REVISTA MOLDE CEFAMOL
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EDITORIAL
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Manuel Oliveira Secretário-geral da CEFAMOL
O DIGITAL E A SEGURANÇA É comum ouvir dizer que o mundo está mais digital, que esta é a transformação mais importante para a sociedade verificada nos últimos anos (ou décadas, para ser mais preciso), que a comunicação é cada vez mais instantânea, que o mercado se rege pela “proximidade” e “acompanhamento” constante do cliente, mesmo que este esteja a uns milhares de quilómetros, que tudo acontece à distância de um clique. Tal é, sem dúvida, uma realidade que absorve a nossa vida, quer ao nível pessoal, quer profissional, e que as empresas têm vindo a interiorizar e a promover com grande velocidade e dinamismo, mas que trás, a todos, um novo conjunto de desafios para os quais devemos estar preparados. Proteção de dados e informação nas empresas é hoje um tema regularmente debatido em diferentes fóruns e para o qual as organizações estão mais atentas, não apenas pelos riscos de ataques externos, mas também pela possibilidade de informação sujeita a um alto grau de confidencialidade, como é o caso dos projetos para novas peças ou componentes que as empresas de moldes recebem
Neste contexto, a cibersegurança assume todo um novo relevo e importância para as empresas e para a sociedade em geral. E a mesma começa na sensibilização e formação sistemática dos colaboradores, de todos os níveis hierárquicos, para o tema, reforçando procedimentos para uma utilização cuidada e segura de sistemas ou equipamentos e um comportamento responsável no acesso e transmissão de informação ou conteúdos digitais. Este será um trabalho fundamental e preponderante, mas que deverá ser suportado por meios tecnológicos (software e hardware) que limite as possibilidades de erro ou acessos desaconselháveis que ponham em risco a informação existente. Um outro nível de exposição para o qual as organizações se devem salvaguardar e precaver são os ciberataques, que na nossa indústria já causaram danos e grandes constrangimentos, impossibilitando empresas de aceder a ficheiros, desenhos ou histórico de relacionamento com clientes que poderiam ser “desbloqueados” em troca de um pagamento aos “hackers”. Em virtude destas situações, temas como o
ransomware, phishing ou malware, estão também já no léxico e foco de atenção dos responsáveis das nossas empresas.
dos seus clientes, poderem, por omissão ou incúria, cair em “mãos
É certo, e a experiência ou noticias com que normalmente somos
erradas”. No fundo, falamos de confiança e credibilidade que é
confrontados assim revelam, que não há sistemas de defesa cem por
necessário reforçar e assegurar junto daqueles que acreditam nas
cento eficazes, mas devemos encarar este tema como um sério risco
nossas competências e capacidades para dar forma a novos produtos
para o negócio e, por tal, apostar em sistemas de segurança fiáveis e,
ou conceitos.
principalmente, comportamentos preventivos, seguindo sempre os procedimentos estabelecidos internamente e alertando as entidades
Com o advento do ciberespaço, do armazenamento de dados em sistemas “cloud”, da crescente digitalização das empresas, da sua interação online com parceiros e com o mercado e até o mais recente recurso ao regime de teletrabalho, a que muitas organizações foram sujeitas pelos efeitos da pandemia, mas que se poderá configurar como uma nova tendência para os próximos anos, todos estamos muito mais expostos à perda de informação e às consequências nefastas que tal pode originar.
competentes sempre que algo menos usual aconteça. Será fundamental que as empresas promovam uma análise estratégica e detalhada sobre este tema tendo em consideração que estas situações não acontecem apenas aos outros. A cibersegurança é, sem dúvida, um investimento que deve ser colocado no topo das prioridades, pois, como é comum referir, a questão não é se a empresa vai ser atacada, mas sim quando tal irá acontecer.
Estaremos preparados para esta situação?