85 anos • Loja Estrela de Santos
Homens livres e de bons costumes Muito se fala sobre a Maçonaria e, mais ainda, pensa-se sobre o que é este grupo de homens, das mais variadas classes sociais, de todas as raças e formação profissional. Um grupo de homens que têm, no servir, seu maior trunfo. Talvez, a palavra servir seja também incompreendida em sua profundidade pois, a humanidade ainda a compreende como algo menor, subalterno. Pois é o servir, doando algo de si para um todo maior que representa o sentido da Maçonaria. E aí, reside a dificuldade de se entendê-la: não estamos acostumados a servir, mas sim, a exigir. Suas origens se perdem no tempo e na história. Sabe-se da existência de um mosaico, descoberto em 1878, na cidade de Pompeia. Enterrado sob as cinzas do Vesúvio, mostrava o nível de pedreiro com o fio de prumo com chumbo, em cima de um crânio logo abaixo, uma borboleta, equilibrando-se sobre uma roda1. De Pompeia aos dias de hoje, a Maçonaria tem recebido um interesse que vai desde obras documentais à ficção. Há quem veja sua origem nos construtores das pirâmides egípcias, incluindo faraós e, portanto, sob as patas da Esfinge, lá estaria uma parte de sua história. A questão do construir algo na matéria e que, ao mesmo tempo, representasse a finitude da vida humana e sua dependência de uma Inteligência Maior deve ser levada em conta quando falamos sobre a Maçonaria. Portanto, a ligação com os mestres artesãos e construtores do Templo de Salomão, em Jerusalém, tornou-se uma teoria também aceita pelos próprios maçons com o passar do tempo e que vê, no ser humano, o templo ideal a ser construído mediante o refinamento de ideias, pensamentos e, sobretudo, ações. Nesse contexto, a Maçonaria entra na Idade Média através das corporações operárias, dos pedreiros e mestres construtores das catedrais, cujos conhecimentos protegiam sua arte na edificação. Vale lembrar: a palavra arte possui também significado histórico e, à época, se referia aos grupos com identidade profissional e técnica mais especializada, ou seja, corporações, como a dos artesões, a dos tapeceiros, por exemplo, que se distinguiam dos trabalhadores comuns e ocasionais, por habilidades especiais2 e transmitidas de pai para filho. Desse modo, dos canteiros de obras, onde existiam a troca de conhecimentos, no mais alto nível, surgem a palavra lodge, em inglês, e loge, em francês. Ou seja, as lojas, como local de abrigo físico e intelectual, uma vez que quanto mais especializado em sua função, o mestre construtor, o pedreiro, o entalhador e o artesão poderiam contar com a proteção do rei e da Igreja, dependendo, ainda, do momento em que um ou outra detinham o poder. Assim, é fácil entender o cuidado com que tais homens protegiam sua classe e seus conhecimentos. 1 DOUGLAS, Roberto; CERINOTTI, Angela. Maçonaria. São Paulo: Globo, 2004. 2 Ibid. 11