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INDÍGENA
Nas primeiras semanas do ano de 2023, fomos confrontados com as mais terríveis imagens: yanomamis esquálidos, mortos-vivos, vítimas do abandono. Segundo a escritora de origem israelita, Noemi Jaffe, imagens que nada ficavam a dever ao Holocausto. “São da mesma ordem de horror e o método utilizado também”, escreveu no Twitter. Falando de Boa Vista, capital de Roraima, ao lado da primeira ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o presidente Lula prometeu, sobretudo, garantir dignidade aos povos originários. A questão Yanomami trouxe de volta para o centro do debate nossa dívida ancestral.
Mais de 40 etnias resistem à beira do Velho Chico ao cortejo de epidemias, violência e destruição: Fulni-ô, Kambiwá, Tumbalalá, Tingui-Botó, Kapinawá, Tuxá, Pankararu, Pankará, Truká, Xocó. Xakriabá, entre outros povos. Na reportagem “Índio não quer apito”, a revista CHICO ouviu lideranças para traçar um diagnóstico da situação nas comunidades. A grande questão segue sendo a demarcação de terras, paralelamente ao aniquilamento do meio ambiente. “A essência de um povo indígena é o seu território”, afirmou o cacique Uilton Tuxá, coordenador da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais (CTCT), do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, a esperança é de dias melhores.
Nesta edição, os indígenas são protagonistas. Nas Páginas Verdes, a deputada federal Célia Xakriabá, a primeira indígena eleita por Minas Gerais, mostra porque “cocar no poder é floresta de pé”. Aos 32 anos, ela está fazendo história no Congresso Nacional. Noutra reportagem, “Você tem sede de quê?”, a revista CHICO foi conferir a cerimônia de inauguração do novo sistema de abastecimento de água na comunidade KaririXocó. Com custo de quase nove milhões de reais, a obra, capitaneada pelo CBHSF, vai beneficiar 4.200 pessoas. De acordo com Anivaldo Miranda, coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Baixo São Francisco, essa conquista dos KaririXocó é fruto de uma política participativa de recursos hídricos.
Tem muito mais na primeira CHICO de 2023. Na reportagem “O Homem do Ibama”, um perfil do novo diretor do órgão vital para o sucesso da política ambiental, Rodrigo Agostinho. No roteiro de gastronomia, o relato de viagem da chefe mineira Letícia Massula. Em duas expedições pelo São Francisco, ela descobriu sofisticação e diversidade. Se a ideia é pé na estrada, conheça a Vila de Santo Inácio, no sertão baiano, possivelmente a cidade perdida do explorador francês Apollinaire Frot. E para clarear as vistas: uma visita ao projeto “Ser do Cerrado”, do Instituto Inhotim, o maior museu aberto do mundo, localizado em Brumadinho, Minas Gerais.
Boa Leitura!
Páginas verdes
Por: Hylda Cavalcanti
Arte: Albino Papa
Foto: Edgar kanaykõ Xacriabá