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Qualidade é um pilar essencial da produtividade
QUALIDADE E OTIMIZAÇÃO
OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS ORGANIZACIONAIS
QUALIDADE É UM PILAR ESSENCIAL DA PRODUTIVIDADE
Uma gestão da Qualidade eficaz ensina as empresas a aprenderem com os seus erros e a evitá-los. Monitoriza. Mede. Caminha lado a lado com a produção e acompanha os processos, de forma a detetar fragilidades e a melhorá-los. De forma contínua. Neste sentido, o sector da qualidade é um dos garantes da otimização e, com isto, da rentabilidade das organizações.
David Barbeiro e Sofia Vieira – PMM
Quando se fala de gestão da qualidade, uma
das premissas é que “todos os processos produtivos têm de ser agregados, de forma a alcançar uma melhoria contínua e, nesse sentido, estão em otimização constante”. Quem o defende é Sofia Vieira, da PMM, adiantando que a empresa, certificada desde 2014, “tem tido esta preocupação constante de ir atualizando os seus processos, de acordo com as melhorias que vão sendo aplicadas na produção”.
David Barbeiro salienta, por seu turno, que “existe um imenso potencial na gestão da qualidade enquanto ‘ferramenta’ para otimização de processos, mas para que isso se torne eficaz é preciso que exista vontade por parte da gestão de topo e um comprometimento das chefias”.
Para estes dois interlocutores da PMM, não basta existir um responsável pela qualidade para que esta seja, de facto, funcional: “tem de haver um acompanhamento deste processo e tem de ser óbvio para toda a gente, dentro da estrutura, que há um compromisso e que todos percebem a sua mais-valia”. Acauteladas estas questões, a qualidade pode ser, efetivamente, o principal aliado da otimização.
E isto porque, adianta Sofia Vieira, “a qualidade incorpora a vertente da parametrização dos processos. Só por si, a análise destes resultados não vale nada, mas se essa análise gerar tomadas de ação, eliminando ‘gorduras’ e desperdícios, está a contribuir para a melhoria do processo. Caso contrário, está a retardá-lo”. “Analisar, por si só, não basta. O que traz valor é conseguir, a partir dos resultados das análises, juntar as pessoas e perceber como ultrapassar os problemas”, acrescenta David Barbeiro.
Reportando-se ao caso da sua empresa, adianta que “este processo está otimizado na sua forma de funcionamento”. Não é, contudo, automático, como faz questão de salientar Sofia Vieira. “Existe um acompanhamento muito próximo: a qualidade caminha de mãos dadas com a produção, no sentido de tentar automatizar cada vez mais este processo”, esclarece, sublinhando que um dos grandes objetivos é que “as pessoas sejam autónomas na decisão das soluções ou das melhorias, partilhando as suas ideias e opiniões”. De resto, salienta, “a nível técnico, já existe alguma automação. Por exemplo, o processo de qualidade, verificação e medição dos moldes já é automático”.
David Barbeiro destaca que “a qualidade dá visibilidade a tudo o que está a acontecer. Pode ou não apontar logo opções ou soluções, mas este detetar de algum problema é uma questão muito importante”.
Eliminar o erro
Para Sofia Vieira, quanto mais automatizado o processo, menor a possibilidade de erro e, logo, mais será a qualidade. “Os processos automatizados acabam por ajudar porque quanto menor for o erro humano durante o processo, melhor será a qualidade final, seja da peça, seja do molde”, considera, adiantando que “ainda não estamos na fase da total automação, mas tentamos caminhar para esse patamar”.
Os dois são unânimes em considerar que a competitividade de uma empresa depende muito da forma como consegue aliar a gestão da qualidade com o processo produtivo. “A qualidade torna visível a necessidade de fazermos melhor, todos os dias, porque nos aponta oportunidades de melhoria dos processos e as soluções”, lembra David Barbeiro, considerando que uma empresa que não tenha isto em consideração, “dificilmente será bem-sucedida”.
Sofia Vieira enfatiza o facto de muitos clientes terem como fator de escolha as empresas certificadas pelos seus processos de qualidade. “A qualidade começa pela gestão de topo, depois está muito ligada tanto à parte do mercado, como do marketing, bem como da criação de mais trabalho na empresa. Por fim, está também aliada à produção para poder fazer sair o produto em conformidade com os requisitos do cliente”, justifica.
Somema: “Qualidade ensina a aprender com os erros”
A possibilidade de fazer com que as empresas aprendam como os seus erros é uma das virtudes da gestão da qualidade. Assim o considera Carlos Pelicano, da Somema, considerando que “os erros/defeitos não acontecem ‘por acaso’ e, quando devidamente analisados, podem identificar-se as chamadas ‘causa raiz’, e daí tomar ações para que não voltem a acontecer”. E no seu entender é a partir destas ações sobre as ‘causas raiz’ que “resulta a otimização do processo”. Logo, a qualidade é, neste aspeto, um fator essencial.
Lembrando que o processo de certificação da qualidade mais comum, a ISO 9001:2015, tem como princípios “o foco no cliente, liderança, comprometimento das pessoas, abordagem por processos, melhoria contínua, tomada de decisão baseada em evidências e gestão das relações”, Carlos Pelicano afirma que “as empresas certificadas com esta norma têm de trabalhar estes princípios de forma a melhorar os seus processos e resultados”.
Mas o processo de certificação da qualidade, enfatiza, está dependente de um conjunto de fatores que residem na própria empresa. Destaca, de entre eles, “a cultura da qualidade, a estratégia da gestão e dos esforços de implementação e melhoria do Sistema de Gestão da Qualidade”. É por isso que, no seu entender, “existem empresas com um sistema de gestão de qualidade bastante maduro, gerando um elevado grau de otimização quando integrado na gestão da empresa”.
Carlos Pelicano – SOMEMA
Para Carlos Pelicano, “uma ferramenta muito útil, utilizada na gestão da qualidade é o ciclo de Deming, ou método PDCA (Plan-Do-Check-Act)”. E explica a razão: “esta ferramenta ajuda a desenhar processos e alocar recursos (humanos, materiais e conhecimento) adequados às atividades para que possa atingir os resultados pretendidos”. Nesse sentido, afigura-se “fundamental monitorizar e analisar os resultados reais. E sobre estes resultados, se necessário, implementar correções ou melhorias nos processos”, acrescenta.
Prevenir
Para não comprometer a qualidade, sustenta ainda, “o processo de otimização deve privilegiar as ações preventivas em detrimento das ações corretivas”. Recorda que, no passado, “a qualidade baseava-se principalmente no controlo dos defeitos para que fossem detetados antes do final do processo de fabrico”, contudo “isto acarreta custos adicionais, aumenta o tempo de fabrico e não garante que alguns defeitos não possam seguir para os clientes”.
Por isso, “mais recentemente, pretende-se reduzir os custos da gestão da qualidade e evitar as operações de controlo desnecessárias. Para tal, os processos são desenhados e validados para serem processos ‘anti-erro’ e só existe controlo de defeitos quando estes não podem ser prevenidos”, salienta.
Carlos Pelicano chama ainda a atenção para uma questão que, nesta matéria, considera pertinente: “a indústria caminha a várias velocidades, consoante a sua experiência e as boas práticas de qualidade existentes em cada empresa”. Por isso, defende que “por forma a melhor otimizar os processos e tornar as empresas mais competitivas, cada vez mais devem ser implementadas ferramentas ‘Lean’, por forma a identificar as atividades que geram valor e eliminar desperdícios existentes nos processos”. SF Moldes: “Qualidade é a espinha dorsal da empresa”
“O processo de qualidade é a espinha dorsal da empresa”. Jorge Cardoso, da Schneider Form Portugal (SF Moldes), começa por esclarecer que esta frase, apesar de não ser da sua autoria, resume a forma como entende a importância da gestão da qualidade.
É que, adianta, “a qualidade reflete os processos internos ou externos, as responsabilidades ou as tarefas; abrange o todo da empresa”. E só desta forma se pode considerar que o sistema está bem implementado e que é útil, uma vez que “permite que não existam trabalhos repetidos, seja por departamentos ou por funções, e o processo produtivo é muito mais otimizado”, sustenta, frisando que “todos os métodos de validação, verificação, controlo de processos já foram pensados de forma rigorosa e todos os colaboradores estão a trabalhar de forma otimizada”.
Para que se chegue aqui, considera, é fundamental que exista uma definição dos processos da empresa. “Uma empresa que não faça isto, acaba a trabalhar sem rumo”, adverte. Por outro lado, defende ainda, é preciso definir também um processo eficaz de comunicação entre departamentos.
Estes são, no seu entender, “os dois grandes pilares para permitir que um sistema de gestão da qualidade funcione de forma eficaz”. “Se estiver tudo espelhado num sistema de gestão de qualidade, isto acaba por ser a ‘espinha dorsal’ porque define o processo. E depois de definir o processo, é preciso designar as funções do processo e de cada um dos seus intervenientes”, explica. Transversal a toda a empresa, este sistema deve ser otimizado, de forma a garantir a produtividade e rentabilidade.
Jorge Cardoso – SCHNEIDER FORM PORTUGAL (SF MOLDES)
Capital humano
E se as tecnologias têm um peso importante nesta questão, as pessoas são, contudo, o elemento diferenciador, considera. “As tecnologias têm a possibilidade de nos ajudar a compilar dados e a organizar a informação, mas a decisão de como otimizar os processos ou como interpretar os resultados das auditorias ou sugestões que vamos recebendo internamente, isso é feito pelas pessoas”, defende, frisando que “o capital humano é fundamental para a definição de processos; não vamos colocar a tecnologia a fazer isso”.
O papel da tecnologia está, no seu entender, reservado a “dar indicadores, medir os procedimentos e depois, ao longo dos meses, verificar esses valores”. E os resultados dessas avaliações afiguram-se de grande importância para a definição de oportunidades de melhoria.
Jorge Cardoso adverte ainda para um outro ponto que considera fundamental: a gestão da qualidade deve ter uma ligação estreita com a administração e ser independente de todos os departamentos, sejam eles produtivos ou não.
De uma maneira geral, considera, as empresas de moldes têm presentes estas questões, tanto mais que, lembra, a generalidade dos clientes procura fornecedores com processos robustos, organizados e otimizados que lhes ofereçam confiança.
Um sistema de qualidade pode, no seu entender, fazer diferença numa empresa porque permite que “consiga tomar melhores decisões, quer sobre o chão de fábrica, quer sobre os departamentos produtivos e não produtivos”. E essa diferença nota-se, sobretudo, em momentos como aquele que vive a indústria atualmente, devido à pandemia de Covid-19.
“Os preços e prazos estão a ser esmagados e se a empresa já não tinha boa organização, acabará por colapsar, porque não consegue manter uma estrutura a funcionar”, alerta. Por isso, qualidade e otimização têm de caminhar lado a lado, de forma a assegurar uma melhoria contínua dos processos e rentabilidade.
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