I SIMPÓSIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO Integrando conhecimentos científicos em defesa do Velho Chico.
Caracterização da ictiofauna do baixo curso do Rio São Francisco visando a avaliação da qualidade do ecossistema aquático Alexandre Clistenes Daniel Vinícius F. de Oliveira Marconi P. Sena Salvador 2016
INTRODUÇÃO •Peixes / parte da biota aquática mais conhecida, •Importância comercial e de subsistência humana. •O Rio São Francisco / cheias no verão e estiagem no inverno. •Ictiofauna registrada por levantamentos pontuais, •Diversas lacunas de conhecimento, •133 LOWE/ MCCONNELL (1999); 152 para BRITSKI et al (1984). •Baixo curso: •45 espécies foram relacionadas no relatório da CODEVASF (2003); • BURGER (2008) relacionou 53 espécies, 47 de água doce. 2
INTRODUÇÃO • Peixes apresentam diferentes formas e estágios de vida: •Reprodu ç ã o, postura de ovos, juvenis e adultos, cuidado parental •Requerimentos Ecol ó gicos: Habitats e condi ç ões ambientais específicas: •quantidade de água; •escoamento básico para inundar o habitat; •escoamentos altos para iniciar as migra ç õ es de reprodução; •Per í odos de cheia para transport á / los para as várzeas e ocupar as zonas úmidas.
INTRODUÇÃO •A biologia e ecologia das esp é cies de peixes podem permitir a realização de inferências sobre a qualidade do ecossistema aquático;
•Em conjunto com dados sobre hidrologia, hidr á ulica e qualidade de á gua poder á produzir respostas articuladas e integradas ao problema da definição de um regime de vazão que atenda as m ú ltiplas demandas de natureza ambiental, como também econômicas e sociais.
OBJETIVO OBJETIVO GERAL / Conhecer a ictiofauna do baixo rio S ão Francisco visando aplicar este conhecimento a estudos sobre qualidade do ecossistema aquático. OBJETIVOS ESPECÍFICOS / Levantar o número de espécies registradas para o baixo curso do rio São Levantar o número de espécies registradas para o baixo curso do Francisco com base em dados primários e secundários; / Caracterizar a ictiofauna local em aspectos como esp écies ameaçadas, endêmicas, tolerantes, comerciais e introduzidas; / Indicar características das espécies em relação aos requerimentos ecol ó gicos que podem ser indicadoras da qualidade ambiental da área estudada.
METODOLOGIA Área de estudo – Baixo São Francisco: •De Paulo Afonso/BA ao Oceano Atlântico; •De 8º e 11º de latitude sul e 36º e 39º de longitude oeste; •Extensão territorial de 30.377 km2; •Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Amostragem Padronizada •Trabalho de campo, entre 16 e 21 de fevereiro de 2014; •Localidades: PA1 / Pão de Açucar (AL), PA2 / Traipu (AL), PA3 / Ximaré (AL) e PA4 / Ilha das Flores (SE); •Artes de pesca: Arrasto manual, peneiras, tarrafas e redes de espera;
METODOLOGIA – Área de Estudo
METODOLOGIA - Amostragem
METODOLOGIA - Análise de dados Dados Pretéritos: •Dados da coleção da Divisão de Peixes do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (MZFS); •Dados obtidos através de material bibliográfico.
•Análise dos dados: •Compilação de dados primários e secundários para produção da lista; •Classifica ç ã o das esp é cies em Amea ç adas, End êmicas, Tolerantes, Comerciais e Introduzidas; • Avaliação de requerimentos ecológicos das espécies; •Definição de características indicadoras de qualidade ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Espécies Registradas: 53 espécies de água doce; 13 espécies marinhas; 66 espécies no total. * Nove espécies Introduzidas
Discussão - Espécies Introduzidas
Discussão - Espécies Introduzidas Ciclídeos
Discussão - Espécies Introduzidas
Barrigudinhos
Discussão - Espécies Introduzidas
Resultados – Pesca 33 espécies de peixes de água doce foram desembarcadas em cidades do baixo curso entre 1998 e 1999 (ANA, 2003); Cinco espécies são pescada em abundância no presente: Chira, Piau, Piau/ cotia, Cari e Pacu (Peso/ Aguiar, 2008); Das espécies migradoras apenas a chira (Prochilodus argenteus) é pescada atualmente em abundância; Próximo à foz, a pesca de peixes de origem marinha tornou/ se importante em vista da diminuição dos peixes de água doce. Espécie Prochilodus argenteus Leporinus spp. Astronotus ocellatus Cichla monoculus
Nome popular Chira
Origem Nativa
Tolerân cia Alta
Piaus
Nativa
Média
Apanhari
Alta
Alta
Poecilia vivípara
Barrigudinho
Introduzi da Introduzi da Introduzi da Introduzi da Nativa
Poecilia reticulata
Barrigudinho
Introduzi
Oreochromis niloticus Tilapia sp.
Tucunaré Tilápia Tilápia
Alta Alta Alta Alta
Habitat Migrador a Migrador a Sedentári a Sedentári a Sedentári a Sedentári a Sedentári a Sedentári
DISCUSSÃO - Conectividade Redução no número e abundância de espécies migradoras: Relacionada diretamente à diminuição do fluxo; Afetada pela perda de conectividade por formação de barreiras a montante (Barragens).
*Uma avalia ç ã o mais aprofundada dos efeitos da conectividade em peixes é crucial para a implementa ç ão de a ç õ es de restaura ç ão adequadas.
Discussão – Espécies intolerantes Salminnus franciscanus (dourado), Pseudoplatystoma corruscans (sorubim), Conorhynchos conirostris (pir á ) e Brycon lundii (matrinchã): • Migradoras não registradas neste estudo; • Conorhynchos conirostris / (Portarias MMA nº 444/2014 e nº 445/2014); • Altera ç õ es ambientais: Modifica ç ã o da vaz ã o, Barramento, altera ç ã o do tipo de substrato, remo ç ã o da vegeta ç ã o marginal, altera ç ã o na turbidez da á gua e altera ç ã o na disponibilidade de alimento.
Discussão – Espécies intolerantes •Esp é cies tolerantes registradas em alta abund ância: Til á pias (Oreocrhomis sp. e Tilapia sp.) e Parivivas (Poecilia reticulata, P. viv í para e Pamphoricthys hollandi); • Esp é cies moderadamente tolerantes: Chira (Prochilodus argenteus) e Piaus (Leporinus spp.) Este fato refor ç a a perda de qualidade do ecossistema aquático, visto que, as espécies tolerantes tendem a ser sedentárias e e menos exigentes em relação ao fluxo de água e a características do habitat e especificidade do alimento.
As exigências em relação ao habitat dos peixes s ã o em muitos aspectos semelhantes aos dos seres humanos; Os peixes precisam de um lugar para viver e se reproduzir, oxig ê nio, temperaturas toler áveis, comida e á gua limpa livre do excesso de sedimentos ou poluentes. Um bom habitat para peixes depende de fatores como a geologia, clima, fluxo de água, ausência de barreiras a montante ou a jusante, a estrutura do habitat (piscinas, corredeiras, abrigo), qualidade da á gua, a presen ç a de alimentos suficientes, e um número limitado de predadores e concorrentes.
CONCLUSÕES /
Os resultados confirmam o empobrecimento do ecossistema aquático do baixo curso do Rio São Francisco;
•Diminuição da riqueza de espécies; •Grande número de espécies não nativas; •Redução do número de espécies migradoras e comerciais; • Maior abundância de espécies tolerantes; /
A an á lise dos resultados de forma integrada com dados hidrol ó gicos, hidr á ulicos e de qualidade do ecossistema aqu á tico pode permitir a obten ç ã o de infer ê ncias importantes para a defini ç ã o de uma vaz ão adequada aos requerimentos ecológicos das espécies locais.
REFERÊNCIAS BRANCO, P., SEGURADO, P., SANTOS, J., PINHEIRO, P., & FERREIRA, M. (2012). Does longitudinal connectivity loss affect the distribution of freshwater fish? Ecological Engineering (48)70– 78. BRITSKI, H.A.; SATO,Y.; ROSA, A.B.S. 1984. Manual de identificação de peixes da região de Três Marias (com chaves de identifica ç ã o para os peixes da Bacia do S ã o Francisco), Bras í lia, C â mara dos Deputados/CODEVASF. 143p. BURGER, R. 2008. Ictiofauna do baixo rio S ã o Francisco à jusante da barragem de Xing ó : Invent á rio e caracterização taxonômica. Monografia de Bacharelado, Universidade Federal da Bahia. 132p. Caiola, N., Ibáez, C., Verdú, J. & Munné, A. 2014. Effects of flow regulation on the establishment of alien fish species: A community structure approach to biological validation of environmental flows. Ecological Indicators. (45) 598–604. CODEVASF. 2002. Subprojeto 2.1 – Mapeamento Tem á tico de Uso da Terra no Baixo S ã o Francisco. In: GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA NA BACIA DO SÃO FRANCISCO Relatório Final Brasília: ANA/GEF/PNUMA/OEA. 162p. LOWE/ MCCONNELL, R.H. 1999. Estudos Ecológicos de Comunidades de Peixes Tropicais. São Paulo, USP, 535p. PESO/ AGUIAR, M. C. 2008. Caracteriza ç ã o de ictiofauna bioindicadora da vaz ã o ecol ó gica para o Baixo Curso do Rio São Francisco. Relatório Técnico CNPq, CTHidro. 100p.
Grato pela atenção
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