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Persistir e Cuidar: o futuro das pessoas depende de nós

100 PERSISTIR E CUIDAR: O FUTURO DAS PESSOAS DEPENDE DE NÓS

Artur Ferraz *

* Consultor Internacional em Gestão de Pessoas

A situação pandémica mundial tem lançado enormes desafios pessoais, organizacionais, sociais, políticos, económicos e financeiros. As certezas quanto ao futuro próximo são ainda vagas e dependentes de muitas variáveis, quase todas fora da esfera de influência da maioria de nós. As consequências ainda agora começam a ser notadas e irão estar camufladas por muito tempo.

Este é o momento de cuidar das Pessoas. Cuidar em ambientes complexos, como o atual, passa por desenvolver todos os esforços possíveis para que as Pessoas sintam, no seu ambiente de trabalho, a segurança e a tranquilidade necessárias para continuarem a desenvolver a sua atividade profissional. É, então, tempo de tratar dos processos de manutenção de pessoas, com vista à preservação da coesão interna. Cuidar significa também, manter canais de comunicação abertos, através dos quais as pessoas possam, de alguma forma “desabafar” sobre os ambientes tóxicos externos.

É um desafio tremendo para as chefias de qualquer área, desde a chefia operacional de equipas às direções de topo. Promover ações concretas de reforço da coesão envolve um posicionamento mais próximo junto dos diferentes elementos das equipas e muitas vezes essa proximidade tem de ser exercida à distância. É preciso treino e criação de novas rotinas profissionais que envolvam estas atividades no dia a dia de cada equipa de trabalho.

Algumas das ações que podem ser desenvolvidas passam por criar uma visão orientadora forte e direcionada para concretizações objetivas, proceder à estruturação das atividades necessárias para as alcançar e saber comunicar essas atividades de forma clara, coerente e firme. Tomo, como exemplo, o estudo elaborado pela Consultora Gartner, que entrevistou 800 líderes da Área de Gestão de Pessoas, em 68 países, e que identificou um conjunto de prioridades da gestão de pessoas para 2021, com foco nas mudanças resultantes do impacto da pandemia nas organizações.

De forma comummente aceite entre os respondentes deste estudo concluiu-se que uma das principais prioridades seria o re-design organizacional, na medida em que a desmobilização das equipas em trabalho remoto obriga as empresas a optarem por modelos estruturais mais flexíveis. Assim, será necessário redesenhar processos de trabalho, fluxos de comunicação que potenciem a flexibilidade e a agilidade na tomada de decisão.

Por conseguinte, e ao redesenhar a estrutura organizacional será importante identificar competências e capacidade críticas a desenvolver, pois num contexto de mutações rápidas importa reaprender e reinventar os métodos formativos nas organizações. Hoje, mais do que nunca, importa integrar efetivamente a aprendizagem nos processos de trabalho dos colaboradores.

Não poderia ser uma questão esquecida e, assim sendo, uma percentagem considerável de Gestores de Pessoas identificaram a preparação de lideranças para o futuro, entre os principais desafios para 2021. Neste tópico, importa ter em consideração: a capacidade de autoconhecimento – desenvolver a consciência das capacidades individuais e saber o que precisa desenvolver – promover a união, isto é, desenvolver as capacidades de trabalho de equipa e influenciar pessoas positivamente; orientação para resultados – manter o foco das equipas nos resultados e capacidade de resiliência – trabalhar a capacidade de resiliência é fundamental nesta fase de crise.

Este estudo destaca ainda, como prioridade na Gestão de Pessoas em 2021, o Futuro do Trabalho, ou seja, é crucial que as empresas consigam equacionar o impacto da transformação digital no seu dia a dia e, por conseguinte, integrem novos métodos e procedimentos de trabalho no seu “re-design organizacional”. Sem dúvida, que o teletrabalho ou trabalho híbrido serão opções muito válidas, entre outras. Por fim, também a experiência do colaborador fruto da relação com a empresa deverá ser reequacionada. Gestores deverão analisar qual a sua nova proposta de valor para o colaborador, de forma a conseguirem gerir, proativamente, alterações nas suas expectativas profissionais.

E a componente mais difícil será sempre, manter o rumo, envolver, incentivar, ajudar a avançar, enfim, cuidar. Cuidar todos os dias do ativo mais precioso … as Pessoas. É o resultado das suas ações combinadas que permitirá a construção de um futuro promissor.

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