MOLDE N.º 140

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SEMANA DE MOLDES 2023 TOOLING 4G E S4PLAST – CONTRIBUTOS PARA A INOVAÇÃO E PARA A SUSTENTABILIDADE INDUSTRIAL ANÁLISE DE DIFRAÇÃO DE RAIOS X APLICADA À INJEÇÃO DE PLÁSTICOS EM TEMPO REAL

ENSAIO DA COMPETIÇÃO

Nº ISSN 1647-6557

ANO 35 . 01 2024 . N 140

01.2024 ANO 35 . N 140 . €4,50

CEFAMOL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES

Periodicidade Trimestral

DESTAQUE /



ÍNDICE

03

Editorial

04

Notícias CEFAMOL

25

Novos Associados

28

A Indústria à Lupa

32

Outras Notícias

39

Semana de Moldes 2023 com balanço positivo

41

Conferência Internacional “Moldes Portugal”

46

Conferência TALENTUM DAYS: Desafios e competências para uma indústria mais produtiva

50

Oradores partilharam visão sobre os desafios de futuro para a indústria

52

CONFERÊNCIA INOV.AM: Uma agenda de inovação para disseminar o fabrico aditivo

54

RPD 2023: Definir estratégias para um rumo mais sustentável e competivivo

58

BROKERAGE EVENT: A importância da cooperação entre empresas e instituições

61

Tooling 4G e S4PLAST – Contributos para a inovação e para a sustentabilidade industrial

64

Análise de difração de raios X aplicada à injeção de plásticos em tempo real

68

Substituição de material para o desenvolvimento de um encapsulamento leve para dispositivos eletrónicos na indústria automóvel

71

Como conseguir produzir até 95 % mais rápido

74

Dominar cinco problemas fundamentais na construção de moldes com simulação

78 NEGÓCIOS

79

Ensaio da Competição

82 GESTÃO DE PESSOAS

83

Capital humano é o maior intangível das empresas

84

Pessoas – A variável que fará toda a diferença em 2024

38 SEMANA DE MOLDES DESTAQUE

60 INOVAÇÃO O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA

70 TECNOLOGIA EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO

ECONOMIA . MERCADOS . ESTATÍSTICAS

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • CONTRIBUINTE 500330212 • SEDE DO EDITOR, REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Centro Empresarial da Marinha Grande - Rua de Portugal, Lt. 18 - Fração A / 2430-028 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda • TEXTOS Anabela Massano, Aníbal

Portinha, António Baptista, Artur Ferraz, Artur Mateus, Cátia Araújo, Daniel Silva, Fábio Gameiro, Geoffrey Mitchell, Gonçalo Carmo, Helena Silva, João Matias, Marco Ruivo, Matteo Arioli, Pedro Bernardo, Pedro Carreira, Sílvia Cruz, Susana Silva, Vítor Ferreira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • PRODUÇÃO GRÁFICA Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Zona Industrial Casal da Azeiteira, Pav. 3 - Quintas do Sirol - 2420-345 St.ª Eufémia Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio.lda@gmail.com • PERIODICIDADE Trimestral • TIRAGEM 500 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557 • Estatuto Editorial encontra-se disponível em www.cefamol.pt

ANUNCIANTES Eurocumsa 2 / Fuchs 17 / HPS 19 / Codi 21 / AM Tools 29 / Cheto 31 / S3D 35 / Cadsolid 37; 65 / Schunk 39 / Open Mind 43 / DNC Técnica 45 / Newserve 49 / Universal Afir 51 / Isicom 53 / Ramada 55 / SB Molde 59 / Inovatools 61 / Hasco 63 / Fluxoterm 67 / Simulflow 69 / Rerom 71 / Hotel Mar & Sol 73 / Sigmasoft 75 / FerrolMarinha 77 / Millutensil 79 / TTO 81 / Grandesoft capa interior / AHP Merkle contracapa interior / Tebis contracapa



REVISTA MOLDE CEFAMOL

EDITORIAL Manuel Oliveira Secretário-geral da CEFAMOL

03

ANO NOVO, OS DESAFIOS DE SEMPRE

Nos últimos anos, a Indústria de Moldes tem enfrentado grandes

capacitar e apoiar as empresas nesta transição, não só por (mais)

desafios, fruto de períodos consecutivos de instabilidade e

uma exigência do mercado, mas, principalmente, por ser um

indefinição dos mercados internacionais e daquele que é o seu

fator que reforça a competitividade internacional das empresas,

principal cliente: a indústria automóvel. Esta conjuntura tem

otimizando recursos e recorrendo a uma produção mais eficiente

criado uma forte concorrência internacional (por vezes a operar

que reduza custos operacionais.

com condições e/ou regras desiguais) e a imposição de exigentes condições de negócio que, hoje em dia, constrangem a situação

Estamos conscientes que a cooperação assume um papel

económica e financeira das empresas.

fundamental e estruturante neste processo. Para a nossa indústria, é cada vez mais importante ganhar escala, dimensão e poder

Apesar do contexto adverso, ao nível das exportações de moldes,

negocial para ser mais competitiva. E, para que tal aconteça, teremos

2023 obteve indicadores de crescimento face aos anos transatos

de trabalhar em conjunto para apresentar soluções distintivas e de

o que demonstra, efetivamente, a capacidade de resposta aos

valor acrescentado. Como diz o provérbio “se queres ir depressa, vai

desafios a que o sector está sujeito. Acreditamos que 2024 poderá

sozinho. Se queres ir longe, vai em grupo”.

manter esta trajetória e que surjam novas oportunidades para o lançamento de produtos a que os nossos moldes dão forma.

A dinamização de um Plano de Ação Sectorial que responda a estes desafios, tal como aquele que foi proposto e apresentado

Para tal, teremos de conhecer e acompanhar as tendências de

pela CEFAMOL aos seus Associados no dia 14 de dezembro e que

mercado, continuando a promover e gerar confiança junto de

continuará a ser discutido em função das prioridades de intervenção

clientes, a diversificar e integrar novas cadeias de valor, reforçando o

identificadas, será estratégico e estruturante para a indústria, sendo

posicionamento e o nível de serviço que oferecemos a uma procura

imprescindível continuar a envolver as empresas na sua conceção

mais exigente, que busca por melhores produtos, fabricados mais

e dinamização.

rapidamente e a menor custo. O final do ano trouxe um novo conjunto de iniciativas e áreas de Os eventos dinamizados durante a Semana de Moldes e as diversas

intervenção em que a CEFAMOL se assume como parceiro das

intervenções a que tivemos oportunidade de assistir, demonstraram

empresas nas áreas da capacitação, da gestão e governance, na

a dinâmica dos mercados e que os atuais desafios são transversais

análise, identificação e debate de novos modelos de negócio, na

a empresas congéneres de diferentes países, nomeadamente na

partilha de boas práticas, na geração de novas competências,

Europa e América do Norte.

na criação e implementação de novas medidas e instrumentos financeiros, entre outros.

Temas como a sustentabilidade e o nearshoring poderão ser determinantes e elementos diferenciadores na nossa oferta, pelo

Este é um trabalho complexo e moroso, mas que se torna urgente

que há que continuar a inovar, otimizar e rentabilizar a tecnologia e

desenvolver para que o sector mantenha a sua competitividade

equipamento existentes. Por outro lado, há que continuar a valorizar

e posicionamento no mercado global. Tal só será possível com

e a integrar novas competências e saberes, modelo este em que as

uma efetiva proatividade das empresas, revelando-se a massiva

pessoas serão o elemento-chave.

participação nas iniciativas realizadas no final de 2023 como um excelente sinal que as mesmas estão prontas para assumir os seus

Em complemento, o lançamento do Roteiro para a Descarbonização da Indústria de Moldes, a desenvolver conjuntamente entre a CEFAMOL e CENTIMFE, ao abrigo do projeto Low Carb, pretende

compromissos e participar neste movimento.


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N 140 JANEIRO 2024

FÓRUM MARKET DAYS: DIVERSIFICAÇÃO DE MERCADOS É IMPRESCINDÍVEL PARA O FUTURO DA INDÚSTRIA 04

Explorar novos territórios e mercados alternativos contribui,

clientes”. A indústria, explicou ainda, está centralizada em dois

não só para aumentar a resiliência das empresas, mas também

clusters principais, localizados em duas regiões, que no seu

para impulsionar o crescimento e a inovação. A diversificação de

conjunto, albergam quase uma dezena de empresas.

mercados tornou-se uma estratégia fundamental, sobretudo para as empresas da indústria de moldes, confrontadas com a estagnação de alguns dos seus mercados tradicionais.

A Sérvia, concluiu, “está numa fase interessante de crescimento”.

Apoiar as empresas nesta sua busca por novos mercados

POTENCIALIDADES DOS EUA

(geográficos e sectoriais) e, dessa forma, incrementar os seus

Já Wilder Queiroz, traçou um quadro positivo em relação à situação

negócios, foi o objetivo de mais uma sessão do Fórum Market

na América do Norte, destacando que, nos Estados Unidos, há

Days, organizado pela CEFAMOL.

uma aposta em desenvolver a indústria localmente e que, ao

As principais oportunidades que o sector pode encontrar nos mercados da Sérvia, dos Estados Unidos da América e dos países árabes, através da descrição efetuada pelos oradores convidados, estiveram em destaque na sessão que atraiu uma plateia, composta por mais de três dezenas de profissionais da indústria. Paulo Franzini, que reside em Belgrado desde 2011, explicou que a Sérvia tem captado um volume considerável de investimento estrangeiro nos últimos anos, tendo uma aposta forte na industrialização. O sector automóvel, esclareceu, tem uma dimensão considerável, com cerca de seis dezenas de marcas estrangeiras ali representadas. Além disso, a injeção de plásticos

contrário do passado, a nova geração de OEM procura negociar diretamente os seus projetos com os fornecedores. “O tempo dos fornecedores de primeira linha está a ficar algo ultrapassado. Para algumas destas OEM, a linha de decisão tem de ser curta, porque o tempo de mercado é muito rápido”, explicou, acrescentando que “procuram novos players, mas é preciso que estes tenham dimensão”. Por isso, salientou, os moldes portugueses precisam de ganhar dimensão e escala, sugerindo que possam incrementar a sua ação em países próximos dos Estados Unidos, como o México, e a partir daí aumentar a ligação com as empresas americanas.

tem passado, nos últimos tempos, por um incremento da sua

“Ao pensar no mercado da América do Norte, é preciso incluir

presença, com diversas empresas ali instaladas, com uma

países como o Canadá, o México, o Brasil e a Argentina”, exortou,

aposta em sectores como os produtos para o lar, mobiliário ou

sublinhando que “aí assume especial importância a indústria da

embalagens, entre outros.

mobilidade e os novos players no mercado”.

A mentalidade desta região, sublinhou, “é mais ligada à Europa

A Europa e a América são muito diferentes”, sublinhou,

do Sul do que do Leste: os sérvios são muito sociáveis”. Além

considerando que “a economia americana está estável; na Europa

disso, adiantou que se uma empresa “conseguir um cliente

não. E há falta de fornecedores na América, quer de peças de

neste mercado, este com facilidade ajuda na entrada para outros

plástico, quer de moldes”.


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Um dos alertas que deixou prende-se com o tempo que as

uma das cidades. O mundo árabe, explicou, é composto por 22

empresas demoram a criar relações de confiança. “O objetivo

países, divididos por regiões. Tem, no total, cerca de 450 milhões

é perceber como o americano vê e não tentar ensiná-lo a ver à

de pessoas; ou seja, “é um mercado enorme”. E, salientou, “com

nossa maneira, porque isso não funciona”, advertiu.

muitas vantagens, entre as quais, não ter dependência energética, ter um crescimento rápido e alta natalidade, bem como uma classe

MERCADO ÁRABE Pedro Garcia, da MAAB Consulting, falou das oportunidades dos países árabes, destacando que, de uma maneira geral, centram a sua aposta no crescimento da indústria local, procurando diversificar sectores, tendo disponibilidade financeira e vontade de evoluir nessa área. É uma zona com um potencial de crescimento elevado e que, atualmente, já importa um grande número de moldes, destacou. No seu entender, a indústria portuguesa está muito virada para a Europa (enquanto seu principal cliente) e isso reflete-se nas exportações. Portugal, acentuou, “exporta para a Europa cerca de 80 % do que produz, 5 % são para África e 5 % para a Ásia. Ou seja, no caso da Ásia, há uma possibilidade muito forte de crescimento”. Apesar de ser o mais conhecido, o Dubai, salientou, é apenas

média crescente”. O seu conselho às empresas portuguesas foi “entrar num dos países e, a partir daí, desbravar os mercados”. A Arábia Saudita, referiu, “é atualmente o gigante nesta região”. Destacou ainda que é necessário estabelecer relações pessoais, porque a cultura é diferente e os árabes “não fazem negócios por email e nem sem conhecer as pessoas”. Enfatizou ainda que a generalidade dos países está a apostar fortemente no desenvolvimento da indústria, de forma a ser autossuficiente. No norte de África, destacou o Egipto que, sustentou, “está também a fazer um forte investimento no sector industrial”. Marrocos mereceu também referência. Destacou o peso da indústria automóvel, com mais de quase três dezenas de projetos ali instalados, bem como uma aposta na aeronáutica.


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REFORÇAR IMAGEM DE QUALIDADE Logo no início da sessão, Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, deu a conhecer o plano que a Associação tem já definido para a realização de ações, em mercados tradicionais e novos mercados, nos próximos meses. Entre 2023 e 2024, esclareceu, estão previstas as participações em 12 feiras, a

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realização de 15 missões em 14 mercados, envolvendo, para já, um total de seis dezenas de empresas. Além de realizar viagens aos mercados-alvo, o plano prevê, também, a visita de empresas estrangeiras e encontros B2B, e visitas a OEM. Esta intervenção, que envolve um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros, pretende ampliar a presença da indústria nacional nos mercados internacionais, entrando em novas áreas de negócio, com abordagens inovadoras. Reforçar a notoriedade e aumentar a presença dos moldes nacionais, salientando o

social e gestão (profissional) são já questões que se colocam às empresas, o que leva a que os fornecedores tenham de estar preparados para isso.

seu empenho nas boas práticas em torno da sustentabilidade

DIVERSIFICAR MERCADOS

ambiental, são outros dos objetivos que enfatizou.

Miguel Goulão deu a conhecer o trabalho desenvolvido pela

França, Alemanha, Polónia, Roménia, Turquia, Finlândia, EUA, México, Brasil e Chile são alguns dos principais mercados com ações definidas, no âmbito do plano da CEFAMOL.

tema ‘Os novos desafios da promoção internacional’. Moderado por Manuel Oliveira, contou com a participação de Bruno Santos (Younik), Miguel Goulão (Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais - ASSIMAGRA), Paulo Azevedo (Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã) e Pedro Conde (Fozmoldes).

últimas décadas o principal cliente dos moldes portugueses), necessidade

das

empresas

portuguesas

qualidade. Este responsável defendeu que deve existir um que um sector não esteja demasiadamente dependente de apenas um deles. Depois, salientou, “é necessário trabalhar, de forma contínua e determinada, na identidade e cultura como fator de inovação”. Primeiro, explicou, “mudámos a forma de produção para ser mais concorrenciais e depois avançámos com a promoção

Paulo Azevedo, falando do mercado alemão (que tem sido nas a

mudar a sua imagem, que é hoje forte e associada a enorme equilíbrio entre o peso dos mercados, diversificando, de forma

A sessão encerrou com um painel de debate, subordinado ao

salientou

indústria da pedra e a forma como, internacionalmente, conseguiu

se

conseguirem afirmar pela qualidade, mas reforçando o papel da proximidade com o mercado e incrementando as relações de confiança com os clientes. “É muito importante a imagem (de qualidade) associada a um sector quando nos mercados estrangeiros estão a ser ponderados novos fornecedores”, destacou. Defendeu ainda a necessidade de as empresas diversificarem mercados, lembrando que há várias áreas de negócio a renovar os seus fornecedores, por questões como a sustentabilidade, e apostando na maior proximidade. Mas no caso alemão, destacou que tão importante como a proximidade é a confiança. Por isso, é, no seu entender, crucial apostar na imagem associada a um sector. “É preciso coerência, trabalhar de forma coletiva e associar a qualidade e inovação ao sector, são questões fundamentais”, advertiu, considerando que, desta forma, “a questão passa a ser a qualidade e não o fator preço”. Em relação às questões ambientais, considera que, no futuro, esse poderá ser um critério de exclusão de fornecedores. No entanto, enfatizou, “hoje, em muitos casos, ainda é apenas retórica”. Contudo, revelou, na Alemanha os eixos do ambiente,

internacional”. E nesta, enfatizou, “cada empresa tem de perceber que é preciso alavancar a imagem coletiva do sector onde se insere”. Por outro lado, salientou, “é importante trabalhar, pensar e encontrar soluções para ser mais competitivo”. No caso da sua indústria, contou, “procuramos inovar e melhorar, através, por exemplo, de parcerias com designers e arquitetos”. Dessa forma, foi possível afirmar o sector e “hoje, em alguns negócios muito importantes, o fator preço não é o mais importante para o cliente”. Mas, advertiu, “este salto tem que ver com posição e posicionamento: não se faz sozinho. As empresas sozinhas não conseguem; têm de estar unidas”. Chamou ainda a atenção para a concorrência mundial que, no seu entender, “é desleal”, sendo, por isso, fulcral que “a política, seja nacional, seja, sobretudo, internacional (no caso, europeia), introduza mecanismos de correção nos mercados”. E é perentório em considerar que a pegada ambiental “será uma das principais questões a ser valorizada”. Bruno Santos relevou a importância da coerência na comunicação das empresas, exortando a uma maior aposta no digital que, salientou, “não se resume às redes sociais: é muito mais do que isso e as empresas têm de usar melhor essa ferramenta”. A marca e criação de reputação são, para si, “fundamentais”. Importa, também, “manter coerência na comunicação”, apostando na “transição para o digital”. “No marketing digital é preciso a


otimização das plataformas digitais, de distribuição de produtos e serviços. Temos de identificar mercados e intensificar a nossa presença nas plataformas e no digital”, defendeu.

COMO ESTÁ A INDÚSTRIA A OLHAR PARA OS MERCADOS

No seu entender, as feiras internacionais não perderão a sua

TESTEMUNHOS

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importância. “Têm uma particularidade que é uma vantagem: não há outra ferramenta que permita concentrar a atenção de muitos players e em pouco tempo”, afirmou, salientando que, para que a presença em feira surta efeito é necessário “que consigamos diferenciar-nos com maior interação e comunicação com o cliente”. Já para Pedro Conde, a promoção internacional “é fundamental para aumentar a produtividade”. Na sua opinião, “já fazemos muito, estamos em países e mercados diferentes, mas podemos fazer mais e de forma efetiva, trabalhar mais na marca coletiva dos moldes portugueses, e acrescentar valor para nos diferenciar”. Salientando que “é preciso abrir novos mercados”, defendeu que, por outro lado, “importa também manter os mercados

“Diversificação acrescenta vantagem competitiva e de crescimento” Mário Galvão - Unite Global Tooling Solutions “Num momento muito particular da indústria de moldes portuguesa, em que a resiliência da generalidade das empresas está a ser posta à prova, merece reflexão a necessidade sempre presente da diversificação de mercados e geografias. Os mercados ‘tradicionais’ para a maioria das empresas (indústria automóvel e Europa), até aqui os mais previsíveis e estáveis, atravessam hoje escassez de oportunidades e níveis de concorrência interna e externa extremos.

‘tradicionais’, transmitindo valor acrescentado do nosso produto”. A sustentabilidade, explicou, é, “por enquanto, e no que diz respeito à visão dos clientes, apenas retórica”. Mas no futuro, acredita, “será a alavanca para o negócio, uma questão decisiva para nós e para os nossos concorrentes”. Em relação à

A diversificação, sustentada na imagem de fornecimento de qualidade e conhecimento técnico, que é reconhecida à indústria de moldes portuguesa a nível global, contribui para mitigar o risco da atividade e acrescenta vantagem competitiva e de crescimento às organizações”.

digitalização, afirmou que “se o digital e as redes sociais ainda não mudaram o negócio dos moldes têm, contudo, um papel a desempenhar”, sublinhando que as empresas “têm de comunicar aquilo que fazem bem, como uma mais-valia para o negócio, seja na área ambiental, nas certificações, ou na em que estamos

“Temos, obrigatoriamente, de melhorar a nossa competitividade”

inseridos e com os clientes”. Contudo, considera que a ligação

Paulo Ferreira Pinto – Mold World

online não vai substituir a presencial. “O negócio dos moldes está

“Há um ponto importante a reter: é difícil conseguir atingir-se um volume de negócio noutras áreas que não o automóvel. Depende, naturalmente, das empresas, mas há enorme dificuldade em substituir a dependência dessa indústria que, como sabemos, passa por um momento atípico: ninguém sabe o que é que se pode esperar que venha acontecer e, tal como está, é insustentável. Portanto, é de admitir que haja alguma mudança. Só não sabemos quando.

muito consolidado na confiança e vai manter-se como hoje, com a necessidade de ver o rosto da pessoa”, enfatizou. O painel suscitou uma interessante troca de opiniões e questões entre os oradores e a plateia. O Fórum Market Days, que teve nesta a sua segunda edição, insere-se no âmbito do projeto de promoção internacional Engineering & Tooling from Portugal, dinamizado pela CEFAMOL.

Há várias coisas que as empresas podem fazer para enfrentar esta situação. Por um lado, manter o esforço de prospeção de mercados, sejam já conhecidos ou novos. Por exemplo, a América Latina continua a ser uma hipótese, bem como os Estados Unidos. Mas é preciso apostar na diversificação. Por outro lado, há uma questão substancial, que se prende com a própria reestruturação das empresas. Temos, obrigatoriamente, de melhorar a nossa competitividade. Por isso, é preciso repensar as formas de produzir”.

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FAKUMA FOI PALCO DE BONS CONTACTOS PARA MOLDES NACIONAIS 08

Saldou-se pela positiva a participação nacional na feira Fakuma, que decorreu em Friedrichshafen, na Alemanha. Nesta, que foi a 28.ª edição do certame, a CEFAMOL fez-se acompanhar por 22 empresas que, no final, se mostraram satisfeitas com os contactos realizados com clientes e potenciais clientes.

“A feira caracterizou-se por um grande movimento de visitantes que, notoriamente, estabeleceram contactos no sentido de preparar o futuro”, explicou Patrício Tavares, adiantando que a indústria alemã “está a alinhar a sua estratégia para que, uma vez ultrapassado este período de estagnação, consiga assegurar os seus fornecedores”.

AES Group, Bormat, CR Moulds, Ecotool, FozMoldes, Frumolde, Microplásticos, Moldata, Moldes RP, Moldit, Moldoeste, Moldoplástico, PMM, Ribermold, Socem, Steelplus, Tecnifreza, Tecnimoplás, TJ Moldes, UEpro, Vangest, e VSV tiveram oportunidade, através dos contactos estabelecidos, de perceber que o mercado alemão – apesar de ter ainda a atividade industrial fortemente estagnada, sobretudo no ramo automóvel – começa a dar sinais de vitalidade, com perspetivas de, no curto prazo, avançarem novos projetos.

Como ponto de partida, adianta Patrício Tavares, as empresas portuguesas iniciaram a feira “sem grandes expectativas”, tendo em conta a situação de arrefecimento da economia na Europa. Contudo, a feira acabou por revelar-se positiva, mostrando uma indústria (automóvel) que se prepara para o regresso à atividade. “Desde projetos que aguardam aprovação, a novos modelos em preparação, as empresas nacionais constataram que há uma movimentação grande e boas perspetivas por parte da indústria alemã”, salienta.


O mercado alemão, considera, “mantém a sua posição de importância estratégica elevada para o sector, não só pelo seu peso nas exportações nacionais, mas também por se tratar de um barómetro do negócio e das principais tendências, não só a nível da Europa, mas também dos principais mercados mundiais onde estão presentes as OEM clientes com sede no mercado comunitário, e onde muitas vezes é tomada a decisão de compra".

A FEIRA A Fakuma é uma feira internacional que abrange os principais mercados comunitários, com especial foco na Europa Central, que realizou este ano a sua 28.ª edição. Esta feira é dedicada a toda a cadeia de valor da indústria do plástico, desde o conceito até à produção, passando por todos os fornecedores, clientes, entidades públicas e de ensino. De acordo com a organização, esta edição – com um foco grande na questão da sustentabilidade - contou com mais de 1.600

expositores (44 % oriundos de fora da Alemanha), tendo recebido cerca de 39 mil visitantes, a esmagadora maioria representantes das principais indústrias mundiais. Pela sua dimensão e localização, é de notória importância, tratando-se da segunda maior feira, logo a seguir à gigante K. Estrategicamente, a organização da Fakuma decidiu realizar o evento apenas nos anos em que não se realiza a feira K, assumindo-a como uma complementaridade ao invés de uma concorrência direta, o que tem beneficiado ambos os eventos em termos de expositores e visitantes. A participação nacional na Fakuma está inserida no âmbito do projeto de promoção internacional Engineering & Tooling from Portugal, dinamizado pela CEFAMOL e apoiado pelo Compete 2030.

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NOVO PROJETO DE PROMOÇÃO LEVA EMPRESAS A VISITAR OEM NA ALEMANHA 11

Portuguese Toolmaking Days. Assim se designa a nova ação incluída no projeto de promoção da indústria de moldes portuguesa Engineering & Tooling from Portugal, desenvolvido pela CEFAMOL para o período de 2023-24. O objetivo é dar a conhecer os projetos de inovação e novas soluções técnicas e tecnológicas de fabrico utilizadas pelas empresas portuguesas aos Original Equipment Manufacturer (OEM), no caso, as principais marcas da indústria automóvel – o mais importante cliente dos moldes nacionais. Esta iniciativa, que contempla a realização de três ações em momentos e locais distintos, teve início em setembro, com visitas à Tesla e Volkswagen, em Berlim e Wolfsburgo (Alemanha), respetivamente. A CEFAMOL fez-se acompanhar pelas empresas DPMS, Erofio, Moldit, Plasdan, SETSA, Simoldes Tools, Tecnimoplás

e TJ Moldes, que se inscreveram nesta ação para dinamizar o programa com a apresentação de case studies internos. Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, explica que esta iniciativa pretende complementar as ações promocionais que, nos últimos anos, a Associação tem desenvolvido no exterior, em conjunto com as empresas. Mas, ao contrário do que tem sido feito e que é muito direcionado para os tradicionais clientes das empresas portuguesas (os fornecedores de primeira linha), esta iniciativa destina-se a dar a conhecer o desenvolvimento tecnológico do sector português aos clientes finais. Ou seja, apoiar as empresas a reforçar a sua imagem mais a montante e dar um passo mais largo na cadeia de fornecimento da indústria.


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“De uma maneira geral, não são estas empresas os clientes compradores diretos da indústria de moldes. Contudo, ao tornálos conhecedores das soluções inovadoras dos fabricantes portugueses, poderão passar a incluí-las nas especificações dos seus projetos, para que as considerem na sua rede de contactos, uma vez que asseguram aos seus clientes ganhos de eficiência, produtividade e até melhorias substanciais ao nível da sustentabilidade”, adianta. Além desta primeira ação, estão previstas outras duas no âmbito deste projeto: uma, ainda este ano, em Estugarda; e a última, no próximo ano, em Munique, de forma a abarcar as três áreas onde se localizam alguns dos principais players da indústria automóvel na Europa. O objetivo é que, posteriormente, o projeto possa vir a ser alargado a outros mercados geográficos e sectoriais. “O nosso objetivo não é fazer apenas uma simples apresentação das empresas, mas sim das soluções e inovações que estas desenvolveram, os casos de estudo (e resultados) de novas tecnologias ou novas soluções que estão a desenvolver e que podem trazer valor acrescentado à indústria automóvel”, enfatiza.

INTERESSE Em relação aos resultados, Manuel Oliveira considera que, de uma maneira geral, e tendo em conta que esta foi uma primeira ação deste género, os mesmos foram positivos, mas acredita-se que há ainda oportunidades para melhorar a intervenção. Recorda ainda que o atual momento económico e social da Alemanha e da sua indústria também não são as mais positivas e que tal limita o alcance da intervenção. Para além das empresas, a comitiva portuguesa teve ainda oportunidade de reunir com a VDA, a associação de fabricantes e fornecedores da indústria automóvel alemã, com o intuito de conhecer e debater as necessidades e tendências de futuro do sector. A iniciativa Portuguese Toolmaking Days contou ainda com a forte parceria da Delegação da AICEP na Alemanha. A delegação em Berlim, adiantou o secretário-geral da CEFAMOL, “foi uma peça muito importante para nos ajudar a desenvolver todo este trabalho e será fundamental para podermos concretizar as ações futuras”.


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EMPRESAS REALIZAM ENCONTROS PROMISSORES NOS PLASTICS MEETINGS

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Foi considerada positiva a participação portuguesa na edição deste ano dos Plastics Meetings, a convenção internacional de negócios da indústria dos plásticos que decorreu em Lyon, França. No final, do evento, as empresas CARFI, CR Moulds, FIPLA e VIPEX, que acompanharam a CEFAMOL, admitiram ter realizado “encontros promissores”, regressando desta sétima edição com novas perspetivas de negócios. Este certame, conta Patrício Tavares, da CEFAMOL, tem a particularidade de não se enquadrar na tipologia tradicional de feiras. “É um espaço de reuniões direcionadas, onde as empresas têm a possibilidade de contactar diretamente com os alguns grandes fabricantes da indústria plástica, através de reuniões agendadas” antes do início do evento, explica, contando que, além destes meetings, existe um espaço de exposição – com cerca de seis dezenas de empresas -, mas cujos visitantes do local são previamente validados pela organização. Isto faz com que esta feira seja um evento de cariz muito profissional e direcionado para a indústria de plásticos e toda a sua cadeia de fornecimento. “Com este figurino, as empresas conseguem selecionar os encontros que lhes interessam e, caso não consigam agendar reuniões com alguns desses players, têm sempre a possibilidade de ir ao seu

encontro e apresentar-se, porque estão todos presentes no mesmo espaço”, salienta. A edição deste ano, explicou ainda, contou com uma presença muito forte de empresas de injeção e extrusão de plásticos, mas fizeram também parte os mais variados tipos de fornecedores da indústria plástica. Patrício Tavares acrescenta que o modelo desta feira é, sobretudo, concentrar expositores oriundos de França, principalmente das zonas limítrofes de Lyon, representando a indústria de plásticos dessa região. Contudo, em todas as edições – e esta não foi exceção - existem igualmente expositores oriundos de diferentes áreas geográficas. “Para as empresas portuguesas, a feira é muito interessante porque, pela sua tipologia, conseguem controlar o tipo de encontros que consideram mais vantajosos”, sublinhou, adiantando que, este ano, e “pelas características dos expositores que reuniu, tratou-se de uma feira muito adequada à indústria de moldes portuguesa”. A participação da CEFAMOL com este conjunto de empresas integrou-se no âmbito do plano de promoção internacional do sector Engineering & Tooling from Portugal.


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UNBOXING MARKETS: POTENCIALIDADES DO CHILE COMO MERCADO PARA MOLDES PORTUGUESES

O Chile foi o primeiro mercado a revelar-se, no âmbito da mais recente iniciativa da CEFAMOL denominada Unboxing Markets, através do qual se pretende dar a conhecer à indústria um conjunto de mercados que, pelas suas potencialidades, poderão vir a assumirse como detentores de oportunidades para o sector. Nesse sentido, o orador convidado Rui Lourenço Pereira, diretor na AICEP para os mercados do Chile e Peru e Conselheiro Económico na Embaixada Portuguesa em Santiago, traçou um quadro positivo em relação àquele país, num webinar com uma plateia composta por quase três dezenas de profissionais do sector. O Chile, explicou, é um país em constante crescimento na América do Sul, com uma economia estável, políticas favoráveis aos negócios e um ambiente propício para o investimento estrangeiro. “O Chile oferece um conjunto de potencialidades que devem ser valorizadas pelas empresas portuguesas”, salientou. Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, revelou que este webinar não é a única ação que a CEFAMOL tem programada para o mercado chileno. “O objetivo é dar continuidade a ligações com este mercado, promovendo o contacto entre empresas chilenas e portuguesas”. Nesse sentido, adiantou, está prevista decorrer no início de dezembro, uma ação online que integrará empresas dos dois países. Esta é, no seu entender, “uma oportunidade para gerar os primeiros contactos que são, depois, essenciais para desenvolver o trabalho comercial das empresas”. “O Chile emerge como um mercado atraente para as empresas portuguesas que desejam expandir-se internacionalmente”, sublinhou Rui Pereira, adiantando que as suas potencialidades “incluem, entre outros, um ambiente de negócios favorável, com o crescimento económico sólido e acordos comerciais estratégicos e oportunidades em sectores-chave”. O Chile, disse ainda, tem “regras claras nos negócios, regulamentação transparente e baixos níveis de corrupção, o que cria um ambiente seguro e previsível para investidores estrangeiros”.

RADAR DO CHILE Salientou que, no caso de Portugal, as empresas nacionais poderão vir a beneficiar com o acordo EU-Chile, que deverá ser estabelecido ainda este ano. Mas não só. O Chile, frisou, “é conhecido por uma postura pró-comércio”, o que o levou a estabelecer acordos comerciais “com uma rede de países que abrangem todos os continentes”. Isso “significa que as empresas portuguesas que estabelecem operações no Chile podem beneficiar de acesso preferencial a uma vasta gama de mercados internacionais, proporcionando uma vantagem competitiva significativa”. E exemplificou com alguns casos de empresas portuguesas, em áreas como a agricultura ou alimentar, que têm tido bons resultados com esta estratégia. Além disso, referiu, o Chile “é um grande produtor de hidrogénio verde, lítio e cobre”, tendo presentes no seu território multinacionais de todo o mundo, em diversas áreas, incluindo a indústria automóvel. Os principais fornecedores do Chile, esclareceu, são a China, os Estados, Unidos, o Brasil, a Argentina, mas também a Alemanha. Por isso, no seu ponto de vista, Portugal tem boas perspetivas de negócio e oportunidade de crescimento, se der passos nesse sentido. “As empresas portuguesas têm de trabalhar para estar no radar do Chile”, advertiu. A iniciativa Unboxing Markets insere-se no projeto de promoção internacional Engineering & Tooling from Portugal, sendo composto por um conjunto de webinares, cujo principal foco será revelar oportunidades e desafios em mercados com elevado potencial para a indústria de moldes. O objetivo, explicou Manuel Oliveira, é “ajudar as empresas a conquistar novos negócios em diferentes áreas geográficas”. “É preciso trabalhar na diversificação de mercados, de forma a incrementar os negócios na indústria, procurando novas áreas e novos players”, enfatizou.


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ENCONTROS NA ROMÉNIA POSITIVOS PARA EMPRESAS NACIONAIS

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A CEFAMOL marcou presença nos ‘Industry Expo & B2B Meetings, em Arad, na Roménia, fazendo-se acompanhar por empresas nacionais que, no final, classificaram como “positiva” esta ação. CR Moulds, Itecmo, Planimolde e PMM Moldes realizaram diversos encontros com potenciais clientes, num mercado que, conta Patrício Tavares, da CEFAMOL, tem vindo a ganhar relevância como destino dos moldes portugueses. “A Roménia deu um salto grande no total das exportações de moldes nacionais: de mercado residual passou a integrar o Top10 dos mercados do sector”, explica, adiantando que, no certame, as empresas realizaram contactos “com muito potencial” no que diz respeito ao desenvolvimento de negócios futuros.

A nível europeu, salienta Patrício Tavares, a Roménia tem vindo a crescer também enquanto local de eleição para a implantação de um conjunto de grandes players da indústria de plásticos, sobretudo do ramo automóvel. E isso, adiantou, foi notório na tipologia de visitantes presentes no evento, maioritariamente fornecedores de primeira e segunda linha da indústria automóvel, mas também de outros sectores. Esta foi a primeira vez que a CEFAMOL participou neste certame, contando com o apoio da AICEP, através do seu delegado em Bucareste, Hélio Campos. A ação inseriu-se no âmbito do projeto de internacionalização Engineering & Tooling from Portugal, promovido pela Associação e apoiado pelo COMPETE 2030.


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MÉXICO MANTÉM-SE COMO ESTRATÉGICO PARA MOLDES NACIONAIS 16

POTENCIAL

A mais recente edição da feira Plastimagen, que decorreu na Cidade do México, entre 7 e 10 de novembro, permitiu às empresas nacionais perceber que aquele mercado mantém as suas características de dinâmica empresarial, assumindo-se como estratégico para os moldes portugueses.

A dinâmica visível nesta feira é o espelho da indústria naquela região, adianta Patrício Tavares, salientando que o México continua a ser “um mercado muito interessante, com um elevado potencial para os fabricantes nacionais”.

Neste certame, a CEFAMOL fez-se acompanhar pelas empresas Frumolde, Plásticos Joluce, Moldoplástico, Socem, Somema, Universal Afir e Mexportools (consórcio que integra a Moldit, Moldworld, Ribermold e TJ Moldes). Estiveram ainda presentes duas outras associadas da CEFAMOL: GLN e On-Time Moulds.

Os Estados Unidos da América, acrescenta Patrício Tavares, mantêm uma grande interação com o mercado mexicano, com um elevado número de empresas norte-americanas a criarem ali novas unidades. Por isso, considera, os negócios originados no México podem tornar possível a entrada no mercado dos Estados Unidos.

De acordo com a organização da feira, esta terá sido a edição com maior representação na história da Plastimagen: mais de 800 expositores, representando cerca de 1.600 marcas, com 14 pavilhões internacionais (de 27 países). O número de visitantes ascendeu a cerca de 28 mil.

O objetivo principal da participação nesta feira foi, na generalidade dos casos das empresas portuguesas, a abordagem às empresas localizadas no México, sejam empresas locais ou multinacionais ali instaladas. No caso da indústria de moldes nacional, o México tem vindo a afirmar-se, ano após ano, como mercado estratégico. No primeiro semestre deste ano, as exportações para aquele país subiram em relação ao período homólogo do ano passado. Isto porque, sublinha Patrício Tavares, o país “revela saúde industrial”. O que, na sua opinião, se conseguiu constatar nos contactos realizados pelas empresas portuguesas.

“Esta dimensão da feira foi um aspeto muito interessante”, de acordo com Patrício Tavares, da CEFAMOL, destacando que, no final, as empresas nacionais concluíram que o resultado “foi ao encontro das expectativas que tinham, traduzindo-se em vários contactos com muito interesse e, em muitos casos, de alto valor acrescentado”. No decorrer do certame, as empresas portuguesas receberam a visita da delegada da AICEP na cidade do México, Mariana Oom.

“Percebeu-se que a indústria está saudável, que existem projetos para sair e que este continua a ser um mercado com muita dinâmica”, explica, adiantando que “os sinais que observámos são


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bons, em particular na indústria automóvel”. Adverte, no entanto, que este é um mercado que exige algum investimento por parte das empresas, na lógica da proximidade, ou seja, “obriga a ir lá, estabelecer contactos pessoais e criar uma relação de confiança e proximidade”. Sendo um dos mercados de forte interesse para a indústria nacional, a CEFAMOL está já a preparar uma nova ação no México para fevereiro de 2024: a participação nos Automotive Meetings, em Queretaro.

A FEIRA A Plastimagen, um dos eventos mais importantes da indústria transformadora de plásticos na América do Norte (logo depois da NPE, nos EUA), abarca toda a cadeia de transformação do plástico, reunindo os principais fabricantes do mundo – desde os localizados na América do Norte, à Europa e à Ásia. Além de fabricantes de moldes, acolhe representantes de máquinas e equipamentos, alta tecnologia, plásticos e produtos de plástico, e serviços da indústria de plásticos. Os visitantes da feira são, principalmente, as empresas locais. Ou seja, é uma feira internacional para quem está a expor, mas assume carácter nacional na ótica de quem a visita. Além das empresas mexicanas, atrai também visitantes do sul dos Estados Unidos e até do Canadá.


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SALÃO DE SUBCONTRATAÇÃO AUTOMÓVEL DE MARROCOS REVELA BOAS PERSPETIVAS PARA EMPRESAS NACIONAIS

Saldou-se pela positiva a presença de um conjunto de empresas portuguesas no VII Salão de Subcontratação Automóvel de Marrocos (Salon Sous-Traitance Automobile), que decorreu em Tânger. Caetano Coatings, DPMS, LIS, KLC, Rerom e Ricardo & Barbosa integraram esta participação, organizada pela CEFAMOL numa parceria com a AFIA e a delegação da AICEP em Marrocos. O certame é organizado pela Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel de Marrocos (AMICA).

Manuel Oliveira, “no seu conjunto, constituíram a representação internacional que mais se evidenciou” nesta que é um dos mais importantes certames para os fornecedores deste sector naquela região. Tânger, juntamente com Kenitra, constituem as principais regiões da cadeia de fornecimento da indústria automóvel naquele país, tendo, entre outras, ali implantadas as fábricas da Renault e da Stellantis.

No final destes três dias de encontros e reuniões, contou Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, as empresas “de uma maneira geral, mostraram-se satisfeitas com os contactos estabelecidos com algumas multinacionais ali implantadas (fornecedores de primeira ou segunda linha da indústria automóvel)”, alguns deles reveladores de potenciais e promissores negócios de futuro.

“Esta ação saldou-se pela positiva, inserindo-se na nossa estratégia de aproximação ao mercado de Marrocos, que tem vindo a ser desenvolvida ao longo dos últimos anos”, adiantou o secretáriogeral da CEFAMOL, salientando que esta não foi a primeira participação das empresas nacionais neste salão. As anteriores ações promocionais realizadas no mercado, referiu, também se pautaram pela positiva.

No evento, que contou, na abertura, com a visita do Ministro da Indústria de Marrocos, as empresas nacionais tiveram oportunidade de apresentar a sua experiência no sector automóvel, bem como as soluções e inovações que disponibilizam, conquistando a atenção de potenciais parceiros de negócios, tanto mais que, enalteceu

Dos contactos realizados, sublinha, foi possível constatar que, naquela região, “continua a haver um crescimento do negócio e ao número de empresas que estão instaladas em Marrocos”. Além disso, revela, “percebemos também o crescimento das zonas industriais que estão dedicadas à fileira automóvel, o que


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demonstra uma estratégia que tem vindo a ser desenvolvida por aquele mercado, que continua em franco desenvolvimento”. Para Manuel Oliveira, essa constatação afigura-se como bastante positiva, uma vez que, apesar de se localizar no continente africano, o mercado de Marrocos “está extremamente próximo e interligado com a Europa”. O país, considera, está a transformar-se num centro estratégico para a indústria automóvel, tendo demonstrado, ao longo dos últimos anos, constituir-se como propício para investimentos e colaborações, consolidando a sua posição como um hub dinâmico para esta área industrial.


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ROTEIRO PARA A DESCARBONIZAÇÃO APOIA EMPRESAS NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20

atividades previstas, com o objetivo de apoiar as empresas neste processo e disseminar conhecimento. Estas foram apresentadas por Manuel Oliveira, inserindo-se num conjunto de objetivos de sensibilização, capacitação e uniformização do conceito na indústria de moldes. A descarbonização é dos maiores desafios com que se confrontam as empresas no caminho para a sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável pressupõe um conjunto de medidas e ações que coloquem em harmonia tudo o que compõe uma organização, seja a nível ecológico, económico, social e até cultural. Para apoiar as empresas a fazer este percurso, a CEFAMOL, em conjunto com o CENTIMFE, e no âmbito do projeto Low-Carb, irão desenvolver o Roteiro para a Descarbonização da Indústria de Moldes, promovido no âmbito do PRR. O plano de ação desta nova ferramenta de apoio ao sector foi apresentado numa sessão que decorreu a 13 de dezembro, no Centro Empresarial da Marinha Grande, reunindo mais de sessenta profissionais da indústria. A descarbonização constitui um dos maiores desafios que se colocam, atualmente, ao sector industrial. Apoiar as empresas neste percurso é o objetivo do Roteiro para a Descarbonização da Indústria de Moldes, que pretende, ainda, promover uma mudança de paradigma na utilização dos recursos. No decorrer da sessão de lançamento, esta nova ferramenta foi apresentada por Ana Pires, do CENTIMFE e Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL. O ponto de partida do projeto, explicou Ana Pires, consistiu em “analisar o posicionamento da indústria de moldes nesta questão”. Foi definida a necessidade de criar um roteiro, projeto que tem vindo a ser elaborado nos últimos meses e que foi apresentado à indústria no dia 13 de dezembro. Este roteiro, adiantou, “estará integrado numa plataforma digital informativa que permita conceber os planos de ação à medida de cada empresa”. A meta, clarificou, é alcançar a neutralidade carbónica até 2050. O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) integra também este projeto, ajudando a medir e definir as metas mais indicadas para as empresas do sector. Neste percurso, assumem especial relevância questões como a digitalização, a eficiência energética ou mesmo a inteligência artificial. O papel da plataforma, salientou ainda Ana Pires, é evoluir e conseguir vir a elaborar autodiagnósticos; ou seja, permitir a cada empresa avaliar a sua situação e criar um plano à medida das suas necessidades. O Roteiro, com uma vigência temporal até 2025, conta vir a integrar, pelo menos, 50 empresas do sector, pretendendo apoiá-las a, para além de monitorizar e elaborar planos, conseguir financiamento para operacionalizar a mudança. Este projeto tem ainda um conjunto de

Está prevista a realização de um ciclo de workshops (presencial), abordando as temáticas da descarbonização e competitividade, a decorrer a cada dois meses, e intercalando com a realização de ações de formação, com a presença de especialistas em várias temáticas relacionadas com a descarbonização. De forma a assegurar a comunicação e disseminação, o roteiro tem ainda estipulada a criação de um Glossário para a Descarbonização, que uniformize a linguagem para a indústria. Serão também criados ainda um website, newsletters trimestrais, notícias e artigos na revista Molde e vídeos das ações que contribuam para disseminar informação e conhecimento sobre o tema. “Este é um caminho exigente que as empresas dificilmente conseguirão percorrer sozinhas, sendo, por isso, essencial um alinhamento coletivo”, defendeu Manuel Oliveira.

OPORTUNIDADE Falando na abertura da sessão, João Faustino, Presidente da CEFAMOL, considerou que o Roteiro “é um passo crucial na nossa jornada rumo a um futuro sustentável”. Disse ainda que se trata de uma “ferramenta indispensável de apoio à indústria”, que “pretende assumir-se pelo seu papel de orientação estratégica, sendo composto por diretrizes e linhas, de forma a disponibilizar soluções para as mudanças necessárias nas empresas”. “Um ambiente mais sustentável é fundamental e as empresas têm de seguir este caminho, até porque a sustentabilidade é uma questão estratégica para o mercado que está cada vez mais consciente e exigente nesta matéria”, afirmou ainda. Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), falou sobre a necessidade da descarbonização, advertindo as empresas que esta “pode constituir-se como uma oportunidade para reduzir custos e incrementar a competitividade”. Os moldes, destacou, “têm desafios muito exigentes pela frente”, repartidos por várias áreas, mas que surgem todos em simultâneo. “Trata-se de uma emergência nova, que exige respostas mais rápidas”, considerou, lembrando que, ao estarem inseridas em cadeias de valor internacionais, as empresas de moldes “têm de acelerar os seus planos, porque, vão ter de cumprir critérios muito claros relativos à descarbonização”. Por isso, aconselhou as empresas a fazerem-se “rodear de conhecimento para optar pelos melhores passos e medidas”.


empresas”, enfatizou.

TRANSPARÊNCIA Ana Pires, do CENTIMFE, lembrou que a Europa “quer alcançar a neutralidade carbónica”, afirmar-se como ‘o berço das energias limpas’ e, por isso, desenvolveu um conjunto de regulamentos que, ao apostar nestas tecnologias com origem renovável, contemplam vários incentivos à indústria, de forma a assegurar a sua competitividade.

/ / Pedro Domiguinhos - CNA PRR

Já Luís Filipe Guerreiro, Presidente do IAPMEI, referiu a importância do processo de descarbonização para a indústria, salientando que “vivemos um período de transição em tudo: climático, digital e energético” e este caracteriza-se, sobretudo, pela velocidade a que acontece. Isto faz com que, no seu entender, seja necessária uma aprendizagem rápida, quer das empresas, da sociedade civil ou das entidades públicas. Os organismos públicos, exortou, “têm de ser mais rápidos e eficientes nas respostas, de forma a apoiar a indústria”. No caso do IAPMEI, sublinhou, “tentamos acompanhar as mudanças nas empresas e ajudar, com a noção de que a descarbonização é um esforço enorme, mas incontornável”. Salientando que as PME “ainda não têm estruturas suficientes para avançar como as empresas maiores”, defendeu que é essencial que tenham apoio para percorrer este caminho. Além da inclusão nas cadeias de valor, lembrou a importância da sustentabilidade para assegurar outra questão: o financiamento. “Os bancos vão exigir sustentabilidade às

Referindo-se à indústria de moldes, considerou que as empresas têm de olhar não apenas para a sua produção, mas para todo o processo produtivo, incluindo o material a injetar e o seu final de vida. Destacou ainda a importância de questões como os aços neutros em carbono, defendendo que os moldes têm de conseguir ser mais duráveis e tem de ser possível, também, reutilizar alguns dos seus componentes, no final da produção.

/ / Ana Pires - CENTIMFE

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DESCARBONIZAÇÃO | TESTEMUNHOS “A sustentabilidade é um fator decisivo para a competitividade” Sandrina Coutinho - BOSCH

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/ / Elsa Henriques - FLAD

Para Elsa Henriques, da FLAD, que falou sobre ‘A cadeia de valor da indústria de moldes’, “o molde é um sistema muito complexo, que está na origem de muitos produtos e peças e o seu processo de fabrico é, ele próprio, muito complexo, com tarefas e as tecnologias mais avançadas”. Além disso, lembrou, “o molde é um produto único, ou seja, é todo um trabalho de engenharia feito à medida do seu cliente”. Por isso, a descarbonização apresenta-se como um grande desafio para as empresas, juntamente com vários outros que se colocam ao sector, que têm de olhar para todo o ciclo produtivo, desde o design ao final de vida dos produtos, procurando melhorar a sua resposta. No seu entender, as empresas têm de “conseguir tornarse imprescindíveis para o seu cliente, dando respostas a todas as mudanças que este exige” e, dessa forma, ganharem importância, diferenciação e competitividade. Defendeu ainda que há espaço para ganhos de eficiência e a descarbonização pode ser disso um exemplo. Sandrina Coutinho, da BOSCH, e Bruno Campos, da MD Group, apresentaram exemplos mais práticos da forma como as respetivas empresas estão a posicionar-se face à descarbonização. Sandrina Coutinho contou que, desde 2018, a empresa definiu áreas prioritárias na questão da sustentabilidade, como a água, a economia circular, a inclusão e diversidade, a saúde, as alterações climáticas e os direitos humanos. Até 2030, enfatizou, o objetivo é reduzir ainda o impacto nesta questão e, nesse sentido, a empresa começou já a medir a forma como os seus fornecedores se estão a preparar para a mudança. “Neste processo, é imprescindível que toda a cadeia esteja em linha com estas orientações”, explicou, salientando que a empresa “tem de obter resultados reais e ter noção da pegada de carbono de cada componente que integra na sua produção”. “Transparência” é a palavra-chave deste processo. Já Bruno Campos, da MD Group, deu nota das dificuldades com que se deparou a empresa para avançar com um plano de descarbonização, explicando que, inicialmente, foram colocadas em prática medidas desgarradas e só mais recentemente é que se apostou na elaboração de um plano, com objetivos e metas a alcançar. Neste momento, adiantou ainda, a empresa está a preparar-se para o próximo passo: a criação de um relatório de sustentabilidade. No seu entender, “é fundamental olhar para dentro e conhecer bem todo o processo, antes de criar o plano de mudança; valorizar as métricas, analisá-las e só depois tomar decisões”.

Para iniciar este processo da descarbonização, penso que as empresas devem olhar para a sua própria estrutura, para dentro de casa e ver, efetivamente, qual é o status atual e o que é que podem melhorar. E aqui é preciso ter em conta as ambições dos nossos clientes e ir ao seu encontro. Muitas vezes, achamos que descarbonizar é apenas o instalar de painéis ou energias renováveis. Mas é algo mais transformador. Sabemos que é, por vezes, um processo difícil, porque muitas empresas sentem que não têm recursos suficientes e nós, Bosch, lidamos com esse problema quando entramos em contato com os nossos fornecedores. No entanto, é um investimento que deve ser feito, seja obtendo recursos internamente ou recorrer a alguma consultoria, no sentido de ter essa ajuda. E estas mudanças vão ser cada vez mais importantes. Por exemplo, nas compras. No caso da Bosch, consideravamse questões como o preço, a entrega ou a localização dos fornecedores, mas, sobretudo, a partir de 2023, o grupo coloca em cima da mesa o fator sustentabilidade. Olhamos, efetivamente, para as iniciativas que tomamos e confirmamos se os nossos fornecedores também vão nesse caminho. Por isso, a sustentabilidade é um fator decisivo também para a competitividade.

“É fundamental que as empresas adotem as melhores práticas e o mais rapidamente possível” Bruno Campos - MD Group Apostar na descarbonização ajuda-nos a ser mais competitivos. Por exemplo, na prática, se nos permite usar menos aço e gastar menos energia, já estamos a ganhar. Costuma dizerse que, por vezes, custa tanto fazer bem como fazer mal, por isso o que aconselho é que as empresas adotem as melhores práticas e o mais rapidamente possível. Os clientes começam a exigir e temos de corresponder. No nosso caso, temos vindo a percorrer este caminho. O passo essencial para iniciar este processo é que cada empresa conheça bem a sua cadeia de valor, que conheça detalhadamente as suas etapas e que olhe para elas de forma crítica. Depois, é importante mapear os processos e ter uma boa métrica de medição. Com isto, conseguimos identificar as áreas a atuar e estabelecer prioridades. Neste momento, dos nossos clientes, já não consigo encontrar um que não valorize esta questão da descarbonização. Muitos, até impõem regras ou cumprimento de metas. No entanto, e esta é uma questão complexa, por vezes corresponder a tudo isto não significa que os clientes não optem pelo fabrico na Ásia ou no Leste. O fator preço continua a falar mais forte, em alguns casos. Mas espero que este caminho da descarbonização, que esta onda de mudança obtenha cada vez mais força e que, através dela, consigamos ganhar pontos nesta ‘luta’ em condições, muitas vezes, desiguais.



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“OS GRANDES CLIENTES VÃO EXIGIR QUE AS EMPRESAS PROVEM AS SUAS BOAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE”

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ENTREVISTA A LUÍS FILIPE GUERREIRO (PRESIDENTE DO IAPMEI)

Como conseguir que as empresas percebam a importância da descarbonização? É fundamental que percebam e comecem a agir sobre ela. Penso que estes roteiros para a descarbonização – como o da indústria de moldes - que começam a estar no terreno, são fundamentais. As Associações também têm um papel fulcral nesta matéria, bem como os Centro Tecnológicos e demais entidades. Nenhuma empresa, ainda por cima se for uma PME, consegue fazer este caminho sozinha. Será um trabalho hercúleo. Para fazer esta jornada, as empresas têm mesmo de procurar ajuda. - E encontram essa ajuda, por exemplo, junto do IAPMEI? O IAPMEI tem várias delegações por todo o país. Podemos ajudar naquilo que for preciso. O IAPMEI tem vários programas que tratam da parte da descarbonização e eles são divulgados, tanto no nosso site, como através da das nossas redes sociais. Ao mesmo tempo, também apoiamos na capacitação das empresas para tudo o que seja descarbonização, incluindo a questão ESG (environmental, social e governance), ou seja a parte da sustentabilidade. Alguns destes programas são periódicos, vamos fazendo em função das necessidades ou da falta de informação nas empresas. Como é que, no vosso caso, chegam às empresas? Vamos tentando colmatar essa falta de informação, disponibilizando ferramentas e programas, através, sobretudo, do nosso site. No entanto, reforço que estes programas, no âmbito do PRR, são exatamente para ajudar as empresas nesta jornada. E nesse âmbito, sublinho a importância destes roteiros que são feitos para as empresas. Que conselho é que daria a uma empresa que começa neste momento a preparar-se para este processo? É imprescindível que o faça; que comece o quanto antes. Uma empresa que passa ao lado da descarbonização está também a passar ao lado da sustentabilidade. Todos sabemos que Portugal é uma economia aberta, as nossas empresas, geralmente as PME, situam-se nas cadeias de valor – no caso da indústria de moldes, no princípio da cadeia de valor – e se elas não enveredarem pela descarbonização e pela sustentabilidade, não poderão integrar estas cadeias. É que os grandes clientes vão exigir que as empresas provem

que realmente praticam e têm boas práticas, no que diz respeito à sustentabilidade. E aqui entra, naturalmente, a descarbonização. É inviável, neste momento, uma empresa não pensar e não começar já a atuar para realmente enveredar por esse caminho. … sob pena de pôr em risco a sua própria sobrevivência? Sim. Põe efetivamente em risco a sua sobrevivência. Não apenas devido à pressão das cadeias de valor, dos grandes clientes, mas também no que diz respeito ao financiamento. Cada vez mais, os bancos vão exigir que as empresas, para serem financiadas, provem que têm práticas de sustentabilidade. Caso contrário, não são financiadas ou terão o custo de financiamento muito mais alto.

«É inviável, neste momento, uma empresa não pensar e não começar já a atuar para realmente enveredar [pelo caminho da descarbonização]»


AKA MOLDES

MAIS DE DUAS DÉCADAS DE COMPROMISSO E EXCELÊNCIA NA INDÚSTRIA DE MOLDES

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NOVOS ASSOCIADOS /

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Com sede em Oliveira de Azeméis, a AKA Moldes foi fundada em 1997. Ao longo dos anos, tem consolidado uma reputação sólida, disponibilizando um conjunto amplo de serviços que abarcam a conceção, a produção, a assistência pós-venda e também a reparação de moldes. Com isso, tem consolidado uma imagem forte no sector, destacando-se pela qualidade dos seus produtos, aliada ao rigoroso cumprimento dos prazos de entrega e preços competitivos, tendo como meta a plena satisfação dos seus clientes. A excelência dos serviços da AKA Moldes é assegurada pela experiência e inovação da sua equipa, destacando-se o exemplo dos projetistas. Estes asseguram as melhores decisões técnicas, alinhadas com os requisitos mais exigentes e especificações do cliente, tendo como resultado moldes que operam com elevado rigor técnico. O know how e o dinamismo desta equipa, combinados com o uso da mais recente tecnologia, possibilitam à AKA Moldes desenvolver e entregar produtos finais de alta qualidade, cumprindo escrupulosamente os prazos acordados com o seu cliente. A empresa é também certificada pelas normas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015. A AKA Moldes pauta a sua ação por um enorme sentido de sustentabilidade, acreditando que a ligação com os seus produtos não termina quando estes deixam as instalações da empresa. Por isso, oferece um serviço pós-venda contínuo, proporcionando soluções eficazes que respondem às necessidades do cliente, ao longo de todo o ciclo de vida do molde. A AKA Moldes reitera o seu compromisso com a excelência e a satisfação total dos seus clientes, solidificando a sua posição como uma referência na indústria de moldes.


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GRAPHITE TECHNOLOGIES

ALTA QUALIDADE ALIADA A SERVIÇO EFICIENTE ASSEGURA RESPOSTAS DE EXCELÊNCIA 26

a excelência. Conta, atualmente, com uma equipa altamente especializada, composta por 28 profissionais.

Desde a sua fundação, em 1989, em Lisboa, até a sua consolidação na Zona Industrial da Marinha Grande – com a construção de um edifício de raiz, para o qual se mudou, em 1999 -, a empresa tem percorrido uma trajetória de notável evolução: em 1991, a sede passou para Casal Galego, na Marinha Grande e, em 1992, nasceu a filial de Oliveira de Azeméis. Nos primeiros anos de atividade, dedicou-se à eletroerosão e distribuição exclusiva das melhores marcas globais. Mas evoluiu estrategicamente, expandindo o seu portefólio, de forma a responder às necessidades do exigente mercado onde opera, assegurando, hoje, uma vasta gama de marcas e produtos que permite alcançar clientes em várias áreas. Em 2014, os sócios Nelson Vieira e Hilário Costa consolidaram a sua posição na gerência, solidificando o seu compromisso com

Com mais de 30 anos de experiência, a Graphite Technologies mantém o seu foco na indústria metalomecânica, especialmente no fabrico de moldes e ferramentas. Contudo, demonstrando grande versatilidade e adaptabilidade, abarca sectores variados, incluindo a injeção, compósitos e fabrico de modelos e protótipos. Geograficamente, a Graphite Technologies estabeleceu uma presença abrangente, com clientes em todo o território português e em parte de Espanha. A empresa enfrenta os desafios do mercado com determinação, investindo na formação contínua dos seus colaboradores de forma a fortalecer a sua capacidade de resposta, impulsionando com a sua ação a produtividade dos clientes e construindo relações sólidas. Pauta a sua prioridade por uma busca contínua de parcerias estratégicas e soluções inovadoras, consolidando a sua posição de excelência, pronta para enfrentar os desafios futuros com dedicação e inovação.


NOVOS ASSOCIADOS /

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POLISPORT MOLDS

QUALIDADE E CELERIDADE NO FABRICO DE MOLDES PARA PLÁSTICOS

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fase orientada para a exportação. Essa reestruturação incluiu um aumento significativo na capacidade da empresa, permitindo o fabrico de moldes até 20 toneladas. A Polisport Molds conta com uma equipa de 26 colaboradores altamente especializados e dedicados, e um volume de negócios A Polisport Molds foi fundada em 2011. Localizada na zona industrial do Rossio, em Vale de Cambra, opera na área da engenharia e fabrico de moldes técnicos de alta precisão para a indústria de plásticos. Pertencente ao Grupo Polisport, foi criada com o objetivo de dar resposta às necessidades internas do Grupo, abrangendo desde a

de 4,3 milhões de euros. Deste montante, 50 % são destinados ao Grupo Polisport, enquanto os restantes 50 % são distribuídos entre os mercados nacional e internacional, abrangendo sectores como o automóvel, embalagens, utensílios domésticos, entre outros.

fabricação de novos moldes até ao suporte em manutenções. Com

De olhos postos no futuro, a empresa aspira a um crescimento

isto, assegurou, no Grupo, um maior controlo de todo o processo de

sustentável, fundamentado no rigor e no compromisso com os

fabrico dos moldes, aliando a qualidade a um tempo de resposta

seus clientes, colaboradores e fornecedores. Mantém-se vigilante

mais célere.

em relação aos desafios e oportunidades, de forma a continuar

Em 2017, a empresa passou por uma mudança estratégica, resultando numa reorganização de forma a potenciar uma nova

a assegurar as melhores soluções e respostas ao exigente sector onde opera.


/ A INDÚSTRIA À LUPA

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PLÁSTICOS JOLUCE

EXCELÊNCIA E RIGOR CONDUZEM A TRAJETÓRIA DE LIDERANÇA NO SECTOR DOS PLÁSTICOS 28

Foi há mais de meio século, em 27 de agosto de 1971, que nasceu a Plásticos Joluce, cuja história revela uma evolução notável no cenário da transformação de matérias plásticas. Inicialmente, a empresa desempenhou o papel de complemento à Moldoplástico, do mesmo grupo, dedicando-se a testes e ensaios de moldes e, posteriormente, emergiu como uma referência no fabrico de peças em série, atuando em regime de subcontratação. Com mais de 90 colaboradores, a empresa exporta mais de 60 % da sua produção. 1990 foi o período de transformação da Joluce. A empresa dava os primeiros passos nas duas décadas de atividade quando fabricou o primeiro casco de cadeira para um estádio de futebol. Esse marco foi o catalisador do seu atual core business. Dez anos mais tarde, o pioneirismo voltou a manifestar-se com a criação do primeiro molde de cadeira monobloco, produto que continua a ser um dos mais procurados globalmente. Este sucesso foi o propulsor para um crescimento exponencial, levando a empresa a avançar para um significativo investimento em 2008. Nesse ano, a Joluce transferiu a sua unidade produtiva de Oliveira de Azeméis para novas e modernas instalações, no Ecoparque Empresarial de Estarreja (onde ainda hoje está localizada), totalizando uma área de mais de 20.000 m2, dos quais 12.000 m2 são cobertos. Está equipada com sistemas robotizados, tendo também um laboratório interno, dotado de equipamentos e tecnologia avançada. A Plásticos Joluce destaca-se, hoje, como uma referência na transformação de matérias plásticas por injeção, consolidando-

se como um dos maiores fabricantes europeus e o maior a nível nacional, em três áreas principais: mobiliário de jardim e de praia, esplanadas publicitárias (foi pioneira na utilização da tecnologia IML - In Mould Labelling) e, mais recentemente, em materiais premium para o sector hoteleiro (mobiliário Contract).

EXPORTAÇÃO Com mais de 90 colaboradores, a empresa tem uma aposta consolidada na internacionalização, com mais de 60 % das vendas provenientes de exportações, alcançando diversos continentes, com destaque para o europeu e países como Espanha, França, Itália, Chéquia, Roménia e Polónia. Pontualmente, tem alcançado também clientes nos EUA e África. Com mais de 50 anos de atividade, a empresa destaca-se como líder e inovadora, mantendo uma estratégia centrada no futuro e consolidando a sua posição no mercado nacional e internacional, classificando-se como uma das empresas de referência no sector. A qualidade, inovação e compromisso que coloca em todos os seus produtos valeram-lhe o estatuto de PME Excelência e Líder, de forma consecutiva, nos últimos anos, bem como a atribuição de alguns prémios de grande prestígio internacionais.

APREENSÃO Carlos Silva, administrador do Grupo Moldoplástico, manifesta alguma apreensão em relação à atualidade do sector, considerando que os moldes e os plásticos estão “a vivenciar, muito provavelmente, um dos períodos mais críticos de sempre, muito por


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culpa dos graves problemas de natureza económica e social que atravessamos - pelos motivos que todos conhecemos – e, sobretudo, pela grande instabilidade e incerteza do mercado de trabalho”. E isto, enfatiza, apesar da indústria dos plásticos ser “mais flexível e adaptável, na sua gestão”. Ora, acrescenta, esta situação “tem um impacto extremamente negativo, porque / / Carlos Silva inviabiliza a consolidação e sustentabilidade financeira - com um determinado alcance no tempo - e este contexto é propício a perdas de margem, pela maior concorrência e por um certo ‘desespero’ pela concretização de negócios”. “Hoje, trabalha-se muito para o momento, para o imediato, para o dia-a-dia, fazendo com que a tesouraria das empresas esteja sempre em esforço e sujeita a uma pressão tremenda”, adianta. A juntar a isto enumera alguns dos “problemas de sempre” do sector: “a concorrência entre empresas mais recentes, modernas e com estruturas ‘leves’ e as empresas com antiguidade e que, naturalmente, têm enormes desajustamentos, de vária ordem, fruto de ‘vícios’ naturais do seu passado; o capital humano e a dificuldade de atrair e motivar, sendo este o maior desafio de todos”. Para Carlos Silva, “esta é uma indústria com uma exigência terrível, sujeita a enormes pressões, por vezes até violenta psicologicamente, pela necessidade de se ser eficiente, pelos prazos apertados e pelo grau de compromisso a que obriga sistematicamente”. Tais características, salienta, não são atrativas para os jovens. E até os colaboradores mais antigos, destaca, “nem sempre conseguem encontrar auto-motivação suficiente que lhes permita encarar o presente e o futuro com o compromisso que já tiveram”. Dá nota ainda de outras questões que impactam na vida das empresas: a falta de atenção a nível governamental, considerando que o Governo “não conhece e relativiza os problemas das empresas”, acrescentando questões como a carga fiscal elevada, poucos incentivos e apoios, dificuldade de acesso a fundos pela enorme burocracia, bem como as leis laborais que, no seu entender “deveriam ser reformuladas”. Por tudo isto, defende que as “organizações devem olhar para o futuro de uma forma muito cuidadosa e assente em seis pilares: Conduta e Ética, Inovação, Produto Diferenciado e com Valor, Competitividade, Serviço e Sustentabilidade”. É isto que, sustenta, a Plásticos Joluce procura colocar em prática, de forma a ter capacidade de adaptação, ganhar escala e dimensão através de parcerias, sinergias e cooperações, gerir a inteligência emocional, diversificar a atividade, e aumentar a capacidade de produção.


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PROCADIMOLDES: INOVAÇÃO E PARCERIA SÓLIDA COM O CLIENTE SÃO PILARES DE SUCESSO 30

Desde 1994 que a Procadimoldes se tem vindo a afirmar como uma das empresas de referência na indústria de moldes em Portugal, pautando a sua história por um percurso de crescimento consistente. Localizada na zona da Maceira (Leiria), com 46 colaboradores, destaca-se pela valorização de parcerias bem-sucedidas, orientando a sua prioridade para assegurar a melhor resposta aos seus clientes. Espanha, Alemanha e França são, atualmente, os principais mercados, operando em áreas como a indústria automóvel, médica e eletrónica, entre outras. A Procadimoldes foi fundada por Carlos Pragosa, em novembro de 1994. Iniciou sua trajetória como uma empresa dedicada a serviços técnicos e de apoio às empresas de moldes, nomeadamente nas áreas do projeto e modelação 3D. Originária da vila da Batalha, a empresa, inicialmente pequena, expandiu-se ao longo dos anos, mudando para as atuais instalações, na zona da Maceira (Leiria), em 2000. Aí, foi crescendo paulatinamente, através de uma aposta em inovação e pessoas altamente qualificadas e comprometidas. Ao longo de sua história, a Procadimoldes foi construindo a sua imagem, através de passos seguros e consistentes, sendo hoje uma das empresas de referência no sector, especializada no desenvolvimento e fabrico de moldes até 17 toneladas, abrangendo desde a conceção da peça até à expedição do molde. Tem como principais clientes diversos sectores, incluindo as indústrias automóvel (que representa cerca de 55 %, mas, no passado, já ascendeu a 80 %), médica, eletrodomésticos, eletricidade e eletrónica.

A nível geográfico, os principais mercados estão localizados na Europa, sobretudo em Espanha, Alemanha e França, mas a empresa desenvolve também projetos para o norte de África e, em menor escala, para os Estados Unidos da América. Com 46 colaboradores, a empresa tem apostado em dedicar-se exclusivamente ao fabrico do molde, não se envolvendo na fase de injeção do plástico, serviço ao qual recorre sempre que necessário, mantendo, para isso, parcerias bem-sucedidas, ao longo dos anos. Reconhecida nos últimos anos com os galardões PME Líder e Excelência, a Procadimoldes é, desde cedo na sua atividade, certificada pela norma de qualidade ISO 9001:2015. Carlos Pragosa, fundador da empresa e que, com a esposa Judite, partilha a gerência, salienta a importância da diferenciação como fator de sucesso, contando, como exemplo, a aposta que a empresa fez, em 2002, no fabrico do primeiro molde para bi-matéria. Hoje, a Procadimoldes oferece outras tecnologias, como a Variortherm, e, desde 2009, explora a inserção de sinterização a laser no fabrico do


No seu caso, enfatiza, procura ser, “não apenas uma formiga no carreiro, mas sim uma entidade inovadora e comprometida, procurando afirmar-se pela diferenciação da sua oferta”, defende. Com foco na proximidade com o cliente, a Procadimoldes prepara-se para inaugurar uma segunda célula de produção, depois da primeira - que colocou em atividade em 2017.

molde. Por enquanto, esta última é fornecida por alguns parceiros de confiança, mas trata-se, contudo, de uma das apostas que pensa em adotar internamente, no futuro.

APREENSÃO Contudo, o responsável expressa preocupação com a instabilidade na indústria de moldes, especialmente devido à redução de encomendas do sector automóvel. Tal, no seu entender, “trouxe incerteza, preços baixos e exigências sem limite, ocasionando uma concorrência por vezes desleal”. Por isso, considera que o futuro, se o rumo não se alterar, “poderá ser algo sombrio”. Para obviar esta situação, defende a necessidade de as empresas conseguirem “estreitar parcerias, otimizar processos e investir em sustentabilidade para enfrentar os desafios do futuro”.

Uma outra preocupação, sublinha, diz respeito aos fabricantes de pequena dimensão. Acredita que “uma parte importante das respostas do sector corre o risco de deixar de existir: as pequenas empresas que prestam serviços específicos, no âmbito da subcontratação e cujo papel tem sido essencial nos últimos anos, estão em risco, devido à quebra de trabalho”. E isto, enfatiza, “afetará todo o sector”. Carlos Pragosa destaca ainda a sustentabilidade como uma prioridade, sobretudo no que diz respeito à proteção ambiental, explicando que, desde há bastante tempo, a empresa vem adotando medidas como a utilização de painéis solares e a conscientização para a reciclagem e separação de resíduos. Apesar dos desafios, Carlos Pragosa olha para o futuro com otimismo, considerando como fatores-chave o “trabalho mais próximo dos clientes, o desenvolvimento de parcerias sólidas e o investimento na otimização de processos para garantir competitividade e qualidade”. Para subsistir, destaca ainda, “as empresas têm de apostar em técnica, planeamento e o melhor aproveitamento dos recursos”.

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16.ª CONFERÊNCIA DA ISTMA DEBATEU DESAFIOS DA INDÚSTRIA DE MOLDES 32

Os desafios, prioridades e constrangimentos da indústria de moldes

Além do espaço de reflexão, o evento contou com a realização de

estiveram em destaque no decorrer da 16.ª Conferência da ISTMA

algumas visitas a empresas e centros de competências locais e, este

World (International Special Tooling and Machining Association),

ano, com a realização da primeira edição da feira All Africa Expo, que

que teve lugar na Cidade do Cabo (África do Sul), entre os dias 6 e

reuniu empresas e instituições africanas, bem como fornecedores

10 de novembro.

de máquinas e soluções industriais, mas também expositores de outros países, onde se salienta a presença de empresas de moldes

Inovação e desenvolvimento, sustentabilidade, tecnologias e

nacionais: o Grupo Socem e a CR Moulds.

novas soluções, inteligência artificial, mercados e cooperação foram alguns dos principais temas em debate no decorrer do

Esta mostra, que se realizou entre os dias 7 e 9 de novembro,

encontro, que contou com a presença de mais de uma centena de

teve como objetivo expor as competências existentes em África,

profissionais do sector, oriundos de 17 países.

nomeadamente na África do Sul, na área do tooling. A feira procurou também assumir-se como uma plataforma para poder gerar novas

A Conferência, enquanto espaço de reflexão, reuniu oradores de

áreas de negócio e de cooperação entre empresas e organizações

vários pontos do globo, que abordaram os principais desafios

de diferentes países.

que a indústria tem pela frente, seja ao nível do mercado, da tecnologia, dos negócios e também das competências. No âmbito

No final, salientou Manuel Oliveira, os representantes nacionais,

deste programa de intervenções, Manuel Oliveira, secretário-

que para além das empresas mencionadas incluíram também

geral da CEFAMOL, falou da indústria em Portugal, dando

o CENTIMFE e a Moldit, fizeram “um balanço positivo” desta

destaque às questões da cooperação e parceria como motores da

deslocação e presença nos diferentes eventos realizados, sobretudo

competitividade das empresas.

no que diz respeito aos contactos e networking estabelecidos.


Manuel Oliveira destaca ainda que a África do Sul vale “enquanto mercado próprio, mas pode abrir portas noutras regiões”. Atualmente, não é um mercado muito expressivo para os moldes nacionais, mas tem potencial para crescer. Em 2022, este mercado representou 2,5 milhões em exportações, mas em 2020, o valor

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das exportações tinha atingido os 13 milhões. Por isso, considera que se trata de um mercado para o qual “as empresas portuguesas podem olhar com mais atenção, numa lógica de diversificação, que apresenta algumas oportunidades e potencial de crescimento”.

NOVA DIREÇÃO DA ISTMA No decorrer da sua 16.ª Conferência, a ISTMA World reuniu em Assembleia Geral e elegeu os órgãos diretivos para o próximo mandato, de 2023 a 2026. Bob Williamson, da África do Sul, foi reeleito Presidente do Board A Conferência Mundial da ISTMA tem lugar a cada três anos. A cada edição, este evento procura centrar-se nos temas que se constituem como os mais desafiantes para a indústria. Este ano não foi exceção. Manuel Oliveira revela que foi possível perceber que “há questões transversais e que preocupam todo o sector, a nível global, como

of Directors, o qual integra quatro vice-presidentes, um por cada região: • Europa - Markus Heseding (VDMA/Alemanha), Presidente da ISTMA Europe; • Américas - Eduardo Medrano (AMMMT/México), Chairman

sejam a indefinição e inconsistência dos mercados, a necessidade

ISTMA Americas;

de atrair talento e o reforço de qualificações, a importância da

• Ásia - Ryan Huang (CDMIA/China);

cooperação entre empresas e a sustentabilidade dos negócios”.

• África - Tapiwa Samanga (PtSA/Africa do Sul);

MERCADO DA ÁFRICA DO SUL

O Board integra ainda Fausto Romagnani (UCISAP/Itália), na

Manuel Oliveira destaca ainda que, no decorrer da deslocação, foi

qualidade de Past President.

possível perceber que em África, nomeadamente na África do Sul, “há possibilidades e oportunidades de negócio para as empresas portuguesas”, numa perspetiva de diversificação de mercados. Como exemplo, citou a indústria automóvel local que tem alguma dimensão, com várias fábricas instaladas na África do Sul, mas também a área de embalagem, que poderão ser geradoras de negócios para as empresas nacionais. “Em conjunto com entidades e organizações locais, procurámos identificar como é que podemos pôr empresas a colaborar, a desenvolver iniciativas conjuntas que permitam gerar novas oportunidades de negócio”, explicou. Um aspeto que salientou pela positiva prende-se com o capital humano. A região tem grande número de jovens (ao contrário do que acontece, por exemplo, na Europa) e está a apostar na sua formação. “Estão a desenvolver um programa muito intenso de formação de técnicos para a indústria. Esse capital humano está a preparar-se para integrar e desenvolver a indústria, o que é muito interessante”, salientou Manuel Oliveira. Para tal, foi elaborado um programa e criada uma rede de centros de formação especializada que, espalhados pelas diferentes regiões e cidades sul-africanas, estão a formar muitos jovens para a área da indústria.

O Secretariado para este mandato permanecerá em Portugal, liderado pela CEFAMOL. Como destaque desta Assembleia salienta-se também a entrada de dois novos membros do continente africano: Zambia Association of Manufacturers e a Zimbabwe Tool & Die Association.

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“É FULCRAL APOSTAR NA DIFERENCIAÇÃO E FLEXIBILIDADE PARA SER COMPETITIVO” 34

Face a este ‘novo normal’, aconselhou os fabricantes de moldes a apostarem na diferenciação e na flexibilidade, de forma a tornaremse mais competitivos, podendo “olhar para a China como uma oportunidade”, uma vez que “a sua indústria, face à expansão que enfrenta, necessitará de fornecedores de soluções, de forma a ganhar competitividade e sustentabilidade”.

TECNOLOGIA E AUTOMAÇÃO

A ascensão da indústria automóvel na China (sobretudo no que diz respeito aos veículos elétricos) e o seu impacto a nível global foram os principais assuntos em destaque num webinar promovido pela ISTMA. ‘Aceleração automóvel chinesa: um novo normal global? Tendências emergentes e alinhamento das cadeias de abastecimento’ foi o tema da ação, que teve como orador Venkatramani Ramaswamy, da empresa GF Machining Solutions, contando com a presença online de mais de oito dezenas de profissionais do sector, oriundos de 17 países. Venkatramani Ramaswamy defendeu que, face à aceleração enorme que tem a indústria automóvel na China, os fabricantes de moldes deverão centrar a sua aposta na “diferenciação e flexibilidade”, de forma a conseguirem ser mais competitivos e responder aos desafios dos seus clientes: fazer mais rápido e com qualidade. A indústria automóvel neste país, quando comparada com o resto do mundo, “tem tido um crescimento e desenvolvimento assinaláveis, com a criação de novos modelos, sobretudo na área da nova mobilidade”, salientou o orador, lembrando que, nesta área, “a China ganhou desde a pandemia de Covid e a guerra na Ucrânia, tendo beneficiado do arrefecimento da indústria nos outros países, sobretudo na Europa, e potenciando o seu crescimento mais rápido e cada vez maior”. Isto deveu-se, no seu entender, ao facto de “ter sido muito mais rápida a adaptar-se às mudanças”. Aconselhou os fabricantes a prepararem-se para aquilo a que chamou ‘o novo normal global’: uma ascensão enorme do mercado automóvel chinês quando comparado com a evolução das marcas tradicionais. É que, frisou, estas marcas “ainda têm uma baixa representatividade no sector da nova mobilidade, sobretudo o elétrico”. Além disso, “as marcas chinesas são competitivas no que diz respeito à qualidade e ao preço”. A China está a conseguir conquistar mercados para os seus modelos, por todo o mundo, com as vendas de automóveis a crescerem de tal forma que “ultrapassou a Alemanha, no que diz respeito à exportação de carros”.

Por outro lado, é também visível que a Europa começa a mostrar sinais de revitalização na sua indústria. Entende que as empresas desta área geográfica podem beneficiar com isso, uma vez que “a produção da China tem o custo da localização associado, e que se reflete, sobretudo, na questão dos transportes”. Um outro aspeto que destacou, mostrando os resultados de um estudo, foi o facto de uma parte significativa das marcas do sector automóvel assegurar que privilegia a sustentabilidade em detrimento dos custos de produção. “As empresas devem apostar em melhorar os seus processos, tornando-os mais sustentáveis”, afirmou, adiantando que, para isso, é fundamental centrar a aposta no desenvolvimento tecnológico e na automação. Será necessário avançar para “a nova mobilidade”, associandose a projetos que consigam colocar os produtos com muito maior rapidez no mercado. “Reduzir o tempo de fabrico com tecnologia e automação, reduzir os custos, mas sem comprometer a qualidade: esse é o objetivo”. Para tal, “as empresas têm de estar atentas às novas oportunidades que surgem”. A GF Machining Solutions, é uma empresa que se dedica à produção de máquinas, soluções de automação e serviços para várias indústrias, com destaque para a de moldes e ferramentas especiais, mas também com aplicação nos sectores médico, aeroespacial, automóvel, eletrónica, energia e packaging. Tem, a nível global, mais de 80 unidades, em vários países e regiões do globo.



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FUTURO DA INDÚSTRIA PASSA PELO FABRICO ADITIVO 36

O fabrico aditivo já está a transformar a forma como os produtos são concebidos, projetados e fabricados, aportando ao processo um conjunto de benefícios e desempenhando um papel crucial na indústria. As suas mais-valias, de entre as quais a personalização do produto, a sustentabilidade, a eficiência e a inovação, estiveram em destaque na Exposalão, na Batalha, entre os dias 2 e 4 de novembro, na primeira edição da feira que conjugou quatro áreas: o metal, a impressão 3D, a Indústria 4.0 e a subcontratação. Mais de 15 mil visitantes acorreram ao certame que, na ótica da organização, se saldou pela positiva.

Hélder Cordeiro, da Moldes RP, explicou que a aposta nesta tecnologia tem, na empresa, duas vertentes. Por um lado, proporcionar ganhos aos seus clientes, fornecendo “um serviço que se estende de A a Z”, ou seja, fechando o ciclo de fabrico. Isto, salienta, “facilita a comunicação com o cliente, que encontra a solução que procura no mesmo local”. Por outro lado, a empresa disponibiliza este seu know how ao mercado, enquanto prestador de serviços nessa área, seja de protótipos, pequenas séries ou mesmo a nível de automação. Este serviço, esclareceu, destina-se quer ao mercado nacional, quer ao internacional.

“O fabrico aditivo é uma questão que está cada vez mais presente no dia a dia das empresas e, por isso, apostamos em alargar cada vez mais a carteira de soluções que disponibilizamos”, explicou Pedro Lourenço, da Erofio, empresa que marcou presença nesta primeira edição da ExpoMetal, dando a conhecer todo o desenvolvimento tecnológico que tem protagonizado em torno do fabrico aditivo na área do metal. A aposta nestas tecnologias começou em 2011 e, até hoje, a empresa tem incrementado a sua aplicação, seja em projetos próprios, seja disponibilizando o seu know how ao mercado.

O investimento nesta área, conta Hélder Cordeiro, tem cerca de dois anos e meio e tem vindo a ser, gradualmente, melhorado e desenvolvido uma vez que se trata de uma tecnologia que tem tido um nível muito grande de evolução.

“A maioria dos nossos clientes estão no mercado nacional, até porque a aquisição desta tecnologia, pelo seu custo, ainda não faz sentido para a maioria das empresas. Por isso, em muitos casos, o que faz sentido é a compra do serviço”, esclareceu, adiantando que dessa forma fica assegurada a questão da qualidade porque “quem vende – como no nosso caso – tem décadas de experiência e de conhecimento acumulado”.

A participação na feira, contou ainda, permitiu dar a conhecer à indústria – nos vários sectores representados – as mais-valias do fabrico aditivo e, no caso concreto da empresa, as soluções que disponibiliza.

Foi na sequência de todo o investimento em saber que a Erofio criou a sua unidade independente de fabrico aditivo, na qual tem vindo a apostar. Como resultado, esta tem crescido de forma gradual. Cerca de 99 % do que produz destina-se à indústria de moldes, acrescenta, sublinhando que a aposta passa, agora, por “desenvolver novos mercados fora do sector e até fora de Portugal”. A empresa decidiu participar na primeira edição da feira que tinha o fabrico aditivo como um dos destaques, considerando que o evento “nos permite dar a conhecer esta nossa aposta”. É que, justifica, a Erofio é conhecida, sobretudo, como fabricante de moldes. “Nem todas as empresas sabem, ainda, que desenvolvemos esta área do fabrico aditivo e que, nesse campo, somos um prestador de serviços”, salienta. No seu entender, o fabrico aditivo é valorizado, cada vez mais, pelos clientes finais da indústria de moldes, sobretudo os que procuram moldes de elevado desempenho técnico, com “menos defeitos, ciclos mais baixos e uma fiabilidade maior”.

SERVIÇO DE A A Z Um outro fabricante de moldes, a empresa Moldes RP, levou também à feira da Batalha as suas soluções no que diz respeito à impressão 3D. No caso, não na área dos metais, mas de outras matérias, como os polímeros.

No mercado, adianta, o interesse por estas soluções tem vindo, também a crescer, à medida que a indústria se vai apercebendo das duas vantagens. “Por enquanto, estamos apenas na área dos polímeros, mas está a ser ponderado o ‘salto’ para o metal”, afirma.

NOVA MENTALIDADE E não foi apenas a indústria a estar presente na ExpoMetal. A área de investigação e desenvolvimento também se fez representar. Um dos exemplos foi o Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP). O fabrico aditivo tem sido, nos últimos anos, uma das apostas deste organismo, que tem desenvolvido soluções para vários sectores, entre os quais o de moldes, através do trabalho de parceria com algumas empresas. Artur Mateus, responsável do CDRSP, considera que “a mentalidade dos empresários tem vindo a mudar”, no que diz respeito a estas tecnologias. E isso, salienta, “nota-se de ano para ano”, com o número crescente de empresas a procurarem soluções, vendo essa


PONTO DE ENCONTRO DA INDÚSTRIA

tecnologia como “de grande importância para o futuro dos seus negócios”. No seu entender, a indústria de moldes “poderia retirar mais partido do fabrico aditivo”. Exemplifica com o caso do sector da cerâmica, salientando que este tem vindo a adotar, em maior quantidade, essas tecnologias.

José Frazão, CEO da Exposalão, faz desta primeira edição da feira um balanço “extremamente positivo”. O certame, conta, recebeu a visita de mais de 15 mil profissionais da indústria, tendo registadas mais de 5.500 inscrições de empresas (para visitas).

“No caso dos moldes, apesar de o interesse ter vindo a crescer, ainda se restringe. Poderia ser muito maior”, considera, admitindo que o período de constrangimentos por que passa o sector poderá estar a fazer tardar esse passo. Mas não só, adianta. “De uma maneira geral, as empresas de moldes ainda não despertaram para esta área”, considera, sublinhando que, para dar este passo, “é necessário ter enraizado o papel do fabrico aditivo, desde o desenho do molde com elevado desempenho”.

“A feira afirmou-se como um ponto de encontro para a indústria, possibilitando um espaço de networking e negócios entre empresas”, salientou. Com quatro áreas – Expometal; 3D Additive; i4.0; e Subcontratação – reuniu mais de uma centena de empresas expositoras e 300 marcas fabricantes, importadores, distribuidores de máquinas, equipamentos e serviços relacionados com a metalomecânica. Em paralelo, decorreram palestras, workshops e demonstrações ao vivo.

Uma outra questão que, no seu entender, poderá estar a condicionar a indústria de moldes prende-se com a dimensão das peças que o fabrico aditivo possibilita. “As tecnologias têm vindo a evoluir, mas têm ainda uma dimensão limitada, não abarcando os moldes de grandes dimensões”. No entanto, enfatiza, é uma tecnologia presente em áreas como a aeroespacial ou aeronáutica que “são bastante relevantes para o sector de moldes”.

"A feira superou todas as expectativas”, admitiu José Frazão, aditando que esse resultado se deve “à forte dinâmica das empresas”.

Na feira da Batalha, adianta, o instituto teve oportunidade de dar a conhecer o seu trabalho. Para Artur Mateus, a visibilidade que têm estas apresentações em feira é mais positiva do que os meios tradicionais de divulgação que a universidade utiliza, como conferências ou workshops. “Muitas feiras no estrangeiro já têm a presença das universidades. A academia portuguesa ainda não tem muito este hábito, mas é de grande relevância, porque permite mostrar e demonstrar o nosso papel, ouvindo as pessoas e trocando opiniões e contactos”.

No caso específico do fabrico aditivo, considerou, “há uma evolução muito grande a cada ano, com as empresas a apresentarem mais novidades e propostas muito inovadoras”. E nesta, como noutras áreas, sublinhou, “o objetivo da Exposalão é, como sempre e desde que começou a organizar feiras direcionadas para o sector, trabalhar lado a lado com os empresários da indústria de moldes, de forma a ajudá-los a gerar os melhores resultados”. O evento terá continuidade no futuro, assegura, explicando que a Exposalão vai, nos próximos tempos, receber o feedback das empresas e visitantes presentes, de forma a definir as melhores datas para incluir esta feira no seu calendário.

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SEMANA DE MOLDES

SEMANA DE MOLDES 2023 COM BALANÇO POSITIVO CONFERÊNCIA INTERNACIONAL “MOLDES PORTUGAL” CONFERÊNCIA TALENTUM DAYS: DESAFIOS E COMPETÊNCIAS PARA UMA INDÚSTRIA MAIS PRODUTIVA ORADORES PARTILHARAM VISÃO SOBRE OS DESAFIOS DE FUTURO PARA A INDÚSTRIA CONFERÊNCIA INOV.AM: UMA AGENDA DE INOVAÇÃO PARA DISSEMINAR O FABRICO ADITIVO RPD 2023: DEFINIR ESTRATÉGIAS PARA UM RUMO MAIS SUSTENTÁVEL E COMPETIVIVO BROKERAGE EVENT: A IMPORTÂNCIA DA COOPERAÇÃO ENTRE EMPRESAS E INSTITUIÇÕES


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DESTAQUE /

SEMANA DE MOLDES 2023 COM BALANÇO POSITIVO Helena Silva * * Revista Molde

A Semana de Moldes 2023 afirmou-se como um palco de reflexão de excelência sobre o presente e o futuro, com foco naqueles que são alguns dos principais desafios da indústria: a sustentabilidade, as tecnologias emergentes e as pessoas. O evento decorreu entre 20 e 24 de novembro, com atividades repartidas entre a Marinha Grande e Oliveira de Azeméis, contando com mais de 900 participantes nacionais e estrangeiros. “A Semana de Moldes debruçou-se sobre o desenvolvimento sustentável do nosso sector, sendo os participantes nas diferentes ações encorajados a analisar as condicionantes atuais e perspetivas futuras do negócio, explorando novos conceitos, ideias e metodologias e ouvindo a opinião de especialistas e líderes de opinião de reconhecido prestígio nacional e internacional”.

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Assim sintetizou João Faustino, presidente da CEFAMOL, em jeito de balanço, o conjunto de iniciativas que reuniu os principais players desta indústria, naquele que é um espaço de eleição para a reflexão sobre a indústria, desde a sua primeira edição, em 1998. O sector, considerou ainda, “enfrenta hoje uma grande transformação, com um contexto internacional desafiante, o qual as empresas terão enormes dificuldades em ultrapassar isoladamente”. Falando no final da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2023’ – ação que encerrou o evento – João Faustino defendeu ainda que “será fundamental fomentar um ambiente mais propício à inovação, à eficiência e à competitividade, que assegure a sustentabilidade das empresas, bem como o crescimento do emprego qualificado e da economia”. Em paralelo, sublinhou, “necessitamos de retomar


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a política europeia de suporte ao desenvolvimento industrial, que imponha e faça cumprir as mesmas regras a todos quantos operam neste espaço económico, constituindo e valorizando as efetivas estratégias de re-industrialização”. No seu entender, “Portugal e a sua indústria de moldes são e continuarão a ser uma referência mundial”. Nesse sentido, contou, as entidades representativas do sector – CEFAMOL, Pool-net e CENTIMFE – prosseguirão a sua estratégia, assente num conjunto de ações, que “permita reforçar a notoriedade da indústria, alinhando empresas e instituições em torno de objetivos comuns que reforcem o posicionamento e diferenciação, em termos globais”.

PRESENÇA INTERNACIONAL Esta edição que, a exemplo das anteriores, foi organizada conjuntamente pela CEFAMOL, CENTIMFE e Pool-net, contou com a presença de mais de 900 pessoas nas diferentes atividades. O Rapid Product Development (RPD) contou com 116 e 101 participantes, respetivamente, no primeiro e segundo dias; no Brookerage Event marcaram presença 51 pessoas participantes. Já a conferência Talentum Days, em Oliveira de Azeméis, atraiu cerca de 130 participantes, enquanto a conferência INOV AM contou com 191. Um dos pontos altos do programa, a Conferência Internacional 'Moldes Portugal 2023' atraiu 230 pessoas, enquanto os eventos sociais (os dois jantares-conferência, em Leiria e Oliveira de Azeméis) contaram com cerca de 144 participações. Nesta edição, estiveram, no total, representados 11 países: Portugal, África do Sul, Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Itália, Irlanda, Irlanda do Norte e Polónia. A Semana de Moldes contou, ainda, com 130 oradores e membros de painéis de debate. Destes, 49 vieram de empresas, 17 de centros de I&D e universidades, e 18 de associações, clusters e entidades públicas (nacionais e estrangeiras). O evento teve ainda a presença de jornalistas internacionais, oriundos de Alemanha, Espanha e França que, além de assistirem a parte dos trabalhos, tiveram oportunidade de visitar várias empresas do sector. “A visibilidade alcançada na ‘Semana de Moldes 2023’ demonstra a capacidade de mobilização e alinhamento dos stakeholders

da nossa indústria e do nosso cluster”, afirmou Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, salientando que o sector se uniu para “atualizar conhecimentos, reforçar a sua presença em novas redes de cooperação e desenvolvimento, acompanhar novas tendências e reforçar a definição de estratégias que o permitam relançar numa nova senda de sucesso perante o período desafiante que vivemos”. Falando na sessão de encerramento do evento, adiantou ainda que “demonstrámos que os trabalhos desenvolvidos ao longo destes dias são fundamentais para a coesão, integração e diferenciação do nosso cluster e que são alicerces para uma estratégia de desenvolvimento agregador e sustentável”, enfatizando que “Portugal [se] assume como uma referência incontornável quando falamos de moldes”.

HOMENAGEM Esta edição do evento foi marcada por um momento especial: um reconhecimento a Joaquim Menezes (Iberomoldes) pelo papel que, nas últimas décadas, tem tido na projeção dos moldes portugueses internacionalmente, sobretudo no período em que presidiu à European Factories of the Future Research Association (EFFRA). A distinção reconhece “o mérito, visão, dedicação, liderança e energia que emprestou aos projetos privados e associativos em que se envolveu, que nunca serão suficientemente reconhecidos”, como fez questão de realçar o presidente da CCDR Norte, António Cunha.


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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL “MOLDES PORTUGAL”

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“VIVEMOS UM PERÍODO DESAFIANTE E TEMOS DE TORNAR AS EMPRESAS MAIS ÁGEIS E EFICIENTES” O posicionamento e a competitividade do sector, a nível nacional e europeu, esteve em destaque no decorrer da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal’, o evento que encerrou a Semana de Moldes 2023 e reuniu mais de duas centenas de pessoas. A reflexão contou com oradores portugueses e estrangeiros, sobretudo representantes de associações empresariais de Itália, Polónia e Alemanha, além do presidente da ISTMA World, Bob Williamson, da África do Sul. Foram unânimes em considerar que o sector vive “um período desafiante” e que, para o ultrapassar com sucesso, é preciso tornar as empresas mais ágeis e eficientes. “É preciso olhar para dentro e tornar as empresas mais ágeis e eficientes”. Para João Faustino, Presidente da CEFAMOL, só desta

forma será possível ultrapassar o “período desafiante” por que passa a indústria de moldes. Falando no decorrer da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal’ que, no dia 24 de novembro, encerrou a Semana de Moldes de 2023, o responsável salientou ainda que “precisamos de continuar a inovar, rentabilizar as tecnologias, incluir novas competências e saberes, e, no mercado, conseguirmos integrar novas cadeias de valor”, lembrando que um dos grandes desafios que se coloca hoje às empresas diz respeito à sustentabilidade. Não apenas na vertente ambiental, mas no que respeita também às áreas social e financeira. Os moldes, recordou, “vêm de um período de quatro anos consecutivos com quebra de encomendas, constrangimentos económicos, financeiros e sociais, para além de uma concorrência mais aguerrida, o que tem limitado a competitividade do sector”.


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No seu entender, as empresas permanecem “atentas às mudanças externas”, mas precisam de ir mais-além: “ganhar escala e poder negocial para sermos mais competitivos e conseguir trabalhar em conjunto com os clientes”. Para isso, é imprescindível que “as empresas consigam cooperar e apresentar-se de forma unida para conseguir conquistar mercados”. E o posicionamento e competitividade do sector de moldes em Portugal foi, precisamente, o tema da primeira intervenção da sessão, que contou com a presença de mais de duas centenas de pessoas na assistência. O orador, Luís Rebelo de Sousa (AICEP Portugal Global), classificou esta indústria como tendo “cada vez maior relevância económica no país”.

portuguesas em mercados-chave”. Deixou ainda um apelo: “que as empresas continuem com ambição e vontade de singrar no futuro”.

COMPETITIVIDADE Um futuro com bastantes obstáculos e desafios que terá como solução uma maior cooperação e diversificação de mercados. Esta é, de uma maneira geral, a forma como é sentida, a nível europeu, a situação da indústria de moldes. E foi, precisamente, o que concluíram os intervenientes no painel de debate da Conferência Internacional, que se centrou no tema ‘O Desafio da Competitividade na Europa’.

/ / Bob Williamson - ISTMA / / Luís Rebelo de Sousa - AICEP

A forma de ganhar competitividade passa, a seu ver, pela retenção e captação de talento, sendo este “o maior desafio que se coloca às empresas”. “É difícil dar uma perspetiva de carreira competitiva aos nossos quadros, porque eles já são percecionados no exterior como tendo os mesmos níveis de competência e qualificação que os países de referência mundiais, e concretamente nos mercados para onde exportamos mais”, começou por referir, considerando que o desafio passa por “criar condições para que estes quadros qualificados sintam que têm o retorno e uma perspetiva de carreira em Portugal”. E para o alcançar, sustentou, é necessário que “o sector empresarial e o Estado apostem em soluções”.

Tendo como moderador Bob Williamson (da África do Sul), Presidente da ISTMA World, o painel juntou representantes de Portugal, Itália, Polónia e Alemanha. Alfred Zedtwitz, da VDMA (Alemanha), deu nota do percurso da associação nos últimos anos, enfatizando o relevante papel que, na sua opinião, as associações sectoriais têm, “em áreas como o networking, a informação e orientação aos seus associados”.

Acredita que o talento é fundamental não apenas para incrementar a produtividade das empresas nacionais, mas também para atrair investimento estrangeiro. Além disso, sublinhou, assume particular relevo a “afirmação técnica e tecnológica do que é produzido em Portugal, e que hoje já é percecionado como tendo qualidade com inovação”. “O foco em desenvolver soluções feitas à medida para os nossos clientes faz com que sejamos percecionados como parceiros de referência e confiança”, enfatizou. E isto, considerou, está patente na indústria de moldes, um sector em que, frisou, “está patente o compromisso com a excelência”. “Esta é uma indústria que dá cartas na digitalização, com as empresas a seguirem um rumo cada vez mais tecnológico, com apostas em áreas como a internet das coisas ou o fabrico aditivo”, afirmou, considerando que “a mão-de-obra qualificada é um dos pilares de sucesso, o que tem permitido consolidar uma reputação de excelência no mercado mundial”. Assegurou que a AICEP está empenhada em, conjuntamente com a CEFAMOL, desenvolver um conjunto de ações e iniciativas “de forma a alargar as opções de mercado geográfico e sectorial para esta indústria e, com isto, assegurar a presença das empresas

/ / Alfred Zedtwitz - VDMA

“Coordenar o trabalho e ter o cuidado de não pôr em competição umas empresas com as outras, mas representar os interesses de todas” é, pela sua experiência, a enorme mais-valia de uma associação. E isso permite, por exemplo, levar as necessidades e reivindicações dos seus associados junto dos organismos oficiais. Exemplificou com Bruxelas onde, lembrou, se centram as decisões da maior parte das orientações e regulamentações para a indústria europeia. A mão-de-obra é uma das preocupações transversais a toda a indústria na Europa. “Vemos as empresas com pessoas mais velhas, quando necessitamos de muito mais jovens. A meu ver, seriam necessários 15 a 30 anos para a Europa recuperar desta realidade e trazer jovens para a indústria. Isto é muito tempo e, por isso, temos de encontrar soluções, procurando talentos noutras zonas


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do globo”, considerou, sublinhando que, apenas dessa forma, as empresas conseguirão “ser saudáveis e competitivas”. “Nesta, como noutras questões, é essencial que trabalhemos em conjunto e de forma justa”, acentuou. Já Fausto Romagnani, da UCISAP (Itália), começou por constatar que este é um momento em que a indústria se depara com “desafios imperiosos”. Como exemplo, falou do caso italiano, onde a situação, segundo constatou, “não é diferente daquela que se vive em Portugal ou noutros locais da Europa”. A atração e retenção de talento, referiu, constitui também uma das suas principais preocupações. Por isso, defendeu ser essencial “desenvolver, não apenas, competências individuais, mas apostar em parcerias, troca de experiências e trabalho conjunto entre empresas, de forma a valorizarem-se”.

/ / Fausto Romagnani - UCISAP

Uma outra questão que salientou prende-se com “a dificuldade de tentar lutar para combater a imposição das condições dos clientes”, no que diz respeito a condições de pagamento e que, no seu entender, “não são sustentáveis financeiramente: os clientes procuram um novo banco para se financiarem e esse banco somos nós, os fabricantes”. Comentando a questão da concorrência asiática, afirmou que “no mercado global, devíamos ter as mesmas condições para competir”. Por isso, lembrou que “não é uma empresa sozinha que vai fazer a diferença; temos de trabalhar em conjunto e só assim reforçamos a nossa força e a nossa posição”.

GESTÃO EFICAZ Marcin Kropidlowski, do Bydgoszcz Industrial Cluster Tool Valley (Polónia), falou um pouco sobre o cluster que representa, criado naquele país há cerca de 20 anos. Destacou que o seu crescimento resultou do trabalho conjunto e da persistência em ir fazendo sempre mais e melhor.

/ / Marcin Kropidlowski - Bydgoszcz Industrial Cluster Tool Valley


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Advoga que “o desafio da competitividade passa, primeiro, pelas empresas conseguirem criar uma gestão eficaz - a liderança -, e depois conseguirem manter a perseverança para continuarem no mercado”. Aconselhou, por isso, as empresas a não desistirem e a continuarem a acreditar que “somos capazes de fazer sempre melhor”. “A energia e determinação para fazer acontecer está nas vossas mãos e só persistindo será possível esculpir o vosso futuro”, salientou.

MERCADOS O programa da Conferência Internacional foi ainda marcado pela apresentação de dois mercados: os dispositivos médicos e o sector automóvel. Para isso, contou com as intervenções de Ann O’Connell, que deu nota do caso irlandês, e de Julian Longardt, que traçou um breve quadro sobre a indústria automóvel na Alemanha.

Um outro aspeto que destacou, manifestando alguma preocupação, é que “na Europa, muitas vezes, trabalhamos sozinhos, mas devíamos conseguir juntar-nos para fazer ouvir a nossa voz junto das organizações, por exemplo, em Bruxelas, de forma a conseguir outro tipo de proteção mais eficaz para competir com países como a China”.

/ / Julian Longardt - VDA

No caso da Irlanda, a Semana de Moldes acolheu uma comitiva deste país, que teve oportunidade de visitar algumas empresas do sector, retribuindo, desta forma, uma deslocação que a indústria de moldes nacionais fez recentemente àquele mercado. / / João Cruz - CEFAMOL

João Cruz, da CEFAMOL (Portugal), foi instigado a comentar o papel da Ásia e o seu impacto no sector. Falou acerca das lições que os portugueses tiraram com o crescimento da Ásia, dizendo que, por exemplo, “a China aprendeu com as empresas europeias: fomos nós que os ensinamos e, neste momento, eles estão a usufruir do sucesso que merecem”.

Ann O’Connell, da Irish Business and Employers Confederation (IBEC), começou a sua intervenção manifestando-se “impressionada” com o trabalho das empresas que viu em Portugal, salientando ter constatado o forte investimento na inovação. Falou, depois, da estratégia da Irlanda nas últimas décadas: a aposta na indústria médica. Esta estratégia, acentuou, passa por inovação, impacto e empatia e, com isto, possibilita a criação constante de novas competências para o ecossistema da indústria médica.

Um outro aspeto que salientou nesta questão diz respeito à forma como os fabricantes chineses se posicionam. No seu ponto de vista, “rentabilizam a eficiência, ao contrário de Portugal onde as empresas investem muito em tecnologias, mas nem sempre rentabilizam os seus investimentos”. A ‘eficiência’ é a palavra-chave para ganhar competitividade. “Precisamos de produzir mais, mais rápido e com menos custo; ou seja, manter a nossa qualidade, mas ser mais competitivos e eficientes”, enfatizou. Destacou que a proximidade com o mercado europeu é uma vantagem que deveria ser rentabilizada, uma vez que se enquadra numa estratégia mais sustentável. “Conseguimos ser mais sustentáveis do que os asiáticos porque nos preocupamos com estas questões e temos de fazer valer essa nossa postura”, defendeu. Entende que a questão da sustentabilidade “vai muito para além das questões económicas, financeiras ou ambientais: temos de deixar condições aos nossos descendentes, àqueles que vão ficar quando partirmos, temos de pensar no futuro e assegurar que seja o melhor para os que ficam”. No final do debate, e em jeito de conclusão, o moderador, Bob Williamson, rematou que “é inquestionável que temos interesses comuns e, por isso, temos de estar juntos e alinhados”.

/ / Ann O´Connell - IBEC

De uma forma prática, exemplificou que, com a entrada das multinacionais desse sector, a Irlanda passou a incrementar a aposta na inovação “para que elas fiquem”. “O objetivo é ir fazendo cada vez melhor, apostando na inovação, no talento, na colaboração, mas também na competitividade de todo o ecossistema”, salientou. Para aí chegar, explicou, é preciso um investimento constante em formação e requalificação. “Trabalhamos com a convicção de que este ecossistema tem de estar junto para o bem maior, por isso, apoiamos as empresas para serem mais competitivas”, salientou.


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Revelou ainda que a Irlanda tem, atualmente, mais de quatro centenas de empresas na área da saúde, contando-se, entre elas, nove das principais dez multinacionais do sector. Está confiante de que as empresas de moldes portuguesas podem encontrar várias oportunidades. Algumas, pela experiência que detêm em trabalho realizado nessa área; outras, devido ao desempenho altamente especializado que têm em áreas como a indústria automóvel. “Qualquer uma destas pode abrir portas na área médica”, considerou. Foi com esse intuito que, no decorrer da Conferência Internacional, foi estabelecido um protocolo entre o cluster de produção de artigos médicos da Irlanda (ATIM) com a Pool-Net e o CENTIMFE. O objetivo, esclareceu Rui Tocha (CENTIMFE) é “constituir um plano de cooperação para os próximos dois anos, com o qual pretendemos reforçar as relações entre os dois países e os nossos associados”. Na prática, salientou, “vamos trabalhar na continuidade destas missões empresariais recíprocas, estimular o apoio ao investimento e incrementar o olhar para este novo mercado dos medical devices, procurando criar oportunidades em ambos os mercados”. Coube a Julian Longardt, da VDA (Alemanha) apresentar a sua visão sobre a indústria automóvel naquele país. Na sua visão, a Alemanha “não está muito mal a nível da indústria automóvel”, de acordo com os dados que apresentou, referentes a 2022, e segundo os quais este sector foi responsável até pela criação de mais emprego. No entanto, salientou, existem muitos e enormes desafios nesta indústria, seja na Alemanha, seja na Europa. Desde logo, referiu, “entre 2025 e 2030 não se prevê um grande crescimento da indústria automóvel na Europa”. As alterações no sistema de mobilidade são já bastante visíveis. Os alemães, esclareceu, compram hoje mais veículos elétricos do que de qualquer outro tipo. Desde o ano 2000, constatou, a produção deste tipo de automóveis mais do que quadruplicou. Um dos principais desafios a que aludiu diz respeito à China que, acentuou, é um fabricante (mas também um mercado) cada vez mais relevante. A nível dos automóveis elétricos, revelou, “espera-se que em 2030 represente 87,6 % do total do mercado automóvel”. De acordo com os dados que apresentou sobre as vendas de automóveis a nível global, foi possível constatar que os automóveis chineses têm mantido uma trajetória de crescimento que, na sua interpretação, em muito se deverá “ao fator preço”. Atualmente, o número de elétricos de origem na China domina, sendo já um mercado muito maior do que os Estados Unidos e a Europa juntos. No final da sua intervenção, exortou as empresas a “transformar os desafios em oportunidades”, defendendo que “público e privado são sectores que têm de trabalhar em conjunto, de forma a tornarem-se mais competitivos”. “Na Europa, temos um grande trabalho para fazer”, concluiu.


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CONFERÊNCIA TALENTUM DAYS: DESAFIOS E COMPETÊNCIAS PARA UMA INDÚSTRIA MAIS PRODUTIVA

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Os desafios e competências das equipas comerciais e a produtividade da indústria de moldes são dois temas que preocupam as empresas e que estiveram em debate no dia 22 de novembro, em Oliveira de Azeméis, numa sessão que atraiu cerca de centena e meia de pessoas. “A questão do talento é um dos temas mais importantes com que nos debatemos hoje, centrando-se naquilo que mais precisamos no sector face ao que estamos a enfrentar”, considerou João Faustino, presidente da CEFAMOL, na abertura da Conferência. No seu entender, “o sector tem uma necessidade enorme de pessoas, mas os nossos jovens saem das universidades e vão para fora do país”. Por isso, defendeu, “temos necessidade de convergir todos para que o talento venha para as nossas empresas: é preciso fazer com que os jovens gostem da indústria, venham aprender e saber fazer, mas é preciso também que o conhecimento e o talento dos mais velhos seja valorizado e colocado ao serviço das organizações”. A sessão começou com uma reflexão sobre os ‘(novos) desafios e competências das equipas comerciais’, tendo como orador convidado o consultor José Carlos Pereira.

Começou por referir que, no seu ponto de vista, “não há fórmulas mágicas”, até porque, sustentou, “este não é um assunto fácil”. “É preciso pessoas e empresas, e pessoas nas empresas, mais competentes e com processos mais simples de converter”, afirmou. Chamou a atenção para a taxa de conversão entre o orçamentado e o concretizado. “Olhando para a indústria de moldes vejo conversões muito baixas, que rondam os 3 a 5 %”, destacou. Por isso, defendeu a aposta “nas equipas mais competentes, fundamentalmente para os mercados mais desenvolvidos”. E competentes, pela sua experiência, significa centradas no cliente. “Queremos clientes a sorrir”, explicou. “Muitas vezes, estamos preocupados com a forma como vendemos e como dizemos as coisas, mas a reflexão que proponho é: como é que os clientes compram, o que os leva a comprar, em que mercados e que cultura têm os países clientes”, exortou. No seu entendimento, estas questões têm de ser analisadas “de forma que o resultado comercial seja mais efetivo”. Ou seja, alertou, “vamos estar sempre a discutir o preço se não elevarmos o nosso papel no mercado”.


Uma outra questão para a qual chamou a atenção diz respeito ao processo interno das empresas. “Muitas vezes, perdemos mais tempo com questões relativas ao funcionamento interno das nossas empresas do que com os nossos clientes”. Para um bom resultado comercial é fundamental “perceber de pessoas”, porque ao lidar com os clientes, “estamos a lidar com pessoas”. Por isso, “as human skills são cada vez mais importantes”. Deixou ainda um conjunto de alertas que serviram, depois, de mote para o painel de debate: é fundamental “acreditar naquilo que se vende de forma a estimular a compra”, é imperioso “fazer mais do que nos é pedido”, é crucial “ter grande capacidade de resiliência perante as adversidades”, “ser apaixonados por aquilo que fazemos” e dar “prioridade ao resultado do negócio”. Um outro aspeto que salientou foi a necessidade de as equipas se concentrarem “nas variáveis que podem controlar”, uma vez que “há algumas variáveis que não podemos alterar”.

salientando que, para si, “a indústria de moldes está numa fase de transição e, por isso, é muito importante rever a atitude de quem está na área comercial”. É que, concretizou, “no passado a valorização residia num trabalho muito bem feito, mas hoje a área comercial é fundamental. No entanto, precisa de ferramentas que o ajudem a melhor desempenhar, de forma eficaz e mais célere, o seu trabalho”. Uma das estratégias que considera que surtiria efeito positivo seria a união no sector. “As empresas da mesma dimensão poderiam fazer alianças, ir ao mercado juntas, pôr as áreas comerciais em conjunto”, explicou.

ATITUDE Em termos de tendências para o futuro, defendeu a criação de “um processo híbrido ou remoto; ou seja, metade do caminho da compra a ser feito de forma digital, com o caminho da compra se perfilar para ser ‘feita à medida’, com novas narrativas e usando novas tecnologias autónomas, como a inteligência artificial e a digitalização dos processos”. Considerou também como importante uma “maior ligação entre a área comercial, o marketing e o projeto”. No painel que se seguiu, moderado por Artur Ferraz, da International Business Consulting (IBC), três profissionais do sector deram a sua opinião sobre o tema. Hugo Pinto (JDD Moldes) considerou que “a atitude é fundamental para a ligação (que se pretende) com o cliente”, defendendo que “é preciso procurar estabelecer parcerias com o cliente porque, afinal, estamos a vender confiança”. Considerou ainda que é necessário estar atento a questões como “a indefinição na indústria automóvel, a concorrência asiática - que mantém os preços baixos, mas que já tem qualidade e bom serviço – e a desmotivação das pessoas”. São, a seu ver, questões que impactam a vida das empresas. “No caso comercial, funciona bem se fizermos o que deve ser feito: e isso implica acompanhar o projeto desde o início até ao fim, ou seja ser diferenciador e, com isto, elevar mais a qualidade do serviço”. Contudo, sublinhou, “a área comercial das empresas ainda é algo conservadora e, no caso do nosso negócio, o ‘presencial’ ainda é fundamental para os clientes”. A sua visão do negócio é que, atualmente, o sector vive um dos seus piores momentos, devido à indefinição da indústria automóvel, considerando que para fazer face às adversidades, as empresas têm de “conseguir ir aumentando a qualidade do serviço e repensar a forma do negócio: ser eficientes, fazer bem à primeira e reduzir os excessos. Só desta forma se vai conseguir ultrapassar esta fase”. Para Luís Lima (Steelplus), “a atitude comercial é muito importante, e fatores como a perseverança e atitude são fundamentais”. No seu entender, “as empresas acomodaram-se um pouco com o passado e, face a esta nova realidade, necessitamos de mais agressividade”. “Através das ferramentas que hoje existem, é preciso definir estratégias que serão fundamentais para o futuro”, considerou,

/ / Hugo Pinto - JDD; Luís Lima - Steelplus; Artur Ferraz - IBC

Já para Miguel Lima (Moldoplástico), “o contacto com o cliente é fundamental, tal como é também prestar um serviço customizado, trabalhar lado a lado, responder ao cliente sempre que se é solicitado e criar soluções para cada caso”. Ou seja, salientou, “a diferenciação é a nossa resposta: temos de ir ao encontro daquilo que o cliente necessita”. “As empresas têm de ser constituídas por equipas sólidas para alcançar objetivos reais”, considerou ainda, defendendo que “para estar no mercado é preciso apostar na diversificação e arriscar novos clientes”. E lembrou que isso não tem acontecido, sublinhando que 80 % dos moldes produzidos em Portugal são exportados apenas para dez países clientes. “Neste sentido, há muito caminho para diversificar, não só na indústria automóvel, como noutras indústrias, mas também a nível geográfico”, enfatizou, considerando, como estratégia a adotar que “é necessário tentar ‘desconstruir’ os preços da concorrência, de forma a ver onde podemos otimizar, e incrementar a aposta na diversificação, ‘atacando’ nichos de mercado e estabelecendo parcerias”. Mas, advertiu, “isto só funciona se todas as empresas estiverem alinhadas nesta questão”.

DESAFIOS DA PRODUTIVIDADE O segundo painel refletiu sobre os desafios da produtividade na Indústria de Moldes. Coube a Rui Tavares (Simoldes) lançar o mote para a discussão que se seguiu. Começou por contar a sua história profissional, para concluir que ao regressar à indústria de moldes duas décadas depois de lá ter estado, não encontrou grandes mudanças, quer a nível de produtividade, quer em relação aos fatores de produção. Por isso, defendeu, “é preciso medir os fatores que influenciam a

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produtividade e impactam a mesma”. Só medindo e agindo em função disso é possível, no seu entender, “conseguir resolver os problemas e assim entrar num processo de melhoria contínua”. “A organização tem de apostar no planeamento e na qualidade do processo: isto tem de fazer parte da cultura da empresa”, exortou. Acredita ser preciso apostar num conjunto de fatores que influenciam a produtividade e ter atenção a eles. Desde logo, considera, “é necessário dividir a fábrica por sectores e criar líderes”; depois, “vem o planeamento que é ‘a partitura de uma orquestra’ e avançar com produção só depois do desenho final”. Desta forma, assegura, “consegue ter-se uma noção e tornar as decisões em tempo real mais seguras e fidedignas”. Além disto, “é preciso ainda um rigoroso fluxo do processo produtivo, ou seja, as alterações não podem interferir com os moldes que estão em produção”, defendeu, salientando que “uma outra questão é qualidade: fazer bem à primeira, ter sistemas de autocontrolo e medição, e tratar todas as não conformidades”. Um outro passo imprescindível é, para si, “simplificar o processo, preparando o trabalho o mais possível, e reduzir a complexidade da intervenção em cada posto”. Para que tudo isto surta o efeito desejado, o ponto-chave assenta na cultura: “é preciso criar standards e mantê-los e, ao mesmo tempo, criar rotinas, apostar na estrutura da comunicação, incrementar a formação e o coaching, envolver as pessoas e disseminar o conhecimento”. Já no painel de debate, o moderador, José Morais (Lexus Consultores), classificou este como “um tema que preocupa a indústria desde sempre, mas que continua muito atual para as empresas. “Fala-se em pessoas e da sua importância, mas também é muito importante a questão dos standards. Por vezes, esquecemos que temos de bater-nos por conseguir um produto final melhor porque é isso que o cliente valoriza: um bom projeto é

fundamental, e para a melhoria da produção tem de haver contacto entre quem está a projetar e quem vai fazer. É preciso começar o mais cedo possível a projetar pensando no fim do ciclo, escolhendo os métodos mais adequados e usar standards”, realçou. Para Daniel Fonseca (Moldit), o design é muito importante no processo, sendo necessário “conseguir começar a trabalhar com o cliente antes mesmo do design da ferramenta, de forma a influenciar o cliente a introduzir alterações que podem poupar horas de trabalho”. Depois, destacou, “há que apostar no design para o fabrico e também na montagem”. Na sua opinião, a taxa de ocupação de uma máquina, por si só, “não revela se estou ou não a ser produtivo”. Para chegar a conclusões, defende, “é preciso indicadores”. No entanto, adverte, “de uma maneira geral, não estamos a medir os dados que recolhemos e, por isso, o rumo que apontamos pode nem sempre ser o correto”. Filipe Ribeiro (Yakazi) citou o caso da indústria no Japão, para concluir que o método aí utlizado surte maior efeito do que o europeu. A razão é que “os japoneses têm uma obsessão em atingir o target do ciclo e andam para trás, de forma a perceber onde melhorar. Só depois disso desenham a peça, para ser feita de forma fácil e rápida”. Ou seja, “o desenhar para o fabrico (design for manufacturing) é fundamental, mas apenas alguns o fazem”. Um outro aspeto que ressalvou foi a necessidade de “simplificar”. A medição é, no seu entendimento, muito importante porque permite alcançar um passo fulcral no processo: “o fazer bem à primeira”. “Hoje, a aposta é colocar mais trabalho nas máquinas e menos nas pessoas; a produtividade é fazer bem à primeira; a qualidade depende destes fatores”, defendeu. A sessão foi muito participada, com o público a colocar diversas questões e a partilhar experiências e opiniões com os oradores.

/ / Rui Tavares - Simoldes; Daniel Fonseca - Durit; Filipe Ribeiro - Yazaki; José Morais - Lexus Consultores


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AS PESSOAS E A PRODUTIVIDADE DA INDÚSTRIA - Testemunhos

“Atitude mais agressiva para chegar aos clientes” Nuno Gomes - Mice Molds “A atitude comercial é algo fundamental nas empresas. Temos de ter uma atitude mais agressiva para conseguirmos chegar quer aos clientes, quer a eventuais e possíveis clientes. Na minha opinião, na área dos moldes, o conhecimento técnico é algo que deverá existir numa equipa comercial. Não é algo imprescindível, mas deverá existir. Mas o ponto-chave é sempre a questão da atitude. Ou seja, de nada valerá o conhecimento se não houver atitude. Tem de existir o balanço entre ambos. A formação é, por isso, muito importante. Mas não podemos esperar que os resultados dessa formação surjam no dia seguinte. É uma aposta de futuro e pode demorar um ano ou mais até se sentir a mudança. Conseguir atrair pessoas para a indústria é o grande desafio. As empresas têm de conseguir criar condições para isso. A remuneração é um fator importante, mas não o único. O ambiente, o bem-estar no local de trabalho são, hoje, questões essenciais. E só dessa forma, as empresas conseguirão reter as pessoas na área comercial, mantê-las motivadas para ter a ‘garra’ e atitude que é necessário”.

“Ter capacidade de fazer os moldes de uma forma mais eficaz” Carlos Seabra – Simoldes “Não é a primeira vez que temos dificuldades no sector e, nomeadamente, na indústria automóvel. Ao longo destes anos, o nosso percurso foi pautado por adversidades e a nossa resposta foi ir abandonando alguns sectores e conquistando outros. Possivelmente, a aprendizagem que fomos fazendo na indústria automóvel - do rigor, da dificuldade técnica que está associada a muitos dos moldes – dá-nos aptidões ímpares de entrar noutras áreas. Temos de ter capacidade de fazer os moldes de uma forma mais eficaz, mais rápida, com menos erros, de forma a conseguirmos ter margens mais interessantes. É preciso começar a dar passos nesse sentido e acredito que as empresas conseguirão protagonizar essa mudança. Temos de conseguir que o cliente sinta necessidade de nos usar, logo desde o momento da conceção do seu produto. Temos de o fazer de uma maneira muito mais eficaz, para que o cliente sinta realmente necessidade da empresa de moldes. Geograficamente, creio que estamos algo acomodados aos mercados ‘tradicionais’ porque nos permitiram ir vivendo nestes últimos anos. Mas há uma panóplia de países para explorar e nos quais não faltarão oportunidades de negócio. Mas temos de lá ir e mostrar a qualidade do que fazemos”.


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ORADORES PARTILHARAM VISÃO SOBRE OS DESAFIOS DE FUTURO PARA A INDÚSTRIA

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Mário Centeno (Governador do Banco de Portugal), e Miguel Frasquilho (United Business e ex-Presidente da AICEP) foram os oradores convidados para os dois jantares-conferência que decorreram no âmbito da Semana de Moldes. Partilharam as suas opiniões sobre o futuro da economia e os desafios que se colocam à indústria, e ambos enfatizaram a importância de as empresas apostarem na produtividade e competitividade como estratégiaschave para enfrentar os desafios vindouros. No seu conjunto, os dois jantares reuniram centena e meia de pessoas.

Uma outra questão que realçou foi a necessidade de as empresas trabalharem em conjunto. “É fundamental, porque só trabalhando em conjunto é que conseguimos encontrar respostas para os desafios que a indústria de moldes atravessa, sobretudo pela forte ligação ao sector automóvel e a toda a mudança que tem aí acontecido”, afirmou. A indústria de moldes, defendeu, “tem de conseguir reinventarse, mas isso é uma coisa que não se faz de um dia para outro: tem de haver uma estratégia. É algo que tem de ser pensado e se assim for, principalmente em conjunto com as áreas que têm maior conhecimento, maior inovação, maior investigação e maior desenvolvimento, tenho a certeza que acabará por dar a volta e vencer os desafios”.

INOVAÇÃO Miguel Frasquilho lembrou ainda a importância que tem a internacionalização para os países mais pequenos (como Portugal). “Os grandes (países) têm a vantagem de ter um mercado interno, algo que Portugal, sendo pequeno, não tem e, por isso, tem de procurar mercados fora”, considerou. Defendeu ainda que o país tem também de criar condições para atrair mais investimento estrangeiro, bem como incrementar a aposta na inovação. / / Miguel Frasquilho - United Business

“Precisamos de nos tornar mais competitivos e mais atrativos. Temos de investir mais em inovação e de conseguir criar condições para reter o talento nas nossas empresas”. Miguel Frasquilho (United Business) deixou o alerta no jantar-conferência que decorreu no dia 21 de novembro, em Oliveira de Azeméis. No seu entender, as empresas, sozinhas, terão alguma dificuldade em alcançar algumas destas metas. Por isso, destinou parte da sua mensagem ao Estado que, considera, devia apostar em “impostos mais baixos”. A indústria de moldes, que conhece bem na sequência do trabalho que realizou na AICEP, é “um sector muito particular, sobretudo pela inovação e rigor, mas também pela sua capacidade exportadora”. Tendo como tema ‘Inovação e Talento para a Internacionalização’, na sua intervenção acentuou ainda o papel das universidades e centros de saber, aconselhando o tecido empresarial a estreitar laços e aproximar-se mais destas entidades. “A inovação e o saber que estão nas universidades têm de ser colocados ao serviço das pessoas, através das empresas. É fundamental que isso possa acontecer, mas ainda não estamos habituados a trabalhar em conjunto”, salientou, considerando ser essencial, para aí chegar, “uma mudança de mentalidade”.

“A inovação é o motor do desenvolvimento e, neste domínio, estamos abaixo da média europeia”, salientou. “Somos uma pequena economia aberta e descapitalizada. As exportações e o investimento estrangeiro têm valores que não nos são desfavoráveis e temos de trabalhar outros fatores, de forma a melhorar os níveis de produtividade, como reduzir os impostos e a burocracia”, defendeu, sublinhando que “a inovação e a retenção de mais talento são fatores essenciais para ganhar competitividade. Por isso, Portugal precisa investir mais em I&D, quer no sector público, quer no privado”.


Ainda em relação ao sector público, considerou que o Estado deve criar condições para que o financiamento às empresas “seja mais favorável e menos burocrático”. “É preciso promover a inovação sustentável e socialmente responsável”, adiantou ainda, considerando como fundamental “incrementar a aposta na formação de jovens em ciência e tecnologia e, ao mesmo tempo, criar condições para que os jovens permaneçam no país: os talentos têm de ficar cá mas, para isso, é preciso mudar as políticas de salários baixos e o IRS tão penalizador”, destacou.

FAZER CRESCER A ECONOMIA “O pior estará para trás, mas a recuperação não vai chegar tão cedo”. Foi em Leiria, no dia 20 de novembro, que Mário Centeno (Governador do Banco de Portugal), foi o orador convidado do jantar que inaugurou a Semana de Moldes 2023. Na sua intervenção, falou sobre a situação económica do país e da Europa, traçando um quadro moderadamente otimista. No seu entender, “a inflação tende a ser controlada e isso é muito importante para a nossa economia”, mas o regresso à ‘normalidade’ dos mercados não estará para breve, classificando a atual situação como “um presente muito incerto”. Falando para uma plateia composta por grande número de empresários, destacou que as empresas têm de reunir condições para se tornarem mais produtivas e competitivas. De entre estas,

salientou a importância de atrair e reter talentos, lembrando que a educação em Portugal tem sido um dos sectores que mais evoluiu nos últimos anos. Tal crescimento, que apelidou de “revolução silenciosa”, faz com que, atualmente, o número de jovens que entram no mercado de trabalho com, pelo menos o ensino secundário, tenha subido para 85 % quando, no início do século se situava nos 40 %. “Este é um dado muito importante para a sociedade, uma vez que a qualificação da mão-de-obra é algo essencial para a indústria”, considerou. Recorrendo a números comparativos que foi apresentando ao longo da sua intervenção, revelou que Portugal foi, nos últimos cinco anos, um dos países onde o emprego mais subiu na zona Euro. “É preciso respeitar as capacidades das nossas empresas e proporcionar condições para que sejam criados mais empregos”, salientou.

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CONFERÊNCIA INOV.AM: UMA AGENDA DE INOVAÇÃO PARA DISSEMINAR O FABRICO ADITIVO 52

A conferência INOV.AM foi o primeiro evento aberto organizado pela agenda de inovação em Fabrico Aditivo. Decorreu durante o dia 22 de novembro, reunindo cerca de duas centenas de profissionais da indústria. A adesão do sector foi demonstrativa da importância que o tema suscita junto das empresas. Foram debatidos os impactos que esta tecnologia representa no processo de fabrico, bem como a possibilidade que representa de aposta em serviços inovadores e diferenciadores. Foram igualmente abordados os caminhos a seguir no sentido de criar as respostas necessárias para alcançar o nível de formação, da criação de ferramentas digitais, a sua integração e utilização.

António Pontes salienta que é preciso não esquecer que, “antes da constituição desta agenda, já havia conhecimento nesta área da fabricação aditiva que importa valorizar”. Este conhecimento, adianta, “foi gerado a partir de vários projetos de parceria entre empresas e entidades do sistema científico. O que nós percebemos é que muitos destes desenvolvimentos não tinham ainda uma maturidade suficiente para irem para o mercado, portanto aproveitamos a possibilidade das agendas do PRR para catapultar um conjunto de produtos, processos e serviços na área da fabricação aditiva, tendo como ponto de partida esse conhecimento já adquirido”. A Erofio, acentuam os dois, é um dos exemplos de como esta tecnologia pode ser incorporada – com sucesso – no fabrico de moldes. Esta empresa tem investido, nos últimos anos, em equipamentos e conhecimento do processo, tendo já desenvolvidos vários produtos. “Queremos agora, por um lado, diminuir as importações de tudo o que sejam materiais e mesmo equipamentos para fabricação aditiva e, por outro, desenvolver o seu uso no desenvolvimento de produtos, que não apenas protótipos, e trabalhar nos testes e validação para que possam vir a ser colocados no mercado”.

A Agenda Mobilizadora de Inovação em Fabrico Aditivo (INOV.AM) foi criada com o intuito de agregar empresas e entidades do sistema científico, no sentido de potenciar a utilização do fabrico aditivo de uma forma mais generalizada. Encontrar novas técnicas e soluções que melhor sirvam a indústria, de forma a disseminar o recurso a esta tecnologia, é uma das principais missões. “O ponto de partida foi a constatação, por parte de um conjunto de pessoas - que já trabalha no fabrico aditivo há bastante tempo – de que existe oportunidade para criar um ambiente que promova a maior utilização desta tecnologia. É que o seu potencial é enorme, mas ainda não faz parte do dia a dia da maioria das empresas”, explicou Pedro Lourenço (Erofio). Esta agenda integra 61 empresas e 13 entidades do sistema científico, tendo um plano de execução até dezembro de 2025, adianta António Pontes (Universidade do Minho). Em comum, este grupo de profissionais tem a particularidade de, ou já ter adotado esta tecnologia, ou ter participado em projetos de investigação que destacaram as potencialidades do fabrico aditivo. Muitos destes projetos, explicam os dois responsáveis, resultaram em trabalhos promissores que poderão ser agora mais aprofundados e desenvolvidos. No fundo, a agenda acaba por permitir o desenvolvimento de um plano de trabalhos, envolvendo os participantes, e permitindo a investigação mais aprofundada nas áreas, produtos e serviços que suscitem maior potencial de virem a ser incorporados no processo produtivo ou mesmo levados ao mercado.

O conjunto de elementos que compõe a agenda está agrupado em 24 work packages, tendo como objetivo criar, na sua totalidade, cerca de 44 produtos. “Estes produtos poderão ser equipamentos ou sistemas produtivos, que conciliem a fabricação aditiva com injeção, por exemplo, moldes híbridos. Mas poderão ser também novos materiais para fabricação aditiva. Além disso, os resultados levarão a conhecimento que será transmitido sob a forma de formação de novas qualificações e isso também poderá ser entendido como um novo produto”, explica António Pontes, precisando que, no total, os 44 produtos estão agrupados em oito ‘famílias’.

CHEGAR ÀS EMPRESAS Pedro Lourenço chama atenção para o facto de o mercado não estar ainda consciente sobre as inúmeras vantagens e oportunidades do fabrico aditivo. Por isso, esclarece, “uma das grandes missões que temos é tentar democratizar esta tecnologia”. António Pontes salienta um outro aspeto que considera também fulcral: “infelizmente, em Portugal, ainda importamos quase tudo para a fabricação aditiva. Podemos achar que isso é normal, mas sabendo que existem competências no nosso país, na área dos materiais, na robótica e na automação, em ferramentas de transição digital e em conhecimento, porque é que não conseguimos fazer produtos de valor acrescentado ou equipamentos para diminuir as importações dessa área?”


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Com isto, sublinham os dois, será possível “democratizar muito mais a fabricação aditiva, alcançando mais negócios, mais mercado e desenvolvendo mais competências”. E esse conhecimento, uma vez testado e aprovado, chegará às empresas – incluindo as que não integram esta agenda. Uma das formas, explica Pedro Lourenço, é “estes novos serviços e novas utilizações, no âmbito da indústria de moldes, por exemplo, serem alavancadas como serviços e isso permite chegar a todo o sector”. Um outro aspeto que destaca, como forma de alcançar outras empresas, é “o efeito demonstrador” das potencialidades e das aplicações. Foi com este intuito que, no dia 22 de novembro, foi realizada a Conferência INOV.AM. “Esta foi, apenas, a primeira sessão. Projetamos muitas outras, no âmbito deste projeto, de forma a disseminar conhecimento e alimentar esta rede de inovação que estamos a construir”. O plano de trabalho estende até 2025, mas, espera Pedro Lourenço, a sua ação perdurará para lá dessa data, permitindo à indústria continuar a desenvolver o tema do fabrico ativo. “Esta é uma tecnologia relativamente recente e, por isso, as suas áreas de aplicação são muito vastas; existem nichos que ainda não estão preenchidos e pode haver necessidade de adicionar determinadas características aos equipamentos, de forma a melhorar o desempenho da indústria. Pode haver também a necessidade de encontrar diferentes tipos de materiais, de forma a incrementar a produtividade. Tudo isto pode ser ajustado no decorrer deste projeto”, sustenta ainda Pedro Lourenço.

REFLEXÃO Foi com o objetivo de apresentar a Agenda e as suas metas que decorreu a Conferência INOV.AM. A sessão, que contou com a presença de cerca de duas centenas de profissionais, abordou diversos temas, desde equipamentos de pequena e grande dimensão, materiais, produtos, moldes, formação avançada e ferramentas digitais. Cada tema contou com um painel de discussão, potenciando a análise de tendências de mercado e tecnológicas no âmbito da fabricação aditiva e de que forma o programa da agenda responde a estas tendências. ‘Moldes Híbridos’, ‘Materiais para Fabricação Aditiva’, ‘Produto Híbridos’, ‘Sistemas de Fabricação Aditiva (de pequena e grande dimensão)’, ‘Formação Avançada em Fabricação Aditiva’ e Ferramentas Digitais para Fabricação Aditiva’ foram os principais temas em debate no decorrer da ação, que contou com a participação da Universidade do Minho, do Politécnico de Leiria, bem como com as empresas Erofio, Moldit, Edilásio, TEandM, Bosch, VFPlast, Mota II, LCR, ICercal, Polisport, Nova Delta, GLN, Agix, WeAdd, DNC Técnica, Moliporex, Moldetipo, Farmi. AMCubed, Dream4It, Vidromecânica, Termolab, PTScience, ESI, Periplast, Pronum, HRV, Movecho, Codi, Tecminho, Norcam, Digiwest, HLink e Void; e entidades como a Pool-net, CENTIMFE, PIEP, AIDA, ISQ e FLAD.


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RPD 2023: DEFINIR ESTRATÉGIAS PARA UM RUMO MAIS SUSTENTÁVEL E COMPETIVIVO

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Sustentabilidade, Pessoas e Tecnologia. Foi em redor destes três temas, classificados como os pilares da indústria, que decorreu o Rapid Product Development (RPD), evento inaugural da Semana de Moldes e que tele lugar dias 20 e 21 de novembro. Esta ação, uma plataforma internacional de troca de conhecimento e experiências, possibilitou a apresentação, discussão e avaliação de vários aspetos determinantes para a competitividade das empresas. “É necessária uma grande determinação para sermos competitivos”. As empresas precisam de apostar na modernização, nas pessoas, na sustentabilidade, mas também dar prioridade à cooperação e às parcerias. Nuno Silva, presidente do CENTIMFE, deu o mote para o arranque do RPD, lembrando que, desde que foi criado, em 1998, este evento procura refletir – de forma alargada – o passado, presente e futuro da indústria, reunindo várias áreas de atividade. Sustentabilidade foi a palavra-chave subjacente a todas as intervenções. José Pinho (IKEA) contou, de forma resumida, a história da empresa, criada em 1950, com o objetivo de proporcionar um dia a dia mais agradável e acessível a todos. Instalada em várias zonas do mundo, a IKEA pretendeu, desde sempre, ter um custo acessível para chegar às pessoas. Uma outra aposta da empresa foi a proximidade, colocando unidades da marca num vasto conjunto de localizações, de forma a criar um impacto positivo para as comunidades. José Pinho explicou ainda que cada produto da empresa “é pensado desde o design até ao fim de vida, sendo valorizada também a ligação emocional com os produtos que são fabricados”. Para 2030, o objetivo passa por alcançar mais reciclagem e reutilização de materiais, revelou. O exemplo serviu de ponto de comparação para os oradores que se seguiram, num painel de debate que teve como tema principal a sustentabilidade. Alexandre Gaspar (NAVIGATOR) exemplificou com o seu trabalho a nível de biomateriais. Salientou a importância que assumem as universidades e as startups, para ajudar a pensar em novas e interessantes soluções, no rumo a uma economia mais verde. Uma das questões que destacou é a necessidade de aumentar a escala das empresas, de forma a potenciar a competitividade. Para Ana Pires (CENTIMFE), esta é uma questão prioritária para as empresas, tanto mais que os clientes da indústria de moldes estão a valorizar mais esta temática e “as empresas têm de estar preparadas para dar respostas”. Contudo, sublinhou, a transição ecológica só funciona se usarmos a digitalização: os sensores, a data, mas também o machine learning. “Sem digitalização não temos rapidez suficiente para chegar ao mercado”, advertiu.

Gonçalo Caetano (SIMOLDES) considerou que há que estar bem preparado para responder às novas exigências dos clientes, investir em eficiência e proteção ambiental. O próprio modelo de negócio, considerou, terá de ser repensado. É que, acentuou, “na indústria de moldes estamos a competir não com apenas concorrentes mais baratos, mas também que já têm tecnologia e qualidade e, como agravante, não competimos em condições iguais”. Por isso, destacou, “no futuro próximo, temos de vender sustentabilidade para diferenciar a nossa oferta”. E ser sustentável, na sua ótica, é mais do que centrar-se nas questões ambientais. É melhorar as outras áreas, como a social e a financeira. Ou seja, “é preciso olhar para esta questão de uma forma holística”. Mario Verona (ULPGC, Universidad de Las palmas de Gran Canaria) defendeu que a solução passa por um misto: por um lado, os materiais têm de adaptar-se às tecnologias, mas, por outro, as tecnologias também têm de adaptar-se aos materiais. O desafio, constatou, é conseguir usar materiais competitivos, mas sustentáveis. Ora, na prática nem sempre é possível. É que, salientou, “o tecido empresarial é composto, essencialmente, por pequenas empresas e estas nem sempre estão munidas de condições para conseguir dar este passo”. Pedro Costa (Agenda da Embalagem do Futuro) não tem dúvidas de que “a sustentabilidade é o caminho”. As empresas têm, por isso, de conseguir adaptar-se. Deu como exemplo o caso das garrafas de plástico. “Hoje, a reutilizável usa-se muito mais do que há dois anos, por exemplo”, acentuou. Para Rui Brogueira (RESPOL Group), a ação do grupo empresarial que representa é ilustrativa da mudança rumo a uma produção mais sustentável. “Apostamos na economia circular: desde os materiais, a sua seleção e a cooperação com outras empresas, de forma a satisfazer as suas necessidades”, explicou, sublinhando que “introduzimos cada vez mais materiais amigos do ambiente”.


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MUDAR MENTALIDADES O segundo painel de debate chamou a atenção para a importância das pessoas, mas também das tecnologias, na questão da competitividade das empresas. José Carlos Caldeira (INESC TEC) sintetizou a reflexão, considerando que as empresas e a sociedade “têm grandes mudanças à frente e, com as grandes mudanças, vêm os grandes desafios”. No seu entender, a questão da sustentabilidade “já não é apenas uma opção nem tão pouco uma coisa simpática de se dizer, mas é sim algo obrigatório e que pode ser transformado ou aproveitado como oportunidade”. Por isso, defendeu, “é fundamental que adotemos uma visão holística sobre esta questão e tentemos encontrar o nosso papel”. A mudança, salientou, “implica uma alteração de mentalidade”. E as empresas, sobretudo ao nível da gestão, no seu entender, têm de dar esse passo. O impacto não se centra, apenas, nos equipamentos, mas no próprio modelo de negócio. Em tudo isto, salientou, é preciso olhar também para as pessoas, enquanto trabalhadores das organizações e como consumidores. Para Manuel Laranja (ISEG), “o mundo está fora de controlo, há novos riscos e mudanças profundas no ambiente que impactam na atual produção e consumo”. Por isso, sublinha, “há todo um conjunto de passos a implementar socialmente e a nível ambiental na cadeia de valor”. E, no seu entender, fundamental incrementar os processos de eficiência, considerar a localização e a circularidade, e atentar também na transparência e sustentabilidade social. Aconselhou as empresas a que adotem as medidas como valor e que consigam estabelecer parcerias e desenvolver trabalho em conjunto. “Há já alguns exemplos de empresas que estão a fazer a mudança, mas há ainda muito por fazer”, considerou, enfatizando que “para além da questão ambiental, é preciso focar-se na transparência e sustentabilidade social”. José Cardoso Matos (BTEN, Business & Technology Experts Network) considerou que “esta é uma mudança cultural que é necessária”, sendo fundamental, no seu entender, “envolver as pessoas neste processo”. “É essencial que consigamos assumir este processo como real e fugir do green wash e, para isso, temos de criar regulação”, afirmou, considerando que “esta questão tem muito a ver com a educação e a forma como o mundo evolui”.


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Já Nuno Silva (DURIT Group) concordou que é necessário mudar a mentalidade as empresas. Contudo, lembrou que, no essencial, as empresas são negócios e precisam de gerar receitas. Por isso, “é difícil mudar o que é tradicional e a sustentabilidade é apenas uma das mudanças que temos para fazer porque é preciso pensar de outra forma e isso vai levar tempo”.

AS PESSOAS Para Olli Hatakka (Karelia University of Applied Sciences, da Finlândia), é preciso “decidir e dar passos, mas explicar por que temos de o fazer”. Com isto, conseguir fazer com que as pessoas desejem a mudança. Só depois disto, defende, “estamos em condições de avançar”. Ou seja, “a essência da mudança são as pessoas, as suas intenções e o seu papel”. Torsten Urban (KIMW, Kunststoff Institut Luedenscheid, da Alemanha) deu o exemplo de como fizeram no seu país alguma mudança. Começou por falar da educação, contando que os fabricantes de moldes pediram às escolas para ajudar, criando cursos orientados para a indústria. Foi criado um projeto para dar resposta a esta pretensão dos fabricantes e os jovens, entre os 16 e os 18 anos, estão a aprender a fabricar moldes, mas tendo em conta outras questões relacionadas com a sustentabilidade. No seu entender, “é essencial chegar aos jovens que são o futuro”. António Baptista (ISESC TEC / EIT) considerou que “é preciso olhar para a vertente económica, ver fora do nosso sistema, e constatar que estamos perante revoluções e disrupções”. “Temos de encontrar

novas maneiras de fazer, de forma a ganhar mais produtividade”, defendeu. Tiago Pessoa (KORN FERRY), centrou a sua intervenção na questão do desenvolvimento de pessoas para os desafios da digitalização. Começou por referir que, de acordo com os estudos publicados, cerca de 85 % das empresas de 2030 ainda não foram inventadas. O talento é, na sua opinião, uma questão premente para a eficiência das empresas. E atrair pessoas tem de ser uma prioridade, juntamente com a aposta no digital, que muitas empresas já têm”. “Atrair e reter talentos é a chave, mas é preciso ter em atenção a idade e conseguir cativar os jovens”, considerou, lembrando a importância de valorizar outras questões como o género ou a diversidade cultural, e ter atenção à importância da formação e requalificação dos profissionais das empresas. “É preciso novas formas de pensar, fazer e estar”, enfatizou, acrescentando que “para ter sucesso, as empresas precisam de investir na inovação e estar focadas no cliente, colocando as pessoas no centro e criando líderes para o futuro”. No debate que se seguiu a esta intervenção, Carlos Novo (SOCEM) começou por partilhar o dia a dia da empresa, contando que reúne várias gerações, combinando os mais antigos e os mais jovens, numa abordagem híbrida do conhecimento. “É a nossa maneira de crescer”, frisou. Na empresa, contou ainda, “nós medimos a felicidade: pessoas felizes são pessoas motivadas”.


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Heitor Gomes (AXIANS Portugal) considerou que o caminho das empresas é “colocar as pessoas no centro e ter as máquinas a colaborar”. Com isto, as organizações podem transformarse, melhorar as relações e, com as máquinas, ganhar mais competitividade. Lembrou a importância crucial que, neste processo, tem o treino e a formação das pessoas.

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Sandro Mendonça (ANACOM) defendeu ser muito importante levar para as salas de aula a mentalidade da indústria, permitindo as jovens que, desde cedo, contactem com essa realidade e olhem para ela de forma mais prática. Já no dia a dia da empresa, valorizou a partilha de experiências e conhecimentos dos mais antigos funcionários com os jovens. Para Tiago Sachetti (BOSCH), as pessoas têm de estar sempre no centro das organizações. Já a digitalização, defendeu, assumese como muito útil para tomar as melhores decisões. No entanto, ressalvou, “o mais difícil é chegar a esta mentalidade que considera as pessoas como o mais importante”. No seu entender, para melhorar é preciso também mudar as skills das pessoas, continuar a evoluir nos sistemas digitais e dar prioridade à comunicação nas empresas. Vasco Lagarto (ICT Cluster - TICE) defendeu que “nem todo o conhecimento está nos livros, nem na internet”. Muito dele, explicou, “está na experiência das pessoas e muito fica com as pessoas”. Por isso, defendeu, preciso ouvir as pessoas que estão no terreno, valorizar o seu conhecimento e reforçar a cooperação com as escolas. Coube a Leonor Sopas (Universidade Católica do Porto) fazer um resumo da reflexão. Além das skills técnicas, é necessário apostar nas comportamentais e desenvolver as capacidades das pessoas nas empresas, apostando na diminuição do gap de gerações, começou por referir, salientando ainda que é preciso formar com base em novos programas mais direcionados; os mais genéricos não são a resposta necessária. Por fim, destacou, é necessário reforçar as apostas na comunicação entre gestão e trabalhadores, desenvolver flexibilidade e agilidade, e fazer com que as pessoas se sintam felizes.

ADITIVO O tema do fabrico aditivo encerrou o RPD. Victor Neto (Universidade de Aveiro), na sua síntese sobre o tema, considerou que “os desenvolvimentos que estão a fazer as universidades são o primeiro sinal da mudança sobre esta questão”. Salientou a necessidade que existe de mais treino e formação, de forma a incrementar as competências nestas tecnologias, considerando ser necessário um novo mindset para as disseminar na indústria. Foi António Pontes (Universidade do Minho) a lançar o tema para o debate que se seguiu. Na sua intervenção, sublinhou que uma das grandes vantagens do fabrico aditivo é a liberdade para o design das peças. Considerou que as empresas já usam esta tecnologia, mas a sua utilização poderia ser incrementada se houvesse mais conhecimento e experiência.

Incrementar estas valências, enfatizou, é um desafio que se coloca, quer às empresas, quer às escolas. É que, destacou, o fabrico aditivo pode ajudar no processo industrial, melhorando tempo e reforçando o desenvolvimento. No decorrer do debate, Fábio Simões (CDRSP – Politécnico de Leiria) explicou que, no caso da Marinha Grande, “a indústria traznos problemas que tentamos resolver em conjunto e, dessa forma, ganhamos todos mais conhecimento”. Carlos Mougueira (TRUMPF) salientou que esta tecnologia permite executar partes complexas que não se conseguem produzir de outra forma. No seu entender, “é muito importante que as escolas desenvolvam este conhecimento, o passem para os seus formandos e, através deles, para as empresas”. Marco Ruivo (SIGMASOFT) fez referência à vantagem que as empresas têm em recorrer a uma ferramenta que permite simular e antever problemas no fabrico, considerando que a indústria de moldes em Portugal sempre investiu em tecnologias, de forma a melhorar a sua produtividade. “É um desafio para a indústria desenvolver estas competências”, considerou, referindo-se ao fabrico aditivo. Pedro Lourenço (EROFIO) deu a conhecer, em traços gerais, a agenda da inovação em fabrico aditivo que, entre outras questões, tem como ambição fazer com que Portugal passe do papel de ‘comprador de tecnologias’ para ‘produtor de tecnologia’. “Precisamos de conhecimento, softwares e treino avançado, e esse é o objetivo da agenda”, salientou. Rui Soares (CENTIMFE) considerou que, no âmbito destas tecnologias, há ainda muito a fazer, mas que o Centro Tecnológico tem contribuído, não apenas com o conhecimento, mas também com sessões de treino e sensibilização sobre a importância do fabrico aditivo. “Há muitas tecnologias a nascer e novos materiais: este é um período complicado, mas também desafiante. Por isso, é preciso ajudar as empresas a perceber as suas vantagens”, afirmou.


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BROKERAGE EVENT: A IMPORTÂNCIA DA COOPERAÇÃO ENTRE EMPRESAS E INSTITUIÇÕES 58

Reforçar a ligação entre empresas e instituições em novas redes de colaboração e, com isso, potenciar novos projetos de I&D, a nível nacional ou internacional, foi uma das metas que surgiu no decorrer do Brokerage Event, que teve lugar no dia 21 de novembro. Este fórum estratégico internacional reuniu representantes de associações e instituições de vários países, promovendo a discussão e reflexão, contando, até, com a participação da direção de Research e Innovation da Comissão Europeia. Foi precisamente Peter Dröll (Director for Prosperity, DirectorateGeneral for Research and Innovation Challenges for the manufacturing industry in Europe) o primeiro orador do evento. Abordou, de uma maneira geral, a situação por que passa a Europa, nomeadamente com a guerra, a inflação, as questões da competitividade internacional, destacando a importância da regulamentação destinada a apoiar a indústria europeia. A sustentabilidade tem, no seu entender, um papel muito importante: “é crucial que as empresas comecem a mudar, a fazer a transição verde”. A seu ver, tal “terá um impacto na indústria”, desde logo com a criação de novos empregos, novas atividades e novos modelos de negócio. Considerou ainda que questões como a descarbonização e a aposta em tecnologias têm de caminhar juntas. Lembrou também a importância das pessoas nas organizações, fator que considera essencial para o futuro. Na mesma linha de discurso, Américo Azevedo (MANUFUTURE / INESC TEC), considerou que a Europa passa, atualmente, por momentos muito desafiantes. Exemplificou com questões como a demografia, o clima, as mudanças sociais e tecnológicas, a digitalização, os novos modelos de negócio, mas também as políticas e as tensões. Lembra que “os últimos três anos expuseram as vulnerabilidades da Europa”, e citou o cenário pós-pandemia de Covid-19, com os problemas nas cadeias de fornecimento e distribuição, a guerra na Ucrânia ou a dependência energética. “É preciso uma solução holística para a indústria europeia e não ações desgarradas: o sucesso da indústria depende disto”.

DESAFIOS Desafios que se colocam às empresas. Estratégias e soluções para os ultrapassar. Representantes de vários países integraram um painel de debate, em que estas foram algumas das principais questões. O moderador, Rui Tocha, lançou o mote para a discussão, falando um pouco daquelas que são as atuais prioridades do CENTIMFE. Novas competências, a economia circular, o lean nas metodologias, tecnologias e formas de produzir mais eficientes, foram alguns dos temas que enumerou. Salientou ainda a importância dos diferentes instrumentos financeiros europeus, regionais e nacionais, como forma de potenciar as empresas e a sua atividade. “É importante estimular também a capacidade de cooperação, partilhar informação e criar alianças entre países”, sublinhou. Já no debate, Cristina Monge (Asociación Valenciana de Plasticos – AVEP – de Espanha) chamou a atenção para a questão das diretivas de regulamentação sobre o sector dos plásticos, considerando que “é preciso que as empresas façam um esforço enorme, em muitos casos para se adaptarem àquilo que está já legislado e, em alguns cenários, colocando até a sua competitividade em causa”. O preço da energia e os materiais na cadeia de distribuição são, acredita, fatores a ter em conta. A inovação, sustenta, “é a grande prioridade” como forma de assegurar o futuro.

“Estamos num mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo”, salientou, considerando que todos estes fatores impactam na vida das empresas. Questões como o nearshoring ou a sustentabilidade ganharam dimensão e as organizações procuram corresponder. “As empresas estão a braços com grandes desafios e têm de conseguir encontrar novas formas de adotar estratégias de curto e longo prazo”. A inovação tecnológica é vital para o futuro. Bem como a cooperação.

Patrick Vuillermoz (French Competitiveness Cluster for Rubbers, Plastics and Composites - POLYMERIS - de França), admitiu que, também no caso francês, “a regulamentação é um desafio grande no sector dos plásticos”. Advoga que “o caminho é a sustentabilidade, mas esta também traz desafios, como os novos materiais e os custos da energia, entre outros”.

“No passado, o ambiente era muito previsível, depois passou para um ambiente muito dinâmico e agora estamos perante um ambiente disruptivo e incerto”, considerou, enfatizando que “temos de ser mais ágeis: esse é o caminho e o digital faz-nos ganhar agilidade”.

Contudo, aquilo que salientou como sendo o mais desafiante diz respeito ao “tempo para o mercado”. E explicou: “os consumidores querem mais agilidade e rapidez e esperam da cadeia de distribuição soluções. Por isso, o desafio é ser mais rápido”.


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Para Susana Remotti (PROPLAST, de Itália), a sustentabilidade e a circularidade, bem como as normas da regulação nos plásticos são alguns dos grandes desafios que se colocam. “É preciso seguir as exigências do mercado”, defendeu, revelando que, no caso italiano, começou a sentir-se, no início do outono uma maior tendência de movimentação nos mercados. “Temos a sensação de que os clientes estão a voltar porque, provavelmente, não tiveram bons resultados com outros fornecedores e regressam a quem lhes dá garantias de qualidade”. Essa é, no seu entender, a prioridade que se coloca às empresas: a aposta na qualidade. Tammo Dannen (Laboratory for Machine Tools and Production Engineering (WZL) of RWTH Aachen University, Alemanha) defendeu que, para assegurar o futuro, é fundamental que “se consigam estabelecer parcerias, ter as empresas próximas dos centros de saber para fazer inovação e tecnologia”. No seu entendimento, “a cooperação entre as várias indústrias é fundamental”, como o são também a inovação e a produtividade. Estas constituem, para si, as respostas para “os eventos disruptivos que têm marcado as nossas vidas”. Xavier Planta (EURECAT Technology Centre da Catalunha) destacou a importância da sustentabilidade, considerando que a par da digitalização, constitui dos maiores desafios para as empresas. O primeiro passo é “reduzir o desperdício”. Uma vez conseguido, é avançar para outras medidas, como a reciclagem e reutilização. Para si, a solução para a indústria tem de passar pelas empresas e estas precisam de nova mentalidade. Zeljiko Pazin (European Factories of the Future Research Association - EFFRA) aconselhou as empresas a consultarem a legislação, as normas e regulamentos criados para a indústria, através dos quais conseguirão escolher caminhos que assegurem a inovação e o futuro. No seu entender, os fundos de apoio à produção devem passar a ser encarados de outra forma. “Há muita gente à procura dos fundos. No entanto, o objetivo é que as empresas finalizem o projeto e vejam se resulta – porque têm real necessidade desse projeto - e depois pensem no próximo passo, que é o apoio ao projeto”, explicou, adiantando que, atualmente, “têm surgido muitos projetos e ideias muito interessantes”. Um outro aspeto que abordou foi a questão das pessoas. “Há uma luta grande para conseguir pessoas para a indústria, ao mesmo tempo que se procura melhorar a produtividade e eficiência”, afirmou, considerando que a Europa precisa de encontrar ferramentas para conseguir conciliar tudo isto e ter melhores resultados. O programa do Brokerage Event terminou com a apresentação das oportunidades que o programa EUREKA tem para as empresas. Polina Pereira (EUREKA, Network for International Cooperation in R&D and Innovation) falou dos vários instrumentos financeiros, aos quais as empresas podem candidatar os seus projetos e necessidades. Inovação e desenvolvimento são as áreas prioritárias, revelou.


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INOVAÇÃO

O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA

TOOLING 4G E S4PLAST – CONTRIBUTOS PARA A INOVAÇÃO E PARA A SUSTENTABILIDADE INDUSTRIAL ANÁLISE DE DIFRAÇÃO DE RAIOS X APLICADA À INJEÇÃO DE PLÁSTICOS EM TEMPO REAL SUBSTITUIÇÃO DE MATERIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM ENCAPSULAMENTO LEVE PARA DISPOSITIVOS ELETRÓNICOS NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL


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António Baptista CENTIMFE – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas Especiais e Plásticos

O Cluster Engineering & Tooling viu mais dois dos seus projetos avaliados com sucesso Decorreram no dia 31 de outubro de 2023, no CENTIMFE, o Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas Especiais e Plásticos, as visitas finais aos projetos mobilizadores Tooling 4G Advanced Tools for Smart Manufacturing [2018-2021] e S4PLAST – Sustainable Plastics Advanced Solutions [2020-2023]. Estas visitas foram complementadas com a exposição de alguns dos resultados destes projetos, materializados em novas soluções para incorporar em moldes, ferramentas e em produtos plásticos com características diferenciadas. O projeto Mobilizador Tooling 4G, direcionado aos moldes e ferramentas, envolveu um consórcio de 20 empresas e dez ENE SII (Entidades Não Empresariais do Sistema de Investigação e Inovação), teve como promotor líder a empresa fabricante de moldes

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TOOLING 4G E S4PLAST – CONTRIBUTOS PARA A INOVAÇÃO E PARA A SUSTENTABILIDADE INDUSTRIAL

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Aníbal H. Abrantes e a coordenação do CENTIMFE. O projeto Mobilizador S4PLAST, direcionado à sustentabilidade do produto plástico, envolveu um consórcio de nove empresas e sete ENE SII, teve como promotor líder a IBER-OLEFF e a coordenação do CENTIMFE. Estes dois projetos, que atuaram em áreas complementares, criaram tecnologia para incorporar em novos produtos e processos ou melhorar substancialmente os processos atuais da cadeia de produção do cluster Engineering & Tooling, tomando como principais pilares: a) Tooling 4G, os conceitos da Indústria 4.0, Digitalização da Indústria, Produção Zero-defeitos e Sustentabilidade; b) S4PLAST, os conceitos de Design para a circularidade, sustentabilidade e valorização, Novos materiais poliméricos avançados e multifuncionais, Processos avançados de fabrico, e Integração inteligente de processos e produtos.


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O projeto Tooling 4G dedicou um enorme esforço na investigação dos Processos de Fabrico Aditivo, envolvendo as tecnologias Directed Energy Deposition (DED) e Selective Laser Melting (SLM), na perspetiva de utilizar estas novas tecnologias de forma sustentável na produção dos componentes para os moldes, e conferir a estes moldes outras propriedades e características diferenciadas ao nível do comportamento mecânico e da transferência de calor, incorporação de novos sistemas de aquecimento/arrefecimento de moldes com geometria adaptada, mais eficazes e eficientes, para otimização dos ciclos de injeção e das características de qualidade das peças finais. Os dois projetos mobilizadores procuraram criar e desenvolver soluções capazes de promover a redução dos custos de produção através de “Produzir bem à primeira” e “Produção zero-defeitos”, suportadas em processos digitalizados e monitorizados em tempo real. Foram criados no Tooling 4G sensores inovadores que, localizados em pontos nevrálgicos dos processos e dos equipamentos, permitem a aquisição de dados para gerar informação em tempo real e tornar os processos mais ágeis e inteligentes. Foram criadas soluções robustas de comunicação entre máquinas e sistemas que utilizam diferentes linguagens. O S4PLAST criou, validou e integrou soluções da Indústria 4.0 numa perspetiva de criar uma célula-piloto de produção ágil e autónoma. A nova célula envolveu dois processos produtivos simultâneos: a injeção e a montagem digitalizadas, uso de sistemas digitais avançados, sensores inovadores e gémeo digital, e equipamentos e acessórios para o controlo de qualidade do produto a 100 %. O projeto S4PLAST criou soluções inovadoras para apoio à indústria nas áreas do design atendendo à circularidade, sustentabilidade e valorização do plástico, e os aspetos de fim de vida do plástico e transição para a economia circular. O projeto S4PLAST criou compostos sustentáveis através da investigação dos componentes e do desenho da formulação, na perspetiva de substituir matériasprimas de origem fóssil por outras com características semelhantes de origem biológica bio based; substituir matérias-primas de origem fóssil por outras bio attributed (matéria-prima com características idênticas, mas produzida com reduzida pegada de carbono); E, substituir total ou parcialmente matérias-primas virgens por recicladas (de origem PIR ou PCR).

Os objetivos destes projetos envolviam a criação de soluções capazes de contribuir para tornar a cadeia do tooling mais ágil, de modo a proporcionar produtos diferenciados num menor intervalo de tempo. Os resultados dos projetos mobilizadores Tooling 4G e S4PLAST já contribuem para a transformação e modernização dos processos produtivos e para o desenvolvimento e a oferta de produtos sustentáveis e serviços inovadores, o que promove a diferenciação das empresas, com impactos significativos na competitividade, na internacionalização, e na sustentabilidade das empresas do cluster Engineering & Tooling. Os resultados destes projetos apresentam níveis de maturação diferentes, isto é, há resultados cuja implementação na indústria é imediata, mas há outros que necessitam de mais investigação para uma implementação industrial robusta. Estes resultados são as sementes para novos projetos de investigação e inovação nas diversas áreas técnico-científicas. Os novos paradigmas económicos e industriais alteraram os modelos tradicionais do mercado e sua forma de atuar. Para continuarem a ser ágeis e sustentáveis, com padrões de produtividade de nível mais elevado, as empresas têm de se tornar mais digitalizadas e automatizadas, com processos robustos e monitorizados em tempo real, fazer o uso inteligente dos dados em toda a extensão da cadeia de atuação, recorrendo a soluções de Machine Learning, Computação de Alta Performance e Inteligência Artificial, tecnologias que começam a dar os primeiros passos a nível industrial.

Este artigo foi elaborado com base nos resultados alcançados pelos Projetos Mobilizadores TOOLING4G - Advanced Tools for Smart Manufacturing, projeto Nº024516, e S4PlAST - Sustainable Plastics Advanced Solutions, projeto Nº046089, financiados pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização e Programa Operacional Regional de Lisboa, PORTUGAL 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).



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ANÁLISE DE DIFRAÇÃO DE RAIOS X APLICADA À INJEÇÃO DE PLÁSTICOS EM TEMPO REAL

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Anabela Massano 1; Daniel Silva 1, Fábio Gameiro 1, Pedro Carreira 1; João Matias 1; Artur Mateus 1; Geoffrey Mitchell 1; Matteo Arioli 2 1 - CDRSP – Centro para o Desenvolvimento Rápido e sustentado do Produto, Politécnico de Leiria; 2 - Departamento de Engenharia Química, Universidade Politécnica de Catalunha

RESUMO Recentemente, uma equipa de investigadores do CDRSP liderada pelo professor Geoffrey Mitchell levou a cabo uma série de experiências pioneiras envolvendo a aplicação de técnicas de difração de raios X ao estudo morfológico de termoplásticos no decorrer do processo de injeção. O estudo envolveu o projeto e fabrico de um sistema industrial de moldação por injeção que foi montado e usado numa das linhas de difração de raios X que integra o sincrotrão ALBA, em Barcelona - Espanha. Os trabalhos desenvolvidos mostram que é possível a obtenção de dados referentes ao material em tempo real no decorrer do processo de injeção. Foi possível avaliar a fração do material na cavidade do molde e identificar o primeiro material a solidificar e a sua dependência com a temperatura de injeção. Todo o projeto segue a prática industrial atual e oferece oportunidades para reunir dados obtidos em instantes sucessivos em vários pontos dentro da cavidade do molde, o que possibilita a construção de uma perspetiva 4D da morfologia e a avaliação do desenvolvimento temporal. Os dados quantitativos obtidos neste estudo são vitais​​ para a otimização da próxima geração de técnicas de moldação por injeção. Os resultados alcançados são bastante promissores na medida em que permitem testar a reprodutibilidade do sistema de moldação por injeção em escalas diferentes. O projeto dos equipamentos permitiu o desenvolvimento da estrutura e da morfologia a ser avaliada em diferentes partes da cavidade do molde, e avaliar quaisquer diferenças em moldes de cavidade retangular. Foram também identificadas perspetivas futuras para este equipamento em termos de novos moldes, sistemas de aquecimento e refrigeração e oportunidades para avaliar quantitativamente abordagens radicais à tecnologia de moldação por injeção.

1. INTRODUÇÃO A moldação por injeção é a tecnologia mais utilizada no fabrico de peças plásticas [1]. O processo costuma ser totalmente automatizado para a produção repetível e reprodutível de peças que, em geral, não necessitam de acabamento. A primeira máquina de moldação por injeção foi patenteada pelos irmãos Hyatt John e Isaiah em 1872 [2]. Estas primeiras máquinas eram bastante rudimentares em comparação com os sistemas contemporâneos. A tecnologia foi revitalizada na década de 1940 com a substituição do êmbolo para injetar o plástico quente no molde por um parafuso de extrusão [3]. A rosca rotativa deu à máquina um controlo mais eficaz sobre a velocidade de injeção refletindo-se na qualidade das peças plásticas produzidas. A rosca também permitiu a mistura de, por exemplo, materiais reciclados com materiais virgens devido à sua

ação de mistura. A interação da rosca com a matéria-prima sólida do pellet contribuiu bastante para o primeiro estágio do processo de fusão ou amolecimento do plástico devido ao atrito. As máquinas de parafuso agora constituem a grande maioria de todas as máquinas de moldação por injeção. Não muito depois da introdução do sistema de moldagem por injeção por extrusão de parafuso, novos termoplásticos de alta qualidade, incluindo polietileno, polipropileno, poliestireno e nylons, tornaram-se disponíveis [4] e ajudaram muito na aceleração da adoção da moldação por injeção de plásticos como tecnologia de fabrico. A moldação por injeção de plásticos é uma tecnologia aparentemente simples. O reservatório é alimentado com plástico, geralmente na forma de pellets de tamanho milimétrico, aquecido até o estado líquido e então injetado a alta pressão num molde metálico para definir a forma. O polímero líquido arrefece e torna-se sólido após passar por uma transição vítrea, no caso de um polímero amorfo, ou cristaliza para formar um sólido semicristalino, no caso de um polímero semicristalino. A peça sólida é então ejetada do molde. A presente investigação focou sobretudo polímeros semicristalinos como polipropileno isotático, polietileno, nylon e alguns biopolímeros, como polihidroxibutirato e polibutileno succinato. Nestes materiais, os processos de fluxo inerentes à moldação por injeção e as rápidas mudanças de temperatura envolvidas à medida que o fluido plástico entra no molde têm um impacto profundo na estrutura e morfologia, que se desenvolvem à medida que o plástico fluido solidifica e, portanto, nas propriedades da peça [5]. No último ano, um novo e importante projeto levado a cabo no Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP) desenvolveu um sistema de moldação por injeção de elevado valor para a fileira dos moldes. Trata-se de um sistema que pode ser colocado na linha de feixe NCD-SWEET na fonte de radiação de sincrotrão ALBA para levar a cabo medições de difração de raios X de pequeno ângulo (SAXS). Este novo sistema permite aos investigadores monitorizar o processo de moldação por injeção em tempo real, fornecendo insights sobre a dinâmica molecular e a formação de estruturas que ocorrem durante o processo. Ao combinar o feixe NCD-SWEET e o sistema de moldação por injeção, os investigadores podem estudar a evolução das cadeias poliméricas, domínios cristalinos e outras características microestruturais. Esse conhecimento pode ajudar a otimizar o processo de moldação por injeção para produzir materiais com propriedades e desempenho inovadores. A realização de medições de difração de raios X de pequeno ângulo durante a moldação por injeção aporta vários benefícios. Em primeiro lugar, permite uma análise detalhada da cinética do processo, proporcionando uma melhor compreensão das diversas


etapas de fusão, fluxo e solidificação do polímero. Em segundo lugar, permite aos investigadores estudar o impacto das condições de processamento, tais como temperatura, pressão e taxa de arrefecimento, na microestrutura resultante e nas propriedades da peça moldada. Além disso, esta técnica ajuda a identificar e resolver quaisquer potenciais defeitos ou inconsistências nas peças moldadas, levando a melhorias na qualidade e fiabilidade do produto. Ao adquirir informações ao nível molecular em tempo real, os investigadores podem tomar decisões informadas e ajustar os parâmetros do processo de moldação por injeção, otimizando a eficiência da produção e reduzindo o desperdício.

2. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho apenas foi possível devido aos desenvolvimentos das fontes de radiação de sincrotrão de 3.ª geração com recurso a fontes sintonizáveis de raios X de alto brilho e intensidade, capazes de penetrar e interagir com materiais em nível microscópico ampliando as fronteiras no estudo das propriedades e comportamento dos materiais com detalhes sem precedentes.

/ / Figura 1 – Esquema da linha de feixe NCD-SWEET na fonte de radiação de sincrotrão ALBA

moldantes standardizadas e insertos feitos numa liga de alumínio e sílica, AW6082. Para o processo de injeção, uma unidade industrial autónoma UAI6/1OP, do Grupo Rambaldi foi montada acima do molde tornando a etapa de injeção totalmente hidráulica [6]. A unidade foi ainda equipada com um conector Euromap, o que tornou a ligação de outros componentes, tais como uma interface para os controladores de ALBA, mais eficaz. A figura 2(a) mostra o sistema com os pontos de entrada do feixe de raios X, a figura 2c mostra as portas de saída e a figura 2(b) apresenta uma perspetiva lateral do sistema montado.

Tais avanços nas fontes de radiação de sincrotrão, particularmente nas fontes de terceira geração como a ALBA, desempenharam um papel crucial na viabilização deste trabalho. A figura 1 mostra uma representação esquemática da linha de feixe NCD-SWEET em ALBA onde tiveram lugar estes trabalhos. A unidade de injeção foi concebida de acordo com um design convencional com a cavidade moldante preparada com placas

/ / Figura 2 – Sistema de injeção montado na linha de feixe NCD – SWEET. As setas vermelhas indicam as direções de entrada e saída do feixe de raios X.

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Os insertos moldantes foram maquinados com seis janelas cilíndricas distanciadas a cerca de 0,08 mm do lado oposto de forma a criar uma “janela” capaz de permitir que o feixe de raios X atravesse sem absorção excessiva A transmissão foi medida a cerca de 70 %, sendo esta espessura suficiente para suportar a alta pressão na cavidade durante a injeção. Todo o sistema foi montado numa plataforma translacional que permitiu o posicionamento do sistema de forma a que o feixe de raios X pudesse passar através de qualquer uma das seis janelas. A figura 3 mostra o design da peça de plástico obtida por injeção e usada neste trabalho.

/ / Figura 3 – Peça produzida através do sistema de moldação desenvolvido no presente trabalho. Os pontos ao longo da linha central da peça correspondem à posição do feixe de raios X.

Os materiais usados neste trabalho compreendem alguns grades de polipropileno isotático.

das posições e conformações das cadeias poliméricas diferirem nas peças moldadas, pretendemos determinar se a estrutura global da peça e a sua morfologia apresentam características semelhantes. A figura 4(a) apresenta um padrão de SAXS para o PP1 obtido durante 1 s logo após a entrada do polímero na cavidade moldante. A temperatura de injeção é de 230 °C e a temperatura do molde é de 50 °C. Este padrão, na realidade, corresponde aos primeiros cristais formados na cavidade moldante logo após a injeção do plástico onde é possível inferir um certo nível de orientação preferencial dos cristais.

/ / Figure 4. (a) esquerda, Padrão original SAXS obtido durante 1 s, (b) direita, o mesmo padrão, no qual a imagem é recolhida para a cavidade moldante vazia, sendo subtraída como background [7]

Apresentamos de seguida sequências de padrões SAXS gravados durante um ciclo de injeção para o PP1, a primeira imagem é da cavidade moldante vazia, a resolução temporal aqui é de cerca de 1s entre imagens sucessivas.

/ / Tabela 1. Grades de polipropileno isotático utilizados

A unidade de injeção permitiu que os parâmetros do processo de injeção fossem definidos antes do início de qualquer série de experiências. A Tabela 2 mostra os parâmetros utilizados neste trabalho.

/ / Figura 5. Sequências de scans obtidos em intervalos de tempo de 1s, correspondentes à monitorização da primeira janela.1ª e 2ª linhas: temperatura de injeção:250 °C, 3ª e 4ª linhas: temperatura de injeção: 230 °C, 5ª e 6ª linha: temperatura de injeção 210 °C [7].

4. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS a - A velocidade de injeção é imputada como a % de velocidade máxima possível para cada sistema de injeção em particular. Para o sistema usado neste trabalho a velocidade máxima de injeção foi de 50 mm/s.

/ / Tabela 2. Parâmetros de injeção utilizados

3. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL A técnica de moldação por injeção é um processo de fabrico conhecido pelo seu elevado nível de reprodutibilidade, tornando-o adequado à produção em massa. A reprodutibilidade está ligada à forma exterior e o acabamento superficial das peças moldadas. Os trabalhos desenvolvidos em multi-escala permitiram aferir os limites da reprodutibilidade desta técnica. É de salientar que apesar

Partindo de registos de difração como os apresentados acima, é possível através de tratamento computacional com recurso a modelação matemática obter informações sobre variações no tempo e espaço e orientação preferencial dos cristais. Os dados apresentados salientam a variedade de dados quantitativos disponíveis. É possível obter padrões de SAXS adequados no intervalo de tempo de 1s, usá-los para mapear a chegada do plástico fundido à cavidade moldante e seguir a sua transformação em sólido semi-cristalino. Conseguimos, assim, observar variações na temperatura do plástico, tal como avaliar o nível de orientação preferencial dos cristais lamelares dobrados em


cadeia formados em função do tempo de injeção. Através de simples e rigoroso tratamento dos dados, conseguimos acompanhar o desenvolvimento da morfologia do material para além do primeiro segundo de injeção. A flexibilidade do design do molde permite de forma simples projetar e implementar novas cavidades moldantes para avaliação de aspetos específicos do processo de injeção. Apesar deste trabalho ter sido focado nas resinas de polipropileno, a unidade de injeção suporta uma temperatura máxima de 420 °C, o que permite o estudo de um leque mais variado de materiais. A temperatura do molde é mantida usando duas unidades industriais de recirculação. Outros desenvolvimentos estão planeados e incluem o aquecimento rápido do molde com aquecimento por indução e outros métodos. Experiências futuras irão também incluir um vasto leque de materiais, incluindo bioplásticos tais como polihidroxibutirato (PHB) e polibutileno succinato (PBS). Dispomos agora de um banco quantitativo de testes para explorar novos caminhos e novos procedimentos na moldação por injeção de plásticos. As oportunidades são imensas e aproximam-nos à aplicação da tecnologia Digital Twins aplicada à moldação por injeção.

Em suma, o desenvolvimento de um sistema de moldação por injeção industrialmente relevante acoplado a um equipamento de difração de raios X permitindo assim realizar medições SAXS traz avanços significativos para o campo do processamento de polímeros. Trata-se de uma ferramenta poderosa para compreender a dinâmica complexa e a formação de estruturas durante a moldação por injeção, permitindo o desenvolvimento de materiais de alto desempenho e processos de fabricação mais eficientes.

5. BIBLIOGRAFIA

[1] Ebnesajjad, S. Injection Moulding. In Melt Processible Fluoroplastics; Chapter 7; Ebnesajjad, S., Ed.; Andrew Publishing: Norwich, UK, 2003; pp. 151–193, ISBN 13: 9781884207 [2] Hyatt, S.; Hyatt, J.W. Improvement in Processes and Apparatus for Manufacturing Pyroxyline. U.S. Patent 133,229, 19 November 1872 [3] Mitchell, P. (Ed.) Tool and Manufacturing Engineers Handbook: Plastic Part Manufacturing; Society of Manufacturing Engineers: Southfield, MI, USA, 1996 [4] Sailors, H.R.; Hogan, J.P. History of Polyolefins. J. Macromol. Sci. Part A Chem. 1981, 15,1377-1402. [5] Mandelkern, L. The Relation between Structure and Properties of Crystalline Polymers. Polym. J. 1985, 17, 337–350 [6] UAI—Babyplast. Available online: https://www.babyplast.com/en/productline/uai/ [7] : Arioli, M.; Massano, A.P.; da Silva, D.P.; Gameiro, F.A.; Carreira, P.; Malfois, M.; Matias, J.; Pascoal-Faria, P.; Mateus, A.; Mitchell, G.R. Time and Spatially Resolved Operando Small-Angle X-ray Scattering Measurements during Injection Moulding of Plastics. J. Manuf. Mater. Process. 2023, 7, 176. https://doi. org/10.3390/ jmmp7050176

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SUBSTITUIÇÃO DE MATERIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM ENCAPSULAMENTO LEVE PARA DISPOSITIVOS ELETRÓNICOS NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL Cátia Araújo 1, Sílvia Cruz 1, Susana Silva 2, Aníbal Portinha 2, Pedro Bernardo 2 1 -PIEP – Centro de Inovação em Engenharia de Polímeros; 2 - Bosch Car Multimedia S.A.

Em resposta ao cumprimento da regulamentação definida pela União Europeia (EU), para a redução da emissão do CO2, na indústria automóvel diferentes adaptações estão a ser implementadas, nomeadamente no processo de produção, nos materiais utilizados e no design (dimensões e peso) do próprio carro. Neste sentido, a aplicação de materiais mais leves e a reconfiguração dos componentes têm uma grande influência no peso final dos automóveis. No seguimento destas considerações, o PIEP - Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, auxiliou a Bosch Car Multimédia no desenvolvimento de um dispositivo eletrónico leve, em que os materiais originais (magnésio, aço e alumínio) foram substituídos por compósitos termoplásticos. Este encapsulamento eletrónico é constituído pelo chassi (composto pela top, bottom e intermediate structures), por dois dissipadores de calor e três PCB.

condutor, originando a bottom e top covers, respetivamente. Numa segunda etapa, estas peças sobremoldadas são inseridas noutro molde para a sobremoldação do polímero dissipador térmico, originando os componentes finais - bottom e top structures. Na Figura 1 está representado o esquema da produção da bottom structure. Este trabalho foi suportado pelas ferramentas e moldes, bem como a experiência, de um fornecedor local, a Famikron.

Para a nova solução construtiva, uma seleção de materiais foi criteriosamente realizada pela equipa da Bosch Braga com o suporte do PIEP. Relativamente aos dissipadores de calor, um polímero termoplástico, com elevadas propriedades de dissipação térmica, foi selecionado. Já para os três componentes do chassi, uma solução híbrida foi considerada: uma conjugação de um material polimérico com propriedades de condução elétrica, para garantir a resistência estrutural dos componentes, com um compósito termoplástico reforçado com fibras de carbono, de forma a ser garantida a proteção eletromagnética através da combinação destes dois materiais. Relativamente à produção dos componentes, foi selecionado o processo de moldação por injeção. Tanto para a bottom structure, como para a top structure, numa primeira etapa, o compósito termoplástico reforçado com fibra de carbono, previamente termoformado, é inserido no molde, como um inserto, para ser sobreinjetado com o polímero eletricamente

/ / Figura 2 - Modelo considerado para a simulação da primeira etapa de moldação por injeção (bottom cover).

/ / Figura 1 – Sequência do processo de produção dos componentes (bottom structure).

/ / Figura 3 - Modelo considerado para a simulação da segunda etapa de moldação por injeção (bottom structure).


lista de requisitos do produto definidos pela Bosch. Adicionalmente, e de forma a verificar a processabilidade dos componentes, e a necessidade de adaptação da geometria direcionada para o processo, simulações do processo de moldação por injeção foram realizadas para todos os componentes, com recurso ao

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software de simulação Moldex3D. Após a definição da geometria dos componentes, bem como dos sistemas funcionais do molde (sistema de alimentação e sistema de controlo de temperatura do molde), simulações adicionais do processo foram realizadas para a otimização das condições do processo, de forma a garantir o rigor dimensional dos componentes, nomeadamente o empeno, uma vez que estes serão montados para a construção do encapsulamento eletrónico. Nas Figura 2 e Figura 3 estão representados os modelos considerados nas simulações do processo, tendo em consideração os sistemas funcionais do molde. Na Figura 4 está representado o empeno previsto, pela simulação do processo, relativo à peça bottom structure.

/ / Figura 4 – Resultados da simulação do processo relativos à deformação da peça (empeno), bottom strcuture

Em específico, o PIEP adaptou a geometria do encapsulamento, com recurso a simulações estruturais, térmicas e de proteção eletromagnética, para a substituição dos materiais de acordo com a

Este trabalho foi apoiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) de Portugal (Easy Ride: Experience is everything POCI-01-0247FEDER-039334)

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EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO

COMO CONSEGUIR PRODUZIR ATÉ 95 % MAIS RÁPIDO DOMINAR CINCO PROBLEMAS FUNDAMENTAIS NA CONSTRUÇÃO DE MOLDES COM SIMULAÇÃO


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COMO CONSEGUIR PRODUZIR ATÉ 95 % MAIS RÁPIDO Gonçalo Carmo * * Tebis Portugal

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As empresas que conseguem aumentar a produtividade e produzir muito mais rapidamente reconhecem a digitalização e a automatização como ferramentas para melhorarem a flexibilidade e a eficiência. Caso se foquem apenas na máquina, estarão a olhar somente para a etapa final do processo, ignorando o potencial de etapas anteriores. Existem sete etapas no processo de fabricação que podem ser facilmente automatizadas com um software CAD/ CAM. É possível aumentar a eficiência entre 10 a 95 % em cada uma das etapas, com recurso à automatização de processos. Além de que, desta forma, os técnicos têm maior disponibilidade para se focarem em outras tarefas.

ONDE É QUE A AUTOMATIZAÇÃO CAD/CAM TEM MAIOR IMPACTO No passado, pensou-se na automatização de máquinas para garantir uma maior produtividade. E hoje uma fresadora CNC de 5 eixos

pode maquinar peças com extrema rapidez, deixando praticamente nenhum material residual. Aumentou-se imenso a produtividade da máquina. Mas tal não é suficiente para garantir a competitividade a longo prazo. O foco precisa de estar também na automatização de subprocessos para melhorar a eficiência da produção.


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Automatizar apenas as máquinas não é suficiente. Até a peça chegar à máquina, já passou por seis etapas e em todas elas é possível aplicar soluções de automatização. O resultado será um processo otimamente controlado e estável, com melhorias com impacto direto nos processos e sem grande esforço.

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Configuração paramétrica: o bloco, a peça acabada e os dispositivos de aperto são aplicados com base na etapa anterior. O bloco é posicionado automaticamente com os pontos de conexão criados. São feitas verificações em setups mais complexos, com poucas repetições. O software CAD/CAM acede automaticamente às bibliotecas de ferramentas, sistemas de aperto, máquinas virtuais pré-configuradas e pós-processadores. Tratam-se de gémeos digitais precisos que incluem todos os componentes e parâmetros. Etapa 3 – Verificação virtual do sistema de aperto

UMA PEÇA INTELIGENTE CONTROLA O PRÓPRIO PERCURSO DE MAQUINAÇÃO Todas as etapas do processo têm algo em comum: um modelo CAD. É, portanto, importante trabalhar a peça inteligentemente ao longo do processo. O exemplo que apresentamos destaca o potencial ganho em eficiência em todas as etapas e ilustra o contributo de um software CAD/CAM.

O ponto de referência correto pode ser determinado durante a programação do CAM, e não na produção. Os pontos de medição da preparação de dados permitem que as dimensões sejam verificadas e todo o setup seja controlado pelo programa NC. Etapa 4 – Criar percursos de maquinação de forma automática

SETE ETAPAS DO PROCESSO A AUTOMATIZAR: Etapa 1 – Preparação de dados CAD

A preparação dos dados começa com a importação dos dados CAD para o software CAD/CAM. Todas as tarefas repetitivas de preparação de dados são guardadas no software em Templates CAD. Os Templates podem ser alargados conforme desejado, podem ser configurados individualmente e podem ser editados manualmente. Tudo o que o utilizador precisa de fazer é selecionar a peça e definir a direção de maquinação. O sistema executa automaticamente a preparação de dados e fornece o bloco inicial, cria superfícies de extensão e para fechar orifícios, pontos zero, sistema de aperto e muito mais. Etapa 2 – Configuração da máquina virtual

Os dados CAD preparados seguem diretamente para a programação CAM automatizada. O trabalho do utilizador é simplificado com os Templates CAM que processam automaticamente as sequências e as tecnologias NC usadas com frequência. O sistema CAD/ CAM deteta todas as formas geométricas, como as operações de maquinação 2.5D. Evita-se assim trabalho manual demorado, pois a seleção automática de elementos cria automaticamente Features como, por exemplo, furos de folga e furos roscados. O software acede a bibliotecas com as sequências de produção já testadas e guardadas. Isso significa que, ao longo do tempo, o colaborador vai arquivando os dados de produção em templates digitais padronizados. O Template do Job Manager é criado com o clique de um botão, incluindo programas NC e percursos de ferramentas. Não é necessário nenhum esforço extra, porque o trabalho é concluído se o software não encontrar mais áreas de fresagem disponíveis. BONUS: Enquanto o cálculo é executado em segundo plano, o utilizador pode logo começar a trabalhar noutra peça. O resultado garante segurança, porque a simulação NC verifica se há colisões nos programas NC. Ele verifica as informações de controlo diretamente no sistema CAD/CAM.


Etapa 5 – Setup real da máquina

minimiza o tempo de preparação. O utilizador pode reagir facilmente perante situações de aperto inadequadas: o programador CAM gera rapidamente um bloco alternativo com templates paramétricos. O sistema ajusta automaticamente todo o resto.

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Etapa 7 – Maquinação

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Os programas NC já testados e comprovados são enviados para a máquina. O operador da máquina consulta o setup virtual, com todos os dados necessários. A documentação digital fornece informações claras: • A posição do setup • Todos os dispositivos e ferramentas de aperto • Os pontos de medição O Setup é ainda mais rápido se as ferramentas já estiverem disponíveis e medidas. Etapa 6 – Verificação real do sistema de aperto

Logo no início, temos um programa NC otimizado, seguro e adequado. O potencial da máquina pode ser totalmente explorado com movimentos de ligação rápidos e altamente dinâmicos, ferramentas mais curtas, o máximo possível de movimentos de corte e retrações mínimas. Não há necessidade de controlo ou de programação no controlador. O operador da máquina pode ocupar-se com outras tarefas sem preocupações com a maquinação. Tendo havido uma verificação integral da qualidade feita na programação NC. A máquina reage aos resultados da medição e processa automaticamente as iterações de correção – sem desperdiçar recursos e com resultados de medição documentados.

A medição do ponto zero da peça é totalmente automatizada. O programa NC executa tarefas de verificação que já foram configuradas no software CAD/CAM. Isto evita erros do utilizador e

Podemos concluir que a automatização é o futuro e é essencial para a viabilidade do negócio.


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DOMINAR CINCO PROBLEMAS FUNDAMENTAIS NA CONSTRUÇÃO DE MOLDES COM SIMULAÇÃO 74

Marco Ruivo * * Sigmasoft

INTRODUÇÃO A moldagem por injeção de plástico é um processo de fabrico moderno, mas já consolidado, para um número crescente de produtos diferentes. Tradicionalmente, o desenvolvimento dos moldes e dos processos de moldagem por injeção baseia-se muitas vezes na experiência adquirida ou na analogia com "algo semelhante". Os aspetos essenciais, tais como o tempo de ciclo, a seleção da máquina e as dimensões são muitas vezes avaliados antes da conceção e definem o rumo para o sucesso do projeto muitas vezes na direção certa - mas nem sempre na direção ideal. Assim que a máquina e o molde se juntam, surgem frequentemente alterações ou uma necessidade urgente de otimização durante o início da produção, porque o cálculo comercial não pode ser implementado no processo ou a precisão do artigo não é alcançada. As cinco áreas problemáticas mais importantes são: • Onde e como é que a peça é injetada da melhor forma? • Como é, de facto, a distribuição da temperatura no molde durante o processo?

/ / Figura 1: Roda dentada com três possíveis variantes de canais de alimentação (em cima) e as orientações das fibras correspondentes (em baixo) (Fonte: MSSchramberg)

de o molde ser construído. Dependendo do número de canais de alimentação, obtêm-se orientações diferentes das fibras. Estes cenários diferentes originam contrações distintas e empenamentos diferentes.

• É possível alcançar a precisão necessária com a tolerância especificada?

Os erros podem, assim, ser evitados ou transferidos para uma área não crítica numa fase inicial do projeto. A pressão de tempo existente é aqui, acima de tudo, um critério importante, porque estes trabalhos podem ser efetuados antes do início da construção do molde.

• Robustez e janela de processo - possível diretamente de forma otimizada e sem constantes alterações?

2. EQUILÍBRIO DA TEMPERATURA

• Foi selecionada a máquina certa?

As ferramentas modernas de simulação ajudam a dominar esses pontos, antes de ser investido em equipamento ou mesmo antes de serem iniciados os trabalhos no aço.

1. POSICIONAMENTO DO CANAL DE ALIMENTAÇÃO O início rápido no mundo da simulação é importar a geometria da peça através de um ficheiro 3D. A peça é virtualmente incorporada num "bloco de aço" com uma temperatura ideal e homogénea. O plástico selecionado está normalmente disponível na base de dados (juntamente com alternativas). Agora é possível analisar rapidamente uma grande variedade de posições do canal de alimentação (jito) e os seus efeitos no comportamento de enchimento, inclusões de ar, linhas de soldadura, orientação das fibras e até mesmo a precisão futura da peça. A figura 1 mostra uma roda dentada em PPS GF 40. Esta peça de precisão exige tolerâncias apertadas no dentado. Uma vez que a roda dentada encolhe principalmente no sentido axial, é relativamente fácil manter a forma. Do ponto de vista radial, dominam os efeitos de empenamento e é muito mais difícil manter a precisão exigida. A MS-Schramberg apresentou, a este respeito, um exemplo em que a influência da posição e do número de canais de alimentação foi analisada com o software SIGMASOFT® antes

Para uma melhor eficiência do processo e poupança de material, estão a ser utilizados cada vez mais canais quentes (ou canais frios no processamento de elastómeros). Para utilizadores inexperientes, estes são difíceis de avaliar. Estes canais proporcionam enormes poupanças de matéria-prima, visto que não há desperdício com jitos perdidos. Mas também custam dinheiro, que tem de ser poupado, em contrapartida, no decurso da produção. Além disso, influenciam positivamente o tempo de ciclo. Mas quanto é que é possível poupar exatamente? O último ponto difícil é que estes elementos influenciam o equilíbrio da temperatura no molde, e a posição e o diâmetro dos canais de refrigeração têm frequentemente de ser adaptados. As placas de isolamento no exterior do molde são uma boa forma de poupar energia e reduzir os gradientes de temperatura. Mas também neste caso seria bom quantificar o sucesso antes da necessidade de realizar um esforço adicional, por exemplo: custos, passos adicionais de montagem/ desmontagem para a troca do molde ou limpeza. A Elmet (figura 2) mostrou um exemplo interessante desta situação com o projeto Butterfly (suporte para telemóvel). Com base em simulações, esta gestão da temperatura foi implementada com sucesso através da simulação de um molde de dois componentes para policarbonato (canal quente) e silicone líquido (canal frio). O


/ / Figura 2: A perspetiva do molde 2K do suporte para telemóvel Butterfly mostra a metade fria e a metade quente do molde em estado estabilizado.

desafio, neste caso, residia não só no equilíbrio térmico das duas metades do molde (frio vs. quente), mas também na separação térmica do canal frio ou quente e das respetivas cavidades. Além disso, foi possível demonstrar uma previsão precisa dos parâmetros do processo e uma otimização da imagem térmica após os ciclos de estabilização até à homogeneização das temperaturas.

3. SELEÇÃO DA MÁQUINA O sucesso e a sustentabilidade de um projeto dependem frequentemente da escolha correta da máquina para a produção em grande escala. Quando a taxa da capacidade é elevada na produção própria da empresa, é extremamente útil encontrar possíveis alternativas, por exemplo, com máquinas mais pequenas. Quando se pretende adquirir uma nova máquina de moldagem por

injeção, é necessário tomar uma decisão segura no que diz respeito ao tamanho, força de aperto, pressão de injeção, entre outras. Do ponto de vista empresarial, o ideal é que a máquina seja pequena, com uma pegada reduzida, baixo consumo de energia e, acima de tudo, o menor investimento possível. Uma vez que, atualmente, os prazos de entrega são longos não apenas para os moldes, mas também para as máquinas, este conflito não é fácil de resolver. No entanto, a simulação do processo oferece a possibilidade de prever os parâmetros com tanta precisão que a sustentabilidade e o sucesso do projeto podem ser otimizados. A análise de possíveis cenários também é interessante: qual seria a melhor alternativa disponível se uma máquina falhar a longo prazo? A possibilidade de determinar antecipadamente tais redundâncias, sem ensaios, aumenta significativamente a segurança da produção. Os problemas relacionados com a máquina que ocorrem, por exemplo, durante os testes no centro técnico do fabricante de moldes, nem sempre têm de afetar, necessariamente, a máquina de série. Mesmo que a decisão sobre a máquina certa nem sempre recaia diretamente sobre o fabricante do molde, a simulação ajuda muito nesta altura a avaliar o problema antes de estarem em causa tempo e dinheiro. O feedback sobre a viabilidade antes de o molde existir ou de a máquina ser adquirida é muito útil nesta situação.

4. CONTRAÇÃO E EMPENAMENTO Para a conceção otimizada do molde, é necessário não confiar apenas na simulação de enchimento com o "bloco de aço" idealizado. Esta avaliação fornece uma primeira impressão, mas a moldagem virtual vai muito mais longe: todas as peças do molde, até cada

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parafuso individual, são tidas em conta, assim como as posições dos canais quentes ou frios e outras influências térmicas. A possibilidade de uma análise multi-ciclo oferece uma visão profunda do estado estabilizado do molde. Isto ajuda a idealizar o molde com precisão. As áreas problemáticas no molde, tais como pontos quentes (hotspots), que podem causar a contração e o empenamento na peça, podem ser identificadas antecipadamente, mas também durante a produção em curso. Para este efeito, é possível aplicar os parâmetros reais do processo e os dados do material na simulação. As áreas problemáticas tornam-se imediatamente visíveis, uma vez que o molde se torna praticamente transparente. Se for necessário otimizar a peça apenas durante a produção, é possível fazê-lo sem longos períodos de paragem, graças à utilização da simulação, porque todas as alterações e comparações podem ser feitas de forma digital. O exemplo de um azulejo decorativo da Tailoredtile mostra como a contração e o empenamento da peça podem ser minimizados. Além disso, é possível melhorar o tempo de ciclo com a otimização simultânea do processo. O azulejo é posteriormente fixado na parede. Se a peça se deformar demasiado e já não se mover dentro das tolerâncias, a mesma já não está totalmente encostada à parede. Além disso, as peças têm um tempo de arrefecimento demasiado longo e o tempo de ciclo deve ser reduzido. A simulação mostrou que a conceção do canal quente não é a melhor. Foram comparadas três variantes entre si, como mostra a figura 3. Pode ver-se claramente que a peça está demasiado quente um pouco antes do tempo de desmoldagem desejado na produção existente, o que requer um tempo de arrefecimento longo. Além disso, é possível observar as zonas onde se encontram os pinos ejetores, ou seja, estas zonas estão demasiado quentes. A última variante apresenta um gradiente de temperatura mais baixo, o que significa que a peça irá ter um empenamento menor.

5. OTIMIZAÇÃO A otimização pode ser realizada de várias formas e ter objetivos diferentes. O exemplo seguinte (figura 4) mostra como as propriedades mecânicas da peça podem ser otimizadas através da conceção virtual do processo. Regra geral, o objetivo é sempre cumprir os requisitos da peça a um custo mínimo. Neste âmbito, é possível verificar e melhorar os valores empíricos com testes virtuais. O conhecimento adquirido desta forma ajuda a tomar a decisão correta. Considerando, por exemplo, um pedal, para o qual existem requisitos elevados em termos de função, precisão dimensional, vida útil, peso e preço: para conceber e otimizar o processo virtualmente, os objetivos devem tornar-se tangíveis, ou seja, o alongamento crítico de rutura não deve ser excedido em caso de carga, os valores angulares e de planicidade devem ser cumpridos e deve ser garantida uma baixa pressão de enchimento. O planeamento específico da orientação das fibras pode garantir a estabilidade mecânica da peça em direção da carga, mas, paralelamente, é necessário minimizar o empenamento da peça. A orientação das fibras depende do ponto de injeção, pelo que são tidos em conta diferentes pontos de injeção como parâmetros de entrada na otimização autónoma, para além de dois valores de pós-pressão e três materiais com diferentes graus de reforço. A comparação de todos os parâmetros resulta na melhor solução (o melhor design), com qual todos os requisitos são cumpridos da melhor forma possível.

/ / Figura 4: Pedal no software no estado original (transparente) e em estado deformado após ter sido sujeito à carga (vermelho).

Os componentes supostamente simples podem tornar-se em sistemas complexos quando a orientação das fibras é tida em conta. A análise virtual do processo fornece informações e conhecimentos necessários e ajuda, assim, a minimizar os riscos. / / Figura 3: Desempenho térmico original (lado esquerdo), arrefecimento modificado próximo do contorno (centro) e arrefecimento modificado próximo do contorno + material modificado dos pinos ejetores (lado direito), no final do tempo de enchimento, respetivamente.

Estas alterações foram implementadas na prática. O objetivo foi alcançado: A contração e o empenamento estão dentro da tolerância, o tempo de arrefecimento e o tempo de ciclo foram reduzidos e o processo foi otimizado. Embora a otimização do tempo de ciclo diga mais respeito ao técnico de injeção, é o construtor do molde o responsável pelos trabalhos de retoque que sejam necessários. Os trabalhos de retoque, por sua vez, originam trabalho e custos adicionais que podem ser evitados, graças à moldagem virtual.

CONCLUSÃO Os atrasos não planeados são normalmente incómodos e potencialmente dispendiosos. Encontrar a melhor alternativa, entre muitas opções possíveis, pode ser uma tarefa difícil que requer muito tempo. Ser capaz de provar ao cliente que o processo é robusto ou que é necessário fazer uma alteração do projeto, faz com que o construtor de moldes se torne num perito muito procurado. A utilização da simulação na construção de moldes permite reduzir significativamente os trabalhos de retoque dispendiosos e a quantidade de alterações necessárias. Com a pressão do tempo a aumentar cada vez mais, não nos podemos dar ao luxo de cometer erros, e o tempo e a rapidez continuam a ser argumentos de venda importantes nos dias de hoje. A moldagem virtual torna o sucesso do projeto planeável.



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NEGÓCIOS

ECONOMIA . MERCADOS . ESTATÍSTICAS

ENSAIO DA COMPETIÇÃO


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NEGÓCIOS /

ENSAIO DA COMPETIÇÃO Vítor Ferreira * * Diretor Executivo da Startup Leiria e docente do Politécnico de Leiria

O mundo, e de forma mais evidente Portugal, sofre de um problema económico que faz poucas capas de jornais, parangonas de extrema-direita/esquerda ou soundbites nas redes sociais: a falta de concorrência. Provavelmente o leitor já terá comentado com amigos, de forma informal, como tudo, de repente, parece mais barato em Espanha, desde os bens no supermercado à conta do restaurante (o que se torna mais dramático quando verificamos que o nosso nível salarial é inferior). Não só a aceção é correta, como tem uma explicação pouco sensacionalista – Portugal tem fraca concorrência ao nível dos bens destinados ao consumidor final, com muitos mercados a funcionar em cambão (cambão é uma forma de concertação de mercado que ocorre quando empresas de um mesmo sector se unem para fixar preços ou dividir mercados, prejudicando os consumidores). As nossas autoridades reguladoras são fracas e quando iniciam políticas de apoio ao consumidor acabam silenciadas (se calhar o leitor, na espuma dos escândalos

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políticos, não ouviu falar da transição na Anacom, com uma nova administração com apoio dos diversos quadrantes políticos, mais apostada na “conciliação” com operadores, quando pagamos as comunicações menos acessíveis da Europa face aos rendimentos auferidos). Provavelmente esta questão não vende tanto como fazer reportagens sucessivas sobre os problemas da saúde, omitindo o facto de Portugal ser o 3.º país da Europa com mais médicos per capita e o 8.º com maior despesa com o SNS. Provavelmente nunca terá ocorrido a uma boa parte dos leitores que, como em qualquer mercado que funciona, os médicos procuraram maior remuneração no privado, abandonando o público, mas que, por outro lado, as empresas privadas de saúde onde trabalham não concorrem com base em preço (nunca achou estranho que os preços de uma consulta sejam 90 euros quer esteja no operador x ou y?), mas em mercados protegidos por concessões, acordos, que permitem manter preços acima da média excessivos face aos gastos? Esta


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falta de concorrência estende-se também a outros sectores, como a energia, em que o mercado português é dominado por poucos players, resultando em preços artificialmente altos para os consumidores. A falta de diversidade no mercado energético limita a capacidade de os consumidores escolherem alternativas mais baratas e eficientes, perpetuando assim um ciclo de preços elevados e de baixa inovação. O mesmo pode ser observado no sector imobiliário, em que a especulação e a concentração de propriedades nas mãos de poucos aumentam os preços. Adicionalmente, o cenário de monopolização é agravado pela burocracia e pela lentidão na implementação de reformas que poderiam estimular a concorrência. Portugal, ao enfrentar estes desafios de mercados imperfeitos, deve procurar soluções que promovam uma maior concorrência, através da redução de barreiras à entrada de novos competidores e do fortalecimento das autoridades reguladoras. No caso da indústria de moldes, a dependência excessiva de uma indústria automóvel altamente concentrada teve impactos negativos. Especificamente, a indústria automóvel e os fabricantes de equipamentos originais (OEM) representam uma parcela significativa da procura por moldes. Esta concentração de clientes tem implicações profundas na competição e inovação no sector. A concentração de grandes clientes do segmento automóvel, cria um poder de mercado desproporcional. Estes clientes, devido ao seu tamanho e volume de compras, exercem uma influência significativa nas práticas de preços e nos termos contratuais no sector de moldes. Tal dinâmica pode levar a uma pressão contínua sobre as margens de lucro das empresas de moldes, limitando sua capacidade de investir em inovação e desenvolvimento – este fenómeno, num contexto de crise dos próprios fabricantes, resultante da concorrência da

Tesla e das novas fábricas chinesas, tornou-se ainda mais grave com a procura intensa de redução de custos. A situação é agravada pela aquisição de empresas de moldes por fundos de investimento que, muitas vezes, possuem interesses em clientes-chave do sector. Esses fundos podem priorizar estratégias que beneficiam os seus outros investimentos em detrimento da competitividade e saúde financeira das empresas de moldes. Esta interconexão entre fabricantes de moldes e os seus clientes, através de propriedade comum, pode resultar numa diminuição da competição, com consequências negativas para a inovação e diversidade de oferta no mercado. A presença de OEM como intermediários importantes também molda o mercado de moldes. Estas empresas, atuando como intermediários entre fabricantes de moldes e os clientes finais, podem influenciar significativamente as decisões de compra. Num cenário onde poucos OEM dominam o mercado, eles estabelecem condições que limitam a capacidade das empresas de moldes de negociar termos favoráveis ou de buscar alternativas de mercado. Este cenário de mercado altamente concentrado impõe um desafio significativo para a indústria de moldes em Portugal. Para mitigar esses impactos, é vital que políticas e iniciativas sejam implementadas para promover maior diversificação de clientes e reduzir a dependência de um número limitado de grandes compradores. Além disso, as autoridades reguladoras devem estar atentas a práticas anticompetitivas decorrentes de aquisições e fusões que possam restringir a concorrência no sector. Em resumo, o sector de moldes em Portugal precisa de pensar e definir novas estratégias neste ambiente de mercado altamente concentrado, procurando diversificar a sua base de clientes e fomentar um ambiente competitivo que permita a inovação contínua e o crescimento sustentável.



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GESTÃO DE PESSOAS

CAPITAL HUMANO É O MAIOR INTANGÍVEL DAS EMPRESAS PESSOAS – A VARIÁVEL QUE FARÁ TODA A DIFERENÇA EM 2024


REVISTA MOLDE CEFAMOL

GESTÃO DE PESSOAS /

CAPITAL HUMANO É O MAIOR INTANGÍVEL DAS EMPRESAS

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Helena Silva * * Revista Molde

As pessoas e o seu papel são dos ativos intangíveis mais importantes

urgentes”, considerando que “se estamos sempre a trabalhar na

para as empresas. Esse capital humano tem um valor primordial no

urgência, não avançamos. Mas se queremos percorrer o caminho

sucesso e no desempenho de uma organização. Desta forma, o

da sustentabilidade, temos de trabalhar e pensar a empresa para o

custo de perder uma pessoa - esse intangível - é uma questão que

futuro”.

deve preocupar as organizações e que tem de ser valorizada, sob pena de as empresas perderem o seu maior bem. Para acautelar tal

MUDANÇA

situação, as organizações têm de olhar de forma mais atenta para a

“O mundo atual criou a necessidade de desenvolver novas

gestão das suas pessoas. Esta foi, em síntese, uma das principais conclusões da sessão do Programa Talentum que decorreu em outubro, online, e perante uma plateia virtual composta por mais de duas dezenas de profissionais do sector. ‘Desenvolver um departamento de capital humano numa empresa de moldes’ foi o tema abordado por Artur Ferraz, da IBC. A sessão começou com a clarificação da definição de gestão de pessoas que, no entender do orador, tem de passar de ‘gerir recursos humanos’ para ‘gerir capital humano’. “As pessoas são o capital humano das empresas e não um recurso”, acentuou. Para lidar com este “bem intangível”, as empresas “precisam, desde logo, de criar uma estrutura própria para dar resposta a todas as questões que digam respeito às suas pessoas”. Ou seja, um departamento de gestão do capital humano. Para tal, tem de haver “vontade” da administração e capacidade de dar autonomia e poder de decisão a alguém que ficará encarregue de cuidar das pessoas da organização. E isso, salientou, significa muito mais do que processar salários ou gerar sistemas de avaliação. A criação desta estrutura tem de ser integrada numa estratégia, com um plano de ação definido, segundo o qual toda a organização tem de estar integrada. “Gerir pessoas só funciona enquanto trabalho de equipa”, salientou. Depois, este é um processo de mudança e, portanto, os seus resultados não são visíveis num curto espaço de tempo. “É preciso que a administração perceba que, antes de produzir efeitos positivos, a mudança provoca efeitos negativos. Mas é preciso mitigar o que está mal para conseguir avançar”, sustentou Artur Ferraz. E se já existem empresas que estão a seguir este rumo, muitas outras há que ainda não iniciaram o percurso. Aliás, “muitas ainda não perceberam que têm de ter alguém a pensar o seu futuro, limitando-se a ter uma atitude reativa em função das situações

abordagens de gestão de pessoas”, enfatizou o orador, citando o professor Dave Ulrich, explicando que há um conjunto de pressupostos que levaram a esta mudança, entre os quais, a Covid-19. Das principais questões às quais a pandemia deu relevo, exemplificou com “a saúde e o bem-estar”, bem como “o papel das tecnologias”. “Estas são situações que têm de estar no centro da atenção das empresas”, defendeu. As pessoas passaram a assumir-se como o principal ativo das organizações que têm de repensar a sua cultura, valorizando esse intangível. “A cidadania social coloca os valores no centro de uma agenda empresarial sustentável”, lembrou, salientando que as pessoas são “o valor dos valores”. “Com toda esta atenção crescente, o investimento e a investigação sobre as pessoas e os fatores organizacionais aumentaram”, alertando que, contudo, “essa não é ainda a realidade do tecido empresarial em Portugal”. Artur Ferraz destacou ainda os “quatro passos necessários para acrescentar valor à empresa: o talento e capital humanos; a liderança; a organização; e a gestão de pessoas. Estes interligamse e, conjugados com um conjunto de passos necessários para os valorizar, criam um sistema integrado. E é desta forma que as empresas os devem valorizar e colocar em prática, apostando numa abordagem holística que melhore a capacidade humana. Para que tenha sucesso, este sistema tem de trabalhar com a realidade; ou seja, as empresas têm de conseguir medir, com rigor, o que acontece não apenas na produção das máquinas e equipamentos, mas também com as suas pessoas. Criado pela CEFAMOL, o Programa Talentum procura, desde 2019, chamar a atenção para a temática relacionada com a Gestão de Pessoas e a Inovação Organizacional. Além dos webinares e sessões presenciais, é composto por ações de formação e outras de intervenção direta nas empresas, com o objetivo de apoiar, de forma eficaz, a mudança que as estas necessitam para crescer.


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/ GESTÃO DE PESSOAS

PESSOAS – A VARIÁVEL QUE FARÁ TODA A DIFERENÇA EM 2024 84

Artur Ferraz * * Consultor Internacional em Gestão de Pessoas

2024 está aí e com ele um conjunto de desafios diversos para as organizações.

As conjunturas complexas forjam os concorrentes mais maduros e ganhadores. É assim desde sempre.

A atual conjuntura internacional, cheia de incertezas, zonas cinzentas, jogos de poder e interesses dos mais variados, irá necessitar de organizações resilientes e com efetivo espírito de missão.

2024 será o ano em que a materialização dessas ações tem de ser efetuada com mais empenho, com mais profundidade e certamente com maior presença de decisores que permitam a consolidação das ações de mudança de forma mais ágil.

A construção desse espírito não poderá ser feita de um dia para o outro, demora tempo, é complexa e exige um empenho muito efetivo das administrações dessas mesmas organizações.

Não temos dúvidas de que 2024 será o ano do desenvolvimento de lideranças efetivas nas empresas ganhadoras, o ano em que a aposta em pessoas que possam resolver problemas complexos ganha efetivo poder. As organizações que não o fizerem arriscamse a ficar a ver as restantes a passar e, pior, a perder as suas melhores pessoas, ou mesmo a desaparecer.

A resiliência necessária para superar obstáculos imprevisíveis e extremamente complexos é uma característica de equipas maduras, que atuam de forma conjunta e complementar no desenvolvimento de soluções criativas e inovadoras para problemas novos e sem histórico de resolução. Aqui reside a importância crítica de desenvolver Pessoas, alinhadas com as necessidades das organizações e munidas de ferramentas muitas vezes emocionais e de gestão de relações, muito mais do que de canudos ou sucessos passados que, muitas vezes, não se conseguem materializar nestes tempos de complexidade volátil. No fundo, o que se precisa de desenvolver é a liderança no seu sentido lato, o de influenciar pessoas positivamente, para estabelecer novos patamares de compromissos com os clientes e restantes membros da comunidade onde se insere.

Gerir Pessoas é hoje nas organizações uma das atividades mais complexas e dinâmicas. Urge profissionalizar a área, dar-lhe poder e esperar resultados. Em conclusão, a gestão de pessoas não é apenas um "luxo" para grandes empresas. Para as PME industriais em Portugal, dedicar uma área específica à gestão de Pessoas é um investimento estratégico. Ignorar essa realidade significa perder oportunidades de crescimento, inovação e consolidação no mercado. É por isso que serão as Pessoas a fazer toda a diferença em 2024. A sua empresa está preparada para esse desafio?



SMARTRACKINGFAB Nº ISSN 1647-6557

DESTAQUE /

AÇOS:

QUALIDADE E DESEMPENHO

FÓRUM TECH-19

PROJETO ADD.COMPFIBER

Periodicidade Trimestral

ANO 35 . N 140 . €4,50

CEFAMOL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES

01.2024

ANO 35 . 01 2024 . N 140


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