DESDOBRAMENTOS I Colóquio do Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Artísticas
Caderno de Resumos
UEMG/2015
C719d Grupo de pesquisa Teorias e Práticas Artísticas. Colóquio (1.: 2015: Belo Horizonte, MG. Desdobramentos - 1º Colóquio do grupo de pesquisa Teorias e Práticas Artísticas: caderno de resumos / Organização: Alexandre Rodrigues da Costa; Celina Lage; Sebastião Miguel; Gabriela Gomes, Ricardo Macêdo e Cássia Aveliz. Belo Horizonte: UEMG, 2012. 28 p. 1. Arte. 2. Estudo e ensino I. Costa, Alexandre Rodrigues da. II. Lage, Celina. III. Título. CDD 700.7 CDU 7:37
APRESENTAÇÃO O colóquio Desdobramentos tem como objetivo debater, a partir de diferentes perspectivas, a arte e seu desenvolvimento na teoria e na prática artística. Busca-se, assim, promover o diálogo entre vários campos do conhecimento como forma de exercitar o senso crítico sobre questões pertinentes à arte na contemporaneidade, como, por exemplo, as relações entre crítica, curadoria e mercado, ou os imbricamentos entre o corpo, a performance e a experimentação. Além disso, o Colóquio abre-se para a possibilidade de se refletir sobre o exercício do olhar como forma de conjugar a teoria e a prática na análise e no entendimento da obra artística. O colóquio conta com a presença de convidados que contribuem para reforçar o caráter multidisciplinar do evento: Cristina Machado, da Associação Cultural Dança Minas, fala sobre o espetáculo Transtorna, constituído de criação em dança contemporânea com instalações, performances e jam section; o professor Dr. Jacyntho Lins Brandão (PosLit/UFMG) reflete sobre as relações entre mito e imagem na Grécia antiga; e a professora Dra. Vera Casa Nova (PosLit/UFMG) apresenta considerações sobre o filósofo Roland Barthes e sobre os artistas Cy Twombly e Henri Michaux. O evento foi organizado pelo grupo de pesquisa Teorias e Práticas Artísticas da Universidade do Estado de Minas Gerais. O grupo de pesquisa é constituído por professores do novo Programa de PósGraduação em Artes e dos cursos de Graduação em Artes Plásticas da UEMG, professores da UFMG, UFOP e FAOP, além de pesquisadores independentes, mestrandos e graduandos.
Comissão organizadora Alexandre Rodrigues da Costa (PPG Artes/UEMG), Celina Lage (PPG Artes/UEMG), Sebastião Miguel (UEMG), Gabriela Gomes (UFOP), Ricardo Macêdo (FAOP) e Cássia Aveliz (UEMG). Realização Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Artísticas http://teoriasepraticasartisticas.blogspot.com.br Programa de Pós-graduação em Artes (PPG Artes/UEMG) http://mestradoartes.weebly.com/ Apoio Universidade do Estado de Minas Gerais (Escola Guignard Diretoria, Centro de Extensão, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação lato sensu. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação). Parcerias Departamento de Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), Projeto Sala de Estar e Museu Virtual de Brasileiros e Brasileiras no Exterior.
Mesa-redonda Sistema da Arte: Crítica e Curadoria Sistema da arte: entre o mercado, a repetição e o desencorajamento Ricardo Macêdo (FAOP) Atualmente, alguns artistas estão atrelados à reproduções de tendências que evocam sobremaneira o contexto de demandas do sistema de arte contemporânea. A multiplicidade e o acumulo de práticas artísticas semelhantes, apresenta-se como algo bom por um lado, em termos de uma economia da obra (junto as instituições que elegem as tendências do momento, como investimento para a manutenção de seu sistema). Por outro lado, revelam algumas perversidades táticas desse sistema: enfraquecimento de pesquisas e experiências (ou mesmo mercadologização da experiência), repetição e perda do controle sobre o próprio processo criativo e desencorajamento a uma postura mais critica. Nesse sentido, ha uma urgência para que possamos visualizar nessas questões, modos de aproximação crítica das obras e proposições artísticas. Mira Schendel, um vislumbre contemporâneo Dra. Rachel Cecília de Oliveira Costa (UEMG); Luisa de Godoy Alves (UEMG, PIBIC/Papq) A pesquisa analisa criticamente as monotipias da artista Mira Schendel realizadas entre 1960 e o início de 1970. Nessas monotipias, Mira busca a transparência, mas não persegue simetrias, ela não adota o espelho, mas alcança transparência permeada por opacidade, devido à fragilidade do suporte, o papel de arroz, e à técnica desenvolvida. A metodologia para o estudo consistiu em fazer o fichamento dos textos a respeito do trabalho da artista, trabalho já efetuado, e compará-los às monotipias, cuja
escolha está em curso, para, por fim, estudar os textos e as imagens à luz da análise crítico-filosófica de Vilém Flusser, cujos textos também já foram lidos e fichados. Flusser trata o trabalho de Mira a partir dos conceitos de transparência e significado. O filósofo conceitua a transparência como a capacidade do olhar humano de penetrar a superfície das coisas. O significado, como aquilo para que os símbolos apontam. Estes adviriam de convenções conscientes ou inconscientes. Os símbolos se referem, em última instância, às chamadas “coisas concretas” do mundo. Elas são o último significado de todos os símbolos. Criar símbolos seria, portanto, conferir significados ao mundo das coisas concretas. Nesse sentido, o trabalho de Mira aponta para questões da arte brasileira contemporânea, visto que a busca pela transparência significativa revelaria os fundamentos do mundo e da arte, vislumbraria abismos que vão além da aparência externa dos objetos, tornaria conceitos imagináveis, sem simplificá-los. Flusser defende que as obras de arte capturam novas experiências propostas pelos artistas, e podem mudar os modelos de comportamento, in casu, entrever a desorganização da estrutura da arte contemporânea, sintoma da falta de ossatura da obra de arte. Como resultado ainda a ser alcançado, apresentar-se-á a percepção crítica de Flusser comparada à de outros críticos, sem desconsiderar as monotipias de Mira. Palavras-chave: Mira Schendel, Vilém Flusser, monotipia, arte Patrimônio Fotográfico: reconhecimento e preservação Gabriela de Lima Gomes (UFOP) A proposta deste trabalho é propor um diálogo em relação ao reconhecimento do objeto fotográfico e a promoção de sua preservação. A invenção da fotografia ocorreu em contexto europeu, caracterizado por fomentos ao desenvolvimento das indústrias e marcado pelas invencço es cientit ficas. Poder escrever com a luz encantou o homem do see culo XIX, que havia conseguido
algo inee dito: 'fixar' um instante da vida em um suporte metálico por meio de um aparato mecaa nico. O sucesso da novidade fez com que a tee cnica fotografica desenvolvesse ligeiramente à procura de processos e mecanismos mais raa pidos, dinâmicos e precisos para a realização do ato fotográfico. Já para a preservação de coleções fotográficas é necessário controlar o uso das imagens e o ambiente de guarda. Uma prova fotográfica possui uma estrutura complexa e frágil, com presença de elementos de naturezas distintas: substâncias orgânicas e inorgânicas, dispostas em camadas. Apresentaremos uma prática que vem sendo realizada em um museu universitário na cidade de Ouro Preto, consagrado por suas coleções mineralógicas e seus equipamentos científicos. Queremos trazer à luz desta conversa o tratamento dado às coleções estanques situadas em locais de guarda que, a priori, não reconhecem as fotografias institucionais como um importante elemento para difundir os conhecimentos e conservar a memória. Palavras-chave: Fotografia, Preservação, Coleções estanques. A curadoria do Livro de Artista eletrônico na criação de espaços experimentais Dra. Celina F. Lage (PPG Artes/UEMG); Izabela Marcolino Carvalho Costa (UEMG, PIBIC/PAPq) O presente projeto visa a curadoria de um livro de artista sobre o tema das Esculturas do Partenon e suas diferentes temporalidades no contexto expositivo do novo Museu da Acrópole. Para tanto estão sendo realizadas pesquisas com foco no livro de artista como espaço expositivo e suas possibilidades de realização de experimentos curatoriais. Neste espaço, pretende-se construir um projeto curatorial inovador, que contribuirá com abordagens inéditas sobre as Esculturas do Partenon e seu contexto expositivo. A hipótese principal da pesquisa é que o Livro de Artista pode ser utilizado como espaço de experimentos curatoriais, resultando em uma prática autoral inovadora. Para tal, pretende-se levantar
questões sobre a posição autoral do curador e o potencial do Livro de Artista no âmbito da cibercultura, expandindo os limites físicos do livro de papel. A metodologia do projeto constitui-se de pesquisa bibliográfica relativas aos temas: livro de artista eletrônico, Curadoria do Livro de Artista, interatividade e portabilidade. O projeto prevê ainda levantamentos de fontes secundárias relativas aos temas abordados e redação de artigos científicos para divulgação dos resultados da pesquisa. Como resultado parcial da pesquisa, verificou-se que o Livro de Artista eletrônico possibilita o acesso da obra por um público ilimitado, permitindo que a mesma seja visualizada em qualquer dispositivo com acesso à internet. A conclusão parcial é de que este recurso é ainda pouco utilizado no Brasil e que há uma escassez de bibliografia especializada no tema em português, o que reafirma a importância da pesquisa desenvolvida. Palavras-chave: Livro de artista eletrônico; Curadoria; Cibercultura. A Curadoria de Arte no ciberespaço: conceitos presentes na construção de um museu virtual Dra. Celina F. Lage (PPG Artes/UEMG); Jade Liz de O. França (UEMG, PIBIC/FAPEMIG) Apresentamos reflexões sobre conceitos presentes e experiências vivenciadas na construção do Museu Virtual de Brasileiros e Brasileiras no Exterior, Ponto de Memória premiado pelo IBRAM e MINc, cuja plataforma pode ser acessada no endereço eletrônico <memoria.eu.org>. Os conceitos pesquisados inicialmente foram imigração, identidade, rede, memória, cibercultura e virtualidade. A partir desta pesquisa de cunho teórico, foi criado um projeto curatorial inovador, que pretende responder à demanda dos brasileiros que vivem no exterior em relação à preservação de sua memória e à divulgação de sua arte. Observa-se que na contemporaneidade os indivíduos estão conectados por redes, através da identificação com outros indivíduos no âmbito virtual. O
ciberespaço permite que as identidades sejam reafirmadas ou transformadas, conferindo-lhes grande fluidez e se configura como um espaço propício para criação, manutenção e difusão de memórias pessoais ou coletivas. O museu ganha nova potência na medida em que se virtualiza e desterritorializa, se tornando um espaço poético e experimental. Levando estas questões em conta, no seu primeiro momento de criação, o museu contou com quatro coleções iniciais: Artes, Memórias, Realidades e Futuros. A primeira coleção destina-se à livre expressão e ao registro de atividades artísticas, não importando se é proveniente de um jovem artista ou de um artista já consagrado. Memórias é dedicado às histórias e recordações de cada indivíduo através de relatos pessoais. Realidades é o espaço reservado para o presente, por onde se anda, o que se faz, os hábitos, as cores, os cheiros. Já na coleção Futuros podemos encontrar sonhos e as expectativas do que está por vir. Além das quatro coleções, o Museu lançou nos primeiros meses de funcionamento uma convocatória aberta para participação no projeto “Da janela para o mundo”, destinada a Brasileiros que vivem ou vivenciaram experiências no exterior, solicitando o envio de fotografias realizadas a partir de janelas. O projeto resultou em uma coleção de 96 fotografias, que foram disponibilizadas em três produtos: uma exposição virtual de arte postal eletrônica, um Livro de Artista e uma exposição em projeção site specific. Através da consciência da fluidez virtual, há a possiblidade de futuramente essas coleções se desdobrarem, se multiplicarem e se transformarem a partir das necessidades que forem surgindo com o recebimento dos vídeos e outros materiais enviados pelo público espontaneamente, ou mesmo através de convocatórias específicas. Finalmente, pode-se afirmar que a intenção do projeto foi de que o visitante/participante/autor possa expressar a sua identidade, construindo a sua memória e ao mesmo tempo construindo este espaço partilhado. Desse modo, o visitante da plataforma pode vir a assistir um relato ou ver uma fotografia, se identificando com o outro e a situação em que ele se encontra, mesmo estando em países diferentes. Assim redes de trocas e conexões são construídas
pelo projeto curatorial, em um exercício poético compartilhado com o público, que aceita participar do projeto como co-autores. Palavras-chave: Cibercultura, Memória, Museu Virtual, Curadoria Digital
Mesa-redonda Reconfigurações do Corpo, Performance e Cinema A Experiência do Corpo: videoinstalações de Pipilotti Rist Cássia Aveliz (UEMG) Dos traços marcantes da transição do audiovisual do cinema para a galeria, tem-se a reconfiguração da composição do espaço que não mais se restringe à tela/projeção perante a um público estático, ampliando-se as possibilidades para se compor e exibir as imagens. Rompe-se com a obrigatoriedade de uma tela única e frontal que reproduz um discurso linear, a experiência audiovisual amplia-se para além da imagem projetada e passa a explorar o espaço externo ao monitor, apossando-se da ideia do corpo em diálogo com a obra e da obra de arte como processo. Essa aproximação entre arte e público é característico do tempo presente, com foco no imediatismo do momento vivido, nesse contexto o espectador torna-se agente principal que irá definir as relações entre dispositivo e imagem. Isso porque, ao abandonar a condição de imobilidade, este passa a interferir diretamente do conteúdo e na forma que a imagem é recebida: o trajeto, o tempo de permanência, a posição de que se vê; são fatores que interferem diretamente na percepção da obra e que se encontram do poder do visitante. O que se percebe no trabalho de Pipilotti Rist é que a artista se apropria dessa condição com propostas inovadoras se baseiam nas possibilidades criadas pelo percurso do espectador e na experiência do corpo no tempo e espaço delimitado pela videoinstalação, “de espectador imóvel e coletivo, cativo dentro da sala de cinema, o observador de uma instalação contemporânea torna-se um flaneur, móvel e solitário” (CARVALHO, 2008). Assim, tem-se um novo cenário de criação no qual a obra apresentada deixa de ser uma acabada, encerrada nela mesma, para se tornar um processo participativo, um diálogo constante com o ambiente e que explora o espaço
sensório, trabalhando as dimensões do corpo e do espaço físico e virtual em que a obra se inscreve. Fatores esses, que configuram a videoinstalação como “um dispositivo contaminado de linguagem, entre o vídeo, o ambiente e o corpo do visitante” (MELLO, 2007). Palavras-chave: Pipilotti Rist, corpo, experiência, arte contemporânea, videoinstalação. Transtorna, criação em dança contemporânea com instalações, performances e jam section Cristina Machado (Associação Cultural Dança Minas) A proposta desta apresentação é compartilhar impressões sobre o processo de criação de “Transtorna", espetáculo que dirigi para a Cia. de Dança Palácio das Artes. O total envolvimento artístico da direção do espetáculo, dos 22 bailarinos e equipe da companhia em sintonia com administradores públicos configurou-se como um complexo e produtivo momento do grupo marcado pela superação de desafios e impasses entre a criação artística e o esquema burocrático institucional. Além de um espetáculo ousado, um amplo acervo de produções como performances, videos, documentário, instalações e texto foram viabilizados e difundidos em dezenas de município do Estado e em capitais nacionais. Inspirada na poética de "As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, e no desejo de conceber um espetáculo fora do palco convencional, a primeira fase da criação foi o encontro dos bailarinos com convidados especialistas em arquitetura, psicologia, história da arte, performances, antropologia, práticas de improvisação abordando a temática urbana e aspectos da criação no universo do artista e da arte contemporânea. Ao final desta fase, vislumbrando a possibilidade de criar e apresentar o espetáculo em um espaço público da grande BH, visitamos os 3 túneis abandonados, feitos na década de 70 para a passagem da Ferrovia do Aço, no município de Sabará. A visita do grupo foi acompanhada pelo arquiteto Carlos Teixeira e pelo presidente da Fundação Clóvis Salgado, Chico Pelúcio. Após avaliarmos o impacto
financeiro e a dificuldade de garantir a segurança local dos indivíduos, desistimos da ideia. A segunda fase foi o exercício da experimentação na prática de pesquisas individuais, aprimoramento em técnicas de improvisação e no deslocamento espacial do grupo com ensaios cotidianos realizados alternadamente no estúdio de dança do grupo e em um galpão de uma fábrica de tecidos desativada. A metodologia de criação considerou algumas regras: 1cada intérprete-bailarino poderia escolher seu próprio universo de pesquisa dentro da temática sugerida, ; 2- os encontros dos trabalhos individuais aconteceriam em improvisações coletivas e previamente roteirizada; 3- a presença de público seria um elemento fundamental nestes ensaios coletivos, uma vez que os bailarinos deveriam experimentar estratégias de condução e deslocamento do público em cena; 4- ensaios abertos do espetáculo em processo seriam apresentados no interior do estado antes da estreia em BH. Assim, a dramaturgia da obra foi se fortalecendo na sobrevivência às inevitáveis adaptações coreográficas para cada espaços de apresentação. Transtorna explora gestuais cotidianos bem como alguns signos e significados manifestos em trabalhos individuais. Do gestual urbano cotidiano ao gestual intuitivo, arcaico, primitivo em uma ocupação diferenciada do espaço, “Transtorna" oferece ao público experiências individuais e fruição coletiva. Sempre se remodelando, o espaço e os corpos dos bailarinos questionam a dimensão simbólica dos muros, provocam desvios de percurso e quebram hierarquias de ocupação do espaço cênico pelo público e pelo bailarino. Para além de um olhar sobre a criação em "Transtorna", esta reflexão pretende elucidar a importância dos processos de experimentação na evolução do artista da dança. Palavras-chave: pesquisa, criação, dança, improvisação, público.
Performance e Sujeito: Tempo, Trajetória e Subjetividade Isabella Cristina de Souza Mendonça (UEMG, PIBIC/FAPEMIG) O projeto de pesquisa consiste na perquirição das relações temporais presentes na performance contemporânea e em sua vivência. A proposta busca também compreender as aproximações entre o racional e o intuitivo do sujeito performático, destacando as associações entre trajetória, tempo e espaço. A análise das performances A line made by walking (1967) de Richard Long, Parallel Stress (1970) de Dennis Oppenhein, Desplazierung (Change the locantion according to points in time) (1972) de Klaus Brinke e Linghtining Piece (1955) de Yoko Ono fundamentam a investigação, já que se relacionam parcialmente com a produção individual da pesquisadora. Como suporte teórico serão utilizadas as noções psicanalíticas de Freud sobre sujeito, sublimação, memória e tempo buscando associá-las à produção artística. A pesquisa se justifica por buscar um aprofundamento sobre questões referentes ao sujeito e investigar as relações entre racional e subjetivo na performance contemporânea. Indaga a noção de tempo-subjetivo ao analisar os elementos constituintes das obras mencionadas acima, enfatizando as relações espaço-temporais na realização de trajetórias. Questões estas que se apresentam de modo recorrente na produção artística atual. A verificação desses assuntos se dá a partir de pesquisas bibliográficas e iconográficas, visitas a exposições de arte, estudos crítico e comparativo das fundamentações teóricas e busca de referências em outras pesquisas de alunos e professores da Escola Guignard – UEMG. Identificamos até o presente momento questões relevantes da performance como a evidência constante do tempo subjetivo e da formação de trajetórias devido a presença de um sujeito na produção de sentidos. Verificamos na performance a reflexão pela ação e o encontro entre o mundo ativo do artista com o mundo do espectador que experimenta a proposição artística. A ação performática se encontra em uma linha tênue entre racional e subjetivo. Palavras-chave: Performance, Tempo Subjetivo, Sujeito
A performance do invisível Amanda Alves Neves (PPG Artes/UEMG); Camila Lacerda (PPG Artes/UEMG) Esta apresentação, composta de fotografias e vídeos que serão utilizados como ponto de partida para a exposição A performance do invisível, com curadoria de Amanda Alves, mestranda em Artes pela UEMG, se propõe analisar o processo criativo de Camila Lacerda, a partir da experiência que a artista vivencia na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Para isso, Camila apresenta uma série de doze fotografias (2015), ainda sem título; o vídeo Banho (2014) e o curta-metragem Loucura de Um Homem Só II (2010). O conjunto dessas três obras de Lacerda têm em comum os personagens “invisíveis” da metrópole Belo Horizonte. Essas pessoas que Camila Lacerda aponta como protagonistas neste recorte de sua obra são examinadas de acordo como elas utilizam o espaço público da cidade. Na série de fotografias, vestígios de objetos deixados por esses seres "invisíveis" à sociedade evidenciam os locais públicos utilizados como quarto, cozinha, dispensa, banheiro, etc. Em Banho (2014), um chuveiro é improvisado através de uma mangueira amarrada em um poste de luz e um homem toma banho no centro da cidade. No curta-metragem Loucura de Um Homem Só II (2010), o documentário apresenta Lindembergue (Beguinho), lavador e cuidador de carros, que mora na Praça Afonso Arinos, Centro de Belo Horizonte/MG. A partir dos conceitos de Estética Relacional (BOURRIAUD, 2009), as relações dessas pessoas “invisíveis” com a cidade são observadas através do viés artístico, ou seja, como se cada indivíduo fosse um artista que utilizasse a cidade como espaço expositivo; Metamorfoses do espaço habitado (SANTOS, 2008) contribui para a compreensão de como o espaço da cidade é moldado por esses indivíduos e Cultura e comunicação (BARROS, 2002) situa o lugar, a cidade de Belo Horizonte, onde a artista executou as obras citadas. Palavras-chave: fotografia, vídeo, invisível, cidade, processo.
Um cinema de restos: repetição e fragmentação nos filmes de Bruce Conner Dr. Alexandre Rodrigues da Costa (PPG Artes/UEMG) Alice Thomaz Tavares (UEMG, PIBIC/PAPq); Andrea Adelina Vieira Santos (UEMG, PIBIC/FAPEMIG) Nossa pesquisa tem como objetivo analisar a obra do artista e cineasta Bruce Conner, mostrando como seus filmes, que a teoria do cinema classifica como found footage, constituem-se de apropriação e incorporação de imagens descartadas, consideradas refugo pela indústria cinematográfica. Conner usa, por exemplo, em suas obras, imagens de cinejornais, filmes de baixo orçamento, trailers, e os reorganiza de maneira a criar novos sentidos para eles. Mas, como pudemos perceber, ao analisar o filme Breakaway (1966), Conner emprega a música de maneira também inusitada. Nessa obra, em particular, a música de Ed Cobb, “Breakaway”, o lado b do primeiro compacto da cantora Antonia Christina Basilotta, é articulada através da montagem, em um processo de decomposição tanto da dança quanto da dançarina, que, no caso, é a própria Basilotta. Para isso, Conner se utiliza de zooms, alternando ora tomadas em câmera lenta ora em câmera rápida, de modo a fragmentar o corpo em imagens, que, por vezes, se tornam quase abstratas. Esse processo de montagem nos levou a amparar nossa pesquisa nos teóricos soviéticos, Koleshov, Vertov e Eisenstein, e a refletir de que maneira, nos filmes de Bruce Conner, o corpo feminino é desarticulado por uma concepção de cinema que tende a oferecê-lo fora das normas de consumo. Em “Breakaway”, podemos ouvir: “Eu vou romper com todas as correntes que prendem, e todos os dias eu vou usar o que eu quero e fazer o que me serve muito bem”. Nos filmes de Bruce Conner, esse sentido expresso pela música ganha forma através de uma mulher que surge invulnerável a qualquer olhar que tente transformá-la em objeto de excitação, uma vez que, fragmentada, reduzida quase a borrões, sua imagem se torna tão informe quanto o filme que a sustenta.
A manufratura no cinema de Peter Tcherkassky Dr. Alexandre Rodrigues da Costa (PPG Artes/UEMG) Anna Carolina Cabral Rodrigues (UEMG, PIBIC/CNPq) A pesquisa aborda a apropriação de películas fílmicas, originárias de propagandas ou de filmes comerciais. Essa prática foi chamada Found Footage e consiste na apropriação e manipulação de imagens, por meio da montagem e da modificação na própria materialidade da película fílmica. Na nossa pesquisa, selecionamos alguns filmes que romperam com a tradição do cinema como ilusão e continuidade da realidade vivida pelo espectador. Nesses filmes, observamos uma preferência pela descontinuidade, pelo rompimento com a narrativa clássica do cinema tradicional. Estudamos artistas como Joseph Cornell, criador do filme Rose Hobart (1936) e Bruce Conner e o seu filme A Movie (1958); relacionamos algumas características de suas obras com o trabalho do cineasta austríaco Peter Tcherkassky, que se figura como principal objeto da pesquisa. Analisamos dois filmes Tcherkassky; Paralel Space: A Interview (1992) e Instructions for a Light and Sound Machine (2005). No primeiro, o cineasta questiona a experiência da imagem e a incapacidade de configuração de um único e absoluto espaço-tempo; ao inserir uma reflexão sobre a experiência da imagem voltada para a atenção e a intenção que o cinema projeta no espectador, e também, a atenção e a expectativa que este projeta na tela do cinema. O segundo filme analisado é consequência do trabalho realizado pelo cineasta na sala escura. Nele, Peter Tcherkassky desconstrói o filme de Sergio Leone, Três homens em conflito, interpretando o cinema como uma espécie de máquina de morte, cujas imagens são dilaceradas pelo próprio ato de ver.
Exposições Exposição “Da janela para o mundo” Celina Lage e Jade Liz (curadoras). UEMG, PIBIC/FAPEMIG A exposição consiste de um conjunto de 96 fotografias provenientes de brasileiros que vivem em diversas partes do mundo, ou que de alguma forma tiveram uma vivência no exterior, exibidas como arte postal digital. Foi concebida no âmbito do Ponto de Memória Museu Virtual de Brasileiros e Brasileiras no Exterior (http://memoria.eu.org), visando estabelecer um espaço compartilhado onde olhares são entrecruzados na construção de uma memória coletiva. Reúne trabalhos de fotógrafos experientes e amadores, que se utilizam de diversos tipos de equipamentos fotográficos: câmeras de aparelhos telefônicos móveis, computadores, tablets, etc. Para Baudrillard “ é o objeto que nos vê – é o objeto que nos sonha, é o mundo que nos reflete, é o mundo que nos pensa – esta é a regra fundamental da qual a foto, caso a aceite, pode trazer o rastro.” Os rastros apresentados revelam mundos particulares e refletem indivíduos que sonham, que se deslocam, que se desdobram a partir de um olhar lançado de uma janela. As memórias compartilhadas na exposição virtual são fragmentos de espaços e tempos que se cruzam, se interpenetram e se misturam. A exposição no contexto virtual ganha nova potência na medida em que se desterritorializa, se tornando um espaço poético e experimental. Por outro lado, o projeto curatorial previu ainda uma série de desdobramentos deste complexo objeto artístico na forma de Livro de Artista eletrônico e exposições físicas, que pretendem ampliar as possibilidades expográficas e projetar os olhares em espaços múltiplos.
Performance - #floresdeplásticopresente Du Flauzino O processo de construção desta performance, busca uma poética numa dimensão, que pode-se dizer um absurdo kitsch, que cola às flores ao fazer performático. As flores surgem a partir de desdobramentos da minha pesquisa em artes visuais, quando vou buscar o que simboliza a memória e a saudade; o que nos acompanha no tempo e no espaço. As flores enfeitam os espaços, permanecem no tempo e emocionam. A praticidade do nosso espírito contemporâneo, contudo, trouxe-nos as flores de plástico que adornam momentos felizes e tristes, preenchem ausências. Flores de plástico. Algumas em mínimos detalhes; outras, cópias grosseiras. Imitações natimortas. Solitárias, em ramalhetes. Decoram, homenageiam. Não murcham. Não cheiram. Mas desbotam. Estão presente agora e sempre. É vida. É morte. Santifica. Palavras-chave: flores, desbotam, vida, morte, santifica. #floresdeplásticodesbotam (projeção site specific) Du Flauzino Minha pesquisa fotográfica parte de uma poética em que utilizo dos túmulos e seus adereços, e os levo para um plano pictóricofotográfico. Fotografo as tentativas do fazer existir a memória, as manifestações de saudade e também de esquecimentos, entre as tentativas de evitar o vazio que jaz nos túmulo. Encontro neste contexto adereços, e principalmente flores. A saudade que nos olha, traz ao meu olhar, algo de sagrado e belo que se resgata diante da morte, como também uma variedade de flores, adereços e cores que se expande numa proporção pictórica. A pesquisa, representada pela imagem, desnuda questões humanas como o abandono, solidão, a efemeridade do objeto e das relações humanas. Observase um esvaziamento além dos túmulos, um vazio do homem. Aqui o papel da fotografia é recortar este contexto da sociedade
contemporânea, observado a partir dessa relação de morte e saudade, tempo e vestígios, e do espaço-tempo, utilizando das flores como base de argumentação. Palavras-chave: flores, fotográfica, olhar, sagrado, vazio.
Painel - Olhares Múltiplos Teoria como exercício do olhar Dra. Celina F. Lage (PPG Artes/UEMG) Desde a Antiguidade, inúmeros vocábulos relativos ao conhecimento possuem uma etimologia relacionada ao olhar. A própria palavra 'teoria' tem origem grega e significa a ação de ver e contemplar. Apesar de ser frequentemente entendida como uma atividade racional, lógica, ligada à construção de discursos e conceitos científicos, a teoria se utiliza do discurso e da palavra para mostrar algo na esfera da visualidade. De acordo com Platão, a palavra (lógos) é para ser ouvida, mas também para ser vista. Na República, ele diz que a palavra é mais moldável que a cera (Platão, Rep., 588d), o que reforça o aspecto plástico do discurso. A mesma raiz da palavra 'teoria' deu também origem à palavra 'teatro', o que lhe confere também um aspecto espetacular. Neste sentido, através da análise de alguns vocábulos provenientes do grego e do latim, pretendemos demonstrar que o exercício teórico é um exercício visual e espetacular. Aplicada às artes visuais, a teorização constitui uma espécie de desdobramento ou metalinguagem, uma vez que se trata de uma atividade visual que fala de uma outra atividade visual. Finalmente, conclui-se que teoria e artes visuais podem ser consideradas atividades correlatas, e que neste contexto não faz sentido a divisão recorrente entre teoria e prática artística. Interrupções incessantes: O dilaceramento da forma em Cent Mille Milliards de Poèmes, de Raymond Queneau, Tom, Tom, The Piper´s Son, de Ken Jacobs, e Patterns, de Gerard Richter Dr. Alexandre Rodrigues da Costa (PPG Artes/UEMG) Nosso estudo tem como proposta analisar o informe, conceito formulado por Georges Bataille, aplicando-o nas obras Cent mille
milliards de poèmes, de Raymond Queneau, Tom, Tom, The Piper's Son, de Ken Jacobs, e Patterns: Divided, Mirrored, Repeated, de Gerhard Richter. Essas obras se abrem, através de dilaceramentos, para a impossibilidade de lhes fixar limites, uma vez que elas geram excessos de significados, que têm como fundamento a instabilidade da forma. Nesse sentido, o paralelo entre literatura, cinema e pintura se desenvolverá a partir das relações que o informe nos oferece, no momento em que o percebemos como um processo de decomposição não apenas da matéria, mas do próprio ato de ver, que se volta contra si mesmo, ao se amparar na violência do nonsense contra a estabilidade das normas científicas e acadêmicas. Raymond Queneau, Ken Jacobs e Gerhard Richter mobilizam suas obras pela interrupção, pelo inacabado, pois os cortes, nelas, fazem com que, para o leitor e o espectador, o fim apareça como algo inalcançável. A partir dos dilaceramentos da página, do filme e da tela, os fragmentos são articulados em um número tão grande de combinações e configurações, que o indivíduo é confrontado com a impossibilidade de alcançar qualquer estabilidade como forma de alívio para suas expectativas. A angústia torna-se, assim, parte de um processo, no qual o excesso, o descontínuo e a repetição caracterizam um tempo em convulsão, no qual a obra revela sua existência ilusória, seus desdobramentos e interrupções incessantes. When your eyes: Attenborough e Björk na ponta dos dedos Dr. Sebastião Miguel (UEMG) Quando seus olhos veem sons e imagens, toques que conduzem os fotogramas e movimentos à ideia de construir uma memória coletiva, lembramo-nos de Warburg ao proceder à sua alegoria de imagens múltiplas da arte e da cultura popular, da alta e baixa cultura e, em suma, da arte, ciência, história, mitologia, astrologia, tecnologia e das culturas ocidentais e não ocidentais. Por um lado a imagem está sempre caindo na condição de clichê, afirma Deleuze — por que se insere em encadeamentos sensório-motores, porque
ela própria organiza ou induz seus encadeamentos, porque nunca percebemos tudo o que há na imagem, porque ela é feita para isto (para que não percebamos tudo, para que o clichê nos encubra a imagem...) Apenas o nosso presente leva-nos a indagar e rever a iconoclastia que damos aos recursos tecnológicos para produção de imagens, dessas falsas imagens que recolhemos e que não são capazes de nos dotar de uma memória que se prende a um punhado de velhas fotografias, falsas lembranças determinadas a forjar e conservar artificialmente um pretérito que nunca existiu. Palavras chave: Imagens, Biophilia, App, Arte Contemporânea, Fotografia. Fora do ponto de vista – o que se pode ver ou conhecer? Dra. Regina Mota (UEMG, UFMG) A pesquisa é parte da Habilitação em Desenho e será apresentada por meio do processo de criação desenvolvido no ano de 2015. Uma viagem ao sertão disparou em mim o desejo de imaginar, criar imagens que pudessem ser o meu caminho livre de volta ao desenho e às ideias que me são caras. O sertão é um espaço simbólico mais do que geografia, está profundamente relacionado à descoberta de um outro Brasil de costas para o litoral. Dos homens e mulheres que se assemelham a terra, ao rio, às pedras e árvores em que há pouca diferença entre as formas do humano e o não humano. O velho Chico é um rio mítico que se faz em contraste com a caatinga, que se faz em contraponto ao homem, que se faz a si mesmo, como forte e bravo. Uns e outros se complementam e geram uma filosofia única, fonte de inspiração para muitos artistas brasileiros. Para Varela (1996:57), os caminhos pelo sertão são percursos iniciáticos, travessia na procura do eu individual e coletivo, contra o redemoinho do tempo. Segundo ela, “quanto mais o homem se busca na cartografia dos fatos e na positividade das leis, tanto mais se perde no mistério dos sertões em cuja travessia o homem e a terra se afrontam..” A lição de Guimarães Rosa nos
ensina que o homem é tanto viajante quanto a viagem, objeto e sujeito da travessia, em cujo percurso o humano se faz ... já que “o sertão é o que não sei. Ninguém ainda não sabe, mas está dentro da gente.” A viagem de Mário de Andrade, epopeia da brasilidade, também cria pela palavra uma geografia única de espaços e tempos míticos e contemporâneos vividos por Macunaíma, cuja “inconsciência é a abertura para as metamorfoses da consciência sempre na apetência desvairada do devir” (VARELA, op cit). Por isso, o barroco sertanejo assim como outros barrocos das Américas não se liga a estilos e épocas. O “tecido entregue pela imagem” para Lezama Lima afasta-se da causalidade do historicismo, pelo método do contraponto. Ilermar Chiampi esclarece: “Em vez de relacionar os fatos culturais americanos pela relação de causa e efeito, denunciando uma progressão evolutiva, o seu contraponto se move, erraticamente para frente e para trás no tempo, em busca de analogias que revelem o devir.” (CHIAMPI, 1988:25) A técnica, fundamental para a expressão barroca, também é objeto da pesquisa e tem sido um objeto muito caro. É no período entre a Renascença e o Barroco que o conhecimento da ótica é aprimorado e as lentes usadas para a projeção, passam a ser um recurso na produção imagística. David Hockney (2009) observa que o recurso da projeção ótica possibilita uma nova forma de aproximação do real, antecipando o naturalismo fotográfico por pelo menos 4 séculos. Aparelhos e aparatos não trabalham como fazem os instrumentos. Mas informam, visando a modificação do mundo e da visão que temos do mundo, nos diz Flusser (1984). Hockney demonstra no seu estudo como os aparelhos retrataram mundos, tendo a pintura como suporte. No período barroco aparecem unidas as técnicas pré e pós renascentistas, o conhecimento da percepção e da ilusão. Último baluarte da crença religiosa, o barroco só pode ser aceito pelo pacto lúdico com o espectador, que permitia crer e descrer da imagem, como num jogo. Na sua conclusão, David Hockney, que sempre utilizou a técnica fotográfica no seu trabalho artístico, afirma que a necessidade da técnica ótica se dá porque somos seres tridimensionais, e que as duas dimensões não existem
na natureza e talvez seja por isso, que precisamos, no plano do desenho ou da pintura, duas dimensões representando três. No meu percurso até o desenho, a etapa da imagem técnica fotográfica e digital joga um papel intersemiótico, tradutor e criador. As fotos tomadas em movimento, na travessia entre Pernambuco e Piauí, revelavam mais do imagens a visão da câmera já como um desenho. São essas tomadas, retrabalhadas no computador e outros meios técnicos que forjaram as linhas fora do ponto de vista, de um conjunto de 20 desenhos, todos em preto e branco sobre papel e cartão, em formatos pequenos e grandes, que fazem a síntese desse epos, ou “a busca de quem somos na distância de nós”, como diz Fernando Pessoa. Palavras-chave: barroco americano, sertão, desenho.
Conferências Mito e imagens na Grécia antiga Dr. Jacyntho Lins Brandão (PosLit/UFMG) As relações entre palavra e imagem na Grécia Antiga são tematizadas, de modo a mostrar seu relacionamento, suas correspondências e suas peculiaridades. Trata-se de reconhecer como a cultura ocidental foi marcada desde seu início pelo interrelacionamento entre palavra e imagem, o qual é exemplificado com referências trazidas da tradição iconográfica e da tradição literária. (Resumo informado por Celina Lage) Twombly, Barthes e Michaux: a aventura do traço Dra. Vera Casa Nova (PosLit/UFMG) A pesquisa trata desses três autores que fazem do traço um não sentido, levando-nos a pensar sobre a questão da não representação plástica. Da literatura ao desenho, a letra se desfaz num movimento de desconstrução e pulsões criativas.