ARQUITETURA AÇO ARQUITETURA AÇO &
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009
Residências II Residências II
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009
Residências II Residências II
POUCOS PROGRAMAS ARQUITETÔNICOS REVELAM tanto sobre seus ocupantes quanto uma residência e também sobre os arquitetos que as conceberam, já que estas são a oportunidade para um laboratório de idéias sobre a arquitetura. Como afirmou Sérgio Bernardes, grande arquiteto carioca: "Sou intérprete de um programa. (...) Não estou fazendo esta casa para mostrar a ninguém, mas sim para o proprietário. É um espaço para ele morar e eu sou o intérprete dele. "
E, para isso, o aço é um material valioso e versátil, que permite incorporar leveza e transparência aos ambientes, além de facilitar a fluidez entre os espaços internos e externos. Pensando nisso, Arquitetura & Aço traz, nesta edição, dez projetos de residências em que o aço foi utilizado na estrutura, no revestimento e em outros elementos, compondo harmoniosamente com diversos materiais.
No bairro do Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), elementos estruturais em aço permitiram “elevar” uma casa e aproximá-la da copa de árvores. No mesmo bairro, a estrutura em aço aparente da Casa Varanda é um dos aspectos mais marcantes do projeto. Para poder se abrir para uma das mais belas paisagens fluminenses, uma casa no Jardim Botânico se utiliza da estrutura em aço de forma a reduzir quase totalmente a interferência visual.
A Casa Corten, em São Paulo, marca a paisagem urbana com sua fachada em aço patinável. Já no Refúgio São Chico, o uso do light steel framing permitiu construir rapidamente uma casa com arquitetura moderna na serra gaúcha, enquanto um projeto em Minas Gerais valeu-se da agilidade e da precisão desse sistema construtivo.
Em Barra do Una, no litoral paulista, uma residência inspirada no modelo construtivo dos índios Yawalapiti aproveita a leveza da estrutura em aço. No Guarujá, uma casa se destaca pela estrutura que combina aço, madeira e concreto. Aço e vidro dialogam harmoniosamente em uma residência de Bragança Paulista. Já no Alto de Pinheiros, bairro nobre da capital paulista, a estrutura em aço favorece a integração entre os diferentes espaços de um anexo residencial. Bons exemplos de projetos que congregam a leveza do aço, a transparência do vidro e a linguagem contemporânea.
Boa leitura!
04. Casa em Barra do Una (SP) une a tecnologia do aço à concepção habitacional indígena. 08. Uso estrutural do aço permite construir uma “casa na árvore” no bairro do Itanhangá (RJ). 10. No Guarujá (SP), casa de veraneio propõe bela combinação de aço, madeira e concreto. 12. Projeto em Minas Gerais aproveita potencialidades do light steel framing 14. No interior do Rio Grande do Sul, Refúgio São Chico aposta no light steel framing e foge do convencional. 18. Na Casa Corten, em São Paulo, o aço da fachada é o seu elemento mais impactante. 20. Em Bragança Paulista (SP), residência associa aço e vidro e faz belo diálogo visual com o entorno. 24. No Rio de Janeiro, a Casa Varanda teve como inspiração obra de Mies Van der Rohe. 26. Em São Paulo, anexo residencial aproveita a leveza da estrutura em aço. 28. No Rio de Janeiro, estrutura em aço compõe projeto poético e racional.
R ESIDÊNCIA DE VERANEIO EM B ARRA DO U NA , LITORAL DE S ÃO P AULO , ALIA AS CONCEPÇÕES
HABITACIONAIS DOS ÍNDIOS Y AWALAPITI COM A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
UNIR TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS modernas aos modelos dos índios Yawalapiti, do Alto Xingu, sem impactar o meio ambiente. Com este objetivo, os arquitetos Newton Massafumi Yamato e Tânia Regina Parma, do Gesto Arquitetura, criaram a Casa Pouso Alto, no litoral norte paulista, em uma região onde a Mata Atlântica ainda está preservada.
Os Yawalapiti relacionam suas casas com o corpo humano: a frente corresponde ao peito, os fundos são as costas, a porta é a boca e os pilares são as pernas. O espaço interno tem cozinha, depósito de alimentos no centro e, em frente à porta de entrada, local para receber visitas.
Foi esta a distribuição que inspirou a casa. A envoltória tem uma geometrização obtida por meio da referência dos Yawalapiti, enquanto o "miolo" corresponde às necessidades de uma residência
de veraneio. A estrutura mescla o aço, a madeira e o concreto e a edificação é suspensa do solo.
Nesta configuração, o aço foi a melhor solução construtiva graças às suas propriedades estruturais, pré-fabricação, facilidade de transporte e montagem. A estrutura em aço se apoia em apenas oito pilares, com balanços atirantados, reduzindo ao mínimo o impacto sobre o terreno. Esta solução estrutural facilitou, sobremaneira, a montagem, feita com ligações soldadas e aparafusadas.
As coberturas em curva, sustentadas por arcos perfis de 300 x 150 x 4,76 mm, a cada 4,8 m, e terças de 150 x 150 x 3,0 mm, a cada 1,5 m, são revestidas com
> Projeto arquitetônico: Newton
Massafumi Yamato e Tânia
Regina Parma (Gesto Arquitetura)
> Colaborador: Wilson Pombeiro
> Área construída:
1.022 m²
> Aço empregado: aço patinável, de maior resistência à corrosão
> Projeto estrutural: eng. Yopanan
C. P. Rebello (Ycon Engenharia)
> Fornecimento da estrutura
metálica: Perlex
> Proteção da estrutura metálica: eng. Alfredo Nogueira (Pint Tecnologia de Pintura)
> Execução das peças metálicas
das passarelas: Carlos Augusto
Stefani (Ycon Engenharia)
> Execução da obra: Construtora
Porfírio e Plaza
> Local: Barra do Una, São Sebastião, SP
>Data do projeto: 2000
>Conclusão da obra: 2003
O aço também foi utilizado nas estruturas secundárias de apoio dos pisos, na cobertura de vidro e nas conexões ou inserts da estrutura de madeira da passarela, que interliga a área social à de lazer. A estrutura de sustentação do piso e da cobertura de vidro é formada por uma grelha de tubos metálicos com “vagonamento” em cabo de aço. “Esta solução, facilitada pela possibilidade de enrijecimento das conexões que formam a grelha, resulta numa estrutura leve e que viabiliza os vãos necessários. Já na estrutura de apoio da passarela em madeira, foram empregadas conexões metálicas muito competentes estruturalmente, o que só foi possível graças às características do aço”, afirmam os arquitetos.
O aço convive harmoniosamente com os outros elementos –vidro, alvenaria e concreto – e é aparente também nos ambientes internos. Devido a proximidade com o mar, foi usado aço patinável de maior resistência à corrosão, com uma proteção adicional em pintura epóxi.
Assim como nas casas dos Yawalapiti, a Casa Pouso Alto tem elementos que favorecem a ventilação e a iluminação natural e oferecem o máximo conforto térmico sem a necessidade de ar-condicionado. Foram usadas também soluções especiais de sombreamento, iluminação artificial, uso da água e tratamento do esgoto doméstico. O projeto recebeu o Prêmio Rino Levi em 2004. O aço, sem dúvida, facilitou esta conquista. (D.P.) M
NO PROJETO DE UMA CASA no bairro do Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), o arquiteto José Armênio de Brito Cruz, do escritório Piratininga Arquitetos Associados, pensou em uma solução que interviesse o mínimo possível na natureza. Afinal, a residência seria construída em um terreno situado à beira de um córrego, rico em vegetação e repleto de árvores de porte e idade significativos.
O programa foi atendido por meio de dois blocos transversos, suspensos sobre pilotis e apoiados em 6 pilares, que tocam o solo o mínimo possível e constituem-se quase que numa "casa na árvore". O bloco maior, no sentido longitudinal do terreno, abriga, no andar superior, os quartos, a sala de estar e o escritório, que tem uma entrada independente por uma passarela/rampa entre a copa das árvores, paralela à divisa do terreno. Por causa das melhores condições de insolação e iluminação, a maior parte da residência se desenvolve no andar superior, próximo à copa das árvores.
Já o bloco menor, projetado como uma ponte formada por vigas de aço e lajes, liga o bloco maior à piscina e constitui-se em um terraço elevado, de onde
Na página ao lado, imagem do pavimento superior da residência, bem próximo à copa das árvores. Com melhores condições de insolação e iluminação, é lá que estão os principais ambientes. Acima, a elevação da residência. Abaixo, imagem da fachada, da área de refeições integrada ao jardim e do terraço elevado. Sustentada por poucos apoios, a casa toca minimamente o solo e poupa a vegetação
se pode enxergar a Pedra da Gávea, uma das grandes referências da paisagem carioca. Na sombra do terraço, estão a área de refeições, a cozinha e a área de serviço, protegidas por esquadrias que integram estes ambientes ao jardim.
Em um terreno com vegetação importante e próximo de um córrego, era preciso "elevar" a casa e sustentá-la em poucos pontos. Para tanto, a opção foi por um sistema construtivo
misto, no qual empenas de concreto apóiam uma estrutura metálica transversa, que recebe lajes pré-moldadas. Já o sentido transversal é vencido por 12 vigas de aço, dispostas a cada 2 m, apoiando toda a estrutura do piso, com vão em torno de 8 m.
O uso do aço foi fundamental para atender às necessidades do programa. “O desenho das vigas permitiu sua instalação de forma racional, criando um shaft horizontal, possibilitando que a casa fosse quase suspensa sobre as árvores”, afirma José Armênio
de Brito Cruz, autor do projeto. O aço permitiu também maior racionalização do canteiro de obras e reduziu tempo e custos de construção. (J.G.) M
> Projeto arquitetônico:José
Armênio de Brito Cruz (autor) e Fabiana Stuchi (coordenadora)
– Piratininga Arquitetos
Associados
> Área construída: 400 m²
> Aço empregado: ASTM A36
> Projeto estrutural: Kurkdjian & Fruchtengarten Engenheiros
Associados
> Fornecimento da estrutura
metálica: Metalfenas
> Execução da obra: Pedroza
Joppert Engenharia
> Local: Rio de Janeiro, RJ
> Data do projeto: 2001
> Conclusão da obra: 2003
C ASA DE PRAIA EM MEIO À EXUBERANTE MATA NATIVA
BRASILEIRA É EXEMPLO DE DIÁLOGO INTELIGENTE ENTRE O AÇO E OUTRAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
LIBERDADE PARA DEIXAR CLICHÊS DE LADO, um terreno próximo do mar e cercado pela Mata Atlântica e entusiasmo para explorar as possibilidades construtivas de diferentes materiais. Com isso em mãos, os irmãos Lua e Pedro Nitsche, uma promissora dupla de jovens arquitetos brasileiros, iniciaram o projeto de uma residência de veraneio em um condomínio fechado no Guarujá, litoral de São Paulo. O resultado não apenas superou as expectativas dos clientes como se destacou entre a produção arquitetônica nacional de 2007.
O partido, caracterizado por linhas retas, traçados que parecem desafiar as leis da gravidade e elementos estruturais aparentes,
reflete um estilo que vem se tornando marca dos irmãos Nitsche. Neste projeto, a dupla teve carta branca para proceder como quisesse. Os moradores fizeram exigências apenas quanto ao programa: desejavam uma casa com cinco suítes, ampla área de convívio social e lazer e ambientes de serviço reservados. Isto tudo respeitando a topografia acidentada da região e
ocupando uma parcela mínima do lote, para preservar a vegetação.
A solução foi uma casa com três andares e circulação prática e racional. O pavimento intermediário, na cota térrea, abriga área social e de lazer. O piso superior, suspenso entre as copas das árvores, acomoda as suítes da família e de hóspedes. No inferior, estão as dependências de serviço.
Para os volumes distintos, optouse por diferentes soluções estruturais, interligadas por meio de uma estratégia engenhosa: fundação e bases de concreto surgem do subsolo, dando sustentação para a plataforma térrea, construída do mesmo material; enquanto isso, a cota superior é estruturada com vigotas de madeira, apoia-
Na página ao lado, em destaque, vista geral da residência: aço, concreto e madeira interagem em estrutura mista. Na foto menor, volume solto entre as copas das árvores. Nesta página, detalhes do aço nos guarda-corpos e nas vigas estruturais azuis-turquesa – de acordo com Lua Nitsche, o metal foi essencial para racionalizar a obra
das sobre duas vigas metálicas que vencem um vão de 17,5 m e quatro pilares de concreto, que se erguem da plataforma central. As vigas metálicas aparentes – galvanizadas e pintadas de azul-turquesa – são mais que mero detalhe de um jogo estético. Segundo Lua Nitsche, o uso do aço foi decisivo para uma interface bem-sucedida entre os materiais. “Além de agilizar o processo construtivo, a flexibilidade do metal tornou possível a interação entre o peso do concreto (ideal para fundações e bases) com a leveza da madeira (perfeita para a criação do volume que quase flutua sobre a floresta)”. A ligação entre o concreto e o aço foi feita por meio de placas de metal acopladas a chumbadores, concretados no interior dos pilares estruturais. Já para unir o metal com a madeira, a solução foi lançar mão de pinos metálicos soldados sobre as vigas em I, nos quais a estrutura de madeira foi encaixada e travada.
Ao defender o diálogo entre métodos construtivos, Lua Nitsche aposta em uma tendência promissora: “a arquitetura inteligente nunca esteve tão relacionada com a inserção de cada matériaprima onde ela se mostra, de fato, mais útil”. (C.P.) M
> Projeto arquitetônico: Lua e Pedro Nitsche (Nitsche Arquitetos Associados)
> Colaboradores: Renata Cupini e Suzana Barboza
> Área construída: 252 m²
> Aço empregado: ASTM A36
> Projeto estrutural: Engemetal
> Fornecimento da estrutura metálica: Engemetal
> Execução da obra: Tecsa Construtora
> Local: Guarujá, SP
> Data do projeto: 2004
> Conclusão da obra: 2007
EM CONSONÂNCIA com o desejo dos proprietários de ter um imóvel que priorizasse os espaços de convivência e que aproveitasse ao máximo a natureza e o clima agradável da região, a casa de campo em um condomínio fechado de Lagoa Santa, interior de Minas Gerais, projetada pelo arquiteto Gustavo Penna, apresenta generosos vãos livres e grande transparência.
A residência foi planejada em dois pavimentos, aproveitando o desnível do terreno. No superior, estão ambientes como sala, cozinha, os quartos, a ampla varanda e a piscina. Já o pavimento inferior abriga a sala de ginástica, sauna e área de descanso, escritório, a garagem e as dependências de serviço.
Um dos principais ambientes da residência, a sala de estar tem pé-direito duplo em um volume que se destaca da horizontalidade do projeto. Pensado, inicialmente, com uma estrutura convencional em concreto, decidiu-se utilizar a estrutura em light steel framing
sistema construtivo leve e ágil, já conhecido e aprovado pelo cliente – e com isso incorporar processos e materiais industrializados à construção, como a pré-fabricação da estrutura em aço, chapas de OSB e cimentícias e a utilização de drywall nas paredes divisórias internas.
Após a execução da laje do piso, o processo de montagem da estrutura metálica começou pelo bloco da casa que abriga os quartos, a cozinha e o herbário. Enquanto esta etapa era executada, a equipe da obra preparava os seis pilares de concreto, dos quais quatro estruturam o volume sobre a sala de estar.
A segunda etapa foi a execução das lajes de cobertura da varanda e da sala de estar – que é dividida em dois ambientes e tem pé-direito duplo. Para tanto, primeiramente foram afixadas as treliças de aço aos pilares de concreto. Depois foram colocadas as paredes que compõem a caixa da sala de estar – também afixadas aos pilares – sobre as quais parte da laje foi executada.
Ideal para desfrutar do clima agradável de Lagoa Santa, a casa tem espaços abertos e integrados. À direita, imagens da montagem da obra. Estrutura em light steel framing garantiu agilidade construtiva e um canteiro de obras mais limpo
O resultado foi uma casa com espaços bem abertos, caracterizada pela fluidez e integração entre os vários ambientes e adequada às necessidades dos proprietários. “E o light steel framing facilitou muito a execução da obra, por ser um sistema ágil, leve e fácil de montar fora da obra. Vamos, com certeza, considerar esta opção em futuros trabalhos”, afirma a arquiteta Laura Penna, coordenadora do projeto. (J.G.) M
> Projeto arquitetônico: Gustavo Penna (autor), Norberto Bambozzi e Laura Penna (coordenadores) – Gustavo Penna Arquiteto & Associados
> Colaboradores: Juliana Couri, Laura Caram, Letícia Carneiro e Priscila Almeida
> Área construída: 931 m²
> Aço empregado: aço galvanizado ZAR 230
> Projeto estrutural: Francisco Carlos Rodrigues
> Fornecimento e montagem da estrutura metálica: Flasan
> Execução da obra: Elaborar Arquitetura e Construção
> Local: Lagoa Santa, MG
> Data do projeto: 2004
Elevação Longitudinal
> Conclusão da obra: 2009
IMAGINAR UMA CASA DE CAMPO em uma bucólica região serrana do Rio Grande do Sul é lembrar-se do legado arquitetônico dos imigrantes europeus: telhado de duas águas, paredes de alvenaria, janelas e portas de madeira... Mas nada disso condiz com o Refúgio São Chico, projetado pelo arquiteto Luciano Andrades, do Studio Paralelo. A casa, localizada na pequena cidade de São Francisco de Paula, a 100 km de Porto Alegre, é um exemplo de arquitetura moderna e industrializada.
Como um trailer estacionado em uma área verde, a casa de linhas retas, relativamente pequena (82 m2) e levemente elevada do solo, parece planar sobre o terreno de 1,6 mil m2, dialogando perfeitamente com a mata do entorno. Para conquistar este efeito e resultado, o arquiteto recorreu à construção em aço.
No entanto, apesar da opção pela estrutura metálica, o arquiteto não tinha pensado em light steel framing. Esta ideia surgiu quando foi conversar sobre o projeto diretamente com a equipe de engenheiros da Formac, empresa que forneceu os perfis de aço. A partir daí, o desenho da residência foi pensado para construção em light steel framing. “Para aproveitar melhor os materiais, modulamos a planta e o pé-direito conforme as dimensões da placa de gesso acartonado (1,2 m x 2,4 m). Esta foi a principal premissa: buscar otimizar ao máximo os materiais e evitar o desperdício”, afirma Andrades.
Assim, a casa foi projetada numa lógica estrutural e construtiva simples. Na primeira etapa da construção foi feito o preparo do terreno e executaram-se as fundações e a laje de concreto armado, para 20 dias depois, após a cura do concreto, fixar-se a estrutura em steel frame. Esta estrutura – composta por perfis de aço galvanizado, formando paredes e vigas, nas quais são afixadas as placas de OSB – foi preparada em um galpão em Porto Alegre e, depois de pronta, transportada para São Francisco de Paula.
No canteiro de obra, as seções de paredes pré-montadas foram afixadas à laje por pinos e unidos uns aos outros por parafusos autobrocantes. Para a ancoragem das paredes utilizouse chumbadores e cantoneiras de aço. Erguidas as paredes, foram montadas as vigas de borda, colocadas as tesou-
C ASA DE CAMPO NA SERRA GAÚCHA FOGE DO CONVENCIONAL AO APOSTAR EM LINHAS ORTOGONAIS E CONSTRUÇÃO METÁLICA DE PONTA , SEM DEIXAR DE OFERECER O CONFORTO TÉRMICO INDISPENSÁVEL AO INVERNO RIGOROSO DA REGIÃO
O deck, que atravessa o corpo principal da casa e agrega a função de acesso entre os dois blocos e varanda, também é estruturado em aço e revestido de pinus autoclavado. Neste caso, vigas de aço projetadas em balanço de 9 m x 2,9 m se apóiam à estrutura de concreto armado. Neste espaço de transição, a cobertura transparente e a porta corrediça são um convite à paisagem do entorno
ras e executada a cobertura, com a mesma estrutura de perfis leves galvanizados do light steel framing, e revestidas com telhas trapezoidais do tipo sanduíche. No revestimento das fachadas, utilizaram-se lambris de pinus autoclavados e telhas onduladas de aço galvanizado – com uma liga de alumínio e zinco (55%Al-Zn).
A casa formada por dois volumes retangulares, que se interceptam por um deque de madeira (estruturado em aço e com cobertura translúcida), foi erguida em pouco mais de duas semanas. Para Andrades, este prazo só foi possível devido à construção metálica. “Quando pensamos na pré-fabricação, agilidade construtiva e fidelidade ao projeto sem desperdício de material, o aço é a melhor opção.” Além disso, ele ressalta que “as perspectivas em relação ao aço são as melhores: preço mais acessível, velocidade construtiva, adequação às novas demandas, e, principalmente, bom desempenho ambiental, algo imprescindível na crescente e irreversível busca pelo desenvolvimento sustentável”. (I.G.) M
> Projeto arquitetônico: Luciano Andrades (Studio Paralelo)
> Área construída: 82 m²
> Aço empregado: aço galvanizado ZAR 230
> Projeto estrutural: Formac S.A
> Revestimento metálico: telhas onduladas aluminio-zinco
> Fornecimento da estrutura metálica: Formac S.A.
> Montagem da estrutura metálica: Surya Frame
> Local: São Francisco de Paula, RS
> Data do projeto: outubro de 2006
> Conclusão da obra: agosto de 2007
Abaixo, detalhe da estrutura em steel frame e do chumbador. As guias foram afixadas as lajes por chumbadores e os painéis afixados uns aos outros. Acima, vista do interior da residência. Devido ao clima frio, foi usado isolamento térmico em lã de vidro, no vão interno das paredes
Construída em light steel framing, a casa vence suave declive do terreno apoiando-se em uma laje de concreto armado afastada do solo, de modo a protegê-la da umidade ascendente. Na foto, estrutura em perfis leves antes de receber fechamento em painéis de OSB
O AÇO É PROTAGONISTA NA FACHADA DA CASA CORTEN. ALÉM DE DAR NOME AO PROJETO, AS CHAPAS DE AÇO PATINÁVEL SÃO AS RESPONSÁVEIS PELA INUSITADA LINGUAGEM VISUAL DA RESIDÊNCIA, QUE SE OFERECE COMO UM PRESENTE BEM-VINDO À CAÓTICA PAISAGEM DE SÃO PAULO
No imponente painel de aço patinável que envolve a fachada da Casa Corten, repousa a sombra de uma árvore da rua
contemporâneas ganharam tanto destaque na imprensa internacional quanto esta casa de linhas concisas e texturas provocantes, construída na capital paulistana, próxima ao Parque do Ibirapuera. Da badalada revista inglesa Wallpaper ao respeitado portal Arch Daily, a Casa Corten, assinada por Marcio Kogan, tornou-se assunto e referência inquestionável.
O programa pedia uma residência contemporânea com atmosfera acolhedora. Kogan, acostumado a tirar partido de edificações de formas puras, respondeu com uma construção de traços geométricos, porém fluidos, com ambientes generosos que se abrem para as laterais e para aos fundos.
A planta simplificada reserva grande parte do pavimento térreo a uma ampla sala de estar com pé-direito de 5,2 m, separada apenas por panos de vidro do deck e da lareira externa. No centro da sala, um volume solto de madeira abriga todo o programa de serviços e a cozinha. O mezanino, estrategicamente posicionado sobre este minicaixote, abriga o home theater. O terceiro andar acomoda quartos e suítes. Por fim, na cobertura, uma área de relaxamento com ares de solário minimalista valoriza a vista para a metrópole.
O elemento mais impactante do projeto, no entanto, mora do lado de fora. Trata-se de uma fachada cega (sem janelas ou qualquer tipo de abertura) que se ergue sobre a caixa de alvenaria, cobrindoa completamente. O material eleito para o suntuoso “envelope” foi o aço patinável, também chamado de aço corten – daí, o nome da residência –, que oxida naturalmente com o passar do tempo, formando uma camada de proteção contra a corrosão.
Foram soluções práticas que conduziram ao grande efeito: o imponente painel de cerca de 35 m2 é composto por uma série de chapas de 2,12 x 0,92 m, aparafusadas a um chassi de perfis tubulares, também metálico, instalado diretamente sobre a alvenaria. A análise dos engenheiros calculistas considerou a carga das chapas de aço desprezível, tornando dispensável qualquer reforço estrutural na fachada.
Para Marcio Kogan, o mérito da criação está no diálogo entre a textura oxidada do aço patinável e os distintos elementos que o cercam – muro de pedras, portão de madeira freijó e massa branca sobre a alvenaria. Para completar a construção do espaço, um detalhe que vale como um toque de mestre: sobre o painel de aço repousa a sombra de uma árvore da rua, dando forma concreta a um encaixe perfeito entre arquitetura e natureza. (C.P.) M
> Projeto arquitetônico: Marcio Kogan
> Coautores: Oswaldo Pessano, Suzana Glogowski, Renata Furlanetto (arquitetura) e Diana Radomysler (coautoria de interiores)
> Colaboradores: Samanta Cafardo, Lair Reis, Carolina Castroviejo, Eduardo Glycerio, Maria Cristina Motta, Mariana Simas, Gabriel Kogan e Beatriz Meyer
> Área construída: 360 m2
> Aço empregado: aço patinável ASTM A242
> Fornecimento da estrutura metálica: Mantra Engenharia
> Execução da obra: Mantra Engenharia
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: abril de 2006
> Conclusão da obra: junho de 2008
D ESTAQUE DA CASA DE CAMPO CONSTRUÍDA NO INTERIOR PAULISTA , A TRANSPARÊNCIA DO VIDRO COM A ESTRUTURA EM AÇO ESTABELECE UM DIÁLOGO VISUAL MODERNO COM A PAISAGEM DO ENTORNO
O pavilhão transparente com pé-direito duplo de 6 m estruturado em aço tem sua maior fachada para o nascente. Assim, para conquistar o conforto térmico adequado, além das telhas metálicas e beirais, instalou-se um brise metálico
A CASA DE VERANEIO projetada pelo escritório Reinach Mendonça
Arquitetos Associados, situada em Bragança Paulista, cidade que fica cerca de 90 km da capital paulista, é composta basicamente por dois blocos bem definidos: uma caixa de aço e vidro e um pavilhão de concreto armado e alvenaria em forma de L. Assim, com um desenho simples, sóbrio e elegante, a obra implantada em um terreno de 4 mil m2 é um convite à observação, seja de seu interior ou de seu exterior.
A transparência que evoca a visão comunicante com a paisagem é garantida justamente pela caixa de vidro estruturada em aço com pé-direito duplo de 6 m. Sobre este bloco transparente, onde estão distribuídos os ambientes de estar, uma tampa metálica (feita com telhas de aço isotérmicas do tipo sanduíche) parece flutuar e invade suavemente o volume em alvenaria. Mas o toque de mestre, que faz a cobertura flutuar e tornar-se ainda mais leve,
é um pequeno vão de apenas 6 cm entre a face inferior da cobertura e os volumes em alvenaria que ela cobre e por onde entra a luz.
Em perfis soldados, os pilares e as vigas utilizam aço ASTM A36, conforme conta o engenheiro calculista Tales Pedro de Souza, da Benedictis Engenharia. A opção por estes perfis deve-se à fidelidade com que o projeto de estrutura atendeu à geometria da arquitetura. Há, inclusive, vigas de inércia variável para provocar e reforçar, nas bordas, o efeito de leveza da estrutura que serve de cobertura ao
espaço central da casa e do pavilhão de vidro que ali se forma, explica Souza.
Para o arquiteto Henrique Reinach, a escolha do aço nesta obra explica-se basicamente por ser o material mais adequado para vencer grandes vãos com leveza. Para compor a obra e acomodar a área íntima em setor mais privativo, elaborou-se um bloco em L de concreto armado e fechamento em alvenaria, com cobertura também em telha metálica.
Com 440 m2 de área útil, a construção mista ganhou, em 2005, o prêmio do Instituto dos Arquitetos do Brasil – São Paulo de melhor obra construída e virou referência da atual produção arquitetônica brasileira, a qual, como é visível nessa obra, tende a buscar referências históricas sem deixar de demarcar uma forte personalidade própria. (I.G.) M
> Projeto arquitetônico: Henrique Reinach e Maurício Mendonça (Reinach Mendonça Arquitetos Associados)
> Colaboradores: Fernanda Stucchi, Denise Hino, Ernesto Hirakawa, Luciana Maki, Maurício Takahashi, Mirelle Alves e Rodrigo Nogueira
> Área construída: 440 m²
> Aço utilizado: ASTM A36
> Projeto estrutural: eng. Tales Pedro de Souza, eng. Eduardo Duprat e Virginia Schevisbisky (Benedictis Engenharia Ltda.)
> Execução da obra: CPA Engenharia e Construções
> Local: Bragança Paulista, SP
> Projeto: 2002
> Conclusão da obra: 2004
ELEVADA POR ESTRUTURA EM AÇO, CASA VARANDA, NO RIO DE JANEIRO, TEM FECHAMENTOS TRANSPARENTES QUE PERMITEM DESFRUTAR A BELEZA DA FLORESTA DO ITANHANGÁ
PROJETADA PELA ARQUITETA Carla Juaçaba, a Casa Varanda é uma verdadeira “caixa de vidro” encravada na floresta do Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), com fechamentos transparentes que permitem admirar a natureza exuberante do local. Declaradamente inspirada em um ícone da arquitetura moderna, a Casa Farnsworth, do arquiteto alemão Mies van der Rohe, a Casa Varanda prima pela simplicidade e tem como elementos principais a estrutura em aço e o vidro.
A planta da Casa Varanda é compacta, simétrica e retangular. A sala de estar fica no centro, enquanto os quartos ocupam os extremos. As poucas paredes existentes estão dispostas transversalmente em planta, de forma a não obstruir a vista. Juaçaba afirma que as varandas são uma constante nas casas brasileiras, mas este projeto não precisou de uma, pois a sala se transforma em
varanda quando seus painéis de vidro estão abertos.
Devido ao terreno lodoso – com até 20 m de profundidade – e aos alagamentos em dias de chuva constantes no local, uma das soluções empregadas pela arquiteta foi elevar a casa a 80 cm do chão usando estrutura em aço, estacas de concreto pré-moldadas e blocos de coroamento em concreto armado.
Segundo o engenheiro Pirajá dos Anjos, responsável pelo projeto estrutural, a estrutura da casa é mista: no primeiro pavimento, as vigas principais
são em perfis CE 300 x 76 e pilares em perfis CE 200 x 34, ambos em aço patinável de maior resistência à corrosão, que recebem pré-lajes em concreto armado; a cobertura, por sua vez, tem estrutura composta de perfis VEE 200 x 26 com vigas principais e terças em perfis em aço, que recebem telhas termoacústicas em aço galvanizado com revestimento alumínio-zinco. Uma sequência de vigas pré-moldadas de concreto (com 6 m de comprimento), encaixadas em vigas metálicas, configura a laje revestida com um piso cimentado claro.
A estrutura em perfis de aço foi soldada e montada em apenas 15 dias e o telhado, com as telhas aparafusadas nos perfis tubulares quadrados, e que se projeta 1,5 m para fora do perímetro
> Projeto arquitetônico: Carla Juaçaba
> Colaboradores: Joana Ramalhete (estagiária UAL-Lisboa) e Nina Lucena (estagiária PUC-RJ)
> Área construída: 140,4 m²
> Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão
> Projeto estrutural: Pirajá Afonso Suppo dos Anjos
> Fornecimento e montagem da estrutura metálica: D´Angeli Serviços de Engenharia Ltda.
> Telhas: Tuper
> Local: Itanhangá, RJ
> Data do projeto: 2005
> Conclusão da obra: 2007 da construção, foi colocado em apenas um dia. “Este foi o material mais adequado e leve para a estrutura metálica, e o aço nos permitiu ter rapidez no processo construtivo”, destaca Juaçaba. Como a casa fica próxima ao mar, os elementos em aço receberam a proteção de um fundo e de pintura de acabamento, ambos de base epoxídica, protegendo a estrutura contra a maresia.
Em um projeto totalmente integrado à natureza, uma das grandes preocupações foi preservar todas as árvores do terreno. Por isso, o formato retangular da casa, que ocupa uma clareira. E o uso do aço favoreceu esta configuração. (D.P.) M
APESAR DA RELAÇÃO FORMAL DE CONTRASTE E INDEPENDÊNCIA, PAVILHÃO EM AÇO PROJETADO PELO
ARQUITETO EDUARDO DE ALMEIDA VEM ATENDER AOS USOS COMPLEMENTARES DA CASA PRINCIPAL
de uma casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre da capital paulista, decidiram comprar o terreno vizinho para a construção de um pavilhão totalmente independente e equipado para receber amigos em reuniões gourmets. Para isso, foi contratado o arquiteto Eduardo de Almeida.
Assim, com a premissa de criar um amplo espaço de convívio, convidativo e que prezasse a comunicação livre entre o interior e o jardim, o arquiteto criou um ambiente sem divisões internas e optou pela dupla aço e vidro. “A ideia era criar uma construção muito leve, então, eu optei pela estrutura metálica que me daria a possibilidade de trabalhar de forma menos invasiva e facilitaria a relação interior-exterior”, revela Almeida.
Como um grande guarda-sol metálico, com vigas em arco que formam o corpo principal, e circundado por uma varanda, a estrutura em aço com cobertura curva abriga balcão da cozinha, espaços de convívio, mesas para refeições ao ar livre, churrasqueira, home theater, entre outros equipamentos de
Acima e abaixo, estrutura em aço do pavilhão abriga o balcão da cozinha, mesas para refeições e churrasqueira, entre outros equipamentos. O arquiteto apostou na leveza da estrutura metálica para poder trabalhar de forma menos invasiva e facilitar a integração interior-exterior
lazer. E, aos fundos, ajustando-se ao desenho-limite do terreno, em outro bloco, ficam dispostos os ambientes de apoio – cozinha (superequipada para as reuniões culinárias), suíte de hóspede e pátio privativo.
Para fazer a cobertura do pavilhão e garantir conforto térmico e acústico, utilizou-se telha de aço, do tipo sanduíche, com isolamento em lã de vidro. “Esta telha cobre apenas o pavilhão. A parte fechada é coberta com laje impermeabilizada”, ressalta Almeida.
Apoiada em quatro pilares tubulares de aço e na laje de concreto no fundo, a estrutura em aço, pintada de branco com esmalte alquídico sobre primer epóxi, apresenta perfis soldados, compostos por chapas. A projetista estrutural Heloisa Maringoni detalha que, por se tratar de uma estrutura espacial, as ligações das escoras com pilares e quadros principais foram feitas por pinos em flanges e, as demais ligações, aparafusadas. “Para fixação dos caixilhos, em função da grande mobilidade da estrutura [panos de vidro deslizantes de 3 m], todos os encaixes são telescópicos”, informa.
Para o arquiteto Eduardo de Almeida, a estrutura metálica exige um grande rigor no projeto e no detalhamento arquitetônico. Os encontros precisam ser muito precisos e a execução corresponder a isso. E essa obra, sem dúvida, é o resultado desta conjunção de fatores. (I.G.) M
> Projeto arquitetônico: Eduardo de Almeida
> Colaboradores: César Shundi Iwamizu e Roberto Zocchio Torresan
> Área construída: 386 m²
> Projeto estrutural: Heloísa Maringoni (Cia de Projetos)
> Fornecimento da estrutura metálica: Forte Metal
> Aço utilizado: perfis
tubulares sem costura, terças e demais perfis em aço ASTM A570, chapas e elementos de ligação em aço ASTM A36
> Construção: Construtora Gustavo Halbreich Ltda.
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2002
> Conclusão da obra: 2003
ESTRUTURA EM AÇO AJUDA A CONCRETIZAR PROJETO ARQUITETÔNICO
RACIONAL E POÉTICO DE UMA RESIDÊNCIA QUE APROVEITA PLENAMENTE A VISTA DOS MAIS FAMOSOS CARTÕES-POSTAIS DO RIO DE JANEIRO
AO PROJETAR UMA RESIDÊNCIA no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro (RJ), o escritório Indio da Costa AUDT seguiu a premissa de produzir uma obra que fosse racional, mas sem abdicar de uma porção poética e orgânica. O cliente desejava que a casa aproveitasse ao máximo a vista privilegiada para os cartões-postais da cidade: a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Cristo Redentor e a Pedra da Gávea, na frente, e o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara, aos fundos. Como o terreno tinha topografia irregular e fora todo cortado em platôs por um antigo proprietário, esta configuração resultou em uma casa com quatro patamares encaixados nestes cortes. No nível mais baixo está
Ao lado, imagem externa da residência. Estrutura em aço permitiu posicionar a casa com exatidão em um terreno com topografia irregular. Dividida em quatro patamares, a casa permite avistar alguns dos locais mais famosos da cidade, como o Pão de Açúcar e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Um amplo jardim permite o acesso à residência e dá mais leveza ao projeto
a garagem, enquanto nos dois intermediários estão escritórios, quarto de empregada, área técnica e lavanderia. O nível mais alto foi reservado aos cômodos principais – quartos, sala de estar, cozinha, varanda e deck –, para que todas as possibilidades das vistas fossem amplamente desfrutadas.
A estrutura foi projetada em perfis I de aço de maior resistência à corrosão, ancorado no terreno, de um lado, e com um grande balanço, do outro. Um amplo jardim, que permite o acesso à residência e a envolve em seus diferentes patamares, faz um contraponto ao rigor da estrutura em aço e suaviza o projeto, conforme explica a arquiteta e coautora Carlota Sampaio.
A estrutura em aço está organizada em 16 pilares com alturas que variam entre 10 e 3m, ligados por vigas periféricas com dimensões de 50 x 30 cm, e encaixou-se com perfeição na porção “racional” de um projeto marcado pelo despojamento conceitual. A estrutura aparente, que recebeu uma pintura epóxi azul-marinho, ajuda a destacar a residência no cenário exuberante da capital fluminense. “Quando temos a possibilidade de utilizar a estrutura metálica, sua linguagem permite que ela acabe fazendo parte do próprio acabamento”, afirma Carlota Sampaio.
O uso do aço na estrutura permitiu uma grande precisão na locação da
casa no terreno. “A casa era bem estreita, com apenas uma quina tocando o muro limítrofe do terreno”, diz a arquiteta. Sua locação foi feita em função da melhor vista para a lagoa Rodrigo de Freitas. “O construtor criou um sistema de ajuste por porcas, inserido no ponto em que o pilar encontra a sapata, que permite nivelar o pilar na exata posição pretendida. Assim, a casa pôde ser posicionada com exatidão.”
A leveza e as possibilidades características do aço fizeram com que ele estivesse presente também em chapas para o piso de passarelas e no apoio dos forros. “Para essa residência, a estrutura em aço era a opção mais rápida, mais precisa e mais economicamente viável,” finaliza a coautora do projeto. (J.G.) M
Organizada em 16 pilares de aço com alturas entre 10 e 3 m, ligados por vigas periféricas no mesmo material, a estrutura em aço aparente se destaca no projeto da residência, e se encaixa perfeitamente na porção “racional” do projeto
> Projeto arquitetônico: Luiz Eduardo Indio da Costa (Indio da Costa AUDT) e Carlota
Sampaio (coautora)
> Colaboradores: Claudia Amorim, Ana Slade e Maurício Duarte
> Área construída: 320 m²
> Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão
> Projeto estrutural: Agapito
Martins
> Fornecimento da estrutura
metálica: Eco-Rio
> Execução da obra: Eco-Rio
> Local: Rio de Janeiro, RJ
> Data do projeto: 2001
> Conclusão da obra: 2003
> ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA
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Reinach | Mendonça Arquitetos Associados
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Tel.: (21) 3659-5710
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Yopanan C.P. Rebello – Ycon Engenharia
Rua Fidalga, n° 27 –São Paulo (SP)
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