madeira e o piso técnico é em steel deck. A cobertura também é metálica, com fechamento parcialmente em aço.

22 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Nelson Dupré Arquitetura

AA – Considerando sua experiência na área acadêmica, o senhor avalia que os temas relacionados aos sistemas construtivos em aço já estão adequadamente inseridos na grade curricular dos cursos de arquitetura?

ND – Na universidade em que leciono, a Mackenzie, temos preocupação muito grande de não carimbar a arquitetura com o concreto aparente. E diversificamos bastante o uso de materiais. Procuramos trabalhar com estrutura metálica, estrutura de madeira e vidro, mostrando como esses materiais são bastante adequados ao uso, dependendo do tipo de construção.

AA – Há disciplinas voltadas especificamente à construção em aço?

ND – Na disciplina de Materiais e Técnicas, normalmente escolhemos em cada semestre um tipo de material – e um deles é o aço. Ao mesmo tempo, utilizamos esses materiais na cadeira de Projetos, de modo que todos os projetos do semestre devem utilizar o material selecionado em Materiais e Técnicas. Não há disciplina específica de retrofit, mas também cuidamos do assunto. Levo grupos para fazer visitas a obras realizadas e que tenham linguagem diferente daquela com que estão lidando na escola.

AA – Ao longo da sua carreira, o senhor notou mudanças na cultura da construção brasileira? O senhor acredita que projetistas e construtores estão mais abertos ao uso do aço? ND – Eu acho que estamos mudando de patamar. A construção no Brasil se fez com concreto, basicamente, porque se julgava mais fácil trabalhar com ele e a mão de obra disponível não tinha muita qualificação. Hoje, esse quadro começa a se alterar. Conseguimos trabalhar com o aço de forma mais intensa e seu uso decorre muito mais de uma opção construtiva e não limitada por variáveis de custo. (E.C.L.) M

23 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Divulgação/ Dario de Freitas
“ Os principais benefícios que enxergo no uso do aço na arquitetura estão em sua sustentabilidade e capacidade de reciclagem.

INTEGRAÇÃO TEMPORAL PELO AÇO

Estruturas metálicas e vidro trazem galpões do século XIX para a contemporaneidade na sede da Cinemateca Brasileira, em São Paulo

O COMPLEXO DE GALPÕES onde funcionava, desde 1884, o matadouro municipal na Vila Mariana, em São Paulo, passou a abrigar, na década de 1990, a Cinemateca Brasileira. Elementos de aço e vidro foram fundamentais para recuperar os prédios tombados e possibilitar os novos usos.

Os edifícios do antigo matadouro eram inteiramente de alvenaria, com coberturas de estrutura de madeira. Após uma primeira intervenção nos anos 1990, o complexo passou por um abrangente retrofit, coordenado pelo arquiteto Nelson Dupré, professor da Universidade Mackenzie.

“Nós entendemos que o edifício traz marcas do tempo que são importantes de serem preservadas. Elas dão identidade e uma certa vida ao prédio”, define Dupré. Todos os componentes do prédio que exigiram reforços ou recuperações apresentam as marcas da intervenção com clareza, de acordo com a filosofia de trabalho do arquiteto.

Na sala Cinemateca BNDES e em seu amplo foyer, com mais de 500 m2 de área, o aço aparece nos batentes instalados nas aberturas em arco, com largura 2,5 cm maior do que a espessura das paredes, de forma que eles ficassem afastados dos parâmetros

25 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Dario de Freitas/Dupré Arquitetura Estrutura em aço suporta a nova cobertura na sala de cinema e criou novo pavilhão entre colunas em ruína

externos delas. “Como os vãos foram executados em tijolo aparente, apresentavam variação dimensional. Calandramos os batentes metálicos no local para permitir perfeito alinhamento com cada vão”, descreve o arquiteto.

Barras de neoprene aplicadas entre os tijolos originais e o aço garantem o isolamento acústico do novo espaço. O vidro instalado nas aberturas, insulado, completa a proteção contra vazamento de ruído – ao mesmo tempo em que permite iluminação e transparência até então inexistentes no conjunto como um todo.

A cobertura do galpão, cuja estrutura original de madeira, em condições precárias, não estava documentada, foi refeita em aço. “Optei por uma estrutura metálica poliarticulada, que garantiu a mesma configuração morfológica,

Com elementos estruturais em aço visíveis, o projeto buscou evidenciar intervenções contemporâneas, seguindo padrão internacional para obras de restauro e recuperação

> Projeto arquitetônico: Nelson Dupré; restauro: arquiteta Maria Luiza Dutra

> Área construída: 1.818,44 m²

> Aço empregado: perfis W, H em aço

ASTM-A 572 GR50; perfis em chapa dobrada

ASTM 570 GR50; chapas e elementos de ligação em MR250

> Volume de aço: 11,5 t

> Projeto estrutural: Cia. de Projetos

> Fornecimento da estrutura de aço: Construmet

> Execução da obra: Sfera Engenharia

> Local: São Paulo, SP

> Conclusão da obra: 2007

26 &ARQUITETURA AÇO
Fotos Dario de Freitas/Dupré Arquitetura

O desenho da cobertura metálica foi inspirado por solução utilizada em estação de bondes de 1870

mas de forma mais requintada e moderna”, explica Dupré. A inspiração para o desenho das tesouras veio de uma solução aplicada em uma estação de bondes carioca de 1870.

Em uma pequena área ao lado da sala BNDES, havia colunas de alvenaria em condições de ruína, sem nenhuma indicação de como o espaço era utilizado. Ali, o arquiteto optou por estruturar uma caixa metálica com fechamento em vidro, cercada pelos antigos pilares, “que são elementos que indicam o que poderia ter sido aquele espaço”. O pavilhão novo assim formado funciona como sala de reuniões.

Os blocos haviam sido tombados nas condições em que estavam em 1921, quando eram interligados por uma cobertura. “Em respeito à configuração de tombamento, tínhamos de preservar aquela indicação de cobertura comum”, lembra Dupré. A solução foram passarelas metálicas, com esbeltas vigas vagão e cobertura de vidro, partindo das entradas da Cinemateca e conduzindo até os acessos de cada prédio. A estrutura da cobertura é parcialmente sustentada por tirantes instalados nas paredes de alvenaria. “Deixamos um espaço de 1,8 m de cada lado, de modo que os prédios fossem de fato separados da cobertura.”

Passados 12 anos do fim das obras de retrofit, a Cinemateca Brasileira ainda guarda o aspecto de espaço renovado e contemporâneo, algo propiciado pela combinação de aço e vidro. “Nossa maior preocupação quando elaboramos um projeto é apresentar a solução de menor custo operacional e de manutenção. Esses materiais que utilizamos aqui permitem limpeza e ganho de longevidade sem grandes necessidades de intervenção por um bom tempo. Quando visito a Cinemateca, parece que estou de volta à época em que as obras foram concluídas”, comenta Dupré. (E.C.L.) M

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Fotos Dario de Freitas/Dupré Arquitetura

FACHADAS HISTÓRICAS, USO CONTEMPORÂNEO

No centro do Rio de Janeiro, aço permite transformar sobrados históricos em modernos espaços comerciais

O RETROFIT DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS normalmente envolve a superação de uma série de desafios, seja em função do estado de conservação das construções existentes, seja pela necessidade de preservar e adaptar as estruturas às novas demandas dos usuários.

Não foi diferente durante a revitalização de um conjunto de sobrados contíguos na Rua Miguel Couto, no centro da capital fluminense. Nesse caso, o objetivo era converter as edificações de estilo arquitetônico típico do final do século XIX e começo do século XX em um empreendimento com quatro lojas e sete salas comerciais. Também era preciso ampliar a área útil e preservar as fachadas de alto valor histórico. Tudo isso sem causar impactos na estrutura existente e no entorno, sobretudo na vizinha igreja matriz de Santa Rita, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Para viabilizar o projeto, foram combinadas técnicas de construção e de restauro. A mais impactante delas foi a utilização da estrutura em aço, que atuou como redutor de esforços físicos incidentes nas fachadas.

A estrutura metálica isolou a fachada durante a obra, dando mais liberdade para o trabalho de restauro

Autores do projeto de retrofit, os arquitetos Celso Rayol e Fernando Costa, do Cité Arquitetura, contam que a estrutura metálica permitiu isolar as fachadas da estrutura, o que trouxe ganhos em duas frentes. Em primeiro lugar, a medida garantiu maior liberdade para a recuperação das fachadas, submetidas a um processo de restauro minucioso que envolveu toda a parte de ferro e cantaria. A construção de uma estrutura independente também facilitou as intervenções no interior da edificação, incluindo a implementação de halls de acesso para as circulações verticais e a construção de um mezanino.

As estruturas metálicas se conectam com a fachada apenas por um rebaixo da laje na nova estrutura. “Mantivemos um trecho de aproximadamente 3 m das alvenarias originais perpendiculares à fachada e fizemos uma ligação com ela utilizando chapas metálicas e chumbadores. Concluída a montagem da nova estrutura interna em aço, executamos as ligações por solda”, revela o engenheiro Cândido Magalhães, responsável pelo projeto estrutural.

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Fábio Fernandes

> Projeto de arquitetônico: Cité Arquitetura; consultoria em Restauro: Quorum Rio

> Área construída: 3.660,06 m²

> Aço empregado: perfis laminados ASTM A572 GR50

> Volume de aço: 230 t

> Projeto estrutural: Abilitá Projetos Estruturais

> Fornecimento da estrutura de aço: Campanha de Moraes

Engenharia

> Execução da obra: Campanha de Moraes

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: 2018

As pequenas dimensões das peças estruturais em aço permitiram uso otimizado dos espaços e plantas flexíveis

Harmonia nos contrastes

A revitalização concebida pelos arquitetos do Cité procurou valorizar a estética dos materiais, contrapondo, sempre que possível, o novo e o antigo. Nesse sentido, a estética do aço estabeleceu um contraste interessante com as formas clássicas da fachada e com a rusticidade dos materiais preexistentes.

De acordo com Magalhães, a estrutura metálica agregou, ainda, outros benefícios para a intervenção. “O aço permitiu que usássemos vigas menores, resultando em uma arquitetura mais elegante”, comenta o engenheiro. Ele lembra que o material também foi importante para viabilizar a escavação de um novo pavimento de subsolo, onde antes ficavam os antigos baldrames, sem danificar as fachadas originais da edificação.

O conjunto de sobrados na Miguel Couto recebeu novas fundações em aço, capazes de suportar as cargas da edificação. Os baldrames originais, contudo, foram parcialmente mantidos e adquiriram um novo status, ora apoiados em pilares de aço, ora acondicionados em invólucros no piso e expostos como fragmentos do passado. Uma parte desmontada dos baldrames foi reaproveitada, ainda, para compor novas paredes alocadas estrategicamente para adicionar uma textura nova e, mais uma vez, remeter ao passado.

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Fotos Fábio Fernandes

No canteiro de espaços restritos, a estrutura em aço colaborou para prover uma obra mais limpa e íntegra, com menos vibrações no entorno. No entanto, exigiu um esforço logístico das equipes, principalmente em função da pequena dimensão dos vãos para a passagem de pilares e vigas. “Em alguns momentos, foi necessário particionar as estruturas para conseguir colocar todos os elementos no canteiro”, revelam os arquitetos.

Conjunto ampliado

O projeto realizado no centro do Rio permitiu que o conjunto edificado passasse dos dois pavimentos de um sobrado típico para um prédio com três andares e um subsolo, com plantas flexíveis que abrem diferentes configurações de layout

Além da preservação, o retrofit teve como uma das suas preocupações otimizar os espaços. A ideia, segundo Rayol e Costa, era obter ambientes generosos com farta luz natural e uma materialidade que traduzisse a passagem do tempo. Nesse sentido, ajudaram bastante os grandes vãos das esquadrias, que favorecem a entrada de iluminação natural, e a construção de uma claraboia para ventilação. (J.N.) M

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Fotos Fábio Fernandes

MEMÓRIA PRESERVADA

Demolido para dar lugar a um edifício de lajes corporativas, prédio art déco dos anos 1940 tem fachada original mantida com adoção de estrutura provisória em aço

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Imagens Divulgação/Glória 122

O PROJETO do empreendimento Glória 122, no Rio de Janeiro, conseguiu combinar o arrojo dos edifícios comerciais contemporâneos com o visual art déco da primeira metade do século XX. A fachada original do edifício E. G. Fontes foi inteiramente preservada e conjugada à nova edificação – algo que só foi possível com o uso de uma estrutura provisória em aço ao longo do processo construtivo.

Conforme explica o arquiteto Charbel Capaz, do escritório De Fournier e Associados, a ideia inicial era demolir totalmente o edifício dos anos 1940 existente na Rua da Glória. “Não havia tombamento, mas a Prefeitura optou, durante o processo de licenciamento, por preservar as características da fachada. Então, alteramos o projeto, preservando-a enquanto o novo edifício era construído por trás”, explica.

Com a nova concepção, a equipe de projeto passou a trabalhar na perspectiva de transformar um prédio residencial em um edifício de lajes corporativas. “O primeiro passo foi fazer um projeto as built muito preciso, de forma a reunirmos todo conhecimento possível sobre

o prédio existente. As imprecisões dimensionais na edificação antiga precisavam ser tratadas em nosso projeto”, analisa Capaz.

Inicialmente, o engenheiro de estruturas Francisco Graziano previu construir a nova estrutura por dentro da antiga para, posteriormente, demoli-la de cima para baixo. “Seria uma solução mais conservadora, mas teríamos problema com o prazo”, afirma.

Foi aí que surgiu a ideia de criar uma estrutura provisória, inteiramente metálica e assentada em fundação específica para ela, que pudesse estabilizar a fachada enquanto o novo edifício fosse construído. “Concluída a nova estrutura metálica, que passaria por dentro do prédio existente, poderíamos iniciar a demolição”, lembra Graziano.

Conforme detalha o engenheiro Fábio Campos, da construtora RFM, os perfis metálicos perfuravam as lajes do prédio antigo e eram criadas chapas de ligação com os pilares. “Abraçávamos os pilares com uma chapa metálica, criando uma grande treliça nas costas da fachada até a cobertura”, descreve.

Por trás da fachada histórica, há um edifício de linhas contemporâneas. Uma passarela em aço liga o prédio a um restaurante, também executados em aço

33 &ARQUITETURA AÇO

No trabalho de demolição, as ligações entre fachada e estrutura antiga foram cortadas. “Sacadas da fachada, pórticos de entrada, marquise, platibanda da cobertura e um trecho de 1 m de laje da fachada: tudo isso ficou preservado”, completa Campos.

De acordo com Cláudio Cardoso, da Eleve – empresa que forneceu e montou a estrutura em aço –, a grande treliça metálica foi desmontada à medida que as novas lajes eram grampeadas à fachada. “Foi um trabalho desafiador, que durou cerca de dois meses. Tínhamos conhecimento desse tipo de solução, mas nunca havíamos executado algo assim”, afirma Cardoso.

Solução inovadora, com estrutura provisória em aço, possibilitou preservar a fachada original do antigo edifício

> Projeto arquitetônico: De Fournier e Associados

> Área construída:

20.865,16 m²

> Aço empregado:

ASTM A572 GR50

> Volume de aço: 380 t

> Projeto estrutural: Pasqua & Graziano

> Fornecimento da estrutura de aço: Eleve

– Comércio e Montagem de Estruturas Metálicas

> Execução da obra: RFM Construtora

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: 2016

Para Fábio Campos, não seria possível conceber essa solução sem o emprego do aço. “Além de permitir a desmobilização posterior, a estrutura em aço possibilitou adequarmos as medidas entre os componentes novos e a fachada antiga. Havia muita imprecisão e variações, por se tratar de edificação de muitas décadas atrás”, analisa.

O novo edifício conta com um restaurante em área lateral, instalado sobre um platô de rocha e totalmente estruturado em aço, com fechamentos em vidro. Uma plataforma também metálica, com os perfis aparentes, liga o espaço a um pavimento intermediário do edifício. “A construção em aço permitiu leveza e transparência, dando a impressão de que o restaurante flutua sobre a pedra”, aponta o arquiteto Capaz. (E.C.L.) M

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Imagens Divulgação/Glória 122

INDUSTRIAL E FLEXÍVEL

Com o apoio de estruturas metálicas, retrofit em Porto Alegre cria escritórios modernos e amplos em área com pequeno edifício e galpão

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Marcelo Donadussi

A THYSSENKRUPP é uma organização alemã que atua globalmente em diferentes negócios no setor industrial. Quando os arquitetos do estúdio Arquitetura Nacional assumiram a tarefa de criar os novos escritórios administrativos para a companhia, em Porto Alegre (RS), os objetivos eram muito claros.

Antes de tudo era necessário assegurar a um grande número de colaboradores conforto e praticidade. Também era desejável obter um visual industrial e sóbrio, que comunicasse valores defendidos pela multinacional, como inovação e tecnologia. Por fim, mas não menos importante, era necessário gerar espaços flexíveis, de modo a garantir uma ocupação planejada em duas etapas: inicialmente, seriam abrigados cerca de 100 funcionários; na segunda fase, as instalações seriam preenchidas com até 240 pessoas.

O ponto de partida foi uma área de 1.763 m2 na movimentada Avenida Sertório, na zona norte da cidade. No local de implan-

Um mezanino em aço no espaço do galpão amplia a área para estações de trabalho e o conecta ao segundo andar do outro edifício

> Projeto arquitetônico: Arquitetura Nacional

> Área construída: 1.707,53 m²

> Aço empregado: ASTM A572 GR50

> Volume do aço: 23,5 t

> Projeto estrutural: Carpeggiani Projetos Estruturais e Cótica Engenharia

> Fornecimento da estrutura de aço: Imezza

> Execução da obra: Cótica Engenharia

> Local: Porto Alegre, RS

> Conclusão da obra: 2016

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Marcelo Donadussi

tação, havia um edifício de dois andares na parte frontal e um pavilhão de armazenamento nos fundos.

O edifício preexistente tinha estrutura de concreto e fechamento de alvenaria. Já o pavilhão era composto por estrutura de concreto e cobertura metálica. “Como ambas edificações possuíam estrutura e paredes em alvenaria de ótima qualidade, foi decidido mantê-las e destacá-las, diferenciando-as de todas as novas intervenções, que foram pintadas em preto”, explica o arquiteto Lucas Pessatto.

Entre os volumes existentes, havia algumas construções em alvenaria que foram demolidas, o que viabilizou a criação de uma conexão direta entre as edificações por meio de uma nova construção central.

Esse módulo adicional, inteiramente estruturado em aço, exerce múltiplas funções. Ele abriga novos conjuntos de sanitários necessários para atender ao número de usuários e amplia a área técnica. A nova edificação permitiu, ainda, deslocar a entrada principal do escritório para uma rua lateral, de menor movimento, e criar uma conexão contínua entre o edifício existente e o mezanino recém-erguido, aproveitando o pé-direito generoso do pavilhão. “Uma futura duplicação deste mezanino já foi planejada para tornar possível a ocupação máxima do espaço”, conta Pessatto.

Estrutura mista

O aço foi decisivo para viabilizar o retrofit na capital gaúcha. Ele permitiu, por exemplo, atender ao prazo de 90 dias para a execução das estruturas adicionais. “Esse foi um desafio, ainda mais diante das condições apresentadas. Havia pouca informação sobre a construção original e muitas restrições aos acessos à obra”, comenta a arquiteta Mariana Cótica, diretora da Cótica Engenharia.

O projeto estrutural inicial, elaborado pela Carpeggiani, previa a combinação da estrutura metálica com lajes em painel wall. No entanto, por uma questão de custos, o

contratante optou por uma solução mais econômica, com lajes compostas por vigas pré-moldadas de concreto e fechamento de blocos vazados de concreto.

Bastante leve, a estrutura em aço utilizada no projeto gaúcho empregou fundamentalmente conexões soldadas. Tanto o mezanino como o volume central foram fixados à estrutura de concreto por meio de interfaces como chapas de aço, de fácil execução, mas que exigiram um minucioso estudo prévio.

Segundo Pessatto, o ponto mais crítico do cálculo se deu no volume dos banheiros, especialmente porque eles precisavam abrigar dois reservatórios superiores de água. “Toda essa estrutura acrescida à estrutura de concreto exigiu a inserção de vigamento extra”, lembra o arquiteto.

Sobre todo o conjunto da Thyssenkrupp foram instaladas telhas metálicas. Para melhorar o desempenho termoacústico nos escritórios, sobre a ampla área do galpão foram especificadas telhas do tipo sanduíche, sustentadas por vigas e treliças de aço em arco. (J.N.) M

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DUPLA SOLUÇÃO EM AÇO

Após anos abandonado, hotel do início do século XX recebe reforço e edifício anexo em aço para reiniciar operação no Rio de Janeiro

APÓS DÉCADAS DE ABANDONO, os edifícios que um dia abrigaram o Grande Hotel Bragança no centro histórico do Rio de Janeiro foram inteiramente restaurados e remodelados para ser uma das opções de hospedagem para o público da Olimpíada de 2016. O uso do aço em reforços estruturais e na construção de um novo edifício contíguo foi determinante para que a obra fosse concluída a tempo de receber os turistas.

A recuperação de um patrimônio histórico sem manutenção durante tanto tempo ficou a cargo do escritório A+ Arquitetura, que projetou o retrofit do estabelecimento fundado em 1906, perto dos arcos do boêmio bairro da Lapa.

O projeto incluiu restauro e recuperação de dois prédios existentes – bens preservados pelo Patrimônio Municipal por meio da Lei do Corredor Cultural do Rio de Janeiro – e a cons-

trução de uma nova edificação nos fundos. O conjunto foi reinaugurado como hotel 55/ RIO, e, neste ano, passou a sediar o Selina Lapa, primeiro hotel da rede panamenha no Brasil. De acordo com a arquiteta e sócia do A+, Bianca Bruno, o uso do aço foi fundamental para entregar a obra a tempo dos jogos olímpicos.

Conforme explica Danny Shpielman, diretor da Gerpro Engenharia, empresa responsável pelo gerenciamento da obra, a maior parte da estrutura antiga era de madeira e estava muito danificada pela ação do tempo. “Barrotes e assoalhos de madeira, comidos por cupins, foram inteiramente removidos. Mantivemos apenas as paredes periféricas. Todos os elementos internos, incluindo o poço de elevador e escadas, foram executados em aço”, relembra.

As duas edificações antigas com quatro pavimentos receberam uma nova estrutura em aço com perfis laminados e placas de base.

> Projeto arquitetônico: a + arquitetura

> Área construída:

5.577,57 m²

> Aço empregado: edifício antigo: perfis laminados, placas de base e chumbadores de aço ASTM A572 GR50; edifício novo: ASTM A572 GR50 e ASTM A36, chapas de ligação ASTM A36, steel deck mf-50 e=0.8mm ASTM A653 GR40.

> Volume de aço: 72,8 t

> Projeto estrutural: Martifer

> Execução da obra: Concrejato

> Local: Rio de Janeiro, RJ

>Conclusão da obra: 2016

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André Nazareth

Montada no local, a estrutura foi fixada às paredes existentes com chumbadores metálicos.

“Em um primeiro momento, pensou-se em reforçar as paredes externas existentes com concreto, mas o embasamento das edificações é composto por belas paredes de pedra aparente. Uma intervenção em concreto traria um impacto grande”, complementa Bianca. De acordo com a arquiteta, a estrutura em aço permitiu uma intervenção mais discreta e elegante.

O engenheiro Shpielman confirma o acerto na opção pelo aço. “Tínhamos um espaço bastante limitado no edifício histórico. O aço propiciou uma obra mais limpa, com canteiro reduzido e menor geração de entulho”, avalia.

O principal desafio durante a execução, segundo Shpielman, foi garantir a estabilidade das paredes históricas durante o delicado processo de limpeza e demolições parciais. “Enquanto removíamos os materiais danificados, era preciso escorar as paredes com cuidado. As vigas de aço instaladas cumpriram a função de travar a estrutura como um todo”, define. Internamente, foram realizadas modificações na planta, as quais permitiram a instalação de 14 quartos, de um bar no pavimento térreo e de uma área comum no terraço, de onde é possível observar a paisagem da Lapa e as duas belas cúpulas que coroam a edificação.

Contraste de blocos

Com objetivo de ampliar a capacidade do hotel e dar viabilidade econômica ao empreendimento, um nova edificação foi construída no terreno ao fundo dos prédios restaurados, com oito pavimentos e 106 novos quartos. O anexo foi totalmente estruturado em aço, explica Danny Shpielman, com pilares metálicos e lajes em steel deck. “As peças metálicas do novo prédio foram todas parafusadas no local. A solução com estrutura metálica viabilizou uma obra leve, com menor exigência de fundações. Também permitiu que a montagem fosse realizada de modo simples, com canteiro reduzido, em área de trânsito intenso e difícil acesso para caminhões”, acrescenta o engenheiro. (M.P.) M

Rua Visconde de Maranguaoe nº 09 Edificação onde funcionou o antigo Hotel Bragança. As fachadas, cúpulas e telhado foram restaurados preservando a volumetria da construção. As cores da fachada e das esquadrias foram escolhidas visando destacar a beleza da ornamentação e valorizar o conjunto arquitetônico, patrimônio cultural da cidade

Pátio de Conexão com

Ao lado, pérgolas instaladas no pátio que conecta os edifícios antigos ao novo prédio. Abaixo, à esquerda, montagem da estrutura em aço da nova edificação erguida para ampliar a capacidade do hotel; à direita, pilar e vigas em aço utilizados no reforço estrutural do prédio histórico

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Fotos André Nazareth Edificação nova em linhas simples e cores neutras, estruturada em aço jardins e pérgolas em aço e vidro Rua Visconde de Maranguaoe nº 13 Sobrado existente. A fachada foi restaurada e recebeu pintura com cor semelhante à original

TRADIÇÃO PRESERVADA E RENOVADA

Intervenções metálicas transformam galpão dos anos 1930 na Fábrica de Gaiteiros, projeto de educação na arte das gaitas-ponto no Rio Grande do Sul

UM PAVILHÃO DE 1932 às margens do Rio Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), já havia abrigado diferentes manufaturas ao longo da sua história, de estaleiro a uma fábrica de farinha. Em 2014, tornou-se sede de um projeto inusitado, o da Fábrica de Gaiteiros, idealizado pelo músico gaúcho Renato Borghetti. Para assumir a nova atividade, o edifício passou por uma renovação que procurou, a um só tempo, manter as características originais e permitir os novos usos. A contribuição do aço foi fundamental no projeto.

A ideia de criar uma fábrica de gaitas-ponto e ensinar crianças e adolescentes a tocar o instrumento surgiu para Borghetti há cerca de 11 anos. Há mais ou menos sete anos, formou-se a primeira turma de jovens estudantes do instrumento. Atualmente, a iniciativa está presente em diferentes municípios gaúchos e catarinenses. Na fábrica, na cidade de Barra do Ribeiro, são produzidas todas as gaitas usadas nos cursos, conforme explica Emily Borghetti, filha de Renato e arquiteta que assina o projeto da Fábrica.

Segundo Emily, o prédio estava sem uso havia algum tempo, com sinais de deterioração. “Pintamos e tratamos as paredes externas, mas resolvemos não intervir no frontão. A ideia é que as pessoas perce-

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Marcelo Donadussi

Do mezanino, áreas de fabricação das gaitas no térreo são visíveis por abertura da estrutura metálica conjugada com vidro

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O frontão do galpão fabril dos anos 1930 foi mantido parcialmente sem restauro, marcando a passagem do tempo. A entrada contrasta com o espaço interno moderno e funcional, repleto de elementos em aço

> Projeto arquitetônico: Emily Borghetti

> Área construída: 877,33 m²

> Aço empregado: ASTM A36

> Volume de aço: 4,7 t

> Projeto estrutural: Poolmak Estruturas Metálicas

> Fornecimento da estrutura de aço: Poolmak Estruturas Metálicas

> Execução da obra: Genaro Vladimir Santos Rodrigues

> Local: Barra do Ribeiro, RS

> Conclusão da obra: 2014

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Fotos Marcelo Donadussi

bam a ação do tempo no prédio”, afirma. Elementos da estrutura podem ser vistos pelos frequentadores do edifício, já que as paredes foram descascadas de modo a deixar aparentes os materiais empregados na construção. “Tudo está bruto para que se cumpra uma função didática”, analisa a arquiteta.

As alterações no pavilhão tiveram o aço como principal elemento estruturante. “A cobertura tinha estrutura de madeira e estava muito comprometida. Demolimos e refizemos completamente, empregando estrutura e telhas em aço”, lembra o engenheiro Genaro Santos Rodrigues, responsável pela obra.

Segundo Rodrigues, as paredes do galpão são de alvenaria, compostas por tijolos antigos de grande dimensão e sem outros elementos estruturantes. A empresa que forneceu a estrutura metálica da cobertura, a Poolmak, aconselhou que se fizessem reforços para que as novas tesouras fossem instaladas sobre elas. “A construtora abriu coxins na alvenaria, com amarração em aço e concreto. A nova estrutura da cobertura foi fixada diretamente sobre os coxins”, esclarece Maykon Dalberto, gerente comercial da Poolmak.

Emily Borghetti lembra que a disposição das tesouras da cobertura, que cortavam significativamente o pé-direito do galpão, fez surgir a ideia de um mezanino, inteiramente executado em aço. Nele, foram instaladas uma área de exposição com a história do prédio e do projeto da Fábrica de Gaiteiros e, ao fundo, um auditório com 85 lugares, onde os alunos podem apresentar o que aprenderam no projeto.

No térreo, uma ala compreende os espaços para as diversas etapas de fabricação das gaitas e a outra abriga as salas de aula e uma biblioteca. Ao fundo, uma área de convivência faz a conexão com a margem do Guaíba. Todas as divisórias entre os espaços são igualmente estruturadas em metal, bem como uma grande janela instalada na face do prédio voltada ao lago. Segundo Dalberto, da Poolmak, a montagem de toda a parte metálica levou somente 30 dias. (E.C.L.) M

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Antiga estrutura da cobertura, em madeira, não pôde ser recuperada e foi substituída por tesouras metálicas. Uma grande janela, aberta no fundo do auditório do piso superior e estruturada em aço, dá vista para o lago Guaíba Fotos Marcelo Donadussi

PONTE ALARGADA EM PRAZO CURTO

Inteiramente montada na fábrica e levada pronta para instalação, ponte do BRT Transbrasil, no Rio de Janeiro, teve estrutura em aço concluída em uma semana

QUANDO CONCLUÍDO, o corredor expresso do BRT Transbrasil ligará o bairro de Deodoro, na Zona Oeste, ao centro do Rio de Janeiro, seguindo o trajeto da Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. A implantação da calha exclusiva exigiu diversas intervenções na avenida, com a construção de pontes e viadutos, muitos deles em aço – o que possibilitou obras aceleradas em alguns trechos.

Conforme explica Wagner Diniz da Silva, engenheiro da Coba Engenharia, empresa responsável pelos projetos da parte viária e de obras de arte especiais, as dimensões e características básicas de cada trecho foram determinantes na escolha do material a ser utilizado em cada ponte ou viaduto. “Definimos que para vencer vãos de até 30 m usaríamos concreto

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Fotos Consórcio TransBrasil Estrutura metálica alargou ponte existente e criou novas faixas na avenida

protendido. Para vãos maiores ou em curva, usaríamos estrutura metálica”, afirma Silva.

Uma das intervenções em aço foi o alargamento da ponte sobre o Rio Acari, na Zona Norte. Como explica Adriano Joslin, engenheiro da Brafer – empresa responsável pelo fornecimento e montagem das estruturas metálicas –, a ponte já existente sobre o curso d’água precisava ser ampliada para receber a faixa exclusiva do BRT, sem que se perdesse espaço para os outros veículos. “Uma nova ponte metálica, contígua à ponte já existente, cumpriu a função de alargar a via”, descreve Joslin.

Com 40 m de comprimento, as vigas da ponte foram transportadas inteiramente montadas para o local de implantação. “A nossa fábrica no Rio de Janeiro localiza-se em área próxima ao trecho da intervenção e, por isso, decidimos fazer a montagem completa em nossa planta e levar as vigas em transporte especial. As vigas chegavam prontas e nós só precisávamos tirá-las do caminhão e instalá-las na posição final”, acrescenta Joslin.

Conforme recorda o engenheiro Wagner Silva, a falta de pontos de apoio para a realização dos trabalhos no trecho foi um dos desafios na execução da ponte, uma vez que há comunidades nos dois lados da pista e o próprio rio limitava as possibilidades da equipe de obra. A solução, explica, foi empregar um guindaste com capacidade de 500 toneladas.

“Inicialmente, posicionavam-se as vigas principais, depois as transversinas e, então, iniciava-se a concretagem”, descreve Silva. Segundo o engenheiro, ao contrário de alguns dos viadutos executados na Avenida Brasil, na ponte de Acari não foram empregadas fôrmas do tipo steel deck

De acordo com Joslin, o processo todo foi concluído em apenas uma semana. “Sem a necessidade de soldagem, conseguimos acelerar o cronograma e reduzir as interferências na própria via e nas comunidades vizinhas, evitando, por exemplo, o tráfego ampliado de caminhões com insumos de obra”, define.

Wagner Diniz Silva confirma que o uso do aço nas pontes e viadutos da Transbrasil propiciou mais velocidade na execução e leveza estrutural, além de ter possibilitado o vencimento de vãos sem escoramento central. “Conseguimos fazer uma obra limpa, sem agressão ao ambiente e com mais esbeltez e leveza”, completa Adriano Joslin.

Em outro trecho da Transbrasil, no bairro do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro, um grande viaduto estruturado em treliças metálicas, com 50 m de comprimento, foi montado de maneira planejada, de modo a requerer o fechamento da Avenida Brasil pelo menor tempo possível.

“Nesse viaduto, as lajes em steel deck favoreceram a celeridade da execução, porque a estrutura já foi içada com as fôrmas e, logo a seguir, fizemos a concretagem”, lembra Silva.

A Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro prevê que trechos do BRT Transbrasil comecem a operar no segundo semestre de 2020. (E.C.L.) M

> Projeto arquitetônico: Coba Brasil e Serpen

> Área construída: 856 m²

> Aço empregado: aço estrutural Civil 350

> Volume de aço: 94 t

> Projeto estrutural: Coba Brasil

> Fornecimento da estrutura de aço: Brafer

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Conclusão da obra: 2016

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Diversas pontes e viadutos em aço foram instaladas no BRT Transbrasil, como neste trecho no bairro do Caju, onde um viaduto de 50 m de comprimento, executado em treliças metálicas, recebeu lajes em steel deck para minimizar o período de fechamento da Avenida Brasil Consórcio TransBrasil

AMPLO E MODERNO

Hospital em Belo Horizonte tem sua área duplicada e passa por completa transformação

Com 38 mil m² de área construída, a nova unidade da Oncomed em Belo Horizonte (MG) exigiu a completa transformação de um hospital oftalmológico dos anos 1970, com ampliação da área total e readequação das plantas. O aço tem sido um grande aliado dos profissionais envolvidos no processo de retrofit.

Previsto para ser inaugurado em julho de 2020, o Instituto Oncomed de Saúde e Longevidade será um centro médico-hospitalar voltado para a oncologia, cardiologia, oftalmologia e outras especialidades. O novo prédio abrigará 200 leitos hospitalares e apresentará diversos diferenciais arquitetônicos, como o maior telhado verde da América Latina, espaços de convivência e relaxamento para pacientes e familiares e o cuidado com sua forma, os materiais e a inserção em um sítio com fortes

envolventes ambientais, ao pé da Serra do Curral, símbolo da cidade de Belo Horizonte. “As instalações do antigo hospital eram insuficientes em área e qualidade para as novas necessidades. Sua planta foi inteiramente modificada, substituindo-se os pavimentos muito profundos com insuficiência de ventilação e iluminação anteriormente existentes. Houve ainda demolição de andares técnicos incompatíveis com as exigências técnicas e tecnológicas atuais e substituição de formas e materiais em desarmonia com a paisagem local”, afirma a arquiteta Fernanda Verdolim Cancherini, coordenadora de projetos no Instituto Oncomed. Com estrutura de concreto armado, o edifício sofreu diversas intervenções em aço. Novas vigas e pilares metálicos foram instalados para suportar cargas distintas em cada região do

46 &ARQUITETURA AÇO
“ Outro aspecto importante foi a questão da esbeltez das peças estruturais em aço, sem as quais não conseguiríamos superar as limitações de pé-direito, vãos e alturas exigidas pelos órgãos reguladores.

hospital, como foi o caso dos reforços pontuais nas áreas que receberão equipamentos de imagem, tratamento e cirurgia.

De acordo com a arquiteta, a opção pela estrutura em aço garantiu rapidez de execução e facilidade de adaptação à edificação preexistente. “Outro aspecto importante está relacionado à esbeltez das peças estruturais em aço, que permitiram superar as limitações de pé-direito, vãos e alturas exigidas pelos órgãos reguladores”, acrescenta ela, que ressalta, ainda, a facilidade para ligação das peças metálicas com o concreto e com equipamentos e esquadrias.

Fernanda acrescenta que a ligação das peças metálicas com o concreto – e com equipamentos e esquadrias – foi outro aspecto positivo da adoção do aço no projeto.

O aço também aparece nos terraços-jardins que atendem à concepção patrimonial e ambiental que norteia todo o projeto, instalados sobre lajes em steel deck. E, na fachada, o revestimento em aço patinável confere apelo estético e marca a identidade do conjunto.

O projeto da nova unidade, conforme resume a arquiteta Fernanda Cancherini, tem três aspectos centrais: sua adaptação ao local, com fortes exigências patrimoniais e ambientais; sua concepção inteiramente baseada em princípios de sustentabilidade e eficiência energética; e a busca de tecnologias de ponta na área hospitalar, tanto em relação aos equipamentos e práticas como ao conceito do empreendimento, que vai além de uma instalação hospitalar convencional.

Desde a distribuição espacial até definição dos acabamentos, mobiliários e iluminação, tudo foi pensado para criar um ambiente que siga conceitos modernos, como um um espaço de cura, alinhado às mais atuais tendências e com a certificação do Planetree, a acreditação que é referência mundial nos aspectos de humanização e cuidados centrados no paciente. (D.S.P.) M

> Projeto arquitetônico: Campi Consultoria em Arquitetura Ltda. (Fases 1 e 2), Quattromani Arquitetos Associados Ltda. (Fase 1) e MOA Arquitetura (Fase 2)

> Área construída: 36.844 m²

> Aço empregado:

- Perfis I soldados de alma plana: aço estrutural Civil 350

- Perfis I laminados: ASTM-A572 GR50

- Demais perfis laminados: ASTM-A36

> Volume de aço: 1.350 t

> Projeto estrutural: Codeme Engenharia e Bedê Engenharia de Estruturas

> Fornecimento da estrutura de aço: Codeme Engenharia

> Execução da obra: GND Construções

> Local: Belo Horizonte, MG

> Conclusão da obra: 2020

ACONTECE
Fotos cedidas pelo Instituto Oncomed
47 &ARQUITETURA AÇO
A concepção do prédio em bandejas lineares escalonadas remete ao perfil da serra e contribui para sua integração à paisagem do entorno. Na página ao lado, fachada com o revestimento em aço patinável reforça a harmonia do conjunto

CONTATOS

> ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA

a+ arquitetura www.amaisarquitetura.com.br

Arquitetura Nacional www.arquiteturanacional.com.br

Cavani Arquitetos www.cavaniarquitetos.com.br

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Grupo Garoa Arquitetos Associados www.grupogaroa.com

L35ACIA Arquitetura www.l35.com

MOA Arquitetura www.moa-arq.com.br/wordpress/

EXPEDIENTE

Nelson Dupré www.duprearquitetura.com.br

Serpen www.serpen.com.br

SuperLimão Studio www.superlimao.com.br

Quattromani Arquitetos Associados (31) 3235-8700

UNA Arquitetos www.unaarquitetos.com.br

> PROJETO ESTRUTURAL

Abilitá Projetos Estruturais projetos@abilitaprojetos.com.br

Bedê Engenharia de Estruturas www.bede.com.br

Carpeggiani Projetos Estruturais www.carpeggiani.eng.br

Cia. de Projetos www.companhiadeprojetos.eng.br

Coba Brasil www.coba.com.br

Revista Arquitetura & Aço é uma publicação semestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora

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Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA.

É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.

Agradecemos a todos aqueles que contribuiram para a produção desta edição, fornecendo imagens, informações e comentários sobre as obras publicadas e os processos construtivos.

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Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br

A&A nº 01 - Edifícios Educacionais

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A&A nº 45 - Aeroportos

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O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) acaba de lançar o Guia Orientativo da Construção em Aço, aplicativo que tem o objetivo de orientar investidores, construtoras, arquitetos, engenheiros, fabricantes, montadores e clientes finais para as boas práticas em relação à construção em aço, com critérios mínimos recomendados para as etapas de concepção à execução de projetos, fabricação, transporte e montagem de suas estruturas e interfaces.

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