SIM 115 VICENTE CECIM email
Vida peregrina (I) Uma viagem de mil milhas começa com um único passo BUDISMO
LEGENDA Pai & Filho: no Caminho da Vida Você sabe – e todo mundo sabe, por si mesmo - que vivemos oscilando entre extremos que vão de momentos de alegrias a momentos de tristezas, com intervalos, em que permanecemos brevemente, antes de nos inclinarmos para um lado ou para outro. Essa é a única maneira de viver, como folhas secas levadas daqui para lá pelo vento? Na Vida estamos condenados a essa Balança Emocional? Só existe esse caminho dual – que nos maltrata, por que nos divide em dois?
Haveria outro, que levasse cada um a viver em harmonia em si mesmo, o que, certamente, só seria possível a partir de uma profunda compreensão do que é a Vida como um todo? O assunto desta Sim não é banal, vai pedir o seu empenho – mas não dói, como já dói permanecer aprisionado nesse balanço atroz - e quem sabe não o ajudará se livrar dele? O Oriente, através de Nagarjuna, criador da via Sakyamita, no budismo Mahayana, nos diz qual é essa compreensão essencial. Ela passa pela libertação das delusões – que você pode entender como realidades convencionadas. Segundo Nagarjuna: - A realidade é dividida em duas verdades. A verdade relativa e a verdade absoluta. A verdade relativa é o objeto do ordinário, ou seja, da mente deludida e das faculdades sensoriais deludidas. Manifestando-se como uma aparição, ela não tem essência ou verdade, mas é verdadeira enquanto preencher um certo papel para a mente deludida. A verdade relativa é o aspecto inteiro das aparências diante da mente, junto com o apego a elas como verdadeiras. Já que elas não têm essência, os fenômenos não existem como verdadeiros ou falsos, como delusão ou não delusão, mas sim porque a mente identificou os objetos, dizendo, isto é uma faculdade, estes são os sentidos, e esta é uma casa - e a mente diferencia e se apega a eles como sujeito e o objeto. O aspecto objetivo deste modo mental é chamado verdade relativa. A verdade relativa é caracterizada pelos fenômenos que estão circunscritos como objetos mentais e que não resistem à análise. Nagarjuna acrescenta, sobre a verdade relativa: - Todos os fenômenos existentes são originados através da causação interdependente. Os fenômenos que não existem mas que são presumidos como existentes, ou que são falsamente apreendidos pela mente, são contrastados com os fenômenos [relativamente] existentes. As entidades surgem através da causação interdependente. As não entidades surgem através da operação da mente, similares ao nexo causal dos fenômenos objetivos, conhecido como a postulação interdependente. Os pensamentos, ideias e percepções delusórios — por exemplo, a corda que é confundida com uma cobra — são produtos da postulação interdependente. O que acima Nagarjuna chamou de causação interdependente é a Originação Dependente – se refere a tudo que não nasce de si mesmo, mas depende de outros fenômenos para se manifestar. Nas suas próprias palavras: - Os fenômenos que surgiram interdependentemente são designados como vacuidade. Tudo o que surgem através da causação interdependente não tem realidade. Ambas as verdades são livres da realidade. Quanto à verdade absoluta, Nagarjuna diz: - A verdade absoluta é a liberdade em relação a todas as elaborações e julgamentos, e é o objeto da sabedoria da autoconsciência diferenciadora. Em minhas próprias peregrinações, através da Viagem a Andara, fui até essa encruzilhada emocional-psíquica+espiritual que nos aflige. E, lá, o que vi?
Conto aqui: - Há um Real submerso nas realidades percebidas pelos nossos sentidos e, também, nas realidades percebidas & criadas pela nossa mente. Esse Real é algo Central – e nele cessa tudo o que externamente são as individualidades das coisas e seres, separados entre si. Atingido esse Real Central, que parece ser a mesma coisa que a verdade absoluta de Nagarjuna – e não precisa ir procurar por ai: ele já existe em nós – podemos escapar das nossas fragmentações – a verdade relativa de que fala Nagarjuna. Em Andara, chamei a isso A Amizade das Coisas pelas Coisas. Parece a via imediata de começarmos a sair de nossa Balança Emocional. Minha viagem a Andara já dura quatro décadas, e quando acho que já cheguei, descubro que ainda falta um passo. É um trabalho humano de Pai para Filho, para muitas gerações. Mas, comecei. Que tal você fazer o mesmo? Afinal, uma viagem, por mais longa que seja, não começa com um único passo?
Para subir Montanhas Murmurantes Vicente Franz Cecim Ali, onde em cada corpo humano um só homem Lá
onde se reúnem para as Festas do Medo passa a Ave que nos vê Espelhos ocultos em espelhos Cinzas dos Campos de Silêncio semeados
vindo do Horizonte o Círculo
guiar os Passos a não dar, pois estás Aí, Fantasma da Amizade E sonhas a Alucinação dos Gestos
EPORQUENÃO?