ISSN 1646-5660
breves apontamentos sobre o povoamento neolítico em avis síntese da apresentação integrada no II congresso da associação dos arqueólogos portugueses, a realizar em lisboa, de 22 a 26 de novembro de 2017
A localização privilegiada de Avis, numa zona de transição, confere a este território uma riqueza e diversidade naturais que, desde cedo, determinaram a ocupação humana na região. A área em estudo constitui, assim, uma zona fundamental para a compreensão dos processos de relação inter-regional, sendo essencial determinar qual o seu papel e a sua importância nos eixos de circulação do interior, em particular durante a PréHistória. Apesar das evidências de uma ocupação recuada, o facto é que os vestígios mais antigos não se encontram ainda suficientemente documentados. Os indícios da presença humana tornam-se mais representativos durante a Pré-História Recente, associados a um conjunto considerável de monumentos megalíticos, referenciados na bibliografia desde o final do século XIX. Os
Embora as evidências registadas decorram
vestígios relacionáveis com contextos habitacionais
exclusivamente de prospecções, a identificação de um
afiguravam-se raros, associados a evidências avulsas,
conjunto considerável de vestígios de ocupação alterou, de
muitas vezes descontextualizadas.
forma determinante, a visão da distribuição das
Ao longo da última década foram documentadas diversas
comunidades pré-históricas no território em estudo.
ocorrências que reflectem a diversidade arqueológica
A ocupação pré-histórica, até então associada aos
desta região.A elaboração da “Carta Arqueológica de Avis”
monumentos megalíticos funerários, passa a incluir
(2005-2014) e, mais recentemente, a realização do
evidências de contextos habitacionais e arte rupestre, os
projecto “Território e espaços de morte na Pré-História
quais permitem delinear novas abordagens relativamente
Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento
ao povoamento pré-histórico local.
megalítico no concelho de Avis - TEMPH” (2014 - em curso),
Os trabalhos realizados em 2016 revelaram-se
vieram confirmar a existência de diversos locais com
significativos, não só pelo aumento expressivo de sítios com
vestígios de ocupação pré-histórica, reveladores de um
potencial arqueológico, associados à Pré-História, mas
potencial arqueológico que até então permanecia
sobretudo pela tipologia e enquadramento cronológico de
desconhecido.
um conjunto considerável de evidências registadas.
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investigação
Ribeira de Seda
Contrariamente ao que sucedeu nas campanhas anteriores, em que a maioria dos vestígios correspondia a contextos funerários, uma parte significativa dos locais identificados em 2016 apresentam indícios de ocupação habitacional relacionadas com os primeiros momentos de neolitização do território. O conjunto de evidências registadas, e que constituem a base do presente texto, estão concentradas na Ribeira de Seda, numa zona actualmente ocupada pela Albufeira do Maranhão e, consequentemente, submersa. A identificação de novos contextos relacionados com as etapas inicias do Neolítico constitui um elemento determinante no estudo da ocupação pré-histórica deste território. Apesar da insuficiência de informação para estes
Fragmento de recipiente com aplicação de motivos impressos sobre cordão plástico. Neolítico Antigo
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períodos mais recuados, é já perceptível a existência de uma continuidade de ocupação do território por comunidades humanas desde o Paleolítico, que se torna mais evidente nas etapas iniciais do Neolítico e que se consolida com a construção de monumentos megalíticos. Esta ocupação humana encontra-se claramente associada à diversidade natural e paisagística da região, favorável à disponibilidade de recursos e à circulação inter-regional. Apesar de constituir um projecto de âmbito municipal, articulado com um amplo conjunto de acções desenvolvidas no domínio da Arqueologia, os resultados obtidos e a análise efectuada ao longo do projecto são reveladores, não só do potencial arqueológico da área em estudo, mas também da importância do desenvolvimento de trabalhos de forma continuada e da afirmação da investigação promovida a nível municipal. Espera-se que a continuidade do projecto possa fornecer novos elementos que contribuam para a caracterização das etapas iniciais do Neolítico na área em estudo. Deste modo, pretende-se que na campanha actualmente em curso seja possível reunir novos elementos que caracterizem a ocupação na zona da Ribeira de Seda e aplicar este modelo a outras zonas do concelho, localizadas em contextos naturais semelhantes, no sentido de proceder à identificação de novos locais de ocupação. Anta Abessara 3
Fragmento de recipientes com aplicação mamilos Neolítico Antigo
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Fragmento de recipientes decorados com motivo em espiga Neolítico Antigo
em destaque
entre pedras e pedrinhas roteiro megalítico de avis
Reflexo de uma nova organização social, cultural e territorial, o megalitismo caracteriza-se pela utilização de pedras de grande dimensão na construção de estruturas que acompanham, durante o V e III milénios a.C., a expansão do povoamento e o desenvolvimento da actividade agrícola e da pastorícia. O megalitismo, que integra duas grandes categorias funerária e não funerária desempenhou um papel determinante na apropriação e transformação da paisagem durante a pré-história recente. Das várias expressões conhecidas a mais representativa corresponde à anta, também conhecida por dólmen (tholmen, mesa de pedra), sepulcro colectivo definido por blocos de pedra (esteios) e composto por uma câmara funerária, à qual poderia estar associado um corredor. Esta estrutura pétrea era coberta, total ou parcialmente, por um montículo de terra e pedra, designado por tumulus. A imagem actual das antas resulta, em grande parte, do desaparecimento progressivo do tumulus. Os mortos eram colocados na câmara, acompanhados com um conjunto de objectos utilitários, pessoais e simbólicos. Quando a câmara ficava completa, os corpos, e respectivo espólio, podiam ser depositados também no corredor. As construções, exemplos de um esforço colectivo, marcam a paisagem e são reforçadas pela linguagem simbólica dos sinais gravados na pedra. Os artefactos que encerram marcam o quotidiano e refletem o universo ritual das comunidades construtoras de antas.
O megalitismo em Avis Os monumentos megalíticos funerários encontram-se bem documentados no concelho de Avis, marcando, ainda hoje, a paisagem e o imaginário das comunidades. Estas estruturas suscitaram, desde cedo, o interesse de eruditos e curiosos. As referências publicadas a trabalhos realizados em antas remontam ao final do século XIX, mas é
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científico dos locais e vestígios com a sua valência cultural e turística. Esta linha de orientação determinou a implementação, em 2016, do Plano de Gestão e Valorização de Sítios e Monumentos Arqueológicos, o qual irá contribuir não só para a conservação e interpretação dos sítios e monumentos arqueológicos, mas também para estabelecer e reforçar a relação com a comunidade e para afirmar a relevância cultural e turística do património arqueológico local, evidenciando, assim, os valores intrínsecos de cada sítio e descodificando o seu significado numa linguagem inteligível ao grande público.
Anta 1 da Herdade da Lameira
em meados do século XX que são produzidas as referências mais significativas ao nível do estudo do megalitismo em Avis. O interesse por estes monumentos é retomado em 2005, com a Carta Arqueológica de Avis, e mais recentemente, com o projecto de investigação “Territórios e Espaços de Morte na Pré-História Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento megalítico no concelho de Avis (TEMPH)”. Os trabalhos realizados na última década possibilitaram a relocalização dos sítios referidos em trabalhos precedentes e a identificação de novos exemplares, totalizando neste momento 75 monumentos megalíticos de cariz funerário. A diversidade arquitectónica registada para o conjunto megalítico de Avis reflete um universo multifacetado de ocupação de um território durante a Pré-História Recente e que resulta do estabelecimento de comunidades em diferentes contextos naturais seleccionados em função da sua estrutura económica e dos seus circuitos de circulação.
Plano de Gestão e Valorização de Sítios e Monumentos Arqueológicos Considerando o enquadramento arqueológico do concelho, assim como as estratégias de investigação desenvolvidas na última década em Avis, tornou-se cada vez mais evidente a necessidade de gestão e valorização de sítios e monumentos arqueológicos, articulando o valor
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O Plano assume-se como um modelo de gestão da intervenção arqueológica, de iniciativa municipal, que procura promover a articulação entre a componente científica e as vertentes pedagógica, cultural e turística, privilegiando quatro vertentes complementares de intervenção: acções de limpeza e conservação, intervenção arqueológica e interpretação, divulgação/técnicas de comunicação e gestão/manutenção. A primeira fase de execução do Plano, a desenvolver entre 2016 e 2018, foi orientada para o Património Megalítico e incluída, como acção complementar, no projecto de investigação TEMPH.
Construção de um Roteiro Megalítico de Avis A transmissão da informação associada aos sítios e monumentos arqueológicos e o respectivo enquadramento constitui uma prioridade ao nível da divulgação do património local. Tornar estes locais atractivos e facilitar a sua compreensão são duas das premissas que estão na base do trabalho de interpretação dos dados científicos e da sua transferência para um discurso inteligível e acessível ao grande público. Esta reaproximação ao património megalítico através do Plano de Gestão e Valorização de Sítios e Monumentos Arqueológicos permitiu delinear um roteiro arqueológico onde foram reunidos alguns dos locais susceptíveis de visita. Na sua definição foi considerada a relação que se pretende estabelecer entre o visitante e os locais visitáveis: mais do que uma visita contemplativa, pretende-se criar uma oportunidade de descoberta, não só dos sítios arqueológicos, mas também da sua envolvente, compreendendo a sua relação com o território, no passado e no presente. Deste modo, promove-se uma melhor compreensão do
Antas Rui Vaz 2 e Rui Vaz 3
fenómeno megalítico e a sua relação com o território e a paisagem, mas potencia-se igualmente outros valores patrimoniais, nomeadamente natural, paisagístico e rural, proporcionando uma visita autónoma e enriquecedora. Espera-se que desta forma sejam proporcionados novas experiências e momentos de descoberta de testemunhos da memória de ocupação deste território que se cruzam com a diversidade de espécies que marcam e afirmam a identidade ambiental e paisagística desta região. Apresentam-se, numa primeira fase, alguns dos monumentos possíveis de visitar. Na sua maioria encontram-se em terrenos privados, em regime de reservas de caça, zonas de pastoreio ou agrícolas, pelo que deverão ser seguidas algumas recomendações de forma a minimizar as perturbações nestes locais e a preservação dos monumentos. É fundamental não sair dos caminhos e fechar, imediatamente à passagem, todas as cancelas e porteiras que tiver de abrir. De forma a assegurar a integridade dos espaços visitados assim como da sua envolvente, deverá guardar o lixo que fizer e depositá-lo, posteriormente, num contentor apropriado. É igualmente importante não perturbar a fauna, nem proceder à recolha de qualquer espécie de flora, nem deixar no monumento qualquer marca da sua passagem. As visitas deverão ser realizadas durante o dia e o acesso
aos monumentos deverá ser preferencialmente pedonal, devendo evitar-se grupos numerosos O acesso automóvel em alguns casos é feito parcialmente por caminho de terra cuja transitabilidade para veículos ligeiros varia consoante as condições climatéricas. Existem ainda monumentos cujo acesso é sazonal, estando condicionado ao nível de água da Albufeira de Maranhão. Deverá utilizar-se calçado e vestuário confortável e no Verão deverão ser evitadas as horas de maior calor. A selecção dos locais a visitar dependerá do interesse e conveniência do visitante, da sua condição física, pelo transporte necessário e pelo tempo disponível. O circuito é, pela localização dos monumentos, inacessível para pessoas com mobilidade reduzida. As visitas são livres e autónomas, não existindo, nesta fase, sinaléctica no terreno, pelo que é essencial dispor de suporte de informação disponibilizado em papel e formato digital. O Roteiro Megalítico encontra-se dividido em quatro circuitos, dos quais se apresenta o primeiro: o Circuito da Ribeira Grande. Para cada circuito será disponibilizado um folheto de divulgação, encontrando-se em preparação uma publicação alargada onde serão reunidos todos os monumentos que integram o roteiro.
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O circuito da Ribeira Grande integra-se numa das mais importantes zonas de concentração de monumentos megalíticos do concelho de Avis, caracterizada igualmente pela grande beleza e diversidade natural. A disponibilidade de solos com aptidão agrícola, o relevo ondulado suave e a abundância de recursos aquíferos, ainda hoje visíveis em nascentes e fontes, terão contribuído para fixação de comunidades agro-pastoris e para o desenvolvimento das primeiras produções agrícolas. Numa paisagem fortemente marcada pela presença pré-histórica, a componente agrícola persiste até aos dias de hoje, moldando a paisagem ao ritmo dos trabalhos agrícolas. Para além da componente arqueológica, o circuito integra uma relevante componente paisagística e natural, onde sobressaem a avifauna, as linhas de água, a paisagem agrícola e o montado de sobro e azinho, numa paisagem fortemente marcada pelos afloramentos graníticos que caracterizam esta zona do concelho. A proximidade do circuito a dois núcleos urbanos possibilita conhecer alguns exemplares da arquitectura civil e religiosa ou uma visita a locais como a Fundação Arquivo Paes Teles e o Lagar de Azeite de Ervedal.
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circuito da ribeira grande
Anta do Penedo da Moura Visita recomendada 000
39, 030814 N | 07,465375 W
O monumento, em granito e de tipologia clássica, apresenta a planta poligonal definida por sete esteios, dos quais seis ainda se conservam no local. Sobre a câmara prevalece a tampa. O corredor, curto, apresenta dois esteios de cada lado. A primeira referência publicada remonta a 1912 e decorre de visita de José Leite de Vasconcelos a Avis. Constitui um dos exemplares mais bem conservados do megalitismo funerário do concelho de Avis.
Anta de Passarinhos Visita recomendada 00
39,035527 N | 07,484463 W
Monumento funerário cuja câmara preserva três esteios, tal como parte da tampa apoiada sobre os esteios. Do corredor conservam-se dois esteios a Norte e um a Sul. Construído em granito, o monumento integra também um esteio em grauvaque. Ainda se detectam vestígios da estrutura tumular, apesar de afectada pelo caminho rural na extremidade Este. É possível estabelecer contacto visual com a anta de Olival da Anta.
Anta do Olival da Anta Visita recomendada 000
39,035682 N | 07,483350 W
Monumento funerário em granito cuja câmara conserva sete esteios e tampa, ligeiramente inclinada e com um conjunto de covinhas gravadas e um cruciforme. O corredor apresenta três esteios. Esta anta foi escavada, na década de 70 do século XX, pelo Grupo de Trabalho e Acção Cultural Ervedalense - Secção de Arqueologia. Algum do espólio então recolhido faz parte do acervo arqueológico da Fundação Paes Teles. A partir deste monumento é possível estabelecer contacto visual com as antas da Torre do Ervedal 4 e Passarinhos 1.
Antas 1 e 4 da Torre de Ervedal 39,025641 N | 07,481901 W // 39,040015 N | 07,481559 W
Visita recomendada 0
Torre de Ervedal 1 | O monumento de dimensão média, construído em granito, do qual se conservam cinco esteios da câmara. Foi objecto de escavações antigas, desconhecendo-se os resultados desses trabalhos. Torre de Ervedal 4 | Monumento em granito que conserva cinco esteios da câmara. A tampa, inclinada, está apoiada num dos esteios, evidenciando uma covinha. Do corredor conserva-se apenas um esteio.
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acção preventiva
mosteiro de são bento de avis instalação de galeria municipal
De forma a contribuir para a valorização de um espaço que marca, de forma determinante, a história de Avis, foi desenvolvido, na última década, um conjunto de acções que visam a reabilitação de algumas das dependências do Mosteiro de São Bento de Avis. Após a criação do Centro de Arqueologia de Avis, instalado no Claustro Novo, do Centro Interpretativo da Ordem de Avis e Museu do Campo Alentejano, situados no núcleo antigo do mosteiro, e da requalificação do Claustro e dos espaços envolventes foi dada continuidade às intervenções de conservação e recuperação do conjunto monástico, promovendo-se a obra de conservação e alteração de fracção do mosteiro para instalação de Galeria Municipal. O espaço, integrado no Mosteiro Novo, cujas dependências são datadas dos séculos XVI e XVII, situa-se no
infraestruturas necessárias para a sua utilização para fins
cunhal Nascente/Norte deste volume, numa zona de
culturais.
sobreposição do edifício mais recente do conjunto monástico e as estruturas mais antigas. O espaço, propriedade municipal, encontrava-se
Tratando-se um edifício classificado, de elevado valor patrimonial (histórico, arqueológico e arquitectónico), foi desenvolvida, pelo Centro de Arqueologia, uma
desocupado, sendo o seu estado de conservação razoável.
intervenção
Apresenta dois pisos, com pé direito alto, terminando em
acompanhamento da obra, no sentido de minimizar os
abóbodas. O piso térreo tem duas áreas ligadas entre si
impactos decorrentes da execução do projecto numa área
apenas por um arco. Uma das abóbadas foi reconstruída,
arqueológica sensível, de forma a salvaguardar eventuais
sendo visíveis os vestígios mais antigos. O piso superior
vestígios, móveis e imóveis, que possam ocorrer no decurso
encontra-se dividido em dois compartimentos, ligados
dos trabalhos, realizando o registo, o mais rigoroso
entre si por um corredor que apresenta numa das
possível, dessas evidências que, a existirem nos locais a
extremidades, um vão entaipado, de ligação a outra
afectar, se encontram em vias de destruição definitiva.
fracção.
de
carácter
preventivo,
com
o
A concretização deste projecto irá, após a conclusão dos
Pelo estado de conservação do espaço, a obra não teve
trabalhos, assegurar não só a conservação deste espaço,
um carácter intrusivo significativo, pelo que se resumiu ao
mas também possibilitar a fruição pública de mais uma das
melhoramento da área, dotando o espaço das
dependências do conjunto monástico de São Bento de Avis.
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património construído
paços do concelho medievais um edifício singular
Alçado Norte |Levantamento GTL de AVIS 2005
O edifício designado por Paços do Concelho Medievais ou
O piso térreo encontra-se dividido por dois
Casa de Audiência encontra-se localizado no Centro
compartimentos, de dimensões diferenciadas, e que se
Histórico de Avis, inserindo-se em zona de protecção de
encontram ligados por um vão que abriria para o exterior.
monumento classificado e constituindo, pelas suas
Esta diferenciação entre os espaços, claramente associada
características e implantação, uma zona arqueológica
à sua estrutura primitiva, é reforçada pelo conjunto de
sensível, constituindo um importante documento histórico
janelas localizadas no alçado Norte do edifício, quatro de
susceptível de abordar pela metodologia arqueológica.
arcos geminados ogivais associadas à sala de maior
Situado a Norte da Igreja Matriz, o edifício implantado sobre o afloramento rochoso de xisto conserva a planta
dimensão, e uma outra isolada, de arcos geminados trilobados, associada à sala mais pequena.
rectangular, actualmente dividida em 2 pisos. O espaço
O conjunto de janelas, datáveis do século XIV, atribuem
interior seria unificado em altura, de acordo com as janelas
um valor patrimonial de excepção a este edifício, tendo
que se encontram no alçado Norte e que foram entaipadas
sido postas a descoberto numa intervenção realizada em
pela construção, entre os séculos XIX e XX, de abóbodas e
1994/1995.
respectiva estrutura de suporte.
Os restantes alçados possuem portas e janelas de
A introdução destes elementos, assim como da entrada
cantarias diversas, assim como aproveitamentos integrados
actual, destinou-se à adaptação a novas valências que,
na construção, que refletem, a par das abóbadas para
neste caso, correspondiam a celeiro, adega e lagar de
construção de um segundo piso, as alterações a que esteve
azeite e dos quais não se conservam registos significativos,
sujeito em diferentes momentos da utilização.
apesar da sua utilização durante o século XX.
A utilização como Paços do Concelho inicia-se no período
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medieval, época em que o edifício terá sido construído, e
durante o período medieval cristão, o edifício constitui um
prolonga-se provavelmente até ao início ao século XVII,
repositório de informação ainda por apreender.
altura em que essa função é transferida para um novo edifício.
O edifício reúne um conjunto de elementos arquitectónicos, marcas, pormenores, materiais e técnicas
Não são conhecidas evidências que retratem a sua
construtivas diversificados, sendo igualmente evidentes
utilização até aos séculos XIX e XX, altura em que terão sido
inúmeras patologias, com diferentes implicações na
introduzidas alterações significativas na sua estrutura
conservação do edifício, que refletem, em grande parte, o
primitiva, nomeadamente a introdução de abóbodas e a
abandono do imóvel e a consequente degradação das suas
criação de um segundo piso, adaptado o edifício a uma nova
estruturas.
utilização, como celeiro, adega e lagar de azeite, funções
São inúmeras as questões relacionadas com a sua
que irá desempenhar durante um longo período do século
construção e evolução. Por exemplo, não existem dados
XX, seguindo-se o abandono e o consequente estado de
concretos relativamente à sua fundação e permanece
degradação e ruína que actualmente apresenta.
também por esclarecer se corresponde a uma construção
Durante o século XX a área envolvente ao edifício foi
de raiz ou se assenta sobre uma pré-existência. Da sua
sujeita a algumas intervenções urbanísticas, que passaram,
estrutura primitiva persistem ainda vestígios significativos,
na primeira metade do século XX, pela construção do
alguns dos quais determinantes na sua definição enquanto
Passeio Dr. Manuel Lopes Varela, da plataforma, varandim e
edifício singular e de valor patrimonial. A sua planta
escadaria no Largo José Valentim Varela e pela implantação
original ainda é perceptível, no entanto, não é clara a sua
do depósito de água junto ao Largo, alterando, de forma
orientação e organização interna, nem a sua relação e
significativa, a envolvente do edifício e o respectivo
integração no espaço urbano de período medieval.
enquadramento urbano.
Responder a estas e outras questões passa
O edifício dos Paços do Concelho Medievais, exemplar da
obrigatoriamente pela apreensão e interpretação dos
arquitectura civil medieval, constitui um importante
vários aspectos que marcam os diferentes momentos de
elemento na história de Avis, não só pelas funções que
utilização e ocupação deste espaço desde a sua fundação
desempenhava, mas também enquanto elemento
até hoje.
polarizador do espaço urbano. Associado à ocupação da vila
Vista parcial do alçado Norte
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divulgação
Pubicações científicas Publicação do artigo “Plano de Gestão e Valorização de Sítios e Monumentos Arqueológicos: um contributo para a salvaguarda do património megalítico de Avis” na Revista Al-madan (páginas 33-42). Disponível em https://issuu.com/almadan/docs/al-madanonline21_2 O artigo apresenta as linhas gerais e as estratégias de intervenção do Plano de Gestão e Valorização de Sítios e Monumentos Arqueológicos do concelho de Avis, que pretende criar as bases para um modelo que articule a componente científica e as vertentes pedagógica, cultural e turística. A primeira fase de execução deste Plano iniciou-se em Março de 2016, prolongar-se-á até 2018, e está orientada para o património megalítico.Desenvolve-se em paralelo com o projecto de investigação “Território e Espaços de Morte da Pré-História Recente”.
Publicação do artigo “Ladeira, 100 anos depois de José Leite de Vasconcelos” na Revista O Arqueólogo Português (páginas 309-339). Neste artigo apresenta-se, após a conclusão da primeira fase do projecto e aproveitando o centenário da intervenção de José Leite de Vasconcelos na Ladeira, uma breve súmula dos resultados obtidos, com especial enfoque para o acervo documental associado ao sítio arqueológico, o qual reúne um conjunto de documentos diversos que retratam as relações estabelecidas entre os diversos intervenientes que, motivados pelas descobertas aí efectuadas, contribuíram, de forma significativa, para a história e o conhecimento do sítio arqueológico.
Exposição Biblioteca do Centro de Arqueologia de Avis De 18 de Abril a 31 de Dezembro 2017 Exposição integrada no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios onde se apresenta a um público mais vasto as linhas orientadoras e as estratégias de intervenção definidas no Plano de Gestão e Valorização de Monumentos e Sítios Arqueológicos, orientado para o Património Megalítico, assim como uma síntese dos trabalhos já realizados e que constituem a base para a implementação de um roteiro megalítico a materializar brevemente.
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1 e 2 | Visita de professores do Agrupamento de Escolas de S. Julião da Barra, Oeiras
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3 | Curso Profissional de Técnico de Operações Turísticas, do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor 4 e 5 | Jovens em Movimento 2017 6 | Leitura arqueológica do Centro Histórico de Avis 7 | Pedras que contam histórias - Anta do Penedo da Moura
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8 | Descobrir a Pré-História 9 a 12 | Visita de alunos do 5.º ano em actividades de intercâmbio com a Escola de Estremoz 13 e 14 | Arqueólogo por um dia (integrado no programa Férias em Movimento) 15 a 18 | Pedras que contam Histórias - Núcleo Megalítico da Ordem (integrado no programa Férias em Movimento)
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conhecer melhor a arqueologia e o patrimรณnio arqueolรณgico
serviรงo educativo e visitas
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da terra boletim do centro de arqueologia de avis número 10, 22 de setembro de 2017
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Contactos Pátio das Cisternas 8, 7480-121 Avis Telefone/fax 242 410 090 arqueologia@cm-avis.pt
ISSN 1646-5660
Edição Município de Avis Director Nuno Paulo Augusto da Silva | Presidente da Câmara Recolha e organização da informação Centro de Arqueologia de Avis Textos e concepção gráfica Ana Ribeiro Fotografia Arquivo fotográfico municipal _ Centro de Arqueologia de Avis Capa Pedras que contam histórias. Anta do Penedo da Moura Composição gráfica e revisão Centro de Arqueologia de Avis ISSN 1646-5660