MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
Ano 3 - Nº. 8 - Agosto de 2008
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
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Ano 2 - Nº . 8 - Agosto de 2008
www.museuoscarniemeyer.org.br
“Percurso afetivo – Tarsila” traz pela primeira vez as obras da artista brasileira ao Sul do Brasil
Tarsila do Amaral “Affective Journey -- Tarsila” brings for the first time the works of the artist to south of Brazil
expediente MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA Presidente: Maristela Requião
Diretoria Administrativo-Financeira: Vera Regina Maciel Coimbra Assessoria Jurídica: Isabel Cristina Storrer Weber Assessoria Cultural: Ariadne G. Mattei Manzi Bruno Schmidt Marcelo Kawase Rebeca Pinheiro Sandra Mara Fogagnoli Acervo e Conservação: Suely Deschermayer Coordenação de Monitoria: Rose Franceshi Sirlei Espindola Solange Rosenmann Assessoria de Imprensa: Maria Tereza Boccardi REDAÇÃO Editora-Chefe: Melissa Castellano Reportagem: Flora Guedes e Marli Vieira Projeto Gráfico e Diagramação: Celso Arimatéia Tradução para o Inglês: Humberto Ferro Neto Fotografia: Acervo do Museu Oscar Niemeyer, Divulgação e José Gomercindo Produção e Edição: Projeto Comunicação -- (41) 3022-3687 www.projetocomunicacao.com Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Museu Oscar Niemeyer. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização. Para sugestões e críticas, escreva para nós: redacao@projetocomunicacao.com Tiragem: 20.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 115 g (miolo) Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 -- Centro Cívico CEP 80530-230 -- Curitiba (PR) Tel.: (41) 3350-4400 / Fax: (41) 3350-4414 www.museuoscarniemeyer.org.br
Imagem da capa: Tarsila do Amaral, “Antropofagia”, 1929, acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky
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editorial
Celebração
José Gomercindo
Aqui nós celebramos a arte, a criatividade, o talento. A temporada no Museu Oscar Niemeyer contempla mostras de alguns dos mais importantes artistas, nacionais e internacionais, possibilitando um verdadeiro mergulho no que há de mais expressivo no mundo em matéria de arte. O percurso afetivo impregnado na obra de Tarsila do Amaral, um de nossos maiores mitos femininos das artes plásticas, traz ao Paraná a célebre tela “Antropofagia”, de 1929, e também “Procissão”, com sete metros de comprimento, só exibida no 4º Centenário de São Paulo, em 1954. No Brasil, esta é a primeira individual de Tarsila mostrada fora de São Paulo. As 200 fotografias, em branco e preto, do genial German Lorca, nos fazem caminhar por um repertório inconfundível entre contornos de luz, sombra e poesia, no cotidiano das ruas paulistas, onde a chuva é uma constante. Do Museu de Arte Contemporânea de Caracas trouxemos expressiva coleção de preciosos trabalhos de Francis Bacon (1909-1992), Lucien Freud (1922), felizmente, vivo e produzindo, neto do famoso Sigmund Freud e Henry Moore (18981986). Os trabalhos em exibição, criados entre 1970 e 1990, pelos relevantes artistas do século 20. Da Fundação Anni e Josef Albers, nos Estados Unidos, a produção do escritor, pintor e teórico da cor, Josef Albers, e da criativa desenhista, escritora e printmaker, Anni Albers, nos mostram suas 14 viagens pela América Latina, entre 1934 e 1967. E a apropriação do design e da arquitetura de culturas hispânicas, na singular obra do casal alemão, expoentes da Bauhaus, apaixonados pela América Latina e pioneiros do modernismo no século 20. A mostra “A Arte do Japão, do Moderno ao Contemporâneo” nos revela diferentes etapas na história da arte moderna e contemporânea japonesa, com obras cedidas por vários museus, principalmente os da Província de Hyogo. A exposição vem pela primeira vez ao Brasil, mostrada exclusivamente no MON, e comemora os 100 anos da imigração japonesa. Paralelamente, outra vitória. Três artistasparanaenses, José Antonio de Lima, Mazé Mendes e Francisco Faria terão suas criações artísticas apreciadas no Japão, no Museu de Arte da prefeitura de Hyogo, em novembro/2008. A Província de Hyogo quis ter a primazia, por ser estado irmão do Paraná. É a nossa arte paranaense ultrapassando fronteiras. Diante de tal panorama artístico, que descortina tão notáveis e expressivas oportunidades de convívio com o melhor da arte, o convite para uma visita, ou várias visitas ao Museu Oscar Maristela Requião Niemeyer nos parece irrecusável.
Celebration
Maristela Requiăo
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Here we celebrate art, creativeness, talent. The Oscar Niemeyer Museum season favors on the exhibitions of some of the most important national and international artists, allowing a true dive into what is most expressive in the world, concerning art. The affective journey saturated on Tarsila do Amaral’s work, one of our most distinctive feminine myths in plastic arts, brings to Paraná the famous canvas “Antropofagia” (Anthropophagy) from 1929 and also “Procissăo” (Procession), seven meters wide, only exhibited in the 4th Centenary of Săo Paulo, in 1954. In Brazil, this is the first individual of Tarsila to be shown out of Săo Paulo. The 200 photographs, in black and white, from the outstanding German Lorca, make us walk through a unmistakable repertory of light, shadow and poetry outlines, in the “paulistas” streets’ everyday, where rain is unceasing. From Caracas Contemporary Art Museum, we brought a collection of precious works of Francis Bacon (1909 - 1922), Lucien Freud (1922), fortunately alive and working, grandson of the great Sigmund Freud and Henry Moore (1898 - 1986). The works in exhibition, created between 1970 and 1990, by the expressive artists of the 20th century. From the Anni and Josef Albers Foundation, in the United States, the production of the writer, painter and color theorist, Josef Albers and from the creative draftsman, designer, writer and printmaker, Anni Albers, shows us their 14 travels across Latin America, between 1934 and 1967; and the Hispanic culture architecture and design appropriation, in the German couple’s singular work, Bauhaus’ exponents, Latin America enthusiasts and 20th century modernism pioneers. The exhibition “Art from Japan, from Modern to Contemporary”, reveals us different stages in the Japanese contemporary and modern art history, with works lent by many museums, mainly those from Hyogo’s county. The exhibition, which comes for the first time to Brazil, is showed exclusively at MON and honors the 100 years of Japanese Immigration. At the same time, another victory. Three ‘Paranaenses’ artists, José Antonio de Lima, Mazé Mendes and Francisco Faria, will have their artistic creations appreciated in Japan, at the Hyogo’s City Hall Art Museum, in November 2008. The Hyogo’s county wanted to have the priority due to its brotherhood with Paraná State. It’s our “Paranaense” art overcoming boundaries. Facing this wide artistic landscape, which uncovers so noteworthy and expressive opportunities to coexist with the best of art, the invitation for a visit or many visits to Oscar Niemeyer Museum sounds us undeclinable.
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Tarsila do Amaral
Figures and prints – Exhibition gathers engravings of Bacon, Moore and Freud, three of the most relevant artists from the 20th Century
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Mostra reúne gravuras de Bacon, Moore e Freud, três dos artistas mais relevantes do século 20
Figuras e estampas
Photography — “Photography as memory” presents six decades of German Lorca’s work
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“Fotografia como memória” apresenta seis décadas do olhar carregado de poesia do fotógrafo paulistano German Lorca
Fotografia
Realist Segall – Exposition shows the painter’s search for a deepening of dialog with the ordinary man, with the marginalized, with pain and surrounding reality
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Exposição mostra a busca do pintor por um aprofundamento do diálogo com o homem comum, com os marginalizados, com a dor e com a realidade a sua volta
Segall realista
Tarsila do Amaral — “Affective Journey – Tarsila” brings for the fist time the work of the Brazilian artist to south of Brazil
“Percurso afetivo – Tarsila” traz pela primeira vez as obras da artista brasileira ao Sul do Brasil
índice
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On Stage – Stay tuned for the Museum’s programming and know which exhibitions will still be starring
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Fique por dentro da programação e saiba quais mostras permanecem em cartaz
Em cartaz
Spotlight — Check it out who passed by the Museum’s exhibitions openings
Confira quem passou pelas aberturas das exposições do Museu
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Acontece
Travels across Latin America — Color. Light. Culture. Exhibition presents the connection between the works of Bauhaus’ exponents, Josef and Anni Albers, with the pre-Colombian Latin American culture
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Cor. Luz. Cultura. Exposição discute a conexão da obra dos expoentes da Bauhaus, Josef e Anni Albers, com a cultura latino-americana pré-colombiana
Viagens pela América Latina
Rising Sun—Paraná’s artists expose at Hyogo’s Museum, in Japăo. The exhibition is the result of the interchange between Paraná’s Government and the Japanese CountyShire
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Artistas do Paraná expõem no Museu de Hyogo, no Japão. Mostra é fruto do intercâmbio entre o Governo do Paraná e a província japonesa
Sol nascente
100 years of Japanese Immigration — “Art from Japan: from Modern to Contemporary” pays homage to the 100 years of Japanese Immigration
“Arte do Japão: do Moderno ao Contemporâneo” presta homenagem aos 100 anos da imigração japonesa
100 anos de imigração japonesa
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Enfim, Tarsila “Percurso afetivo – Tarsila” traz pela primeira vez as obras da artista brasileira ao Sul do Brasil Tarsila do Amaral é uma artista respeitada e venerada no Brasil e no exterior. É uma tarefa árdua expressar a importância da sua produção artística, sem cometer uma injustiça, sem esquecer-se de abordar algum aspecto do seu trabalho. Faltam predicativos para defini-la. Sobram-lhe virtudes. Emblemática, requintada, feminina, espontânea. Hipnótica, sintética, encantadora. Criativa, transformadora, vanguardista. Inigualável. Pela primeira vez, as telas e gravuras de Tarsila chegam ao Sul do país. Raríssima oportunidade que pode ser conferida na mostra individual “Percurso afetivo – Tarsila”, em cartaz até o começo de outubro. De conceito biográfico-documental, a exposição tem como fio condutor um único documento, o seu “Diário de Viagens”, da década de 1920, onde a artista registrou desenhos e impressões de excursões que fez pelo Brasil e pelo mundo. A partir do diário, o curador Antonio Carlos Abdalla selecionou as mais de 50 obras reunidas Agosto – 2008
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na mostra, que revelam um recorte onírico “presente desde sempre na produção e vida de Tarsila”, que nasceu em 1886, no interior de São Paulo, e faleceu no ano de 1973, em São Paulo (SP). “Esta mostra é mais emocional, como uma sucessão de ‘flashes’. Com obras, documentos e objetos que foram caros à artista, quase uma ‘intromissão’ nos aspectos mais pessoais da vida de Tarsila. Fiquei muito ligado aos aspectos familiares também, com preciosas informações dadas pela Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da artista, sem as quais teria sido impossível chegar ao “Diário de Viagens”, no qual toda a exposição foi inspirada”, explica ele, que além do acervo da família, recorreu a pinturas e desenhos vindos de coleções como o da Fundação Nemirovsky, de Rodrigo Jacques Perroy, de Roberto Marinho, de Paulo Kuczynski, da Pinacoteca de São Paulo e dos museus de Arte Contemporânea e de Arte Moderna de São Paulo. “O diário original está em exposição, bem como um
“Auto-retrato” “Self portrait”
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bom número de ampliações de algumas das páginas, que integram a expografia”, informa o curador que garimpou vários documentos e objetos como, cartas, fotografias e trechos do próprio “Diário de Viagens”. Carlos Abdalla destaca uma pulseira do grande estilista francês Poiret, do período do Art-Déco, dos anos 1920. “Tarsila era da mais alta burguesia brasileira e chamava a atenção por sua elegância e originalidade ao andar pelas ruas de Paris. Há relatos de franceses sobre isso. Vem daí a famosa chamada de Oswald de Andrade, seu marido na época, para a ‘caipirinha vestida por Poiret’. É delicioso isso. É um sinal de contradição para essa mulher que sofreu as influências de toda a intelectualidade ligada ao ‘Partidão’ da época, e que tinha preocupação com aspectos sociais, depois muito bem representados em sua obra. É o paradoxo do nosso Brasil”, analisa Abdalla. “Percurso Afetivo – Tarsila” traz como obra mais representativa “Antropofagia”, de 1929. “Um dos motivos que convenceram a Fundação Nemirovski a emprestar a obra foi exatamente o ineditismo de se trazer Tarsila para o Paraná. Uma exposição desse verdadeiro ícone brasileiro é sempre rara, dada a dificuldade que se tem em conseguir obras de relevância, bem como a quantidade de solicitações de empréstimos, para o Brasil e para o exterior”, contextualiza. Entre os vários caminhos possíveis para o percurso curatorial, Antonio Carlos Abdalla evitou a divisão mais conhecida, que marca o trabalho de Tarsila do Amaral em três fases distintas: o Período Pau-Brasil, o Período Antropofágico e a Fase Social. ”Esta exposição é de caráter antológico, com recorte selecionado, quase intimista. É a ampliação de uma mostra, que teve minha curadoria, conjuntamente com a Tarsilinha do Amaral, apresentada em 2006, no Espaço Cultural da BM&F, em São Paulo (SP), quando se comemoraram os 120 anos de nascimento da artista”, revela ele, esclarecendo que “Percurso Afetivo” não é a mesma exposição apresentada na Pinacoteca de São Paulo e no MALBA de Buenos Aires, recentemente, intitulada de “Tarsila Viajante”, uma excelente mostra retrospectiva com curadoria de Regina Teixeira de Barros. Obras “Antropofagia” é o maior destaque da mostra por ter sido o “carro-chefe” do Período Antropofágico e resultado do Manifesto Antropófago, um dos documentos mais originais, importantes e extravagantes da arte brasileira. Mas a exposição guarda outros destaques e surpresas para o público. “O “Manifesto” e “Antropofagia” são um verdadeiro monumento à cultura nacional e resultado de toda a agitação do Movimento Modernista e da Semana de 1922, que aconteceu no Teatro Municipal de
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“Antropofagia”, 1929, óleo sobre tela, 126 cm x 142 cm, acervo Fundação José e Paulina Nemirovsky “Anthopophagy”, 1929, oil on canvas, 126 cm x 142 cm, collection of Fundação José e Paulina Nemirovsky
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Detalhes do “Diário de Viagens” de Tarsila do Amaral Details of Tarsila’s “Travel Diary”
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“Manacá”
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São Paulo, e pôs as coisas no Brasil de pernas para os ares. É um momento mágico. Provocador e divertido ao mesmo tempo”, situa Antonio Carlos Abdalla, lembrando que Tarsila é uma figura emblemática para a compreensão do Modernismo no Brasil e que integrou o chamado “Grupo dos 5”, ao lado de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti del Picchia. A obra “Procissão”, com sete metros de comprimento e pertencente ao acervo da Pinacoteca Municipal, foi realizada por ocasião das comemorações do IV Centenário de São Paulo, em 1954. O curador acredita que devido às grandes dimensões e problemas de conservação, a obra não foi mostrada em nenhuma outra exposição da artista em mais de 60 anos. Infelizmente, duas obras fundamentais não participam do “Percurso Afetivo”. O “Abaporu”, que completa 80 anos em 2008, e que está no acervo do MALBA, de Buenos Aires, não foi emprestado, porque saiu para compor a mostra “Tarsila Viajante”. Já a primeira versão finalizada de “A Negra”, integrante do acervo do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, está em período de ‘quarentena’ por questões de conservação, também depois de participar de “Tarsila Viajante”. “Em compensação, temos “A Negra” (2ª versão, inconclusa) que reserva uma ‘surpresa’ no final do roteiro da mostra”, pondera ele, acrescentando à lista das obras de destaque as versões do “Abaporu” e “Antropofagia” em gravuras de metal. “Evidentemente, os originais são muito mais importantes, até porque Tarsila não era uma artista da gravura. Esse não era o ‘seu meio’. Sou admirador, há anos, da arte da gravura, e o Brasil tem uma das melhores escolas de gravura do mundo. Tarsila experimentou poucas vezes essa técnica, mas vale apresentar essas versões exatamente porque ajudam a vislumbrar esse envolvimento emocional da artista com suas obras mais representativas, esse ‘retornar’ e ‘reinterpretar’ de sua criação”, aprofunda Abdalla. No segmento biográfico da mostra estão dispostos os
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“O touro”, 1925, óleo sobre tela, 50 cm x 65 cm, coleção Roberto Marinho “The bull”, 1925, oil on canvas, 50 cm x 65 cm, Roberto Marinho’s collection
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“Crianças (Orfanato)”, óleo sobre tela, 97,5 cm x 140 cm, coleção Simão Medel Guss “Children (Orphanage)”, oil on canvas, 97,5 cm x 140 cm, collection of Simão Medel Guss
retratos feitos por ela da neta Beatriz, do irmão Milton, e dos companheiros e amigos Mário de Andrade, Blaise Cendrars, Luís Martins e Lasar Segall. “De forma geral, há um destaque para as pessoas próximas de Tarsila e importantes para ela, seu período de formação artística e intelectual, as influências que sofreu, sua religiosidade, a fuga para a natureza, sua preocupação social e sua fase onde o onírico estava mais presente”, detalha o curador, lembrando que apesar de priorizar um enfoque intimista na mostra, não deixou de lado a unidade temática e cronológica das obras. “Fiz questão de dar um viés mais contemporâneo, deixando clara a questão da ‘obra aberta’, possível em qualquer exposição de um artista de valor real. Significa apenas a idéia de uma continuidade no tempo e nas interpretações viáveis ao longo dos mais variados Agosto – 2008
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aspectos e enfoques que se pode dar a um artista como Tarsila. Sua obra não é datada, é atemporal, veio para ficar. E, com o passar dos anos, será mais bem estudada e interpretada, e influenciará novas gerações de artistas e admiradores”, observa Abdalla, que planejou um proposital e aparente caos na mostra para colocar o visitante mais próximo da vida da artista, livre de classificações mais rígidas. “Tarsila é um ícone para o Brasil. Sua importância vai além de sua obra. Ao lermos sobre sua produção artística, seu caráter, sua generosidade, temos a sensação de estarmos diante de alguém muito próximo. Tarsila, tomo a liberdade de dizer, é uma criatura e criadora muito admirada, muito querida. Tupi, or not Tupi”, conclui Antonio Carlos Abdalla.
“O Mamoeiro”, 1925, óleo sobre tela, 65 cm x 70 cm, acervo IEB-USP “O Mamoeiro”, 1925, óleo sobre tela, 65 cm x 70 cm, acervo IEB-USP
“Affective journey – Tarsila” brings for the first time the works of the Brazilian to the south of Brazil Tarsila do Amaral is a respected and worshiped artist in Brazil and overseas. It becomes even a hard task to express the importance of her artistic production, without commiting an injustice, without forgetting to talk about some aspect of her work. There are no adjectives enough o define her. She is fully virtuous. Emblematic, exquisite, feminine, spontaneous. Hypnotic, synthetic, charming. Creative, transforming, vanguardist. Incomparable. For the firs time, Tarsila’s canvas and engravings arrive to south of the country. Extremely rare opportunity, that can be checked in the individual exhibition: “Affective journey – Tarsila”, which can be seen up to the beginning of October. Of a biographic-documental concept, the exhibition has as a leading string, a single document, her “Travel Diary” from the 1920 decade, where the artist registered drawings and impressions of the excursions she made across Brazil and around the world. From this diary, the curator Antonio Carlos Abdalla, has selected more than 50 works gathered in the exhibition, that shows an oneiric extract “present since ever in the life and production of Tarsila”, who passed away in the year 1973, in Săo Paulo (SP). This exhibition is more emotional, like a succession of flashes. With works, documents and objects that were precious to the artist, almost an ‘intrusion’ in the most private aspects of Tarsila’s life. “I got very attached to the familiar aspects too, like priceless information given by Tarsilinha do Amaral, the artist’s
grandnephew, without whom it would be impossible to achieve the “Travel Diary”, in which the whole exhibitions was inspired”, explains the curator that, besides the family collection, has appealed to paintings and drawings from other collections like Nemirovsky Foundation, from Rodrigo Jacques Perroy, from Roberto Marinho, From Paulo Kuczynski, from the Săo Paulo’s Picture Gallery and from the Contemporary Art Museum of Săo Paulo and Modern Art Museum of Săo Paulo. “The original diary is exposed, as well as a good number of magnifications of some pages, that integrate the expography”, explains the curator who prospected many documents and Tarsila do Amaral’s objects to expose them, like letters, photographs and extracts from her own “Travel Diary”. The curator points out a bracelet from the great French stylist Poiret, from the Art-Déco period, in the 1920 decade. “Tarsila was originally from the highest Brazilian bourgeoisie and she called attention due to her elegance and originality when she walked around by the streets of Paris. From there it comes the famous call of Oswald de Andrade, her husband at the time, to the ‘caipirinha’ dressed by Poiret”. That’s delicious. It is a sign of the contradiction of this woman who had a preoccupation with social aspects, pretty well represented in her work. Is the paradox or our Brazil”, analyzes Abdalla. “Affective journey – Tarsila” brings as the most representative work “Antropofagia” (Anthropophagy), from 1929. “One of the reasons that convinced the Nemirovski Foundation to borrow this exemplar, was precisely the unpublished characteristic, the ineditism of bringing Tarsila to Paraná.
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Tarsila, at last
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16 “Chapéu Azul”, 1922, óleo sobre tela, 65 cm x 50 cm, coleção Simão Medel Guss “Blue hat”, , 1922, oil on canvas, 65 cm x 50 cm, collection of Simão Medel Guss
“Retrato de Luís Martins I”, 1940, óleo sobre tela, 80 cm x 60 cm, acervo Banco Itaú “Portrait of Luís Martins I”, 1940, oil on canvas, 80 cm x 60 cm, collection of Banco Itaú
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An exhibition of this true Brazilian icon, is always rare, due to the difficulty to have relevant works, as well as the number of borrowing requests, inside and outside Brazil”, says. Among many possibilities for the curatorial process, Antonio Carlos Abdalla, has avoid the most known division, that marks Tarsila’s work in three distinctive phases: the Pau-Brasil Period, the Anthropophagic Period and the Social Period. “This exhibition is of and anthological feature with selected clipping, almost intimist, as well as the magnification of an exhibition, under my supervision, along with Tarsilinha do Amaral, presented in 2006, in the BM&F Cultural Space, in Săo Paulo (SP), when the 120 year of the artist’s birth were celebrated”, reveals, explaining that “Affective journey” is not the same exhibition presented at the Săo Paulo’s Picture Gallery and at Buenos Aires MALBA, recently entitled “Traveling Tarsila”, an excellent retrospective exhibition with the guardianship of Regina Teixeira de Barros.
Works
According the curator, “Anthropophagy” is the highest point of the exhibition because it is the ‘locomotive’ of the Anthropophagic Period and the Anthropophagic Manifest result, one of the Brazilian Art’s most original, important and extravagant documents. But the exposition saves other highlights and surprises to the public. “The Manifest” and “Anthropophagy” are a real monument to the national culture and result of all the agitation caused by the Modernist Movement and the ‘Week of 1922’, which took place at the Municipal Theatre of Săo Paulo, and turn things upside down in Brazil. It’s a magic moment. Provocative and funny at the same time”, points out Antonio Carlos Abdalla, reminding that Tarsila is an
emblematic figure to the comprehension of the Brazil’s Modernism and who took part in the also called “Group of 5”, along with Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti del Picchia. The work “Procissăo” (Procession), measuring seven meters of length, and property of the Municipal Picture Gallery collection, was painted in celebration of the IV Centenary of Săo Paulo, in 1954. the curator believes that due to the great dimensions and conservation problems, the masterpiece wasn’t showed in any other exhibition of the artist in more than 60 years. Unfortunately, two essential works haven’t participated of the “Affective journey”: the “Abaporu” – which will become 80 years in 2008 – is in MALBA’s collection, from Buenos Aires, and it wasn’t borrowed, because it is out, in the “Traveling Tarsila” exhibition. The first, finished version of the “A Negra” (The Black Woman), part of the Contemporary Art Museum of Săo Paulo collection is in ‘quarantine’, for conservation reasons, after participating of “Traveling Tarsila” too. “In compensation, we have “A Negra” (The Black Woman, second version not finished) that hides a surprise at the end of the exhibition’s itinerary”, he considered, adding to the list of highlighted works the versions of the “Abaporu” and “Anthropophagy” in metal prints (engravings). Obviously, the originals are much more important, even because Tarsila wasn’t an engraver artist. This wasn’t “her field”. I’ve been an admirer, for years, of the engraving art and Brazil has one of the best schools of engraving in the world. Tarsila tried a few times this technique, but is important to present these versions exactly because they help to catch sight of this emotional implication of the artist with her most representative works, this “returning” and “reinterpreting” of her creation”, deepens Abdalla.
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18 “Procissão”, 1954, óleo sobre compensado, 252 cm x 704,5 cm, Pinacoteca Municipal, Centro Cultural São Paulo “Procession”, 1954, oil on masonite, 252 cm x 704,5 cm, Pinacoteca Municipal, Centro Cultural São Paulo
SERVIÇO O quê: “Percurso afetivo -- Tarsila” Local: Sala Rembrandt Quando: Até 5 de outubro de 2008
Service What: “Affective journey -- Tarsila” Where: Rembrandt room When: Up to 10/05/2008 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
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Pictures from her granddaughter Beatriz, from her brother Milton, her fellows and friends Mario de Andrade, Blaise Cendrars, Luís Martins and Lasar Segall, done by the artist are displayed at the biographic segment of the exhibition. In general, there is a special attention to the persons close to Tarsila and therefore, of more importance to her; her artistic formation and intellectual period, the influences she received, her religiosity, the escape to nature, her social concern and in her phase, where the oneiric (the dream) was more present”, details the curator, reminding that, despite of prioritizing an intimist approach of the exhibition, he did not put aside the thematic and chronological unit of her work. “I stood on giving a more contemporary bias to the exhibition, letting clear the ‘open work’ question, possible in any exhibition of a really valuable artist. It means only the idea of time continuity and the possible interpretations along the most variable aspects and approaches which can be given to an artist like Tarsila. Her work is not old fashioned, is timeless, it came to stay, and as the years pass by, will be deeply studied and interpreted, and it will influence new generations of artists and admirers”, observes Abdalla, who planed an intended and apparent chaos on the exhibition, in order to put the visitor, closer to the artist’s life, free of more rigorous classifications. “Tarsila is an icon to Brazil. Her importance goes far beyond her work. When we read about her artistic production, her personality, her generosity, we have the sensation of being in front of a very close person. Tarsila, I allow myself to say, is a very admired and loved creative creature. Tupi or not Tupi”, concludes Antonio Carlos Abdalla.
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Exposição mostra a busca do pintor por um aprofundamento do diálogo com o homem comum, com os marginalizados, com a dor e com a realidade a sua volta
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Uma madona negra dos trópicos abre a exposição “Segall realista”. Produzida em 1926, “Morro vermelho”, considerada uma de suas obras mais complexas e importantes, talvez seja a mais completa tradução da produção ‘realista’ do lituano naturalizado brasileiro, Lasar Segall. É nesse período, nos anos 20 século passado, logo após a sua chegada ao país, que nascem os temas brasileiros em sua obra, sua paleta se transforma e ganha cores luminosas. As formas ficam menos angulosas e tensas, mas, ainda assim, não perdem totalmente as características expressionistas. Segundo o escritor Mário de Andrade, Segall era um ‘realista’, que mostrava ter superado os ‘exageros’ da vanguarda expressionista. Fugindo da associação costumeira do artista à escola expressionista alemã, a exposição é situada no cenário complexo da pintura brasileira e mundial do período entreguerras, permitindo visualizar a busca do pintor por um aprofundamento do diálogo com o homem comum, com os marginalizados, com a dor e com a realidade a sua volta. A exposição de caráter retrospectivo, organizada para relembrar o cinqüentenário do falecimento do artista e comemorar os 40 anos do Museu Lasar Segall, é composta de 135 obras, entre pinturas a óleo, aquarelas, desenhos, gravuras e esculturas. O responsável por esse recorte singular e criterioso da obra de Lasar Segall (1891 -1957) é o curador da mostra, Tadeu Chiarelli, historiador, membro da direção do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e um dos mais importantes especialistas em arte moderna brasileira. “A exposição pretende dar uma visão peculiar da obra do artista, mostrando que sua trajetória é muito mais complexa
O realismo expressionista
Lasar Segall, “Retrato de Mário de Andrade”, 1927, óleo sobre tela, 72 cm x 60 cm Lasar Segall, “Portrait of Mário de Andrade”, 1927, oil on canvas, 72 cm x 60 cm
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de Segall
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Lasar Segall, “Morro vermelho”, 1926, óleo sobre tela, 115 cm x 95 cm Lasar Segall, “Red Hill”, 1926, oil on canvas, 115 cm x 95 cm
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e rica do que demonstraram muitos dos estudos que foram feitos sobre ela”, explica ele, dizendo que todas obras mais importantes produzidas por Segall estão representadas na mostra de Curitiba. Do acervo do Museu Lasar Segall vieram obras expressivas como “Interior de Pobres II” (1920), “Encontro” (1924) -- a partir da qual percebe-se Segall “aclimatado a uma situação mais realista” -- e “Pogrom” (1937), obra que retrata as vítimas do massacre dos judeus. A tela “Retrato de Mário de Andrade” (1939) pertence ao Instituto de Estudos Brasileiros, enquanto o quadro “Bananal” (1927) à Pinacoteca do Estado de São Paulo. Ainda compõem a mostra esculturas como “Dois torsos, Duas Cabeças” (1933), “Maternidade” (1935) e “Emigrantes” (1934). Com enfoque especial nos anos 1920 e 1930 da produção de Segall, a mostra é dividida em três módulos. O primeiro aborda o período expressionista, que apresenta a obra do artista como emblema das vanguardas históricas internacionais. O segundo módulo é o realista, que mostra o momento em que o artista recupera certos pressupostos da tradição visual anterior à sua experiência expressionista. E o terceiro é o período em que sua produção caminha para um diálogo nem sempre pacífico com a abstração.
OPINIÃO DO VISITANTE
“É a primeira vez que visitamos o Museu, além da arquitetura do Niemeyer, estamos impressionados com a qualidade das exposições”, conta o pernambucano Ferrer Addobatti Neto, 36 anos, na foto ao lado da esposa Ana Maria Cavalcanti, 40, e do filho Pietro, 8.
Visitor’s Opinion “Is the first time we visit the Museum, and besides the Niemeyer’s architecture we are impressed by the amount of the exhibitions”, state the pernambucanos Ferrer Addobatti Neto, 36 years old and, on the photo his wife Ana Maria Cavalcanti, 40, and his son Pietro, 8.
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Lasar Segall, “Dois nus”, 1930, óleo sobre tela, 100 cm x 73 cm, coleção Museu Lasar Segall - IPHAN/MinC Lasar Segall, “Two nudes”, 1930, oil on canvas, 100 cm x 73 cm, collection of Museu Lasar Segall - IPHAN/MinC
Segall’s expressionist realism
Exposition shows the painter’s search for a deepening of dialog with the ordinary man, with the marginalized, with pain and surrounding reality. A black tropical Madonna opens the exhibition “Realistic Segall”. Painted in 1926, “Morro vermelho” (Red hill) – considered one of his most complexes and important works, perhaps is the most complete ‘realist’ production from this Lituan, Brazilian naturalized, Lasar Segall. Is in this period, in the 20’s of the last century, right after his arrival to the country that the Brazilian themes were born in his works, his palette transforms itself and shows bright colors, the shapes get less square and tense, but still they don’t lose completely the expressionist characteristics. According to the writer Mario de Andrade, Segall was a ‘realist’, who had ‘overcame’ the expressionist vanguard excesses. Running away from the usual association of the artist with the German expressionist school, the exhibition is sited in a complex scenery to the Brazilian and worldwide painting, in the interwar period (interbellum), allowing to see the painter’s search for a deepening in the dialog with the ordinary man, with the marginalized, with pain and surrounding reality. The retrospective featured exhibition, arranged to remind the artist’s death 50th anniversary and celebrate the 40 years of the Lasar Segall’s Museum, is made up of 135 works, among oil paintings, watercolors, engravings and sculptures. The responsible for this singular and well cared clipping of Lasar Segall’s (1891-1957) work, is the exhibition’s curator, Tadeu Ciarelli, historian, member of the Săo Paulo’s Modern Art Museum’s management and one of the most important specialists in Brazilian modern art. “The exhibition intends to give a peculiar vision over the artist’s art, showing that his trajectory is much more complex and richer than what have demonstrated the numerous studies done about it”, he explains, saying that all important works done by Segall are present in Curitiba’s exhibition. From the Lasar Segall’s Museum collection, came expressive works like “Interior de Pobres II” (Poors’ Interior II), from 1920, “Encontro” (The Date), from 1924 – as of is noticed Segall ‘completely adapted to a realistic situation’ – and “Pogrom” (1937), work which shows the victims of the Jewish massacre. The canvas “Retrato de Mario de Andrade” (Mario de Andrade’s Portrait), from 1939, is property of the Brazilian Studies Institute, while the picture “Bananal” (1927), to the Săo Paulo Picture Gallery. Still compose the exhibition some sculptures like “Dois torsos, duas cabeças” (Two torsos, two heads), from 1933, “Maternidade” (Motherhood), from 1935, and “Imigrantes” (Immigrants), from 1934. With a special attention to the Segall’s production during the 20’s and 30’s, the exhibition is split in three modules. The firs deals wit the expressionist period, which presents the artist’s work as an icon of International historical vanguards. The second is the realist, showing the moment in which the artist recovers certain features of the visual tradition, previously to his expressionist experience. The third is the period where his production walks toward a dialog not always pacific with the abstraction.
SERVIÇO O quê: “Segall realista” Local: Salas Miguel Bakun e Guido Viaro Quando: Até 20 de julho de 2008
Service What: “Realistic Segall” Where: Miguel Bakun and Guido Viaro rooms When: Up to July 20th, 2008 Patrocínio/Sponsorship: Apoio:
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Parceria/Partnership:
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por Milla Jung
fotografia como memĂłria
German Lorca:
fotografia
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“German Lorca”, auto-retrato, fotoqrafando com Rollei, 1965 “German Lorca”, self-portrait, photographying with Rollei, 1965
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Exposição apresenta seis décadas do olhar carregado de poesia do fotógrafo paulistano German Lorca
fotografia
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Entre um inventário das coisas do mundo e a invenção de pequenas ficções, o trabalho do fotógrafo paulistano German Lorca, 86 anos, abre frestas para uma nova sensibilidade: a da superfície bidimensional da imagem. Ele não está interessado no referente, mas sim no que pode acontecer do encontro entre a aparência do mundo e seu imaginário. O princípio, ele diz, é o movimento da vida e da arquitetura articulados em composição visual. Em seu trabalho, a verossimilhança com a realidade é só um acaso, o aparato media o olhar mas não o supera, ver não é ver com os olhos, mas com o que se deseja. Diante da experiência da cidade moderna, Lorca enquadra as geometrias que acenam desde o novo cenário por vir, o que nessas imagens seria futuro, já é passado, a fotografia aqui é memória. Para Diógenes Moura, curador da exposição “German Lorca: fotografia como memória”, em cartaz até o dia 12 de outubro, o que Lorca faz é literatura. “É como se essas imagens estivessem latentes esperando para ser acionadas, como num dispositivo, pelo olhar do espectador.” Ao fotógrafo coube retratar a despedida do bucolismo de uma cidade que não supunha o que a suplantaria, a nós espectadores cabe supor as narrativas que circundam os fragmentos fixados desta dimensão de tempo. Quem não gostaria de habitar, pelo menos durante o passear pela exposição, os silêncios e a poesia do que não retornará a não ser por seu olhar? Diante do tempo e do espaço, as fotografias de Lorca cumprem docemente seu papel, o de abrir janelas para o que nos olha.
“Saguão Aeroporto”, 1965 “Airport lobby”, 1965
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fotografia
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30 “Menina na chuva”, 1951 “Girl in the rain”, 1951
“Pernas”, 1970 “Legs”, 1970
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32 “A procura de emprego” “Looking for a job”
“Nelson Rockfeller (Matão - SP)”, 1956
“Pierre Verger”, 1987
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O fotógrafo German Lorca em visita ao Museu
A exposição “German Lorca, fotografia como memória” apresenta 114 fotos em preto e branco produzidas pelo fotógrafo nos últimos 60 anos. Entre elas, retratos da atriz Bibi Ferreira, do costureiro Denner Pamplona de Abreu, do fotógrafo francês Pierre Verger. Também passam por suas lentes outros personagens da cena cultural brasileira, pessoas anônimas, amigos, a chuva, a cidade de São Paulo e seus costumes, o Rio de Janeiro, Santos e outras obras que exploram paisagens e geometrias arquitetônicas German Lorca iniciou a carreira nos anos 1940, como autodidata. Dez anos depois já era um profissional reconhecido. Em 1952, ganhou o prêmio Alexandre Del Comte, na exposição internacional de Buenos Aires. Sem formação acadêmica na área, Lorca descobriu-se fotografando, até ingressar no Foto Cine Club Bandeirantes. Junto de outros fotógrafos referenciais como Eduardo Salvatore, Thomas Farkas e Geraldo de Barros, quebrou paradigmas da fotografia brasileira com experimentos, montagens e enquadramentos. Para Ricardo Ohtake, arquiteto e designer gráfico, “se a literatura e a pintura iniciaram o modernismo até antes da Semana de 22, a arquitetura só o teve em 1930 e a fotografia já no final dos anos 40, quando Lorca começou”.
Foto: Milla Jung
fotografia
“Guarda chuvas”, 1965 “Umbrellas”, 1965
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34 ‘Alto de Serra Velha”, 1971
German Lorca: photography as memory By Milla Jung Exhibition presents six decades of German Lorca’s look full of poetry Between an inventory of things of the world and the inventions of little fictions, the work of the “paulistano” photographer German Lorca, 86 years old, opens cracks to a new sensibility: the two-dimensional image surface. He is not interested in the referent, but yes, in what can come out from the gathering between the world appearance and his imaginary. The beginning, he says, is the life movement and architecture articulated in visual composition. In his work, the verisimilitude with reality is only an accident, the apparatus mediates the eye but do not overcome it; to see is not to see with the eyes, but with the desired. In face of the modern city experience, Lorca frames the geometries which wave, since the new coming scenery; what in these images would be future, is already past. The photography here is memory. To Diógenes Moura, “German Lorca: photography as memory” exhibition’s curator, which will be showing up to October 12th, what Lorca does is literature. “It is like if these images were sleeping, waiting to be put in action as a device, by the spectator’s eye”. The photographer’s role was to depict the farewell of a bucolic feeling of a city, which did not assume what would replace it; is up to us the spectators, to suppose the narratives which surround the fragments settled from this time dimension. Who wouldn’t like to reside, at least when walking through the exhibition, the silences and the poetry of what will not return unless by his glance? Before time and space, Lorca’s photos sweetly carry out its role: opening windows to what is looking us.
The exhibition
SERVIÇO O quê: “German Lorca: fotografia como memória” Local: Torre da fotografia Quando: Até 12 de outubro de 2008
Service What: “German Lorca: photography as memory” Where: Photography Tower When: Up to 10/12/2008 Parceria/Partnership:
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“O Fumante Solarizado”, 1954 “Solarized smoker”, 1954
“German Lorca, photography as memory” presents 114 black and white photos produced by the photographer in the last 60 years. Among them, portraits of the actress Bibi Ferreira, the fashion designer Denner Pamplona de Abreu and the french photographer Pierre Verger. Through his lenses other characters of the Brazilian cultural scenery also pass, anonymous people, friends, the rain, Săo Paulo city and its behaviors, Rio de Janeiro, Santos and other works which explore landscapes and architectural geometries. German Lorca has started his career in the forties as a self-taught person. Ten years later he was already a distinguished professional. In 1952, has won the Alexandre Del Comte, in the Buenos Aires International Exposition. Without academic formation in the area, Lorca found out himself just photographing, until join the Photo Cine Club Bandeirantes. Along with other well known photographers like Eduardo Salvatore, Thomas Farkas and Geraldo de Barros he has broken photography Brazilian paradigms with experiments, compositions and framing. To Ricardo Ohtake, architect and graphic designer, “if literature and painting has started modernism even before the “1922 Week” (Semana de 22), and architecture just had its beginning in 1930, the photography had it by the end of the 40’s (1940), when Lorca has started.”
gravuras
Mostra reúne gravuras de três dos artistas mais relevantes do século 20
Figuras e
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mpas
Moore, “Figura descansando”
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Figuras
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e estampas Francis Bacon, “Auto-retrato”, n/d, litografia, 13/150, 47,4 cm x 103 cm Francis Bacon, “Self-portrait”, n/d, lithography, 13/150, 47,4 cm x 103 cm
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gravuras
A consistência plástica e a força expressiva da arte de três dos artistas mais relevantes da contemporaneidade encontram no corpo humano o objeto de pesquisa e de expressão em suas obras: o corpo transfigurado em Francis Bacon, a relação entre psique e gênero em Lucian Freud e o vínculo expressivo que se estabelece entre estrutura e sensualidade em Henry Moore. Célebres por suas pinturas, desenhos e esculturas, Francis Bacon (1909-1992), Lucian Freud (1922) e Henry Moore (1898-1986) também têm uma rica produção de gravuras nas técnicas de águaforte, ponta seca e litografia. Parte deste trabalho pode ser visto em “Bacon, Freud, Moore: figuras e estampas”. São retratos, auto-retratos e nus, formando uma seleção de 48 obras gráficas, produzidas entre os anos 70 e 90 do século 20, que fazem parte do acervo da Fundação Museos Nacionales de Venezuela, sob os cuidados do Museu de Arte Contemporáneo de Caracas. Se o corpo é personagem comum a eles, a maneira de se expressar é diversa e ímpar. Enquanto Bacon distorce as imagens, Freud utiliza-se de formas e texturas replicadas por linhas muito precisas e Moore, devido à sua formação de escultor, chega à simplificação estrutural. De acordo com Félix Suazo, curador da exposição e crítico de arte cubano, tratam-se de dois pintores e um escultor que assumem a especificidade técnica dos meios de reprodução gráfica sem menosprezar suas inquietações plásticas: a cor em Bacon, a linha em Freud e o volume em Moore. “Suas litografias, águasfortes e pontas-secas respeitam as exigências da gravura como linguagem autônoma, conseguindo resultados excepcionais neste ramo das artes”, afirma. A maneira como estes artistas manejam as técnicas gráficas também varia. Bacon e Moore utilizam a litografia de formas diferentes, tendendo respectivamente para a cor ou para a linha. Enquanto Freud domina a água-forte e a ponta seca, procedimentos aos quais adiciona ocasionalmente o pastel e a aquarela. Diante desta diversidade, “Bacon, Freud, Moore: figuras e estampas” busca um equilíbrio entre o singular e o plural, tendo sempre como ponto comum a representação do corpo: seja nos retratos, auto-retratos ou nus. OPINIÃO DO VISITANTE “É muito gratificante promover a cultura entre os nossos alunos. Para mim, é maravilhoso estar aqui”, afirmou o professor de matemática Cesar Antunes, 30 anos, minutos depois de descer de um ônibus com mais de 30 alunos do Colégio Estadual Adélia Bianco Seguro, de Mato Rico, município distante 480 km de Curitiba.
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Visitor’s Opinion “It’s very rewarding to promote culture among our students. For me, is wonderful to be here”, stated the Mathematic Teacher (Professor) Ceasar Antunes, 30 years old, minutes after step out of a bus filled with more than 30 students from Adélia Bianco Seguro State School, from Mato Rico, a county far 480 km from Curitiba.
Figures and stamps The plastic consistency and the art’s expressive strength from three of the most relevant contemporary artists, find in the human body the research object and the expression in their work: the transfigured body of Francis Bacon, the relationship between structure and gender in Lucian Freud and the expressive bond established between structure and sensuality in Henry Moore. Famous by their painting, drawings and sculptures, Francis Bacon (1909-1992), Lucian Freud (1922) and Henry Moore (1898-1986), also have a rich engraving production using the etching technique, dry point, and lithography. Part of this work can be seen in “Bacon, Freud, Moore: figures and stamps”. There are portraits, self-portraits and nudes, composing a selection of 48 graphic works produced within the 70’s and 90’s in the 20th century, being part of the Venezuela’s National Museum Foundation (Fundación Museos Nacionales de Venezuela) collection, in care of the Caracas’ Contemporary Art Museum. If the body is the common character between them, the way they express it, is different and singular. While Bacon distorts the images, Freud uses forms and textures replicated by very precise lines and Moore, due to his sculptor formation comes to the structural simplicity. According to Félix Suazo, Cuban art critic and exhibition curator, we are dealing with two painters and a sculptor, who take control of the technical specificity of the graphic reproduction means, without underestimating their plastic restlessness: the color in Bacon, the straight line in Freud and the volume in Moore. “Their lithography, etchings and dry-points, respect the engraving’s requests as a self language, being able to get exceptional results in this field of arts”, states. The way these artists manipulate the graphic techniques also vary. Bacon and Moore use different forms of lithography, trending respectively to color or line, while Freud masters etching and dry point, procedures to which he occasionally adds pastel crayons and watercolor. In face of this diversity, “Bacon, Freud, Moore: figures and stamps” searches to balance between singular and plural, having as a common point always the body representation: in portraits, self portraits or nudes.
SERVIÇO O quê: “Bacon, Freud e Moore: figuras e estampas” Local: Sala Helena Wong Quando: Até 10 de agosto de 2008
Service What: “Bacon, Freud and Moore: figures and stamps” Where: Helena Wong room When: Up to August 10th, 2008 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
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Freud, “Bella in her pluto T Shirt”
Exhibition gathers engravings from the three of the most relevant artist of the 20th century
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A r t reinventada
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p o r H y o g o
Honda Kinkichiro, “A donzela celestial”, 1890, 127,2 cm x 89,8 cm, óleo sobre tela Honda Kinkichiro, “The celestial virgin”, 1890, 127,2 cm x 89,8 cm, oil on canvas
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Quando a assessoria cultural do Museu Oscar Niemeyer negociou a vinda da exposição “Eternos Tesouros do Japão”, que ficou em cartaz no ano de 2006, na instituição, aproveitou para visitar o famoso Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo, na cidade de Kobe. Da oportunidade, nasceu o interesse para trazer a Curitiba uma nova perspectiva da arte japonesa, representada pela produção artística moderna e contemporânea oriental. A idéia de exibir essas obras numa mostra proporcionaria um rico e belo contraponto com as armaduras, ornamentos, gravuras, pinturas, biombos, pergaminhos e artesanato milenar reunidos em “Eternos Tesouros do Japão”. Ganharia o público curitibano, com uma
Kanayama Heizo, “Jardim de outono”, 1909, 136 cm x 83,8 cm, óleo sobre tela Kanayama Heizo, “Garden fall”, 1909, 136 cm x 83,8 cm, oil on canvas
sucessão de impérios, diferente dos períodos adotados pelo Ocidente. O curador da exposição, o japonês Koichi Kawasaki, dividiu as 70 obras que compõem a exposição em três núcleos. As pinturas são de autoria de mais de 30 artistas japoneses consagrados que, em sua maioria, possuem alguma relação com a província de Hyogo - boa parte nasceu na região sul de Hyogo, cujo centro é a cidade “ocidentalizada” e portuária de Kobe. O primeiro núcleo reúne obras da arte moderna, em seqüência cronológica, como a pintura a óleo “Mulher
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compreensão mais universal da pintura nipônica. E as homenagens do Museu Oscar Niemeyer ao ano do centenário da imigração japonesa seriam encerradas com grandiosidade. Inaugurada no final de junho, “Arte do Japão: do Moderno ao Contemporâneo” exibe mais de cem anos da história da arte daquele país, sob a perspectiva criativa e produtiva da província de Hyogo. As obras pertencem ao gênero Moderno, que corresponde ao final da Era Edo (1603-1867) e o início da era Meiji (18681912), até as obras contemporâneas, datadas a partir de 1945. A fim de informação, a História japonesa possui 15 períodos que marcam a passagem das eras, da evolução política, social e da
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Celestial com Vestido de Pluma” (1890), famosa lenda retratada minuciosamente por Kinkichiro Honda, “Retrato de Haruno” (1894), da artista Itoko Jinnaka e “Lisa Contemporânea” (1998), do pintor e designer gráfico Shichiro Imatake. A partir desse momento, percebe-se a introdução de elementos ocidentais na arte japonesa, no que se refere à perspectiva, abordagem, contraste de luminosidade e o realismo. Mudanças resultantes da ida de jovens artistas ao Ocidente ou da chegada de pintores europeus no Japão e também da abertura de escolas de arte no país. Na segunda parte da mostra, intitulada “Paisagens Japonesas” estão dispostas pinturas de natureza morta realizadas ao ar livre, muitas vezes, copiando exatamente “como a natureza se mostra”, além de cenários urbanos coloridíssimos. Destacamse aqui as produções dos artistas Heizo Kanayama, que soube como ninguém retratar as emoções e a sensibilidade da natureza oriental, e Hide Kawanishi. Este último retratou a paisagem e cultura de Kobe. A técnica de xilogravura em madeira semelhante à de Ukiyo-e, optando pelo colorido e por traços e formas mais bruscas e robustas, “a nova xilogravura” foi bastante empregada por Hide Kawanishi para retratar a cultura moderna de Kobe. Ukiyo-e é uma tradicional técnica de xilogravura, em preto e branco ou colorida suavemente, que retrata mulheres e paisagens, bastante divulgada no final do século 19. Por último, a exposição dedica um espaço às imagens fotográficas das obras produzidas pelo
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Saito Yori, “Primavera”, 1918, 130,9 cm x 162,4 cm, óleo sobre tela, HPMA Saito Yori, “Spring”, 1918, 130,9 cm x 162,4 cm, oil on canvas, HPMA
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48 Jinnaka Itoko, “Momotaro”, s/d, 65,9 cm x 52 cm, óleo sobre tela, HPMA Jinnaka Itoko, “Momotaro”, n/d, 65,9 cm x 52 cm, oil on canvas, HPMA
Jinnaka Itoko, “Retrato de Haruno”, 1894, 83,5 cm x 64 cm, óleo sobre tela, HPMA Jinnaka Itoko, “Portrait of Haruno”, 1894, 83,5 cm x 64 cm, oil on canvas, HPMA
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Imatake Shichiro, “Lisa Contemporânea”, 1998, 162 cm x 130,5 cm, óleo sobre tela Imatake Shichiro, “Contemporary Lisa”, 1998, 162 cm x 130,5 cm, oil on canvas
Tapie, 1958
Mukai, 1961
Yoshihara, 1962
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Murakami, 1956
Grupo Gutai (1954-1972), movimento de vanguarda que rompeu o tradicionalismo da pintura japonesa, e que, pela primeira vez, serão exibidas no Brasil. Nas palavras do fundador do grupo, Jiro Yoshihara, a arte Gutai “não imita o estilo de outro” e “pinta um quadro que nunca foi visto até agora”. Os jovens artistas primaram pela arte informal e atitude radical nas suas telas e performances, como “lutar na lama”, “rasgar painéis de papel”, “usar um vestido elétrico”, ou mesmo apresentar obras tridimensionais a partir da água. O Gutai realizou mais de 20 exposições coletivas, fora algumas individuais. Nomes importantes do movimento foram Kazuo Shiraga, Saburo Murakami, Jiro Takamatsu e Sadamasa Motonaga. A exposição é fruto de um convênio de cooperação mútua entre a província de Hyogo e o Estado do Paraná, iniciado em 1970, que prevê o intercâmbio econômico e cultural entre os dois lugares. As obras pertencem ao acervo do Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo e a outros quatro museus públicos: Museu de Arte e História da cidade de Ashiya, Museu de Arte Memorial de Koiso, em Kobe, Museu de Arte da cidade de Himeji e Museu de Arte Memorial de Otani, da cidade de Nishinomiya. Segundo a direção do Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo, também colaboraram para a realização da mostra grandes nomes da arte contemporânea japonesa da província, a exemplo de Ryohei Koiso, Heizo Kaneyama, Tadanori Yokoo e a Associação de Arte Gutai (Grupo Gutai). A parceria de cooperação entre o Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo e o Museu Oscar Niemeyer ainda prevê uma exposição coletiva com os paranaenses Francisco Faria, José Antônio de Lima e Mazé Mendes, em Kobe, de 1 de novembro a 7 de dezembro desse ano (veja matéria na página 56. Cerca de 20 obras de cada artista foram selecionadas pelo curador Koicho Kawasaki para serem levadas ao Japão.
mostra
Hyogo’s reinvented art “Art from Japan: from Modern to Contemporary” pays homage to the 100 years of Japanese Immigration When the Oscar Niemeyer cultural advisory dealed the coming of the exhibition “Japan’s Eternal Treasures” which was exhibited in 2006, in the institution, it took the opportunity to visit the famous Hyogo Prefectural Museum of Art, in the city of Kobe. From this occasion, the interest of bringing to Curitiba a new perspective of Japanese art was born, represented by the modern and contemporary oriental artistic production. The idea of showing these works in an exhibition, would allow a rich and beauty counterpoint with the armors, ornamentations, pictures, folding screens, velum papers and millenary craftsmanship gathered in “Japan’s Eternal Treasures”. It would conquer Curitiba’s public, with a more universal comprehension of the Japanese painting, and the Oscar Niemeyer Museum’s tributes to the centenary of the Japanese Immigration would close magnificently. Opened by the end of June, “Japan’s Art: from Modern to Contemporary” exhibits more than one hundred years of art history of that country, under the Hyogo’s county creative and productive perspective. The works belong to the modern genre, corresponding to the end of Edo’s Era (1603-1867) and the beginning of Meiji Era (1868-1912), till the contemporary works, dated from 1945. As a matter of information, the Japanese History has 15 periods marking the passage of the eras, the political evolution, social an empire successions, differently of the Occidental periods. The exhibition’s curator, the Japanese Koichi Kawasaki, split all 70 works that compose the exhibition in three groups. The paintings come from more than 30 distinguished Japanese artists, who are somehow related with Hyogo, whose center is the “westernized” and harbor city of Kobe. The first group puts together the modern art works, in chronological order, as the “Celestial Woman with the Plume Dress” oil painting (1890), famous legend accurately portrayed by Kinchiro Honda, “Haruno’s Portrait” (1894) from the artist Itoko Jinnaka and “Contemporary Lisa” (1998), from the graphic designer and painter, Shichiro Imatake. From this moment on, the introduction of western elements in Japanese art, concerning to the perspective, approach, light contrast and realism is
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52 Tanaka Atsuko, Detalhe de “Obra”, 1959, 164 cm x 132 cm, óleo sobre tela, HPMA Tanaka Atsuko, Detail of “Work”, 1959, 164 cm x 132 cm, oil on canvas, HPMA
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noticed. Changes caused by the coming of European artists to Japan or goings of young Japanese artist to the west, and also the openings of art schools in the country. In the exhibitions second group, entitled “Japanese Landscapes”, “still life” paintings done open wide are displayed, sometimes imitating exactly “nature as it shows”, besides full colored urban sceneries. Here, the productions of Heizo Kanayama who, like no one else, knew how to portrait oriental nature’s emotions and sensibilities, are spotlighted, and Hide Kawanishi, who pictured the Kobe’s culture and landscape. The xylograph technique in wood, Ukiyo-e’s technique like, preferring the colored and strong, rough forms, the “new xylography” was largely used by Hide Kawanishi to portray the Kobe’s modern culture. Ukiyo-e is a traditional xylography technique in black and white or slightly colored, portraying women and landscapes, very popular by the end of the 19th century. Finally, the exhibition dedicates a space to the photographic images of works produced by the Gutai Group (1954-1972), vanguard movement who break up with the traditionalism of Japanese painting and which will, for the first time, be shown in Brazil. According to Jiro Yoshihara’s words, who is the group’s founder, the Gutai Art “doesn’t mimic the style of other” and “paints a picture that has never seen until now”. Young artists have chosen for the informal art and radical attitude in
SERVIÇO O quê: “Arte do Japão: do Moderno ao Contemporâneo” Local: Salas Frida Kahlo e Gaugin Quando: Até 5 de outubro de 2008
Patrocínio/Sponsorship:
their canvas and performances like, “mud fighting”, “to rip paper panels”, “use an electric dress”, or even present three-dimensional works coming from water. The Gutai has done more than 20 collective exhibitions, included some individuals. Important names of the movement were Kazuo Shiraga, Saburo Murakami, Jiro Takamatsu and Sadamassa Motonaga. The exhibition is the result of a mutual cooperation agreement between the Hyogo’s county and Paraná State, started in 1970, which foresees the economic and cultural interchange of both sites. The works belong to the Hyogo’s City Hall Art Museum and other four public museums: Ashiya City History and Art Museum, Koiso’s Memorial Art Museum, in Kobe, Himeji City Art Museum and Otani Memorial Art Museum in the city of Nishinomiya. According to the Hyogo’s City Hall Art Museum, great names of Japanese contemporary art from the county like Ryohei Koiso, Heizo Kaneyama, Tadanori Yokoo also collaborated to the achievement of the exhibition, as well as the Gutai Art Association (Gutai Group). The cooperation partnership between Hyogo Prefectural Museum of Art and Oscar Niemeyer Museum, still foresees a collective exposition with the paranaenses Francisco Faria, José Antônio de Lima and Mazé Mendes, in Kobe, from 1st November up to November 7th. of the current year (see text on page 56). About 20 works of each artist were selected by the curator Koicho Kawasaki to be sent away to Japan.
Service What: “Art from Japan: from Modern to Contemporary” Where: Frida Kahlo and Gaugin rooms When: Up to 10/05/2008
Parceria/Partnership:
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55 Shiraga Kazuo, “Chibosei Chumonshin”, 1961, 169,8 x 130 cm, óleo sobre tela, HPMA Shiraga Kazuo, “Chibosei Chumonshin”, 1961, 169,8 x 130 cm, oil on canvas, HPMA
intercâmbio
O Paraná na terra do Agosto – 2008
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sol
Mazé Mendes, Detalhe de “Sem título” Mazé Mendes, Detaitls of “Untitled”
Artistas do Paraná expõem no Museu de Hyogo, no Japão. Mostra é fruto do intercâmbio entre o Governo do Paraná e a província japonesa
O irrepreensível traço de Francisco Faria, o olhar artístico sobre o urbano de Mazé Mendes e as texturas, asperezas e costuras de José Antonio de Lima serão exibidos em uma exposição inédita no Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo, no Japão. A mostra, que acontece de 1º de novembro a 7 dezembro, conta com cerca de 20 obras de cada artista e é o resultado do intercâmbio entre o Governo do Paraná e a província japonesa de Hyogo. O Museu de Hyogo é uma maravilha arquitetônica projetada por Tadao Ando, um dos grandes arquitetos japoneses contemporâneos. Além disso, é um dos melhores e mais avançados centros expositivos do mundo. A exposição que precede a dos artistas paranaenses é uma retrospectiva de Chagall e a que a sucede é uma mostra de um segmento do precioso acervo do Kunsthistoriches Museum de Viena, que, entre outras obras, tem vários Velázquez. É neste importante espaço que os artistas paranaenses vão expor seus trabalhos. As obras da mostra pertencem aos acervos particulares dos autores e também ao acervo do Museu Oscar Niemeyer. A seleção foi feita pelo curador da exposição “Arte do Japão: do Moderno ao Contemporâneo”, Koichi Kawasaki, que não se contentou em escolher as peças por catálogos. Ele fez questão de visitar duas vezes o atelier de cada artista para, então, definir quais trabalhos seriam apresentados no Japão.
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Museu Erguido em 1970, em Kobe, o Museu de Arte Moderna da Prefeitura de Hyogo simboliza para a população da província a reconstrução cultural após a destruição causada pelo terremoto Hanshin-Awaji, em 1995, quando morreram cerca de seis mil pessoas. O museu foi novamente inaugurado em 2004, como Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo. O arquiteto Tadao Ando buscou representar a integração do mar e da montanha na edificação, aproveitando a paisagem do porto de Kobe e a possibilidade de acompanhar as mudanças das estações do ano. O salão de exposições do museu foi projetado com um pédireito altíssimo e corredores para receber farta luminosidade natural,
além de escadarias circulares, um deck externo com vista para o mar e cinco entradas para visitantes. Com um andar no subsolo e quatro superiores, o edifício foi construído em concreto armado e possui um moderno equipamento isolador de oscilações para torná-lo resistente a abalos. Uma preocupação herdada da tragédia causada pelo terremoto. A proposta do museu também é de promover o encontro de várias artes e a educação – envolve mais de 10 mil estudantes em diversas atividades, por ano – e não apenas de abrigar exposições. O Museu de Arte da Prefeitura de Hyogo é dono de um acervo com mais de 7 mil obras e 4 mil itens.
Francisco Faria Curitibano, 52 anos, o artista fez sua primeira exposição em 1982, na Fundação Cultural de Curitiba. Atualmente, é um dos artistas paranaenses mais respeitados no Brasil e no exterior, reconhecido com premiações como a do Creative Works Fund, de San Francisco (EUA), em 2001. Participou das Bienais Internacionais de São Paulo (1994), de Havana, Cuba (1994) e da primeira exposição de desenho brasileiro na China, no Yang Huan Art Museum de Pequim (1995), ao lado de outros sete artistas. Em 1996 foi incluído na exposição Zeichnung Heute, no Kunstverein de Frankfurt, Alemanha, que congrega a cada 10 anos os 100 mais destacados desenhistas da década. Realizou várias individuais em cidades como São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Frankfurt e Washington. Para a exposição no Museu de Hyogo, o artista levará 20 desenhos, todos em lápis sobre papel, entre eles “Xarayes 1” e “Salso Argento # 1”. “Uma boa parte deles são desenhos de grandes dimensões, alguns pertencentes ao acervo do Museu Oscar Niemeyer. Duas obras são séries de desenhos menores associados”, conta. O critério de escolha utilizado pelo curador da mostra, Koichi Kawasaki, foi a atualidade dos desenhos.
Francisco Faria, “Salso Argento # 1”, desenho, lápis sobre papel (grafite), 2002, 150 cm x150 cm. Nome retirado de um poema de Josely Vianna Baptista Francisco Faria, “Salso Argento # 1”, Drawing, pencil (graphite) on paper, 2002, 150 cm x150 cm. Named after a poem by Josely Vianna Baptista
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O número de obras escolhidas surpreendeu os artistas. “A mostra é, a rigor, uma coletiva, mas o número de trabalhos de cada um de nós e a sua qualidade (em termos da sua representatividade no interior da obra do artista) é o de uma exposição individual, e das grandes. E o tratamento que vem sendo dado por Koichi Kawasaki é, de fato, o dispensado a mostras individuais”, comenta Francisco Faria, um dos artistas paranaenses mais respeitados no Brasil e no exterior. Faria lembra que a escolha dos artistas parananenses foi de inteira responsabilidade da curadoria do Museu de Hyogo. “Posso dizer que a seleção foi generosa, mas realista, ou seja, pragmática. Privilegiaram mostrar obras que, segundo eles, possam ter um seguimento profissional no exuberante mercado asiático. Eles poderiam ter escolhido artistas ou mais jovens ou mais velhos, igualmente talentosos. Mas preferiram se concentrar em profissionais que já têm uma carreira artística definida e que ainda têm pela frente um grande espaço para a consolidação de sua presença no mundo das artes visuais”, afirma. Em sua passagem por Curitiba, o curador da mostra, Koichi Kawasaki, disse que o intercâmbio cultural entre o Museu Oscar Niemeyer e o Museu de Hyogo deve fortalecer ainda mais os laços entre Brasil e Japão. ‘’É a primeira vez que fazemos esse intercâmbio de exposições. Espero que o público japonês aceite bem o que estamos fazendo e que os brasileiros também apreciem a arte japonesa’’, afirmou o curador. Para os artistas paranaenses selecionados, o intercâmbio está sendo visto como uma grande oportunidade. Não apenas para divulgar os trabalhos de cada um, mas para também fazer frutificar o conhecimento mútuo na área das artes visuais. “Temos uma grande responsabilidade, pois estamos levando o nome do Paraná e tentando abrir portas num importante espaço expositivo”, diz o artista José Antonio de Lima. “É uma iniciativa que merece ser parabenizada, até porque é muito difícil para um artista, do ponto de vista financeiro, conseguir levar seu trabalho para fora do país. E o Museu Oscar Niemeyer, juntamente com o Museu de Hygo, está oferecendo esta oportunidade. Vamos torcer para que outros intercâmbios surjam, beneficiando cada vez mais artistas do nosso estado”, completa Mazé Mendes.
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Mazé Mendes Com uma trajetória artística consolidada, reconhecida e premiada, Mazé Mendes, 58 anos, é mestre na arte de criar obras visuais inspiradas na urbe. Natural de Laranjeiras do Sul (PR), passou sua infância e adolescência em Palmas. Vive e trabalha em Curitiba desde 1969, onde leciona na Faculdade de Artes do Paraná (Embap). Com maestria, a artista trabalha a horizontalidade e a verticalidade, captando com a ajuda da fotografia signos da paisagem urbana que, ao seu olhar, já poderiam ser obras prontas. Mas, num contínuo processo de criar e recriar, crescenta elementos da pintura, litografia e textos, sejam palavras ou trechos de poemas, que dão a obra a completude que faltava. O talento artístico de Mazé Mendes poderá ser visto pelo público japonês em 16 obras, sendo duas pinturas de 1,80cm x 1,50cm e outras duas de 1,5cm x 1,5cm, além de 10 fotos de 70cm x 80cm relacionadas ao trabalho da artista. São imagens-fotos captadas em diversos cantos das cidades, como portas trancadas, muros desgastados pelo tempo, janelas que incitam a curiosidade sobre o que está lá dentro, ou qualquer outro elemento da cidade que revele a força o tempo, da natureza e do homem. Nessas imagens-fotos, a artista insere palavras, cores e imagens, que na verdade, são vestígios de suas produções anteriores, finalizando o atual com toques do passado, fundindo presente e passado, imagem e arte.
José Antonio de Lima Autor de obras que exploram a visão, textura, aspereza, rugosidade, desenhos e costuras, tudo com extrema qualidade estética e de produção, José Antonio de Lima, ou simplesmente, Zé Antonio, 54 anos, é um dos principais nomes do cenário artístico paranaense. Natural de Sacramento (MG) veio para Paraná ainda muito jovem. Formado em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (PR), Zé Antonio expôs pela primeira vez em 1986, no 43º Salão Paranaense, e na I Mostra de Paisagem de Maringá (PR). Em mais de 20 anos de carreira, conquistou dezenas de prêmios e participou de diversos salões no Brasil. Pelo mundo, já expôs na Alemanha (2002), Finlândia (2005), Suécia (2007), e Estados Unidos (2007). Entre os trabalhos que irá apresentar ao público japonês estão esculturas da instalação “Tramas”, uma série de objetos feitos em tecido, ferro e arame costurado que se interligam, formando um obra só, monumental e perfeitamente composta com o ambiente. Segundo Zé Antonio, as “Tramas” são o desenvolvimento de uma série de obras anteriores chamadas “Catedrais Espaciais”, em que estruturas de ferro, mais ou menos circulares, eram recobertas de tecido cru, esticado e amarrado. Com “Tramas”, Zé Antonio ampliou aquelas estruturas em todas as direções, e as obras se multiplicam, ligando-se umas às outras e com a estrutura do espaço em que se inserem.
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60 José Antonio de Lima, “Tramas” José Antonio de Lima, “Weaves”
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Paraná in the land of the rising sun
Paraná’s artists expose in Hyogo’s Museum in Japan. The exhibition is the result of interchange between Paraná’s Government and the Japanese county The impeccable trace of Francisco Faria, the artistic look over the urban of Mazé Mendes and the textures, roughnesses and sewings of José Antonio de Lima, will be shown in an unprecedented exhibition at the Hyogo Prefectural Museum of Art, Japan. The exhibition, that takes place from November 1st up to December 7th, counts on about 20 works from each artist and it’s the result of the interchange between the Paraná’s Government and the Japanese county of Hyogo. The Hyogo’s Museum is an architectonic wonder, projected by Tadao Ando, one of the greatest contemporary Japanese architects. Besides, he is one of the best and more advanced exhibition centres worldwide. According to the Hyogo’s Museum temporary exhibitions annual programming, the exhibition that precedes the paranaense’s one is a retrospective of Chagall, and the previous is an exhibition of a precious part from the Kunsthistoriches Museum, from Viena, collection which has, among other works or art, many Vélazquez. Is in this important exposition space, where the “paranaenses” artists will expose their works. The exhibition works belong to the artists’ private collections and also the Oscar Neinmeyer Museum’s collection. The curator, Koichi Kawasaki, was responsible for the selection, and he did not just choose the pieces by catalog, but insisted on visiting the atelier of each artist in order to define, which works would be presented in Japan. The number of works chosen has surprised the artists. “The exhibition is, as a matter of fact, a collective, but the number of pieces of each one of the artists and their qualities (in terms of their importance inside the artist’s work)”, is like an individual exhibition, and a big one. The welcome that has been given by Hyogo’s guardianship is, in fact, the one which is given to individual exhibitions”, says Francisco Faria, one of the most respected Paranaenses artists inside and outside of Brazil. Faria reminds that the Hyogo’s Museum guardianship was completely responsible for the “paranaenses” artists choice. “I can say that the selection was generous, but realistic, what means, pragmatic. They have privileged to show some works that, according to them, are able to have a professional following or continuity in the Asiatic exuberant market. They could have chosen younger artists or older ones, equally gifted. But they have preferred to concentrate on professionals who have already a well defined artistic career and still have a great space ahead to establish their presence in the visual arts world”, states. In his passage for Curitiba, Kawasaki, the exhibition’s curator, said that the cultural interchange of both the Oscar Niemeyer Museum and Hyogo’s Museum, must strengthen up even more the bonds between Brazil and Japan. “It is the first time we perform this interchange of exhibitions. I hope the Japanese public accepts well what we are doing and Brazilian people appreciate Japanese art as well”, affirmed the curator. To the “paranaenses” artists, this exchange has been seen as a great opportunity, not just to spread out their work, as well as a chance to make fruitful the mutual knowledge in the visual arts field. “But we have a great responsibility, because we are carrying out Paraná’s name and trying to open new doors in an important exhibition space”, says the artist José Antonio de Lima. “It is an initiative that must be congratulated, because is very difficult to an artist, from the financial point of view, to be able to take his work outside the country and Oscar Niemeyer Museum, along with Hyogo’s Museum, is offering us this opportunity. Let’s cheer that other exchanges may came, benefiting even more artists of our state”, completes Mazé Mendes.
Museum
Built in 1970, in Kobe, the Hyogo Prefectural Museum of Art, stands for the population, the cultural reconstruction after the devastation of the county, caused by the Hansin-Awaii earthquake in 1995, when about 6 thousand people have died. The Museum was again reopened in 2004. The architect Tadao Ando, tried to represent the sea and mountain integration on the project and building, taking advantage of the Kobe’s Harbor landscape and the possibility of following the seasons changes too. The Museum’s expositions room was projected with the highest foundation possible and aisles wide enough to accommodate plenty of natural light, besides of circular stairs, an external sea viewed deck and five entrances to the visitors. With an underground floor and four above, the building was built in concrete and it has a modern oscillation isolator device in order to make it more resistant to seismic quakes. A preoccupation inherit from the tragedy caused by the earthquake.
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The Museum’s proposal is also to promote the meeting of several arts and the education – brings together more than 10 thousand students in many activities a year – and not only gives shelter to exhibitions. The Hyogo Prefectural Museum of Art owns a collection with more than 7 thousand pieces of art and 4 thousand more items.
Francisco Faria
“Curitibano”, 52 years old, the artist has done his first appearance in 1982, at Curitiba’s Cultural Foundation. Nowadays he is one of the most acknowledged and respected paranaenses artists inside and outside Brasil, awarded with prizes like the Creative Works Fund, of San Francisco (USA), in 2001. Took part of the Săo Paulo International Bienais (Bienais Internacionais de Săo Paulo) (1994), in Havana, Cuba(1994) and on the first Brazilian Drawing exhibition in China, at the Yang Huan Art Museum from Pequim (1995), along with other 7 artists. In 1996, he was included of the Zeichnung Heute exhibition, ate the Kunstverein of Frankfurt, Germany, which gathered every 10 years the most 100 outstanding draftsmans designers of the decade. He has performed many solo exhibitions in cities like Săo Paulo, Curitiba, Florianópolis, Frankfurt and Washington. To the exhibition at the Hyogo’s Museum, the artist will bring 20 drawings, all in pencil on paper, among them “Xarayes 1” and “Salso Argento #.1”. “A good part of them are drawings of great dimensions, some belonging to the Oscar Niemeyer Museum’s collection. Two pieces are sequences of smaller drawings joined together”, he says. The criterion used by Koichi Kawasaki, the exhibition’s curator, was the “up to date” quality of the drawings.
José Antonio de Lima
Author of works exploring the vision, texture, roughness, wrinkles, drawings and sewings, everything extremely well cared concerning to the esthetic and production, José Antonio de Lima or simply Zé Antonio, 54 years old, is one of the chief names on Paranaense artistic scenery. Native from Sacramento (MG), came to Paraná still very young. Graduated in Journalism by Londrina’s State university (PR) in 1979, Zé Antonio, exhibited for the fist time in 1986, at the 43th. Paranaense Exhibition Roomand in the Maringa’s 1st Landscape Exhibition, Maringá (PR). In more than 20 years of career, he conquered dozens of prizes and has participated in several Exhibition Room all over Brazil. Overseas he’s presented in Germany (2002), Finland (2005), Sweden (2007) and United States of America (2007). Some of his works that will be presented to the Japanese public, are the sculptures of “Tramas” installation, a series of fabric, iron and wire made objects sewed together, connected to one another, forming a single piece, monumental and perfectly integrated with the environment. According to Zé Antonio, the “Tramas”, are the development of a sequence of previous works known as “Catedrais Espaciais” (Space Cathedrals), where slightly rounded iron structures, were covered by raw fabric, stretched out and tied. With “Tramas”, Zé Antonio enlarged those structures in all directions, so that they have multiplied themselves, connecting to one another and with the space they are inserted.
Mazé Mendes
With an already established, distinguished and awarded artistic trajectory, Mazé Mendes, 58 years old, is master in creating new visual works inspired on the city. Native from Laranjeiras do Sul (PR), she has pass his childhood and adolescence in Palmas. She lives and works in Curitiba since 1969, where teaches and the Paraná’s Art College (Faculdade de Artes do Paraná - FAP). Mastery working, she deals with horizontality and verticality, helped by photography, catching urban landscape signs, that could be, according to her, already finished works. Although in a continuous process of creating and recreating, adds elements from painting, lithography and texts, in words or passages of poems, which will complete the work’s missing parts. Mazé Mendes artistic talent can be seen by the japanese public in 16 works, two of them are paintings of 1,80 cm X 1,50 cm and other two of 1,5 cm X 1,5 cm, and also more 10 photos of 70 cm X 80 cm related with the artist’s work. The photos are Imagephotos captured in many sites of the cities, like closed doors, wasted by the time walls, windows which teases the curiosity about what is inside there or any other element of the city which reveals the strength and time, nature and man. In these image-photos, the artist introduces words, colors and images that are in fact, traces of her own previous production, finishing the current with touches of the past, melting present and past, image and art.
Mazé Mendes, “Canto” Mazé Mendes, “Corner”
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mostra
Exposição apresenta a conexão da obra dos expoentes da Bauhaus, Josef e Anni Albers, com a cultura latino-americana pré-colombiana
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“Painel a partir de uma túnica”, Chimu, algodão e fibra de camelídeo, 43,2 cm x 52,1 cm, The Josef and Anni Albers Foundation “Painel a partir de uma túnica”, Chimu, algodão e fibra de camelídeo, 43,2 cm x 52,1 cm, The Josef and Anni Albers Foundation
Anni e
Josef Albers Paixão pela América Latina
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Josef Albers, “Homenagem ao Quadrado”, 1950, óleo sobre masonite, 27,9 cm x 27,9 cm, The Josef and Anni Albers Foundation Josef Albers, “Homage to the square”, 1950, oil on masonite, 27,9 cm x 27,9 cm, The Josef and Anni Albers Foundation
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As tramas delicadas, intrincadas e matemáticas dos tecidos de Anni Albers e as repetições temáticas impregnadas de cores puras das telas de Josef Albers são o resultado da combinação da formação recebida na Bauhaus alemã e a influência da arte antiga da América Latina, mais especificamente do México e do Peru pré-colombianos. Expoentes da Bauhaus, Anni (1899-1994) e Josef Albers (1888-1976) foram pioneiros do modernismo no século 20. 66 Imigraram para os Estados Unidos em 1933 e, entre 1934
e 1967, viajaram regularmente para o México, Chile e Peru e Cuba para o estudo da arte, da arquitetura e do design têxtil de culturas pré-colombianas. A exposição “Anni e Josef Albers: viagens pela América Latina” apresenta a atração desses imigrantes alemães pela luz, pela cor e a cultura antiga latinas. “A mostra celebra e dá continuidade a essa maravilhosa conexão entre a visão de dois grandes modernistas, ambos tendo despendido uma década fazendo da Bauhaus tudo o que foi e a cultura latino-americana”, afirma Nicholas Fox Weber,
OPINIÃO DO VISITA NTE “Essa é a primeira vez que visito o Museu Oscar Nie meyer e estou achando as exp osições encantadoras. As sal as estão muito bonitas”, afirma a norte-americana Christina Sherid an, 59 anos, exprofessora de art es e funcionária do Museu de Artes do Battes College, Maine (EUA), atualm ente morando em São Paulo.
Visitor’s Opinion
“This is the first time I visit the Oscar Niemeyer Museum and I think the exhibitions charming. The rooms are very are pretty”, states the north Ame rican Christina Sheridan, 59 old, former art teacher and functionary at the Battes years College Arts Museum, Mai currently living in Săo Paul ne (USA), o.
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diretor-executivo da The Josef and Anni Albers Foundation. De acordo com Heinz Liesbrock, diretor do Josef Albers Museum Quadrat Bottrop, “para Anni, as tecelagens dos Andes peruanos, cuja tradição pode ser observada da antigüidade aos tempos atuais, tornaram-se uma inspiração excepcional. Tecnicamente complexas e surpreendentes quanto à formação, essas tecelagens representavam a comunicação prévia à escrita e eram, ao mesmo tempo, providas de excessos icônicos que aos olhos de Anni tornavam-se formas estéticas em si. O que Anni
mostra
Detalhes das fotocolagens Pazcuaro (SIC) e Anahuacalli,The Josef and Anni Albers Foundation (na primeira linha Anni Albers, na segunda, Josef) Details of Pazcuaro (SIC) and Anahuacalli’s photocollages,The Josef and Anni Albers Foundation (on the first line Anni Albers, on the second, Josef)
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SERVIÇO O quê: “Anni e Josef Albers: Viagens pela América Latina” Local: Salas Tarsila do Amaral, Guignard e Pancetti Quando: Até 24 de agosto de 2008
Service What: “Anni and Josef Albers: Journeys to Latin America” Where: Tarsila do Amaral, Guignard and Pancetti rooms When: Up to August 24th, 2008 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
Passion for Latin America
Exposition shows the connection between the work of the Bauhaus’ exponents Josef and Anni Albers and Pre-Colombian Latin American Culture. The mathematic, intricate, delicate weaves of Anni Albers fabrics and the thematic repetitions, saturated with pure colors of Josef are the combination of the formation received at the German Bauhaus and the influence of the ancient Latin American Art, more precisely the Pre-Colombian Peru and Mexico. Bauhaus exponents, Anni (1899-1994) and Josef Albers (1888-1976) were pioneers of the 20th century modernism. They immigrated to the United States in 1933 and, within 1934 and 1967, traveled regularly to Mexico, Chile, Peru and Cuba in order to study Pre-Colombian Art, architecture and textile design. The exposition “Anni and Josef Albers: journeys across Latin America” presents the attraction of these German immigrants to light, color and ancient Latin cultures. “The exhibition celebrates and goes on with this wonderful connection between the vision of two great modernists, both having expended a decade praising Latin American culture and justifying good Bauhaus’ name”, states Nicholas Fox Weber, Josef and Anni Albers Foundation executive-chief. According to Heinz Liebrock, Josef Albers Museum Quadrat Bottrop’s director, “to Anni, the Peruvian Andean weaves, whose traditions can be observed from ancient times to modern days, have become an exceptional inspiration. Technically complex and amazing, concerning to their formation, these weaves represented writing previous communication and they were, at the same time, supplied with iconic excesses, which were to Anni’s eyes, esthetic forms themselves. What Anni developed in a dialog with this ancient art, belongs, undoubtedly, in its sublime manifestation, to the modern textile art apogee”. Still in Heinz opinion, Josef Albers also found an important inspiration to the development of his visual language, during his meetings with sculpture and ancient Mexican architecture. “That is the origin of the visual complexity and the permanent change, between two and three dimensionality which is characteristic of his work since the 1930 decade”, asserts. In the exhibition, the visitor will be able to see the pictures of the famous series “Homage to the Square”, started in 1946 by Josef, who produced more than a thousand variations of this same image, till his dead in 1976. “The Homages”, consist in three or four nested squares of different colors, which are the summation of Albers’ interests in geometric forms and colors. They can also be understood as translations of a Mesoamerican pyramid”, says Kiki Gilderthus, art and history director of Rocky Mountain College. More than 400 photographs and photo-collages (seldom or never exhibit before) take part of this exposition, where Josef Albers registers the Latin American travels. The exhibition includes drawings, paintings, jewels and fabrics done by Anni Albers, showing her constant concern with structure, patterns, colors and meanings of Andean weaves. Some rarely seen pictures – produced by Josef within 1930 and 1940 – take part of the exhibition and they present the artist exploring colors and lines in an experimental way.
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desenvolveu em um diálogo com essa arte antiga pertence indubitavelmente, em sua manifestação sublime, ao auge da arte têxtil moderna”. Ainda na opinião de Heinz, Josef Albers também encontrou importante inspiração para o desenvolvimento de sua linguagem visual nos seus encontros com a escultura e com a arquitetura do México antigo. “É aí que tem origem a complexidade visual da mudança permanente entre bi e tridimensionalidade que caracteriza sua obra desde a década de 1930”, afirma. Na mostra, o visitante poderá quadros da famosa série “Homenagem ao Quadrado”, iniciada em 1946 por Josef, que produziu mais de mil variações dessa mesma imagem até a sua morte, em 1976. “As “Homenagens”, que consistem de três ou quatro quadrados imbricados de diferentes cores, são a soma do interesse de Albers em formas geométricas e cor. Elas também podem ser compreendidas como traduções de uma pirâmide mesoamericana”, afirma Kiki Gilderhus, diretora de História da Arte na Rocky Mountain College. Fazem parte da exposição mais de 400 fotografias e fotocolagens (raramente ou nunca exibidas antes), nas quais Josef Albers documenta as viagens latino-americanas. A exibição inclui desenhos, pinturas, jóias e tecidos feitos por Anni Albers, que mostram sua constante preocupação com a estrutura, padrões, cores e significados da tecelagem andina. Também fazem parte da exposição algumas pinturas raramente vistas – produzidas por Josef entre 1930 e 1940 – e que mostram o artista explorando cores e linhas de maneira experimental.
quem
acontece
Suely Deschermayer e a artista plástica Mazé Mendes
O artista José Antonio de Lima e sua esposa Miriam
A atriz Beth Goulart brinca nas obras de Eduardo Frota
Ardisson Akel, presidente da Faciap, e Vera Mussi, 70 Agosto – 2008
secretária de estado da Cultura
Juliana Guetter, Ivana e Pedro Abreu na exposição de Tarsila do Amaral
quandoonde
O deputado estadual Luiz Nishimori, Maristela Requião, Toshizo Ido, governador da província de Hyogo e o governador Roberto Requião na noite de abertura da exposição “Arte do Japão: do Moderno ao Contemporâneo”
A sobrinha neta de Tarsila do Amaral, Tarsilinha
7171 Agosto –– 2008 2008 Agosto
O publicitário Alexandre Magno na noite de abertura da exposição “Percurso Afetivo -- Tarsila”
acontece
quem
Edith Azevedo, Rose Franceschi, Tarsilinha do Amaral, Solange Rosemann, Sirlei Espindola e Sandra Fogagnoli
A empresário Daniela Leão visita a exposição de Tarsila do Amaral
Tarsilinha do Amaral e o curador Antonio Carlos Abdalla
Priscila Maranhão Polatti e Betina Pizani na exposição dos artistas da Bauhaus Anni e Josef Albers
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72 O fotógrafo German Lorca e Maristela Requião
O artista plástico André Mendes na mostra de Tarsila do Amaral
quandoonde
German Lorca atende o público presente na abertura de sua exposição
O fotógrafo German Lorca entre seus dois filhos e noras
O maestro Alceu Bochino prestigia a exibição “Anni e Josef Albers: viagens pela América Latina”
O artista plástico Carlos Zimmermann e o arquiteto Julio Peckman posam ao lado de Josef Albers
73 73 Agosto –– 2008 2008 Agosto
Brenda Danilowitz, curadora da mostra “Anni e Josef Albers”, com Maristela Requião e a arquiteta Ariadne Mattei Manzi
em cartaz
Homem.com-se
Pintura e fotografia são os meios utilizado pelo arquiteto e artista plástico angolano, Julio Quaresma, para discutir as interferências no espaço que nos cerca.Em “Homem.com-se”, Julio propõe uma reflexão sobre os valores e poderes que estruturam a sociedade. Estão ali os conflitos gerados pela falta de comunicação, excesso de informação, as incompreensões e amarras sociais, a perversidade política e a cegueira religiosa. Até 3 de agosto, na Hall do Pátio de Esculturas.
Homem.com-se
Painting and photography are the means used by the Angolan architect and plastic artist, Julio Quaresma, to discuss the interferences in space that surrounds us. In “Homem.com-se”, Julio proposes a reflection about the values and powers which structure the society. The conflicts generated by the lack of communication, excess of information, incomprehensions and social bonds, the politic perversions and religious blindness can be found in it. Up to August 3rd, in the Sculpture Yard Hall. Parceria/Partnership: Governo do Paraná
Júlio quaresma, “Via dolorosa”, Óleo sobre tela e fotografia, 2004
SERVIÇO Museu Oscar Niemeyer
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Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h Preços: R$ 4,00 (adultos) e R$ 2,00 (estudantes identificados). Crianças de até 12 anos, maiores de 60 e grupos agendados de alunos de escolas públicas do ensino fundamental e do médio não pagam.
Oscar Niemeyer A mostra inclui ainda cerca de 80 desenhos e documentos originais, 18 maquetes, uma escultura de três metros (acervo do Museu Oscar Niemyer) e uma projeção de 50 imagens feitas pelo fotógrafo francês Marcel Gautherot sobre o Complexo da Pampulha e de Brasília, que fazem parte da coleção pessoal do arquiteto. No Salão Principal (Olho), até 17 de agosto.
Oscar Niemeyer The exposition “Oscar Niemeyer: trajectory and contemporary production, 1936 –2008” stands out the centenary architect professional vitality and his recent woks, like “A Praça do Povo” (The People Square), and the “Torre Digital” (Digital Tower), in Brasília. An interesting part of the exposition is the exhibit of an unseen movie, “An architect committed to his time” from the Belgian director Marc-Henri Wajnberg. The movie shows Oscar Niemeyer drawing the final version of the Asturias Cultural Center, in Spain. The visitors will also see, on first hand, never seen projects like Dona Lidu’s Park, in Boa Viagem, Recife (PE). The exhibition still includes about 80 drawings and original documents, 18 maquettes (models), a 3 meters (9,84 feet) tall sculpture (Oscar Niemeyer Museum’s collection) and a projection of 50 images done by the french photographer Marcel Gautherot about the Pampulha’s complex and Brasília, which are part of the architect’s personal collection. At the main hall (Olho – “The Eye”), up to August 17th. Patrocínio/Sponsorship: Copel Parceria/Partnership: Fundação Oscar Niemeyer
Praça dos Três Poderes
Errata Na edição do mês de fevereiro, ano 2, nº6, pg. 32, onde lê-se a presença de Gilberto Belleza, leia-se Ubyrajara Gilioli.
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A exposição “Oscar Niemeyer: trajetória e produção contemporânea, 1936 -2008” destaca a vitalidade profissional do arquiteto centenário e de sua obras recentes, como a Praça do Povo e a Torre da TV Digital, em Brasília. Parte interessante da mostra é a exibição do filme inédito, “Um arquiteto engajado em seu tempo”, do diretor belga Marc-Henri Wajnberg. O filme traz Oscar Niemeyer desenhando a versão final do Centro Cultural da Astúrias, na Espanha. Os visitantes também verão, em primeira mão, projetos jamais exibidos, como o Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, no Recife (PE), além da Praça do Povo e a Torre da TV Digital, em Brasília (DF).
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