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O Digital e a Segurança

É comum ouvir dizer que o mundo está mais digital, que esta é a transformação mais importante para a sociedade verificada nos últimos anos (ou décadas, para ser mais preciso), que a comunicação é cada vez mais instantânea, que o mercado se rege pela “proximidade” e “acompanhamento” constante do cliente, mesmo que este esteja a uns milhares de quilómetros, que tudo acontece à distância de um clique. Tal é, sem dúvida, uma realidade que absorve a nossa vida, quer ao nível pessoal, quer profissional, e que as empresas têm vindo a interiorizar e a promover com grande velocidade e dinamismo, mas que trás, a todos, um novo conjunto de desafios para os quais devemos estar preparados.

Proteção de dados e informação nas empresas é hoje um tema regularmente debatido em diferentes fóruns e para o qual as organizações estão mais atentas, não apenas pelos riscos de ataques externos, mas também pela possibilidade de informação sujeita a um alto grau de confidencialidade, como é o caso dos projetos para novas peças ou componentes que as empresas de moldes recebem dos seus clientes, poderem, por omissão ou incúria, cair em “mãos erradas”. No fundo, falamos de confiança e credibilidade que é necessário reforçar e assegurar junto daqueles que acreditam nas nossas competências e capacidades para dar forma a novos produtos ou conceitos.

Com o advento do ciberespaço, do armazenamento de dados em sistemas “cloud”, da crescente digitalização das empresas, da sua interação online com parceiros e com o mercado e até o mais recente recurso ao regime de teletrabalho, a que muitas organizações foram sujeitas pelos efeitos da pandemia, mas que se poderá configurar como uma nova tendência para os próximos anos, todos estamos muito mais expostos à perda de informação e às consequências nefastas que tal pode originar.

Neste contexto, a cibersegurança assume todo um novo relevo e importância para as empresas e para a sociedade em geral. E a mesma começa na sensibilização e formação sistemática dos colaboradores, de todos os níveis hierárquicos, para o tema, reforçando procedimentos para uma utilização cuidada e segura de sistemas ou equipamentos e um comportamento responsável no acesso e transmissão de informação ou conteúdos digitais. Este será um trabalho fundamental e preponderante, mas que deverá ser suportado por meios tecnológicos (software e hardware) que limite as possibilidades de erro ou acessos desaconselháveis que ponham em risco a informação existente.

Um outro nível de exposição para o qual as organizações se devem salvaguardar e precaver são os ciberataques, que na nossa indústria já causaram danos e grandes constrangimentos, impossibilitando empresas de aceder a ficheiros, desenhos ou histórico de relacionamento com clientes que poderiam ser “desbloqueados” em troca de um pagamento aos “hackers”. Em virtude destas situações, temas como o ransomware, phishing ou malware, estão também já no léxico e foco de atenção dos responsáveis das nossas empresas.

É certo, e a experiência ou noticias com que normalmente somos confrontados assim revelam, que não há sistemas de defesa cem por cento eficazes, mas devemos encarar este tema como um sério risco para o negócio e, por tal, apostar em sistemas de segurança fiáveis e, principalmente, comportamentos preventivos, seguindo sempre os procedimentos estabelecidos internamente e alertando as entidades competentes sempre que algo menos usual aconteça.

Será fundamental que as empresas promovam uma análise estratégica e detalhada sobre este tema tendo em consideração que estas situações não acontecem apenas aos outros. A cibersegurança é, sem dúvida, um investimento que deve ser colocado no topo das prioridades, pois, como é comum referir, a questão não é se a empresa vai ser atacada, mas sim quando tal irá acontecer.

Estaremos preparados para esta situação?

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Manuel Oliveira | Secretário-geral CEFAMOL

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