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Obreiros

Pela Loja Estrela passaram homens com suas mulheres e famílias. Irmãos, Cunhadas e Sobrinhos. A família maçônica da Almeida de Moraes. Todos eles, todos, sem exceção, têm sua marca nas sessões de trabalhos, nas palestras, nas cerimônias abertas, na representação da Loja.

Uma nova etapa para a Estrela

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“Depois de uma pandemia, as pessoas mudaram. Todos nós mudamos. A Estrela também.”1 (Rui Fonseca, Venerável 1997 – 2001)

“Voltamos à atividade, devagar, mas voltamos. Para tornar a Estrela protagonista de novo.”2 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013)

“Acredito que começamos um novo ciclo para a Loja. Novos Irmãos chegando. Precisamos de pessoas capazes e capacitadas para trabalhar, para servir. É isso a Maçonaria, a Estrela, a partir de agora.”3 (Ramon Mateo Junior – Venerável 2019- 2021)

Contudo, se as mudanças se impõem, uma coisa é certa: nada acontece sem o empenho dos Irmãos. Falar sobre eles, sobre o tanto de serviço prestado à Estrela e à comunidade santista de modo geral, significaria volumes infindáveis de narrativa. Por esta razão, optou-se por contar um pouco sobre sete Irmãos que surgiram na lembrança daqueles que falaram da trajetória da Estrela. Irmãos que dignificaram seu nome e honraram seu compromisso com a Maçonaria.

1 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 2 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 3 MATEO JUNIOR, Ramon. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.

Cícero de Araújo Filho: servir com o coração

Cícero viveu para servir. Aos outros e à Estrela.

“Não esqueço esta frase do Cícero: ‘quem não vive para servir, não serve para viver.”4 (Bruno Orlandi - Venerável 2021 – 2023)

Bancário aposentado, tornou-se um “arquivo vivo” da Loja. Contudo, modernizar o processo de armazenamento de dados era fundamental. Mas Cícero nunca se deu bem com máquinas. Ele era coração. Com a admissão da secretária Ademilde, a Adê, Cícero acompanhou a passagem de seus cadastros datilografados para o sistema informatizado. Pessoa acolhedora por natureza, Cícero era excelente ouvinte. Gostava de ajudar. Queria resolver o problema de todos. Em seu local preferido, a Estrela, os Irmãos recorriam a ele, para um conselho, uma solução. Cícero nunca deixou alguém sem resposta5 . A saúde começou a falhar. Seu amor pela Estrela continuou, a ponto de vir, todos os dias, portando sua bengala, dar seu melhor à Loja e a cada um que o procurasse. Chegou a cair, várias vezes, no caminho até a Estrela. Os Irmãos tentaram argumentar a gravidade de uma queda. Mas, qual apaixonado ouve a razão? Serviu à Estrela e aos Irmãos até sua condição física impedi-lo, definitivamente, de passar, de segunda a sexta, das 13h00 às 19h00 (em dias de sessão, até mais tarde) dentro das dependências da Loja.

4 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 5 JESUS, Ademilde Batista de. Irmão Cícero. Entrevista concedida à autora, em maio de 2022.

Com a palavra, Aldo José dos Santos

O Grande Arquiteto do Universo é pródigo em seus dons.

Quando o Irmão Aldo começava a ler seus textos, o Templo silenciava para ouvir aquele que pelas palavras, transmitia tanto conhecimento. Impecável. Por suas palavras, a ética maçônica era transmitida de forma clara, porém, sempre firme.

“Ele era uma pessoa que sempre estava junto com você, sempre orientando, sempre levando a bandeira da Loja Estrela para outros lugares. Era um cara que todo mundo queria para a Diretoria.”6 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009)

Jornalista, narrou a final da Copa de 70.

“Antes das sessões, ele me ligava para ver o que eu achava do discurso que ele faria. Aí, lia para mim. O que eu achava? O que mais eu poderia achar? Perfeito. Não tinha outra coisa para se falar dos discursos do Aldo. Os conhecimentos da Maçonaria, as reflexões que os discursos apontavam, tudo ganhava vida.”7 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013).

6 PIEROTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 7 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022.

tiberê Rocha Machado, a “boa tirada”

Médico, o Irmão Itiberê era aquele que jamais corrigia alguém: apenas chamava atenção e junto com a pessoa, mostrava onde estava a parte em desarmonia, seja de um fato ou de algo na ritualística.

Mesmo com tal percepção, seu humor contagiava a Loja8. E, quando o mote da piada era bom, ele era o primeiro a rir de si mesmo. A leveza natural também não o impedia de agir com justiça, quando a situação exigia:

“Houve uma cena singular, presenciada por uma cunhada nossa, quando um motorista na fila da balsa [...] atravessou seu veículo, na frente de outro, que havia furado a fila, descendo do carro e obrigando o ‘furão’ a voltar para o final da fila. Este justiceiro não era ninguém mais do que o nosso Irmão ITIBERÊ, o qual tornou-se, a partir daí, ídolo de nossa cunhada”9 .

Cabelos brancos, um tanto gordinho, o Irmão era destacado para ser o Papai Noel, o que ele fazia com gosto: já em novembro, deixava a barba crescer para maior fidelidade ao personagem. Com o mesmo senso de responsabilidade com o qual começava as visitas aos seus pacientes da Santa Casa de Misericórdia de Santos (entre 3h30 e 4h), esteve à frente da Estrela de 1989 a 1993.

8 DONATO, Carlos Antônio. Irmão Itiberê Rocha Machado. Revista A.R.L.S. ESTRELA DE SANTOS, a.23, n.4, p. 14-15, 2021. 9 Ibid.

José Evaristo Puga Junior, uma lição maçônica

No dia 30 de novembro, partiu o “Expresso da Solidariedade” em direção do Hospital A.C. Camargo. A caravana, composta de Irmãos, Sobrinhos e amigos de José Evaristo Puga Junior (muitos de outras Lojas) iria doar sangue e seus derivados. Puga estava sob tratamento delicado, que exigia constantes transfusões10 . Grupo animado, teve desde Irmão que lanchou antes e depois da doação até aquele que quase desmaiou ao ver o ambiente de um Banco de Sangue. Puga precisava dessa energia vibrante11 .

“Visitamos o Ir. Puga em seu quarto e encontramos um paciente calmo, equilibrado, valente, cheio de fé [...].”12 Comportamento que Puga sempre manteve junto à Loja, em diversas ocasiões e funções, como a de Tesoureiro, de Vigilante, de Mestre de Harmonia, na Comissão de Admissão Ritualística e Graus, entre outras.

Puga reuniu seus Irmãos para uma lição maçônica na prática e que envolveu solidariedade, comunhão de valores, amor e a doação sem esperar recompensa, mesmo se a maior recompensa fosse tê-lo de volta. “Foi um dos maiores obreiros para nossa Loja e para o Capítulo Santos da Ordem DeMolay”13 (Bruno Orlandi – Venerável 2021 – 2023)

“Deus levou o Puga cedo demais...”14 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009)

10 RIBEIRO, José Eduardo. O Expresso da Solidariedade e a chegada na Estação da Paz. Revista A.R.L.S. ESTRELA DE SANTOS, a.18, n.1, p. 04-05, 2014. 11 Ibid. 12 Ibid. 13 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 14 PIEROTTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.

Renato Soares Prestes: “ele sempre foi grande para caber seu coração

(Bruno Orlandi – Venerável 2021 – 2023)

Sim, ele era grande e firme em suas convicções. Conhecia a Maçonaria em profundidade. Fazia, como ninguém, a ponte entre a Loja, o GOB e o GOB São Paulo.

“Renatão, quando entrou aqui, como muitos, como a maioria, ele se deslumbrou com a Maçonaria. Só que ele se deslumbrou ao quadrado: ele vivia de segunda a segunda a Maçonaria.”15 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009)

“Ele era aquele cara que fazia, que puxava a Loja. Era um general, só que não ficava nas fileiras de trás, ele ia para a batalha e nisso ele reunia a turma para uma causa, desde nossos estudos filosóficos a um jantar beneficente.”16 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013) Tinha natural interesse em aprender e a compartilhar o que sabia, em especial, com os Aprendizes e com os DeMolays, a Ordem que ele trouxe para a Estrela. Bem-humorado quando perdeu o freio e bateu com o carro na balsa. Alegre até acamado no hospital. Feliz, mesmo na cadeira de rodas, brincando de trenzinho com os Irmãos na Festa de Final de Ano da Loja em dezembro de 201917. A última festa. Renatão partiu no mês seguinte, em 12 de janeiro de 2020.

15 PIEROTTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 16 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 17 ORLANDI, Bruno Galoti. Op.Cit.

Alberto Carneiro Esposito, o Eterno Mestre de Cerimônias

Betão, como era carinhosamente chamado, formou grande parte dos Mestres de Cerimônias da Estrela e dos Corpos Filosóficos. Um professor atento aos detalhes da ritualística.

“Era um Irmão muito presente, amigo demais. Conhecia em profundidade a Loja. Conhecia tudo.”18 (Bruno Orlandi – Venerável 2021-2023)

Betão, em duas ocasiões, teve oportunidade de estar à frente da Estrela. Com o costumeiro tato, declinou e respondeu: “neste momento, prefiro não ser Venerável”19 . Do seu jeito, continuou transmitindo seus conhecimentos e auxiliando os Irmãos. Continuou a elevar o nome da Loja Estrela.

18 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 19 Ibid.

Clóvis Ferraz do Amaral Sobrinho: em silêncio, o maçon faz sua obra

O Irmão Clóvis viveu intensamente a Loja. Atuou nas Comissões de Finanças e de Sindicância; exerceu as funções de Bibliotecário e Hospitaleiro.

Um Hospitaleiro de alma, a julgar seu amor pela Santa

Casa de Misericórdia de Santos20. Clóvis gostava de uma boa conversa. Se empolgava e esquecia das horas. Ao ver os

Irmãos subirem ao Templo, para as sessões de trabalho, aí ele se dava conta que não estava paramentado. Colocava seu balandrau e paramentos, para ocupar o lugar que lhe pertencia. Com a pressa, era comum esquecer alguma coisa21 .

Só nunca se esqueceu de colocar o coração em tudo que fazia, até fora da Loja. Em silêncio. Como exemplo de maçom que foi.

Homens exemplos para os pequenos lowtons, para os jovens do DeMolay, para cada Irmão e suas famílias a quem a Estrela abre sua pesada e bela porta.

20 DONATO, Antônio Carlos. Deixou Saudades. Ir. Clóvis Ferraz do Amaral Sobrinho. Revista. A.R.L.S Estrela de Santos, a.XXIII, n.03, p.16, 2021. 21 Ibid.

E por essa porta, não apenas esses sete Irmãos deixaram marcas.

Atualmente são os seguintes Irmãos que têm sua participação na massa e no tijolo com que constroem, a cada dia, a Loja Estrela:

Aguinaldo Gomes De Figueiredo Tavares Alberto José Dos Santos Aldo José Dos Santos Júnior Alexandre Augusto Monteiro Vianna Alexandre De Oliveira Lins Alexandre Del Rosso Pires Alfredo Fernando Vecchiatti Pommella Aluízio Caffé Alves André Almeida Pires André Ardito Angelo Alessio Neto Aniceto Dos Santos Assunção Antonio Augusto Caporali De Camargo Antônio Carlos Daud Antonio Carlos De Abreu Ribeiro Antonio Carlos Donato Antonio Fontes Henriques Antonio Lau Antônio Roberto Pimentel José Antony Gouveia Carraro Aristides Manoel De Arruda Arlindo Lopes Durão Arnaldo Joaquim Maria Arnaldo Martinho Silva Augusto César Cardoso Miglioli Augusto Ferreira José Benito Vazquez Fernandez Brunno De Moraes Brandi Bruno Galoti Orlandi Bruno Reis Almeida Cunha Carlos Alberto De Abreu Moraes Carlos Alberto De Oliveira Dias Carlos Alberto Ferreira Carlos Eduardo Pires De Campos Carlos Fernando Parreira Júnior Carlos Frigério Celso Porto De Oliveira Claudio Miguel Carpes Da Silva Rodrigues Constantino Barbosa Cavalheiro Daniel Gustavo Costa Martori Denys Dos Santos Fonseca Diego Abad Dos Santos Dilmar De Castro Edison Da Silva Monteiro Eduardo Acquaviva Eduardo Lima Junior Edy Wilian Tedros Enio Armando Nadais Moita Eugenio Carlos Pierotti Fabricio Rodrigues Da Silva

Felipe Esmanhoto Mateo Felipe Souza Thyrso De Lara Fernando Blanco Filho Fernando Cezar Zacharias Fernando De Matos Barbosa Fernando José Da Costa Burgos Fernando Luiz Gonzalez Flavio De Carvalho Pierotti Flavio Roberto Alvarez Quinto Flavio Tirlone Flávio Yukio Mori Francisco Alexandre De Paula Ferreira Francisco Carlos Sousa Ferreira Gabriel Borges Bessa Abdallah Khachab Gabriel David Hushi Gerson Eli Ávila Gil Ribeiro De Mendonça Júnior Gilberto Antunes Alvarez Giovanni Paixão Berno Haroldo Marciano Da Luz Filho Helcio Da Silva Helder Cyrillo Guimarães Da Silva Hernani Pinto De Lemos Junior Hideo Iwai Horácio Perdiz Pinheiro Júnior Hugo Barbosa Filho Ivan Akaoui Vianna Jair Di Domenico Jair Osvaldo Grassi Mazzetto João Carlos Meirelles Ortiz João Francisco Rodrigues De Abreu Faria João Ivair Disaró João Lascane João Paulo Da Silva Teixeira José Adriano Pereira José Alexandre Sant’anna Ayres Dos Santos José Antônio Elias Vieira José De Oliveira Guimarães Júnior José De Souza Celestino José Eduardo Ribeiro José Ferreira De Andrade Netto José Gonçalves José Roberto Fonseca José Roberto Serra Jose Rodrigues Da Silva Filho José Sergio Fernandes De Mattos José Soares Da Silva Jota Francisco Cillo Ferreira Julio Paulo Marques Amaral Laercio Volpe Leonardo Sorbello Netto Leone Rapoport Leopoldo Cardoso Almeida Cunha Luiz Carlos Lopes Ferreira Júnior Luiz Esteves Neto Marcelo Fernandes Martins Merouço Marcelo Freixo Ferreira Marcelo Miguel Alvarez Quinto Marcelo Vallejo Marsaioli Marcio Antonio Rodrigues De Lara Marcos Antonio Dos Santos Mauricio Silva Samogin Mauro Castro Maccori Miguel Angelo De Souza Nataniel Picado Alvares Nelson Lopes Dos Santos Nelson Ubinha Nicola Jorge Carneiro Neto

Nicolas Pellegrini Magaldi Nilton Da Piedade Barreiro Noberto Estevam De Araujo Norberto Do Carmo Filho Odair Fernandes Grilo Olegario Pereira Monteiro Filho Oséias Santos Cabral Paulo Dos Santos Paulo Roberto Pinto Moran Júnior Paulo Rosa Machado Filho Ramon Mateo Júnior Reinaldo Dos Santos Alves Renato Farinas Rodrigues Ricardo Paulo Dos Santos Roberto Dos Santos Júnior Roger Amorim Santos Diniz Ronaldo De Almeida Saraiva Filho Ronaldo Heitor Canas Rui Fonseca Dos Santos Serafim De Almeida Tavares Sidney Ribeiro Dinau Sylvio Guerra Júnior Valério Arini Pereira Victor Emmanuel Passos Barretto Victor Morais Padilha Vladimir Marques Raccioppi Wagner Teixeira De Asevedo Waldemar Ribeiro Xisto Filho Walter Felicio Filho Wanderley Neustaedter Watson Uliana Travassos

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