Curto Circuito #8

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Bento Araújo

A paixão pela música

Sub Pop Festival Primeira edição no Brasil

Soundcheck

Magüerbes • Aletrix • Horace Green • Sky Down Mar & Abr‘14 | Distribuição Gratuita | www.curtocircuito.art.br




(índice) EDITORIAL DESTINO Sub Pop Festival David Bowie COTIDIANO Jornal Microfonia PRIMEIRA BANDA Boka SOUNDCHECK Magüerbes Aletrix Horace Green Sky Down TRALHAS CAPA: BENTO ARAÚJO, A Paixão pela música WALLPAPER Pietro Ziareski RESENHAS ARTIGOS Sydney Town Records e Aggro Beat Toda Vez O clássico jargão: “O mundo dá voltas” 5 DESTAQUES

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(expediente) Edição: #8, 2014 Projeto: Hearts Bleed Blue Edição: Antonio Augusto Coordenação: Alexandre M. Redação: Camila Grillo Foto de Capa: Roberto Swan de Lucena Revisão: Ricardo Tibiu Colaboradores: Bruno Barbieri, Helio Suzuki, Henrike Blind Pigs, Mariana Perin, Paola Zambianchi, Roberto Swan de Lucena, Shamil Carlos Assessoria Jurídica: R4A Publicidade: contato@curtocircuito.art.br Assinatura (Gratuita): Envie seu endereço com o assunto CURTO CIRCUITO EM CASA! para contato@curtocircuito.art.br Edições Anteriores: www.curtocircuito.art.br CURTO CIRCUITO é uma revista de bolso, com publicação bimestral, impressa e digital - ambas com distribuição gratuita. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução sem autorização prévia e escrita. ERRATAS CC#7 Na matéria com o Nenê Altro, onde ele se refere a “banda dos Makabros”, o correto é “banca dos Makabros”. A banda Coyotes, também mencionada, saiu com com a grafia errada, com “i” no lugar do “y”. O sobrenome do Helio saiu errado na resenha do Seek Terror. O correto é Helio Suzuki.


(editorial)

Alguma vez você se perguntou sobre como gostaria de ser lembrado? A resposta é tão simples como a pergunta, basta ser verdadeira. Hoje discutimos a Copa do Mundo e em seguida serão as Eleições. Recentemente foram as manifestações e o abuso de poder para conter a opinião de grupos manifestantes. Já passaram pela pauta do povo chacinas como as que ocorreram no Carandiru ou na Igreja da Candelária; a corrupção de Máfias como as dos Fiscais ou dos Anões do Orçamento. Não é difícil notar que os conflitos giram ao redor dos mesmos problemas, muda-se apenas o nome de cada tragédia. E sem perceber, ou dar a devida atenção, cada um destes eventos deixam uma marca na história do país, que indiretamente farão parte também da nossa história, do que construímos ou deixamos de construir. Dentro desta perspectiva é mais fácil questionar qual é o nosso papel dentro da sociedade em que vivemos. Devemos apenas apontar os erros ou consertá-los? Estamos devidamente equipados. Temos microfones e guitarras, gritos e melodias, tinta e papel, inspiração e criatividade. Então, se você ainda não parou para pensar o que está faltando, te faço essa pergunta: Como você gostaria de ser lembrado? Antonio Augusto

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(destino)

SUB POP FESTIVAL ESTREIA PRIMEIRA EDIÇÃO Texto: Camila Grillo | Foto: Divulgação | Info: inker.art.br Mudhoney (EUA) .6

Por meio de uma parceria entre o selo Sub Pop e as produtoras brasileiras A Construtora Música e Cultura e Inker Agência Cultural, o Sub Pop Festival São Paulo 2014 acontecerá no dia 15 de Maio e contará com a participação das bandas Mudhoney, METZ e The Obits. “O objetivo é prestar uma homenagem e trazer ao Brasil bandas e a história do selo de música alternativa mais importante do mundo nos últimos 25 anos. Homenagear a marca que nos trouxe Mudhoney, Nirvana, Soundgarden, Melvins, Afghan Whigs, entre outros, que continua em alta com discos de METZ, Fleet Foxes, Mogwai, Obits etc” explica Nathalia Birkholz, uma das idealizadoras do evento. Considerando-se fãs do selo Sub Pop de Seattle e por serem amigas do Mudhoney, que já fez tours e shows pelo Brasil, as produtoras tiveram a ideia de criar o festival. “Como a Inker trabalha com o Mudhoney na América do Sul e o festival Bananada queria o show deles para edição deste ano, convidamos a banda para tocar mais uma vez no Brasil

em Maio na tour de comemoração de 25 anos de carreira. A banda adorou! Tinha interesse de trazer o METZ para o Brasil também. É talvez meu grupo novo favorito hoje, também da Sub Pop. Daí veio a ideia de pedir ao Mark contato direto com eles… E depois, melhor ainda, que tal sugerir um combo da Sub Pop no Brasil com Mark Arm indicando quem toca inclusive?! Que tal um festival? Mark sugeriu os Obits! Adoramos! Que tal o dono do selo vir discotecar, visitar o país e conhecer o cenário aqui? Pronto, todo mundo adorou a ideia! Perfeito!”, diz Nathália e ainda revela: “a Sub Pop é a principal referência mundial quando se trata de música independente alternativa rock dos últimos 25 anos.” Entre a expectativa para o evento, está a idealização de um festival realizado por fãs e feito para fãs que poderão conferir as grandes bandas no clube Audio. “Queremos nos divertir muito no dia 15 de maio em São Paulo”, finaliza Nathália.


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TODA A GENIALIDADE DE BOWIE EXPOSTA NO MIS Texto: Paola Zambianchi | Info: mis-sp.org.br

Andrógeno, ousado e talentoso, David Bowie é um dos artistas britânicos mais autênticos das últimas décadas. Responsável por um enorme legado de sucessos, além de hits, Bowie produziu discos importantes no cenário musical, atuou em filmes e peças de teatro, além de transformar em arte qualquer impulso criativo. Com tantas histórias, o músico ganhou uma exposição no MIS - Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Organizada pelo Victoria and Albert Museum (V&A) de Londres, a mostra conta com uma impecável retrospectiva da carreira de um dos personagens mais curiosos da música internacional. A exposição rastreia o processo criativo de Bowie com inúmeros itens relacionados à sua carreira artística. O visitante terá a oportunidade de assistir trechos de filmes, peças, documentários, videoclipes e apresentações ao vivo. Letras de músicas, cartas de fãs, setlists, capas de discos e fotografias também estão expostas. Uma faceta pouco conhecida do artista é a sua habilidade como desenhista. Os retratos de Iggy Pop feitos por Bowie são algumas das surpresas da visita ao MIS. Além disso, a exposição conta com 47 figurinos marcantes na trajetória do músico. Roupas assinadas por Alexander McQueen e Issey Miyake em começo de carreira são um deleite para os aficionados por moda. No entanto, a peça que chama mais atenção do espectador, é sem dúvidas o macacão de vinil utilizado em Aladdin Sane, desenhado por Kansai Yamamoto.

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aproveite!

Se você é uma pessoa apaixonada por David Bowie e não vê a hora de absorver cada detalhe da exposição, é importante seguir algumas dicas: Assim como você, milhares de outros amantes da música estão loucos para devorar essa retrospectiva. Ou seja, o MIS tem ficado cheio. O melhor horário para fazer a sua visita é quando abrem as portas. Vale a pena chegar uns 15 minutos antes e garantir o seu lugar na fila. Assim você evita o grande fluxo, já que o espaço é escuro e estreito, com vários textos para ler e vídeos para assistir.


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Outro motivo para tentar ver a exposição fora dos horários de pico é que o fone que o visitante recebe no começo do percurso tem um sensor que dispara os sons da mostra de acordo com o lugar por onde passa, isso significa que se estiver distante do vídeo que pretende acompanhar, é provável que o som que esteja ouvindo venha de outro monitor. O espaço é propositalmente labiríntico, pouco iluminado e com sons por todos os lados. É isso que faz com que a experiência de estar nesse ambiente seja tão intensa. Para os mais detalhistas será necessária uma segunda visita, ou então você poderá comprar, logo na saída, o livro da mostra lançado pela Cosac Naify. A edição é incrível e vale cada centavo gasto. Chega de blá-blá-blá. Vá correndo!

david bowie

Quando? De 31/01 a 20/04/2014 Terças a sextas, das 12h às 21h; Sábados, das 11h às 21h; Domingos e feriados, das 11 às 20h Quanto? R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Às terças-feiras a entrada no MIS é gratuita. Onde? MIS – Museu da Imagem e do Som Av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo/SP Tel.: (11) 2117-4777


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(cotidiano)

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MICROFONIA ABRE ESPAÇO PARA PRODUÇÃO INDEPENDENTE NO BRASIL Texto: Camila Grillo | Foto: Arquivo Pessoal | Info: facebook.com/jornalmicrofonia Fundado em 2010 por Adriano Stevenson e Olga Costa, o Jornal Microfonia surgiu de um papo informal em que ambos descobriram o gosto em comum pelo impresso - mesmo com a maioria das pessoas correndo para o mundo digital. “Acabamos por nadar contra a maré, mas creio que é de nossa natureza não seguir a correnteza. O fluxo pode ser fácil, mas o prazer de se fazer algo onde a paixão está em primeiro plano, ainda é o que, realmente, vale a pena”, afirma Adriano.


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Rotten Flies Amargo V/A 58000

Comedores de lixo Aos Mortos N.T.E. Somos Pri$ioneiros Mesmo atuando em João Pessoa/PB, o jornal é distribuído por quase todo o país. “Matamos dois leões por dia, a cultura aqui não é de rock, temos muitas parcerias e isso movimenta. Além disso, fazemos um programa na Rádio Tabajara FM chamado Jardim Elétrico, que ajuda muito na divulgação do cenário local. O rock continua sendo visto como o menino mal educado que diz palavrões e cospe na estrutura. Mas estamos falando do rock mesmo, não dessa diluição midiática que se espalhou no país e chamam de rock”, explica. Além de jornal, o Microfonia também é um selo. “Nós somos jornalistas e jornaleiros (risos) e nos tornamos produtores de um selo. Como disse o Márcio Sno no Terceiro Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas (UGRA): ‘esse povo gosta mesmo de grandes emoções!’. Entendemos que a ação está lá fora. Não adianta ficar em casa na frente do computador chorando as pitangas numa rede social. D.I.Y. (Do

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It Yourself - Faça você mesmo) é um velho lema que levamos a sério”. Mesmo com o projeto do Microfonia, o jornalista ainda encontra tempo para tocar em uma banda. “Além do selo, jornal e rádio, toco na Rotten Flies há uns 20 anos. Como faço algo que gosto, o tempo vira meu aliado”, diz. Abrindo espaço para a produção independente, o Microfonia já tem metas e objetivos para este e os próximos anos. “Lançamento do N.T.E., de Natal/RN, o primeiro que não é com uma banda da Paraíba, e o novo da Rotten Flies. Fora isso temos um site em andamento, mas nossa edição de papel continuará a ser nossa menina dos olhos! A expectativa é das melhores, porque quando começamos, muita gente achava que não passaríamos da terceira edição! E então estamos para lançar a 18ª”, diz e ressalta que desejam continuar fazendo o que fazem: “E quem sabe nos tornar um Charles Foster Kane, quando chegar no fim da vida dizer: Rosebud”.


(primeira banda)

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Boka Texto: Camila Grillo | Foto: Mateus Mondini/Acervo Pessoal | Info: peculiodiscos.com.br A primeira banda a gente nunca esquece. Improvisos, emoções e desafios. Assim muita gente iniciou o contato com a música. É o caso de Mauricio Alvez Fernandes, mais conhecido como Boka, baterista do Ratos de Porão desde 1991. Confira a entrevista em que ele fala sobre a Psychic Possessor, sua primeira banda.

Como começamos: Eu fui convidado para en-

trar nesta banda quando comecei a tentar tocar bateria, mas ela começou como todas nos anos 80, basicamente com amizade e vontade de fazer um som.

que sempre que expulsavam a gente de onde ensaiávamos, destruíamos o pico e saíamos sem avisar nada.

Porque acabamos: O membro fundador e

principal compositor resolveu deixar a cidade em busca de trabalho. Achamos que não tinha sentido continuar a banda sem ele e decidimos parar.

Hoje em dia: Eu toco no Ratos de Porão,

no Safari Hamburguers e tenho uma loja virtual de discos e CDs (peculiodiscos.com.br/loja). Da última formação, o Fabrício e o Farofa tocam Primeiro show: A primeira apresentação que no Garage Fuzz, e nosso vocalista fiz com eles foi no Guarujá. faleceu no ano passado por complicações em sua saúde. O guitarrista e Momento curioso: Na época não existiam es- membro fundador José Flávio vive em túdios com sala de ensaio. Então os nosParis com sua família e trabalha com sos eram todos improvisados, mas lembro programação e informática.


Psychic Possessor

Ratos de Porão

Psychic Possessor Nós Somos a América do Sul


(soundcheck)

MAGÜERBES COMPLETA 20 ANOS DE ESTRADA .14

Texto: Camila Grillo | Foto: J MAG | Info: facebook.com/maguerbes

O ano de 2014 promete muitas novidades para o Magüerbes. Além de completar 20 anos no mês de abril, está preparando um show especial comemorativo. A banda segue com algumas datas marcadas dando sequência a tour do Vila Rica – 7” com quatro músicas gravadas no início de 2013, sendo o primeiro EP de uma série de três. Até o fim do ano pretendem gravar o segundo EP com o nome de Futuro. “Ele vem com um formato legal de capa/gravura. Foram feitas 300 cópias numeradas e assinadas pelo SuperXoxo, um artista e grande amigo nosso que entendeu legal o que queríamos. Ele desenhou também as artes do nosso novo merch e toda comunicação da banda. Foram todas silkadas uma a uma no Estúdio SHN, em Americana, um processo bem legal de fazer. A inspiração do Vila Rica, assim como todos os outros, não dei-

xou muito de ser a fase que estávamos passando, o que estamos esperando, vivendo e correndo atrás para um futuro próximo”, explica o baterista Ricardo Francischangelis. A banda, que teve início no mesmo dia em que Kurt Cobain morreu, surgiu da vontade de quatro amigos que queriam fazer música. Atualmente contam com cinco integrantes que além do Magüerbes, fazem outros trabalhos. “O Haroldo (voz), é do coletivo de street art SHN, além de outras atividades que envolvem sua formação acadêmica. O Tuti (guitarra) é designer gráfico e baixista do VOWE. O Douglas (guitarra) toca guitarra na banda de ska StopFour. O Rafael (baixo) tem alguns projetos com jazz e dá aula de música e eu toco bateria


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em uma banda de punk rock chamada Ow Shit e trabalho numa rádio FM jabazeira do segmento sertanejo no interior”, explica. Tendo influências de nomes como Ratos de Porão, Sepultura e Slayer, o grupo traz um trabalho diferenciado. “Musicalmente falando, tivemos um certo tempo e cuidado com essas músicas antes de entrar em estúdio. Estávamos passando por uma mudança onde saíram alguns integrantes e entraram outros, com mais pilha e vontade de fazer a parada. Conseguimos ensaiar bem, estudar alguns arranjos que antes não pensávamos, e as músicas foram tomando uma fórmula que remete bastante aos tempos das primeiras demos que fizemos. A sonoridade lembra bem as nossas raízes musicais, só que agora com uma maturidade maior”, revela. Com tantos anos de estrada, a banda já fez diversas tours pelo Brasil. “As maiores foram com o disco Modelo de Prova, em 2006/2007. Com a marca de roupas AVB, antiga Authentic Vision Brasil, que na época era o nosso apoio, o selo DaLaranjaaoCaos e o Coletivo SHN, fizemos a AVB Tour, junto com várias bandas passando por diversas cidades do interior e capital também, foi bem legal. Essa turnê gerou um DVD que já se esgotou. E em 2007 fizemos uma turnê pelo Mercosul, passando por São Paulo, Curitiba, Floripa, Porto Alegre, Montevidéu (Uruguai) e sete cidades da Argentina, incluindo Buenos Aires, Córdoba e interior. Todas elas foram muito produtivas. Fizemos também um rolê como banda de abertura do Dead Fish em 2008, que foi a New Skate Summer Tour. Nessa, passamos por quase todos os estados e capitais do Brasil, de Norte a Sul”, ressalta. Considerando a Magüerbes como “a única coisa que consegui construir

de concreto”, Ricardo finaliza: “É minha válvula de escape para sair da rotina trampo/casa/trampo. É uma terapia sem tamanho, onde me sinto bem, fazendo o que mais gosto na vida, que é tocar bateria. Posso dizer que um sonho de moleque se tornou realidade e demorei para assimilar isso. Minha banda é minha vida e não sei o que faria sem ela. Talvez montaria outra (risos)”.

magüerbes Vila Rica

Vila Rica é o primeiro disquinho de um projeto de três compactos 7” lançados pela própria banda. Ele foi gravado no Estúdio Lamparina em 2013 e lançado fisicamente no ano passado. Os sons seguem aquela linha única deles, afinal desde 1994, Haroldo e sua gangue misturam tudo que soa agradável. Em uma só música é possível encontrar metal, guitar, hardcore, hip hop e, às vezes, uma pitadinha de grind. Tem quem já os chamou de new metal, post-hardcore ou qualquer coisa, mas evite rótulos e vá atrás do disco físico. A arte é incrível e, assim como a banda, inrotulável. Assinada por SuperXoxo (responsável também por Hominis Canidae, do Eu Serei A Hiena), seria como quatro capas, quatro estilos diferentes se encontrando, tudo silkado, lindo! Shamil Carlos

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(soundcheck)

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HORACE GREEN Texto: Camila Grillo | Foto: Wander Willian | Info: facebook.com/horacegreen Com o desejo de tocar, conhecer novas bandas e compartilhar ideias, o Horace Green começa o ano colocando em prática alguns objetivos. “Agora vamos lançar o Madeira e sair tocando. Esse ano ainda não pretendemos lançar um CD/ LP full, queremos é participar de splits e coletâneas, gravar aos poucos, de duas em duas músicas novas, algo do tipo... Para em 2015 sim, sentar e compor um álbum cheio. Estamos negociando dois splits e temos duas coletâneas já confirmadas”, revela o vocalista Shamil Carlos. Em 2013, o Horace fez seu primeiro lançamento, um vinil 7” chamado Sempre Melhor, gravado no estúdio Rock Together, masterizado no El Rocha

e lançado via Hearts Bleed Blue e Balboa Discos. “Lançamos em Abril de 2013 na internet, mas a versão física só chegou em Agosto do mesmo ano. Paralelo a isso, gravamos o Madeira em Santos, no Estúdio Play Rec com o Nando Bassetto (Garage Fuzz) e foi masterizado no Sun Trip, em São Paulo. Ele saiu dia 26/02 na internet e nas lojas virtuais dos selos que estão com a gente nessa empreitada: Hearts Bleed Blue, Spider Merch e O Homem Coletivo”, explica Shamil. No show de lançamento, dia 22/03 no Hangar 110, ninguém menos que Garage Fuzz e Polara dividindo o palco.


ALETRIX Texto: Camila Grillo | Info: aletrix.com.br Foto: Jakelyne Lechinewski Lançado no fim de 2013, o álbum Herpes Aos Hipsters é o primeiro trabalho solo do músico Alexandre

SKY DOWN Texto: Camila Grillo | Foto: Daniel Cardoso Info: facebook.com/skydownpage Gravado no Estúdio Costella por Chuck Hipolitho, o novo disco do trio Sky Down terá 10 faixas e está na reta final. “Gravamos o instrumental todo ao vivo em um dia, sem maquiagem, metrônomo e retoques. É praticamente a banda tocando numa garagem.

Lima, o Aletrix. “Embora lançado em dezembro, o CD e o vinil ficaram circulando por alguns meses. Usei esse tempo para formar uma banda que fizesse valer a pena eu me transportar da caverna para o palco. O Alexandre Lemos (guitarra), a Mia (baixo) e o Ed Avian (bateria) trouxeram muito entusiasmo, talento e empenho”, revela o músico. Com músicas temáticas, o artista traz um repertório inspirado em assuntos pontuais. “Gasto bastante tempo pensando nas formas como o corpo de uma pessoa pode trapaceá-la a viver sem qualidade. Ao mesmo tempo, me pesam muito as normas e obrigações da vida social, é um assunto que tendo a analisar com certa compulsão. Daí os tópicos como em UFC/Anorexia, Eros X Tânatos e Ex-BBB. Assuntos menos comuns, quando se refere à música pop. Mas visto as calças todo dia e gasto o resto do tempo evitando maçanetas e troco, como todo mundo”. A previsão é sair agora no primeiro semestre. Vamos fazer um lançamento dele completo na internet e umas cópias físicas num esquema bem do it yourself, capinha xerocada, CD encartado junto. Dá para acompanhar as novidades através de nossa página no Facebook”, revela o guitarrista/vocalista Caio Felipe. Entre os últimos lançamentos estão o EP Let There Be Light Cuz We’re a Mess do começo de 2012 com quatro músicas próprias e um cover de No Feelings, do Sex Pistols. “Na época o Sky Down era apenas eu e o André (baterista) e foi com essa formação que gravamos. No começo ficávamos mais no estúdio tocando umas coisas do Funhouse, do Stooges, uns MC5, aí eu tinha umas músicas em casa que não sabia muito bem o que fazer. Levei para os ensaios para trabalharmos nelas e este é o primeiro EP. Participamos de uma coletânea de fora chamada Punk Across the Globe e de um tributo à finada banda paulista Holly Tree. Todo esse material está disponível para download na internet”.

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(tralhas)

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Quais são as suas tralhas favoritas? O que você gosta de colecionar? Separamos aqui algumas coisas que gostamos e que talvez você curta também.


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Lobo Sonora: loja.lobosonora.com Ideal Shop: idealshop.com.br Takeout: takeoutrockshop. iluria.com Savoir Faire: lojasf.iluria.com Maze: mazeshop.com.br Kanui: kanui.com.br Old Skull: loja.oldskullinc.com.br Picled: lojapicled.com HBB Store: hbbstore.com


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BENTO ARAÚJO E A PAIXÃO PELA MÚSICA Texto: Camila Grillo Fotos: Roberto Swan de Lucena, Carol Penna e Arquivo Pessoal Info: facebook.com/poeira.zine

Uma pessoa que não gosta de falar muito de si, mas lhe agrada a parte de contar histórias. Assim começa a definição de Bento Araújo, 38 anos, paulistano e apaixonado por música. “Talvez eu seja um cara que viva num mundo próprio, que pense em música o tempo todo e que associe tudo que acontece ao meu redor com música. Trabalho o tempo todo e gosto disso. Sou filho único e sagitariano, então sempre curti fazer tudo por conta própria e cair na estrada, no sentido de nunca esperar as coisas acontecerem. Adoro lidar com o público que me acompanha e com amigos que fiz, mas quanto ao meu trabalho, tenho uma visão bem clara, e até teimosa, digamos assim. É, acho que sou um cara teimoso também (risos)”, revela.


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Com o primeiro Rock in Rio a coisa explodiu de vez e comprei o meu primeiro disco: Love At First Sting, do Scorpions. Daí, eu não parei mais Primeiro contato com a música Tudo começou em 1981, quando a banda Queen veio tocar no Brasil. Bento tinha cinco anos, idade em que escutou uma guitarra e, através da TV, viu uma banda tocando pela primeira vez. “Escutei um disco, provavelmente o The Game. Minha tia era adolescente na época e foi ao show. Ouvia os álbuns, assistia aos clipes e falava deles o tempo todo, então escutei por tabela. Dois anos depois vieram o Kiss e o Van Halen, daí eu já lembro de conversar sobre eles na escola e ficar desenhando o logotipo do Kiss na lousa da sala de aula e nas capas dos cadernos. Com o primeiro Rock in Rio a coisa explodiu de vez e comprei o meu primeiro disco: Love At First Sting, do Scorpions. Daí, eu não parei mais”, diz. Na colégio, Bento começou a montar bandas e resenhas de discos, escondido no fundo da classe. “A rebeldia e a atitude do rock sempre me fascinaram. Meu sonho era viajar o mundo tocando numa banda. Decidi que iria viver de música, de uma forma ou outra. Meus amigos saíam para se divertir e eu ficava em casa escutando discos e assistindo a MTV. Acho que eu não era muito popular com as garotas (risos). Depois fui trabalhar em sebos e lojas de discos, tentei em outras áreas, como Marketing e Publicidade, mas não aguentei seis meses. O que gosto mesmo é de conversar e escrever sobre música, não tem jeito. Através da Poeira Zine eu fui convidado a escrever em muitas outras publicações e a trabalhar em festivais, como o SWU. Um novo projeto que estou envolvido, e que tem muito a ver com a pZ, é o Heavy Lero, programa que apresento no YouTube com o Gastão Moreira. É um bate-papo informal sobre rock com dez minutos de duração e tem a direção do Edgard Piccoli”, explica.

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Jimmy Page e Bento .22

A união mais que perfeita Bento encontrou no Jornalismo um meio de concretizar o objetivo que era viver de música. “Tive bandas que não deram certo e percebi que seria impossível viver de tocar rock no Brasil, ainda mais naquela época. Sempre adorei escrever e ler, então foi algo natural. Sempre escrevi somente sobre música ou algo relacionado a ela. Além da pZ eu já escrevi em veículos como: Estadão, Folha, Rolling Stone, Bizz, Rock Brigade, Roadie Crew, Cover Guitarra, Cover Baixo, Zero, Mosh, Mellotron (Argentina) e também em diversos sites”, diz. O casamento entre Jornalismo e música foi uma combinação mais que perfeita. “Foi como unir o útil ao agradável. Meu pai é jornalista e radialista esportivo então cresci em estúdios de rádio. Além de música eu sempre gostei dos caras que escreviam e falavam sobre música no rádio, na TV e nas revistas. Sempre quis ser como esses caras que me influenciaram, como Leopoldo Rey, Kid Vinil, Fabio Massari, Big Boy, Gastão Moreira, Nick Kent, Lenny Kaye, Lester Bangs, Greg Shaw etc”. Para celebrar este grande encontro, há muitos grupos que definem a trilha sonora da vida de Bento. “Gosto de tantas bandas e tantos gêneros que fica difícil. Mas vamos lá, vou citar as preferidas da casa: Grand Funk Railroad, Free, Thin Lizzy, Zappa, Bowie, Steely Dan, Can, Van der Graaf Generator, Sly and the Family Stone, Led Zeppelin, Stooges, Coltrane, Novos Baianos, Ramones, Som Nosso, Hendrix, MC5, King Crimson, Allman Brothers Band, Black Sabbath, Iron Maiden, Miles, Stevie Wonder, Area e Luis Alberto Spinetta”.


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Poeira Zine (pZ)

Atuando na mídia impressa independente, a Poeira Zine surgiu em 2003 quando Bento trabalhava na loja de discos Nuvem Nove. “Lá eu conheci muita gente, desde fãs e colecionadores até músicos e jornalistas. Eu passava o dia falando das bandas que gostava, dando informações para o pessoal sobre as discografias, recomendando discos etc. Por que não passar aquilo para o papel então e assim mostrar que eu também era jornalista? Foi natural. Minha ideia era fazer algo bem simples, no formato dos zines da época mesmo. Algumas páginas xerocadas e grampeadas. A carência por informações das bandas dos anos 60 e 70 era enorme, se alguém desejasse ler algo sobre elas era preciso gastar uma grana alta para comprar as revistas importadas. Então criei a pZ com esse objetivo, como se fosse a publicação que eu quisesse ter para ler. E assim muita gente veio comigo e comprou a ideia. Comprei um computador, o que não era nada fácil e barato naqueles tempos, e passei a escrever e montar a linha editorial. Como eu não tinha grana para pagar alguém para cuidar da arte e da diagramação, me dediquei a aprender como se fazia, estudando os programas gráficos. Assim montei um boneco, em casa mesmo, e saí vendendo cotas de anúncio para amigos lojistas que vendiam discos. Quando fui ver eu tinha arrecadado o suficiente para rodar o número zero na gráfica, com capa em papel couchê. Rolou de imprimir 2.000 exemplares de cara e o lançamento aconteceu no dia do show do Status Quo em São Paulo, banda que estava na capa. Lembro de entrar no camarim e entregar a pZ #0 nas mãos deles, foi a glória, certamente um dos dias mais felizes da minha vida. Digamos que o objetivo inicial foi suprir então uma carência, tanto pessoal como de mercado, ou melhor, de ‘cena’ mesmo”.


(capa) Inspiração para muitos, a Poeira Zine vem fazendo história e oferecendo espaço para as bandas independentes. “É incrível como a pZ serve de exemplo e modelo para uma garotada que deseja colocar suas ideias no papel. Recebo e-mails e cartas quase que semanalmente de pessoas agradecendo pela inspiração, são jovens que estão entrando ou saindo das faculdades de Jornalismo, e que acabaram se inspirando na pZ naquela difícil hora de escolher uma opção profissional. Fico muito, muito contente mesmo com isso. É isso que faz tudo valer a pena. São incontáveis as vezes que dei entrevistas para garotos que usaram a pZ como base para seu TCC, por exemplo. Acho que mostrar que é possível manter algo desse tipo no Brasil é a maior contribuição à cena independente, que é possível também escrever sem ‘jabá’, sem nenhum interesse que não seja o artístico por trás. E que é possível fazer Jornalismo com alma, com paixão mesmo. Existem dois tipos de publicações, as de verdade e as de mentira. As de verdade

Bento e Rainer Tankred Pappon possuem leitores muito fiéis, isso eu garanto (risos). Acho que o cenário anda crescendo sim, mas se crescer muito vira mainstream, não é mesmo? (risos). Às vezes eu tenho medo de perder o controle das coisas, então optei por continuar independente com a pZ, que nunca foi para as bancas, por exemplo, apesar de contar com um visual mais ‘revista’ de uns anos para cá e algumas propostas de editoras maiores. Não quero abrir concessões e ter que pensar em vendas que seriam determinadas pelas matérias. Quero continuar colocando o Captain Beyond, o Golden Earring, o Love ou o Beefheart na capa, saca? Acho que isso é o importante, dar espaço hoje para artistas que não tiveram seu espaço na época – pelo menos aqui no Brasil”.


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Mesmo com a revista independente, o jornalista encontrou algumas dificuldades pelo caminho. “Como em toda área, o Jornalismo Musical tem suas ‘panelas’ e é difícil furar esse cerco e chamar atenção. A minha maneira de fazer isso foi criando o meu próprio veículo, ou seja, um fanzine impresso. A partir daí os veículos notaram a minha presença e passei a ser convidado para escrever. A Poeira Zine abriu, e ainda abre, muitas portas na minha carreira. Mas costumo dizer que só estou no Jornalismo porque ‘cavei esse caminho no meio do matagal’ – se fosse para trabalhar exclusivamente para alguém e ter que escrever sobre coisas que eu não aprecio, ou não acredito, já estaria fora dessa faz tempo. Outra dificuldade são as assessorias de imprensa no Brasil. É muito mais difícil ter acesso aos artistas ou ser credenciado para um show aqui no Brasil do que no exterior. Quando vou para fora sou recebido de braços abertos, aqui é bem diferente. O shows do Black Sabbath e do Iron Maiden, por exemplo. Cobri ambos no exterior, em Chicago e Amsterdã, respectivamente, sem problemas, e aqui em São Paulo a pZ não foi credenciada para os shows. Isso é o que mais desanima”.

Inspirações para o futuro

Nas horas vagas, Bento aproveita para escutar e escrever sobre música. “Me inspira os shows que assisto e os papos de bar com os amigos, ou mesmo a garimpagem em lojas e feiras, também com meus amigos. Gosto muito de sacar o que determinados discos, ou artistas, representam para as pessoas. Isso certamente me dá inspiração para escrever, ou desvendar algum ‘mistério musical’ do passado”.

Apaixonado por contrabaixo, instrumento que toca em momentos de descontração com os amigos, Bento finaliza falando sobre seu maior sonho: “Lançar livros, ter filhos e fazer a pZ também em inglês, e ser uma publicação independente vendida no mundo todo, destinada não às massas, mas aos nichos, ao underground. Mantendo-se fiel aos princípios éticos e profissionais de qualquer publicação de respeito”.

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jornalismo e rock

Unindo a escrita com a música, Bento destaca um dos livros que está lendo no momento: “Eu cresci vendo e ouvindo o Fabio Massari falar de música de todas as eras e vertentes. Todo aquele universo musical que ele retratava e vivia, no rádio ou na MTV, serviu de inspiração para o que eu viria a fazer adiante na minha carreira como jornalista musical. Li recentemente o Mondo Massari - Entrevistas, Resenhas, Divagações & ETC (Edições Ideal), seu quarto livro, um tomo de respeito, quase 500 páginas, que reúne o melhor de sua produção autoral nos últimos 14 anos. É uma espécie de viagem sem fronteiras pelo mundão dos bons sons. Obrigatório para quem se interessa por Jornalismo e rock”.


(wallpaper) Pietro Ziareski Texto: Camila Grillo Info: bselvagem.com.br


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Com um repertório que envolve a produção de tirinhas, cartazes para shows, estampas, ilustrações editoriais em geral, muralismo, pintura ao vivo em eventos, HQs e, recentemente, ilustrações para videoclipes, Pietro Luigi Ziareski, 26 anos, é formado em Design Gráfico e traz a inspiração do cotidiano para seus trabalhos. “Gosto dessas coisas de caras desesperados e engravatados fugindo da chuva, aqueles desenhos tortos de um Popeye da vida, que tem nas oficinas e pequenos comércios nas vilas. Mulheres gostosas comendo coxinha no boteco do lado do trampo, seguranças fumando, neons das casas de entretenimento adulto, transporte coletivo... Enfim, curto o cotidiano e caras que sabem escrever sobre isso, tipo Lou Reed, Rafael Castro, Mark Sandman, porra, uma porrada de gente. Gosto bastante também do Jack London e do Clint Eastwood e coisas mais gordurosas como Bob Esponja, A Grande Família, e aquela coisa glamour decadente dos Cramps e do Tarantino. Muita coisa me serve de inspiração, mas considero o cotidiano a mais forte”, explica o artista, que já trabalhou em agência, estamparia e gráfica. “Publiquei algumas histórias na revista Mad, fiz toda a identidade visual, da pulserinha da imprensa ao outdoor,

de um festival de bandas que rola lá em Londrina, muito cartaz para show. De vez em quando pinto uma parede e ultimamente tenho me dedicado ao meu projeto pessoal que é a revista O Banhero Selvagem, que é basicamente de história em quadrinhos e coisas que eu curto como bandas obscuras, putaria e dinossauros”, diz. Entre “banana, café, cigarro e prato feito”, o artista utiliza materiais específicos em sua criação. “Geralmente desenho a lápis, finalizo no nanquim e pinto no computador. Mas tem muito trabalho que eu pinto à mão. Daí eu uso aquarela e lápis de cor, ou então canetinha, escolares mesmo, ou ainda tinta látex, aquelas de parede. Quando faço colagens, uso toda sorte de revista, catálogo etc... Sempre me desafio a usar novos materiais”. Para Pietro, O Banhero Selvagem #1 foi o trabalho mais importante que ele já produziu. “Essa revista me proporcionou participar de grandes eventos como a Feira Plana e a Erótika Fair, além de outras pequenas feiras e festas de lançamento que rolaram durante o ano. Mas, sei lá, cara, tenho pra mim que no final das contas eu ainda sou a minha melhor piada”, finaliza.


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(resenhas)

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guri

Quando Calou-se A Multidão Foto: Bruno Guerra Alexandre Assis Brasil, o Guri, guitarrista da Pública, nascido no Rio Grande do Sul e radicado em São Paulo há cinco anos, lançou seu primeiro trabalho solo intitulado. O disco, que foi viabilizado através de financiamento coletivo, conta com 10 músicas autorais e está disponível de forma gratuita na internet ou em CD. Cada uma delas deixam claras as influências, que vão do rock gaúcho até os ritmos mais específicos do Sul, como milonga ou até mesmo bolero e tango argentino. Entre as participações de peso,

estão a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana em Todos Meus Amigos Vão Me Ouvir Cantar e Pélico em Ao Sul. A faixa Azul ganhou um clipe bem produzido, estrelado pela atriz Carla Lamarca. Guri tem um grande caminho pela frente e com certeza irá colher bons frutos com este disco que traz características singulares nos tempos de hoje. Alexandre M.


(resenhas) BLACKJAW The Anchor Sleeps

Na estrada desde 2009, os praianos do Blackjaw lançaram no final do ano passado o sucessor do primeiro EP, Dancers Get All the Girls (2010). Com produção sob o comando de Fabricio Luiz de Souza e Nando Bassetto, ambos do Garage Fuzz, e da própria banda, The Anchor Sleeps traz cinco novos sons que mostram o amadurecimento e a intensidade de um grupo de hardcore melódico com influência de nomes dos anos 90 do gênero. Destaque para New Priorities, que ganhou um vídeo dirigido por Kennedy Lui (Zebra Zebra). Antonio Augusto

Taunting Glaciers S/T

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Essa banda catarinense foi uma das gratas surpresas para meus ouvidos nos últimos tempos. Adicionando elementos de ambient music e rock alternativo ao seu punk rock digamos assim, eles conseguiram uma sonoridade bem particular. Lembrando ora Hot Water Music, ora Thrice na fase antes de acabar, quando misturavam bastante teclados e guitarras dissonantes nas canções. A faixa que abre o EP, On Discussing Wolves, ganhou um belo clipe produzido pela própria banda, mostrando sua veia DIY. A bolacha será lançada no formato de vinil 7” e CD digipack, que acompanha duas faixas bônus acústicas. Helio Suzuki

DINAMITE CLUB Tiro & Queda

Formada em 2010, após vários EPs, O Dinamite Club chega ao seu lançamento definitivo, o CD é um full como manda a cartilha. Ele começa com a intro Tiro e é seguida das incríveis Scott Pilgrim e Contra o Mundo (que ganhou clipe). E segue mantendo muito bem a levada pop punk puxando um pouco para o hardcore californiano e só baixa o ritmo na acústica Mandril. Mesmo com 14 faixas não cansa, ainda mais com a porrada Queda que encerra o disco com três participações: Deborah (Debbie and The Rocketeers), Deco (Ímola) e Milton (Bayside Kings) com força total, além do tapa na cara da cena-hardcoreclasse-média-alta com a frase “Não venha me dizer que as coisas não vão bem, te convido a pegar o mesmo trem que eu às 6h”. O disco foi produzido por Gab Scatolin e gravado nos estúdios Nimbus e Cabaret, a mix e a master ficaram por conta do Mug Studio. Shamil Carlos


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HOLIDAYS AND HEAT To The Long Haul

Rock americano tocado por brasileiro, esta é a melhor definição para To The Long Haul, primeiro álbum do Holidays And Heat, que na realidade é o projeto solo do multi-instrumentista Lou Parisi. Disponível por enquanto somente no formato digital, ele conta com 12 faixas, todas em inglês e com arranjos influenciados por ritmos como o country e o blues. O disco foi captado no Brasil, mixado e masterizado nos EUA. Qualquer uma das músicas representa muito bem a identidade do projeto, mas eu indicaria para uma primeira audição Land of Bastards, Preacher Man e, para mim, a melhor, We’re Fast, We’re Young. Alexandre M.

The leprechaun Long Road

Ouvindo a banda pela primeira vez, me senti como se estivesse em um legítimo pub em Dublin. Mas não! Para nosso orgulho, esse grupo é brasileiro, mais precisamente de São Paulo e com apenas dois anos de vida, já conquistou uma legião imensa de fãs. O som? É folk com aquela pegada celta e pitadas de punk rock, para agradar tanto admiradores de Flogging Molly, quanto de Social Distortion! Praticamente uma orquestra, o The Leprechaun tem sete pessoas em sua formação, incluindo violino e banjo americano, que dão um toque especial a sua sonoridade. A bela voz de Fabiana Santos é a cereja do bolo. Este belo trabalho, que será lançado em abril pela Hearts Bleed Blue, foi masterizado na Califórnia por John Golden, que já trabalhou com bandas como Flogging Molly, Superchunk e The Melvins. Helio Suzuki

Menores Atos Animalia

O recém lançado trabalho de retorno do trio carioca é um álbum intenso. Disponível a princípio apenas no formato digital, este registro nos contempla com 10 faixas de puro rock alternativo: melodias enérgicas, agressivas e letras sinceras. O disco, produzido e gravado no Estúdio Superfuzz por Gabriel Zander, ainda conta com a participação de Reynaldo Cruz (Plastic Fire) em Tragédia Circular. Animalia é uma ótima oportunidade de iniciação na compra de música digital para os que ainda não são adeptos ao formato. Antonio Augusto

Envie seu material para a redação contato@curtocircuito.art.br

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(artigo) Texto: Henrike Blind Pigs Info: sydneytown.bigcartel.com e aggrobeat.com

Lion’s Law Watch ‘em Die .34

Camera Silens Realité

Klaxon 1984

Para esta edição vamos focar em dois selos novos, mas bem ativos na cena street punk: Sydney Town, de São Francisco (EUA) e Aggro Beat, da Holanda. Ambos especializados em bandas internacionais. O Sydney Town Records tem apenas alguns lançamentos em seu currículo, mas são vinis de respeito. Criado por Carl Cordova para lançar os discos da sua banda, Sydney Ducks (entre eles o compacto Stray Dogs), o selo hoje foca em grupos da cena europeia. O mais recente é Watch ‘em Die, compacto de estreia dos franceses Lion’s Law, que conta com veteranos da cena Oi! de Paris e anda fazendo barulho com seu novo LP que saiu recentemente via Contra Records. O compacto é limitado, vem com uma bela capa que vira um pôster, e três hinos Oi! que são cantados com melodia e agressividade, do jeito que eu gosto. Os outros dois LPs do selo são reprensagens de clássicos do punk europeu. A banda skunk (skins and punks) francesa Camera Silens teve seu disco Realité, de 1985, relançado em edição deluxe em vinil 200 gramas. Considerado um verdadeiro documento do início do punk rock francês, ele é todo cantado na língua natal, o que eu sempre acho muito foda. Com uma sonoridade única, é um belo disco e merece ser escutado. A banda Klaxon parece ser o Clash italiano, com um punk rock melódico que não perde a força. O ótimo 1984 tem um lado com músicas cantadas em inglês e o outro em italiano. Elas foram tiradas do EP que eles mesmos financiaram nos anos 80, com faixas de coletâneas da época e algumas inéditas. O que eu posso dizer? A Sydney Town Records me surpreendeu com três excelentes discos de bandas que eu não conhecia.


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Agora vamos atravessar o Atlântico e visitar a Holanda onde fica o escritório do Aggro Beat, do meu amigo Paul Benschop. O selo é relativamente novo, foi criado em 2011, carrega a doutrina original dos SHARPs (Skinheads Against Racial Prejudice) e se especializa em lançamentos da cena Oi! mundial. Formada por veteranos da cena alemã, a Cracks & Scars1 lançou seu disco de estreia, Stick To Your Guns, pela Aggro Beat em 2012. Uma mistura de street punk com hardcore cantado em inglês faz do disco uma boa pedida para fãs dos dois estilos. Kids Of The Street2 foi a primeira banda Oi! russa que ouvi na vida. Com o interessante lema Orgulho Sem Preconceito, os hooligans de Moscou detonam um Oi! melódico de qualidade em seu CD Burn It Down. Formada em 2008, a Kids Of The Street já pode ser considerada uma das principais da cena de seu país. Eu só gostaria de ouvi-los cantando algumas músicas em russo, pois o disco é inteiro em inglês. Os skinheads italianos do Dead End Street3 quebram tudo pelo caminho com o ótimo compacto de estreia. Street punk nervoso cantado em inglês. O grupo tem futuro, e fico no aguarde de um LP com inéditas. Outro lançamento interessante da gravadora é o Split LP4 com os veteranos britânicos The Warriors de um lado e os alemães Halbstark Jungs do outro. O vocalista do The Warriors, Saxby, é membro original da lendária banda Oi! Last Resort e nesse disco os guerreiros ingleses mandam dois covers de respeito: Cock Sparrer e, lógico, Last Resort. A Halbstark Jungs é relativamente nova na cena alemã e nesse disco manda três sons em inglês e um em alemão que conta com a participação do vocal da Toxpack. Como sempre, deixo o melhor por último. No Man’s Land5 é uma banda Oi! da Indonésia! Sim, Indonésia! Pioneiros da cena skinhead no país, ela está na ativa desde 1994 e lançou algumas fitas cassetes, CDs e discos que hoje viraram itens de colecionador. Para o CD The Best Of 1994-2012, a banda regravou 28 de suas melhores músicas e o resultado está espetacular. Um grande registro que não canso de ouvir. O logo dos caras também é fodido: dois leões, um par de Dr. Martens cereja e o slogan Love Music, Hate Politics. Para mostrar o crescimento da cena no país asiático, que, aliás, já foi colônia holandesa, a Aggro Beat também lançou a coletânea Oi! Made In Indonesia6, um CD recheado com 25 músicas de 13 bandas, incluindo a No Man’s Land que na capa carrega o lema Unity in Diversity (Unidade na Diversidade). E 2014 já começou com o coturno na porta para a Aggro Beat com um 10 polegadas dos canadenses The Prowlers e um LP dos veteranos do País de Gales, Foreign Legion. É isso aí, punk rock é uma língua verdadeiramente universal e esses dois pequenos grandes selos estão aí para provar isso.

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(artigo)

Toda vez

Pra ler ouvindo The Gaslight Anthem , Great Expectations Texto: Bruno Barbieri, redator

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Aconteceu de novo. E toda vez é a mesma coisa. Não tem jeito. Não importa o que eu faça e nem o quanto eu tente evitar. Toda vez é sempre a mesma coisa. Em poucos segundos meu coração dispara, desce correndo pra boca do estômago e fica ali batendo sem parar. A respiração falha. A voz some. A mão treme. Até os piolhos, que eu espero não ter, parecem correr aflitos pela cabeça. Tem gente que chama isso de paixão a primeira vista. Eu chamo de outra coisa. Outra coisa, porque de primeira isso não tem nada. Eu já me apaixonei por você um milhão de vezes. E também não tem nada de vista. Porque eu não te vi. Nem vi de longe aquele seu cabelão que eu adoro, mas que você tanto queria cortar. Não vi aquele seu sorriso gostoso que você sempre solta quando eu conto minhas piadas idiotas. Também não vi seus olhos puxados e seu nariz amassado, as únicas partes que ficavam de fora quando você fazia uma cabana com as cobertas pra fugir do frio. Na verdade, tem muito tempo que eu não te vejo e por isso também posso dizer que nem seu cheiro doce, que você insiste em dizer que não tem, eu senti. Não. Não teve nada disso. Também não ouvi o som do seu salto-alto batendo no chão todo desengonçado enquanto você tentava deixar de ser menina. E nem do seu grito me chamando pra ver como você tinha ficado. Nada disso aconteceu e mesmo assim, eu tô aqui tremendo até agora. Eu simplesmente ouvi um acorde. Três pra ser mais exato. Três acordes que juntos formam uma música. Uma música simples e potente que tem seu nome no refrão. A parte mais difícil de ouvir. Uma música que você nem sabe que é nossa. Que nem eu sabia que era nossa. Mas que toda vez que eu escuto. Sem nenhuma exceção. Toda vez que eu escuto, eu me apaixono por você.


(artigo) O clássico jargão: “O mundo dá voltas” Texto: Mariana Perin, produtora

2014 é o ano da Copa. Muitos não querem estar por aqui, mas é um ano ótimo para quem é bilíngue e quer trabalhar com produção de eventos. Dizem que é um ano também bom para aprovar projetos nas diversas leis de incentivo que temos por aí. Ouvi de uma grande professora, a Mestra Ana Carla Fonseca Reis, que ministra aulas de Economia da Cultura na FGV que “o artista não pode depender das políticas públicas, e sim as políticas públicas devem depender dos artistas”. Depois de 12 anos, li novamente o Mate-me Por Favor, que conta a história do punk sob a ótica da cena americana. Ler aos 32 foi muito bom para reavaliar um pouco o cenário fonográfico, do entretenimento e o que queremos do roquenrou. Não que eu goste de lugares sem equipamentos e que cheirem urina, mas sinto que ainda nos falta um lugar que receba o rock, sem que público versus lucro seja diretamente o objetivo. Eu ainda acredito na diversão. Me disseram que o Dead Fish, em show no Hangar 110, se assumiu como uma “banda de esquerda”. Ri por dentro e fiquei feliz. Assisti a entrevista do Caetano Veloso no Altas Horas e me identifiquei quando ele brinca que se sente um “liberal inglês”, porque eu, produtora e atriz, me autodenomino uma pessoa de “esquerda”, mas estou cada vez mais descrente nos sistemas de administração pública no país. Ao mesmo tempo, acredito que temos que utilizar todas as ferramentas e formas de se fazer e produzir arte. Como formar público? Estive no litoral, especificamente em São Sebastião. Cresci naquela cidade. Meu pai teve um pequeno negócio falido na década de 90, e eu e minha irmã passamos parte da nossa adolescência frequentando sambas em clubes beiramar com a população caiçara, a qual temos o prazer de sermos amigas até hoje. Escolhi esta cidade para celebrar minha união matrimonial. Eu amo este lugar. Passeando com os meus cães e com o meu marido, me deparei com uma cidade diferente, tomada pela sua juventude. Rodas de break e skate no Centro Histórico. Já no meu bairro, o também histórico São Francisco da Praia, rodas de violões em locais arborizados, iluminados, frequentados por gente feliz. A população se apropriou de praças, porque elas estão preparadas para recebê-la. Fiquei maluca. Óbvio que já pensamos em mil festivais, projetos, ainda mais ao ouvir que o show do CPM22, no início do ano, colocou mais de 10.000 pessoas pulando e cantando sucessos, já que “o mundo dá voltas”. Eu quero me arriscar neste ano. Acho que é o momento. E convido a todos para embarcar nesta experiência que pode ser importante para mudar a cena independente. Podemos nos profissionalizar sim. Até quando você vai tocar “de favor”? Me diz?

E aí, curtiu? Manda seu comentário pra contato@curtocircuito.art.br

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(5 destaques) Nesta edição escolhemos cinco álbuns que tiveram lançamento físico em vinil e que nos agradaram! Alexandre M.

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Ratos de Porão (LP) Quinto álbum de estúdio do RDP, lançado oficialmente em 1989. Em 2013, ganhou uma nova reprensagem com vinis nas cores verde e amarela.

zero e um

Dead Fish (LP) Sexto disco da banda, lançado em 2004 somente em CD. Em 2013, teve sua versão em vinil bicolor amarelo e preto e vinil preto.

Sintoniza Lá

BNegão & Seletores de Frequência (LP) Segundo álbum do Bnegão, lançado oficialmente em CD em 2012. Teve em 2013 a prensagem em vinil 12” com capa gatefold.

lúcifer

Os Pedrero (7”) EP da banda capixaba, lançado no final de 2013 em vinil 7” e também em CD.

s/t

O Cúmplice (7”) O primeiro EP da banda paulista foi lançado no ano de 2012 em vinil 7”.

5 DESTAQUES tem a intenção de postar, como o nome diz, alguns destaques que passaram pela redação da revista e que chamaram a nossa atenção. Não é uma lista e nem um ranking! Simplesmente vamos mencionar destaques do cenário nacional, sem considerar ano de lançamento ou estilo.




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