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Otimização implica definição prévia das metas de cada empresa

OTIMIZAÇÃO NAS EMPRESAS

EXPERIÊNCIA DAS EMPRESAS

OTIMIZAÇÃO IMPLICA DEFINIÇÃO PRÉVIA DAS METAS DE CADA EMPRESA

Chegar a um processo otimizado que permitirá agilizar a produção, de forma a ganhar competitividade. Esta é a ambição de cada uma das empresas. Para atingir esse patamar, é preciso definir uma estratégia e agir em função das suas necessidades. Antes de investir em novos equipamentos, há que rentabilizar e otimizar com os já existentes, num processo onde as pessoas são, afinal, o mais importante.

Paulo Oliveira e João Reis – SOCEM MS

“Não vale a pena avançar na otimização sem

saber o que temos, o que queremos e o que ganhamos em otimizar”. Este é o alerta de João Reis, Diretor de Qualidade, Ambiente e Segurança do Grupo SOCEM, para quem “o ponto chave da otimização é saber onde estamos no que diz respeito ao nosso método e só depois definir o que queremos alcançar”.

Mas há um fator que importa ter em conta neste caminho, como adverte Paulo Oliveira, do mesmo Grupo: “não basta ter as ferramentas, nem implementar algo de novo na empresa se, depois, não começarmos a tratar a informação que nos é fornecida”. Adianta que, muitas vezes, “começamos a obter dados, mas nem sempre os que necessitamos e, para além disso, nem sempre damos seguimento a esses dados que nos são fornecidos”. Ou seja, é necessário escolher as ferramentas que permitam obter os dados que são necessários e que a empresa tem, depois, de trabalhar.

NÃO BASTA TER AS FERRAMENTAS, NEM IMPLEMENTAR ALGO DE NOVO NA EMPRESA SE, DEPOIS, NÃO COMEÇARMOS A TRATAR A INFORMAÇÃO QUE NOS É FORNECIDA.

Uma vez começado o processo de otimização, ele estende-se até onde cada empresa quiser, salienta João Reis. “Na otimização nunca há um fim definido. O que o mercado nos pede, hoje, é que estejamos sempre atualizados, seja nos processos, nos procedimentos. E essa atualização nunca acaba, está constantemente a ser renovada”, explica. Paulo Oliveira acrescenta que convém, até, “estar sempre um passo à frente da atualização”, uma vez que “otimização também é estar um passo à frente do que nos é pedido”.

A SOCEM, conta João Reis, “cresceu nesta rota de evolução constante, de otimizações, de forma a dar as melhores respostas aos clientes”. E hoje, sublinha, otimizar é, até, uma necessidade, face ao atual estado do mercado. “As exigências são enormes: muito menos prazo, moldes mais baratos e temos de conseguir ganhar dinheiro; temos de ser produtivos e rentáveis”, salienta.

Decisão estratégica

Para conseguir isso, sustenta, é preciso otimizar desde uma fase muito inicial. “Discutir bem os projetos logo na fase inicial ajuda a decidir muita coisa, a nível de maquinação”, exemplifica. Depois, lembra, há todo o resto: as máquinas, nas várias empresas do Grupo, alinhadas para comunicarem entre si e toda a empresa focada no sentido de dar a melhor resposta ao cliente. E isso, no seu entender, só se alcança quando uma empresa consegue “dar uma resposta completa”. Ou seja, abarcar todo o processo de fabrico, incluindo a injeção da peça. “Este conceito e mentalidade já vem desde a origem desta empresa”, conta, enfatizando que “a postura do administrador faz toda a diferença numa organização”.

FOTO: SOCEM

Paulo Oliveira, diretor de Produção SOCEM MS, adianta que é “a partir do topo que o exemplo segue, para baixo, em direção ao chão de fábrica, percorrendo toda a empresa”. Porque, afinal, o mais importante de todo um processo de otimização são as pessoas. “São elas que vão fazer com que algo aconteça. As máquinas, por si só, não fazem nada. Por isso, é preciso que as pessoas estejam integradas no processo para o tornar mais robusto e eficaz”, defende, adiantando que “criar um processo que não valorize as pessoas não funciona e é uma questão de tempo até voltar ao ponto de partida”.

João Reis acrescenta que “dar demasiada importância às tecnologias é um risco perigoso”, defendendo que “é preciso integrar as pessoas, formá-las, e informá-las sobre a estratégia”. No fundo, otimizar a comunicação.

Com isto, as vantagens são, para João Reis, evidentes, passando pela redução de custos, eliminação do desperdício e a criação de mais valor acrescentado. “Temos de nos enquadrar na realidade, dar a melhor resposta e ser rentáveis. Para isso, é preciso que nunca estejamos acomodados. Temos de procurar ir sempre mais além, mas em função da nossa estratégia”, considera.

Robotização

Para estes dois profissionais da SOCEM, a aposta em robotização e células de produção é incontornável, sob pena de se perder o comboio da otimização. Paulo Oliveira destaca que “a robotização e as células de produção são uma mais-valia quando se fala de otimização, porque permitem que o processo seja mais rápido, eficiente e consigamos ter os custos/prazo de forma controlada e direcionada”. O Grupo tem várias células, conta, explicando que, com elas, “consegue produzir-se de forma mais sistemática, com mais eficiência e menos desperdício”.

E neste processo de evolução constante, João Reis acredita que, no futuro, “muitos dos passos terão a ver com a constante evolução e as diretrizes dos clientes”. Dando como exemplo a pandemia, lembra que “de um momento para o outro, as regras do jogo mudam”. Por isso, considera, “no que diz respeito à otimização, temos de estar sempre com a mente aberta e focados a pensar fora da caixa”. Paulo Oliveira conclui, considerando que “a evolução na indústria de moldes está muito acelerada e, por isso, “é preciso estar, diariamente, preparados para a constante mudança do mercado”.

Moldoplástico: Otimizar passa por definir estratégia e plano

Nos moldes, a otimização de recursos “deve assentar em algumas premissas que sempre foram importantes, mas que o são cada vez mais: estratégia e plano”, considera Carlos Silva, da Moldoplástico, adiantando que o ponto-chave passa por “definir muito bem aquilo que pretendemos fazer e como o fazer”. Mas é preciso, no seu entender, que essa decisão seja transversal a toda a estrutura, desde a administração aos colaboradores. “É essencial que todos estejam alinhados com os objetivos da empresa”, salienta.

Um segundo passo que considera também fulcral é a definição de um plano. Ou seja, “como conseguir implementar o conjunto de objetivos para rentabilizar os recursos”. A resposta é “um planeamento bem definido, por cada sector e cada departamento”. Os objetivos da otimização, salienta, “têm de ser concretizáveis e mensuráveis”. Caso contrário, “estaremos a definir objetivos sem impacto, ou com impacto negativo, e isso reflete-se no produto final”.

Carlos Silva – MOLDOPLÁSTICO

Uma vez definida estratégia e plano, é tempo de partir para as ferramentas que consolidam a otimização. Para Carlos Silva, a standardização de processos é fulcral. “Se tivermos os processos controlados, menor a probabilidade de ter adversidades. E menor também a possibilidade de termos custos e perdas de tempo”, explica. Acrescenta depois a importância dos sistemas Lean. “São ferramentas que nos permitem ter maior produtividade, competitividade, flexibilidade, melhoria contínua, qualidade, menos defeitos e minimização de desperdícios”, afirma, frisando que “permitem manter o foco na redução de custos e ter maior capacidade produtiva”.

As pessoas

Por último, adianta, é preciso atender aos recursos existentes na organização – humanos e tecnológicos. Começa pelas pessoas, sublinhando que “sem elas não se conseguem otimizar processos e nem retirar vantagens competitivas”. “Têm de estar motivadas e comprometidas nos objetivos da empresa”, enfatiza, defendo que, “para isso, as empresas têm de lhes dar condições”.

As pessoas são, no seu entender, o maior desafio das empresas. “Os nossos colaboradores são o recurso mais difícil de gerir. Mas uma coisa é certa: quanto mais preparados e envolvidos na estratégia, mais a empresa beneficia”.

Passa, depois, para os recursos tecnológicos. “Temos de ter bons equipamentos, caso contrário não iremos muito longe”, afirma. E o desafio é que todos estes fatores se interliguem e caminhem de forma articulada. Quanto maior a articulação, maior será a eficácia.

Carlos Silva defende que uma boa otimização pode, até traduzir-se em maior capacidade de atração de clientes. “Se a empresa for organizada, se tiver processos bem definidos, se tudo for bem articulado, terá melhores condições que os seus concorrentes e, na perspetiva do cliente, isso vai conferir um maior grau de confiança”.

Soluções para melhorar, cada vez mais, a otimização não faltam, considera ainda Carlos Silva, contando que a oferta de tecnologia no mercado “é tão boa e variada que isso nunca deverá ser argumento para o que fazemos menos bem”. O que acontece, adverte, “é que, muitas vezes, a tecnologia está tão evoluída que temos dificuldade em tirar dela tudo o que nos permite fazer”. Por isso, volta a insistir na necessidade de se definir uma estratégia para que um investimento em tecnologia seja rapidamente rentabilizado.

Pegando no exemplo da pandemia, Carlos Silva considera que a otimização mostrou ser uma mais-valia. “As empresas otimizam os recursos e têm vindo a fazê-lo porque já perceberam que os preços jamais voltarão ao que eram”, sustenta, sublinhando que “sem otimização de recursos jamais vamos ser competitivos e estar no mercado de forma saudável”.

Planitec: Otimizar é um processo em permanente evolução

A otimização é um processo sem fim. Em constante evolução. “Cada dia surgem novas especificações e requisitos de clientes. Podemos ter um processo otimizado, mas de forma global nunca o está porque se vai acrescentando sempre algo mais”, considera Susana Almeida, da Planitec, defendendo que “as empresas têm de se adaptar aos novos requisitos e leva sempre algum tempo a otimizar. Mas temos de o fazer”.

No caso da Planitec, adverte Carlos Vieira, a otimização tende a ser diferente das restantes empresas. Atendendo à especificidade e precisão dos moldes que produzem que, ao contrário da generalidade das empresas de moldes dão prioridade à repetibilidade, Carlos Vieira esclarece que “há todo um método que tem de ser seguido”. Isso não significa que a empresa não tenha uma forte otimização, assente em tecnologias de vanguarda e máquinas de grande precisão. A diferença de que fala Carlos Vieira situa-se em fases cruciais do processo, nas quais, defende, as máquinas ainda não garantem um grau suficiente de fiabilidade. “O rigor é a nossa imagem de marca, por isso não corremos risco de o poder vir a perder”, salienta.

Isto significa que tecnologias como a robotização ou a paletização não fazem, para já, parte da estratégia. “Continuamos a defender que temos de fazer peça a peça e centrá-la ainda na máquina porque, dessa forma, conseguimos uma tolerância mais pequena do que otimizar e colocar na máquina um conjunto de elementos”, explica, salientando que essa opção lhes confere a certeza de que continuarão “a fazer moldes de grande precisão, evitando o erro que, acreditamos, pode estar ainda muito associado a determinados processos de automação”.

FOTO: PLANITEC

Mas todo o funcionamento da empresa está assente numa forte otimização. Exemplifica com o facto da Planitec fazer parte de “um grupo empresarial, composto por várias empresas, que comunicam e conseguem dar respostas concertadas”. “Temos instalado um sistema que corre todas as secções da empresa, desde o projeto, a lista de materiais, as compras, tudo isto sempre em função da validação do processo”, explica, adiantando que a construção de elétrodos e sua validação é também “um processo que temos automatizado há muitos anos”.

E a adoção deste sistema de funcionamento, adianta Susana Almeida, tem permitido eliminar o erro e, em algumas circunstâncias, conferir redução de tempo de produção.

Carlos Vieira e Susana Almeida – PLANITEC Organização e controlo

Uma vantagem que considera extremamente importante é, para Carlos Vieira, “a garantia de que, em qualquer momento, o cliente pode pedir uma peça e recebe-a sem problemas e em qualquer momento”.

Susana Almeida adianta que isto é resultado de “um controlo muito rigoroso e assertivo, a nível de processo”. “Há toda uma organização do trabalho que funciona para alcançar o produto final com qualidade”, enfatiza. “Há mercados diferentes para cada fabricante de moldes. Há produtos em que o cliente precisa de dois milhões de peças e depois o projeto acaba. Mas há outros clientes que precisam de repetição de moldes para fazer o mesmo produto. É nesse segmento que nós estamos”, salienta Carlos Vieira, adiantando que “conseguimos ter o controlo do processo, de forma a garantir que o cliente tem cinco ou seis moldes iguais e que funcionam sem qualquer problema”.

Para ambos, o futuro da empresa passará por manter este tipo de resposta. “A empresa é diferenciadora e o seu futuro passa por aí, por continuar a fazer bem e proporcionar um serviço de qualidade aos seus clientes”. Para isso, sublinham, é necessário manter a aposta nos recursos humanos.

“São o maior valor da empresa e é o seu conhecimento que permite alcançar as metas que definimos. Temos conseguido manter uma taxa de rotatividade baixa, o que mostra que é uma empresa com estabilidade. Por mais tecnologias que existam, sem as pessoas não conseguimos avançar”, defendem.

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