Unboxing Markets
Turquia reúne potencial como mercado para moldes nacionais
A Turquia que, nos últimos anos, tem apostado no desenvolvimento da indústria, acolhendo um número considerável de OEM do ramo automóvel e do sector dos eletrodomésticos, apresenta-se como um interessante mercado para os moldes portugueses. Assim o assinalou a delegada da AICEP naquele país, Celeste Mota, oradora convidada de mais uma edição da iniciativa ‘Unboxing Markets’, organizado pela CEFAMOL. A Associação tem prevista para aquele país uma missão, a decorrer entre 15 e 19 de abril.
Salientando que o país “tem capacidades de forte produção, com mão-de-obra qualificada e com excelente infraestrutura logística”, a oradora afirmou ainda que “oferece oportunidades de negócio em muitos sectores”, nomeadamente na maquinaria, automóvel, plásticos, químicos, defesa e aeronáutica, entre outros.
“A indústria automóvel é a locomotiva da economia turca”, explicou, contando que se prevê que esta tenha um crescimento relevante nos próximos anos, sobretudo no que diz respeito aos veículos elétricos. “O país tem grande experiência em trabalhar para a indústria automóvel; aliás, 12 das principais OEM dessa indústria (entre as quais, a Fiat, Renault, Mercedes, etc) estão ali representadas, bem como mais de 500 fornecedores Tier1”, enfatizou, adiantando que “a Turquia se posiciona, neste momento, como alternativa à produção nos mercados asiáticos”.
Os fornecedores globais construíram um ecossistema de mobilidade na Turquia e este, salientou, “é muito competitivo”. Como resposta, as empresas apetrecharam-se de forma a conseguir fornecer soluções completas, desde o design até a produção do automóvel. Para além das multinacionais, a Turquia desenvolve os seus próprios veículos, assumindo destaque os automóveis de passageiros movidos a eletricidade. “A marca local TOGG projeta produzir cinco modelos diferentes de automóveis elétricos, dos quais o primeiro já está a ser comercializado”, frisou. A Turquia ocupa o terceiro lugar na Europa, no que diz respeito à produção de veículos, e é a 13ª no mundo. Em 2023, foram produzidos 1,5 milhões de unidades.
Celeste Mota revelou ainda que as importações turcas de moldes portugueses ascenderam, em 2022, a cerca de 6 milhões de dólares, valor que, em 2023, subiu para mais de 14 milhões de dólares. A China é o principal fornecedor de moldes da Turquia. Do total de 336 milhões de dólares em moldes importados, 173 milhões provêm da China, enquanto 30 milhões são de Itália e 23 da Alemanha.
A Turquia foi mais um mercado que a CEFAMOL deu a conhecer, no âmbito da iniciativa ‘Unboxing Markets’ que, ao longo do ano, possibilitará a revelação de outros mercados que possam assumir-se como alternativa aos que vêm sendo os mais tradicionais do sector.
MARKET REPORT 4
Empresas fortalecem laços internacionais nos Automotive Meetings do México
A CEFAMOL marcou presença, entre os dias 20 e 22 de fevereiro, na iniciativa Automotive Meetings, que decorreu em Queretaro, no México. Nesta edição, cujo saldo foi “positivo”, segundo Patrício Tavares, da CEFAMOL, a Associação fez-se acompanhar pelas empresas E&T, MEXPORTOOLS (Moldit, Moldworld, TJ e Ribermold), Planimolde e Microplásticos.
De acordo com o representante da CEFAMOL, este é um certame que se caracteriza pela realização de um conjunto de encontros bilaterais, onde as empresas nacionais tiveram oportunidade de reunir com empresas locais do sector, mas também com multinacionais do ramo automóvel e fornecedores de primeira linha desta indústria - que representa a maior fatia do trabalho dos produtores de moldes portugueses.
De uma maneira geral, sintetiza, as empresas “estabeleceram bons e promissores contactos” num mercado que, esclarece, “apresenta uma visível dinâmica em várias áreas, sobretudo no automóvel”.
“O país apresenta uma atividade industrial muito dinâmica, com o sector dos plásticos a evidenciar necessidades específicas que podem ser supridas pelas empresas de moldes portuguesas”, salientou. Apesar de ser visível, também, “a concorrência asiática, sobretudo a nível dos projetos de maior dimensão”, considera que existe, em simultâneo, todo um conjunto de projetos “que pode revelar-se de grande interesse para as nossas empresas”. É, por isso, “um mercado muito interessante, com os desafios normais, sobretudo devido à distância de Portugal”.
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Enfatizou a necessidade de as empresas apostarem na consolidação de relações empresariais, privilegiando o contacto direto, porque, naquele país, “é preciso conquistar a confiança dos clientes de forma a concretizar os negócios”. Da mesma forma, a presença no México de muitas multinacionais europeias do ramo automóvel, salientou, poderá servir como facilitadora da entrada das empresas portuguesas.
Algumas das empresas que participaram neste evento com a CEFAMOL têm já alguma experiência de trabalho com aquele mercado ou têm mesmo presença oficial no território, através de projetos e parcerias locais, frisou.
A presença da CEFAMOL (e das empresas que a acompanharam) nesta feira surge no âmbito da aposta que vem sendo desenvolvida no mercado mexicano, devido ao seu elevado potencial para a indústria nacional de moldes, inserindo-se no projeto de promoção internacional Engineering & Tooling from Portugal. Para além deste certame, estão previstas ainda para este ano outras ações similares naquele mercado.
MARKET REPORT 6
ENCONTRO DA INDÚSTRIA DE MOLDES
É preciso novos rumos nos negócios para garantir a evolução do sector
As empresas de moldes têm de “soltar-se da trajetória que vêm fazendo” porque, com as mudanças vertiginosas que o mundo está a sofrer, “as estratégias de sempre não vão funcionar”.
Quem o defendeu foi Augusto Mateus, antigo ministro da Economia e professor universitário no ISEG, o orador convidado do debate ‘Novos Modelos de Negócio’ que, organizado pela CEFAMOL, teve lugar no dia 27 de fevereiro, na Figueira da Foz.
Falando perante uma plateia composta por mais de meia centena de profissionais da indústria, Augusto Mateus sintetizou que é “preciso avançar com ambição, mas os pés bem assentes na terra”. Destacou ainda a necessidade de as empresas se conseguirem associar, criando uma “unidade coletiva”, e trabalhar com as instituições públicas, de forma a dar a conhecer ao mundo o sector pelas suas características distintivas de inovação, conhecimento e tecnologia. Ou seja, é preciso protagonizar uma nova atitude que, atenta ao ritmo alucinante da mudança, consiga encontrar as melhores estratégias.
“As empresas não têm opção: têm de trabalhar depressa, de forma a acompanhar esta mudança”
Contando conhecer o percurso da indústria de moldes há muitos anos, o ex-governante considerou ser necessário “olhar para as novas tendências e modelos de negócio, tendo em conta, entre outras, questões como a geopolítica e a economia mundial”.
Para Augusto Mateus, é preciso um modelo de negócio “sustentado no valor acrescentado”. “Vivemos a maior e mais rápida transformação de que há memória, seja a nível económico, seja a todos os
níveis, e as empresas têm de conseguir ser competitivas neste cenário; ou seja têm de conseguir criar riqueza”, enfatizou.
Na sua opinião, em Portugal não há reflexão suficiente sobre os modelos de negócio das empresas, defendendo ser premente pensar sobre a nova realidade e elencar novos cenários.
Falando da indústria de moldes, destacou que exporta a quase totalidade do que produz, mas tem cerca de 80% dos seus clientes na indústria automóvel e a esmagadora maioria nos países europeus. Estes números, considerou, “espelham a dificuldade de opções que as empresas têm tido ao longo da sua história”. Por isso, considera premente uma maior capacidade de adaptação, defendendo que “é preciso um modelo de negócio flexível para que as empresas se consigam reposicionar e no tempo certo”.
A indústria de moldes “tem muito mérito”, na sua opinião, mas funciona muito do lado da procura. Ou seja, “necessita de criar mais riqueza e mais valor”. Para isso, é fundamental “ter criatividade” e “decidir, correndo riscos”.
MARKET REPORT 8
Cadeias globais
Na economia, afirmou Augusto Mateus, as cadeias de valor são globalizadas e dividem-se, atualmente, em três blocos: as Américas, a Europa e a Ásia. “Se uma empresa está dependente de apenas um deles, e se esse mercado cresce menos, a situação da empresa torna-se mais complicada”, salientou.
No seu entender, a economia portuguesa “não presta grande atenção à dinâmica dos mercados e privilegia antes a sua localização geográfica; por isso, a Europa surge sempre como primeiro mercado”. Ora, na atual situação, enfatiza, tal opção não é a mais favorável porque os mercados de exportação de Portugal (localizados na Europa) integram o grupo dos que menos estão a crescer. “O fraco dinamismo dos mercados é um problema”, considerou. Mas lembrou que a indústria de moldes tem “uma longa história de resposta às adversidades e de criação de soluções”.
“É preciso saber onde estamos e para onde vamos, mas também perceber o que é o nosso negócio e potenciá-lo”, salientou, para destacar a necessidade de as empresas se afirmarem mais nas cadeias internacionais, conseguindo não se limitar a aceitar as regras, mas podendo ditá-las.
“Há muitas mudanças que temos pela frente”, advertiu, exortando as empresas a libertarem-se da sua trajetória e a criar rumos novos, centrando os seus negócios em modelos de valor acrescentado. “É possível não crescer em quantidade, mas em valor”, frisou.
Augusto Mateus abordou ainda a questão do financiamento, considerando que “as empresas têm de prestar atenção ao seu financiamento e investir naquilo que é imprescindível e não no acessório”. A indústria de moldes, considerou, “tem de se readaptar e combater a anemia do mercado natural onde opera, sendo certo que há oportunidades que as empresas ainda não agarraram”. Para isso, destacou, a cooperação é essencial.
“Neste cenário, de forma a ganhar escala, é preciso criar uma ‘task force’ que pense nas negociações com as multinacionais”, defendeu. E os parceiros para este passo, elucidou, não se encontram apenas em Portugal. “É preciso criar parcerias ativas nas cadeias de valor globais, dar-se a conhecer e dar a conhecer as suas potencialidades”, sublinhou.
Esta sessão decorreu de forma muito dinâmica, com vários dos presentes a colocar questões e trocar opiniões sobre a realidade do sector.
O encontro, ao qual se seguirão outras iniciativas ao longo do ano, abordando diferentes temáticas, incluiu um jantar-networking, permitindo também a partilha e debate de ideias.
João Faustino, Presidente da CEFAMOL, falou deste conjunto de iniciativas de reflexão, considerando que “o mundo está em mudança e temos de, em conjunto, encontrar as melhores formas de ser ativos e proativos”.
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