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Homens livres e de bons costumes
Muito se fala sobre a Maçonaria e, mais ainda, pensa-se sobre o que é este grupo de homens, das mais variadas classes sociais, de todas as raças e formação profissional. Um grupo de homens que têm, no servir, seu maior trunfo. Talvez, a palavra servir seja também incompreendida em sua profundidade pois, a humanidade ainda a compreende como algo menor, subalterno. Pois é o servir, doando algo de si para um todo maior que representa o sentido da Maçonaria. E aí, reside a dificuldade de se entendê-la: não estamos acostumados a servir, mas sim, a exigir. Suas origens se perdem no tempo e na história. Sabe-se da existência de um mosaico, descoberto em 1878, na cidade de Pompeia. Enterrado sob as cinzas do Vesúvio, mostrava o nível de pedreiro com o fio de prumo com chumbo, em cima de um crânio logo abaixo, uma borboleta, equilibrando-se sobre uma roda1. De Pompeia aos dias de hoje, a Maçonaria tem recebido um interesse que vai desde obras documentais à ficção. Há quem veja sua origem nos construtores das pirâmides egípcias, incluindo faraós e, portanto, sob as patas da Esfinge, lá estaria uma parte de sua história. A questão do construir algo na matéria e que, ao mesmo tempo, representasse a finitude da vida humana e sua dependência de uma Inteligência Maior deve ser levada em conta quando falamos sobre a Maçonaria. Portanto, a ligação com os mestres artesãos e construtores do Templo de Salomão, em Jerusalém, tornou-se uma teoria também aceita pelos próprios maçons com o passar do tempo e que vê, no ser humano, o templo ideal a ser construído mediante o refinamento de ideias, pensamentos e, sobretudo, ações.
Nesse contexto, a Maçonaria entra na Idade Média através das corporações operárias, dos pedreiros e mestres construtores das catedrais, cujos conhecimentos protegiam sua arte na edificação. Vale lembrar: a palavra arte possui também significado histórico e, à época, se referia aos grupos com identidade profissional e técnica mais especializada, ou seja, corporações, como a dos artesões, a dos tapeceiros, por exemplo, que se distinguiam dos trabalhadores comuns e ocasionais, por habilidades especiais2 e transmitidas de pai para filho. Desse modo, dos canteiros de obras, onde existiam a troca de conhecimentos, no mais alto nível, surgem a palavra lodge, em inglês, e loge, em francês. Ou seja, as lojas, como local de abrigo físico e intelectual, uma vez que quanto mais especializado em sua função, o mestre construtor, o pedreiro, o entalhador e o artesão poderiam contar com a proteção do rei e da Igreja, dependendo, ainda, do momento em que um ou outra detinham o poder. Assim, é fácil entender o cuidado com que tais homens protegiam sua classe e seus conhecimentos.
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1 DOUGLAS, Roberto; CERINOTTI, Angela. Maçonaria. São Paulo: Globo, 2004. 2 Ibid.
Na França de 1517, sob o reinado de Francisco I, existiu um agrupamento especial, conhecido como Colégio Francês, cujos membros figuravam artistas como Leonardo da Vinci, Andrea del Sarto, Benevenuto Cellini e Juan Lescot (pintores e escultores) e Robert Etienne e Michel Servet (cientistas). Assim, temos a primeira Grande Loja da Franco Maçonaria, com sua Constituição aprovada em assembleia magna, no ano de 15233 . Com a morte de Francisco I, começa a perseguição dos maçons pela Igreja. A solução encontrada foi a mudança da Franco Maçonaria para a Inglaterra. Em 1723, os maçons ingleses promulgam sua Constituição. As diferenças entre a Maçonaria inglesa e a francesa são bem evidentes. Na maçonaria francesa temos a luta pela liberdade do pensamento, seu ponto principal, separado da influência da nobreza ou da Igreja. Trata-se de um movimento filosófico, universalista e humanitário. Aceita todas as orientações religiosas que busquem o aperfeiçoamento moral e intelectual do homem, cuja base é o respeito ao ser humano. Já a maçonaria inglesa tem, na existência de Deus, seu sistema de ordem moral e de conduta, estimulando seus membros a uma vida regrada de acordo com os princípios de sua própria religião (desde que seja monoteísta). Contudo, para grande parte dos historiadores, a Maçonaria, como é entendida atualmente, surge em 1717, quando as quatro “lojas” de Londres se reuniram para decretar, na noite de 24 de junho, a criação de uma Grande Loja, para servir como referência estatutária e simbólica. Nesse momento, passa-se da Maçonaria Operativa (vinda essencialmente das corporações envolvidas na arte da construção) para a Maçonaria Especulativa, na qual se integram outras categorias profissionais e diferentes classes sociais4 . Na verdade, todas as origens, documentadas ou não, se misturam porque não há como descrever o alcance e a firmeza de um grupo de homens dispostos a deixar em sua história pessoal, algo de bom, algo de valor, além do laço familiar e de amizade. E, por termos milhares de obras sobre a Maçonaria e suas características principais, optamos por resumir as que podem ajudar na compreensão do que é a Loja Estrela, para os irmãos e para quem já ouviu ou leu que, esse grupo de servidores é composto por homens de bem e de bons costumes que guardam, da Arquitetura e da Geometria, a exatidão e o regramento para alcançar a base sólida de pirâmides, templos, catedrais e, por fim, de sua própria vida, cuja Loja perfeita é a união dos irmãos.
3 LIMA, Adelino de Figueiredo. Nos bastidores do Mistério. Rio: Spiker, 1958. 4 DOUGLAS, Roberto; CERINOTTI, Angela. Maçonaria. São Paulo: Globo, 2004.
Principais ritos e graus
De maneira bem simples, o rito pode ser definido como um sistema de comunicação que pode utilizar a palavra escrita e falada, além de gestuais específicos5 . Também podemos citar a definição de Martine Segalen6, para qual o rito [...] é um conjunto de atos formalizados, expressivos, portadores de uma dimensão simbólica. O rito é caracterizado por uma configuração espaço-temporal específica, pelo recurso a uma série de objetos, por sistemas de linguagens e comportamentos específicos e por signos emblemáticos cujo sentido codificado constitui um dos bens comuns do grupo6 . De certa forma, o ritual torna-se uma forma de expressão, que envolve nosso comportamento. Assim, é preciso que o ritual seja aceito e conhecido pelo grupo no qual se inclui. Para que exista, o ritual possui uma lógica interna de funcionamento, cuja estruturação se dá pelo uso dos símbolos envolvidos em sua manifestação7 .
Na Maçonaria, “é através do ritual que os integrantes da Loja devem se portar [...] primordialmente perante a própria instituição e, essencialmente, diante da sociedade”8 . Assim, o que se conhece por ritos maçônicos são, na verdade, o conjunto de regramento de informações, que vão conduzir as sessões de trabalho na Loja. Cada rito possui um sistema de graus para transmitir essas informações. Os Graus Simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre são encontrados em quase todos os ritos. Contudo, existem outros, de aperfeiçoamento, chamados de Graus Filosóficos. Cada grau representa, dentro de seu rito específico, um conjunto de conhecimentos que fazem parte do progresso ético e moral do maçom9 . No Brasil, os principais ritos e seus respectivos graus são: Rito Escocês Antigo e Aceito; Rito Brasileiro; Rito de York; Rito de Schröder; Rito Moderno; Rito Adonhiramita e Rito Escocês Retificado. O Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais praticado no mundo e, no Brasil, faz parte de cerca de 90% das Lojas Maçônicas10 .
5 PEIRANO, Mariza. Rituais – ontem e hoje. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2003. 6 SEGALEN, Martine. Ritos e rituais contemporâneos. RJ: Editora FGV, p. 31, 2002. 7 PEIRANO, Mariza. Op.cit. 8 JHONATAN, Rosa Lucas. A Ordem Discreta em Canguçu-RS: Maçonaria, Ritual, Segredo e Poder. 2018. 105f. Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto de Ciências Humanas, Curso de Antropologia, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas: UFP, 2018. 9 Ibid. 10 PANTANO FILHO, Rubens. Breve histórico da Maçonaria no Brasil. Revista Intellectus, a.VII, n.17, p.01-31, 2011.
Símbolos
Uma das formas de aprendizagem é a ligação visual entre objeto e seu significado. Nesse sentido, o objeto passa a ser o símbolo de determinado conceito. “Tudo aquilo que os olhos alcançam, mais rapidamente despertam a atenção e gravam na memória aquelas circunstâncias que vêm acompanhadas de sérias verdades”11 .
Neste entendimento, o símbolo “se impõe, mesmo se ele for escolhido de forma arbitrária, pois evoca um complexo de pensamentos que se projetam nele, e é essa projeção que se impõe a nós”12. É através dos símbolos que constrói a linguagem maçônica13 . Dentro do ritual maçônico os símbolos adquirem significados, de acordo com os respectivos graus, isto é, o símbolo vai se revelando conforme o progresso do irmão dentro dos ensinamentos. R. de Becker14 tem uma definição para o símbolo que se encaixa nesse contexto maçônico:
O símbolo pode ser comparado a um cristal que reflete de maneiras diversas uma luz, conforme a faceta que a recebe. Pode-se ainda dizer que ele é um ser vivo, uma parcela de nosso ser em movimento e em transformação. De modo que, ao contemplá-lo e apreendê-lo [...] contempla-se também a própria trajetória que se pretende seguir, apreende-se a direção do movimento em que é levado o ser15 .
O quê compõe uma Loja?
Esta é uma pergunta que diz muito ao maçom. Porque, o que faz a Loja, longe de ser o edifício, a estrutura física em si, a Loja são os próprios irmãos. Uma Loja só existe, quando os irmãos estão reunidos16 .
Por outro lado, uma verdadeira Loja Maçônica tem uma característica muito especial dos “materiais” que lhe erguem e sustentam suas colunas: “ [...] a Loja é exatamente um grupo de Maçons, uma entidade coletiva definida que tem sua vida própria, seu espírito particular”17. Isto é, o local que ocupa não importa. O que a define, o que a compõe e que, sem dúvida, vem garantindo, através dos séculos, a presença da Maçonaria, é o trabalho em si mesmo e para a sociedade feito pelos maçons.
11 DYER, Colin. O Simbolismo na Maçonaria. São Paulo: Madras, p.28, 2003. 12 CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1989. 13 CAMPANHA, L.R. A Filosofia e a Análise dos Símbolos. Cadernos de Pesquisa 20. Londrina: A Trolha, 2003. 14 BECKER, R. de. Les machinations de la nuit. Paris, 1965. 15 Ibid., p. 289. 16 BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento,1979. 17 Ibid.
Grande Oriente do Brasil
Neste ano de 2022, o Grande Oriente do Brasil completa exatos 200 anos. Aliás, não existiria a Independência do Brasil sem a participação efetiva dos maçons. No entanto, sabe-se que muito antes de 1822, já existiam grupos que funcionavam de maneira similar à Maçonaria, nas províncias de Pernambuco e da Paraíba. Porém, a primeira Loja brasileira foi a Cavaleiros da Luz, criada em 14 de julho de 179718 e com uma peculiaridade: a Loja funcionava à bordo da fragata francesa “La Preneuse”, no povoado da Barra (Bahia)19 . Já a primeira Loja maçônica, em solo brasileiro, chamava-se Reunião, fundada em 1801, no Rio de Janeiro.
O ideal libertário da Maçonaria chocava-se, evidentemente, com os interesses da metrópole portuguesa. Em 1817, a Revolução Pernambucana tentou implantar a República no Brasil. Em vão. Assim, em março de 1818, ficaram proibidas todas as sociedades que pudessem representar algum tipo de perigo à Coroa Portuguesa20 . Lojas atuantes, como a Comércio e Artes21, fecharam suas portas. Porém, como sabemos, o que faz uma Loja, não é o templo material, os maçons continuaram suas atividades na direção da independência do Brasil. Mesmo “clandestinos”, os irmãos reuniam cada vez mais simpatizantes para o rompimento definitivo com Portugal. Na verdade, a interação mais forte entre o processo de Independência do Brasil e a Maçonaria teve início com a exigência da volta imediata de D. Pedro, Príncipe Regente, para Portugal. Em 24 dezembro de 1821, o santista José Bonifácio, na ocasião, Ministro das Pastas do Reino e de Estrangeiros, escreve uma dura carta para D.Pedro: É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de ser homens – e mormente os paulistas – possam consentir em tais absurdos e despotismos [...] V.Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não só para o nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura. Se V.A. Real estiver (que não é crível) deslumbrado pelo indecoroso decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de príncipe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de desorganizadores, terá de responder, perante o céu, pelo rio de sangue que, decerto, vai correr pelo Brasil com sua ausência [...]22 .
18 CASTELLANI, José; CARVALHO, William Almeida de. História do Grande Oriente do Brasil. São Paulo: Madras, 2009. 19 Ibid. 20 Ibid. 21 Ibid. 22 Ibid, p. 34
Em 09 de janeiro de 1822, D.Pedro desobedece as ordens da Coroa Portuguesa, no episódio conhecido como Fico. Daí em diante, o papel de aglutinar simpatizantes para a causa da independência avolumou-se. De forma corajosa, a Maçonaria brasileira retomou suas atividades e a Comércio e Artes foi reinstalada sob nova identificação, Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro. As adesões numerosas fizeram com que fosse criada uma Obediência23 nacional em 17 de junho de 1822, o Grande Oriente do Brasil.
A expressão Grande Oriente define uma corporação maçônica, circunscrita a um país ou ritos, embora também possa abranger vários países ou ritos24. A definição de Jules Boucher é mais sucinta: “uma federação que agrupa diversos ritos”25 . Na ata de 02 de agosto de 1822, o primeiro Grão-Mestre, o Conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva, propõe para ingresso na Ordem, o Príncipe D. Pedro de Alcântara. Em 07 de setembro, o Brasil rompe com a Coroa Portuguesa. Em 200 anos, o Grande Oriente do Brasil teve participação direta na Abolição da Escravidão e, em especial, na Proclamação da República, momentos cruciais da história de nosso país. No entanto, cabe a pergunta: quem de fato esteve presente nesses cenários? A Maçonaria? Quem responde é Evandro Burity26:
Ela nada fez além de cumprir os seus objetivos, congregar, unir e instruir Homens Livres e de Bons Costumes, que através de suas ações puderam alterar a sociedade, mudar o mundo. Os feitos [...] foram realizações de Maçons, que movidos pelos princípios da Liberdade, da Fraternidade e da Igualdade [...] envidaram todos os seus esforços nas transformações sociais, que se faziam necessárias [...]27 . O Soberano Irmão Múcio Bonifácio Guimarães é o atual Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil 28 .
23 Uma Obediência, ou Potência Maçônica, é uma federação de Lojas (ver FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1974.). 24 FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1974. 25 BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento, p. 205,1979. 26 BURITY, Evandro. Maçons do Passado. Disponível em: www.gob.org.br Acesso em 12/03/2022. 27 Ibid., p.11 28 GOB. Disponível em: http://www.gob.org.br/grao-mestrado-e-equipe-/ .Acesso em 28/05/2022.
Grande Oriente do Brasil – São Paulo
O GOB – SP tem como objetivo principal o aprimoramento dos homens livres e de bons costumes de nosso Estado e isso só é possível pelo rigoroso cumprimento das leis maçônicas e pela eficácia dos serviços prestados29 . Outra característica importante do GOB –SP é o constante incentivo para o crescimento intelectual, que se mostra por ações sociais e cívicas de seus associados30. No Estado de São Paulo temos, aproximadamente, 60 mil maçons31 . Outra característica importante do GOB –SP é o constante incentivo para o crescimento intelectual, que se mostra por ações sociais e cívicas de seus associados 32:
“Tem muita gente que tem interesse em ser maçom, nem todo mundo tem perfil. O perfil está baseado na forma de você agir com o ser humano, com o próximo.”33(Gerson Magdaleno – Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil São Paulo 2019-2023)
De acordo com Gerson Magdaleno34, atual Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil -São Paulo,
“Na Maçonaria, ninguém é melhor que ninguém, independentemente do que você faz na sua vida, independentemente de cor, de raça, de credo, de religião. Somos todos criaturas iguais. Existe perfeição dentro da Maçonaria? Claro que não. A Maçonaria é composta por homens, por pessoas e todos nós somos seres falhos e por isso, ela nos ensina a entender que, através do conhecimento, do autoconhecimento, quando nós sabemos que somos seres falhos, a gente pode se corrigir [...]35.” (Gerson Magdaleno – Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil São Paulo 2019-2023)
“Somos uma família, tanto que nos tratamos por Irmãos [...], nosso relacionamento, sim, é um relacionamento de fraternidade36.” (Gerson Magdaleno – Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil São Paulo 2019-2023)
29 Disponível em: https://gobsp.org/ . Acesso em 29/04/2022. 30 Ibid. 31 MAGDALENO, Gerson. Disponível em: https://gobsp.org/entrevista-do-grao-mestre-gerson-magdaleno-sobre-a-maconaria-no-brasil-para-o-canal-achismo/ .Acesso em 25/05/2022. 32 GOB- SP. Disponível em: https://gobsp.org/ . Acesso em 29/04/2022. 33 MAGDALENO, Gerson. Op.cit. 34 GOB – SP. Disponível em: https://gobsp.org/ . Acesso em 29/04/2022. 35 MAGDALENO, Gerson. Disponível em: https://gobsp.org/entrevista-do-grao-mestre-gerson-magdaleno-sobre-a-maconaria-no-brasil-para-o-canal-a-deriva-podcast/ . Acesso em 25/05/2022. 36 Ibid.