Lieux de mémoire Portugal

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Ano 1910

Ano 2016


 Como monumento religioso, o Cruzeiro do Padrão, também conhecido

por Cruzeiro do Senhor do Padrão ou Padrão da Portela é assim descrito pelo Padre Lopes dos Reis: “ É ainda digno de mencionar-se como monumento religioso o Senhor do Padrão que se ergue no meio da rua d’Este nome na forma de um obelisco de granito de nove metros de altura, tendo na base circuitada por uma grade de ferro a imagem de Santo António, feita na mesma pedra. Do alto da coluna que termina em cruz está pendente a imagem de Jesus Crucificado que foi laborada com uma perfeição inexcedível. Conta-se que os franceses quando aqui passaram, os profanadores das igrejas e blasfemadores de Deus, ao avistarem essa imagem, se descobriram reverentemente. O operário que a fez, dizem, trabalhava apenas uma hora por dia, e só uma paciência extraordinária, podia levar a cabo tão delicada obra. Na face principal do pedestal tem inscrita a seguinte oração: "Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento.  Sacramento da Eucaristia, Fruto de ventre sagrado da Puríssima Virgem

Maria”. É "Monumento Nacional" desde 1910.


 Esta mesma designação clarifica bem a função topográfica dos cruzeiros,

sendo que a rua onde este se levanta é justamente apelidada de Rua do Padrão, artéria que na época ligava o Porto a Penafiel, alargando os subúrbios da cidade.


Ano 1625

Ano 2016


 Corria o ano de 1625, no regresso do Brasil Manuel António foi acossado

de medonha tempestade. Tendo estado prestes a naufragar, envolto em pânico, invocou a Nossa Senhora, a estrela dos mares, e foi salvo. Cumpriu o seu voto, construindo a capela da Nossa Senhora das Chãos, no meio da Serra de Valongo, para gritar aos vindouros o imenso e perpétuo obrigado à Mãe do Céu. Foi reedificada em 1866 por Joaquim Marques da Nova, como consta da inscrição colocada sobre a porta principal, e em 1899, por Delfim Lopes da Cruz. Nossa Senhora dos Chãos é advogada ou protectora dos Navegantes e de todos aqueles que se encontram em perigo ou dificuldade.  Realiza-se uma festa todos os anos no 1º Fim de Semana do mês de

Setembro. No Sábado à noite realiza-se a Procissão das Velas para a Igreja Matriz de Valongo e no Domingo regressa à capela de Nossa Senhora das Chãos, que se situa no Alto da Serra de Valongo com uma vista admirável para toda a Cidade de Valongo e envolvente.


1960 – 33.300 habitantes 1970 – 41.265 habitantes 1981 – 64.234 habitantes 1991 – 74.172 habitantes Variação da população (%) 1960/70 – 23,9% 1970/81 – 55,6% 1981/91 – 15,5%


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Sendo uma povoação muito antiga, nota-se a presença dos povos romanos pelos vestígios encontrados, tais como lucernas, vasos de cobre ou o Fojo das Pombas, de mineração da época romana. Foi conquistada aos romanos pelos suevos, e a estes pelos visigodos. Os árabes conquistaram-na aos visigodos. A freguesia de Valongo já existia em 807. Desta freguesia fazia parte a povoação de S. Martinho do Campo, conhecida também por S. Martinho de Valongo. A povoação de Valongo é referenciada nas Inquirições de 1258. Em 15 de Dezembro de 1519, D. Manuel I atribui foral às terras da Maia. Neste foral está incluída a povoação de Valongo. No séc. XVI, era conhecida pela denominação de Valongo da Estrada. Este nome era devido a ser um ponto de passagem das rotas comerciais. De facto, desde muito cedo que Valongo é um ponto de passagem dos almocreves, mantendo a região em constante contacto com outros pontos do país e do estrangeiro. Valongo foi um ponto fundamental na batalha de Ponte Ferreira que opôs D. Pedro e D. Miguel, nas lutas liberais. Na localidade de Campo, ainda hoje aparecem por vezes, nos trabalhos agrícolas, balas resultantes daquelas lutas. O concelho foi constituído em 1836, incluindo freguesias que pertenciam anteriormente aos concelhos de Aguiar de Sousa (S. Martinho do Campo e Sobrado), Maia (Alfena, Asmes e Valongo) e Paredes (Gandra). Valongo foi elevada a vila em 20 de Abril de 1837, pela rainha D. Maria II. Em 11 de Julho de 1867 este concelho foi extinto, mas foi de novo restaurado pouco tempo depois. A situação geográfica de Valongo valeu-lhe o desenvolvimento, seja demográfica ou economicamente. Atualmente, a agricultura continua a ser uma atividade económica importante na região. Também tem grande significado a indústria e a exploração mineira, já iniciada no tempo dos romanos, principalmente na procura do ouro. Também se desenvolveu a exploração da ardósia, a moagem e a panificação, esta última também com tradições muito antigas. De facto, no início do séc. XVIII as padeiras deste concelho iam abastecer o Porto de pão.



 Nos anos 90, as viagens eram

demoradas nas linhas de caminho-de-ferro na zona do Porto. Lembro-me das viagens à cidade de Valongo com os meus pais, para ir ao médico quando estava doente e o percurso de Recarei à estação de Valongo era mais demorada do que é na atualidade: os comboios eram lentos; havia muitos atrasos de horário; a estação tinha só uma linha de percurso de viagem e outra para cruzar os comboios do sentido contrário, havia sempre guerras entre os passageiros impacientes pelos atrasos com os funcionários da estação e o seu chefe responsável.


 A estação era mais antiga, era engraçado como vendiam os bilhetes de

viagens, carimbavam cartões para depois serem furados pelos “Picas”, os revisores. A estação teve de sofrer alterações na própria estação para melhorarem os serviços de funcionamento e alteração do modo recursos, de combustível para eletricidade, então lembro-me de ver a estação de Valongo estar em obras em pleno caos, era uma estação muito similar a todas as outras.  A estação em Valongo, como em todas as outras estações, era um ponto de emigração e imigração e também meio de transporte para os fluxos migratórios em todas as regiões. Vinham pessoas do interior do país para Valongo e também gente desta terra que procuravam trabalho e se fixavam em várias terra à procura de trabalho e melhores condições de vida.  Esta estação faz parte da linha do Douro inaugurada a 28 de julho de 1875. O edifício principal e mais antigo remonta a essa altura. Valongo dispunha de dois cais de embarque de mercadorias, a partir dos quais os seus produtos eram transportados por comboio. O movimento chegou a ser dos de maior escala em toda a linha do Douro. Nas plataformas as padeiras valonguenses, apregoando, vendiam a afamada regueifa e os gostosos biscoitos aos passageiros que se abeiravam às janelas das carruagens. (artigo retirado da página da Câmara de Valongo- http://www.cm-valongo.pt/frontoffice/pages/544?poi_id=85)


Populaçã População o em 1940 em 1950

 Analisando os valores do

quadro 27, verifica-se que entre 1930 e 1960 a população do Grande Porto aumenta em 243 000 indivíduos, sendo o aumento mais significativo de 1930 a 1940.  Quadro- Evolução e Variação

da População residente nos concelhos do grande Porto, 1930 a 1960

Gondomar (Pop.) (%) Maia (Pop.) (%) Matosinho s (Pop.) (%) Valongo (Pop) (%) V.N. de Gaia (Pop.) (%)

C. Periféricos (Pop.) % Porto (Pop.) %

Grande Porto (Pop.) %

Populaçã o em 1960

Variação da populaçã o 1930/40 %

Variação da população 1940/50 %

Variação da população 1950/60 %

61 755 11,0

71 058 11,2

84 599 11,7

24,1

15,1

19,1

37 026 6,6

43 906 6,9

53 643 7,4

25,4

18,6

22,2

57 964 11,2

73 786 11,7

91 017 12,6

23,9

16,9

23,4

23 568 4,2

27 939 4,4

33 300 4,6

36,7

18,5

19,2

119 697 21,2

133 760 21,2

157 357 21,8

16,3

11,7

17,6

300 010 52,2

350 449 54,1

419 916 55,5

21,9

14,8

19,8

258 548 45,9

281 406 44,5

303 424 41,9

12,5

8,8

7,8

558 558 100

631 855 100

723 340 100

17,4

12,1

14,5


Em Valongo atualmente verifica-se uma crescente diversificação cultural, devido à fixação de populações migrantes nas suas áreas de influência, migrantes vindos de outros países europeus ou de outros continentes, migrantes fixados nos países de acolhimento. Portugal, tradicionalmente um país de emigrantes, tornou-se mais recentemente num importante destino de imigrantes.

Em muitos aspectos o pluralismo cultural coloca um desafio ao pensamento dominante, aos pressupostos da educação e às suas práticas culturais.

Hoje Valongo, terra de história e com a fácil ligação tanto por estrada como de comboio, ainda é um ponto de referência tanto de população de cá como gente de diferentes pontos do país. A estação de Valongo é uma paragem e o meu percurso de viagem, sou mais um passageiro entre passageiros que utiliza o comboio.



 Intimamente ligada à história e tradições da região, a indústria da panificação

e os seus derivados têm-se vindo a desenvolver em Valongo ao longo dos tempos.  Dos produtos destacam-se a regueifa e os biscoitos, cuja a fama cedo se difundiu pelo norte e mais tarde por todo o país.  Foi neste ambiente de grande identidade valonguense associada à panificação que, em 1874, surge uma fábrica de biscoitos por sociedade entre António Sousa Malta Paupério e Joaquim Carlos Figueira, tomando por designação “Paupério e Companhia”.  Embora haja referência a prémios atribuídos a produtos Paupério em datas anteriores à data da fundação desta nova sociedade, certo é que, pouco tempo depois da sua constituição, foram atribuídos prémios em exposições internacionais nomeadamente em Filadélfia em 1876 Palácio de Cristal 1877 e no Rio de Janeiro em 1879.


 No princípio a empresa acumulava a produção de biscoitos

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com o fabrico de pão, a moagem e a comercialização de cereais. Só mais tarde se dá a dedicação exclusiva do fabrico de bolachas e biscoitos. O registo da marca Paupério, que remonta o inicio do Séc. XX para as bolachas e biscoitos desta fábrica, atesta a importância e exclusividade destes produtos que passaram além-fronteiras até às províncias ultramarinas de Angola, Moçambique e Guiné. Em 1974, ano de revolução em Abril, a empresa comemorou o centésimo aniversário. “Comemoramos os 100 anos e os patrões iriam fazer um jantar, mas anularam. Depois deram-nos as medalhas mas sem festa. Havia receio do que o futuro reservava”, descreveu a operária Carmen Carvalho na Paupério desde 1971.


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Actualmente é gerida pela 6º Geração da Família Figueira, mantendo uma linha de biscoitos tradicionais com as mesmas receitas utilizadas desde a sua criação. A tecnologia utilizada é ainda muito artesanal, sendo alguns dos equipamentos autênticas peças de museu. No entanto, tal facto nunca constituiu em trave à elevada qualidade dos seus produtos. A empresa implementou um rigoroso sistema de segurança alimentar baseado nos mais exigentes princípios do HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points), ou seja, Análise de Risco e Pontos Críticos de Controle, que juntamente com os recentes investimentos na modernização dos processos de embalamento oferecem uma garantia de qualidade ao cliente e aos consumidores finais. A empresa assegura algumas dezenas de postos de trabalho e a distribuição atinge o seu máximo no período de setembro a abril, com particular destaque para as épocas festivas do Natal e Páscoa. A fábrica Paupério mantém a tradição de apresentar como a sua melhor publicidade a garantia dos produtos de alta qualidade, conquistando assim o bom nome e a preferência de que goze e que sempre tentará manter.




 No dia 24 de junho

realiza-se em Sobrado uma festa de características peculiares: as bugiadas. A festa tem raízes antiquíssimas, não se conhecendo ao certo a sua génese; no entanto acredita-se que esteja ligada às comemorações do solstício de verão (assim como em Podence se comemora o solstício de inverno com os caretos).


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Conta-se que habitavam na serra de Cucamacuca (Sta. Justa) mouros (mourisqueiros), provavelmente na extração do ouro, sendo que a filha do rei Mouro (Reimoeiro) adoeceu gravemente. O rei chamou todos os sábios e curandeiros da região afim de curarem a filha. Sem resultado. A jovem não melhorava. O Rei começava a impacientar-se quando ouviu falar de uma tribo cristã que habitava ali perto (Sobrado) e que tinha uma imagem milagrosa (S. João), eram os bugios. A imagem já havia noutra ocasião curado a princesa dos bugios. O Rei mouro, em desespero de causa, pediu a imagem emprestada aos bugios, que acederem ao pedido. A princesa moura é curada. O rei mouro organiza então grandes festas em honra de S. João, mas recusa-se a devolver a imagem aos bugios. Mas a ingratidão do Reimoeiro vai mais longe, em almoço por ele oferecido, em jeito de afronta, oferece aos bugios os restos do repasto. O "caldo" estava entornado. Os bugios reclamam a imagem como sua, os mouros recusam-se a dá-la. Estala a guerra. São trocadas mensagens entre os dois reinos afim de se fazer a paz. Nada feito. Os Senhores doutores de Lei (advogados) também intervêm e debatem as leis entre eles. Não chegam a acordo. Trocam-se tiros entre os dois castelos. O ambiente aquece. O Reimoeiro, farto do impasse em que se tornou a guerra, reúne o exército e toma o castelo cristão (bugio) de assalto prendendo o Velho (rei dos bugios). Tudo parece perdido, sem a imagem e com o rei preso, a tribo cristã que pecou apenas pela sua generosidade, vê o seu fim perto, às mãos mouras. O rei cristão é levado. Só um milagre poderia salvar a tribo cristã e o seu rei. Mas, eis que um reduto de bugios fieis ao rei surge, entre a multidão, trazem algo, uma serpe gigantesca que assusta os mouros (fugindo deixando o Velho da bugiada para trás). Restituise a ordem inicial. Como sempre o bem triunfa.


A Festa da Bugiada é uma manifestação popular tradicional que se realiza anualmente, no dia 24 de junho, sob a invocação de São João, na vila de Sobrado, município de Valongo. É uma tradição antiquíssima, que se desenrola sob a forma de uma luta entre mouros e cristãos, designados localmente por Mourisqueiros e Bugios, respectivamente.

A Festa da Bugiada tem por detrás uma lenda transmitida oralmente de geração em geração, que remontaria ao tempo em que os muçulmanos ocuparam boa parte da Península Ibérica. Essa lenda dá conta da disputa de uma imagem milagrosa de São João, detida pelos bugios, a que os mourisqueiros pretenderiam também recorrer para salvar a filha do seu rei.

Esta manifestação desenrola-se sob a forma de danças. Os bugios, sob a condução do Velho da Bugiada, vão mascarados, vestidos de roupas garridas, levam penachos de fitas na cabeça, guizos por todo o corpo e castanholas nas mãos. São, habitualmente, em número de várias centenas, de todas as idades, e fazem uma enorme algazarra. São o lado folião e telúrico da festa.

Os mourisqueiros são comandados pelo Reimoeiro. São rapazes solteiros, em número de algumas dezenas. Usam um fato colorido e listado, na cabeça levam uma barretina cilíndrica, ladeada de espelhos e encimada de plumas, usam polainas e, na mão direita, transportam uma espada. São o lado organizado, apolíneo, militar, da festa.

Depois das danças, que têm início pela manhã, a "Festa da Bugiada" atinge o seu clímax ao fim da tarde, quando cada uma das formações sobe ao respectivo castelo e tem início a guerra, acompanhada, em simultâneo, de trocas de "embaixadas" e de "negociações diplomáticas". Não havendo acordo, os mourisqueiros atacam o castelo bugio e levam o seu Velho preso. Quando tudo parece terminado, os bugios recorrem a uma gigantesca serpe, aparecem de rompante aos mourisqueiros, libertam o seu chefe e cada formação vai fazer a respectiva dança final em seu sítio.


 A Bugiada não é, porém, constituída apenas pelo que se passa em torno

da tensão entre bugios e mourisqueiros. De facto, há três outros tipos de manifestações populares tradicionais que se entremeiam nesta festa. Uma delas é o conjunto de cenas de crítica da vida local e nacional, típicas da época carnavalesca. Outra é o ritual da lavra da praça, em que as operações de lavrar, gradar e semear são feitas na sua ordem inversa. Finalmente, a mais espetacular é a chamada Dança do Cego ou Sapateirada - uma cena curiosíssima de teatro popular, em que se evoca a perturbação causada numa comunidade local pela chegada de um cego que viaja de terra em terra, guiado pelo seu moço.  A festa mobiliza boa parte dos habitantes desta populosa freguesia do Grande Porto.  http://estoriasdaminhaterra.blogs.sapo.pt/11356.html  http://bugiosemourisqueiros.blogspot.pt/



Ainda hoje, alguns mineiros têm cicatrizes por causa dos acidentes ocorridos nas minas. Muitos mineiros nunca esqueceram a frase "O que é um mineiro? É o único homem que luta pela vida com os pés na cova.“

http://valongo_sl.blogs.sapo.pt/1383.html http://revistabusinessportugal.pt/149-anosde-historia-das-louzas-de-valongo/ www.visitarportugal.pt/distritos/d-porto/cvalongo/valongo/historia

Alguns mineiros começavam a trabalhar nas minas por volta dos 15 anos (às vezes até mais novos), pois não tinham dinheiro e deixavam a escola para trabalhar. Os mineiros recebiam cerca de 17$20 por dia, o que hoje equivale a 0.8€ por dia (por isso, ao fim de um mês ganhavam mais ou menos 24€ - muito pouco). Muitos dos mineiros morriam por causa do pó que os impossibilitava de respirar.


 A História da Lousa de Valongo é muito antiga. A exploração deste

material no concelho começou em 1865 com a instalação da companhia inglesa The Vallongo Slate & Marble Quarries Company, que mais tarde, após a venda, adquiriu o nome de Empresa das Lousas de Valongo.  No séc. XVI, era conhecida pela denominação de Valongo da Estrada.

Este nome era devido a ser um ponto de passagem das rotas comerciais. De facto, desde muito cedo que Valongo é um ponto de passagem dos almocreves, mantendo a região em constante contacto com outros pontos do país e do estrangeiro.



 Certo dia um grupo de amigos decide ir fazer um pequeno passeio pela

floresta de Couce e um deles decidiu inventar uma brincadeira nova que consistia em subir aos ombros de outro para chegar a um suposto ninho de aves chamadas coucinhos; mas o objetivo do traquina era subir aos ombros do amigo para lhe dar uns coucinhos (coices, pancadas). Então, subia aos ombros do outro e perguntava-lhe: Quantos coucinhos queres? O de baixo pedia: Quatro coucinhos!  Imediatamente, o nosso traquina dava-lhe os quatro coucinhos – quatro  Couce é uma pequena aldeia do concelho de Valongo situada entre duas

serras, a serra da Santa Justa e das Pias, banhada pelo rio Ferreira. Vale a pena percorrer calmamente os caminhos empedrados deste pequeno aglomerado típico e observar as marcas do passado aqui presentes, como as casas antigas, feitas com blocos de quartzite, proveniente da exploração mineira e de xisto. De notar a particular configuração das paredes, irregulares, por aproveitarem os materiais diretamente da natureza, sem tratamento prévio. Não deixe de passar pela ponte (romana) de Couce e de visitar a capela da aldeia.  Palheiros e eiras serviam de apoio às atividades agrícolas do local e

eram, ao mesmo tempo, locais de convívio para as populações, enquanto, em gruo, debulhavam o milho.


Inspire-se nesta alegria antiga, contorne a aldeia pelo seu lado mais verdejante e fresco, junto ao rio e saiba que em Couce terão habitado romanos e os seus escravos, muitos séculos antes das marcas ainda presentes no local, como as casas muito aglomeradas umas junto às outras, uma forma de defesa das ameaças exteriores, dado o isolamento da povoação. Mas ainda antes, nas serras de Santa Justa e Pias estão referenciados três castros que integram o Parque Paleozóico de Valongo: Alto do Castro; Castro de Pias e Castro de Couce que remetem para povoados primitivos posteriormente ocupados pelos romanos, povo que aqui se terá estabelecido para explorar os minerais existentes no subsolo. Desta presença fica também como herança a lenda das mouras encantadas que se abrigam na serra de Santa Justa e que aqui cozinham nos seus caldeirões quando está nevoeiro.


 Aventure-se pela serra de Santa

Justa num de três percursos pedestres e existe ainda outra alternativa: o Corredor Ecológico que liga o Parque da Juventude à aldeia de Couce, seguindo depois para a Serra de Pias. Estendendo-se por 9 quilómetros, permite a observação de importantes sistemas fluviais que estruturam a paisagem. Se tiver sede, não se apoquente. É que na serra de Pias há cisternas escavadas nos topos rochosos onde nunca falta água. O fenómeno deve-se, segundo a lenda, à intervenção milagrosa de São Martinho, que deu de beber ao seu cavalo quando por aqui passou. Chamam-se por isso, pias de São Martinho!


 A gastronomia de Valongo é rica em tradições, inspirando-se em

geral nos sabores do norte do país. A par do pão - era daqui que vinha muito do que abastecia a cidade do Porto - os biscoitos são um dos ex-libris locais, com as fábricas Paupério e Diogo em destaque, de onde saem irresistíveis delícias para acompanhar com chá ou vinho do Porto como fidalguinhos, cacos, torcidos, milho, limão, entre outras variedades. Outras iguarias locais são as sopas secas, o pudim de pão, e o doce Branco de Sobrado. Arroz de cabidela, cabrito assado no forno, e broa de Couce são boas companhias para os vinhos verdes produzidos na região de Valongo.


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