ARQUITETURA AÇO &
Hospitais
Clínicas Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 7 setembro de 2006 do Brasileiro Construção em Aço 7 setembro 2006 977167811210407
e
O AUMENTO DA DEMANDA por serviços de alta tecnologia e o surgimento de novos conceitos em hotelaria hospitalar,enfatizando ambientes mais aconchegantes e versáteis,abriram espaço para a requalificação de antigas edificações.Os espaços precisam ser cada vez mais polivalentes,para se adaptar às constantes necessidades de transformação.Novas clínicas e hospitais surgem também com esse perfil,no qual a humanização dos espaços e a variedade de serviços se fazem cada vez mais presentes.Para esses edifícios, novos ou revitalizados,o aço traz inúmeras possibilidades.
Solução para as demandas hospitalares
A limpeza e a rapidez da obra executada em aço são as principais vantagens da utilização do material,que também é interessante pelo aspecto de modernidade e assepsia que confere a qualquer projeto da área de saúde.Dessa forma,combinado com vidro,traz transparência e luminosidade para áreas antes enclausuradas.E a aplicação de sistemas de pintura garante facilidade de limpeza e manutenção.Outro fator que tem contribuído para a difusão do aço no segmento hospitalar é que esse tipo de obra permite o funcionamento do hospital enquanto algumas alas isoladas passam por reformas ou ampliações.Isso porque a pré-fabricação de elementos de aço aboliu a necessidade de grandes canteiros de obras e praticamente eliminou a quantidade de poeira em suspensão e o ruído,evitando incômodo para pacientes e funcionários. As próximas páginas reúnem projetos de edificações hospitalares novas ou revitalizadas,nos quais o aço mostra-se indispensável. Boa leitura!
3 ARQUITETURA&AÇO
editorial
Arquitetura & Aço n0 7 setembro/outubro/novembro
sumário
Foto da capa
Detalhe em aço do Hospital Edmundo Vasconcelos, revitalizado por Siegbert Zanettini
04. Zanettini inova conceitos em tradicional hospital paulistano 08. Hospital Márcio Cunha II: escritório
paulistano cria hospital popular para a região do Vale do Aço 10. Aço e vidro modernizam recepção de Instituto
Psiquiátrico 14. Andrade Morettin concebe laboratório para pesquisa genética em Campinas 16. Santa
Bárbara optou por materiais duráveis e de rápida execução 20. Lelé e a tecnologia da Rede Sarah no Rio de Janeiro
24. Ousadia premiou projeto na década de 1990
27. Ambiente hospitalar prioriza flexibilidade e humanização
dos espaços 30. Fachada contemporânea valoriza arquitetura de clínica de cirurgia plástica
04. 08.14.10.16. 20. 24. 27. 30.
Foto Zanettini Arquitetura
Revitalizando em aço
O HOSPITAL EDMUNDO Vasconcelos, em São Paulo,foi projetado originalmente por Oscar Niemeyer.Com o passar do tempo,houve a necessidade de adaptar alguns ambientes internos, fachada e instalações,principalmente na ala de internação.O escritório de Siegbert Zanettini,com grande experiência no setor hospitalar,foi o encarregado pelas modificações realizadas entre os anos de 2001 e 2002.E,para concluir o processo de renovação,em 2003 foi erguido um grande átrio em aço e vidro.Assim,a portaria ganhou transparência,luminosidade e leveza.
Toda a estrutura do átrio foi projetada com perfis tubulares de aço, agilizando a obra e garantindo contemporaneidade à entrada,complementada pela cobertura de vidro laminado.Pela rapidez e limpeza da montagem,não houve necessidade de interromper o funcionamento do hospital durante a execução.
Zanettini explica que todos os tubos foram soldados in loco.Geralmente seus projetos em aço utilizam parafusos à mostra,mas,neste caso, ele preferiu a soldagem dos tubos para obter acabamento mais limpo,sem emendas aparentes.
5 ARQUITETURA&AÇO A LÉMDASREFORMASINTERNASEDEFACHADA , HOSPITALPAULISTANOGANHANOVOS ACESSOSQUECONFEREMCONTEMPORANEIDADEÀOBRA
Cobertura e guarda-corpo em aço tubular soldado permitiram acabamento clean, sem emendas aparentes
Fotos Zanettini Arquitetura
O hospital adotou o aço e o vidro para os principais acessos de pedestres, conferindo aspecto inovador ao projeto original. Na página ao lado, no alto, o reformado edifício de internação, que está ligado ao pronto-socorro pela nova passarela. Embaixo, entrada de estacionamento em aço tubular
“O cliente concordou que quanto mais clean o acabamento,melhor.O resultado foi tão positivo que querem aço tubular e vidro em outros edifícios do hospital”,explica o arquiteto,que utilizou os materiais na passagem de ligação entre o pronto-socorro e o edifício de internação,nos principais acessos e tem projeto em aço para a garagem e a portaria de serviços.
Dessa forma,o aço tubular é a nova marca arquitetônica do hospital,trazendo forma,luz e transparência à entrada,além de segurança e conforto ao trânsito de pacientes,visitantes e funcionários. (V.S.) M
> Projeto arquitetônico: Siegbert Zanettini
> Colaboração: Alexandre Barone, Vanessa Ludescher
> Área construída: 72,70 m2 (átrio)
> Aço empregado: aço de maior resistência à corrosão e aços de média e alta resistência mecânica
> Cálculo estrutural: Companhia de Projetos
> Fornecimento da estrutura metálica: Poliaço
> Execução da obra: HMC Construtora
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2001
> Data de conclusão da obra: 2003
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Fotos Zanettini Arquitetura
Direto na fonte
EMPLENO VALEDO AÇO, HOSPITALUTILIZATÉCNICASEMATERIAISINDUSTRIALIZADOS
PARAGARANTIRAGILIDADEEECONOMIACONSTRUTIVA
O HOSPITAL MÁRCIO CUNHA II carrega parte da história de Ipatinga. Assim como a cidade mineira localizada a 217 km a leste de Belo Horizonte,este centro médico se estruturou a partir do aço.Mas, longe de ser apenas emblemático,o uso desse material foi uma escolha racional e determinante para o projeto,de acordo com Lauro Miquelin,arquiteto responsável pela obra e gerente executivo da L+M Arquitetura Gets,escritório com sede na cidade de São Paulo. Segundo Miquelin,o aço solucionou duas questões da obra:a primeira refere-se ao terreno,que,assoreado,requeria uma fundação mais leve;a segunda,à economia de tempo e material.“Por ser uma estrutura montada,o aço gera menos desperdício,além de atender prazos construtivos mais enxutos”,explica o arquiteto.“O edifício tem 7.600 m2 e foi concebido como um show-room de racionalização construtiva com estrutura em aço e paredes secas”, comenta.“Um rigoroso trabalho de gestão de montagens garantiu
que os serviços – obras e embarque de mobiliário e tecnologias – fossem entregues em apenas 14 meses”,completa Miquelin.
Para aproveitar o imenso terreno de 60 mil m2 e a abundante luz natural da região,tomou-se um partido construtivo horizontal.Assim,além da economia de energia,esta planta possibilitou a criação de blocos de atendimento mais eficazes,tanto para comportar grande fluxo de pessoas como para agilizar serviços médicos interdependentes.Outro ponto destacado pelo arquiteto é que,a partir
> Projeto arquitetônico: Lauro
Miquelin e Marlene Braga
> Colaboração: arquitetos Manoel Fernandes, Ceci Gabriel e Silvana Tersi; engenheiros
Giuliano Pacheco, Miguel Elias Filho e Fernando Oliveira
> Área do terreno: 60 mil m2
> Área construída: 7.600 m2
> Aço empregado: ASTM A36, aço de maior resistência à corrosão e ZAR 230 nos perfis de steel frame
> Cálculo estrutural: Jorgeny
Gonçalves Engenheiros
Associados e Usiminas
Mecânica - UMSA
> Fornecimento da estrutura
metálica: Usiminas
Mecânica - UMSA
> Fornecimento e montagem do steel frame: Flasan
> Execução da obra: Camargo
Corrêa e Saraiva
> Local: Ipatinga, MG
> Data do projeto: 2004
> Data de conclusão da obra: 2005
dessa configuração horizontal,foi possível criar jardins internos em cada bloco de internação – um convite e um alento para os pacientes que caminham nesses pátios protegidos.
Na fachada,como explica Miguel Elias Filho,engenheiro civil, especialista em estrutura metálica que trabalhou na obra,foi utilizado um sistema misto:pilares e vigas metálicas com dois perfis enrijecidos em U e soldados formando um tubo quadrado,criando os pórticos.Sobre esta estrutura,com perfis mais esbeltos de steel frame,resistentes à corrosão foram sobrepostas chapas cimentícias com acabamento em pintura texturizada.Este sistema também permitiu que a cobertura ganhasse tempo e economia.“A partir das vigas de aço foi possível criar uma laje em steel deck,que foi soldada às próprias vigas.Isso dispensou a armação.Depois foi só fazer o acabamento com concreto”,comenta o engenheiro.
Financiado pela Usiminas,por meio da Fundação Francisco Xavier,o Hospital Márcio Cunha II é hoje,ao lado da unidade I, referência no atendimento de cerca de 21 municípios da região do Vale do Aço e uma grata realidade para os pacientes do SUS que superlotavam as alas do primeiro prédio. (I.G.) M
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O hospital está implantado em um terreno de 60 mil m2 à beira do Rio Piracicaba, em Ipatinga, MG. Tem 132 leitos, mas com possibilidade de atingir até 250. Organizado em blocos de atendimento, o edifício é predominantemente horizontal e todo estruturado em aço
Fotos Divulgação
A cobertura, revestida com vidros duplos especiais, permite que a recepção seja amplamente iluminada. O conforto térmico é garantido pela própria orientação do edifício, que recebe a incidência de sol apenas na parte da manhã. Equipamentos de ar-condicionado e características especiais dos vidros complementam esse cuidado
Luminosidade como ponto de partida
COBERTURATRANSPARENTEESTRUTURADAEMAÇOHUMANIZOUFACHADADEHOSPITALPSIQUIÁTRICO
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Fotos Marcos Donizete Machado
Antes da obra de ampliação, havia um grande problema de exigüidade de espaço na entrada principal. A solução para humanizar e tornar mais afável esse espaço foi a conjunção de três elementos: aço, vidro e luz. Hoje, quem entra pela recepção do Instituto de Psiquiatria tem a impressão de adentrar um lobby de hotel
COM LEVEZA E TRANSPARÊNCIA é recebido o visitante que vai ao Instituto de Psiquiatria (IPq),do complexo do Hospital das Clínicas,na cidade de São Paulo.Mais do que um gesto cordial,ali no hall de entrada,como parte das obras de modernização do IPq,foi construída uma cobertura translúcida em aço e vidro para recepcionar os pacientes.“Imaginei um ambiente claro e amigável para que a pessoa não tivesse medo de adentrar o edifício.Afinal,quem está com problemas de ordem mental precisa de claridade;sua vida já está escura e confusa demais”,diz o arquiteto Geraldo G.Serra,do Nutau – Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo,da USP. Com 26 metros de extensão e uma inclinação de 34 graus,a cobertura apóia-se,de um lado,na fachada do próprio hospital e, de outro,em uma viga de concreto protendido.Por isso,explica Serra,a estrutura feita de perfis de aço com vidros colados tinha de ser “solta”,totalmente articulada.“Eu não podia fazer uma ligação de engastamento,precisava dar uma certa liberdade para a estrutura se mexer.De outra forma,quando ela fosse submetida a tensões muito grandes,arrebentaria”,comenta o arquiteto sobre a questão de recalques de fundação e da dilatação que têm diferentes materiais.
Para o fechamento foram utilizadas placas de vidro tipo sanduíche,com uma camada de vidro externo laminado de alta reflexão de 10 mm,câmara de nitrogênio de 12 mm e outra camada de vidro laminado interno com 8 mm,montadas com gaxetas de neoprene à estrutura metálica.“Eu francamente não consigo imaginar outro material além do aço que me desse tal possibilidade”,afirma Serra. (I.G.) M
> Projeto arquitetônico: Nutau –Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo. Geraldo Serra, Giselda Visconti, Marcelo Roméro, Hércules Merigo, José Borelli Neto, Cláudio Bueno, Marcos Donizete Machado
> Área construída: 18.810 m2
> Aço empregado: ASTM A36 e ASTM A570
> Cálculo estrutural: Escritório Técnico Julio Kassoy e Mario Franco Engenheiros Civis Ltda.
> Fornecimento da estrutura metálica: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
> Execução da obra: Projecta (sob a supervisão da Construbase)
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 1996
> Data de conclusão da obra: 2006
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CORTE
Foto Marcos Donizete Machado
Laboratório high tech
Na página ao lado, os dois volumes que compõem a sede da Alellyx, com destaque para o novo galpão, construído em aço e elevado sobre pilotis. Nesta página, acima, a fachada principal, valorizada por brises metálicos; na sequência, vista geral da área interna, onde funciona o laboratório principal da empresa
QUANDO OS ARQUITETOS Vinícius Andrade e Marcelo Morettin foram contratados para desenhar o projeto da sede do Laboratório Alellyx,no pólo industrial de Campinas,interior de São Paulo,assumiram uma tarefa tão envolvente quanto desafiadora:a de traduzir,em forma de elementos construtivos,toda a modernidade e alta tecnologia que definem a identidade de uma empresa especializada em pesquisa genética.
Desde o início,o projeto foi pensado para ser realizado em duas etapas.A primeira,feita em 2002,previa a instalação da sede da Alellyx em um galpão de concreto pré-moldado existente,que deveria ser adaptado para suprir as necessidades da empresa.A segunda,colocada em prática em 2004,foi a criação de um volume anexo para ampliar a construção inicial.
> Projeto arquitetônico: Andrade Morettin Arquitetos Associados
> Colaboração: Alexandre Mirandez, Jens Brinkman e Marina Mermelstein
> Área construída:
2.300m + 800m2 (ampliação)
> Aço empregado: ASTM A36, ASTM A572 e ASTM A570
> Cálculo estrutural: Stec Engenharia
> Fornecimento e montagem da estrutura metálica: São Paulo
Ph Estruturas Metálicas
> Execução da obra: Barros
Pimentel Engenharia
> Local: Campinas, SP
> Data do projeto: 2002 (fase 1)
e 2004 (fase 2)
> Data de conclusão da obra: 2002 (fase 1) e 2005 (fase 2)
Na primeira fase,a preocupação dos arquitetos era aproveitar o galpão existente de maneira funcional e criativa.Para tanto,optaram por manter o pé-direito duplo em uma área significativa da edificação, criando um espaço amplo e fluido para instalar o laboratório principal da empresa.
Em volta dessa linha de produção científica,foram dispostas salas de apoio,construídas com estrutura em aço e fechamento em drywall. Uma passarela metálica completa o espaço,integrando os ambientes e reforçando a sinergia entre eles.
Na segunda fase do projeto,o aço ganhou ainda mais espaço e importância.Anexo à volumetria já existente,os arquitetos criaram um enorme vagão,elevado sobre pilotis,com estrutura em aço, fechamento interno em drywall e externo em telhas metálicas.
Segundo Marcelo Morettin,a escolha da estrutura metálica se deu tanto pelo curto prazo de execução quanto pela necessidade de a obra ser rápida e limpa.“Como o laboratório não parou de funcionar em nenhum momento,precisávamos interferir o mínimo possível em sua estrutura já existente”,explica o arquiteto.A estratégia deu certo:cada uma das fases do projeto foi executada em apenas cinco meses,um tempo recorde para o tamanho e complexidade das edificações. (C.P.) M
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LEXIBILIDADEESOLUÇÕESTECNOLÓGICASDEPONTADEFINEMOPROJETODEUMAEMPRESA ESPECIALIZADAEMPESQUISAGENÉTICA
Fotos Nelson Kon
Solução sob medida
A APENAS UMA QUADRA da Avenida Paulista,foi construído o Hospital Santa Bárbara.A obra faz parte de um novo modelo de empreendimento imobiliário:hospitais financiados por operadoras de planos de saúde.Segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde),percebemos que esta é uma tendência em expansão.De 2004 para 2005,o número de centros médicos com esse perfil cresceu 21%.
Célia Schahin,arquiteta do escritório Duarte Schahin e responsável pela obra do hospital,observa tais dados como uma busca das seguradoras para aumentar a qualidade dos serviços oferecidos aos seus clientes.“A Blue Life quis,com esta obra,centralizar o atendimento de alta complexidade e oferecer mais benefícios aos seus segurados em um único lugar”,diz.
O prédio de nove andares conta com 108 leitos,seis salas de cirurgia, central de esterilização,consultórios, UTIs,entre outras alas.“Trata-se de uma unidade compacta,mas com todos os recursos de um grande centro médico.Totalmente construído em estrutura metálica,o hospital possui todas as paredes em drywall,que permite maior flexibilidade de layout”, descreve a arquiteta.
O projeto seguiu o conceito “built to suit”, feito de acordo com as especificações do cliente. Assim, o edifício de nove andares consegue atender a todas as necessidades de um grande centro médico
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S EGURADORADESAÚDEINAUGURAHOSPITALDEALTACOMPLEXIDADENACAPITAL PAULISTA . E STRUTURAMETÁLICAREDUZIUCANTEIROEECONOMIZOURECURSOS
Maquete eletrônica
André Biselli
Os acessos ao pronto socorro e ao hospital são totalmente independentes. O primeiro está localizado no subsolo, já a recepção principal, no piso térreo. Dessa forma, o projeto garantiu facilidade de circulação e agilidade no atendimento aos pacientes
Célia Schahin conta que a estrutura em aço foi a solução mais acertada para atender às características do terreno de apenas 920 m2,uma vez que não poderia dispor de um grande canteiro de obras.Além disso,essa opção representou uma economia de investimento e de tempo.
Requinte e sofisticação também são palavras-chave do projeto e percebidas nos detalhes da fachada em aço inox e vidro,na recepção com pé-direito duplo e também na escolha dos materiais dos interiores,como aço e granito. Para a arquiteta,mais do que luxo, tudo isso só reforça a questão básica que norteou todo o projeto:o bom atendimento aos pacientes. (I.G.) M
> Projeto arquitetônico: Célia
Duarte Schahin
> Colaboração: Ana Cristina
Tamashiro, Patricia Paiva
D'Alessandro e Rosana
Benetti da Costa
> Área construída: 8.700 m2
> Aço empregado: ASTM A572
> Cálculo estrutural: Ernesto
Tarnoczy Engenharia Estrutural
> Fornecimento da estrutura
metál ca: Avantec Engenharia
> Execução da obra: Omar
Maksoud
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: 2004
> Data de conclusão da obra: 2006
Foto Divulgação
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Sob a luz do sol
C ENTRODE R EABILITAÇÃO I NFANTILNO R IODE JANEIROÉRESULTADOBEM - SUCEDIDODAEXPERIÊNCIA
TÉCNICAEPLÁSTICADE L ELÉÀFRENTEDA R EDE S ARAH
A ILHA POMPEBA,EM JACAREPAGUÁ, abriga o Centro de Reabilitação Infantil da Rede Sarah,no Rio de Janeiro.A obra,assim como as outras oito unidades hospitalares da rede em todo o Brasil,foi concebida pelo arquiteto João Filgueiras Lima,o Lelé,que conta com uma equipe de 280 pessoas no Centro Técnico da Rede Sarah (CTRS),instalado em Salvador.Ali,todos os elementos em aço,painéis de argamassa armada e até mesmo a marcenaria e a maior parte dos equipamentos e mobiliário hospitalar são préfabricados e transportados para todas as unidades.No caso do Rio, a pré-fabricação permitiu que os 5.160 m2 de área fossem erguidos no tempo recorde de seis meses.Lelé mantém um padrão de qualidade e de desenvolvimento tecnológico para todos os projetos do CTRS e,quanto ao aço,sempre utiliza o tipo patinável,de maior resistência à corrosão,na pré-fabricação.Nesta obra,além das vigas,treliças e terças em chapas de aço patinável,também fazem parte da estrutura os pilares em tubo de aço galvanizado com acabamento em pintura eletrostática.
Pelas características do terreno e do programa,o arquiteto preferiu a implantação horizontal para a unidade carioca – assim como já havia feito em Brasília,Salvador e São Luís.O formato permitiu a integração dos quatro blocos da unidade,abrigando o primeiro a fisioterapia e a hidroterapia,o segundo o ambulatório e a administração,o terceiro atividades esportivas e o último serviços gerais (com almoxarifado e cantina).Para garantir o aproveitamento da luz solar e também a ventilação natural,que ajuda a evitar infecções hospitalares,sheds em formato de concha na cobertura trazem o desenho característico das obras de Lelé para a rede.As esquadrias dos sheds são feitas de chapa de aço galvanizado com acabamento em pintura poliéster a pó,que reforça a resistência à umidade e ao vento da região.
O teto ondulado já é a marca dos projetos de Lelé para a Rede Sarah. Os sheds em formato de concha são pré-fabricados pelo CTRS e facilitam a circulação do ar e a entrada de luz natural. A implantação horizontal fornece a circulação
20 ARQUITETURA&AÇO Fotos CTRS
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> Projeto arquitetônico: João Filgueiras Lima (Lelé)
> Colaboração: Ana Amélia Monteiro, André Borém, Neuton Bacelar, Josenias dos Santos, Sônia Almeida
> Área construída: 5.160 m2
> Aço empregado: aço de maior resistência à corrosão
> Cálculo estrutural: Roberto Vitorino
> Fornecimento da estrutura metálica: Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS)
> Execução da obra: CTRS
> Local: Rio de Janeiro, RJ (pré-fabricação em Salvador, BA)
> Data do projeto: 2001
> Data de conclusão da obra: 2002
No alto, vista aérea da ilha Pompeba, península na lagoa de Jacarepaguá onde foi instalado todo o Centro de Reabilitação. Ao lado, corredor que interliga todos os módulos. Na página ao lado, sala de hidroterapia: destaque para os sheds da cobertura, que permitem a entrada de luz natural
O isolamento térmico e acústico é garantido por um colchão de ar entre as chapas metálicas da cobertura.As paredes internas desse colchão ganharam um isolante inusitado:são forradas com mantas de bidim,que por sua porosidade ajudam a impedir que o som da chuva e demais ruídos externos cheguem ao interior da estrutura.“A função principal da manta é de impermeabilização,mas neste caso funciona como um excelente isolante acústico,
com custo bem inferior ao de outros materiais”,explica o arquiteto. A construção e a manutenção de todas as unidades da Rede Sarah – em Brasília,Belo Horizonte,Macapá,Salvador,São Luís e Fortaleza,além do Rio de Janeiro – são feitas pela equipe do CTRS. Atualmente,um hospital está em construção a 2 km da ilha Pompeba,em Jacarepaguá,para completar o atendimento do Centro de Reabilitação Infantil.Outra unidade está em obras em Belém,no Pará,e já está pronto o projeto para o hospital e o centro de reabilitação de Natal,no Rio Grande do Norte.Serão edifícios com as características marcantes das obras de Lelé:luminosidade e funcionalidade,que colaboram para aumentar o conforto de pacientes e funcionários. (V.S.) M
23 ARQUITETURA&AÇO 22 ARQUITETURA&AÇO
LEGENDA
1. Portaria
2. Ambulatório
3. Quadra coberta
4. Garagem de barcos
5. Serviços gerais
6. Fisioterapia
7. Hidroterapia
8. Piscina externa
9. Quadra
10. Playground
1 2 3 4 5 11 10 6 7 8 9
Fotos CTRS
11. Pátio de serviço
Lagoa de Jacarepaguá
CLÍNICAPREMIADANOINÍCIODADÉCADADE 1990 ÉAMPLIADAESEMANTÉMFIELAOPROJETOORIGINAL
O projeto concebido em 1989 mostrou que o aço podia ter aplicações que iam muito além dos galpões industriais
PROJETADA POR SIEGBERT Zanettini em 1989,a Clínica Ortopédica Pistelli, atual Instituto Vita,foi uma das primeiras experiências do arquiteto com a construção em aço.Na época,um médico especialista em cirurgia de mãos buscava um projeto arquitetônico para sua futura clínica.Sua esposa passou em frente ao escritório de Zanettini e ficou admirada com aquela construção futurista em aço, vidro,muita transparência e contato com a paisagem.Era justamente esse conceito de modernidade que desejava para a clínica .
Assim,o arquiteto buscouo melhor aproveitamento do terreno de pequenas proporções,verticalizando a construção em três pavimentos (incluindo o subsolo).Os delicados perfis ASTM A36 mostraram grande resistência e capacidade para suportar cargas.Foram utilizadosde forma a criar módulos de 3 x 3 metros que se sobrepõem,gerando os espaços.O contraventamento foi feito com o uso de perfis em diagonal,
1. Pintura branca, blocos de vidroe cadeiras coloridas compõem a sala de espera 2. Clarabóia permite que a luz natural inunde todo o átrio e ilumine corredor e recepção 3. Todas as instalações permaneceram aparentes após a reforma, que não modificou o projeto original 4. Perfis de aço compõem a geometria visível a partir da fachada
enquanto perfis T suportam as lajes.Os desenhos quadrados e triangulares podem ser vistos na fachada,que também recebeu janelas com caixilhos na mesma modulação de 3 x 3 metros.
O fechamento dos volumes foi feito em concreto celular,garantindo leveza;a estrutura,por sua vez,recebeu pintura automotiva e foi deixada aparente,valorizando o projeto.Tanto os perfis metálicos como o fechamento da fachada foram pintados de tons variados de verde – a cor da Medicina.
O ineditismo do projeto rendeu a Zanettini o prêmio Cidade do Recife,quando a clínica foi exposta na I Bienal de Arquitetura do Recife,em 1992.
Mais de uma década após a construção,a clínica mudou de nome,transformando-se em Instituto Vita,e inaugurou novas unidades no município.Dessa forma,houve também a necessidade de ampliar a unidade-sede,concebida por Zanettini,no bairrode Moema.A arquiteta Cristina Ferreira Lopes e sua sócia,Lucia Ozi, ficaram responsáveis pela reforma,que foi entregue em 2002. “Respeitei o projeto de Zanettini,todo feito em módulos de aço. Então,seguimos o desenho original e criamos mais um bloco,no espaço onde havia uma rampa para a garagem,utilizando o mesmo aço e desenho da estrutura”,conta Cristina.
Nada foi modificado quanto à estrutura de aço original,que continua em perfeito estado.Além do bloco,a clínica recebeu rampa para deficientes físicos,piscina para hidroterapia,nova pintura e revestimentos,sendo que as instalações permanecem aparentes, agora na cor branca,para seguir o padrão do Instituto Vita. (V.S.) M
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1. 2. 3. 4. memória
O vigor do aço em dois momentos
Foto Zanettini Arquitetura
Fotos Sidnei Palatnik
Saúde e bem-estar
P ROJETODEAMPLIAÇÃOHOSPITALARALIACONFORTOEREQUINTEÀCOMPLEXAINFRAESTRUTURAEXIGIDAPOREDIFÍCIOSDAÁREAMÉDICA
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Acima, o novo hall de entrada do hospital, um espaço destinado a dar boas-vindas aos pacientes e visitantes
Foto Carlos Hirata
PLANEJADO PARA OFERECER INSTALAÇÕES de alta qualidade aos pacientes,o projeto de ampliação e reestruturação do Hospital São Rafael,em São Paulo,reúne os dois principais conceitos da arquitetura hospitalar contemporânea:humanização dos ambientes e flexibilidade para absorver novas tendências e tecnologias.
A implantação de um novo prédio com dez pavimentos marcou o início do programa de expansão do hospital.Realizado pelo escritório Emed,de São Paulo,o projeto definiu uma nova identidade visual para a instituição,ao mesmo tempo que seguiu à risca as exigências de funcionalidade para edifícios de saúde.
Segundo o arquiteto Sergio Reis,responsável pela obra,o principal desafio era não interferir na rotina do centro cirúrgico já existente,localizado no terreno contíguo à nova edificação.Somando a essa necessidade o fato de não haver espaço para canteiro de obras e o desejo por uma estrutura leve,que tivesse pouco impacto nas fundações do edifício,a escolha da solução construtiva recaiu naturalmente sobre o aço.
Dividida em etapas,a execução da obra priorizou a construção dos três primeiros pavimentos,que já estão concluídos.Assim,a opção pelo aço trouxe ainda mais uma vantagem:os andares que já estão prontos poderão ser utilizados pela equipe médica enquanto a torre ainda está sendo erguida,em razão da limpeza e do baixo nível de ruídos da construção em aço.
Na fachada,o projeto seguiu uma tendência clean,mesclando blocos de concreto brancos com vidro laminado e detalhes em cerâmica e alumínio composto.Para o fechamento interno,utilizou-se drywall com dupla camada de placas,reforçando o conforto acústico dos cômodos.No interior das paredes,correm instalações elétricas e hidráulicas e dutos de gases medicinais.
No térreo,o hospital ganhou uma nova área social,com recepção, sala de espera e cafeteria.Sofisticado e acolhedor,o hall de entrada conta com pé-direito duplo,farta iluminação natural e detalhes em madeira,fazendo contraponto ao piso em granito polido. Segundo Sergio Reis,a concepção dos espaços foi norteada pela preocupação com o bem-estar dos pacientes e visitantes.“Cada vez mais os hospitais se diferenciam daqueles prédios que conhecíamos,com ambientes rígidos e arquitetura impessoal”,analisa o arquiteto,apontando uma tendência irreversível. (C.P.) M
Praticidade e rapidez: falta de espaço para canteiro de obras e prazos curtos reforçaram a opção pelo aço como solução construtiva. Acima, registro da montagem da estrutura metálica. Na página ao lado, a fotomontagem mostra o novo bloco de acesso, a torre existente (em amarelo) e a maquete eletrônica da nova torre (em branco). Com dez andares e construída em estrutura metálica, a nova torre se destaca no conjunto arquitetônico
> Projeto arquitetônico: Emed
Arquitetura e Planejamento
> Colaboração: Andréia Alves Rossi
> Área construída: 7.805,18 m2
> Aço empregado: ASTM A36 e ASTM A572
> Cálculo estrutural, fornecimento e montagem da estrutura metálica: BMC Indústria e Comércio de Estruturas Metálicas
> Execução da obra: CJW –Engenharia e Desenvolvimento Urbano Ltda.
> Local: São Paulo, SP
> Data do projeto: agosto de 2003
> Data de conclusão da obra: 2005 (fase 1) e 2007 (previsão para a fase 2)
28 ARQUITETURA&AÇO
www.3dvortex.com
Foto Carlos Hirata
Beleza minimalista
PARAEXPRESSARCONTEMPORANEIDADE , CLÍNICADECIRURGIAPLÁSTICAAPOSTAEM
FACHADAMETÁLICADEFORMASSIMPLESEPURAS
> Projeto arquitetônico: Luiz Cesar Barillari
> Colaboração: Gabriel Salgadi e Rafael Péra
> Área construída: 300 m2
> Aço empregado: ASTM A36
> Cálculo estrutural: Ferriani Projetos
> Fornecimento e montagem da estrutura metálica: Maxinbox – Ribeirão Preto
> Execução da obra: Maxinbox – Ribeirão Preto
> Local: Ribeirão Preto, SP
> Data do projeto: dezembro de 2005
> Data de conclusão da obra: fevereiro de 2006 Aço, vidro e alumínio: na fachada da Clínica Basile, diferentes materiais se harmonizampara dar vida a uma arquitetura contemporânea e minimalista
EXPLORANDO JOGOS GEOMÉTRICOS
e conceitos de concisão e simplicidade,o arquiteto Luiz Cesar Barillari comandou a reforma da área externa de uma tradicional clínica de cirurgia plástica em Ribeirão Preto,interior de São Paulo.Concebida em estrutura metálica,a nova fachada do edifício transmite a contemporaneidade desejada pelo cliente,valorizando a estética e a qualidade arquitetônica do prédio existente.
A montagem da estrutura em aço foi o ponto de partida de Barillari. Mesclando vigas e pilares treliçados e de alma cheia,ela foi idealizada para receber,em pontos estratégicos,a sobreposição de uma estrutura em alumínio.Esse elemento,por sua vez,
funciona como suporte para a instalação de painéis de alumínio composto,material que conferiu atualidade ao projeto.
Ao lado do metal,peles de vidro com laminados verdes jateados e caixilho de apoio com pintura eletrostática branca fazem o fechamento principal da fachada.Em segundo plano,surgem painéis do tipo miniwave,de alumínio perfurado na cor prata. Distribuídos em traços ortogonais,os diferentes materiais se complementam de maneira sutil e harmoniosa,confirmando o conceito minimalista do projeto.
De acordo com o arquiteto,a escolha de cores e formas simples e discretas teve como principal motivação a tentativa de diminuir a poluição visual já existente no entorno.Seguindo essa linha de raciocínio,Barillari investiu também no paisagismo,dialogando com o cenário da região ao enquadrar,em seus planos e quadrantes,as palmeiras que já faziam parte do jardim da clínica.
A opção pela linguagem do aço,segundo Luiz Cesar Barillari,foi fundamental para alcançar o resultado final:“Além de uma obra rápida e limpa,pude criar um projeto que tem como marca a leveza e esbeltez de seus elementos”. (C.P.) M
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