CORRIDA: preditora das degenerações precoces articulares
Há muitos anos a corrida enquanto modalidade física e esportiva vem conquistando seus adeptos. Porém, concomitante as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), da American Heart Association (AHA) e do American College of Sports Medicine (ACMS) no que diz respeito a prática de atividades físicas na promoção de saúde, vários novos grupos e adeptos a prática surgem. Segundo a AHA, é nível de evidência e recomendação IA que a atividade física moderada é associada a menor índice de doenças cardíacas coronarianas e cardiovasculares e que, a atividade física de longa duração ou de maior intensidade como a corrida é associada a diminuição de riscos adicionais. Juntamente as recomendações e a adesão da população a esta prática, parece-me importante também ressaltar que o número de lesões osteomusculares ascendem proporcionalmente, devido a sua característica de alto impacto articular que, somado a outras variáveis como a alta frequência e intensidade, podem chegar em torno de 55% entre homens e mulheres praticantes. Assim, enquanto a atividade física acima das recomendações mínimas resulta em benefícios adicionais a saúde cardiovascular, os riscos para a saúde músculoesquelética associados são aumentados, bem como, possivelmente, negando alguns dos benefícios adicionais. Dentre as possíveis lesões é relatada a osteoartrite de quadril, podendo surgir em uma fase muito precoce da vida dos indivíduos causando dor, normalmente na linha articular do quadril e impacto na funcionalidade na medida em que as lesões progridem. Com o objetivo de determinar os efeitos da corrida regular de longa distância a condição das articulações do quadril ao longo do tempo, um estudo retrospectivo com 15 anos de seguimento em Zurick foi realizado. Três grupos distintos no estudo foram formados: 1º ( 27 corredores de elite de longas distâncias, média de 97 km/semana), 2º ( 9 corredores em trenós, média de 12 km/semana) e 3º ( 23 indivíduos saudáveis e não praticantes de atividade física). A evidência radiológica de doença degenerativa de quadril se deu por meio da constatação de: redução do espaço articular, esclerose subcondral e formação de osteófitos em radiografias realizadas no início do estudo e após 15 anos de acompanhamento, além da presença de quadro doloroso no quadril. Concluiu-se ao término, que os corredores de elite de longas distâncias tiveram maiores percentagens com significância estatística de esclerose subcondral ( 59% vs 33% vs 13%), formação de osteófitos ( 30% vs 0% vs 4%) e dor no quadril ( 30% vs 0% vs 0%) quando comparados com os corredores de trenó e os individuos não treinados