MOEDA BORDALO II – DO CONCEITO AO DESENVOLVIMENTO E À EXECUÇÃO
UMA VISÃO SOBRE A GESTÃO DE RECURSOS E A (IN)EFICIÊNCIA PRODUTIVA
DESCARBONIZAR A INDÚSTRIA DE MOLDES: QUAL O CAMINHO?
DESTAQUE
CEFAMOL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES ANO 35 . N 141 . €4,50 Periodicidade Trimestral 04. 2024
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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Nº ISSN 1647-6557
INOVAÇÃO
TECNOLOGIA
EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO
Notícias CEFAMOL
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Novos Associados
A Indústria à Lupa
Outras Notícias
O papel da IA como pilar de eficiência e inovação da indústria
A inteligência artificial na indústria
Integrar sistemas inteligentes para alcançar a transformação da indústria
Dados: recolha, tratamento e segurança
Recolher e tratar os dados é um imperativo da indústria
A lenta mudança do tradicional ao tecnológico na orçamentação do molde
Inteligência artificial apoia projetistas na conceção do molde
Caminho para a eficiência passa por tornar inteligentes os processos
Desafios da IA
A indústria portuguesa de moldes segundo a IA
automação e digitalização como motores de competitividade e crescimento das PME (ROBOTA – SUDOE)
Moeda Bordalo II - Do Conceito ao Desenvolvimento e à Execução
Soluções inovadoras para a produção de guias de vidro automóvel com materiais leves e economicamente viáveis
Uma visão sobre a gestão de recursos e a (in)eficiência produtiva
Aumentar a eficiência da produção: IA como aliada
A pegada de carbono exige medidas urgentes: não deixes para amanhã o que devia ter sido feito ontem!
Oportunidades de financiamento para a internacionalização das PME
Transição para a sustentabilidade aumenta competitividade
A Importância da liderança servidora em tempos de disrupção organizacional
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes
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FUNDADOR Fernando Pedro
CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda
• DIRETOR Manuel Oliveira •
• TEXTOS Ana Pires, Armando Sousa Bastos, Artur Ferraz, Cátia Araújo, Diana Dias, Helena Silva, João Caseiro, João Silva, José Costas, Liliana Ramos, Rafael Pastor, Rui Tocha, Sílvia Cruz, Sónia Pereira, Tânia Mendes, Vítor Ferreira
• PUBLICIDADE Rui Joaquim
• PRODUÇÃO GRÁFICA Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Zona Industrial Casal da Azeiteira, Pav. 3 - Quintas do Sirol - 2420-345 St.ª Eufémia - Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio.lda@gmail.com
PERIODICIDADE Trimestral
• TIRAGEM 500 exemplares
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• REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557 • Estatuto Editorial encontra-se disponível em www.cefamol.pt
TTO 2 / Hasco 5 / Ramada 9 / RTC 13 / Schunk 15 / Arburg 19 / HPS 21 / FerrolMarinha 23 / Fuchs 25 / Oerlikon Balzers 27 / Cadsolid 29; 57 / Inovatools 31 / Rerom 33 / Fluxoterm 35 / Sigmasoft 37 / SB Molde 39 / Open Mind 43 /
DESTAQUE 03 04 14 18 19 20 24 31 33 35 41 45 49 52 57 59
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
30 Editorial
Isicom 45, 69 / Newserve
/ Simulflow 49 / Biemh 51 / Universal Afir 53 / DNC Técnica 55 / Norelem 59 / Hrsflow 61 / Millutensil 65 / S3D 69 / Cheto 71 / Hotel Mar & Sol 73 / AM Tools 75 / Grandesoft capa interior / Eurocumsa contracapa interior
ÍNDICE
ANUNCIANTES
47
/ Tebis contracapa
O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA 62 70 63 64 66 71 74 Robótica,
GESTÃO DE PESSOAS 83 84 82 Futuro do trabalho passa por
e aposta
adaptação
contínua na gestão de pessoas
SUSTENTABILIDADE 76 77 78 80 81 Descarbonizar a indústria de moldes:
qual o caminho?
EDITORIAL
Manuel Oliveira Secretário-geral da CEFAMOL
O POTENCIAL DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA INDÚSTRIA DE MOLDES
Tal como em muitos outros sectores industriais e tecnológicos, a indústria de moldes está a testemunhar uma nova revolução, silenciosa, mas poderosa, impulsionada pela inteligência artificial (IA). Desde o design, conceção e engenharia, até a produção e gestão de clientes, a IA está, de uma forma incremental, a começar a deixar a sua marca no desenvolvimento e implementação de novos processos e tecnologias que podem, sem dúvida, estimular a atividade e desempenho do nosso sector.
Começa a perceber-se o potencial transformador da IA e como as empresas a poderão adotar enquanto ferramenta essencial para impulsionar a eficiência e a inovação nas organizações e influenciar áreas tão distintas como a gestão, por via da informação e tratamento de dados, a conceção e projeto de moldes, a produção ou até a interação com os clientes. Em paralelo, será um elemento crucial para a otimização e rentabilização de tecnologias e equipamentos existentes, transformando processos em operações ágeis, inteligentes e adaptativas.
Sem dúvida que um dos benefícios mais significativos da IA no sector será ao nível da otimização dos processos de fabricação. Através da análise de dados em tempo real e da “aprendizagem” das máquinas (machine learning), a IA pode identificar e definir padrões complexos de produção, permitindo a deteção precoce de falhas ou erros, a previsão de necessidades de manutenção de equipamentos ou a otimização dos fluxos de trabalho. Esta capacidade poderá levar a uma redução significativa nos custos operacionais e a um aumento da eficiência geral da produção, tornando as empresas mais competitivas em termos de preços e prazos de entrega.
A IA poderá também desempenhar um papel crucial na vertente do projeto de moldes. Através de algoritmos integrados nos softwares utilizados será possível analisar grandes conjuntos de dados provenientes de experiências passadas e identificar padrões que acelerem processos de conceção, mas também de simulação, permitindo prever com precisão o comportamento do molde em diferentes condições de produção, economizando tempo e recursos, permitindo que as empresas respondam mais rápida e assertivamente às necessidades do mercado.
Outro aspeto crucial será a rentabilização de equipamentos. À medida que este conceito continua a evoluir, as suas aplicações
na indústria de moldes também se expandem. A Internet das Coisas (IoT) e a robótica colaborativa estão a integrar-se cada vez mais aos sistemas de IA, permitindo uma automatização ainda maior dos processos de fabrico, abrindo novas fronteiras para a rentabilização de investimentos e aceleração do time to market, reduzindo paragens e desperdícios que originam custos associados à produção.
A inteligência artificial está, progressivamente, a revolucionar o fabrico de moldes, otimizando processos e recursos, minimizando tempos de produção e maximizando a eficiência operacional. Isso não apenas aumenta a produtividade, mas também reduz o desperdício de materiais e energia, contribuindo para uma produção mais limpa e sustentável, quer ambiental, quer financeiramente.
Estarão, no entanto, as empresas de moldes preparadas para enfrentar este desafio? Teremos internamente capacidade e competências para analisar, tratar e agir sobre os dados disponibilizados? Terão as empresas, per si, capacidade de gerar dados suficientes para alimentar sistemas de IA sólidos e credíveis que possamos analisar como referenciais para futuros projetos? Não será esta mais uma área onde ganhos de escala e dimensão das empresas serão imprescindíveis para fazer funcionar devidamente?
Estes são alguns dos tópicos que vale a pena analisar e discutir no seio da indústria, sendo essencial que se conheça e aprofunde no sector o debate e o conhecimento sobre o tema, de forma a permitir aproveitar e democratizar todo o potencial que tal poderá trazer às empresas.
A inteligência artificial está, sem dúvida, a desempenhar um papel fundamental na transformação da indústria, impulsionando a inovação, a eficiência e a diferenciação. Quem acompanhe e integre estes conceitos reforçará o seu posicionamento, enquanto aqueles que hesitam, ou possam estar desatentos, podem ficar rapidamente para trás.
Algo temos como certo, as empresas que abraçam esta revolução tecnológica estarão melhor posicionadas no futuro para liderar o caminho da competitividade internacional e a indústria de moldes não faltará certamente a esta chamada.
REVISTA MOLDE CEFAMOL
03
CEFAMOL ELEGE ÓRGÃOS SOCIAIS
PARA 2024-2027
Desenvolver uma estratégia de crescimento e desenvolvimento sustentável do sector e, ao mesmo tempo, reforçar a proximidade e a ligação com os associados, são duas das prioridades da nova Direção da CEFAMOL, eleita no dia 27 de março, para o período entre 2024 e 2027 e tendo como Presidente, João Faustino, em representação da TJ Moldes, sendo reconduzido para mais um mandato.
Além de João Faustino, fazem parte da Direção, como vicepresidentes, Rui Paulo Rodrigues (Simoldes Aços), Pedro Pereira (SET), Nuno Silva (Moldit) e Cláudia Novo (Erofio). Rui Ângelo (GLN), Guida Figueiredo (Carfi Tools), Paulo Ferreira Pinto (Mold World) e João Cruz (Neckmolde) são os vogais. A Assembleia Geral é presidida por Ricardo Ferreira (Intermolde), tendo Ana Ferraz (Planimolde) como vice-presidente e Miguel Lima (Moldoplástico) como secretário. Já o Conselho Fiscal é presidido por Armindo Soares (Azemoldes) e tem como vogais Sónia Calado (DRT) e Hugo Carlos (Tecnimoplás).
No discurso de tomada de posse, o Presidente referiu que o sector atravessa um momento delicado e desafiante, com condições de negócio exigentes e uma forte concorrência a nível global. No entanto, os indicadores atingidos nas exportações em 2023, mostram que existem oportunidades e que o sector, apesar de
muitas vicissitudes e contrariedades, continua ativo e em busca de um posicionamento de referência em diferentes latitudes e áreas de atividade, demonstrando ao mercado inovação, competitividade e valor acrescentado.
Ao longo do mandato serão continuados esforços para alertar o Governo e entidades públicas para as necessidades e desafios do sector, mas também, e cada vez mais, serão trabalhadas soluções no seio do sector que criem sinergias, estimulem a cooperação e o trabalho conjunto em torno de objetivos e benefícios comuns. “Há que dar corpo e colocar em marcha as atividades que preconizamos no Plano de Ação Sectorial que apresentámos e temos vindo a discutir com as empresas, de forma lançar o sector numa nova senda de sucesso.”, referiu João Faustino.
Havendo várias iniciativas em carteira e outras em desenvolvimento, muitas delas em parceria com múltiplos organismos, a Direção considerou que não as deveria abandonar neste momento crucial para a indústria, daí ter-se proposto a este novo mandato.
“Acreditamos que temos a capacidade, à semelhança do que aconteceu noutros momentos, para ultrapassar estes novos desafios, ainda que conscientes que estamos perante situações muito adversas e com conteúdos muito diferenciados”, alertou o Presidente da Direção.
N 141 ABRIL 2024 // NOTÍCIAS CEFAMOL
04
É PRECISO NOVOS RUMOS NOS NEGÓCIOS PARA GARANTIR A EVOLUÇÃO DO SECTOR
As empresas de moldes têm de “soltar-se da trajetória que vêm fazendo” porque, com as mudanças vertiginosas que o mundo está a sofrer, “as estratégias de sempre não vão funcionar”.
Quem o defendeu foi Augusto Mateus, antigo ministro da Economia e professor universitário no ISEG, o orador convidado do debate ‘Novos Modelos de Negócio’ que, organizado pela CEFAMOL, teve lugar no dia 27 de fevereiro, na Figueira da Foz.
Falando perante uma plateia composta por mais de meia centena de profissionais da indústria, Augusto Mateus sintetizou que é “preciso avançar com ambição, mas os pés bem assentes na terra”. Destacou ainda a necessidade de as empresas se conseguirem associar, criando uma “unidade coletiva”, e trabalhar com as instituições públicas, de forma a dar a conhecer ao mundo o sector pelas suas características distintivas de inovação, conhecimento e tecnologia. Ou seja, é preciso protagonizar uma nova atitude que, atenta ao ritmo alucinante da mudança, consiga encontrar as melhores estratégias.
“As empresas não têm opção: têm de trabalhar depressa, de forma a acompanhar esta mudança”
Contando conhecer o percurso da indústria de moldes há muitos anos, o ex-governante considerou ser necessário “olhar para as
novas tendências e modelos de negócio, tendo em conta, entre outras, questões como a geopolítica e a economia mundial”.
Para Augusto Mateus, é preciso um modelo de negócio “sustentado no valor acrescentado”. “Vivemos a maior e mais rápida transformação de que há memória, seja a nível económico, seja a todos os níveis, e as empresas têm de conseguir ser competitivas neste cenário; ou seja têm de conseguir criar riqueza”, enfatizou.
Na sua opinião, em Portugal não há reflexão suficiente sobre os modelos de negócio das empresas, defendendo ser premente pensar sobre a nova realidade e elencar novos cenários.
Falando da indústria de moldes, destacou que exporta a quase totalidade do que produz, mas tem cerca de 80 % dos seus clientes na indústria automóvel e a esmagadora maioria nos países europeus. Estes números, considerou, “espelham a dificuldade de opções que as empresas têm tido ao longo da sua história”. Por isso, considera premente uma maior capacidade de adaptação, defendendo que “é preciso um modelo de negócio flexível para que as empresas se consigam reposicionar e no tempo certo”.
A indústria de moldes “tem muito mérito”, na sua opinião, mas
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funciona muito do lado da procura. Ou seja, “necessita de criar mais riqueza e mais valor”. Para isso, é fundamental “ter criatividade” e “decidir, correndo riscos”.
CADEIAS GLOBAIS
Na economia, afirmou Augusto Mateus, as cadeias de valor são globalizadas e dividem-se, atualmente, em três blocos: as Américas, a Europa e a Ásia. “Se uma empresa está dependente de apenas um deles, e se esse mercado cresce menos, a situação da empresa torna-se mais complicada”, salientou.
No seu entender, a economia portuguesa “não presta grande atenção à dinâmica dos mercados e privilegia antes a sua localização geográfica; por isso, a Europa surge sempre como primeiro mercado”. Ora, na atual situação, enfatiza, tal opção não é a mais favorável porque os mercados de exportação de Portugal (localizados na Europa) integram o grupo dos que menos estão a crescer. “O fraco dinamismo dos mercados é um problema”, considerou. Mas lembrou que a indústria de moldes tem “uma longa história de resposta às adversidades e de criação de soluções”.
“É preciso saber onde estamos e para onde vamos, mas também perceber o que é o nosso negócio e potenciá-lo”, salientou, para destacar a necessidade de as empresas se afirmarem mais nas cadeias internacionais, conseguindo não se limitar a aceitar as regras, mas podendo ditá-las.
“Há muitas mudanças que temos pela frente”, advertiu, exortando as empresas a libertarem-se da sua trajetória e a criar rumos novos, centrando os seus negócios em modelos de valor acrescentado. “É possível não crescer em quantidade, mas em valor”, frisou.
Augusto Mateus abordou ainda a questão do financiamento, considerando que “as empresas têm de prestar atenção ao seu financiamento e investir naquilo que é imprescindível e não no acessório”. A indústria de moldes “tem de se readaptar e combater a anemia do mercado natural onde opera, sendo certo que há oportunidades que as empresas ainda não agarraram”. Para isso, destacou, a cooperação é essencial.
“Neste cenário, de forma a ganhar escala, é preciso criar uma task force que pense nas negociações com as multinacionais”, defendeu. E os parceiros para este passo não se encontram apenas em Portugal. “É preciso criar parcerias ativas nas cadeias de valor globais, dar-se a conhecer e dar a conhecer as suas potencialidades”, sublinhou.
Esta sessão decorreu de forma muito dinâmica, com vários dos presentes a colocar questões e a trocar opiniões sobre a realidade do sector.
O encontro, ao qual se seguirão outras iniciativas ao longo do ano, abordando diferentes temáticas, incluiu um jantar-networking, permitindo também a partilha e debate de ideias.
João Faustino, Presidente da CEFAMOL, falou deste conjunto de iniciativas de reflexão, considerando que “o mundo está em mudança e temos de, em conjunto, encontrar as melhores formas de ser ativos e proativos”.
Jorge Oliveira, Grupo Vangest
“O nosso objetivo, enquanto empresas, é criar valor”
A nossa visão, sempre que refletimos sobre o sector, está muito focada na indústria automóvel. Mas, pessoalmente, penso que temos de refletir um pouco e encontrar soluções para além do automóvel, até porque essa indústria olha para o molde um pouco como uma commodity, o que, na verdade, nos traz algumas dificuldades do lado da negociação de preços. O nosso objetivo, enquanto empresas, é efetivamente criar valor. É o principal. E cabe a cada um perceber como pode fazê-lo: se mais próximo do cliente ou diversificando alguns serviços. Estas ações em que temos oportunidade de nos encontrar permitem perceber como é que a indústria, os colegas e nossos parceiros estão a ver estas situações. Esta troca de ideias é sempre um aspeto importante. Não podemos deixar de olhar para a realidade e temos de nos adaptar. No grupo Vangest, estamos cada vez mais a olhar a diversificação de mercados e nela o valor acrescentado que temos de adicionar à tradicional ferramenta que hoje já fornecemos ao cliente.
Paulo Matos - Molde Absoluto
“O mais importante é a inovação do negócio”
O tema central para nós, fabricantes, é, sem dúvida, a inovação do negócio e a forma como posicionar o negócio a nível mundial. Havia um modelo ao qual estávamos habituados na Europa, mas que está diferente e temos necessidade de encontrar formas novas de abordar o negócio. Esta é uma questão muito importante para o futuro da nossa indústria e temos de refletir sobre ela. Um dos passos é a comunicação, de uma forma genérica, do negócio, porque enfrentamos modalidades diferentes e temos de mudar para conseguir ter sucesso. A cooperação é essencial. Penso que há condições para avançar com ela. De uma maneira geral, acho que todos os empresários têm a noção – reforçada após este encontrode que é preciso que nos consigamos juntar e preparar algo em conjunto para que nos possa dar mais-valias e futuro. O maior desafio que temos é conhecer a realidade do negócio do nosso sector, a nível mundial. Isto é um desafio devido à indefinição que vivemos a todos os níveis.
Paulo Fonseca – Tetramold “É preciso incrementar a colaboração entre empresas” Esta sessão foi muito interessante porque veio, uma vez mais, alertar-nos para a realidade que enfrentamos. Todos os que estiveram presentes saem com a certeza de que é preciso incrementar a colaboração entre empresas. Dela depende a expansão do nosso negócio. O futuro pode ser melhor, mas só se chega lá com a união de todos. Acho que temos de nos afirmar enquanto fabricantes de moldes, pois isso é o que fazemos bem, é o nosso trabalho e, por isso, somos reconhecidos no estrangeiro. Claro que podemos explorar mais várias questões, como mercados e sectores; caso contrário, não conseguíamos vender. Antes, éramos procurados – o cliente vinha ter connosco - hoje, para conseguir vender, temos de trabalhar um bocado mais.
Quanto à imagem da indústria no estrangeiro, penso que o caminho é expandir para novas áreas geográficas e diferentes sectores. Mas o nosso principal desafio para os próximos meses é manter-nos, resistir. Isso não será fácil porque os mercados estão muito incertos, com muitos altos e baixos.
NOTÍCIAS CEFAMOL /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 07
EMPRESAS FORTALECEM LAÇOS INTERNACIONAIS NOS AUTOMOTIVE MEETINGS DO MÉXICO
A CEFAMOL marcou presença, entre os dias 20 e 22 de fevereiro, na iniciativa 'Automotive Meetings', que decorreu em Queretaro, no México. Nesta edição, cujo saldo foi positivo, segundo Patrício Tavares, da CEFAMOL, a Associação fez-se acompanhar pelas empresas E&T, MEXPORTOOLS (Moldit, Mold World, TJ e Ribermold), Planimolde e Microplásticos.
De acordo com o representante da CEFAMOL, este é um certame que se caracteriza pela realização de um conjunto de encontros bilaterais, onde as empresas nacionais tiveram oportunidade de reunir com empresas locais do sector, mas também com multinacionais do ramo automóvel e fornecedores de primeira linha desta indústria - que representa a maior fatia do trabalho dos produtores de moldes portugueses.
De uma maneira geral, sintetiza, as empresas “estabeleceram bons e promissores contactos” num mercado que, esclarece, “apresenta uma visível dinâmica em várias áreas, sobretudo no automóvel”.
“O país apresenta uma atividade industrial muito dinâmica, com o sector dos plásticos a evidenciar necessidades específicas que podem ser supridas pelas empresas de moldes portuguesas”, salientou. Apesar de ser visível, também, “a concorrência asiática,
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sobretudo a nível dos projetos de maior dimensão”, considera que existe, em simultâneo, todo um conjunto de projetos “que pode revelar-se de grande interesse para as nossas empresas”. É, por isso, “um mercado muito interessante, com os desafios normais, sobretudo devido à distância de Portugal”.
Enfatizou a necessidade de as empresas apostarem na consolidação de relações empresariais, privilegiando o contacto direto, porque, naquele país, “é preciso conquistar a confiança dos clientes de forma a concretizar os negócios”. Da mesma forma, a presença no México de muitas multinacionais europeias do ramo automóvel, salientou, poderá servir como facilitadora da entrada das empresas portuguesas.
Algumas das empresas que participaram neste evento com a CEFAMOL têm já alguma experiência de trabalho com aquele mercado ou têm mesmo presença oficial no território, através de projetos e parcerias locais, frisou.
A presença da CEFAMOL (e das empresas que a acompanharam) nesta feira surge no âmbito da aposta que vem sendo desenvolvida no mercado mexicano, devido ao seu elevado potencial para a indústria nacional de moldes, inserindo-se no projeto de promoção internacional Engineering & Tooling from Portugal. Além deste certame, estão previstas ainda para este ano outras ações similares naquele mercado.
NOTÍCIAS CEFAMOL /
UNBOXING MARKETS: TURQUIA REÚNE POTENCIAL COMO MERCADO PARA MOLDES NACIONAIS
A Turquia que, nos últimos anos, tem apostado no desenvolvimento da indústria, acolhendo um número considerável de OEM do ramo automóvel e do sector dos eletrodomésticos, apresenta-se como um interessante mercado para os moldes portugueses. Assim o assinalou a delegada da AICEP naquele país, Celeste Mota, oradora convidada de mais uma edição da iniciativa Unboxing Markets, organizado pela CEFAMOL. A Associação tem prevista para aquele país uma missão, a decorrer entre 15 e 19 de abril.
Numa ação online com uma plateia ‘virtual’ composta por mais de três dezenas de profissionais da indústria, Celeste Mota deu a conhecer algumas das potencialidades da Turquia, sobretudo possíveis oportunidades para as empresas de moldes.
A economia deste país é, de acordo com esta responsável, “bastante resiliente”, tendo dado provas disso na forma como tem ultrapassado os momentos mais delicados da economia, no pós-pandemia de Covid-19. Tem um “sector empresarial dinâmico, com capacidade e potencialidade”. Tem ainda outros aspetos positivos, como “políticas ‘amigas das empresas’, é um polo de talento e um mercado global e geoestratégico, funcionando como hub para países da Europa, Ásia Central, do norte de África e do Médio Oriente”, frisou.
Salientando que o país “tem capacidades de forte produção, com mão-de-obra qualificada e com excelente infraestrutura logística”, afirmou ainda que “oferece oportunidades de negócio em muitos sectores”, nomeadamente na maquinaria, automóvel, plásticos, químicos, defesa e aeronáutica, entre outros.
Um outro exemplo que apontou foi o forte crescimento das exportações de bens que, em 2002, ascendiam a 36 mil milhões de dólares e, em 2023, alcançaram os 256 mil milhões. Quanto às importações de bens registaram, no ano passado, um valor de 362 mil milhões de dólares. Celeste Mota destacou ainda um outro dado que considerou muito relevante: a Turquia tem uma população de mais de 85 milhões de pessoas, das quais 50 % são jovens.
AUTOMÓVEL
“A indústria automóvel é a locomotiva da economia turca”, explicou, contando que se prevê que esta tenha um crescimento relevante nos próximos anos, sobretudo no que diz respeito aos veículos elétricos. “O país tem grande experiência em trabalhar para a indústria automóvel; aliás, 12 das principais OEM dessa indústria (entre as quais, a Fiat, Renault, Mercedes, etc.) estão ali representadas, bem como mais de 500 fornecedores Tier1”, enfatizou, adiantando que “a Turquia se posiciona, neste momento, como alternativa à produção nos mercados asiáticos”.
Os fornecedores globais construíram um ecossistema de mobilidade na Turquia e este, salientou, “é muito competitivo”. Como resposta, as empresas apetrecharam-se de forma a conseguir fornecer soluções completas, desde o design até a produção do automóvel. Além das multinacionais, a Turquia
desenvolve os seus próprios veículos, assumindo destaque os automóveis de passageiros movidos a eletricidade. “A marca local TOGG projeta produzir cinco modelos diferentes de automóveis elétricos, dos quais o primeiro já está a ser comercializado”, frisou. A Turquia ocupa o terceiro lugar na Europa, no que diz respeito à produção de veículos, e é a 13.ª no mundo. Em 2023, foram produzidos 1,5 milhões de unidades.
Celeste Mota revelou ainda que as importações turcas de moldes portugueses ascenderam, em 2022, a cerca de 6 milhões de dólares, valor que, em 2023, subiu para mais de 14 milhões de dólares. A China é o principal fornecedor de moldes da Turquia. Do total de 336 milhões de dólares em moldes importados, 173 milhões provêm da China, enquanto 30 milhões são de Itália e 23 da Alemanha.
A nível dos moldes, a Turquia exporta para mais de 50 países, localizados na Europa, Médio Oriente, norte e sul da América e Ásia. De acordo com os dados que apresentou, 70 % da produção de moldes destina-se à indústria automóvel e de eletrodomésticos. Assumem ainda algum destaque os sectores da embalagem, farmacêutica e da defesa.
No que diz respeito à indústria dos eletrodomésticos, referiu que, no ranking europeu, ocupa a primeira posição e é a segunda, à escala global, logo a seguir à China. Em 2023, a produção atingiu as 25 milhões de unidades e o valor de exportação os três mil milhões de dólares. 75 % da produção destina-se à exportação para mais de 150 mercados.
ABORDAGEM
Considerando que a Turquia constitui um mercado com grande potencial para a indústria portuguesa, aconselhou as empresas a, tanto quanto possível, optarem por abordagens presenciais. No seu entender, é imprescindível a realização de visitas de prospeção, com reuniões presenciais, a possibilidade de estabelecer uma filial no país ou desenvolver parcerias com os importadores e distribuidores locais. Advertiu ainda as empresas para a necessidade de apostarem numa oferta de “produtos diferenciados e avançados tecnologicamente, tendo sempre em atenção a relação preço-qualidade”.
Destacou também a importância de apostar e participar em feiras locais, explicando que, anualmente, se realizam várias com interesse para os sectores de moldes e plásticos.
A Turquia foi mais um mercado que a CEFAMOL deu a conhecer, no âmbito da iniciativa Unboxing Markets que, ao longo do ano, possibilitará a revelação de outros mercados que possam assumir-se como alternativa aos que vêm sendo os mais tradicionais do sector.
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MISSÃO À SÉRVIA REVELA POTENCIAL PARA EMPRESAS NACIONAIS
A CEFAMOL organizou, pela primeira vez, uma missão empresarial na Sérvia, que decorreu entre os dias 18 e 21 de março. Esta ação, na qual participaram as empresas CR Moldes, Itecmo, Jetmol, PMM Moldes e Prifer, permitiu o contacto com o mercado, identificação e exploração de novas oportunidades de negócio e a possibilidade de cooperação com empresas locais. O grupo visitou unidades industriais nas áreas de componentes e produtos plásticos, localizadas em várias zonas daquele país.
No final da ação, as empresas mostraram-se satisfeitas com o conhecimento de mercado obtido, considerando que aquela região reúne um conjunto de condições que podem ser interessantes para a indústria nacional. “Trata-se de um mercado que está em claro desenvolvimento, demonstrando algumas perspetivas de crescimento a curto e médio prazo”, explicou Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, que acompanhou esta primeira ação naquela região.
Tal perspetiva, adianta, deve-se, por um lado, aos investimentos que são visíveis no país, a nível industrial, com “a instalação de algumas multinacionais, sobretudo na área do sector automóvel” que, no seu entender, “permitirão impulsionar a cadeia de valor nessa região” e, como tal, fazer crescer a necessidade de fornecedores qualificados. As empresas portuguesas podem vir a assumir-se como uma mais-valia para o desenvolvimento da
estratégia industrial local, atendendo ao elevado know-how e experiência que detêm, quer na área automóvel, quer noutros sectores industriais.
Por outro lado, sustentou, a proximidade com países onde a indústria de plásticos e componentes está em franco desenvolvimento, como a Hungria e a Roménia, poderá assumirse, também, como uma vantagem para o desenvolvimento de novos negócios pelas empresas portuguesas.
Os participantes na missão consideraram ter realizado “contactos interessantes” que deverão, agora, ser desenvolvidos. Por sua vez, “a CEFAMOL manter-se-á atenta ao desenvolvimento das oportunidades neste país, ponderando a possibilidade de desenvolver mais ações de promoção que evidenciem as potencialidades dos fabricantes de moldes nacionais”, explicou.
Esta missão empresarial realizada na Sérvia enquadrou-se no projeto de promoção internacional Engineering & Tooling from Portuga’, apoiado pelo COMPETE 2030, tendo como objetivo a diversificação de mercados do sector numa região que se encontra com fortes perspetivas de crescimento e desenvolvimento futuro.
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CEFAMOL REÚNE EMPRESAS EM ABORDAGEM AO MERCADO DA ROMÉNIA
A Roménia tem vindo a ganhar importância enquanto mercado para os moldes nacionais. Em 2023, o país subiu à quarta posição no ranking das exportações de moldes, o que evidencia a sua dinâmica neste sector.
É, por isso, “um mercado que se tem vindo a afirmar como relevante”, considera Patrício Tavares que, em representação da CEFAMOL, acompanhou seis empresas nacionais a participarem na feira Automotive Expo & B2B Meetings, que decorreu no dia 28 de março, em Sibiu, na Roménia.
CR Moldes, Itecmo, Planimolde, PMM Moldes, Socem e VL Moldes consideraram, no final, que a ação se pautou pela positiva. No decorrer do evento, tiveram oportunidade de realizar um conjunto de reuniões, quer com representantes de multinacionais que, nos últimos tempos, se instalaram naquele país, quer com empresas locais. A grande maioria das empresas contactadas opera no ramo
automóvel, contudo, foram registados também contactos com empresas que se dedicam a outras áreas de atividade, dentro do sector do plástico.
Pelas características do evento, os fabricantes nacionais tiveram oportunidade de realizar algumas reuniões previamente agendadas, mas também de contactar e conhecer várias empresas expositoras ou visitantes.
A Roménia, explica Patrício Tavares, tem vindo a acolher diversas multinacionais, o que tem contribuído para desenvolver a indústria no país, a exemplo do que tem acontecido com outros países do Leste da Europa. “É notório o investimento que está a ser feito, seja a nível do crescimento de localizações empresariais, seja, até, no incremento de infraestruturas rodoviárias e outras”, conta. “Há, seguramente, um conjunto de oportunidades para os moldes portugueses”, salienta.
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Se algumas empresas nacionais já o perceberam e começaram a apontar a Roménia como um potencial cliente – o que justifica a subida do país no ranking dos mercados destino dos moldes portugueses – outras há que ainda não despertaram para tal. Mas, frisa Patrício Tavares, a aposta no crescimento industrial, por um lado, e o número ainda não muito elevado de fabricantes de moldes no país, podem traduzir-se em vantagens que as empresas nacionais podem aproveitar. “Se as empresas se predispuserem a desbravar caminho, haverá certamente diversas oportunidades”, considera.
Nesta ação, a CEFAMOL trabalhou em estreita colaboração com a AICEP. O seu representante na Roménia, Hélio Campos,
acompanhou de perto a presença das empresas nacionais, não medindo esforços para corresponder às suas expectativas e orientá-las rumo aos melhores resultados nos contactos. O responsável considerou esta ação como uma excelente oportunidade para consolidar o relacionamento entre os dois países e reforçar a imagem de qualidade e rigor que Portugal tem enquanto produtor de moldes, quer na Europa, quer no mundo.
A participação neste evento inseriu-se no projeto Engineering & Tooling from Portugal promovido e dinamizado pela Associação.
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REVISTA MOLDE CEFAMOL 13
JETMOL: 25 ANOS DE DEDICAÇÃO A CLIENTES, FORNECEDORES E PARCEIROS
A Jetmol, empresa especializada no desenvolvimento e fabrico de moldes para injeção de plástico e fundição injetada, assinala este ano um marco significativo: 25 anos de uma trajetória pautada pela dedicação a clientes, fornecedores e parceiros. Fundada em 1999 e com sede no Parque de Negócios de Escariz, em Arouca, a empresa tem como prioridades a inovação e a qualidade, acolhendo atualmente 22 colaboradores.
Em 1999, dois sócios arregaçavam as mangas e criavam uma empresa dedicada à fundição injetada. Nesses primeiros momentos, recorda António Anacleto, um dos fundadores, a Jetmol não tinha como intenção trabalhar para a indústria de moldes. O objetivo era a indústria de calçado, até porque um dos seus principais acionistas era uma empresa dessa área. Mas o rumo acabou por ser outro e, hoje, a Jetmol dedica-se ao desenvolvimento e fabrico de moldes para injeção de plásticos e fundição injetada.
Inicialmente estabelecida em Oliveira de Azeméis, a empresa trilhou um percurso de crescimento constante, culminando com uma mudança estratégica para as suas atuais instalações, em agosto de 2018. Com isso, catapultou a sua capacidade produtiva. Até chegar aí, o caminho foi marcado por doses elevadas de persistência, trabalho árduo e estratégia.
António Anacleto é atualmente o sócio maioritário. Conta que, quando a indústria de calçado começou a decair – no início da década de 2000 – “foi necessário avançar com alternativas”. “Iniciamos a atividade com a injeção de peças em zamak mas, dois anos mais tarde, o fabrico de moldes tornou-se a atividade principal”, relata. E essa mudança, salienta, “teve uma particularidade”: é que, no início da atividade, os fabricantes de moldes eram fornecedores da Jetmol, que subcontratava esse serviço.
De forma a controlar prazos e qualidade, a empresa decidiu avançar com a aquisição de uma fresadora, em 2001, passando a depender menos das empresas exteriores. Os moldes que produziam eram, então, para consumo interno. Mas esta foi apenas a primeira máquina. Seguiram-se outras e equipamentos de fabrico de moldes e, a partir de 2004, abarcaram novas fases da produção, como a conceção do molde e a área comercial. A Jetmol iniciou, então, a internacionalização enquanto fabricante de moldes.
“Começámos a ‘bater às portas’ e, nessa época, o sector estava muito centrado no mercado norte-americano”, recorda. Foi nesse país que começaram. Entre 2004 e 2007, cerca de 70 % da produção da empresa destinou-se ao mercado americano, desenvolvendo moldes para as áreas da saúde, eletrodomésticos e outros. Com a viragem dos Estados Unidos para a Ásia, a Jetmol lançou-se no mercado europeu e começou, nessa altura, o seu percurso na indústria automóvel.
A empresa viveu, então, um período de crescimento da capacidade instalada. Mudou de instalações em 2018 e foi aumentando o número de colaboradores que ascende, hoje, a 22 pessoas. O
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sector automóvel representa praticamente 90 % da produção da empresa. Os seus moldes são exportados para Espanha, Roménia, França, Polónia, Chéquia e Inglaterra, entre outros.
CONFIANÇA
Um dos momentos que o responsável destaca como sendo de maior preocupação foi, a exemplo da esmagadora maioria das empresas, o período da pandemia de Covid-19. Apesar de, nos primeiros meses de 2020, a empresa ter tido um interessante volume de trabalho, o número de encomendas foi decrescendo, obrigando a um período de layoff
“Não baixámos os braços e procurámos soluções, sobretudo fora do sector automóvel que também foi particularmente afetado por essa situação”, conta António Anacleto, acrescentando que “conseguimos algumas encomendas que também deram um contributo positivo”.
Em 2022 e início de 2023, salienta, os negócios retomaram, praticamente, a normalidade. Contudo, no final do ano passado, “começou a sentir-se uma quebra muito expressiva”, enfatiza.
Por isso, considera que a instabilidade económica, resultante do pós-pandemia e dos conflitos armados, é, atualmente, “o grande inimigo das empresas”.
“Andamos de porta-em-porta, procurando países e sectores diferentes, mas a indefinição é transversal e sentimos que há algum receio de avançar com os negócios”, conta. Além disso, destaca ainda dois outros desafios que se colocam às empresas: a necessidade de mão-de-obra qualificada e a indústria 4.0, sobretudo no que diz respeito à sistematização de processos, a automação e a robotização.
“Acredito que as primeiras empresas que consigam rentabilizar as suas máquinas, vencendo este desafio da digitalização, serão as que vão sobreviver”, explica. É que, no seu entender, “o futuro passa por fazer bem, mas fazer rápido e manter as máquinas a trabalhar o máximo tempo possível”. E só dessa forma, destaca, “se conseguirá ir de encontro àquele que é um dos problemas que sentimos: o esmagamento dos preços imposto pelos nossos clientes”.
“Temos uma série de desafios e incertezas no mercado que nos transmitem alguma intranquilidade. É preciso pensar e criar mecanismos para os ultrapassar e levar o negócio para a frente”, sustenta.
A aposta firme na excelência é uma das marcas da Jetmol. Além disso, o compromisso com prazos rigorosos reflete a dedicação da empresa em garantir a consolidação da relação com clientes, fornecedores e parceiros. “A confiança mútua é essencial para o sucesso a longo prazo”, defende.
ANIVERSÁRIO DOS ASSOCIADOS /
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LEOMÁVEL
CELEBRA QUATRO DÉCADAS DE INOVAÇÃO E CRESCIMENTO
Fundada há 40 anos, a Leomável tem direcionado o seu percurso na missão de satisfazer os desafios dos seus clientes, proporcionando um serviço de excelência, sustentado em elevados padrões de qualidade e rigor. Fabricante de moldes de pequena e média dimensão, a empresa integrase, desde 2022, no grupo alemão Magenwirth Technologies. Com 24 colaboradores, a Leomável mantém-se determinada em manter o seu percurso de crescimento.
São 40 anos de história. Quatro décadas de atividade que “englobam desafios e lutas, mas principalmente, conquistas em batalhas, que só quem nos acompanhou ao longo destes anos tem conhecimento”. Foi desta forma que Fátima Caetano sintetizou, na comemoração do aniversário, o percurso da Leomável, empresa que, juntamente com o marido, Leonel Caetano, fundou em 1984.
Nos primeiros tempos, a empresa operou num pavilhão, na zona de Maceira (Leiria). Com a dedicação do casal, a Leomável foi percorrendo, ao longo da sua história, uma rota de crescimento contínuo e sustentabilidade. Hoje, tem instalações próprias, construídas de raiz na Estrada dos Guilhermes, Maceira (logo após a zona industrial da Marinha Grande), sendo uma das empresas de referência na região. Fabrica vários tipos de moldes para injeção de plástico, assim como moldes para fundição injetada, incluindo moldes protótipos. No entanto, especializou-se em peças pequenas e altamente técnicas.
Fátima Caetano recorda os primeiros momentos da empresa, na época em que trabalhava sozinha com o marido, Leonel. “Tínhamos de nos revezar: ele trabalhava durante o dia e eu, de noite, ficava de vigilância às máquinas de erosão que não tinham a tecnologia de hoje e corriam o risco de incendiar”, relata, sublinhando que “foi um período difícil, mas que nos ajudou a ganhar a resistência que foi necessária para ir fazendo a empresa crescer”
Com passos ponderados e determinados, a Leomável foi crescendo. De início, dedicava-se apenas à eletroerosão, acalentando o sonho de vir a fabricar moldes, o que acabou por acontecer a partir de 1994. E em 2000 foi um ano de grandes mudanças, já que a Leomável mudou de instalações e as ampliou em 2015.
Além do crescimento em espaço, a mudança permitiu adquirir novas máquinas e novas valências, com a contratação de pessoal especializado nas diversas fases de fabrico do molde.
Também a equipa, composta hoje por 24 pessoas, foi reconhecida pela fundadora. “O trabalho em equipa, realizado com motivação,
fez-nos alcançar o que hoje nos rodeia”, afirmou, salientando que “o nosso crescimento é o resultado de todo o trabalho desenvolvido no coletivo”
Por isso, expressa uma especial gratidão aos colaboradores que diariamente têm contribuído para o sucesso, destacando aqueles que há mais anos estão na empresa. Alguns, lembrou, têm mais de 30 anos de casa.
MERCADO INTERNACIONAL
Nos primeiros anos, a Leomável tinha como clientes empresas de moldes portuguesas, sobretudo as da região de Leiria. “A partir de 2000 tudo mudou, com a mudança para as instalações onde atualmente estamos”, conta a fundadora. A internacionalização começou com alguns projetos para os Estados Unidos, alargando depois a sua carteira de clientes a outras partes do globo. O aumento das encomendas levou a uma ampliação da capacidade produtiva, com a aquisição de máquinas e a entrada de mais colaboradores.
Em 2014, a empresa tinha os seus principais clientes em França e na Alemanha, nas áreas da indústria elétrica, eletrónica e houseware, entre outros. A indústria automóvel, sublinha, nunca fez parte das prioridades da empresa. “Sempre nos pareceu que não compensava trabalhar para a indústria automóvel”, justificou.
Hoje, a Leomável assegura toda a produção, desde a conceção à expedição do molde, sendo especializada em produtos para a indústria elétrica e eletrónica. A Europa é o seu principal mercado, exportando para Espanha, França, Bélgica, Holanda, Polónia e Alemanha.
Com perseverança, a empresa foi ultrapassando sucessivos períodos de maior dificuldade que marcaram a indústria de moldes, nomeadamente, a recessão económica de 2007-2008, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia. “Fomo-nos ressentindo, mas encontrando formas de continuar a produzir, mantendo sempre o nosso foco na qualidade e rigor”, explica.
Em 2022, a Leomável foi adquirida pelo grupo alemão Magenwirth Technologies, empresa-mãe de várias empresas com um sector principal comum, o sector de veículos de duas rodas de gama alta. Os novos proprietários, conta Fátima Caetano, “já eram clientes da empresa há mais de dez anos e conheciam muito bem o nosso know how e as nossas prioridades”
De olhos postos no futuro e apesar da “indefinição” que diz caracterizar este momento da história, a empresa projeta manter a sua senda de crescimento. Para isso, sustenta, “confiamos no excelente trabalho da equipa que nos assegura a aposta na inovação e no sucesso”
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‘UM ANO EM TOM LARANJA’ CELEBRA 100 ANOS DA HASCO
Fundada em 1924, por Hugo Hasenclever, a HASCO celebra, este ano, o centésimo aniversário. A efeméride, contaram os responsáveis da empresa, será assinalada por ‘um ano em tom laranja’. Ou seja, a cor identificativa da marca vai estar presente numa grande ação de marketing, traduzida em várias atividades, como conferências, eventos com clientes, ações nas redes sociais e a presença nas mais importantes feiras do sector, ao longo de todo o ano. O objetivo, segundo explicou José Silva, vice-presidente executivo de desenvolvimento de negócios da empresa, é incrementar ainda mais a ligação com os seus clientes. “Vamos contar a nossa história, a nossa evolução e, sobretudo, a nossa cultura”, sublinhou.
Já Christoph Ehrlich, CEO da empresa, assegurou que o futuro da HASCO passará por “manter a sua identidade” que, considerou, “é estar sempre um passo à frente do desenvolvimento tecnológico”, bem como “a sua posição de liderança no sector”. Para tal, salientou, assume-se como vital o papel da equipa, “cuja ação e compromisso” têm sido essenciais para o sucesso da empresa.
A história da HASCO, cujo nome está intimamente ligado ao apelido do seu fundador – Hasenclever – teve início em 1924, nascendo como uma empresa de trabalho em ferro forjado, em Lüdenscheid (Alemanha). Contudo, ao longo do tempo, o fundador desenvolveu-a, de forma a tornar-se numa empresa de fabrico de moldes. A ascensão que viria a ter deveu-se, em grande parte, ao filho do fundador. Rolf Hasenclever observou, com atenção, o trabalho do pai, identificando aspetos que poderiam ser melhorados. Dessa forma, veio a assumir as rédeas da empresa, fazendo-a crescer e tornar-se uma referência na indústria. A história dá relevo a um pequeno brinquedo, usado como uma espécie de teste do pai ao seu filho. Rolf conseguiu concluí-lo com sucesso, ganhando, dessa forma, a confiança do pai, que o tornou sócio, em 1953.
INOVAÇÃO
Foi sob a gestão de Rolf Hasenclever que a empresa veio a desenvolver um conjunto de inovações que se tornaram fundamentais para a indústria. Um dos exemplos foi o criação e registo, em 1960, de um sistema modular para o fabrico dos moldes.
Seguiram-se outras invenções e patentes que catapultaram a HASCO como uma empresa sinónimo de inovação e agilidade. De acordo com os responsáveis da empresa, esta “foi pioneira na digitalização, num momento em que ainda não se falava desse tema”. Com efeito, foi em 1982 que a empresa introduziu o CAD.
Atualmente, questões como a inteligência artificial, a automatização, machine learning e a digitalização constituem as prioridades. Por isso, a empresa disponibiliza no seu catálogo mais de 100 mil produtos.
Pautada por um crescimento constante, a HASCO expandiu a sua ação para várias partes do globo, estando, atualmente, presente em cerca de quatro dezenas de países. Com isto, explica Christoph Ehrlich, a empresa dá resposta a uma das suas principais prioridades: “estar perto do cliente, falar na sua língua nativa e, dessa forma, perceber melhor as suas necessidades”.
É que, salientou, “a satisfação dos nossos clientes é a nossa maior recompensa”.
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CELEBRANDO OS 23 ANOS DE HISTÓRIA DA BBE
A BBE Engineering está a comemorar o seu 23º aniversário, marcando mais um ano de sucesso, inovação e compromisso com a excelência.
Desde a sua fundação, em 2001, a BBE foi pioneira em Portugal em diversas tecnologias impulsionando a inovação, sobretudo em prol da indústria de moldes. Iniciou a sua atividade com as análises reológicas de moldes. Com este serviço de simulações veio melhorar consideravelmente a eficiência das indústrias que serve - moldes e injeção.
Mais tarde a BBE torna-se a primeira empresa em Portugal a comercializar postiços para moldes por fabrico aditivo, mais um enorme contributo para o sector, pela conceção e fabrico de postiços com circuitos de refrigeração mais eficientes, impossíveis de produzir pelos métodos convencionais. Posteriormente adquiriu equipamentos de fabrico aditivo para a produção própria de postiços e peças em plástico, mais uma vez inovando no serviço à indústria com a prototipagem rápida.
Também desenvolveu o equipamento Inspect Cooling, destinado a realizar de forma 100% automática a certificação dos circuitos de refrigeração dos moldes.
Atualmente a BBE alargou a sua atividade a outras indústrias, como a automóvel, a aeroespacial e a médica e tem reforçado a sua vocação de empresa parceira no desenvolvimento de produto.
A BBE sempre se orientou por princípios como a qualidade, o foco no cliente, a melhoria contínua, a competência e o envolvimento das pessoas e tem o seu sistema da qualidade certificado pela norma ISO 9001 desde 2015.
Tendo realizado mais de 3000 reologias e mais de 1000 projetos de fabrico aditivo, a BBE ganhou um know-how incomensurável que coloca ao serviço da indústria todos os dias. Ao longo dos anos tem-se afirmado como uma referência nacional e internacional, exportando 70% para o mercado europeu.
A BBE agradece a todos os colaboradores e parceiros que a apoiaram ao longo desta jornada incrível.
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FAN3D: ESPECIALISTAS EM FABRICO ADITIVO METÁLICO E POLIMÉRICO
A FAN3D, empresa pioneira no campo da impressão 3D e no fabrico aditivo em Portugal, foi fundada em 2019, em Porto Salvo (Oeiras). Iniciou a sua jornada como uma empresa de serviços personalizados de fabrico aditivo (AM), aproveitando a sua vasta experiência para oferecer soluções inovadoras e orientação especializada.
Atualmente, as áreas de atuação da FAN3D incluem a impressão de peças metálicas de grandes dimensões para várias indústrias, como a dos moldes, venda de equipamentos de AM, serviços de consultoria na área do AM e produção de peças poliméricas.
Para além de fornecer serviços de produção/fabrico, a FAN3D apoia os seus clientes na implementação industrial do fabrico aditivo, trabalhando com vários tipos de materiais e máquinas de renome no mercado.
Com quatro colaboradores, a empresa tem como mercados-alvo variados países da União Europeia, trabalhando com empresas de referência dos sectores de moldes, tooling, automóvel, aeroespacial, naval, defesa, energia e ferroviário.
O principal desafio em termos de futuro é, de acordo com os responsáveis da empresa, “permanecer na vanguarda da inovação, comprometendo-se a entregar aos nossos clientes e parceiros soluções que adicionam um valor significativo”.
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NOVOS ASSOCIADOS / 19
MICE: INOVAÇÃO NOS MOLDES COM TECNOLOGIA DE INJEÇÃO A BAIXA PRESSÃO
Fundada em 2013, a MICE é especializada numa nova tecnologia de injeção a baixa pressão, naquilo que pode ser considerado um processo intermédio entre a prototipagem e a produção em massa. Com uma aposta firme na inovação tecnológica e tendo como prioridade a excelência dos resultados, a empresa tem no mercado nacional o seu principal cliente. Com sede em Santa Maria da Feira, tem, atualmente, oito colaboradores e a ambição de crescer e conquistar mercados internacionais.
A MICE (Molds and Injected Components Engineering) foi criada em 2013 como uma spin off da Universidade do Porto, trazendo à indústria uma nova tecnologia, designada RIM. Esta, resultante de mais de duas décadas de pesquisa, permite a injeção de plásticos a baixa pressão, representando um avanço significativo no sector.
A partir da academia, e face aos bons resultados obtidos em todo o processo de investigação, a tecnologia deu corpo a um projeto industrial, tendo sido, então, criada a empresa na Zona Industrial de Romariz, em Santa Maria da Feira. A empresa foi fundada por dois dos principais investigadores, que se tornaram sócios neste projeto, dos quais se mantém, atualmente, apenas um: Nuno Gomes, administrador.
É este responsável quem descreve a tecnologia da empresa como “um processo intermédio entre a prototipagem e a produção em massa”, oferecendo soluções adaptadas às necessidades individuais de cada projeto e cliente.
A unidade assenta a sua produção no desenvolvimento e engenharia de produtos e compósitos plásticos, concentrando-se em produções de baixo e médio volume, garantindo tempos de lançamento reduzidos e custos mais acessíveis, acrescenta Nuno Gomes.
Atualmente, a MICE é constituída por oito profissionais especializados em áreas distintas, desde desenvolvimento de produto, à engenharia e produção. A missão da empresa, de acordo com o administrador, industrializar as pequenas séries de produtos, variando de 10 a 50 mil peças por projeto.
Tendo como principal o mercado nacional, a empresa opera predominantemente em áreas como a indústria médica e os equipamentos industriais, com incursões adicionais no sector da mobilidade. Os seus principais clientes incluem os fabricantes de componentes, seja para mobilidade (para autocarros, comboios, ambulâncias, entre outros), empresas de fabrico de equipamentos industriais ou o sector do mobiliário.
INTERNACIONALIZAÇÃO
Portugal representa cerca de 80 % da faturação, mas a empresa começa a fortalecer a sua presença no estrangeiro, com clientes em França, Bélgica, Suíça e Irlanda.
Para desenvolver a sua tecnologia, a MICE necessita de moldes. Esta indústria surge como fornecedora. Mas nem todos os moldes são em metal. Há situações em que são utilizados outros materiais como, por exemplo, a madeira. “Nós somos clientes da indústria de moldes”, enfatiza Nuno Gomes, explicando que na conceção do molde para este tipo particular de injeção, é desenvolvido um trabalho de preparação prévia, em parceria entre a equipa de engenharia da empresa e o fabricante.
Apesar do período de complexidade por que passa atualmente a economia, o responsável conta que a evolução da empresa se tem pautado pela positiva. Com passos firmes, a MICE tem crescido e conquistado mercado e o seu espaço na indústria. Um dos desafios que, no seu entender, já se sente e terá tendência para se tornar mais visível, diz respeito à necessidade de pessoas qualificadas.
Uma das suas preocupações, a este nível, prende-se com a capacidade de recrutamento que empresas estrangeiras têm junto de jovens talentos e com as quais a indústria portuguesa dificilmente consegue competir, sobretudo devido aos salários.
Mas, Nuno Gomes acrescenta que, a nível de futuro, a empresa tem “boas perspetivas”. Tendo tido a sua génese no seio da investigação, a empresa mantém uma ligação estreita com as universidades, de forma a apostar numa melhoria contínua da tecnologia que disponibiliza e, com isso, conseguir manter a excelência na resposta aos seus clientes.
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MOLDFORCE: ALTA PRECISÃO E QUALIDADE DEFINEM PERCURSO DE EXCELÊNCIA NO FABRICO DE MOLDES
Fundada em 2016, a Moldforce tem cariz familiar, sendo liderada por Joaquim Morgado e o filho, Diogo Ruivo. Com um assinalável percurso marcado pelo crescimento contínuo, a empresa tem como imagem de marca uma aposta consolidada na alta precisão e excelência dos moldes que fabrica, tendo como principal mercado a indústria médica, relojoaria, elétrica e eletrónica, bens de consumo e automóvel. Para além da injeção de plásticos, é especializada em moldes para outros materiais, como o silicone e a borracha.
A história da Moldforce é um exemplo de persistência, inovação e compromisso com a qualidade. A empresa foi fundada em 2016,
por Joaquim Morgado, um veterano na indústria de moldes, com mais de 40 anos de experiência, e o seu filho, Diogo Ruivo.
Com apenas cinco colaboradores e um conjunto de equipamentos básicos (incluindo centro de maquinação, erosão por fio e fresadora convencional), a Moldforce iniciou a sua atividade em janeiro de 2017. O projeto, que começou pequeno, rapidamente ganhou impulso, devido à qualidade, alta precisão e rigor do trabalho que executava.
Em 2018, o número de colaboradores subiu para oito, enquanto a empresa consolidava o seu investimento em tecnologias, como a adoção de mais um centro de maquinação 3 eixos, entre outros equipamentos.
Entre 2019 e 2022, passou por um significativo período de crescimento, expandindo a sua equipa para 16 pessoas e aumentando o investimento em equipamentos, de forma a manter-
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se na vanguarda tecnológica. Foi nesse período que foi instalada a sua primeira célula robotizada Ingersoll, um centro de maquinação de Makino, uma eletroerosão por fio FANUC, bem como adquirida uma máquina de medição Wenzel. Além disso foram também adquiridas mais 3 retificadoras, uma delas Lipemec.
Um marco importante foi a climatização da área de produção que proporcionam um ambiente controlado de fabricação e melhoram as condições de trabalho, bem como a instalação de painéis solares que representaram uma poupança de energia notável, na ordem dos 25 % a 30 %.
Com passos seguros e determinados, o percurso da Moldforce rapidamente extravasou o mercado nacional, conquistando posição de relevo em vários países, como França, Suíça, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Brasil. Inicialmente focada na relojoaria, a sua reputação - conquistada devido à qualidade e precisão dos seus moldes - atraiu clientes de diversos outros sectores, incluindo as indústrias médica, conectores e automóvel. O sector médico representa, atualmente, cerca de 23 % da produção e o sector da relojoaria cerca de 32 %. Mas a empresa mantém, também, uma aposta significativa no sector automóvel que representa cerca de 18 %.
Hoje, a empresa é especializada na conceção, produção e reparação de moldes de elevado nível técnico e alta precisão, para injeção de plástico, borracha e silicone, e é certificada pela TÜV na norma ISO 9001:2015.
O crescimento rápido e expressivo da Moldforce captou o interesse de vários investidores, culminando num momento significativo em 2019, quando uma holding adquiriu 20 % do capital da Moldforce, reconhecendo assim o seu valor e potencial no mercado, marcando o início de um novo capítulo de expansão e inovação.
OTIMISMO
De acordo com Joaquim Morgado, a pandemia de Covid-19 não travou o avanço da Moldforce. Pelo contrário. A empresa continuou a prosperar, registando um crescimento notável em 2022, ano em que duplicou a sua faturação. Este sucesso, acredita, foi impulsionado “pela dedicação à alta precisão e à qualidade”.
No entanto, considera, os desafios persistem e a empresa está, constantemente, a procurar soluções para lhes fazer face. Um deles, acentua, prende-se com a dificuldade em encontrar e reter talentos. “Esta é uma prioridade, num mercado onde a formação, muitas vezes, não está alinhada com as necessidades das empresas”, adverte. Apesar disso, acrescenta Diogo Ruivo, a
Moldforce “investe na formação interna, mantendo a sua equipa jovem, dinâmica e motivada”.
Um outro desafio que dizem sentir é a instabilidade internacional, resultante da recessão da economia e dos conflitos armados. Mas tais questões, enfatiza Joaquim Morgado, “fazem-nos criar e preparar soluções e, com isso, permitem-nos ganhar músculo para enfrentar as adversidades”.
De acordo com os dois sócios, o futuro da Moldforce é “promissor” e, por isso, afirmam-se “otimistas”. Com um foco contínuo na inovação e na expansão da sua capacidade instalada, a empresa está preparada para enfrentar os desafios que se apresentarem. O seu compromisso com a excelência, a qualidade e a alta precisão continuarão a ser o alicerce do seu sucesso, asseguram, acrescentando que, em paralelo, mantêm a aposta nas novas oportunidades e tecnologias, de forma a dar a melhor resposta às necessidades dos seus clientes.
“A excelência é o nosso padrão: em tudo o que fazemos promovemos um alto nível de rigor e respeito pelos métodos de trabalho, visando sempre um produto final de alta precisão e qualidade superior”, sustenta Joaquim Morgado.
A diferenciação é uma das prioridades. Por isso, contam, incrementarão o investimento nos moldes robóticos e moldes para a injeção de silicone, mantendo também o foco no desenvolvimento de soluções para novos e diferentes materiais.
“Se não estivermos otimistas, com vontade de criar e inovar, rapidamente seremos ‘engolidos’ por outros mercados. Por isso, não podemos ter medo de mostrar aquilo que fazemos, e que fazemos bem, não só para nós próprios evoluirmos, como para toda a indústria evoluir também”, salienta Joaquim Morgado, defendendo que a indústria de moldes nacional beneficiaria se “as empresas se conseguissem unir na partilha de experiências e conhecimentos e se se ajudassem umas às outras, de forma a consolidar mais o mercado”.
// A INDÚSTRIA À LUPA
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“ESPERAMOS QUE AS EMPRESAS NOS COLOQUEM DESAFIOS”
ENTREVISTA A RUI RUBEN, DIRETOR DO CENTRO PARA O DESENVOLVIMENTO RÁPIDO E SUSTENTADO DE PRODUTO DO POLITÉCNICO DE LEIRIA (CDRSP)
PERFIL DO NOVO DIRETOR
Rui Miguel Barreiros Ruben, 48 anos, é natural de Lisboa e licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico (1999), mestre (2003) e doutor (2009) em Engenharia Mecânica pela Universidade Técnica de Lisboa. Ingressou no Politécnico de Leiria, em 2001, como docente e ali permanece, desde então, no Departamento de Engenharia Mecânica. Integra o Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Politécnico de Leiria (CDRSP) desde 2009, do qual é diretor desde janeiro de 2024, sucedendo a Artur Mateus no cargo.
O novo diretor do CDRSP, Rui Ruben, empossado em janeiro, destaca a importância da parceria com o tecido empresarial, como forma de desenvolver o centro e tornar a indústria mais forte. A ligação mais estreita com as startups é uma das prioridades que tem para o seu mandato.
Tomou posse no início deste ano. Quais as prioridades que elencou para este seu mandato?
Uma das prioridades será, nestes próximos tempos, o processo de avaliação do Centro de Investigação, que começou poucos dias antes da minha tomada de posse. Trata-se de um processo com alguma complexidade…
Qual a importância dessa avaliação para o centro?
É bastante importante, até porque dessa avaliação dependerão questões, como, por exemplo, o financiamento dos próximos três a quatro anos.
Mas o centro já passou por essa avaliação anteriormente…
Sim, já passou várias vezes por este processo. Mas este tem, burocraticamente, algum peso porque temos de mostrar aquilo que fizemos desde a última avaliação, bem como tudo o que estamos a preparar; ou seja, o nosso plano estratégico para
os próximos quatro anos. O próprio orçamento para o Centro dependerá desta avaliação.
Neste momento, o que é o CDRSP: quantas pessoas tem, quais os principais projetos que está a desenvolver?
Começando pelos projetos, estamos, neste momento em cinco Agendas Mobilizadoras e num número idêntico de projetos FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia). Mas estes números vão variando, porque vamos integrando uns projetos, concluindo outros. E estamos também a preparar novos projetos.
E quanto à quantidade de pessoas que asseguram o trabalho do Centro?
Temos diferentes tipos de colaboração. Os membros integrados são, neste momento, 18. Estes membros integrados têm de ser doutorados - não quer dizer que alguns dos colaboradores não o sejam também - e com um curriculum mais relevante, digamos assim. São pessoas que trabalham no Politécnico de Leiria
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(IPL), docentes de várias áreas, desde a tecnologia, mecânica, matemática, etc. Temos também uma docente de fora do IPL, que é do Politécnico de Coimbra. E para além destes, ainda temos quatro investigadores. Depois, os colaboradores são todos os outros: podem ser estudantes de licenciatura, bolseiros. São, atualmente, cerca de 50. Mas este é também um número que sofre alteração, porque vamos tendo novas bolsas e novos contratos. Estes bolseiros são pessoas mais jovens.
A multidisciplinaridade da equipa é muito importante: pessoas diferentes, com conhecimentos distintos e maneiras de trabalhar diferentes ajudam a engrandecer o centro de investigação.
O Centro tem facilidade em conseguir encontrar bolseiros?
Não tem sido difícil, até pela nossa forte ligação à ESTG, aos alunos e ex-alunos. E aparecem também, nalguns concursos, pessoas de fora. E é sempre bom ter essa variedade geográfica também.
No plano de atividades que referiu estar em preparação, qual o papel reservado às empresas?
O CDRSP existe para apoiar as empresas. Só dessa forma faz sentido a sua atividade, por isso espero a continuação da excelente ligação que temos tido sempre com o tecido empresarial. É uma relação de reciprocidade: nós ajudamos as empresas, mas elas também nos ajudam, ao colocar-nos as suas necessidades e lançarem-nos desafios. Um dos objetivos que temos é alargar esta ligação, para além das empresas, também aos hospitais e centros de saúde da região, reforçando a aposta em áreas como a biomédica e a saúde. Para nós, o importante é trabalhar com um objetivo que não seja apenas para preenchimento de papéis ou cumprimento de metas: queremos ser um parceiro relevante.
O CDRSP já tem um histórico de parceria com o tecido industrial. Como é que acha que as empresas olham para este centro?
Espero que nos olhem como parceiro. Pelo acompanhamento que fui fazendo, mais ou menos próximo, penso que a ligação com as empresas é boa, de um modo geral. Por exemplo, na
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tomada de posse, senti esse reconhecimento ao ver que estavam presentes muitos empresários e representantes de associações empresariais. Isso mostra que as pessoas estão interessadas em continuar ligadas ao CDRSP. Depois, a maior parte dos projetos tem tido, sempre, uma forte presença das empresas. Estamos a preparar o novo programa e já há alguns projetos com empresas. Isso é demonstrativo da ligação que existe e que queremos manter e até, se possível, intensificar.
Atualmente, a questão da sustentabilidade coloca enormes desafios às empresas. Neste âmbito mais específico, o que podem as empresas encontrar no CDRSP?
Um parceiro para as ajudar a encontrar soluções para os desafios que se colocam. Estas parcerias são muito importantes. Esperamos que as empresas nos coloquem desafios. Temos de conversar entre todos para chegar à melhor solução de como encarar cada desafio. No nosso caso, temos a palavra ‘sustentável’ no nome do Centro, o que mostra quanto o CDRSP valoriza, desde sempre, essa questão. E aí o mérito terá de ser atribuído ao seu fundador, o professor Paulo Bártolo, que já em 2007 – ainda não se falava muito disso – tinha essa visão. Temos, pois, o ADN da sustentabilidade e ele é traduzido em diferentes áreas no Centro. Olhamos para a sustentabilidade com uma visão larga, não nos limitando a questões como a energia, a reciclagem ou produtos mais rentáveis, mas incidindo na sua vertente social e humana. Estamos a trabalhar na criação de um doutoramento em Engenharia Sustentável, na área da Engenharia Mecânica, alinhado com os atuais problemas sociais. Uma formação virada para o século XXI, em que a sustentabilidade tem de estar sempre presente.
Um outro desafio está ligado com a digitalização: a Inteligência Artificial. Que tipo de apoio poderá o centro dar às empresas nesta questão?
A Inteligência Artificial tem muitas vertentes. É uma questão de as empresas nos abordarem com as suas dúvidas e necessidades. Temos, entre nós, pessoas com várias valências e experiência em diferentes áreas. Em equipa, conseguiremos encontrar os melhores caminhos.
A quantidade de empresas que, neste momento, trabalham convosco representam um número satisfatório para si?
Neste momento, com estas cinco agendas mobilizadoras e todo o conjunto de outros projetos e ações, penso que temos um contacto muito grande com muitas empresas. Diria que é sempre bom aumentar o número, naturalmente. Por exemplo, gostaríamos de desenvolver mais o trabalho com as jovens empresas, as startups Seria muito interessante ter uma colaboração maior com as pequenas empresas para que estas possam, com a nossa ajuda, solucionar alguns desafios, incrementar novos processos ou áreas. Por vezes, essas empresas têm ideias muito boas. A colaboração poderá fazer uma enorme diferença. Já iniciámos este processo e estamos a procurar ligar-nos mais a essas empresas.
Que marca pessoal gostaria de deixar neste Centro, enquanto diretor?
Nunca pensei muito nisso. Procuro ser tranquilo no dia a dia e ir-me assegurando que as coisas vão acontecendo. Muito importante para mim é que as pessoas gostem de cá estar, que gostem do trabalho aqui desenvolvido e que os projetos corram bem. Quero, tal como o meu antecessor, dar as melhores condições possíveis a quem trabalha aqui. Se o Centro fizer um bom trabalho, as coisas acontecem, os projetos vão aumentar e as empresas terão um bom parceiro na resolução dos seus desafios. Ora, as coisas têm corrido bem. Por isso, penso nos próximos anos numa lógica de continuidade.
// OUTRAS NOTÍCIAS
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PROTEÇÃO DE DIREITOS EM DESTAQUE: NAVEGANDO PELOS DESAFIOS LEGAIS
PARA DESENVOLVEDORES DE SOFTWARE NA EUROPA
Liliana Ramos *
A indústria de moldes em Portugal tem sido ativamente envolvida em iniciativas de digitalização, contribuindo para o desenvolvimento de software que apoia a modernização e otimização das suas atividades produtivas, comerciais e de marketing. Este compromisso com a inovação tecnológica refletese na sua busca por soluções que impulsionem a eficiência e competitividade. Neste contexto, é crucial não apenas acompanhar os desenvolvimentos colaborativos, mas também considerar as questões relacionadas com os direitos e formas de proteção dos softwares utilizados e em desenvolvimento. Este artigo pretende esclarecer e levantar o véu sobre questões legais e de propriedade intelectual relacionadas com o desenvolvimento e utilização de software nesta área específica na Europa.
PROTEÇÃO DE SOFTWARE NA EUROPA
Na União Europeia, a proteção de software é regulada por um conjunto de legislações e diretrizes que abrangem tanto direitos autorais quanto patentes, oferecendo diferentes camadas de proteção para os criadores de software. Abaixo estão algumas informações relevantes sobre a legislação na UE:
DIREITOS AUTORAIS NA PROTEÇÃO DE SOFTWARE NA UE
A legislação de direitos autorais desempenha um papel fundamental na proteção de software na União Europeia. A Diretiva de Direitos de Autor da UE, aprovada em 2019, ver [1] estabeleceu novas regras para proteção de direitos autorais no ambiente digital.
REVISTA MOLDE CEFAMOL OUTRAS NOTÍCIAS /
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Aspetos relevantes da Diretiva de Direitos de Autor:
1. Artigo 3 - Direitos dos Autores de Software: Este artigo visa proteger o software como uma forma de expressão, concedendo ao “criador” direitos exclusivos sobre a reprodução, distribuição e comunicação pública do seu programa de computador.
2. Artigo 4 - Exceções e Limitações: Define exceções específicas para utilização de software sem a permissão do detentor dos direitos, por exemplo, para interoperabilidade ou fins de segurança.
Assim, e de acordo com ASSOFT [2], o software desfruta do mesmo tipo de proteção que é conferida às obras literárias. Quer isso dizer que se aplicam as regras de autoria de titularidade vigentes para o direito de autor – copyright, de acordo com a legislação em vigor (https://www.assoft.org/pt/faqs/9/protecaojuridica-dos-programas-de-computador). A Lei estabelece que o regime de proteção do autor permanece durante 70 anos após a sua morte. Ao efetuar o depósito de um software assegura também a sua proteção aos 164 países signatários da Convenção de Berna (Fonte: World Intellectual Property Organization).
PATENTES NA PROTEÇÃO DE SOFTWARE NA EU
A proteção de software através de patentes é um tema mais complexo na União Europeia. A convenção de Munique sobre a Patente Europeia (1973) excluía a patenteabilidade de “programas de computador”, art. 52º. Historicamente, a patenteabilidade de software tem sido objeto de debate e interpretação nos tribunais europeus. No entanto, a legislação de patentes na EU tem vindo a evoluir e estipula que as invenções relacionadas com software podem ser patenteadas se apresentarem um "efeito técnico" e forem novas, envolvendo uma atividade inventiva (IEP-Instituto Europeu de patentes,1986 em inglês EPO).
A destacar sobre patentes de software:
1. Requisitos para patenteabilidade: Um software em si não é patenteável na UE, mas inovações técnicas ou soluções de software que ofereçam um benefício técnico específico podem ser patenteáveis.
2. Exclusões e limitações: Certas exclusões, como ideias abstratas, métodos matemáticos ou simples apresentações de informações, não são consideradas passíveis de patenteamento.
De realçar que a legislação de proteção de software na Europa, incluindo a Diretiva de Direitos de Autor da UE e interpretações judiciais relacionadas às patentes de software, procura criar um equilíbrio entre a proteção dos direitos dos criadores e a promoção da inovação e concorrência no sector tecnológico. As leis visam garantir um ambiente no qual os criadores sejam recompensados pelo seu trabalho, ao mesmo tempo que permitem avanços contínuos na área de desenvolvimento de software
Relativamente aos custos, os associados à proteção de software na Europa podem variar consoante os métodos utilizados para garantir a proteção dos direitos de propriedade intelectual do software. Alguns dos custos associados incluem:
1. Taxas de registo e manutenção: Caso se opte por registar o software, podem existir taxas associadas ao registo de direitos de autor ou patentes. Estas taxas variam consoante o tipo de proteção e a jurisdição específica.
2. Honorários de advogados e consultores: Para obter aconselhamento legal especializado sobre a melhor forma de proteger o software e lidar com questões legais relacionadas aos direitos de propriedade intelectual, é fortemente aconselhado contratar serviços de advocacia ou consultoria especializados. Os honorários destes profissionais podem representar um custo significativo.
3. Despesas de manutenção e renovação: Em alguns casos, como no das patentes, podem existir custos contínuos associados à manutenção e renovação dos direitos. Estas despesas devem ser consideradas para garantir a continuidade da proteção ao longo do tempo.
4. Custos de implementação de medidas de proteção técnica: Além dos custos legais, a implementação de medidas técnicas para proteger o software contra pirataria ou uso não autorizado pode implicar custos adicionais. Isso pode incluir investimentos em tecnologias de segurança, sistemas de gestão de direitos digitais (DRM), entre outros.
Onde tratar destes custos e procedimentos associados à proteção de software na Europa:
1. Escritórios de propriedade intelectual: Existem escritórios especializados em propriedade intelectual, nos quais é possível obter informações detalhadas sobre os procedimentos de registo, custos associados e requisitos legais para proteger o software. Por exemplo, o Instituto Europeu de Patentes (EPO) ou o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) podem fornecer orientações e procedimentos específicos. Ver [1] e [3].
2. Advogados especializados em propriedade intelectual: Consultar advogados especializados em direitos de propriedade intelectual pode ser uma opção para obter aconselhamento personalizado e assistência na proteção legal do software
3. Plataformas online e recursos governamentais: Muitos governos oferecem informações e recursos online sobre proteção de propriedade intelectual. Verificar os websites de órgãos governamentais dedicados a essa área pode ser útil para compreender os procedimentos e custos envolvidos na proteção de software na Europa. No caso de Portugal, é possível consultar o INPI (https://inpi.justica.gov.pt/) e ASSOFT (Formulário de Registo e Depósito de Software (assoft.org)), ver [4 ].
É essencial realizar uma análise cuidadosa dos custos e benefícios associados à proteção do software antes de prosseguir com qualquer procedimento específico, levando em conta os recursos disponíveis e a importância estratégica do software em questão.
QUE APOIOS EXISTEM EM PORTUGAL?
A Patent Box é uma medida fiscal que tem como objetivo
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incentivar a inovação e a proteção da propriedade intelectual, especificamente patentes e direitos de autor sobre programas de computador. Em Portugal, a Patent Box é conhecida como Regime Fiscal de Apoio à Investigação, Desenvolvimento e Inovação (RFAI) e é regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 58/2013, de 8 de maio.
Este regime oferece benefícios fiscais às empresas que possuem atividades de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI) e que tenham patentes ou outros direitos de propriedade industrial. Basicamente, as empresas podem beneficiar de uma taxa de imposto reduzida sobre os rendimentos provenientes da exploração dessas patentes, ou direitos de propriedade industrial.
O objetivo principal da Patent Box em Portugal é incentivar as empresas a investirem em investigação e desenvolvimento, protegendo as suas inovações por meio de patentes ou outros direitos de propriedade intelectual, e promover a competitividade e o crescimento económico do país.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Homepage | Epo.org obtido em 29 de dezembro 2023
[2] FRANCISCO, ANDREIA, “A proteção jurídica do software na Europa – Um percurso legislativo controverso”, Dissertação no âmbito do Mestrado em Direito, Ciências Jurídico-Privatísticas, da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Julho de 2011.
[3] Início - EUIPO (europa.eu) obtido em 29 de dezembro 2023
[4] https://www.assoft.org/pt/servicos/3/registo-e-deposito-desoftware obtido em 29 de dezembro 2023
AGRADECIMENTOS:
Este artigo é resultado de um trabalho desenvolvido no âmbito da disciplina de Aspetos Legais de Empreendedorismo, parte do currículo do curso de Mestrado em Empreendedorismo e Inovação, no Politécnico de Leiria. Gostaria de expressar a minha gratidão ao docente Eugénio Lucas Pereira, cujo apoio e contribuições foram fundamentais para a realização deste trabalho.
APOIOS:
PRR/ Missão Interface / CENTIMFE
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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O PAPEL DA IA COMO PILAR DE EFICIÊNCIA E INOVAÇÃO DA INDÚSTRIA
A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA INDÚSTRIA
INTEGRAR SISTEMAS INTELIGENTES PARA ALCANÇAR A TRANSFORMAÇÃO DA INDÚSTRIA
DADOS: RECOLHA, TRATAMENTO E SEGURANÇA RECOLHER E TRATAR OS DADOS É UM IMPERATIVO DA INDÚSTRIA
A LENTA MUDANÇA DO TRADICIONAL AO TECNOLÓGICO NA ORÇAMENTAÇÃO DO MOLDE
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL APOIA PROJETISTAS NA CONCEÇÃO DO MOLDE
CAMINHO PARA A EFICIÊNCIA PASSA POR TORNAR INTELIGENTES OS PROCESSOS
DESAFIOS DA IA
A INDÚSTRIA PORTUGUESA DE MOLDES SEGUNDO A IA
// DESTAQUE
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O PAPEL DA IA COMO PILAR DE EFICIÊNCIA E INOVAÇÃO DA INDÚSTRIA
Helena Silva *
* Revista Molde
É de forma cautelosa e com passos hesitantes que as empresas de moldes vão avançando na adoção da Inteligência Artificial (IA), apesar do reconhecimento do seu valor. Do projeto e simulação, até à produção e manutenção, os sistemas inteligentes estão já a alterar drasticamente o ciclo dos processos produtivos. Algoritmos complexos otimizam a conceção para melhorar desempenhos, enquanto a análise de dados em tempo real aumenta a eficiência da produção, reduzindo tempos de inatividade, prevenindo e abolindo o erro. Mas é imperativo que as empresas avancem destemidamente nesta revolução tecnológica que garantirá o caminho do futuro, assegurando inovação, competitividade e sustentabilidade.
Apesar de serem claros e inequívocos os benefícios, muitas empresas ainda estão relutantes em adotar a IA no seu processo produtivo. Questões como o custo ou a integração dos sistemas e equipamentos, e preocupações com cibersegurança estão na origem deste percurso cauteloso. A estas questões junta-se uma outra: a falta de informação sobre como integrar efetivamente estas tecnologias.
Numa era em que tudo acontece a uma velocidade vertiginosa, este tempo de indecisão pode revelar-se caro. É que enquanto algumas hesitam, outras empresas começam a retirar vantagens da IA, impulsionando a inovação e garantindo uma posição mais sólida no mercado.
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Divulgado no início deste ano de 2024, o relatório ‘Desbloquear as ambições da Europa sobre a inteligência artificial na década digital’, revela que 35 % das empresas em Portugal já adotou a tecnologia de IA. Os dados integram-se no estudo realizado pela Strand Partners, encomendado pela Amazon Web Services, reportando-se ao ano de 2023. E nesse período, conclui, as empresas portuguesas deram um salto de 25 % em matéria de adoção da IA, em relação a 2022. Apesar disso, o mesmo documento revela que a maioria das organizações que o fizeram é de grande dimensão. As PME ainda têm um caminho a percorrer.
Mas as tecnologias de IA já estão disseminadas no nosso dia a dia, fazendo parte, cada vez mais, das nossas rotinas. Se perguntarmos ao ChatGPT (o assistente de linguagem avançado de IA, projetado para entender e gerar textos semelhantes aos que produzem os humanos) sobre os benefícios da IA para a indústria de moldes, a sua resposta é esclarecedora:
“A utilização da Inteligência Artificial (IA) oferece diversas vantagens para as empresas de fabricação de moldes em Portugal e em todo o mundo. A IA pode otimizar o processo de design e desenvolvimento de moldes, reduzindo o tempo necessário para criar protótipos e melhorando a precisão do design. Além disso, sistemas de IA podem ser implementados para prever necessidades do mercado e otimizar o planeamento da produção, permitindo uma gestão mais eficiente dos recursos e reduzindo custos operacionais.
As áreas que mais beneficiam da utilização da IA incluem o design assistido por computador (CAD), a simulação de processos de fabricação, a manutenção preditiva de equipamentos e a otimização da cadeia de suprimentos. Por exemplo, algoritmos de IA podem analisar grandes conjuntos de dados para identificar padrões de falhas em máquinas e prever quando a manutenção será necessária, evitando assim paragens não programadas e aumentando a produtividade”.
O sistema vai ainda mais longe e esclarece, até, que “o primeiro passo para as empresas de moldes começarem a aproveitar os benefícios da IA é investir em capacitação e infraestruturas adequadas”.
DESAFIOS
Basta uma rápida leitura para constatar que tudo isto corresponde à realidade. Mas esta não é uma questão nova. Pelo contrário, a digitalização, as tecnologias e a IA integram, desde há muito, as prioridades da CEFAMOL no seu ensejo de contribuir para incrementar a competitividade do sector.
Em 2021, a Associação editou o guia ‘Rumo à Indústria 4.0’, destinado à indústria de moldes. Este documento, que teve como autores diversos profissionais do CENTIMFE, assumese como “um roteiro” – porque percorre todas as áreas do processo produtivo - para a implementação de tecnologias na indústria de moldes, alertando para as vantagens de processos de automação e digitalização, bem como dando relevo a alguns constrangimentos subjacentes à implementação de tecnologias Indústria 4.0.
Uma das questões que o estudo refere é a IA, tema que surge em praticamente todos os passos do fabrico do molde. Até porque é parte integrante da digitalização. Para além de percorrer pormenorizadamente os processos, enumerando as vantagens da adoção das tecnologias, o roteiro dá nota de algumas das soluções já desenvolvidas e usadas com sucesso pela indústria de moldes.
“O volume de dados relativo a cada projeto de molde tem vindo a aumentar, o que torna a sua gestão complexa, caso não se recorra, numa primeira fase à standardização de processos, e numa segunda fase à Inteligência Artificial a algoritmos de machine learning”, pode ler-se no documento, que adverte para questões como a cibersegurança, o papel das pessoas nas organizações, fabrico aditivo, automação e robótica ou internet das coisas.
A implementação do processo de digitalização, consideram os autores, é um imperativo e deve continuar a ser feito ao ritmo e na medida que cada empresa considera viável, apesar dos constrangimentos e dificuldades encontradas. A melhoria e os resultados são transpostos para o mercado, posicionandose como fornecedor de soluções de Engineering & Tooling, acentuam.
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A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA INDÚSTRIA
Rui Tocha *; João Caseiro **
* Diretor-Geral do CENTIMFE; ** Investigador da área de I&D/Data Science do CENTIMFE
O que caracteriza o desenvolvimento industrial, na senda da competitividade e da diferenciação, é a capacidade de antecipar tecnologias de fronteira tecnológica e de as desenvolver, bem como implementar processos eficientes que contribuam para o acréscimo do valor percecionado pelos clientes, no mercado global. Neste contexto, a centralidade das pessoas e do conhecimento são fundamentais para a geração e interpretação de dados de modo que estes se transformem em informação relevante para a tomada de decisões em tempo útil.
A ciência dos dados assumiu assim, na era digital que vivemos, uma inequívoca importância estratégica, o que, quando associada a disponibilidade de computação de alto desempenho, permite acelerar a criação de uma economia de elevado valor acrescentado com enormes vantagens de escala e de externalidades competitivas para as empresas.
É neste contexto, de um mundo cada vez mais digital e interconectado, que a Inteligência Artificial (IA) se afirma em crescendo, com aplicações em todos os domínios, alterando significativamente os padrões de competitividade vigentes, permitindo a análise de dados e a tomada de decisões em prazos cada vez mais reduzidos.
Este processo evolutivo aporta vantagens, mas também alguns desafios, que se a ética, o respeito pelo ser humano e pelas regras sociais estabelecidas, não forem acautelados e regulados, resultará uma utilização tecnológica abusiva, com impactos devastadores na sociedade e no mundo dos negócios.
O crescimento de ferramentas de IA levou ao surgimento de novos serviços, mas necessita também que novas competências sejam adquiridas, de modo que a tecnologia não seja uma barreira ao desenvolvimento da nossa sociedade.
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Mas o que é, afinal, a Inteligência Artificial e como funciona? A IA é uma área científica de conhecimento em que são utilizados algoritmos matemáticos para processar dados, permitindo criar programas de computador inteligentes capazes de resolver problemas, identificar palavras e objetos e tomar decisões. Apesar das primeiras aplicações de IA remontarem aos anos 50, nas últimas décadas houve um crescimento acentuado deste tipo de ferramentas e aplicações. A base de qualquer aplicação de IA são os dados, a partir dos quais a IA é treinada de forma a conseguir, matematicamente, identificar padrões e relações entre as diversas variáveis presentes na base de dados. Esta capacidade é especialmente interessante em cenários complexos ou em que exista uma grande quantidade de dados (Big Data), impossíveis de ser processados pelo cérebro humano.
Existem diversos tipos de Inteligência Artificial, aplicadas em áreas distintas. Aqui será dado foco a ferramentas de IA com aplicações mais diretamente relacionadas com a cadeia de valor do plástico. Nesta cadeia de valor é possível encontrar aplicações de IA em todas as suas etapas, desde a conceção do polímero até ao seu fim de vida. Por exemplo, os polímeros são materiais complexos que apresentam um espaço químico extremamente vasto, resultando em biliões de potenciais polímeros. Aqui, ferramentas de IA permitem explorar este espaço químico e identificar possíveis novas formulações de forma significativamente mais rápida.
Na etapa de transformação dos polímeros, a IA tem sido aplicada, por exemplo, na otimização de processos produtivos, permitindo reduzir desperdícios e minimizar o consumo de recursos. Por outro lado, a recolha e tratamento de dados dos processos produtivos permitem que se adote uma abordagem de manutenção preditiva em vez da manutenção preventiva, permitindo o aumento do tempo de vida útil dos equipamentos. Estas abordagens contribuem para alcançar o Smart Manufacturing, mas a IA tem visto também crescentes aplicações também na customização da experiência dos clientes, gestão de energia, operações de logística e redução do tempo de desenvolvimento de novos produtos.
No entanto, existem desafios que têm de ser ultrapassados para que a implementação de IA nas empresas seja bem-sucedida. O primeiro desafio está relacionado com a qualidade dos dados. Seguindo a máxima de “lixo à entrada, lixo à saída”, se os dados fornecidos apresentarem muito ruído ou muitas lacunas, pode conduzir a que o algoritmo faça previsões incorretas. No entanto, a obtenção de dados de qualidade pode ser morosa e dependente
de conhecimento especializado na área de aplicação. Por outro lado, a quantidade de dados pode também ser, em alguns casos, uma limitação, uma vez que para problemas mais complexos, os algoritmos de IA podem necessitar de maiores volumes de dados. É também importante ressalvar que a implementação de IA é um processo contínuo, que decorre em paralelo com a geração de novos dados que deverão ser incorporados nos algoritmos.
Outro importante desafio está relacionado com a falta de recursos humanos especializados. Apesar de existir oferta de formação especializada nas áreas relacionadas com analítica dos dados e IA, o crescimento acelerado deste tipo de aplicações faz com que exista no mercado uma escassez destes recursos humanos especializados. Neste aspeto, as empresas deverão tomar medidas para cativar e reter estes talentos, bem como implementar estratégias de gestão e inovação que promovam o uso destas ferramentas.
Assim, é fácil de perceber que a integração de IA no tecido empresarial pode ser um desafio, mas é um caminho que terá de ser traçado para que as empresas sejam mais eficientes e competitivas, permitindo que criem novos modelos de negócios, serviços e produtos e que entrem em novos mercados.
Com o objetivo de ajudar a responder a estes desafios, o CENTIMFE lançou, recentemente, a iniciativa Digital Polymers, cujo objetivo é realizar a transferência de conhecimento acerca de ferramentas digitais de simulação e IA para o tecido empresarial, permitindo sensibilizar a indústria para as vantagens destas, bem como facilitar o acesso e acelerar a sua adoção. A cada dia que passa a IA está a alterar o panorama tecnológico mundial, e o futuro da indústria passa pela utilização de IA. Assim, empresas devem tomar ações para garantir que esta transição seja célere e com o máximo de impactos positivos, podendo contar com o apoio da iniciativa Digital Polymers do CENTIMFE para traçar este caminho.
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INTEGRAR SISTEMAS INTELIGENTES PARA ALCANÇAR A TRANSFORMAÇÃO DA INDÚSTRIA
Helena Silva * * Revista Molde
A indústria de moldes, exemplar ao longo das últimas décadas na adoção de tecnologias de vanguarda, depara-se com um enorme desafio em acompanhar a rápida evolução tecnológica. A integração de sistemas de produção impulsionados pela inteligência artificial é, para a generalidade das empresas, uma solução fulcral, representando oportunidades significativas para melhorar a eficiência, qualidade e agilidade dos processos. Mas, na generalidade dos casos, há um longo caminho pela frente e neste a indústria está, agora, a dar os primeiros passos.
GLN: “IA é um processo de aprendizagem que nos permite tomar decisões”
“A tecnologia e a Inteligência Artificial não podem ser a razão da existência das empresas, mas antes o seu veículo facilitador para a competitividade, assegurando, dessa forma, o sucesso da
indústria”. Assim o defende Rui Ângelo, do grupo GLN, salientando que no seu ponto de vista, a indústria de moldes “está um pouco atrasada” no que diz respeito à integração de soluções de IA.
“Em algumas questões, historicamente, os moldes agiram em modo reativo. Os conceitos de prazo ou competitividade eram menos relevantes e isso fez com que a indústria, em algumas áreas, ficasse um pouco para trás, não se antecipasse, como fez em muitas tecnologias e não acompanhasse a evolução de outras. A IA é um desses exemplos. E aí, a indústria de plásticos tem dado passos bastante mais assertivos”, justifica.
O sector necessita, agora, de aumentar a velocidade nesta questão, até porque, sustenta, “o conceito inteligente é fundamental, pois permite substituir algumas das etapas que são repetitivas”. Só que, não tendo dado passos nessa direção, a indústria depara-se agora com o que poderá ser um problema: “agora, que já começa
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a haver alguns bons exemplos que podemos aplicar, deparamonos com o custo dessa aplicação e a verdade é que nem todas as empresas estão preparadas para assumir esses valores”.
Por outro lado, acrescenta, é preciso mudar um outro aspeto essencial: o mindset. “No fundo, ainda há muitas pessoas da indústria que estão pouco convencidas, acreditando muito pouco que a IA possa ser uma mais-valia”.
De uma forma mais prática, e tendo em conta o andamento do processo que já conhece, Rui Ângelo considera que a IA “não é nada mais, nada menos, do que um processo de aprendizagem”, portanto os sistemas das empresas vão aprendendo com a experiência dos processos no dia a dia. “Ao absorver o que vamos fazendo, as boas práticas e também os erros, os sistemas ‘aprendem’ a fazer bem. O conceito de IA é acelerar essa aprendizagem e trazer-nos alternativas muito mais rapidamente, que nos permitam tomar decisões”, explica, enfatizando que, em última análise, a decisão “está sempre nas mãos do ser humano”.
ESTRATÉGIA
O passo que tem de ser dado, na sua opinião, é “olhar a tecnologia como um veículo facilitador do que fazemos e que, em muitos casos, é visto como ‘uma arte’. É certo que o é, mas temos de olhar a tecnologia como parte da estratégia”, defende.
O passo seguinte é avaliar as condições que cada empresa tem para aplicar as tecnologias com vantagem. “Acredito que as equipas de empresas maiores vão ser capazes de desenvolverse internamente, ter recursos próprios que consigam servir como integradores do que existe. No entanto, nas empresas de menor dimensão – uma grande parte da nossa indústria - vai ser preciso recorrer a empresas especializadas”, afirma. Até porque, sublinha, num momento seguinte, é necessário integrar os sistemas e processos e otimizar toda esta informação, de forma que alcance o seu propósito: “que nos ajude a acelerar o tempo de resposta para aquilo que necessitamos e a ganhar competitividade”.
A sistematização, defende, está dependente da maturidade da informação. Por isso, acentua a importância de as empresas prestarem atenção especial aos dados que recolhem e ao seu tratamento.
No caso da sua empresa, exemplifica, “estamos um pouco atrás daquilo que eu gostaria”. E concretiza a sua afirmação: “temos de conseguir um equilíbrio muito grande entre o valor que é preciso despender nessa área tecnológica e aquilo que depois é o retorno”. E esse, salienta, “não é tão imediato como nós gostaríamos”. No entanto, não tem dúvidas de que o caminho se faz nessa direção e, por isso, a IA está a ser incrementada em algumas das etapas do processo. “Estamos a testar, para conseguir, acima de tudo, ser mais eficientes”, explica, adiantando que “o nosso conceito é tentar introduzir estas tecnologias passo a passo: não conseguimos utilizá-las em todo o processo, mas estamos a aplicá-las em algumas das etapas”.
Uma das dificuldades, adianta, tem sido conseguir ligar as várias fases do processo, uma vez que, por terem diferentes níveis de maturidade, a sua capacidade tecnológica é também distinta. “Temos tido alguns parceiros a trazer-nos alternativas, mas temos a noção que nem todos os equipamentos estão preparados para
a IA”, refere. Defende que a integração destes sistemas com graus diferentes de inovação é um dos maiores desafios. “Se estivéssemos a montar, hoje, a nossa operação desde o início, seria mais fácil porque seguramente que os equipamentos já vêm praticamente com essas ferramentas tecnológicas instaladas”, justifica, enfatizando que, assim não sendo, “esta é uma das barreiras que temos de vencer”.
FUTURO
Rui Ângelo não tem dúvidas de que a IA será uma mais-valia no processo, destacando a sua capacidade de “criar alternativas ao mesmo”. Acredita, contudo, que para ser uma ferramenta eficaz terá de evoluir mais.
E, no futuro, sustenta, poderá ser a resposta a um conjunto de necessidades. “Idealmente, uma das vantagens seria usar a IA para que nos fosse compondo o conceito do molde, de forma a alcançar a 100 % dos objetivos para a peça a que se destina. Ou seja, eliminar o erro”, acentua, considerando que para que tal solução fosse eficaz, o ideal seria que também os clientes das empresas de moldes usassem sistemas de IA. Dessa forma, salienta, “o sistema poderia definir o conceito do molde e o seu processo de fabrico em função de diversas variáveis: performance, durabilidade, prazos de produção, custos ou a finalidade da peça. Com isso, escolheríamos a variável que considerássemos mais adequada às nossas prioridades, mas também às do cliente”.
Isto, no seu entender, “poderá ajudar-nos a fazer parte do processo do cliente, reduzindo drasticamente a dependência das suas vontades”. Exemplifica com o caso da sua empresa para contar que “estamos a tentar criar uma relação de parceria com os nossos principais clientes, de forma a fazer parte da fase de desenvolvimento”. É que, enfatiza, “não conseguiremos sobreviver se mantivermos por muito mais tempo este tipo de relação na qual o cliente define o que quer e nós temos de executar, o mais rápido e barato possível”, sem o esperado valor acrescentado.
Deixa ainda uma advertência: “para alcançarmos esta mudança, as pessoas têm de evoluir, não podem parar no tempo: o mundo hoje é diferente e é fundamental ter capacidade de adaptação e abertura. Os moldes têm de perceber isto e avançar rapidamente”.
TEBIS: “FALTAM PASSOS PARA QUE OS MOLDES CAMINHEM COM IA”
No seu conceito original, um sistema inteligente é aquele que utiliza tecnologia e algoritmos para processar informações, / / Rui Ângelo - GNL
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aprender com elas e tomar decisões ou realizar ações, de forma autónoma ou semiautónoma. David Vieira, da Tebis, começa por chamar a atenção para a definição de sistemas inteligentes para considerar que, no caso da indústria de moldes, “não creio que possamos falar, por enquanto, de IA”. É que, salienta, “faltam alguns passos, falta incorporar alguns algoritmos que têm como base a aprendizagem, mas falta todo um percurso que possibilite uma automatização e otimização dos processos, refinando e melhorando efetivamente as práticas das empresas”.
Os sistemas de IA, prossegue, são capazes de interpretar dados, reconhecer padrões, adaptar-se a novas situações e resolver problemas de forma eficiente. Para ser inteligente, um sistema tem também de ter alguma sensorização de base, que faça a interface com o mundo real, que seja capaz de introduzir alteração comportamental, dos processos, da produção, etc. Ou seja, que consiga causar alteração no meio envolvente. Como exemplo, refere aplicações como os assistentes virtuais ou os automóveis de condução autónoma.
Para David Vieira, o que a indústria de moldes tem adotado são “soluções que permitem uma interligação entre os processos”. Algumas, mais próximas da IA, outras mais distantes. No caso da sua empresa, salienta, “há diversas soluções, até no campo daquilo que designamos por IA, que já proporcionamos, mas uma parte das empresas de moldes ainda não as adotou”. Ou seja, as empresas de moldes estão a despertar para esta realidade e só muito gradualmente começam a olhar para “soluções já
/ / David Vieira - Tebis
maturadas e com provas dadas, que podem ser usadas na indústria”, salienta. E nestas, David Vieira está a contemplar as que permitem uma maior otimização e assegurar maior rentabilidade ao processo.
No caso da IA, considera que “está numa fase bastante embrionária”. A Tebis, salienta, “está a trabalhar nessa área e a desenvolver soluções”. Cita, a título de exemplo, os trabalhos de investigação que a empresa está a realizar com duas universidades, a nível do CAM e do MES, de forma a incorporar a IA. “O que observamos, por enquanto, é que a IA nos ajuda na compreensão geométrica e nos casos de maior complexidade do artigo, pois permite uma perceção mais robusta. Contudo, quando passamos para a fase da mecanização, as vantagens ainda não são tão óbvias”, defende.
DESTAQUE /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 37
Apesar de considerar que ainda há um longo caminho a fazer, acentua, contudo, que, nesta área, “tudo evolui muito rapidamente”, aconselhando as empresas a manterem-se “atentas e vigilantes”.
VANTAGENS E DESAFIOS
Para David Vieira, a IA vai assegurar “grandes vantagens a nível da engenharia do molde: a definição dos parâmetros de desenvolvimento, em função das mais variadas características da empresa que o vai produzir, tendo em conta questões como as equipas, a disponibilidade dos equipamentos, os tempos, etc”. No seu entender, esta possibilidade “traz vantagens imediatas de rapidez, qualidade e até rentabilidade do negócio da empresa”.
Para chegar ao patamar que permita essa resposta, “é preciso a interconetividade dos sistemas e equipamentos”. E isso, admite, “não é fácil”. “Temos de imaginar e esperar que esta conetividade tenha os mesmos resultados de, por exemplo, uma equipa de pessoas unida e a trabalhar de forma harmoniosa, para alcançar os melhores resultados”, exemplifica, advertindo para algumas das dificuldades.
Uma delas diz respeito às características dos próprios equipamentos. “Não nos podemos esquecer que as empresas têm equipamentos recentes, já dotados de sistemas mais aperfeiçoados digitalmente, mas têm outros mais antigos e que representaram investimentos consideráveis e ainda trazem maisvalia ao processo, mas que dificilmente conseguirão ser integrados com sucesso num sistema de IA”.
Como exemplo, conta que a sua empresa está, atualmente, a desenvolver um trabalho em conjunto com uma empresa fabricante de máquinas, no desenvolvimento de sistemas que permitam à máquina reprogramar-se e produzir a peça de forma mais automatizada. “Este é um passo bastante avançado. Trata-se de um sistema bastante flexível, e tem de ser, que permita saber onde está e em que fase está a peça, de forma a avançar com passos seguintes, como programação automática de tarefas, troca de ferramentas e produção”, explica.
E uma vez que cada molde é um produto único e irrepetível, o objetivo é trabalhar e transformar o sistema de produção, orientando-o para os processos e introduzindo IA. “O molde é um produto único, mas é, também, o resultado de uma série de tarefas que são as mesmas, e de formas e geometrias que se assemelham”, acentua, lembrando que “a regra até hoje era que o conhecimento estava no fabricante que transforma o aço; mas se passarmos esse conhecimento para o sistema, essa regra altera-se. O ser humano não perde importância, muda é de lugar no processo”.
Por enquanto, enfatiza, “a tecnologia não é ainda tão viável que permita que isto seja realidade”.
Mas é, contudo, perentório em considerar que a IA, uma vez incorporada, “vai simplificar o processo de produção, fazendo com que as empresas ganhem mais eficiência, mais qualidade, rapidez e melhores decisões”.
QUALIDADE
De uma maneira geral, considera que as máquinas, os equipamentos e as ferramentas “serão mais fáceis de incorporar
a mudança, uma vez que, de alguma forma, são equipamentos praticamente standard”. O mais difícil, no seu entender, é “tudo aquilo que não é standard: o conhecimento que fornecemos ao equipamento e ao software”. É que isso que, defende, “as pessoas são e serão sempre importantes no processo”.
Por muito que a IA evolua e passe a integrar os processos, para David Vieira, “não é possível acreditar as empresas fiquem sem pessoas”. E lembra que, ao longo da História, “nunca houve extinção da pessoa nos processos evolutivos da indústria”. A IA é, no seu entender, apenas mais um desses processos e, por isso, “implicará sempre a presença de pessoas”.
O que mudará é o papel das pessoas nas empresas. “Com a IA, daremos um novo passo para a qualidade da vida humana”, defende. “O Homem não foi feito para as tarefas repetitivas. Para isso, existem as máquinas. O Homem terá sempre o papel de criar. Ou seja, as máquinas vão substituir-nos nas tarefas, mas nós ficaremos sempre disponíveis para criar e controlar os sistemas”, considera.
SB MOLDE: “OS SISTEMAS QUE EQUIPAM A INDÚSTRIA
NÃO SÃO INTELIGENTES: SÃO AUTOMATIZADOS”
A ‘inteligência’ é, por definição, a capacidade de compreender, aprender, raciocinar, tomar decisões e resolver problemas de forma eficaz. Sérgio Fortunato, da SB Molde, enfatiza esta definição para justificar a sua posição acerca da presença da IA na produção de um molde: “não concordo que possamos designar, para já, os sistemas como ‘inteligentes’. São sistemas automatizados, que são alimentados por informação e que tomam decisões automatizadas tendo por base o que receberam. Por enquanto, não aprendem e não evoluem”. E acrescenta que “um sistema deste tipo tem milhares de possibilidades de decisões, mas tem de ser ensinado”.
Com a evolução, que acredita que possa caminhar velozmente, “todos os processos que utilizam o digital como ferramenta –tirando aqueles que ainda não podem ser automatizados – podem ser melhorados ou substituídos por IA”. Por isso, entende a IA como mais um estágio evolutivo do processo de fabrico.
“A evolução tem sido constante nesta indústria”, salienta. Como exemplo, aponta “os processos manuais que as empresas de moldes foram conseguindo transformar em automatizados”, lembrando que “a indústria ainda mantém alguns processos manuais, mas tem caminhado na automatização, acompanhando a inovação e a evolução”.
Salientando que “quanto maior o processo integrado nas máquinas, menor a necessidade de recorrer aos processos manuais”, sublinha que “ainda há não muito tempo, as peças eram acabadas manualmente”. Mas os processos manuais foram sendo reduzidos, à medida que foram surgindo soluções e testadas com sucesso.
“Talvez agora as soluções tendam a surgir mais rápido porque, efetivamente, a mudança tem sido enorme nos últimos anos. É impressionante como a tecnologia evoluiu tão rapidamente. E isso sem a IA. Quando ela surgir efetivamente, penso que daremos saltos enormes de desenvolvimento tecnológico”, acentua.
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Centrando-se no processo de fabrico do molde, Sérgio Fortunato considera que, atualmente, “todos os processos digitais têm um pouco daquilo que, vulgarmente se designa por IA, não apenas ao nível de processos específicos para a indústria, como também outros como a gestão e a contabilidade que são transversais a todos os sectores”.
Uma das vantagens, afirma, “é a velocidade: estes sistemas aceleram todo o processo de fabrico”. Uma outra, acrescenta, “tem a ver com a qualidade: através destes sistemas temos a possibilidade de validar o processo de forma mais correta, com menos erros ou mesmo sem erros”. Por isso, defende que “a automatização dá-nos a velocidade e rapidez, e os sistemas com alguma IA ajudam a eliminar o erro, dando-nos mais garantias de qualidade”. Com tudo isto, “o produto final acaba por ser produzido mais rapidamente e com melhor qualidade”. E este é, afinal, o desígnio da indústria: produzir mais rápido e com maior qualidade.
Para alcançar esta meta, acredita que é imprescindível que as empresas “invistam na digitalização”, considerando que aquelas que não o fizerem “não têm futuro; acabarão por fechar”. Os fabricantes de moldes necessitam de olhar para as soluções que existem, até porque os fornecedores investem permanentemente na investigação e aplicação de melhorias e as empresas clientes do sector “acabam por integrar essas mais-valias”.
“O processo de melhoria na indústria está de tal forma automatizado que se assemelha às atualizações que temos, periodicamente, nos nossos telefones”, salienta, enfatizando que “para ter futuro, a indústria tem mesmo de caminhar neste sentido”.
Um dos aspetos que é muito relevante e que se traduz, atualmente, numa necessidade das empresas, diz respeito à retenção de conhecimento, do saber. “A indústria tem necessidade de passar o conhecimento para o software, de forma a reter esse conhecimento dentro de casa”, afirma, frisando que “quanto mais se inclui o know-how no software, mais o processo ganha em
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/ / Sérgio Fortunato - SB Molde
facilidade e celeridade, de forma a obter os melhores resultados”. Por outro lado, lembra, esta retenção do conhecimento permitirá dar resposta a um dos enormes desafios que se colocam às empresas: a escassez de mão-de-obra especializada.
DECISÃO
Para Sérgio Fortunato, a presença de algum tipo de IA é já visível, por exemplo, em processos de gestão da produção. “Cada vez há mais softwares de CAD/CAM com automatização e que também já têm critérios de escolha de possibilidades. Sempre que necessitamos de auxílio na pesquisa também já temos essas soluções que nos permitem fazê-lo, por exemplo quando procuramos por matériasprimas ou materiais que usamos, as respostas surgem-nos automaticamente”, exemplifica, considerando que esta vertente já tem parte importante de IA, na sua aplicação prática.
Contudo, no seu entender, terão de melhorar para melhor servir as empresas. Exemplifica: “os sistemas com IA a nível da gestão da produção podem melhorar a pesquisa da informação, mas, por enquanto, com as soluções que temos só tiramos partido do que está no sistema, ou seja, com base nos dados que foram recolhidos. O sistema dá respostas baseadas no histórico daquilo que já foi feito”. Assim, a qualidade da resposta será tanto maior quanto mais informação for carregada no sistema. “Quando a IA estiver mais incorporada, vai ajudar a acelerar as pesquisas e rastreamentos”, diz. E com isso ajudará, sobretudo, na tomada de decisões.
“Hoje, isso já acontece com a automatização do sistema de gestão. Temos algumas soluções que permitem a tomada automática de decisões; há processos que podem ser filtrados para um único passo”, explica, enfatizando que, caso esta automatização não exista, “temos de recorrer ao fator humano para pesquisar e, com base na sua experiência, tomar a decisão”.
Sérgio Fortunato defende ainda que a passagem do conhecimento humano para as máquinas já está a ser feito há bastante tempo em muitas empresas. “A IA será uma ferramenta que ajuda este processo”, salienta. No caso da sua empresa, conta que este sistema de automatização de busca já está em funcionamento há algum tempo. “Ajuda-nos quando, por exemplo, procuramos uma peça para incluir num projeto e a resposta é automática, ou quando temos uma dúvida em relação a algum projeto que tenhamos desenvolvido”, explica, contando que se trata de uma ferramenta muito útil, uma vez que “ajuda a tomar decisões, dando-nos alertas de possíveis hipóteses de melhoria ou para evitar os erros”.
Na sua opinião, o desenvolvimento de software é das áreas “mais beneficiam com o desenvolvimento da IA”.
Para além de benefícios, há que ponderar também os riscos associados aos sistemas de IA. “Podemos ter respostas erradas se a informação recolhida e inserida nos sistemas não estiver correta”, cita, a título de exemplo, advertindo que “esta ideia preconcebida de que a IA é sempre correta não corresponde à verdade”. Desta forma, frisa, “é preciso fiscalizar e vigiar o que colocamos no sistema e a resposta que nos dá”.
“Vai haver sempre necessidade de ter conhecimento do processo, de forma a conseguir questioná-lo e, com isso, melhorá-lo e aplicar novas tecnologias”, defende, considerando que, para tal, “a indústria precisará sempre de pessoas com conhecimento”.
EVOLUÇÃO
Apesar disso, à medida que os sistemas de IA forem evoluindo, o caminho natural é que determinados processos necessitem de menor número de pessoas. Lembra, que há não muito tempo, eram necessários vários operadores – um para cada máquina –enquanto, atualmente, uma única pessoa consegue operar várias máquinas em simultâneo. “Isto deve-se à evolução dos processos e à digitalização”, sustenta, considerando que, “no fundo, a IA será mais uma ferramenta ao dispor da indústria para acelerar o processo de evolução”.
E a aceleração evolutiva pode culminar na questão do futuro dos moldes. “Penso que ainda temos um caminho a percorrer, mas a determinado momento, vamos perguntar-nos se a tecnologia incrementa ou diminui a necessidade de ter um molde para fazer uma peça. Em teoria, haverá sempre essa necessidade. No entanto, soluções como o 3D printing vieram mostrar que há alternativas”, salienta.
De qualquer forma, não antecipa que num futuro próximo a IA altere substancialmente a presença das pessoas ou mesmo grande parte dos sistemas de fabrico nas empresas. “Noutras atividades, centradas na produção em massa, isso poderá acontecer rapidamente. Na indústria de moldes, atendendo às suas muitas especificidades, não será tão rápido”, defende. Exemplifica com o projeto de um molde. “Poderá ser muito melhorado, mas não creio que um qualquer sistema venha substituir o projetista. Haverá sempre necessidade de alguém com conhecimento, porque cada molde é um molde”, sublinha.
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DADOS: RECOLHA, TRATAMENTO E SEGURANÇA
RECOLHER E TRATAR OS DADOS É
UM IMPERATIVO DA INDÚSTRIA
É inegável que, na era digital em que vivemos, a recolha, tratamento e segurança dos dados assumem um papel preponderante. Os dados são de tal forma importantes que já foram apelidados de ‘o novo petróleo’. São os impulsionadores da inovação e eficiência de todos os sectores, assumindo-se como as ‘vitaminas’ cruciais para o bom desempenho dos algoritmos de Inteligência Artificial. A capacidade de recolher e processar grandes volumes de dados de forma eficaz é, hoje, o que permite às empresas serem competitivas e assegurarem o seu futuro.
Rafael Almeida, Gestor da INETUM em Portugal, enfatiza a “importância exponencial dos dados na era contemporânea”, considerando-os como o ativo mais precioso da era digital, frequentemente apelidados de ‘o novo petróleo’. Esta comparação sublinha o papel vital dos dados como impulsionadores da inovação, do crescimento económico e da competitividade das empresas, sendo que as organizações mais influentes a nível mundial hoje, são as que detêm o maior volume de informação.
“É imperativo adotarmos para as nossas organizações algoritmos e modelos — entendendo que modelos são algoritmos apurados com dados — que estejam alinhados com os objetivos estratégicos das empresas, mudando o paradigma tradicional, baseado em planeamento e processos para uma orientação aos resultados e a experiência de cliente”, afirma, considerando que esta mudança de mentalidade é “essencial e alcançável com o apoio da IA”. Evidencia ainda a importância da transição da mentalidade sobre ‘como fazer’ para a mentalidade dos ‘resultados que se desejam atingir’.
Contrariando a ideia simplista da IA como “simples repositório de dados com regras”, Rafael Almeida propõe, antes, “uma visão
mais abrangente e dinâmica, onde a IA é percebida como uma ferramenta que aprende continuamente a partir dos padrões estatísticos presentes nos dados”.
Esta perspetiva baseia-se na análise de conjuntos de dados segundo os 5 V: Volume, Velocidade, Variedade, Veracidade e Valor, assegurando que os dados sejam, não só abundantes, mas também ricos em insights valiosos, precisos, diversificados, “reduzindo assim a entropia dos modelos de IA e aumentando o ganho de informação”.
A habilidade para discernir padrões complexos permite que o algoritmo aprenda e evolua para “um modelo capaz de fornecer as respostas procuradas”. Rafael Almeida salienta o potencial de transformação da IA, “capaz de decifrar padrões e aplicar metodologias sofisticadas, como árvores de decisão e redes neurais, impulsionando progressos significativos em vários sectores da sociedade, desde a indústria à medicina, passando pela ciência e pelas finanças”.
No âmbito da Inteligência Artificial Geral (IAG), Rafael Almeida sublinha o conceito de uma IA que “consiga compreender, aprender e aplicar conhecimento numa ampla gama de tarefas - de forma similar à inteligência humana -, uma meta ainda por atingir”.
A seleção cuidadosa de algoritmos e de datasets para a obtenção de modelos específicos sublinha a importância de uma abordagem personalizada na aplicação da IA, garantindo “a ferramenta mais adequada para cada situação, como numa caixa de ferramentas”. Por exemplo, concretiza, “a aprendizagem supervisionada é preferida para problemas de classificação e regressão, com dados etiquetados para o treino dos modelos, enquanto a aprendizagem não supervisionada serve para identificar padrões ou agrupamentos em dados não etiquetados”. Já a aprendizagem por reforço é usada em cenários que exigem que um agente aprenda a tomar decisões por tentativa e erro, frequente em jogos ou simulações”.
BENEFÍCIOS
Na indústria de moldes (na qual exerceu a sua atividade durante mais de uma década), Rafael Almeida antecipa um “futuro promissor para a aplicação da IA”, realçando os benefícios em processos variados, “desde o comércio exterior, orçamentação, cadeia de fornecimento, projeto, simulação, programação, controlo de qualidade, à manutenção preditiva”. Incentiva as
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/ / Rafael Almeida
empresas na adoção de “soluções de IA adaptáveis e existentes no mercado, que possam ser rapidamente integradas de uma forma eficaz nos ecossistemas empresariais e do sector, promovendo o desenvolvimento e progresso tecnológico”.
Rafael Almeida enfatiza a “capacidade de integração e de adoção tecnológica”, assim como “a cibersegurança” como “desafios cruciais para todas as organizações”, defendendo a necessidade de “proteger os modelos de IA e evitar o envenenamento de dados, assegurando assim os resultados que desejamos alcançar”.
“A adoção da inteligência artificial na indústria não constitui apenas uma vantagem competitiva, mas tornou-se uma exigência essencial para a permanência e sucesso no competitivo mercado global”, considera.
ADVANCE CODING EXPERTS: “QUANTO MAIS DADOS TIVERMOS, MELHOR A MÁQUINA APRENDE”
À pergunta ‘que dados devem ser, prioritariamente, recolhidos’, Luís Maurício, da Advance Coding Experts (do grupo DRT) responde com um perentório ‘todos’. Há vários tipos de dados e com diferentes origens, salienta, exemplificando com elementos como a sensorização das máquinas, os dados que são registados por operadores, os de produções ou de localização, entre outros. No seu entender, todos eles são importantes.
“A IA, por exemplo, para ter resultados minimamente aceitáveis, tem de analisar uma quantidade enorme de dados. E quanto mais dados tivermos, melhor a máquina aprende”, considera.
Luís Maurício conta que a sua empresa, que desenvolveu um software avançado de gestão (com características específicas para a indústria de moldes), o SBI, passou, no início, por uma dificuldade: o facto de não ter dados em quantidade e suficientemente estruturados que fossem possíveis de utilizar pela IA. Outra questão que então se levantou - e que importa realçar quando se fala de recolha de dados – foi a fiabilidade dos mesmos. Na época, na empresa onde nasceu a Advance, a recolha de alguns dados obrigava à intervenção de pessoas no processo. Por vezes, recorda, havia falhas na recolha de alguns dados e foi necessário criar rotinas de vigilância e controlo.
“Este é um dos principais desafios que temos, até porque muitas
empresas ainda necessitam de operadores para recolha dos dados”, afirma. Contudo, adianta, passar por esse processo e encontrar soluções “acabou por tornar o SBI mais robusto e fiável”.
“Quando estamos em pleno desenvolvimento da implementação de um sistema, aprendemos muito com as dificuldades que vamos encontrando”, sublinha, contando que, para a resolução daquele caso em concreto, foi necessário criar uma tecnologia que fizesse o cruzamento de informação relativa a cada projeto. A fiabilidade é essencial quando se está na fase de recolha de dados, salienta, considerando que, sempre que isso implica ‘mão humana’, “é imprescindível que as pessoas tenham esta noção: têm de ser formadas e bem preparadas para priorizar a segurança deste procedimento”.
PADRÕES
As tecnologias evoluíram de forma muito rápida e, de uma maneira geral, os equipamentos que apetrecham hoje a indústria têm, na generalidade dos casos, sistemas automáticos de recolha. Isso, acentua, “evita muitos erros”.
Uma vez recolhidos, os dados necessitam, numa fase seguinte, de ser tratados. “Aí já não deve haver intervenção humana”, salienta, explicando, de forma sintética e acessível, que os dados são registados, usados como ‘experiência’ para aprendizagem pelos sistemas e, a partir daí, são criadas rotinas que se uniformizam. São encontrados padrões. E nesse momento, começam a ser aplicados os algoritmos de IA. Os mais conhecidos são os de machine learning
“A máquina, tendo em conta os dados que analisa, consegue identificar um conjunto de padrões que, muitas das vezes, passam despercebidos ao olhar humano”, esclarece. Ora, se os dados recolhidos estiverem errados, a máquina ‘aprende’ de forma errada. Por isso, os dados têm de ser fiáveis. O tratamento dos dados representa vantagens grandes para as empresas.
Luís Maurício dá alguns exemplos: “A nível de orçamentação: quando uma pessoa está a fazer um orçamento, é-lhe dada uma previsão de custo tendo em conta dados fiáveis e atualizados. Com isso, é possível ter uma decisão mais real sobre o valor a apresentar ao cliente no preço do projeto”, explica, adiantando que, além disso, “é muito mais rápida a execução do orçamento”.
Uma outra questão diz respeito ao planeamento. “O sistema, tendo em conta o histórico que tem, pode sugerir o planeamento da peça, tendo em conta questões como as dimensões das máquinas e as suas especificidades”, adianta. Uma outra vantagem que enumera é a manutenção preditiva. “O sistema ‘sabe’ qual a rotina de consumos, por exemplo, por isso deteta desvios e outros possíveis problemas”, explica. Em síntese, a empresa ganha “rapidez, redução de tempos e custos, otimização de processos e a melhoria inquestionável das condições de quem trabalha”.
Por enquanto, os sistemas implicam que a decisão final seja sempre tomada pelo Homem. Luís Maurício considera que, independentemente da evolução, essa regra se deve manter. Até porque, recorda, a indústria de moldes tem algumas especificidades – como o facto de o molde ser sempre um produto
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/ / Luís Maurício - DRT
único – que dificultarão a substituição da decisão por máquinas. “Nesta fase, a IA é mais uma ferramenta para auxiliar a tomada de decisões do Homem”, enfatiza.
MATURIDADE DIGITAL
E como iniciar o processo numa empresa que ainda pouco tenha feito? Para Luís Maurício, “o primeiro passo é calcular o nível de maturidade digital da empresa”. Ou seja, perceber, em termos tecnológicos, qual é o nível em que está, seja no chão de fábrica, seja na área da gestão propriamente dita. Depois, tem de decidir o que é importante mudar. “Só depois disto é que convém começar a pensar no resto”, salienta, especificando que esse ‘resto’ é a solução digital adequada aos objetivos da empresa.
Luís Maurício alerta para uma questão que deve caminhar lado a lado com a evolução tecnológica: a segurança informática. Lembrando que muitos dos equipamentos do chão de fábrica, quando foram pensados e desenvolvidos, não tiveram em conta esse aspeto, exorta as empresas a dedicarem bastante atenção a este aspeto. “Se queremos uma empresa totalmente digitalizada, temos de garantir que está segura”, afirma, explicando que “isso não significa que não seja atacada – não há sistemas 100 % seguros -; significa que está preparada para, rapidamente, reagir e não perder capacidade de produção com algum ataque informático”. Neste aspeto, adverte, para além da vigilância permanente dos sistemas, é necessário apostar na formação dos colaboradores para que adotem os comportamentos mais seguros.
SINMETRO: “É ESSENCIAL QUE AS EMPRESAS USEM OS DADOS EM BENEFÍCIO DA SUA COMPETITIVIDADE”
O mercado tem hoje soluções que “permitem utilizar um conjunto de ferramentas que podem utilizar os dados que as empresas geram diariamente para as ajudar a serem mais eficientes e eficazes no seu desenvolvimento”. Por isso, com esta certeza, Cristina Barros, da Sinmetro, defende que as empresas devem apostar nestas ferramentas e incrementar a sua competitividade.
Neste momento, considera, “todas as empresas de moldes já recolhem muitos dados, ao longo da sua cadeia de valor”. Mas é preciso ir mais longe: “o essencial é que usem esses dados em seu benefício”. Usando a área comercial como exemplo,
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/ / Cristina Barros - Sinmetro
refere que são já muitas as empresas que utilizam ferramentas de gestão da relação com o seu cliente, que permitem recolher dados sobre a dinâmica comercial, de prospeção do mercado ou da sua dinâmica orçamental, entre outros aspetos. Com estes dados, conseguem percecionar, por um lado, aquela que é, na sua opinião, a taxa de conversão dos orçamentos em projetos (que na indústria de moldes, no seu entender é baixa porque é inferior a 10 %) e, por outro lado, agir sobre esse valor e tentar encontrar formas de o alterar. A IA pode ser, neste aspeto, um aliado das empresas, defende.
Caminhando pela cadeia de produção, as empresas têm também sistemas ao nível da gestão de projetos e de planeamento. Algumas destas soluções incorporam ferramentas avançadas com algoritmos de IA, dando possibilidade de uma ação automática e dinâmica. O mesmo se aplica ao controlo de qualidade ou ao desenvolvimento do projeto.
Seria, portanto, de esperar que face às soluções disponíveis, se registassem alterações de vulto na dinâmica empresarial. Não sendo esta a realidade, o que está a falhar?
Para Cristina Barros, tudo se resume a uma questão: “se as empresas estão a pegar no potencial que têm internamente, que são os dados que geram todos os dias, e os estão a usar de forma a retirar proveito”. Na sua opinião, a maioria não está ainda desperta para esta questão.
“É muito difícil uma empresa fazer um molde bem à primeira. Mas é o que todas desejam. Por isso, estas soluções são tão importantes: permitem que seja usada toda a informação para melhorar o processo e evitar os erros e desperdícios”, considera, adiantando que “afinal, é isto que todos ambicionamos”.
INVESTIMENTO
No caso da IA, defende que os sistemas têm de ser treinados para corresponder, através da indicação das respostas corretas. Por isso, é importante que os dados recolhidos sejam fiáveis, que possam ser validados de forma a construir um histórico correto da atividade, de forma a construir uma ferramenta eficaz.
O facto de cada molde ser único não deve constituir problema, até porque “o desafio é encontrar as similaridades, perceber padrões de comportamento para determinadas tipologias de moldes”, defende. Depois, considera, é importante perceber o que se consegue otimizar, a nível da produção, de forma a retirar ganhos com o processo; ou seja, “até que ponto é que conseguimos ter roteiros de produção standards para cada tipo de peça”. E até na questão do outsourcing, considera, é possível recorrer a soluções que especifiquem a vantagem de ir buscar fora ou produzir internamente.
O fundamental, salienta, “é ter os dados devidamente categorizados e tipificados”, uma vez que, com isto, “será possível aplicar a IA a partir de uma fase muito precoce da produção, como a orçamentação”.
Admitindo que uma parte considerável de empresas tem feito um enorme investimento nesta questão, defende que o fazem porque têm a noção clara de que se trata, efetivamente, da
possibilidade mais realista de “se manterem no mercado de uma forma eficiente e eficaz”.
“Existe um esforço gigante das empresas em investimentos no desenvolvimento de ferramentas próprias, na aquisição de ferramentas comerciais, na capacitação das pessoas, para cada vez mais, terem dados fiáveis”, salienta. E a evolução de todas estas ferramentas, explica, tem sido muito rápida. “Há cinco anos, eu diria que estávamos ainda no ‘caminho das pedras’, mas hoje as empresas com as quais nós trabalhamos - e que são bastantes – têm apostado fortemente na digitalização dos seus processos”, afirma.
E se a decisão, na generalidade dos processos, ainda reside, hoje, nas pessoas, Cristina Barros considera que, num futuro próximo, passará para a máquina. “Em algumas das etapas da produção isso já acontece, mas não tenho dúvidas de que vai acontecer a todos os níveis, ao longo da cadeia de valor: no planeamento, na produção, ao nível da simulação computacional, da seleção de materiais e de determinadas decisões que estão centradas nas pessoas”, defende, considerando que isso trará benefícios ao processo, como redução de tempos e de custos.
Contudo, adverte, a velocidade da inovação vai obrigar a que as empresas estejam atentas e vigilantes às novas soluções, para se manterem competitivas. “As empresas devem aproveitar ao máximo os incentivos que existem na área da digitalização, de forma a prepararem hoje o seu futuro”, declara.
SEGURANÇA
A inovação não traz apenas benefícios. A questão da segurança está intrinsecamente ligada ao avanço tecnológico nas empresas. Por isso, defende, estas têm de investir, cada vez mais, em cibersegurança.
“Este é um ponto crítico porque todo o processo pode ser posto em causa se não houver uma estratégia de cibersegurança bem definida, com auditorias frequentes, com monitorizações”, adverte, salientando que, em termos de importância, a segurança informática caminha lado a lado com a qualidade. “Hoje, existem várias ferramentas disponíveis a este nível, de forma a ajudar as empresas. Até porque há questões políticas e normas a ter em conta, como a privacidade dos dados e a sua segurança, sejam eles pessoais ou empresariais ou de outro tipo”, explica, sublinhando que, para acautelar essas questões, as empresas precisam de fazer um investimento contínuo.
É que o risco de não o fazer é muito elevado. “Em segundos, os investimentos que fizemos na modernização podem cair por terra, se formos vítimas de um ataque informático bem-sucedido”, enfatiza.
Um dos passos que sugere é que as empresas façam simulacros constantes, pondo à prova o seu sistema de defesa. “Hoje, considero que tão importante como fazer simulacros de sismos ou outro tipo de catástrofes, é testar o sistema de defesa informático”, sublinha, considerando que isso permitirá averiguar, não apenas o funcionamento dessas ferramentas, mas também a maturidade informática das pessoas.
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A LENTA MUDANÇA DO TRADICIONAL AO TECNOLÓGICO NA ORÇAMENTAÇÃO DO MOLDE
A orçamentação representa uma fase crucial no processo do fabrico do molde, exigindo um profundo conhecimento e experiência por parte do orçamentista. Até hoje, essa etapa tem estado exclusivamente dependente da mão humana. A pessoa responsável pelo orçamento tem, desde o conhecimento detalhado do processo de fabrico até à avaliação precisa dos custos das matérias-primas, conjugando-os com o valor oferecido pelo cliente, bem como com as circunstâncias específicas da empresa. É um balanço exigente que poderá vir a ser simplificado pelo recurso à Inteligência Artificial. Entre vantagens e reservas, as empresas estão a avançar lentamente nesta mudança do tradicional ao tecnológico.
Será a máquina capaz de substituir o Homem numa das fases mais delicadas do processo de fabrico do molde, a orçamentação? De uma maneira geral e numa perspetiva otimista, os responsáveis por esta tarefa consideram que sim, classificando esse passo como uma evolução significativa. Mas levantam algumas reservas em relação à plenitude desta substituição, à luz do que se conhece hoje sobre a IA. E projetando o futuro, preveem algumas dificuldades, como a desumanização da relação com os clientes ou mesmo uma preocupante curva descendente no processo de conhecimento.
O papel do orçamentista, como é descrito por Paulo Ferreira Pinto, da Mold World, é uma “súmula profunda do conhecimento necessário para o fabrico de moldes”. Esse profissional, adianta, “tem de conseguir, em poucos minutos, não apenas decifrar rapidamente o design da peça plástica, mas também conceber um molde viável e, ao mesmo tempo, elaborar um processo completo, estimando níveis de tempo e custo, a fim de atribuir um valor realista ao molde”. Essa tarefa, considera “é complexa e exige experiência e conhecimento acumulado ao longo dos anos”.
Ao considerar a introdução da IA neste processo, as reservas de Paulo Ferreira Pinto não estão relacionadas com a tecnologia existente que, no seu entender, “está desenvolvida o suficiente para isso”. Devem-se, sim a duas questões fundamentais que dependem diretamente do tratamento dos dados, especialmente do histórico de projetos de moldes.
Em primeiro lugar, destaca a questão da escala. “A maioria das empresas do sector são PME e enfrenta dificuldades em gerar metadados em quantidade suficiente”, para alimentar algoritmos
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de IA. “Mesmo que todos os dados, de todas as empresas, fossem reunidos e compilados, ainda assim não seriam suficientes para garantir uma base de dados abrangente o bastante”, defende.
Além disso, enfatiza a questão da coerência dos mesmos. “Dada a diversidade entre as empresas e os diferentes métodos de tratamento de dados que utilizam, seria extremamente desafiador obter e harmonizar esses dados numa única base”. As disparidades entre as empresas, salienta, “tornariam praticamente impossível a articulação eficaz desses dados num único sistema”.
Como exemplo desta sua convicção aponta o que se passa, hoje, com a condução autónoma da marca Tesla, na qual os sistemas de IA são ‘alimentados’ pelos dados dos milhões de carros que andam na estrada. Portanto, enfatiza, embora a tecnologia esteja avançada o suficiente para suportar a IA na orçamentação de moldes, as limitações relacionadas com a escala e a coerência dos dados representam desafios significativos a serem superados. “E mesmo que o conseguíssemos fazer, os custos associados seriam incomportáveis”, frisa.
Congratula-se com aquilo que hoje existe a nível tecnológico e que, na prática, veio simplificar o trabalho do orçamentista. “O que temos são ferramentas tecnológicas de apoio à orçamentação, mas não podemos, nesta fase, considerá-las como IA”, salienta.
“Quando falamos de orçamentação, estamos a apelar ao nível mais alto de capacidade de inteligência artificial: não se trata exclusivamente do simples processamento de dados adquiridos, trata-se de replicar aquilo que nós temos como humanos, a nossa capacidade heurística, ou seja a aptidão de encontrar soluções, com base na criatividade, intuição e experiência”, defende.
DESAFIOS
Quando pensa no futuro, mostra-se esperançado que os sistemas possam caminhar para um papel mais ativo da IA. “Meramente no campo das suposições, é certo e expectável que isso venha a acontecer, até porque a velocidade a que está a ocorrer o desenvolvimento tecnológico, poderá certamente dar azo a que os próprios sistemas de IA, à medida que vão melhorando a sua performance de aprendizagem, possam ter autossuficiência nessa capacidade de dar coerência aos dados e tomar decisões complexas”. E, acrescenta, seria desejável essa mudança de paradigma para a IA, uma vez que “representaria um impacto enorme nas organizações”.
Chama, no entanto, a atenção para a necessidade de, na construção destes sistemas de IA, haver um controlo muito rigoroso para que não existam dados incorretos. “O erro pode sair muito caro e colocar em causa toda uma organização”, salienta.
E se a tecnologia evoluísse de tal forma que fabricante de moldes e cliente comunicassem por IA, considera que isso teria alguns pontos positivos, como “trazer transparência ao processo”. No entanto, questiona, “e alguém estaria interessado nessa transparência, nessa seriedade absoluta”? É que, enfatiza, “não é dessa forma transparente que, tipicamente, os negócios funcionam”. Acrescenta um exemplo: “a nossa transparência dificilmente seria igual às das empresas localizadas noutras zonas do globo e, apenas com isso, já poderíamos estar a perder”.
Apesar de ter de contemplar um conjunto de valores básicos associados à rentabilidade do negócio e da empresa, a orçamentação tem, no entender de Paulo Ferreira Pinto, outras variáveis que uma máquina dificilmente conseguiria introduzir: “a definição do preço não pode ser, nunca, apenas um exercício de cálculo matemático; há questões de intuição que influenciam o valor, como, por exemplo, o preço de entrada de um novo cliente”. Ou seja, sublinha, “as evoluções tecnológicas são inevitáveis, tal como os benefícios que trazem, mas a sua aplicação não abrangerá, num futuro próximo, todas as tarefas das nossas vidas”.
No seu entender, além das vantagens, a evolução tecnológica também apresenta riscos. Um deles é o impacto no conhecimento do ser humano. “O conhecimento é aquilo que nos diferencia, mas temo que, com a evolução da IA comecemos a assistir ao declive da curva do conhecimento”, afirma, acrescentando, logo de seguida, que “tudo isto é pensamento especulativo porque, obviamente, ninguém sabe como será a evolução e o seu impacto”.
Lembrando que o ritmo tecnológico tem sido muito acentuado e que, “em pouco tempo, conseguimos alcançar capacidades de processamento das máquinas absolutamente impensáveis há meia dúzia de anos”, considera que “é preciso que nos preparemos para esta evolução da IA porque ela irá, mais cedo ou mais tarde, acabar por acontecer”.
VANGEST: “A ORÇAMENTAÇÃO SERÁ DAS ÁREAS QUE MAIS VAI GANHAR COM A IA”
Carlos Melo, do Grupo Vangest, é perentório: “A orçamentação de moldes será uma das áreas que mais vai ganhar com os avanços da IA”. E justifica que com esta tecnologia “a partir da análise de projetos anteriores será possível identificar padrões e, com base nesse histórico e nos valores atuais do mercado, será possível obter orçamentos bastante precisos para toda a produção do molde”.
Adianta que, “se quisermos ir mais longe, poderá ser possível planear toda a produção do molde a partir do orçamento, antevendo potenciais problemas ou estrangulamentos no processo, simulando diferentes cenários, alocando recursos, prevendo valores de matérias-primas, prazos e muito mais”. Para que tal aconteça, salienta, “tudo dependerá da informação com que a IA será alimentada e com a qual aprenderá”.
A sua convicção é baseada na experiência, conta. É que no Grupo Vangest “utilizamos um software de orçamentação de moldes,
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/ / Paulo Ferreira Pinto - Mold World
o QUICKQUOTE (desenvolvido internamente há dez anos e que vem sendo melhorado continuamente) que, a partir da análise à geometria do modelo 3D da peça consegue, através de algoritmos e um conjunto de parâmetros, estimar com bastante precisão o custo do molde”.
A IA, acrescenta, “terá um papel importante em futuras versões do software, mas também será usada para análise interna de todos os dados disponíveis, desde a orçamentação, planeamento, compras, produção, etc. Todos estes dados serão usados para que os próximos orçamentos sejam mais precisos”.
Para Carlos Melo, o papel do orçamentista não estará, num curto prazo, em risco. “Poderá acontecer (a IA substituir o Homem), mas não a curto prazo, pois existem muitas questões subjetivas que necessitam da intervenção ou supervisão humana”, defende.
Na sua visão, “a IA irá revolucionar o mundo como o conhecemos. Estima-se que nos próximos anos a humanidade vivenciará uma transformação em todos os sectores, impulsionada pela Inteligência Artificial. Eventualmente, todos os processos baseados em conhecimento e experiência serão executados por sistemas de IA, e os orçamentos não serão exceção”.
EFICIÊNCIA
“A rapidez e precisão dos orçamentos criados pela IA serão impossíveis de igualar pelo mais experiente ser humano”, adverte Carlos Melo, salientando que “da mesma forma que a IA irá criar os orçamentos, também serão sistemas de IA que os irão receber, analisar e tomarão decisões sem a intervenção humana”.
Na sua perspetiva, “tudo isto levará a uma otimização de processos e maximização da eficiência dos recursos disponíveis, permitindo prazos mais curtos, custos mais baixos e melhores margens”. No entanto, para além dos benefícios, chama a atenção também para alguns riscos.
“Temos de perceber que a IA está a dar os primeiros passos, está a aprender. Mas apesar de aprender muito rapidamente, irá cometer erros que fazem parte do processo de aprendizagem, pelo que nos próximos anos será sempre necessária a supervisão e intervenção humana em todos os processos em que a IA intervenha”. E, neste aspeto, considera, a orçamentação não será exceção.
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/ / Carlos Melo - Vangest
“Não devemos encarar a IA como uma ameaça ou um risco, mas sim como parte inevitável do processo evolutivo e em que a indústria será das áreas onde o potencial de ganhos de eficiência será mais elevado”. E no futuro, adianta, “acredito que a IA vai escalar muito rapidamente, que sistemas de IA comuniquem entre si e, por exemplo, os orçamentos possam ser feitos com a mínima intervenção humana”.
UNITE: “A ORÇAMENTAÇÃO É A ÁREA MAIS CRÍTICA DA ATIVIDADE DE UMA EMPRESA”
A IA vai seguir a linha de aprendizagem que os produtores de moldes foram fazendo, ao longo dos anos, até estarem aptos a abraçar a orçamentação: aprendendo com os sucessivos projetos e os seus desafios, e usando experiências similares como padrão para futuros projetos e orçamentos. É desta forma que Mário Galvão, da Unite, olha para a evolução da IA aplicada à orçamentação de moldes. A grande diferença, considera, é o tempo de aprendizagem. Se um profissional do sector necessita de vários anos até consolidar o conhecimento e experiência necessários, a máquina irá consegui-lo em pouco tempo. É uma questão de evolução. Mas tem grandes reservas em imaginar que, num futuro a curto prazo, isso venha a acontecer.
“A orçamentação é, talvez, a área mais crítica da atividade de uma empresa, até no que diz respeito à sua sustentabilidade”, defende, esclarecendo que “é a orçamentação que determina, em todo o momento, a continuidade da atividade da organização”. Por outro lado, trata-se de um processo “crítico”, uma vez que “engloba toda uma série de conhecimentos de quem está a fazer o orçamento, e que têm a ver com o histórico de projetos, mas também com muitas outras questões, algumas delas subjetivas e intuitivas”.
O facto de a indústria de moldes ser classificada como de ‘protótipos’, faz com que cada orçamento seja único, uma vez que se destina a um molde que não será repetido. “É através do conhecimento que foi sendo adquirido ao longo de muitos anos que quem está a orçamentar consegue, com muita rapidez, perceber como vai funcionar o molde muito antes de ele existir e, com base nessa experiência, consegue calcular um preço para cada um dos projetos”, salienta.
Se o orçamentista pudesse, em teoria, ser substituído por um sistema de IA, “isso poderia acrescentar ganhos ao processo, como
a rapidez de resposta”. Contudo, enfatiza, “os atuais sistemas ainda não são tão desenvolvidos que permitam fazer essa substituição”.
O que existe e acrescenta valor a quem elabora os orçamentos são softwares que incorporam algum tipo de automatização, ou até mesmo de IA, através de machine learning, adianta. “Mas, como se pode facilmente compreender, conseguir transpor o conhecimento para um sistema ou um algoritmo de IA, implica a recolha de um número infindável de dados e a sua compilação, para permitir ter uma experiência semelhante àquela que um técnico de moldes desenvolveu ao longo de 20 ou 30 anos de experiência”, sustenta. Contudo, admite não ter dúvidas de que isso acabará por acontecer. “Vai ser possível, até porque estamos a falar de um tipo de aprendizagem (IA) que, não podemos esquecer-nos, tem uma curva exponencial. Levará o seu tempo, mas acabará por acontecer”, frisa.
DESUMANIZAÇÃO
Com o apoio dos sistemas, atualmente o orçamentista consegue obter “com rapidez dados concretos sobre projetos semelhantes”, o que contribui para agilizar o processo de orçamentação. “Um orçamento que há alguns anos poderia levar cerca de meia hora, dependendo do tipo de molde, hoje pode ser feito em 10 minutos”, exemplifica. E isto deve-se, sobretudo, à evolução da tecnologia de orçamentação, nomeadamente naquele que é a automação dos processos, acrescenta.
“A orçamentação tem evoluído de uma forma cada vez mais precisa, ou seja, hoje temos uma linha muito fina entre aquilo que é o preço que o cliente deseja pagar por um serviço (no caso, o molde) e o valor que nós podemos cobrar por esse serviço. E essa linha é tão ténue que a negociação - e o perder ou ganhar o projeto - depende, muitas vezes, de pequenos detalhes”, explica, sublinhando que “por isso, é tão importante ter a capacidade de desenvolver um orçamento que não só seja competitivo e que possa estar próximo daquilo que o cliente aceita, mas que também seja claro relativamente àquilo que é o valor acrescentado que a empresa está a oferecer”. É que, enfatiza, “muitas vezes, é isso que decide a adjudicação do projeto, mas também, em alguns casos, a continuidade da relação comercial com o cliente”.
“Podemos considerar que a orçamentação é o primeiro grande desafio do projeto de moldes; é a primeira grande barreira a ser ultrapassada e, por isso, é fundamental a precisão e rigor”, afirma ainda, acrescentando que isso também se aplica a uma outra área importante da indústria que é a orçamentação de alterações de moldes.
Desafiado a imaginar um futuro em que clientes e fabricantes comuniquem através de máquinas e que sejam estas a definir os valores dos negócios, Mário Galvão considera que “isso, dificilmente, acontecerá nos próximos anos”. Até porque tal mudança de paradigma implicaria uma questão que, salienta, dificilmente acontecerá: a desumanização da relação comercial.
“Atualmente, a maioria dos nossos negócios estão alicerçados numa forte relação de confiança entre cliente e fornecedor. A partir do momento em que esse processo seja automatizado, essa relação torna-se desumanizada e isso significa, em última instância, que deixará de haver elementos diferenciadores na indústria”, defende.
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/ / Mário Galvão
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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL APOIA
PROJETISTAS NA CONCEÇÃO DO MOLDE
A Inteligência Artificial adiciona pontos capazes de elevar o projeto de moldes a novos patamares. Este processo, historicamente dependente do desempenho humano, é hoje enriquecido pelas capacidades da IA que, ao utilizar algoritmos avançados, consegue analisar uma variedade de parâmetros, incluindo propriedades dos materiais ou geometria das peças. A juntar a isso, as ferramentas de simulação alimentadas por IA permitem prever o desempenho dos moldes em diversas condições, conduzindo a uma tomada de decisão mais informada durante a fase de conceção, incrementando a qualidade e eficiência.
“A Inteligência Artificial (IA) tem vindo paulatinamente a ser introduzida em cada vez mais áreas das atividades humanas, incluindo na indústria e, sem dúvida, no projeto de moldes, o que deve ser encarado como a sequência lógica da evolução dos processos de automatização”, considera Teresa Neves, da Simulflow, adiantando que, neste contexto, “a IA pode ser utilizada
em tarefas em que os algoritmos ajudam a otimizar o projeto, analisando vários parâmetros, como por exemplo, as propriedades dos materiais, os sistemas de alimentação e de refrigeração e a geometria das peças, para melhorar a eficácia e reduzir os custos, e também através das ferramentas de simulação alimentadas por IA , as quais podem ajudar os projetistas a prever o desempenho dos moldes em diferentes condições, permitindo uma melhor tomada de decisões durante o processo de conceção”.
Teresa Neves enfatiza que “a IA tornou-se um fator de mutações em múltiplos processos e a conceção dos moldes não é exceção”. Justifica que, “ao automatizar tarefas repetitivas, fornecer informações em tempo real e ajudar na resolução de problemas, a IA permite que os trabalhadores se concentrem em atividades mais complexas e de valor acrescentado”. Isto, no seu entender, “conduzirá a uma força de trabalho mais qualificada e eficiente, otimizando a produtividade global”.
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Os algoritmos alimentados por IA, salienta, “podem analisar dados históricos e daí sugerir soluções ao projetista que reduzam o tempo de execução do projeto, bem como contribuam para evitar eventuais erros”. Por isso, defende, “este é um caminho que está ainda a ser iniciado, mas o futuro, tudo aponta nesse sentido, vai passar pelo incremento do uso da IA, mesmo que não seja exatamente como se pode perspetivar hoje”.
DESAFIOS
Embora a IA ofereça muitas vantagens no projeto de moldes, “há também algumas desvantagens potenciais a considerar, particularmente até que este processo atinja a maturidade”, adverte Teresa Neves, citando como exemplos “a complexidade, custo, privacidade e segurança de dados, incorreções e dependência acrítica”. No seu entender, “a implementação intensiva da tecnologia de IA no projeto de moldes pode ser complexa e exigir conhecimentos e experiência especializados, a que é necessário estar atento e agir em conformidade”.
Por outro lado, sublinha, “pode ser, pelo menos durante um período de médio a longo prazo, dispendiosa, especialmente para pequenas empresas ou empresas com orçamentos escassos. O custo de aquisição de software de IA, hardware e formação de pessoal pode ser, nesta fase, um obstáculo para algumas entidades”. Para além disso, “os sistemas de IA na conceção de moldes dependem de grandes quantidades de dados, o que suscita preocupações na esfera da privacidade e segurança”.
“Garantir a proteção de informações sensíveis e o cumprimento dos regulamentos relativos a dados pode ser um desafio”, enfatiza, alertando que “os algoritmos de IA podem ser suscetíveis de incorreções se forem treinados com dados enviesados. Isto pode conduzir a resultados ou decisões incorretas na conceção do molde, afetando potencialmente a qualidade do produto”.
Na sua visão, “é importante monitorizar cuidadosamente e abordar a parcialidade nos sistemas de IA”. É que “confiar acriticamente ou demasiado na tecnologia de IA no projeto de moldes pode levar a uma dependência cega do sistema” e “se o sistema de IA funcionar mal ou encontrar erros, pode perturbar o processo de conceção e os prazos de entrega”.
OTIMIZAÇÃO
Para Teresa Neves, “a inovação, a sensibilidade e o espírito crítico terão de estar presentes no processo da conceção do molde”, e, ao mesmo tempo, “é também necessário efetuar a monitorização dos sistemas de IA”. Assim, considera que “tanto quanto é possível antever no atual grau de desenvolvimento, vamos continuar a precisar de projetistas, mas possivelmente, em resultado do aumento da produtividade do trabalho, em menor número”.
“Podemos afirmar com elevado grau de certeza que a IA pode contribuir para otimizar o processo de conceção de moldes, utilizando a análise de dados, a aprendizagem automática e técnicas de conceção generativas”, afirma Teresa Neves, defendendo que “estas decisões baseadas em dados permitem que as empresas se mantenham à frente da concorrência e impulsionem a melhoria contínua”. Adverte, todavia, que, “em geral, embora a IA ofereça muitos benefícios no projeto de moldes, é essencial estar ciente das potenciais desvantagens e tomar medidas para as mitigar ou evitar”.
CADMOLD: “AI CONFERE ENORMES VANTAGENS AO PROJETISTA”
A Inteligência Artificial (IA) está a tornar-se cada vez mais presente e a sua utilização vantajosa na conceção e projeto de moldes, sendo sinónimo de alguns benefícios significativos no processo. Quem o afirma é Leonel Calças, da Cadmold, destacando que algumas das soluções já em uso conseguem, por exemplo, “gerar alertas para questões que não estavam previamente consideradas pelo projetista”. E este, considera, é apenas um dos exemplos daquilo que a IA permite aportar ao processo, enumerando outras questões, como a possibilidade de reconhecimento das propriedades dos materiais, bem como a rápida descodificação da complexidade da geometria das peças, para salientar que, neste momento, a constante evolução desta tecnologia “é uma evidência”.
“Obter respostas rápidas para estas questões relacionadas com a injeção da peça ou um conjunto alargado de características técnicas é fundamental para desenvolver um bom projeto, especialmente em situações que envolvem materiais desconhecidos”, salienta.
A rapidez é, no seu entender, uma das grandes vantagens que identifica na IA: possibilita uma análise rápida e precisa. “Para quem está a projetar, é fundamental ter uma ferramenta que permita uma decisão rápida e rigorosa”, sublinha.
A Cadmold, revela Leonel Calças, tem uma larga experiência de trabalho no sector da relojoaria, que se rege por normas rigorosas que regulam o uso de componentes químicos nos plásticos - devido ao contacto com a pele humana. Usa este caso como exemplo para ilustrar “o papel importante” que assume, hoje, a aplicação dos algoritmos de IA. “Os sistemas equipados com IA podem avaliar rapidamente se os novos materiais são ou não adequados, garantindo conformidade com os padrões exigentes”, sustenta, considerando que tal característica “é uma enorme vantagem para o projetista”.
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/ / Teresa Neves - Simulflow
EVOLUÇÃO
Embora ainda existam limitações na integração de IA em algumas áreas, “é evidente que a tendência é de evolução”, defende. Os softwares utilizados para desenho e simulação já incorporam elementos de IA, disponibilizando sugestões e alertas que facilitam o processo de tomada de decisão. No entanto, existe ainda, para Leonel Calças, uma dose de ceticismo quanto à “maturidade destas tecnologias”. Defende, por isso, que, até a tecnologia alcançar um outro patamar de consolidação, será necessário “existir a verificação e confirmação das soluções geradas pelos sistemas de IA”.
Na sua perspetiva, esta poderá ser uma questão geracional. E explica: “esta precaução e necessidade de vigilância reflete a postura cautelosa da atual geração, enquanto a próxima, criada num ambiente onde a confiança nas máquinas é intrínseca, provavelmente não terá as mesmas reservas”.
Salientando que se prevê que a IA venha a ter um impacto significativo no mercado de trabalho, potencialmente reduzindo o número de pessoas necessárias em determinadas áreas, mostra-se convicto de que a área do projeto de moldes será, pelas suas características, uma das que “corre risco de desaparecer”. A comunicação entre softwares e a interligação da IA com diferentes estágios do processo de fabricação apontam para uma maior automação e redução da intervenção humana, salienta. Contudo, acredita que tal realidade ainda “está longe de acontecer”.
Apesar dos avanços, a indústria de moldes ainda mantém práticas tradicionais em muitos aspetos. A incorporação de IA é vista como uma estratégia essencial para a redução de custos, a otimização de tempos e processos e, sublinha Leonel Calças, “a sua adoção torna-se praticamente obrigatória para as empresas que desejam manter-se competitivas”. Considera ainda que, “embora não haja indícios de um avanço significativo da concorrência internacional nesta área, a necessidade de adaptação e inovação é um imperativo para a indústria de moldes”. E a IA fará parte, inquestionavelmente, do futuro desta indústria.
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/ / Leonel Calças - Cadmol
CAMINHO PARA A EFICIÊNCIA PASSA POR
TORNAR INTELIGENTES OS PROCESSOS
Automatizar tarefas complexas. Otimizar processos. Prever possíveis falhas. Estes são alguns dos benefícios associados à Inteligência Artificial (IA) quando aplicada ao processo de fabrico de moldes. A mudança está a acontecer, mas em velocidade de cruzeiro. Contudo, a aposta na introdução destas tecnologias permitirá às empresas registar ganhos a nível do crescimento da produtividade. E esse será um passo essencial para que a indústria se torne mais capacitada para competir de forma mais eficaz num mercado cada vez mais global e tecnológico.
MD MOLDES: “OS ALGORITMOS DE IA VÃO PERMITIR
A TOMADA DE DECISÕES COM MAIS ASSERTIVIDADE”
A IA terá um papel cada vez mais relevante na indústria de moldes. Mas, para já, os avanços na fabricação são, sobretudo, na área da automação e nos processos automatizados. Ou, como considera Joaquim Laúdo, diretor de operações da MD Moldes, “a indústria 4.0 consolidada nas suas diversas vertentes”.
Joaquim Laúdo dá como exemplo que, no dia a dia, “temos rotinas instaladas (na fabricação) que podem ser consideradas como a base de partida para IA. No entanto, é necessário muito mais para que a IA obtenha um reconhecimento da informação e possa dar lugar a tomadas de decisões automáticas e assertivas.’’ No caso das áreas de suporte ao processo de fabrico, como o planeamento, a gestão e a cibersegurança, entre outras, “já podemos considerar que a implementação da IA está de facto bem mais avançada”. Isto é, as várias áreas de produção vão-se encaminhando para a uniformização, tendo como meta a IA.
O caso do planeamento, exemplifica, “será, talvez, aquele onde podemos considerar que existe a implementação da IA mais avançada: tendo como base a ‘IOT - Internet das Coisas’, onde existindo uma base de dados, os algoritmos dão-nos algumas pré-
decisões que orientam e direcionam para a tomadas de decisão com muito menos margem de erro”. Através do reconhecimento de padrões e correndo num sistema integrado que abarca, desde a área das compras à produção - base de dados que está a ser construída todos os dias na empresa – será, no futuro, a verdadeira IA, salienta.
Na MD Moldes, como na grande maioria das empresas do sector, considera ainda que a tomada de decisão está nas mãos do ser humano. “O futuro é que essa decisão venha a aproximar-se de uma autonomia total, mas para isso é preciso que exista um desenvolvimento mais profundo das tecnologias de apoio”, tais como, o sistema de software integrado (ERP), os softwares e as tecnologias que auxiliam na gestão e automatização de um conjunto de processos na empresa.
Quando se centra na área da programação, considera que “aquilo que temos hoje são rotinas, baseadas em aprendizagem”. Nesta secção, já existe muita automatização, mas a figura do programador mantém-se essencial. “Existem rotinas criadas para que esse processo seja o mais automatizado possível e na área em que somos especializados (automotive lighting) existe uma grande diversidade de ‘formas óticas’, o que nos permite avançar numa automatização parcial”, explica. Sendo uma área tão especializada, é necessário que o programador tenha um papel bastante interventivo.
No entanto, nesta questão, esclarece que a empresa vai dando passos em função dos desenvolvimentos tecnológicos e da sua consolidação para avançar com a integração da IA. Por enquanto, no seu entender, “a IA está num estado embrionário”, em que as tecnologias de ponta na área que permitem a sua potencialização já estão a ser usadas na empresa.
INTEGRAÇÃO
Pedro Jorge, IT Manager da MD Moldes, confirma isso mesmo, contando que “temos realizado alguns projetos nesse sentido”. Um dos principais foi “a interligação de todo o parque de equipamentos, com a obtenção de sinais ou valores provenientes das máquinas, ou na interação direta ao controlador das mesmas”. Esta rede de IoT (Internet das Coisas) é hoje “parte integrante do nosso sistema de planeamento e umas das principais fontes de dados”, refere.
Um outro projeto que usa como exemplo é a criação de uma linha robotizada para todos o processo de erosão de elétrodos. “Todas as máquinas falam entre si, coordenadas por um equipamento central. Este interliga com o nosso sistema de planeamento, tornando esta célula de trabalho completamente automatizada desde a entrada dos programas até à saída dos elétrodos,
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/ / Joaquim Laúde - MD Moldes
respetivos registos de controlo de tarefas de planeamento e registos de imputação de tempos”, explica. Pedro Jorge revela ainda que, para o futuro, a empresa pretende “continuar a agregar mais equipamentos (ou mais dados dos já existentes) à rede de IoT, pois são eles a fonte para obtermos mais informação passível de análise e convertendo-a em conhecimento útil que poderá depois ser utilizada em tomadas de decisão automatizadas por IA”.
A MD Moldes, refere ainda, “realizou um forte investimento na implementação de um sistema de planeamento automático, no qual digitalizámos e automatizámos alguns processos de decisão, incorporando variáveis e parâmetros outrora utilizados de forma empírica, que, em conjunto com um algoritmo customizado, permite a criação da organização automática da carga de trabalho, com uma distribuição de carga equilibrada e com foco no cumprimento de prazos”. Este projeto, considera, “incide sobre a área principal da fábrica e, como tal, tem um impacto enorme na produção, pois o planeamento acaba por interagir de forma direta ou indireta com todas as áreas”.
Pedro Jorge conta também que, no futuro, a empresa pretende “incorporar mecanismos de IA e machine learning nesta ferramenta que, através da aprendizagem de planeamentos anteriores - tidos como bons exemplos - possa identificar padrões e correlações e, dessa forma, elevar o nível de otimização, permitindo uma melhor gestão e aproveitamento dos recursos existentes, e uma ajuda na obtenção de prazos mais reduzidos. Eventualmente, com esta nova abordagem surgirá também a oportunidade de podermos trazer para as decisões de planeamento outras variáveis, tais como o desempenho energético da fábrica e a performance de determinadas máquinas e ferramentas”.
QUALIDADE
Joaquim Laúdo defende que, cada vez mais, a qualidade da produção está muito dependente do trabalho que é realizado a montante: projeto, planeamento ou programação, etc. De uma maneira geral, no seu entender, a forma como a empresa funciona atualmente pode considerar-se um “processo automatizado”. É por isso que acredita ter na empresa a Indústria 4.0 consolidada, começando, agora, a dar passos na 5.0. E esta, resume, “será a aplicação da IA”.
Esta automatização que a empresa tem consolidada, refere ainda, traz, já, várias vantagens, a nível de eficiência e qualidade, mas, salienta, “os algoritmos de IA vão permitir a tomada de decisões com mais assertividade, comparadas com as humanas”.
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/ / Pedro Jorge - MD Moldes
Defende ainda a presença humana no processo, no sentido de averiguar algumas das etapas. E estabelece, como exemplo do que diz, um paralelo com o que acontece com o projeto de molde: “Nos últimos anos, esta área manteve os mesmos processos de trabalho, uma vez que é o desenhador-projetista que tem de tomar as decisões sobre os projetos”, afirma, considerando que, no que diz respeito à IA, “irá passar-se por uma situação semelhante”. Ou seja, o processo de autonomia da máquina levará “algum tempo até vir a acontecer”.
DNC TÉCNICA: “A IA É UMA EVOLUÇÃO QUE ESTÁ A ACONTECER DE FORMA GRADUAL E NATURAL”
A Inteligência Artificial é, apenas, mais uma evolução a juntar às muitas que, nas últimas décadas, as tecnologias foram sofrendo. Quem o defende é Francisco Neves, da DNC Técnica. No seu entender, a evolução da IA “está a acontecer, até, de uma forma bastante gradual e natural”.
Justifica esta sua opinião com o facto de, “na generalidade dos casos, os softwares e equipamentos estarem dotados de atualizações” que, “de forma mais ou menos automática, vão assegurando a sua evolução”. “É, afinal, algo semelhante ao que acontece no nosso dia a dia, enquanto utilizadores de tecnologia”, salienta.
Quando questionado sobre o que tem, neste momento, a indústria de moldes a nível de IA, a sua resposta é um categórico “muito pouco”. Começando por exemplificar com o que acontece na programação, afirma que existem algumas soluções com “alegado recurso a IA”. No entanto, são “soluções paramétricas e a decisão ocorre através de um fluxo já definido”. Ou seja, “na verdade, é mais lógica do que IA”. É que esta, na sua opinião, tem inerente uma tomada de decisão, mas não desta forma e assente na lógica”.
Apesar disso, admite que as tecnologias estão a evoluir muito rapidamente e tem havido “passos muito interessantes naquilo que será verdadeiramente a IA”.
Quando prossegue nas fases de produção de um molde, salienta que na programação CAM já existe “algo mais consistente, sob a forma de IA, com algoritmos informáticos que evoluem para machine learning”. “Aqui, podemos dizer que estamos perante exemplos de IA”, defende.
Já no caso da maquinação e das células de produção, prossegue, “não me parece que estejamos perante exemplos de IA, tal como a preconizo”. Para Francisco Neves, o que acontece é que “existem, cada vez mais, algoritmos de lógica, que permitem standardizar os processos, apesar de estarmos a falar de peças diferentes e moldes distintos”. Por outras palavras, “há tarefas que são repetidas e é nelas que se centra essa automatização” e, enfatiza, “seja através de células robotizadas ou processos automáticos, a automatização de tarefas e processos já existe há algum tempo e é aplicada com sucesso na indústria de moldes”.
Em relação aos robôs, salienta que antes destes serem instalados, foi necessário mapear todo o processo, criar software para o ‘guiar’ e seguir um conjunto de rotinas, desde a análise de viabilidade e necessidade, ao projeto e layout das células, à seleção dos equipamentos e sua integração, a programação e os testes e a preparação da equipa que os vai operar. Para além disso, é fundamental que a instalação seja gradual e a sua otimização contínua. E só desta forma, explica, “conseguimos minimizar o erro”.
INVESTIMENTO
Francisco Neves sublinha que, para uma empresa, “é mais fácil – e mais prudente - começar por automatizar os seus processos passo a passo, garantindo que os equipamentos que existem estão aptos para essa mudança”. A robotização pode, no seu entender, “vir mais tarde”. Desta forma, enfatiza, “o processo evita falhas e erros”.
Contando que é desta forma que uma parte significativa das empresas de referência da indústria de moldes tem mudado o seu processo, considera que a questão da IA será “um próximo passo na evolução tecnológica”.
Para caminhar nessa direção, defende ser extremamente importante que as empresas comecem a trabalhar mais sobre os seus dados, a incrementar a recolha, de forma a consolidar a informação e assegurar algoritmos funcionais e úteis. A título de exemplo, conta que a sua empresa está em dois projetos, no âmbito das agendas mobilizadoras do PRR. Um deles é na área da manutenção preditiva e o outro incide no processo híbrido (entre o aditivo e o subtrativo) para reparação de componentes dos moldes. No início dos projetos, conta, a IA não estava contemplada. Contudo, acredita que acabe por vir a estar.
Refere ainda que a empresa faz parte de um outro projeto, este de recolha de dados reais da produção, aplicando os algoritmos da IA para melhorar a produção. Não é, por enquanto, na indústria de moldes, salienta, mas numa área industrial de produção em série.
A IA é aplicada neste caso como forma de prever possíveis falhas. No seu entender, este tipo de ação pode ser aplicado também na indústria de moldes. Para isso, reforça, “são necessários mais dados e com mais detalhe”.
“Cada vez mais, as máquinas estão mais atualizadas e recolhem e fornecem vários tipos de dados”, afirma, lembrando que, quanto mais recentes os equipamentos, mais bem preparados estão para esta recolha.
É, por isso, necessário investir para assegurar uma boa recolha de dados. Mesmo os equipamentos mais antigos, sublinha, podem ser trabalhados e adaptados para melhorar esta intervenção.
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/ / Francisco Neves _ DNC Técnica
No entanto, ao contrário dos mais recentes, dificilmente darão inputs de IA. “Adaptar estes equipamentos acaba por não ser um investimento tão avultado como adquirir novos, mas a decisão tem de ser pesada porque a informação recolhida nos mais antigos não vai permitir que estes avancem para sistemas integrados de IA”, adverte.
Apesar de toda a evolução que estes sistemas têm tido, defende que, por enquanto, será necessário “haver sempre um filtro: alguma vigilância” dos processos de IA, pelo menos até as tecnologias estarem mais desenvolvidas e consolidadas.
“A meu ver, ainda não estão tão evoluídas que possamos confiar nelas cegamente”, considera, mas admite que a IA “vai ser uma revolução tão, ou mais significativa, do que foi a internet”. No seu entender, “há limites para o papel do Homem, há coisas que não conseguimos percecionar de imediato e a IA consegue fazê-lo e a uma velocidade impressionante”.
Em relação à indústria de moldes, mostra-se convicto de que a evolução será gradual. “A indústria tem de ir dando passos e, um dia, o processo estará automatizado. Ou praticamente todo porque, atendendo à sua especificidade, apresenta grandes desafios e não será fácil automatizar totalmente”, defende.
ISICOM: LINHAS DE FABRICO INTELIGENTES IMPULSIONAM QUALIDADE E EFICIÊNCIA
A Inteligência Artificial pode ser aplicada, com sucesso, em algumas ações inerentes à produção do molde. Contudo, desempenha papéis distintos se estivermos perante áreas de gestão/planeamento ou produção direta.
Paulo Ferreira, da Isicom, explica que em áreas como a gestão, marketing, comercial, recursos humanos, financeira e serviços administrativos, é real “a possibilidade de um sistema poder usar um modelo neuronal para ajudar na tomada automática de decisões”; já no contexto do processo de fabrico de moldes, “esta vertente da IA ainda se encontra incipiente, a dar os primeiros passos”.
Destaca que no chão de fábrica, há “decisões automáticas com algum grau de complexidade tomadas pelos sistemas de hoje”. Exemplifica com “as linhas de fabricação inteligentes onde se maquinam, medem e erodem peças de aço e respetivas ferramentas (elétrodos)”, explicando que estas integram a parte da IA que “faz uso da álgebra booleana” (ramo da matemática que lida com a lógica binária e operadores lógicos).
Com estas linhas de fabrico inteligentes, há, na sua opinião, “ganhos na sistematização e repetibilidade do processo, na mitigação do erro humano, na utilização eficiente dos recursos máquina, na redução da utilização de recursos humanos, e na monitorização centralizada de processos”. Ou seja, “isto traduz-se em melhoria da qualidade e eficiência nos processos, e consequente eficácia no molde produzido”.
Hoje, salienta, a IA “é mais entendida na vertente da aprendizagem de processos, aquilo a que se chama mais comummente machine learning, através da utilização de modelos de redes neuronais, que conseguem aprender através de ‘n’ entradas e classificação de ‘m’ saídas no processo, ao longo do tempo”.
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EVOLUÇÃO
Para Paulo Ferreira, o facto de a indústria de moldes “tratar de peças únicas, embora não só, levou a que este sector demorasse mais tempo a adotar a automação e, durante muito tempo, esta foi entendida ao nível das máquinas e menos ao nível dos processos.
Ao contrário de algumas linhas de produção de séries de peças iguais, o facto de se tratar de peças únicas, não era facilitador de afinar um processo produtivo único para todas as peças”.
No entanto, “os tempos estão a mudar rapidamente e a automatização do fabrico de peças únicas é, hoje, uma realidade conseguida através da digitalização de processos, suportada na automação e robótica, onde o pináculo será chegar à twin factory”. E explica que o conceito desta ‘fábrica gémea’ significa que “tudo nela é digitalizado com uma representação tridimensional e em que cada processo tem uma lógica definida e seguida por um gestor automático de operações e tarefas”. Sustenta que “a IA na sua vertente machine learning virá dar um complemento crucial na evolução destes sistemas”.
Paulo Ferreira elucida ainda que, no campo da automação e robótica, “hoje estão disponíveis no mercado soluções diversas para integração de máquinas em células de fabrico alimentadas por robô”. No seu entender, “topologias com robô fixo, com robô em carril ou mesmo com dois robôs em carril, são excelentes soluções que o mercado coloca à disposição”. Adverte, no entanto, que “há que ter um cuidado muito especial na seleção destas soluções uma vez que, à primeira vista, as soluções são parecidas se olharmos estritamente para o hardware. Mas o mais importante é o software que as vai comandar, fundamentalmente a forma como o sistema implementa o processo”.
Ainda no âmbito das opções, Paulo Ferreira sublinha que “a empresa pode optar por uma solução mais barata, em batch, em que os trabalhos são preparados e atribuídos às máquinas como sequências de tarefas (programas no caso das máquinas CNC) constantes dum ficheiro”. Neste caso, “o operador atribui à peça uma posição em célula, uma máquina por operação e um ficheiro com o trabalho da referida operação”, enquanto “o software vai gerir a colocação de peças em máquina com comandos ao robô e, após cada colocação de peça, vai enviar à máquina o ficheiro respetivo com o trabalho a realizar, o qual vai ser executado pela máquina, sem monitorização nem controlo”. “Este processo, que parece simples a priori, necessita de grande intervenção humana e de extrema atenção. Dizendo de outra forma, dado que a gestão é feita pelo operador, o erro humano é facilmente introduzido e pode provocar danos de grande impacto”, afirma, considerando
que, por isso, “é fundamental a escolha de operadores experientes e meticulosos, os quais convém estarem sempre por perto”.
EFICIÊNCIA
No outro extremo, há soluções inteligentes que “fazem uma abordagem diferente, que deixam para o software a gestão dos detalhes e a lógica complexa dos processos, simplificando o trabalho do operador e tornando-o menos propenso a erros”. São as chamadas Células VIVAS por oposição as células em que é necessário fazer o start da sequência de trabalho. Nestas soluções, explica, “o processo produtivo é integrado com a produção da fábrica, e as peças são lançadas em produção com as suas operações preparadas previamente e/ou melhoradas dinamicamente”.
Os trabalhos podem ser preparados com vários dias de antecedência em relação à produção. Em cada momento, adianta, “o sistema determina em que máquina deve ser entregue a peça e, se tiver um robô que possa fazer o trabalho, entrega-lhe a ordem de handling. Além do handling, estes sistemas gerem em tempo real o trabalho em máquina, comandando a mesma, ferramenta a ferramenta, medindo e verificando ferramentas, substituindo-as sempre que necessário, avançando com o trabalho de forma fluida. Quando for, de todo, impossível continuar esse trabalho, o sistema dá ordem de substituição da peça por outra que tenha condições de ser trabalhada naquela máquina com as ferramentas disponíveis”.
Paulo Ferreira destaca ainda que, no caso de trabalho sem operador, durante a noite ou fim de semana, “o sistema não para enquanto houver trabalho em célula, com condições de ser executado. Muitas outras decisões são tomadas, de forma autónoma, contribuindo para a fluidez e fiabilidade de todo o processo”. Além disto, acentua, “a operação no sistema fica extremamente simplificada, uma vez que o operador não tem de se preocupar com a deterioração das ferramentas em máquina.
Ao operador chegam mensagens com as necessidades de produção, como é o caso de substituição de ferramentas, mudança de apertos, etc. Se for necessário fabricar uma peça urgente (peça A), ao operador basta clicar num simples botão e alterar a sua prioridade. Logo que seja possível, o sistema interrompe a maquinação da peça que estiver no momento em máquina (peça B), remove-a e, de seguida, coloca a peça A na mesa, recorrendo ao robô. Quando terminar a peça A, o sistema volta a trocar as peças em máquina e continua a maquinação da peça B, exatamente no ponto em que foi interrompida”.
“Isto consegue-se de forma totalmente automática, sem introdução de qualquer entropia no sistema - foi apenas necessário um clicar de botão”, enfatiza. O uso manual pontualmente de uma máquina é feito com a mesma simplicidade.
Admitindo que “as soluções inteligentes representam um investimento inicial maior”, sublinha, no entanto que se “tornam economicamente mais rentáveis ao fim de pouco tempo de utilização”.
“A diferença de aproveitamento entre sistemas sequenciais e sistemas inteligentes é muito significativa, mais ainda quando se trata de um processo com várias máquinas em trabalho colaborativo com o imponderável da duração da ferramenta” salientando que “a taxa de utilização das máquinas e, consequentemente, a capacidade e qualidade produtiva, poderão ser fortemente penalizadas por paragens resultantes dos imponderáveis do processo, os quais não obtêm resposta nos sistemas sequenciais, que não controlam a máquina”.
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/ / Paulo Ferreira - Isicom
DESAFIOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Vítor Ferreira *
* Diretor Executivo da Startup Leiria e docente do Politécnico de Leiria
Vivemos num período de transição significativa, onde a Inteligência Artificial (IA) promete revolucionar não apenas a forma como interagimos com o mundo digital, mas também a forma como trabalhamos.
Para já, as ferramentas de IA “generativa” têm tido um grande impacto no aumento de produtividade nas mais diversas áreas. No fundo, a IA generativa pode ser vista como o PC dos anos 80. Nessa altura já existiam mainframes, mas eram especializados – tal como já existiam modelos de IA que ajudavam a prever o que gostamos (Facebook, Netflix, etc.), mas eram especializados. A vantagem do PC era correr todos os tipos de software o que acelerou a produtividade, da mesma forma, a IA atual é genérica – podemos gerar imagens, analisar imagens, resumir e combinar artigos científicos com dezenas de páginas, escrever textos de
marketing, candidaturas europeias ou ao P2030, analisar dados de um ficheiro de Excel, escrever código, analisar código, etc. Isto tem permitido acelerar a produtividade e melhorar a eficiência.
No entanto, apesar das promessas (ontem, a OpenAi anunciou o Sora, o primeiro text to video, que cria vídeos de 1 minuto e simula mundos virtuais), ainda não chegámos à singularidade (IA genérica e superinteligente). Na verdade, os modelos têm uma capacidade fantástica e foram treinados com todo o “corpus” de conhecimento humano, são capazes até de uma espécie de criatividade combinatória e de um raciocínio emergente – mas essa criatividade não é inventiva, no sentido de que eles não são capazes de lidar com situações que não existem ou projetar modelos de mundo (a IA ainda não tem capacidade de aprender com a experiência e reter aprendizagem).
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As promessas são muitas e, sobretudo, de um mundo mais ágil, mais produtivo. Por outro lado, começamos a assistir aos problemas evidentes que resultam da “destruição criativa” que pode levar ao desemprego – curiosamente, profissões como programador, designer, marketeer são mais vulneráveis do que imaginávamos (ou artista gráfico).
No que diz respeito ao cenário regional, podemos posicionar a Leiria como um polo de inovação tecnológica relevante, tanto a nível nacional como internacional. Neste momento, no nosso ecossistema da Startup Leiria temos várias startups a usar modelos de IA para simular som 3D (SoundParticles), acelerar aprendizagem (Comuniverse), melhorar a eficiência industrial (Glartek, Twevo, Brainr, etc.).
O uso de IA pode nivelar o campo de competição, porque todos podem treinar os seus modelos e usar para uma área específica. Contudo, parece evidente que de novo são os EUA a tomar a dianteira desta revolução, com empresas como a OpenAI, a Microsoft, Google, Meta (com os seus modelos de IA de open source) a liderarem. Na Europa, apesar de existirem alguns projetos muito inovadores, como a Mistral, que permite treinar modelos de IA localmente, o panorama não é animador.
Esta tendência de concentração torna-se igualmente evidente com os gigantes como a TSMC (fabricante de chips) e a Nvidia (conceção de processadores) a liderar esta nova revolução industrial (visível nas suas cotações de mercado), onde os principais inputs já não são eletricidade, carvão, ou mesmo os dados, mas sim os chips que alimentam os servidores que suportam o treino e funcionamento destas pesadas redes neuronais, em que assentam os LLM.
A Europa está cada vez mais afastada do pelotão da inovação nesta área, fator que é ainda mais exacerbado com a quebra das indústrias mais tradicionais (como a automóvel), afetadas pelos concorrentes emergentes na mobilidade elétrica. Neste caso, como já falado nestas páginas, a miopia dos fabricantes europeus afasta-os cada vez mais da liderança da inovação, deixando cada vez mais espaço de crescimento para os concorrentes, procurando soluções intermédias (híbridas) ou políticas (tarifas)em vez de apostar na inovação (agora sobretudo de processo, já que a de produto foi ganha pela Tesla).
A reflexão sobre a posição da indústria de moldes na cadeia de valor da produção é fundamental para entender os desafios enfrentados e o papel da IA. Tradicionalmente, esta indústria tem
desempenhado um papel crítico nos processos de fabricação, fornecendo as ferramentas essenciais para a produção em massa de componentes em diversos sectores, como automóvel, eletrónica e embalagens. Contudo, apesar da sua importância técnica, a indústria de moldes muitas vezes encontra-se numa posição que gera relativamente pouco valor agregado ao produto final. Isso ocorre porque os moldes, embora essenciais, são percebidos como um meio para um fim, e não como um contribuinte direto para o valor intrínseco ou a inovação do produto final.
Este posicionamento relega os fabricantes de moldes a uma parte da cadeia de produção que, apesar de avançada tecnologicamente, não lhes permite capturar uma parcela significativa do valor gerado pelo produto acabado. Este paradigma destaca a necessidade crítica de inovação não só tecnológica, mas também de modelo de negócio para a indústria de moldes.
Para ultrapassar esta limitação e aumentar a sua relevância e contributo de valor, é imperativo que as empresas deste sector procurem formas de subir na cadeia de valor. Uma abordagem pode ser através da integração vertical, desenvolvendo capacidades para oferecer serviços adicionais que vão além da fabricação de moldes, como o desenvolvimento de produto, prototipagem rápida e fabricação de baixo volume, que podem oferecer um valor adicional significativo aos clientes.
Outra estratégia pode passar pela especialização em nichos de mercado de alta tecnologia ou complexidade, onde o valor e a diferenciação não são meramente definidos pelo custo, mas pela qualidade, precisão e inovação tecnológica. Adicionalmente, a adoção de tecnologias emergentes, como a IA, no design e fabrico de moldes pode contribuir para uma maior personalização e otimização dos processos, oferecendo assim um valor agregado maior. Por exemplo, a utilização de IA para otimizar o design de moldes para reduzir o desperdício de material, melhorar a qualidade do produto final e encurtar os ciclos de produção pode transformar a perceção do valor gerado pela indústria. Esta abordagem não só aumenta a eficiência e reduz custos, como também eleva o papel dos fabricantes de moldes na inovação do produto, aproximandoos mais do núcleo de valor da cadeia de produção.
A estagnação europeia e portuguesa é um fenómeno complexo que requer respostas complexas, infelizmente cidadãos e empresas procuram soluções simples que respondam aos seus anseios.
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A INDÚSTRIA PORTUGUESA DE MOLDES SEGUNDO A IA ENTREVISTA AO CHATGPT
Quais são as tendências emergentes ou inovações de IA, especificamente adaptadas à indústria de moldes em Portugal?
A IA está a ser aplicada de forma específica e inovadora na indústria de moldes em Portugal, impulsionando melhorias significativas em eficiência, qualidade e competitividade. À medida que as tecnologias continuam a evoluir, é esperado que as empresas as adotem cada vez mais para se manterem na vanguarda da inovação e atenderem às exigências do mercado.
Algumas das tendências emergentes e inovações de IA adaptadas à indústria de moldes em Portugal incluem a modelagem generativa, machine learning para otimização de processos, robótica inteligente, sistemas de produção autónoma, análise de dados avançada para manutenção preditiva e simulação avançada de processos.
Quais são os principais desafios que a IA impõe às empresas portuguesas de moldes?
Embora a inteligência artificial ofereça muitas oportunidades para melhorar a eficiência e a competitividade das empresas portuguesas de moldes, também apresenta alguns desafios significativos que precisam de ser enfrentados de forma proativa e estratégica para garantir uma implementação bem-sucedida e uma vantagem competitiva sustentável.
Custos de implementação. A adoção e implementação de sistemas de IA podem ser dispendiosas, especialmente para pequenas e médias empresas. O investimento em hardware, software e formação profissional pode representar um desafio financeiro significativo.
Escassez de competências. Encontrar e contratar especialistas em IA pode ser difícil e caro, especialmente em um mercado altamente competitivo.
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Integração com a infraestrutura existente. Integrar sistemas de IA com a infraestrutura existente pode ser complexo e demorado. Muitas empresas possuem sistemas legados e processos estabelecidos, o que pode dificultar a implementação eficaz de soluções de IA.
Segurança de dados e privacidade. O uso de IA envolve o processamento e análise de grandes volumes de dados, o que pode levantar preocupações sobre segurança e privacidade. As empresas precisam de garantir conformidade com regulamentações de proteção de dados, como o RGPD, e implementar medidas adequadas de segurança cibernética.
Interpretabilidade e transparência. Em muitos casos, os algoritmos de IA são caixas-negras, o que significa que é difícil de entender como tomam decisões, gerando desconfiança por parte dos utilizadores e stakeholders e dificultando a aceitação e adoção da tecnologia.
Falta de Personalização. Embora a IA possa automatizar muitos processos, pode carecer da capacidade de compreender o contexto e as nuances individuais de cada situação, podendo resultar em soluções genéricas que não atendem às necessidades específicas dos trabalhadores ou da organização.
Ética e viés algorítmico. A IA pode reproduzir e amplificar viés humano presente nos dados utilizados, o que pode levar a decisões discriminatórias ou injustas, prejudicando a reputação e a ética da empresa.
Dependência de fornecedores de tecnologia. As empresas que dependem de fornecedores externos de tecnologia de IA podem enfrentar desafios relacionados com a dependência e interoperabilidade de sistemas. Isso pode limitar a flexibilidade e a autonomia das empresas e aumentar o risco de interrupções no fornecimento.
Qual será o papel da inteligência artificial, nos próximos 5-10 anos?
A inteligência artificial terá um papel transformador na indústria de moldes em Portugal nos próximos 5-10 anos, possibilitando melhorias significativas em eficiência, qualidade, personalização e competitividade. As empresas que adotarem e integrarem efetivamente a IA em suas operações estarão bem posicionadas para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico.
Otimização de processos de fabrico. A IA pode ser usada para analisar grandes volumes de dados de processo em tempo real, identificar padrões e tendências, e otimizar os parâmetros de fabrico para melhorar a eficiência, qualidade e reduzir custos.
Manutenção preditiva. A IA pode ser empregada na implementação de sistemas de manutenção preditiva, onde algoritmos são usados para monitorizar o estado de equipamentos e prever falhas antes que ocorram, reduzindo o tempo de inatividade não planeado e os custos associados.
Design e simulação avançados. A IA pode ser utilizada para auxiliar no design de moldes mais complexos e eficientes, otimizando geometrias, materiais e processos de fabricação. Além disso, a
simulação avançada baseada em IA pode ajudar a prever e mitigar problemas de fabricação antes da produção em larga escala.
Controlo de Qualidade. Sistemas de visão computacional e IA podem ser implementados para inspecionar peças moldadas em tempo real, identificando defeitos e garantindo altos padrões de qualidade de forma automatizada e precisa.
Integração de sistemas e tomada de decisão autónoma. A IA pode facilitar a integração de sistemas de produção, fornecendo uma visão holística e em tempo real das operações. Além disso, algoritmos de IA podem ser usados para tomar decisões autónomas em tempo real, otimizando a produção e respondendo rapidamente a mudanças nas condições do mercado e nas exigências do cliente.
E quanto à gestão de pessoas, que futuro prevês para a transformação de funções e quais as principais oportunidades?
O futuro da transformação das funções de gestão de pessoas será marcado por uma maior integração de tecnologias avançadas, para impulsionar a eficiência, a personalização e a eficácia das práticas de gestão. Algumas tendências e oportunidadeschave que podem surgir incluem a automatização de processos administrativos, a análise de dados para tomada de decisão, a personalização, o desenvolvimento de competências digitais, a melhoria da experiência do trabalhador (employee experience) e a gestão remota e flexível.
A IA e a automação podem ser utilizadas para automatizar tarefas administrativas rotineiras, como processamento de folha de pagamento, gestão de benefícios e administração de tempo, libertando tempo para os profissionais de RH se concentrarem em atividades mais estratégicas e de valor agregado.
O uso de análise de dados e IA pode fornecer insights valiosos sobre o desempenho, envolvimento e necessidades dos trabalhadores, permitindo que os gestores de RH tomem decisões mais informadas e eficazes em relação ao recrutamento, desenvolvimento e retenção de talentos.
No que diz respeito à personalização, a IA pode ajudar a adequar a experiência dos trabalhadores às suas expectativas, necessidades e preferências individuais, adaptando programas de formação, benefícios e de desenvolvimento de carreira, o que pode aumentar a satisfação e a retenção de colaboradores.
Com a crescente integração de tecnologias digitais na gestão de pessoas, surge a necessidade de desenvolver competências digitais entre os profissionais de RH. Oportunidades de formação e capacitação em IA, análise de dados e outras competências tecnológicas podem surgir para acompanhar essa necessidade.
A tecnologia pode ser usada para melhorar a experiência do trabalhador em todos os pontos de contacto com a empresa, desde o recrutamento até o offboarding. Chatbots, assistentes virtuais e plataformas de autoatendimento podem fornecer suporte rápido e personalizado aos colaboradores, melhorando a sua satisfação e produtividade.
Relativamente a uma gestão remota e flexível, as empresas podem explorar soluções tecnológicas para facilitar a gestão
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e o envolvimento de equipas geograficamente distribuídas. Ferramentas de colaboração online, plataformas de gestão de projetos e aplicativos de comunicação podem ajudar a manter a coesão e o desempenho das equipas, independentemente da localização física.
Como é que a IA pode ser utilizada para agilizar a gestão de pessoas das empresas de moldes?
A inteligência artificial pode ser uma poderosa ferramenta para agilizar processos de recursos humanos, permitindo uma abordagem mais eficiente, precisa e personalizada para atrair, desenvolver e reter talentos.
Para o recrutamento e seleção, algoritmos de IA podem ser usados para analisar currículos, perfis online e outras fontes de dados para identificar candidatos qualificados de forma mais rápida e eficiente. Além disso, sistemas de IA podem automatizar o processo de triagem inicial de candidatos, poupando tempo e esforço dos recrutadores.
A IA também pode ser utilizada para avaliar as competências dos colaboradores de forma objetiva e imparcial, identificando lacunas de competências e áreas de desenvolvimento. Assim, os gestores de RH podem planear programas de formação e desenvolvimento mais eficazes.
Os sistemas de IA podem ainda analisar dados de desempenho dos funcionários, como avaliações de desempenho, feedbacks de clientes e métricas de produtividade, para identificar padrões e tendências e fornecer insights valiosos aos gestores de RH sobre o desempenho individual e coletivo das equipas.
Outras funcionalidades interessantes podem ser as chatbots e assistentes virtuais baseados em IA, que forneçam suporte e assistência aos funcionários em várias áreas, como benefícios, políticas internas, procedimentos operacionais e questões relacionadas com o trabalho.
Os algoritmos de IA podem também ser úteis para analisar dados de envolvimento dos trabalhadores, como feedbacks de pesquisas de clima organizacional e dados de rotatividade, para identificar padrões e fatores de risco de rotatividade, permitindo a implementação de medidas proativas para melhorar o envolvimento e reter talentos.
Por fim, a IA pode ser usada para analisar dados demográficos, preferências individuais e comportamentos dos colaboradores para personalizar programas de benefícios e incentivos de acordo com as necessidades e interesses de cada pessoa, aumentando assim a satisfação e o comprometimento.
DESTAQUE /
INOVAÇÃO
O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA
ROBÓTICA, AUTOMAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO COMO MOTORES DE COMPETITIVIDADE E CRESCIMENTO DAS PME (ROBOTA – SUDOE)
MOEDA BORDALO II - DO CONCEITO AO DESENVOLVIMENTO E À EXECUÇÃO
SOLUÇÕES INOVADORAS PARA A PRODUÇÃO DE GUIAS DE VIDRO AUTOMÓVEL COM MATERIAIS LEVES E ECONOMICAMENTE VIÁVEIS
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ROBÓTICA, AUTOMAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO COMO MOTORES DE COMPETITIVIDADE E CRESCIMENTO DAS PME (ROBOTA –SUDOE)
Tânia Mendes *
* Inovação Empresarial | CENTIMFE
O projeto ROBOTA - SUDOE aborda um desafio comum que se prende com a modernização tecnológica dos sectores económicos do espaço SUDOE, em particular da indústria agroalimentar e dos plásticos, contribuindo para a transferência de conhecimento e inovação para os territórios menos desenvolvidos e para os sectores tradicionais e artesanais, onde a automação tradicional não pode ser aplicada.
O projeto tem como objetivo principal melhorar a competitividade e potenciar o crescimento das PME, utilizando soluções de robótica colaborativa que respondam aos desafios endógenos e garantam o respeito pelo ambiente. O projeto pretende colocar a inovação ao serviço dos atores territoriais para melhorar a qualidade de vida e aumentar o potencial e a atratividade de todo o espaço SUDOE em particular das zonas rurais.
Os principais resultados esperados incluem a criação de uma rede entre entidades do sistema científico e tecnológico focada na partilha de conhecimento e na transferência de tecnologia para as PME, a criação de novas técnicas de controlo de robôs colaborativos, a aplicação de abordagens inovadoras e diferenciadoras de manipulação de objetos, o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas para apoiar os trabalhadores em tarefas exaustivas, a implementação dessas técnicas em ambientes de produção reais, como o corte de carne, o embalamento de frutas e a montagem de bonecos, e a criação de três living labs para demonstração das soluções desenvolvidas e sua promoção juntos dos demais sectores e PME presentes nos territórios.
No âmbito do projeto estão previstas várias interações com as entidades empresariais dos diferentes territórios através da realização de workshops e webinars com o intuito de fazer o levantamento de necessidades das PME e de lhes transmitir conhecimento através de ações formativas e de transferência de tecnologia.
A cooperação entre os centros de inovação e os territórios será crucial para contribuir para o reequilíbrio territorial, promover a transferência da inovação e reforçar a atividade económica nestes territórios. A cooperação transnacional é fundamental uma
vez que os sectores abrangidos e os desafios enfrentados são semelhantes, contudo o nível de conhecimento e as competências das diferentes entidades são complementares pelo que o trabalho em conjunto levará a soluções mais eficazes e inovadoras.
O aspeto inovador do projeto prende-se com a aplicação de tecnologias inovadoras e técnicas avançadas de IA no desenvolvimento de soluções de robótica colaborativa adaptadas a sectores tradicionais e artesanais.
Este projeto foi aprovado no âmbito do programa INTERREG SUDOE 2021-2027, PRIORIDADE 2 – Promover a coesão social e o equilíbrio territorial e demográfico no SUDOE através da inovação e transformação dos sectores produtivos e OBJETIVO ESPECÍFICO 1.1. Desenvolver e reforçar as capacidades de investigação e inovação e a adoção de tecnologias avançadas com uma dotação orçamental de 1 918 278,36€.
Iniciado a 1/01/2024, o projeto ROBOTA – SUDOE será coordenado pelo CENTIMFE, e conta com um consórcio internacional composto por entidades portuguesas (UBI | C-MAST – Universidade da Beira Interior | Centro para as Ciências e Tecnologias Mecânica e Aeroespacial e CERFUNDÃOEmbalamento E Comercialização De Cereja Da Cova Da Beira Lda), espanholas (AIJU - Instituto Tecnológico de Producto Infantil e Laser, CITIUS - Centro Singular de Investigação em Tecnologias Inteligentes da Universidade de Santiago de Compostela, CETECA - Centro Tecnológico da Carne e INDUSTRIA AUXILIAR
JUEMA, S.L. ) e francesas (Instituto Nacional Politécnico Clermont Auvergne e CIMES – Pólo de competitividade dedicado ao desempenho e eficiência da indústria transformadora e produtiva). Estas entidades representam universidades, centros tecnológicos e de investigação, associações empresariais e PME.
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MOEDA BORDALO II - DO CONCEITO AO DESENVOLVIMENTO E À EXECUÇÃO
Cátia Araújo 1, Diana Dias 1, Sílvia Cruz 1, Sónia Pereira 2
1. PIEP - Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros
2. INCM - Imprensa Nacional Casa da Moeda
Tendo por base as tecnologias, não convencionais, de moldação por injeção de insertos e de microinjeção, o PIEP - Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros uniu-se à INCMImprensa Nacional Casa da Moeda, para o desenvolvimento de uma moeda inovadora e única.
Seguindo a visão do artista Bordalo II, a moeda é composta por duas metades distintas: uma em prata e outra em plástico 100 % reciclado, dando uma nova vida ao desperdício, culminando, assim, num produto de valor acrescentado. O PIEP foi responsável pelo desenvolvimento e produção da componente plástica de meia lua, composta por três camadas (vermelho, branco e azul) de material termoplástico reciclado, que foram sequencialmente inseridas como inserto para a sobremoldação da camada seguinte.
Devido às pequenas dimensões associadas a esta tecnologia, problemas de solidificação e de hesitação do polímero, durante o enchimento, são significativos e podem influenciar a replicação da geometria ou o total enchimento da cavidade. Neste sentido, para o desenvolvimento do projeto de molde e de um controlo do processo adequados, as simulações do processo de moldação
por injeção permitiram definir alterações à geometria da peça, de forma a adequá-los a este processo de produção.
Posteriormente, a simulação auxiliou na definição dos sistemas funcionais do molde, nomeadamente no sistema de controlo de temperatura, e na localização e tipo de ataques para os três componentes. Este último, tendo, por um lado, em consideração a existência de insertos no molde e o facto da presente moldação ser também inserida como inserto na próxima injeção, e por outro, para garantir o total enchimento das geometrias com
zonas de espessuras reduzidas, mas com variações consideradas ao longo da peça.
Para além disso, devido à importância do aspeto visual da peça, também a localização e dimensões dos extratores tiveram de ser devidamente definidos. Imagens das simulações do processo podem ser observadas na Figura 2.
Acrescendo à complexidade do projeto, estas camadas foram produzidas com material 100 % recuperado, e coloridas durante o processo, com a integração de masterbatches na unidade
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/ / Figura 1 - Otimização geométrica dos insertos meia lua para o processo de sobremoldação.
/ / Figura 2 - Simulação do processo de moldação por injeção do primeiro inserto.
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/ / Figura 3 – Produção da componente plástica (Fonte: PIEP).
de injeção. Desta forma, um controlo apertado do processo foi essencial para a minimização da variação do volume de material doseado devido a diferenças na granulometria do material recuperado, bem como para a homogeneização das diferentes cores numa unidade de injeção para microinjeção.
Por fim, o controlo dimensional foi essencial, de forma a garantir a correta cunhagem desta peça na metade de prata. O resultado final pode ser visto na Figura 3 e Figura 4.
Apesar de toda a complexidade do processo de produção da moeda, foi possível transformar a visão de Bordalo II numa moeda disruptiva, combinando a cara da tradição, com a coroa da inovação, num produto final que promove na sociedade a importância da valorização do desperdício e da reciclagem, num essencial compromisso com a sustentabilidade.
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/ / Figura 4 – Moeda Bordalo II (Fonte: INCM).
SOLUÇÕES INOVADORAS PARA A PRODUÇÃO DE GUIAS DE VIDRO AUTOMÓVEL COM MATERIAIS LEVES E ECONOMICAMENTE VIÁVEIS
João Silva *
* Engenheiro de desenvolvimento no INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial
O sector automóvel encontra-se numa fase de reinvenção e revolução tecnológica, sendo a nova geração de veículos um dos primeiros resultados de um longo processo de transformação deste ramo. Estas mudanças exigem alterações significativas na oferta de componentes em termos de design, funcionalidade, resistência, leveza, durabilidade, qualidade e custo.
Estas transformações devem ter como base a aplicação de materiais leves, baseados em recursos naturais (bio-polímeros e fibras naturais), devidamente incorporados num design ecológico e processos de fabrico mais eficientes.
Alinhado com esta estratégia, surge o projeto MultiMAt, em parceria com a Copefi, no âmbito do qual o desenvolvimento de produto e respetivos processos de fabrico estiveram nas mãos da equipa do INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial. O Instituto desenvolveu uma guia de vidro para a porta de um automóvel recorrendo a materiais de origem natural (polipropileno reforçado com fibras naturais) e com menor impacto ambiental.
Esta guia de vidro automóvel, concebida com recurso a termoplásticos reforçados com materiais de base bio e combinados com elastómero de baixo atrito, em uma abordagem multimaterial e processo one-shot, reduz em 47,5 % o tempo de produção da peça; em 18,5 % o seu peso e em 1,2 % o seu custo total. É, por isso, economicamente mais atrativa e tecnologicamente mais viável face ao que existe atualmente no mercado, além de cumprir os requisitos impostos pelos stakeholders (Figura 1).
/ / Figura 1 - Análise técnico-económica do produto desenvolvido, face ao produto original.
A análise técnico-económica realizada no final do projeto demonstra a capacidade nacional para atingir produtos de valor acrescentado. Os resultados obtidos durante a execução do
MultiMAt culminaram no registo de uma patente, de forma a proteger os avanços científicos e fatores inovadores incorporados no produto final (EP 4 205 941 A1) https://data.epo.org/publicationserver/document?iDocId=7157920&iFormat=0.
Para o redesign da guia de vidro, foram propostos diferentes conceitos, considerando-se para o efeito os seus requisitos mecânicos e de interfaces (montagem) com os restantes elementos. Posteriormente, com base numa matriz de decisão, incluindo parâmetros como a dificuldade técnica, custo, grau de inovação, impacto ambiental, materiais, eficiência energética e facilidade de implementação, foi selecionado o conceito a desenvolver. Concluiu-se que a melhor solução passaria por fabricar a peça através de um processo de bi-injeção - com termoplástico reforçado com fibra natural e elastómero de baixo atrito - e in-mold assembly de insertos metálicos, permitindo, assim, a produção de componentes numa única operação (Figura 2).
/ / Figura 2 - Comparação de produto de estudo. Em cima: Original; Em baixo: Produto Redesenhado.
O sucesso da implementação e a fiabilidade dos resultados obtidos a partir da simulação estrutural e funcional da peça redesenhada (Figura 3) só foram possíveis devido à extensa campanha de caracterização de materiais. Foi utilizado o software Abaqus para a realização das simulações estruturais e funcionais.
/ / Figura 3 - Simulação estrutural do componente redesenhado - deslocamento máximo.
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A solução encontrada implicou o desenvolvimento e utilização de materiais atualmente não disponíveis no mercado, em particular um elastómero termoplástico com propriedades de baixo atrito, obrigando a uma extensa caracterização de materiais. A título de exemplo, na Figura 4 é apresentado o ensaio de atrito segundo a norma ASTM D1894, realizado ao elastómero desenvolvido, bem como os principais resultados.
/ / Figura 4 – Ensaio de atrito estático e dinámico, a diferentes temperaturas, ao elastómero desenvolvido, segundo a norma ASTM D1894.
Aliada à validação estrutural do componente, em paralelo, realizouse o estudo da viabilidade e otimização do processo de injeção. Recorreu-se, para tal, ao software Moldex3D (Figura 5).
Fruto deste projeto resultou o produto apresentado na Figura 6. Após a sua conclusão, foram ainda realizadas campanhas de ensaios físicos, de forma a correlacionar e validar os resultados obtidos nas fases preliminares de desenvolvimento, garantindo, assim, a conformidade do mesmo.
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/ / Figura 5 - Simulações de enchimento do material termoplástico (esquerda) e elastómero (direita).
O SECTOR AUTOMÓVEL E OS MATERIAIS COMPÓSITOS
Os avanços conseguidos com este projeto revestem-se de particular relevância quando sabemos que, de acordo com a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), 98 % dos carros fabricados na Europa têm componentes produzidos em Portugal. Espanha (27,7 %), Alemanha (22,2 %) e França (10,7 %) são os principais destinos das exportações nacionais, que em 2022 somaram 10,8 mil milhões de euros. Trata-se de um aumento de 12,6 % em relação a 2021. Este desempenho é possível porque o sector é constituído por empresas com um perfil altamente tecnológico, com padrões de grande exigência e rigor.
Uma preocupação crescente do sector automóvel prendese com os desafios de sustentabilidade. Os componentes do futuro devem adotar princípios de economia circular, incluindo a recuperação em fim-de-vida, a reutilização, a reciclagem e o uso otimizado de materiais reciclados e/ou de origem natural, assim como um processo produtivo altamente eficiente. Neste contexto, é necessário um investimento reforçado na inovação e aplicação de materiais avançados e leves, com particular enfâse na redução do seu peso, mantendo um custo competitivo.
Estes objetivos podem ser alcançados, através da aplicação de princípios de eco-design e do uso de soluções híbridas ou multimaterial adequadas que garantam a performance e os requisitos do produto ao nível da fiabilidade, durabilidade, etc. Esta é, aliás, uma necessidade totalmente alinhada com as iniciativas e imposições do espaço económico europeu, inseridas no programa
de desenvolvimento do Horizon 2030, que visa o aumento da competitividade dos sistemas de transporte através do uso inteligente de recursos que sejam amigos do ambiente.
Destes programas, surgiram já novos materiais compósitos de origens renováveis, utilizando fibras naturais, maioritariamente de origem vegetal, ecológicas e com baixos custos. Há, por exemplo, alternativas ao uso de fibras de vidro que combinam sempre que possível o uso de matrizes poliméricas biodegradáveis. Como consequência, a utilização destes novos materiais remete-nos para a necessidade do redesign dos componentes e/ ou subsistemas e sua validação (requisitos do produto); o redesign for disassembly de componentes cada vez mais multifunção/multimaterial e orientados a novos processos de fabrico; e redesign orientado para a redução de custos.
Por outro lado, a substituição ou otimização de processos configura-se como uma via de redução efetiva da energia embebida no componente. O rácio custo-benefício e tempo de produção são os fatores mais importantes para ganhar a confiança dos consumidores.
O projeto MultiMat abordou estas questões e abraçou uma série de objetivos extensos, nomeadamente o desenvolvimento de produtos automóveis com materiais mais sustentáveis e economicamente viáveis, através da exploração de conceitos multimaterial. Debruçou-se ainda sobre a criação de metodologias de projeto e produção que garantam a integridade estrutural do componente durante o tempo de serviço esperado, em linhas com os níveis de exigência do sector automóvel; explorou a redução dos tempos de ciclo do processo através de metodologias de integração multifuncional e multimaterial validadas com ferramentas numéricas avançadas; e conseguiu a redução do peso dos componentes em 18 %, utilizando materiais de fonte natural. Tudo isto aliado à capacitação do tecido industrial nacional para desenvolver conceitos inovadores em produtos do setor automóvel.
O projeto MultiMAt é liderado pela Copefi S.A. e cofinanciado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização.
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/ / Figura 6 – Componente final injetado.
TECNOLOGIA
EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO
UMA VISÃO SOBRE A GESTÃO DE RECURSOS E A (IN)EFICIÊNCIA PRODUTIVA
AUMENTAR A EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO: IA COMO ALIADA
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UMA VISÃO SOBRE A GESTÃO DE RECURSOS E A (IN)EFICIÊNCIA PRODUTIVA
Armando Sousa Bastos * * Consultor Sénior; ASBASTOS Consultoria
A competitividade e a forma volátil como reagem os mercados a todas as perturbações que observamos diariamente na nossa sociedade exigem às empresas a procura diária de novas formas de aumentar a sua eficiência e, consequentemente, a sua produtividade, premissa fundamental para todos os que pretendam manter uma atividade sustentável.
Existem alguns objetivos concretos que podemos medir, por forma a demonstrar se a empresa se encontra no caminho correto, ou seja, o caminho da eliminação de desperdícios, e aumento de produtividade, nomeadamente através de:
• a redução do lead time das suas encomendas;
• o aumento da qualidade do produto que comercializam;
• o aumento do nível dos serviços que disponibilizam aos seus clientes;
Estes são alguns exemplos de métricas que podemos implementar, para atestar o estado atual da organização e, numa lógica de benchmarking, verificar se estamos enquadrados com o sector onde atuamos.
A promoção de ações de valor acrescentado, ou seja, que correspondam diretamente ao que o cliente pretende receber, bem executados à primeira e no tempo definido, significará atingir aumentos de produtividade.
Ao pesquisar este tema, recordo William Edwards Deming. No século XX, o autor veio contrariar o modelo tradicional da qualidade, apontando como solução para a sustentabilidade das empresas, a redução de custos por via do aumento de produtividade, de forma a estimular o crescimento do emprego, a recuperação de investimentos realizados, numa lógica de expansão e possibilidade de servir novos mercados.
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Nesse sentido, é fundamental entendermos que o caminho deverá passar por garantir experiências diferenciadoras aos nossos clientes, sendo que, em primeira instância, o cumprimento de prazos e a qualidade dos produtos ou serviço ganham destaque. A consistência do cumprimento destes desafios é o elemento que permite às empresas tornarem-se cada vez mais relevantes no mercado.
Recordando as palavras de George Bernard Shaw: “É IMPOSSÍVEL haver progresso sem mudança, e quem não consegue mudar a si mesmo, não muda coisa alguma.”
Medir e incrementar a taxa de ocupação de equipamentos, o valor acrescentado gerado e a redução de custos, desde o consumo de desgaste rápido ou tempos improdutivos sem valor acrescentado, torna-se fundamental na procura pela sustentabilidade.
O investimento realizado em tecnologia é importante e nas últimas décadas foi evidente nas nossas organizações. E bem! Mas se uma empresa não procura observar a sua área de intervenção e, desta forma, reduzir atividades que não agregam valor, de forma consistente, poderemos incorrer no risco de o retorno do investimento não corresponder realmente ao que foi previamente desenhado.
Acredito que chegamos a um acordo se dissermos que a eficiência na produção industrial é vital para o sucesso de qualquer organização.
PORQUE PARAM AS NOSSAS MÁQUINAS?
A ineficiência decorrente de paragens não planeadas de máquinas, equipamentos e pessoas, representa um desafio constante para as empresas. Sabendo que o nosso foco é o cliente, e observando a cadeia de valor, torna-se urgente analisar cada processo, cada atividade e, assim, reduzir/eliminar aquelas que pouco ou nenhum valor acrescentam ao produto/serviço que comercializamos.
INEFICIÊNCIA INDUSTRIAL: UM OBSTÁCULO PERVASIVO
A ineficiência na indústria pode assumir várias formas. Tipicamente, existem diversas perdas que podemos observar nas nossas organizações, e oito desperdícios que podemos distinguir ao longo de cada etapa de cada processo.
Uma vez que processos ineficientes consomem recursos em excesso, promovendo assim uma menor eficiência e rentabilidade, é importante transformar os mesmos em custos. Tornar visível o invisível e assim promover um alinhamento da empresa na eliminação dos mesmos.
No século XX, um dos grandes gurus da Qualidade, Philip Crosby, dava conta que as empresas passavam por cinco fases ao longo da sua evolução e na forma como valorizavam o tema “Qualidade”.
• Incerteza – Quando a gestão não tem conhecimento da qualidade como uma ferramenta positiva de gestão;
• Despertar – Quando a gestão começa a reconhecer que a gestão da qualidade pode ajudar, mas não lhe afeta recursos;
• Clarificar – Quando a gestão decide introduzir um programa formal de qualidade;
• Saber – Quando a gestão e a organização atingem o estado em que mudanças permanentes podem ser feitas;
• Certeza – Quando a gestão da qualidade é uma parte vital da gestão da empresa;
Acreditamos que muitas empresas no seu dia a dia se encontram na fase da “incerteza” relativamente ao tema das paragens não planeadas e como é importante medir as perdas de eficiência em todos os processos de cada organização.
PARAGENS NÃO PLANEADAS: RAIZ DO PROBLEMA
As perdas não planeadas contribuem para perdas significativas na disponibilidade, na performance e na qualidade produzida por cada equipamento. Ou seja, contribuem negativamente para o indicador transversal que todos conhecemos como OEE - Overall Equipment Effectiveness, ou indicador de eficácia geral do equipamento.
Torna-se assim muito importante medir a forma como são conduzidas ou concretizadas as atividades que antecedem o trabalho realizado por cada equipamento. Como estas contribuem para o desempenho do mesmo e, consequentemente, para o desempenho das empresas industriais, pois deles dependem vários aspetos-chave que, em última instância, determinam o sucesso ou até a sobrevivência das mesmas.
Por sua vez, o desempenho dos equipamentos determina diretamente a produtividade dos processos produtivos, influencia a eficiência da mão-de-obra, contribui para o nível de qualidade dos produtos e, consequentemente, para a satisfação dos clientes.
Maximizar o tempo de operação e o desempenho dos equipamentos em termos de eficiência e qualidade produzida deve ser uma preocupação permanente das unidades industriais, bem como de todas as empresas cuja produção dependa fortemente do bom desempenho dos seus equipamentos.
É neste contexto que se enquadram as diversas abordagens existentes para medir o desempenho dos equipamentos, sendo reconhecido por inúmeros autores e organizações, a nível mundial, que o melhor meio de o medir durante o seu funcionamento, será o indicador:
OEE – OVERALL EQUIPMENT EFFECTIVENESS – EFICÁCIA
GLOBAL DO EQUIPAMENTO
O qual mede o desempenho, assente em três pilares.
• Quanto tempo útil o equipamento tem para produzir;
• A eficiência, ou seja, a capacidade de produzir à cadência/ velocidade nominal;
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• A qualidade do produto obtida pelo processo em que o equipamento está inserido.
Se consultarmos alguns autores, podemos apontar como fundamental para as empresas o garantir da famosa “tríade positiva do negócio” que, curiosamente, assenta em três pilares, intimamente ligados com este indicador universal.
Ou seja, torna-se imperativo produzir numa lógica Just In Time (JIT), com um sistema “puxado” pelo cliente. Desta forma, conseguimos planear melhor os nossos recursos/equipamentos e padronizar as condições ótimas para exploração dos mesmos, observando a taxa de ocupação dos equipamentos, para além do imediato.
Torna-se fundamental trabalhar a convergência da visão ocidental e oriental da qualidade, para podermos atingir a denominada Qualidade Total (TQM), em que todas as etapas estão devidamente desenhadas, todas as atividades claras para as nossas pessoas. Garantimos que diferentes pessoas realizam atividades semelhantes da mesma forma – de forma padronizada. Inclusive numa lógica de excelência operacional, conseguimos desenhar procedimentos para problemas ou quebras indesejadas e, assim, desenhar procedimentos para o que fazer, caso algo inesperado aconteça.
Ou seja, garantirmos que caso algum processo saia fora do que está desenhado, as nossas pessoas, de forma autónoma, consigam corrigir os problemas e assim garantir o retomar da atividade, nos parâmetros normais, sem a necessidade de envolver a gestão ou chefias intermédias.
Torna-se também muito importante garantir um ciclo de vida útil dos equipamentos cada vez maior, assente nas melhores práticas de manutenção profissional e manutenção autónoma, sendo este
último o pilar principal de uma boa implementação da denominada Manutenção Produtiva Total (TPM).
Acreditamos que será vital que as melhores práticas sejam implementadas para garantir o bom equilíbrio desta tríade, que permite, por sua vez, atingir patamares de excelência e a sustentabilidade desejada das organizações.
O IMPACTO DIRETO NAS PERDAS DE PRODUTIVIDADE
A correlação entre paragens não planeadas e perdas de produtividade é direta e substancial. Acreditamos que identificando e contabilizando as causas para as paragens não planeadas e as perdas reais que levam à ineficiência, conseguimos identificar claramente uma “Fábrica Escondida” que consome recursos a uma velocidade que até à deteção e tratamento é crítica e intensa.
Estando as empresas despertas para os oito desperdícios do lean manufacturing, que são visíveis no nosso dia a dia, e treinando as nossas pessoas a identificar os mesmos, conseguimos mobilizar a organização para a implementação de projetos de melhoria que vão permitir aumentar a sustentabilidade da empresa e, desta forma, reduzir stocks indesejados, tempos de espera de pessoas e equipamentos ou movimentos e transporte sem valor acrescentado, eliminando efeitos de sobreprodução ou processamento extra.
Quando uma máquina para inesperadamente, toda a linha de produção é afetada, resultando em atrasos na entrega, aumento nos custos de produção e, por fim, insatisfação do cliente. A queda na produtividade não é apenas financeira; estende-se também para a reputação da empresa no mercado.
CONCLUSÃO: RUMO A UMA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
Num mundo onde a eficiência é a chave para a sobrevivência empresarial, enfrentar a ineficiência é imperativo. A eliminação das paragens não planeadas requer um compromisso sério de todos nas empresas.
Somente através de medidas concretas, partindo da identificação e contabilização das perdas, numa visão definida e alicerçada na operação, as empresas podem almejar uma produção sustentável, minimizando perdas de produtividade e assegurando a continuidade do negócio.
Somente trabalhando o alinhamento das nossas pessoas para atingir a excelência, a mesma se poderá tornar uma realidade.
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AUMENTAR A EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO: IA COMO ALIADA
* TEBIS
O conceito de Produção Inteligente não é novidade e com a Indústria 4.0 é já a realidade em muitas empresas da indústria de moldes. Os recentes desenvolvimentos na área da Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning estão a impulsionar avanços tecnológicos significativos na indústria e a transformar a forma como as empresas produzem. Os softwares CAD/CAM e MES estão na vanguarda desta transformação para a Indústria 4.0, oferecendo ferramentas que permitem às empresas otimizar os seus processos e alcançar novos níveis de eficiência e produtividade.
MAS O QUE SIGNIFICA, AFINAL, PRODUÇÃO INTELIGENTE?
Em termos simples, significa utilizar dados e tecnologias inteligentes para automatizar e otimizar o processo produtivo, desde o desenho (CAD) do produto, passando pela programação (CAM), até à entrega do produto final. Tal implica a digitalização do chão de fábrica, o que representa o alicerce da automatização, para assim se assegurar uma maior rentabilidade, eficiência e segurança da produção.
SOLUÇÕES CAD/CAM PARAA PRODUÇÃO INTELIGENTE:
• Templates com dados testados e comprovados: Uma biblioteca de modelos com dados de produção otimizados para diferentes tipos de peças e processos contribui para uma poupança de tempo até 85 % e garante resultados de alta qualidade e segurança. Por exemplo, o software reconhece automaticamente formas geométricas em peças CAD, facilitando a criação de programas NC e otimizando o processo de produção.
• Ambiente de fábrica digitalizado: A integração de todos os elementos da fábrica num único ambiente digital, assim como uma tecnologia rigorosa de Máquina Virtual e de Simulação NC, representam inúmeras vantagens, quer em termos de segurança, como ao nível do planeamento e orçamentação.
• Elevada automatização e segurança: Os softwares CAD/CAM mais avançados permitem automatizar com grande qualidade diversas tarefas repetitivas, reduzindo os tempos e permitindo a operação do software por quadros pouco especializados.
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A IA COMO ALIADA NA OTIMIZAÇÃO DOS SOFTWARES
CAD/CAM E MES:
A IA está já presente em muitas ferramentas do nosso dia a dia, tornando grande parte das nossas tarefas ainda mais fáceis e eficientes. A Forbes, numa publicação recente intitulada How To Think About AI: A Guide For Manufacturers, destaca a importância dos dados para a implementação da IA na produção industrial. Ou seja, as bibliotecas de dados guardados em softwares CAD/CAM serão fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem de modelos de IA, melhorando ainda mais funções de Produção Inteligente, como o reconhecimento formas geométricas, a manutenção preditiva e a otimização de processos e de fluxos de trabalho.
SOFTWARES PREPARADOS PARA O FUTURO DA PRODUÇÃO INTELIGENTE
COM IA
O artigo da Forbes realça também o potencial da IA para apoiar na resposta à falta de mão-de-obra qualificada na indústria. Os softwares CAD/CAM já têm vindo a investir neste sentido, através de:
• Programação simplificada: Funcionalidades como templates e reconhecimento automático de features, simplificam a programação CNC, tornando-a acessível a um leque mais vasto de profissionais.
• Automatização de tarefas: As tarefas repetitivas dentro do software estão cada vez mais automatizadas, libertando os trabalhadores mais especializados para se focarem em atividades mais complexas.
Não obstante, importa referir que as empresas precisam de investir na formação e na qualificação dos seus quadros para que possam trabalhar neste tipo de tecnologias e em conjunto com a IA.
Os softwares CAD/CAM que estão a explorar formas de incorporar a IA e que já têm processos automatizados com base em bases de dados, irão elevar ainda mais os níveis de eficiência e segurança na produção industrial, posicionando-se como uma solução ainda mais inteligente e automatizada.
Em conclusão, a IA será um ótimo complemento para softwares que já têm elevados níveis de automatização, elevando ainda mais a otimização dos fluxos de trabalho, a automatização de tarefas e a eficiência da produção. Tratam-se, portanto, de soluções que respondem a grande parte dos desafios da indústria e que visam a maior competitividade das empresas.
TECNOLOGIA /
SUSTENTABILIDADE
DESCARBONIZAR A INDÚSTRIA DE MOLDES: QUAL O CAMINHO?
A PEGADA DE CARBONO EXIGE MEDIDAS URGENTES: NÃO DEIXES PARA AMANHÃ O QUE DEVIA TER SIDO FEITO ONTEM!
OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS PME
TRANSIÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE AUMENTA COMPETITIVIDADE
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DESCARBONIZAR A INDÚSTRIA DE MOLDES: QUAL O CAMINHO?
Ana Pires * * CENTIMFE
A descarbonização é um imperativo global para combater as mudanças climáticas e preservar o nosso planeta. Na indústria de moldes, essa transição é crucial para minimizar o impacto ambiental e garantir um futuro sustentável. Percorrer o caminho da descarbonização sem comprometer os objetivos económicos e financeiros das empresas é o desafio que o sector apresenta agora e nos próximos anos.
O CENTIMFE iniciou este caminho com as empresas através do projeto WATT – WATT About Twin Transition, em que mais de 250 participantes quiseram conhecer como poderiam fazer o caminho da transição verde e digital. Neste projeto, uma ferramenta de autodiagnóstico foi disponibilizada, assim como guias, workbooks e checklists foram elaborados para que as empresas conhecessem como deveriam começar a fazer a sua twin transition
No entanto, a descarbonização é imperativa e torna-se essencial. Não há alternativa para quem se quer manter no mercado. Como fazer a descarbonização é a pergunta que se segue e que envolve, necessariamente, diversas medidas:
• uso eficiente de energia elétrica, com equipamentos de baixo consumo;
• recorrer a energias renováveis, em detrimento dos combustíveis fósseis, não só nos processos como também no transporte;
• aproveitar o calor residual dos processos;
• recorrer a tecnologias como o fabrico aditivo/impressão 3D, para maior eficiência de produção e como tecnologia de reparação;
• sensibilizar e capacitar os profissionais da indústria para a importância da descarbonização e como a mesma deve ser feita, apoiando as empresas na adoção de práticas mais sustentáveis.
• implementar princípios de economia circular, como a aquisição de produtos com elevado teor de material reciclado, produção de moldes de elevada durabilidade e com elevado teor de material reciclado, conceção de produtos para serem reciclados, reparados, refabricados (dando origem a novos moldes).
As medidas apresentadas terão de ser implementadas e farão parte do novo normal. Para responder às necessidades das empresas, o CENTIMFE decidiu continuar o caminho iniciado com o projeto WATT. Em parceira com a CEFAMOL, ambos se encontram a desenvolver o projeto LOW-CARBON. Este projeto, financiado pelo PRR, tem por objetivo desenvolver um roteiro para a descarbonização do sector industrial dos moldes.
O projeto pretende que 50 empresas adiram e desenvolvam os seus planos de ação recorrendo a uma ferramenta online a ser disponibilizada gratuitamente pelo CENTIMFE. Em paralelo, várias são as ações de formação a serem lançadas pela CEFAMOL, assim como workshops onde poderão ser debatidas as diversas estratégias para produzir com menor pegada do carbono.
Este é um projeto que vem dar continuidade às boas práticas já implementadas pelas empresas, preparando-as para o futuro cada vez mais exigente.
Mais informações em lowcarbon.centimfe.com.
REVISTA MOLDE CEFAMOL SUSTENTABILIDADE /
/ / Energia renováveis como forma de descarbonização (Sungrow EMEA, unsplash).
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/ / Fabrico aditivo como tecnologia de reparação e de fabrico com menor consumo de recursos (CENTIMFE).
A PEGADA DE CARBONO EXIGE MEDIDAS URGENTES: NÃO DEIXES PARA AMANHÃ O QUE DEVIA TER SIDO FEITO ONTEM!
Rafael Pastor ; Jose Costas
UM POUCO DE CONHECIMENTO GERAL SOBRE GASES COM EFEITO ESTUFA
Embora tenha levado muito tempo para desenvolver a consciência social, as mudanças climáticas estão presentes e os seus efeitos são tangíveis. Estamos numa emergência climática provocada pelo Homem, e temos a obrigação de fazer algo a esse respeito.
Peter Lipman, Diretor da Sustrans, aconselha: “Se quisermos realmente enfrentar as alterações climáticas, temos de nos tornar alfabetizados em energia e carbono e lidar com as implicações, não só das nossas escolhas, mas também das maiores infraestruturas que sustentam os produtos que consumimos.”
Sabemos que existem vários gases com efeito estufa. O que é dominante é o CO2 (dióxido de carbono), que é emitido quando queimamos combustíveis fósseis. Outros gases com efeito estufa, mais potentes que o CO2, mas emitidos em menores quantidades, são o N2O (óxido nitroso), 265 vezes mais potente que o CO2, libertado principalmente a partir de processos industriais e agrícolas; CH4 (metano), 28 vezes mais potente que o CO2 e emitido principalmente nos aterros sanitários e agricultura; e os gases refrigerantes que são vários milhares de vezes mais potentes que o CO2
Estes dados são relativos ao efeito que tais gases têm, considerando um panorama de 100 anos (GWP100 – Global Warming Potential). Se considerássemos um período de 20 anos (GWP20), 1 tonelada de metano é equivalente a 85 toneladas de CO2
Uma só atividade pode provocar a emissão de vários gases com efeito estufa (GEE) e em quantidades diferentes. Como estes gases tem comportamentos diferentes, os cálculos da pegada de carbono tornam-se bastante complicados. Por exemplo, o metano tem uma vida muito mais curta do que o CO2, e considerando o panorama GWP100, nos primeiros 10 anos desse período, o metano já provocou praticamente os 100 % dos seus danos, enquanto o CO2 apenas teve 10 % do efeito que terá ao longo do século.
Para estandardizar os cálculos, foi acordado expressar a pegada de carbono em termos de equivalente de dióxido de carbono (CO2e). Por outras palavras, o impacto total provocado por todos os gases com efeito estufa que são emitidos por uma determinada atividade ou produto, deve ser expresso em termos
da quantidade de dióxido de carbono que teria o mesmo impacto durante um período de 100 anos.
COMPENSAÇÃO DE CARBONO POR DINHEIRO?
Um tema com o qual os autores deste artigo discordam totalmente, é a possibilidade de poder trocar emissões de carbono por dinheiro. Por exemplo, ao comprar uma passagem de avião para ir desde Portugal aos EUA, a companhia aérea oferece a possibilidade de comprar a pegada de carbono que você vai provocar nesta viagem pela quantia de 15 $.
A um preço de 3,5 € / tonelada de CO2, com apenas o 0,2 % do PIB mundial teríamos a crise climática resolvida. Isto é um disparate e lembra da época em que, se comprássemos uma “bula”, já podíamos comer carne nas sextas-feiras da Quaresma. Isto é desviar a atenção do verdadeiro problema que temos e que não pode ser comprado com dinheiro.
CARÁTER ESTRATÉGICO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável é considerado uma necessidade de caráter estratégico porque o mercado está cada vez mais exigente nesta matéria. O sector automóvel, grande consumidor de moldes, tem estratégias claras relativamente ao tema da sustentabilidade. As OEM e os grandes integradores já estão a pedir aos seus fornecedores que calculem a pegada de carbono dos produtos que desenvolvem e/ou produzem. Já estão a incluir como requisito para se manterem no negócio que iniciem projetos e definam objetivos até 2030 no tema da descarbonização. Estas exigências obviamente vão-se estender aos subfornecedores, entre os que estão incluídos os fabricantes de moldes.
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Bruno Campos da MD Group, na sessão de lançamento do Roteiro para a Descarbonização da Indústria de Moldes, aconselhou as empresas do sector para adotarem as melhores práticas o mais rapidamente possível para corresponder as exigências dos clientes. Neste sentido, a indústria dos moldes tem um grande desafio pela frente que precisa de respostas rápidas.
Para serem coerentes com este aspeto estratégico da sustentabilidade, os clientes deveriam privilegiar, juntamente com os requisitos atuais de qualidade, serviço e preço, aqueles fornecedores que ofereçam produtos com a menor pegada de carbono. Mas, por enquanto, isto ainda não está a ser considerado na adjudicação de projetos (espera-se que em breve o seja).
Há também muitos que, em relação a este gravíssimo problema (muito mais pelo que ainda não chegou do que pelos efeitos que já conseguimos detetar), falam, simplificando muito, as boas e más notícias:
• A boa notícia é que a consciência social que mencionamos, continua a crescer e a estender-se globalmente e com mais intensidade.
• A má notícia é a incerteza sobre se a reação que estamos a tomar, será ágil e eficaz o suficiente para recuperar condições de equilíbrio sustentável a tempo.
A3 THINKING PARA DIMINUIR A PEGADA DE CARBONO
NA INDUSTRIA DE MOLDES
O primeiro passo para a resolução eficaz de problemas é estar ciente dos mesmos (reconhecer, identificar, esclarecer e formular o problema). Isso, que é a boa notícia que mencionamos acima, já está a acontecer. Na prática, o A3 thinking da Toyota é um paradigma para uma comunicação eficaz de problemas.
Vale a pena parar um pouco neste esquema de comunicação A3 thinking conciso (one page report) e rigoroso, porque pode ser de grande valor para abordar a contribuição de cada fabricante de moldes para a redução da pegada de carbono.
Na forma de pensar A3, vamos contextualizar o problema na nossa empresa. Tomaremos uma linha de base que nos posicione e formularemos uma sequência de target conditions em marcos temporais sucessivos. Cada um destes marcos estará associado
a uma estratégia, a um programa de mudanças e a uma recolha de provas tangíveis sobre os efeitos de cada bloco de mudança, que, naturalmente, teremos o cuidado de destacar para todas as partes interessadas.
Uma analogia com a tecnologia de agentes inteligentes é muito útil aqui. Essa tecnologia tem os seus fundamentos no que chamamos de BDI (beliefs, desires and intentions). Por um lado, formulamos os OBJETIVOS - D (desires) neste programa de mudanças relacionadas com a redução da pegada de carbono, para colocar o planeta num quadro de equilíbrio sustentável. Alcançar esses objetivos depende de B (beliefs = axiomas que tomamos + conhecimento que adquirimos) e I (intentions: liturgias, procedimentos, hábitos, ...)
Muitas vezes, na empresa temos o D e o B, mas falta-nos o I (não temos tempo, há outras prioridades, falta-nos compromisso com a ação, ...). E isto é assim porque, geralmente, as organizações lutam para encontrar e corrigir problemas à medida que ocorrem, e não porque adotam uma visão estratégica de ações corretivas.
Após um longo processo de reflexão e acumulação de experiências, os autores deste artigo, têm desenvolvido o framework PIPES&PUDDLES©, experimentando-o e aperfeiçoando-o para fornecer uma solução para a I.
O framework PIPES & PUDDLES© é uma abordagem inovadora para resolver vários problemas muito sérios e recorrentes no desenvolvimento do princípio “process centric”, que, juntamente com o "customer focus", são pilares do paradigma LEAN (e com ele, da excelência nas operações).
O PIPES & PUDDLES© cria as condições na organização para que haja um I competente para resolver esses problemas comuns, que são uma barreira ao objetivo de todo negócio (ganhar dinheiro hoje e amanhã, de forma sustentada).
Esses problemas são, em essência, a gestão inadequada de riscos, a falta de agilidade em reagir a problemas recorrentes e entender o enorme valor empresarial por trás do aperfeiçoamento do que já funciona bem (porque essa é justamente a razão de ser da melhoria contínua).
O PIPES & PUDDLES© torna muito visível que a eliminação de acidentes, avarias, defeitos e atrasos é alcançável de uma forma muito mais rápida, cuja chave é valorizar as ideias sábias dos grandes mestres que tanto nos ensinaram (Juran: JMS (Juran Management System), divulgação do principio de Pareto, custos de não qualidade; Deming: 14 pontos para a gestão, melhoria dos processos produtivos, PDCA; Ishikawa: círculos de qualidade, diagrama de causa-efeito, TQC, sete ferramentas clássicas da qualidade; Shewhart: SPC)
Quem estiver interessado no framework PIPES&PUDDLES© pode encontrar um paper publicado pelo Journal of Industrial Engineering and Management no seguinte link: https://www.
jiem.org/index.php/jiem/article/view/6448
SUSTENTABILIDADE /
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OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS PME
Tânia Mendes *
* Inovação Empresarial | CENTIMFE
O projeto europeu POLREC teve início a 1 de setembro de 2022 e terá a duração de três anos. O projeto é financiado pelo Joint Cluster Initiatives for Europe's Recovery (Euroclusters) da Comissão Europeia ao abrigo da convenção de subvenção número 101074434 do Programa do Mercado Único (SMP COSME). Esta iniciativa apoia projetos que promovam a aplicação, nos ecossistemas industriais, da nova estratégia industrial europeia.
Com um orçamento total de 1,28 M€ para três anos, o projeto prevê a implementação de um esquema de financiamento direto às PME através de oito calls repartidas por três áreas - Inovação, Formação e Internacionalização.
De 22 de março a 22 de maio estão abertas as candidaturas para apoio à Internacionalização das PME e criação de parcerias internacionais.
O objetivo é facilitar a estratégia de internacionalização das PME, apoiando a sua participação em feiras e conferências na
Europa (subvenção Networking) com um orçamento máximo por subvenção de 1500€ por PME, e numa missão internacional organizada no Quebeque, Canadá (subvenção Matchmaking) com foco na reciclagem de polímeros (mecânica, química e digital) que ocorrerá em fevereiro de 2025, com um orçamento máximo por subvenção de 3600€ por PME.
O principal objetivo é apoiar as PME na expansão da sua rede internacional, desenvolvendo parcerias através da exportação do know-how europeu em soluções de reciclagem de polímeros, alcançando novos mercados em países europeus, e fora da Europa, e desenvolvendo novas cadeias de valor para aumentar a autonomia europeia em termos de matérias-primas para a produção de polímeros.
As candidaturas para apoio à formação dos quadros das empresas serão anunciadas no final de abril.
Fique atento às nossas redes sociais para ser o primeiro a saber como se pode candidatar!
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TRANSIÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE
AUMENTA COMPETITIVIDADE
Helena Silva *
* Revista Molde
À pergunta ‘Pode a transição verde aumentar a competitividade na maquinação?’ - que foi o tema do mais recente webinar promovido pela ISTMA – os dois oradores convidados, ambos da empresa DMG MORI, responderam com um perentório ‘sim’.
Michael Kirbach (responsável pelo centro de excelência nas áreas aeroespacial, moldes e ferramentas) e Michael Kieslich (responsável pela área de vendas na Europa) defenderam que uma aposta na integração dos processos, na automação e na transformação digital pode reduzir desperdícios e assegurar ganhos de tempo e produtividade, tornando as empresas mais sustentáveis, a nível ambiental, económico e social.
Os dois responsáveis falavam no decorrer de um webinar que, promovido pela ISTMA, se inseriu no Sustainable Initiative Program que a associação vem desenvolvendo ao longo do último ano, procurando proporcionar uma reflexão alargada sobre a questão da sustentabilidade na indústria de moldes e ferramentas especiais.
Esta mudança, salientou Michael Kirbach, “deve fazer parte da estratégia de cada empresa” que, no seu entender, tem de dar passos no sentido de um futuro mais sustentável. Mas, advertiu, a adoção de melhores práticas só surtirá efeito se “for pensada e executada da forma correta”.
A tecnologia assume um papel de destaque neste caminho. “Há muitas soluções disponíveis, mas o fundamental é escolher aquelas que ajudem as empresas a otimizar a utilização de recursos”, sublinhou, citando como exemplo o conjunto de opções que disponibiliza ao mercado a empresa que representa, adiantando que foram pensadas e criadas para garantirem “uma abordagem holística à questão da sustentabilidade, assegurando desde ganhos de produção a benefícios para o ambiente.
“Temos de olhar para os processos e procurar os melhores resultados”. Tal permite que as empresas consigam dar uma resposta mais eficaz aos seus clientes, pois estes “surgem com desafios cada vez mais complexos e exigentes”. Por outro lado, a adoção de tecnologias terá um efeito de atração de jovens para as empresas. Algo que, sustentou, “é hoje uma preocupação transversal da indústria”.
Michael Kieslich, por seu turno, centrou a sua intervenção na questão da energia, cuja poupança preocupa as empresas do sector. Conseguir reduzir os gastos de energia, estruturando a rentabilização da produção ao integrar os processos é, no seu entender, uma das principais apostas. E, na prática, funciona como um ciclo: ao reduzir o tempo do processo de fabrico, o consumo de energia é menor, o desperdício também e a empresa ganha em produtividade e sustentabilidade.
Opções como a automação ou o digital twin foram sugeridas como possibilidades para assegurar um melhor desempenho. Exemplificando com casos práticos de soluções que a sua empresa disponibiliza, lembrou ainda a importância de parametrizar e analisar os indicadores de eficiência.
“Um bom planeamento é fundamental”, considerou, salientando que a mudança para um fabrico mais verde faz já parte da mentalidade da maioria das empresas. “Isso já se nota e também as empresas começam a perceber as vantagens de adotar formas mais sustentáveis de produzir”, sublinhando os fortes investimentos nas energias renováveis, com a adoção de painéis fotovoltaicos e a opção de incrementar a mobilidade elétrica.
REVISTA MOLDE CEFAMOL SUSTENTABILIDADE /
81
GESTÃO DE PESSOAS
A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA SERVIDORA EM TEMPOS DE DISRUPÇÃO ORGANIZACIONAL FUTURO DO TRABALHO PASSA POR ADAPTAÇÃO E APOSTA CONTÍNUA NA GESTÃO DE PESSOAS
// GESTÃO DE PESSOAS
N 141 ABRIL 2024 82
FUTURO DO TRABALHO PASSA
POR ADAPTAÇÃO E APOSTA CONTÍNUA NA GESTÃO DE PESSOAS
Helena Silva *
* Revista Molde
As empresas têm de investir, de forma sistemática, no desenvolvimento de líderes e gestores e, ao mesmo tempo, na disseminação da cultura empresarial, transversalmente, entre os colaboradores. Só assim conseguirão construir uma base sólida para enfrentar os desafios presentes e futuros.
Esta foi uma das principais conclusões do webinar ‘Os Desafios na Gestão de Pessoas para 2024’ que, organizado pela CEFAMOL, decorreu no âmbito do programa Talentum.
Artur Ferraz, da International Business Consulting (IBC) foi o orador convidado, dando a conhecer à plateia virtual composta por mais de quatro dezenas de profissionais do sector, as linhas orientadoras para uma reflexão acerca dos principais desafios que se colocam às empresas, numa atualidade marcada pela incerteza e em acelerada transformação.
Começou por salientar a evolução que tem caracterizado o mundo do trabalho, citando questões como a escassez de competências no mercado, as mudanças geográficas, a disseminação da digitalização e da inteligência artificial, e enfatizando a urgência de uma redefinição do mercado de trabalho, com a valorização de outro tipo de competências que não, apenas, as especializadas. Tal obriga os profissionais da área de gestão de pessoas a adaptaremse rapidamente e a desenvolverem constantemente competências nesta área.
Tendo como base para esta análise um estudo da consultora Gartner, sublinhou ainda a necessidade de as empresas apostarem, de forma sistemática, no desenvolvimento de líderes e gestores. Além disso, destacou a importância da interiorização da cultura empresarial, transversalmente, pelos colaboradores. Só dessa forma, sustentou, se consegue “construir uma base sólida para enfrentar os desafios presentes e futuros”.
Outras questões que classificou como desafiantes passam pela relação entre empregadores e colaboradores que, destacou, se caracteriza, muitas vezes, pela instabilidade. Aludiu também a outras situações: a flexibilidade, a ansiedade, a desconfiança e a escassez de talento disponível no mercado de trabalho.
A somar a tudo isto, surge, associada à digitalização, a Inteligência Artificial. No seu entender, trata-se de um tema que levanta muitas dúvidas e receios, considerando que “é preciso que exista uma discussão profunda nas organizações sobre esta matéria, de forma a perceber como vai impactar na atividade”.
EQUIPAS COESAS
Um outro aspeto, é a pressão para a eficiência operacional. “Produtividade, eficiência e redução são palavras que, pelo excesso com que são utilizadas, levam as pessoas à exaustão”, advertiu.
É preciso mudar, defendeu, considerando, no entanto que há que ser cauteloso com a forma como se coloca isso em prática. “Falase tanto de mudança que as pessoas também estão saturadas quando tal não se concretiza de forma consistente”, alertou.
Torna-se imperioso desenvolver lideranças e cultura organizacional, avançar com a digitalização dos processos dos recursos humanos, apostar na gestão da mudança, nas carreiras e na mobilidade interna.
Para evoluir, lembrou, é preciso saber. Por isso, um dos caminhos que se destaca é uma aposta na formação. Mas esta tem de ser contínua, evolutiva e necessária ao dia a dia, sob pena de não ser eficaz. Para além de tudo isto, sublinhou, “é imprescindível construir equipas de trabalho que o sejam verdadeiramente”. Porque, defendeu, “só com equipas coesas se consegue ultrapassar os desafios que se colocam às empresas”.
Para tal, as organizações têm de envolver os seus colaboradores. “As empresas têm de ser ‘transparentes’ e muito claras naquilo que são; ou seja, têm de dar-se a conhecer”, defendeu, lembrando que as novas gerações que chegam ao mercado de trabalho têm expectativas diferentes e necessitam de se sentir parte integrante. Para tal, observou, “têm de conhecer a organização”.
“É necessário ligar as pessoas, através de proximidade emocional e não física”, acentuou ainda, considerando fundamental apostar na melhor comunicação.
Um outro aspeto relevante diz respeito à gestão das carreiras que, no seu entender, têm de ser sustentadas em planos com foco na mudança. Lembrou ainda a importância do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, salientando que esta é uma das questões que, atualmente, constitui a prioridade das pessoas.
GESTÃO DE PESSOAS /
REVISTA MOLDE CEFAMOL 83
A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA SERVIDORA EM TEMPOS DE DISRUPÇÃO ORGANIZACIONAL
Artur Ferraz *
* Consultor Internacional em Gestão de Pessoas
Em tempos de disrupção, onde a única constante é a mudança, as organizações enfrentam desafios sem precedentes que requerem uma abordagem inovadora e adaptável. Nesse cenário dinâmico, a liderança desempenha um papel crucial na capacidade de uma empresa não apenas de sobreviver, mas também de prosperar. Entre os diversos estilos de liderança, emerge como fundamental a liderança servidora, que coloca o bem-estar e o desenvolvimento dos colaboradores no centro de suas preocupações.
A liderança servidora é mais do que um simples modelo de gestão; é uma filosofia que promove uma cultura organizacional baseada na empatia, na humildade e no compromisso com o crescimento mútuo. Em vez de se concentrar exclusivamente nos resultados financeiros de curto prazo, os líderes servidores priorizam o apoio e o crescimento das suas equipas, reconhecendo que são elas as verdadeiras impulsionadoras do sucesso organizacional.
Em ambientes de grande disrupção, como o atual, onde a incerteza é a norma e as mudanças acontecem em ritmo acelerado, a liderança servidora destaca-se como um catalisador para a resiliência e a inovação.
Ao cultivar um ambiente de confiança e colaboração, os líderes servidores capacitam os seus colaboradores a enfrentar os desafios com convicção, encorajando a adoção de metodologias de experimentação e fomentando a aprendizagem contínua.
Além disso, a liderança servidora contribui significativamente para a construção de uma cultura organizacional forte e coesa.
Ao demonstrarem humildade e disposição para ouvir, os líderes servidores inspiram confiança e lealdade nas suas equipas, promovendo um senso de propósito compartilhado e um compromisso com os valores fundamentais da organização.
Num mundo cada vez mais frágil, ansioso, não-linear e incompreensível (BANI), as organizações que adotam uma cultura de liderança servidora estão melhor preparadas para enfrentar os desafios e capitalizar as oportunidades que surgem.
Ao investir no desenvolvimento de líderes que colocam as necessidades das suas equipas em primeiro lugar, as empresas não apenas fortalecem a sua capacidade de adaptação, mas também promovem um ambiente de trabalho mais saudável e gratificante para todos os envolvidos.
Em suma, em tempos de grande disrupção, a liderança servidora emerge como um farol de esperança e estabilidade, guiando as organizações rumo a um futuro mais resiliente e sustentável.
Ao reconhecerem o valor e o potencial de cada indivíduo e ao promoverem uma cultura de colaboração e cuidado mútuo, os líderes servidores estão a moldar não apenas o sucesso de suas organizações, mas também o futuro do trabalho como um todo.
// GESTÃO DE PESSOAS
N 141 ABRIL 2024 84