ROTEIRO MEGALÍTICO DE AVIS
CIRCUITO DA RIBEIRA DE SEDA
Reflexo de uma nova organização social, cultural e territorial, o megalitismo caracteriza-se pela utilização de pedras de grande dimensão na construção de estruturas que acompanham, entre o V e III milénios a.C., a expansão do povoamento e o desenvolvimento da agricultura e da pastorícia Integra duas grandes categorias, funerária e não funerária, associadas a várias expressões, das quais a mais representativa corresponde à anta, também conhecida por dólmen. Trata-se de um sepulcro colectivo definido por blocos de pedra, designados por esteios, normalmente de grande dimensão, e composto por uma câmara funerária, à qual poderia estar associado um corredor. Esta estrutura pétrea era coberta, total ou parcialmente, por um montículo de terra e pedras, designado por tumulus ou mamoa. Os mortos eram colocados na câmara, acompanhados por artefactos utilitários, pessoais e simbólicos que marcavam o quotidiano e o universo ritual dessas comunidades, reforçado frequentemente pela linguagem simbólica dos sinais gravados na pedra. Em Avis o megalitismo encontra-se documentado por um vasto conjunto de monumentos funerários que integra, neste momento, setenta e seis exemplares que marcam a paisagem, o território e o imaginário das comunidades.
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5 km
O Circuito da Ribeira de Seda desenvolve-se numa paisagem marcada por diversos testemunhos da presença humana. O relevo pouco acidentado, pontuado por grandes afloramentos de granito, e a confluência de diversas ribeiras, conferem a esta área características únicas que justificaram uma continuidade de ocupação desde a Pré-História. A importância deste território para o desenvolvimento de actividades de produção, em particular da agricultura, torna-se evidente com a fixação das primeiras comunidades agro-pastoris, mas é no período romano que se consolidam, determinando uma estrutura de povoamento marcadamente rural que, em grande parte, se mantém até aos dias de hoje. Apesar de se integrar numa região profundamente marcada pelos incaracterísticos olivais intensivos, o circuito desenvolve-se numa área que ainda conserva um notável enquadramento natural e paisagístico, de onde sobressaem a avifauna, assim como a galeria ripícola associada à Ribeira de Seda. Pela sua localização, o circuito possibilita uma visita a outros pontos de interesse, como o Museu Rural, a Adega e a Loja da Fundação Abreu Callado, a capela de N. Sr.ª de Entre Águas ou a Lápide romana de Entre Águas, monumento classificado. Em Valongo destacam-se ainda dois importantes exemplares arbóreos classificados de interesse público.
Cumeada
Acesso fรกcil 39.139070 -7.847947 Visita Recomendada 000
Como chegar Acesso efectuado por um caminho pedonal localizado do lado direito da estrada que liga Benavila a Valongo, mesmo antes da ponte. O percurso, com cerca de 2 km, é efectuado junto à albufeira. Sazonalmente o caminho fica submerso. No final do trajecto o acesso ao monumento é feito por propriedade privada, utilizada para pastagem.
Monumento de grande dimensão, em granito do qual se conservam sete esteios da câmara e a tampa, ligeiramente tombada que evidencia um conjunto de covinhas. Do corredor permanecem cinco esteios, um dos quais já deslocado, e uma tampa. Nas imediações do monumento encontram-se três blocos de granito que terão pertencido à anta. O tumulus preserva-se apenas na zona junto aos esteios.
Coutada
Acesso de dificuldade mĂŠdia 39.118466 -7.887810 Visita Recomendada 00
Monumento de grande dimensão do qual se conservam cinco esteios da câmara e fragmento de um outro. A tampa encontra-se tombada e fragmentada. O corredor é longo e conserva duas tampas in situ. Junto à estrutura tumular encontra-se um bloco de grande dimensão, que ostenta um painel gravado com covinhas e uma figura compósita. O monumento é construído em granito, com excepção de um dos esteios da câmara.
Como chegar Seguir pela EM 537 em direcção a Valongo e virar à esquerda a cerca de 3,5 km para uma estrada de terra. Percorridos cerca de 1,6 km virar à esquerda na bifurcação e continuar por mais 2,7 km. Virar à esquerda e percorrer, a pé ou de bicicleta, cerca de 1,6km até ao monumento. O percurso é feito em terreno utilizado para pastagem.
Horta da Palha Acesso fรกcil 39.111382 -7.865453
Visita Recomendada 00
Como chegar Percurso a pé, com cerca de 250m, a partir da Rua Luís da Silva Aço, em Benavila. Visita através do Museu Rural ou por marcação. Contactos: Fundação Abreu Callado, em Benavila, tel. 242 430 000, fundacao@abreucallado.pt
Monumento de grande dimensão construído em granito. Apresenta câmara trapezoidal, definida por seis esteios, e corredor, curto, do qual se preservam dois esteios e uma tampa. Embora se integre numa zona agrícola, ainda é possível identificar vestígios do tumulus, sobretudo junto aos esteios. Referência para a recolha de um machado de pedra polida de secção circular.
Abessara 3
Acesso fรกcil 39.131705 -7.857123 Visita Recomendada 0
Como chegar
Monumento de dimensão média, em granito, descoberto em 2016. A câmara é definida por sete esteios, que se encontram tombados e conserva a tampa, que se apresenta caída. Do corredor persistem dois esteios tombados junto à entrada, e mais dois deslocados, um próximo do corredor e outro sobre o que resta da estrutura tumular. Do conjunto de materiais associados ao monumento destaca-se uma taça carenada com perfil completo, característica nos contextos integrados no final do IV e início do III milénio a.C.. O monumento encontra-se sazonalmente submerso.
Acesso a partir da estrada que liga Benavila a Valongo. Do lado direito da ponte, percorrer, a pé, pela margem direita da ribeira, cerca de 450 m até chegar à anta. O acesso é feito pelo limite da albufeira, estando condicionado pelo nível da água.
Os monumentos encontram-se, na sua maioria, em terrenos privados, em regime de reservas de caça, zonas de pastoreio ou agrícolas, pelo que deverão ser seguidas algumas recomendações de forma a minimizar as perturbações nestes locais e a preservação dos monumentos. _ Não sair dos caminhos _ Fechar todas as cancelas e porteiras que tiver de abrir _ Guardar o lixo e depositar, posteriormente, num contentor apropriado _ Não perturbar a fauna, nem proceder à recolha de qualquer espécie de flora _ Não deixar no monumento qualquer marca da sua passagem _ As visitas deverão ser realizadas durante o dia _ O acesso aos monumentos deverá ser preferencialmente pedonal _ Evitar visitas com grupos numerosos Existem monumentos cujo acesso é sazonal, estando condicionado pelo nível de água da albufeira de Maranhão, sobretudo no período do Inverno. Deverá utilizar-se calçado e vestuário confortável e no Verão deverão ser evitadas as horas de maior calor. A selecção dos locais a visitar dependerá do interesse e conveniência do visitante, da sua condição física, pelo transporte necessário e pelo tempo disponível. O circuito é, pela localização dos monumentos, inacessível para pessoas com mobilidade reduzida. As visitas são livres e autónomas, não existindo, nesta fase, sinaléctica no terreno, pelo que é conveniente dispor de suporte de informação em papel ou formato digital. Para saber mais sobre o megalitismo de Avis, poderá consultar as publicações disponíveis em: issuu.com/centrodearqueologiaavis
Concepção e textos Ana Cristina Ribeiro Organização Centro de Arqueologia de Avis Edição Município de Avis | 2020