Fábulas de Esopo

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Fábulas de Esopo Esopo

Tradução Jorge Sallum

Ayano Imai



Fábulas de Esopo Esopo

Tradução Jorge Sallum

Ayano Imai

São Paulo, 1ª edição, 2018


© minedition 2012, Rights and Licensing AG, Zurich, Switzerland © 2012 Ayano Imai, das ilustrações © 2018 Casa de Letras, da edição brasileira

Responsabilidade editorial: Ana Mortara Supervisão comercial: Fábio Mantegari Capa e projeto gráfico: Ayano Imai Revisão: Iuri Pereira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Esopo Fábulas de Esopo / Esopo; ilustrações Ayano Imai; tradução Jorge Sallum. – 1. ed. – São Paulo: Casa de Letras, 2018. Título original: Aesop’s fables. ISBN 978-85-55431-25-8 1. Fábulas - Literatura infantojuvenil 2. Literatura infantojuvenil I. Imai, Ayano. II. Título. 13-01071

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Fábulas: Literatura infantil 028.5 2. Fábulas: Literatura infantojuvenil 028.5

Casa de Letras Ltda. Rua Fradique Coutinho, 1139 Vila Madalena | São Paulo-SP CEP 05416-011 - Tel: (11) 3031-6879 www.casadeletras.com.br


Fábulas de Esopo Esopo

Ilustrações Ayano Imai

Tradução por Jorge Sallum



O GALO E A JOIA O FILHOTE E O LOBO O BOI E O SAPO A RAPOSA E A CEGONHA O LEÃO E O RATO A LEBRE E A TARTARUGA O GATO E OS PÁSSAROS O CACHORRO E A SOMBRA A GRALHA VIL A GRALHA E AS POMBAS A RAPOSA E AS UVAS O RATO DO CAMPO E O RATO DA CIDADE O ALCE E A LAGOA



O GALO E A JOIA Um galo que ciscava descobriu um anel brilhante em um lugar minúsculo e escondido. Quando viu, disse assim: "Mas por que jazes nesse montinho? Se um homem que ama joias o achasse, você garantiria a ele esplendor e ganharia de volta sua beleza. Eu, por outro lado, o descobri enquanto ciscava, mas nem me dei conta, porque de joias não preciso".



O FILHOTE E O LOBO Um filhote voltava do pasto quando passou a ser perseguido por um lobo. Dando um passo para trás, disse o filhote ao lobo: "Eu bem que te convenci, seu lobo, que sou um bom prato. Mas para que eu não morra sem fama, toque a flauta para que eu dance". Ao escutar o lobo tocando flauta e o filhote dançando, os cães farejadores começaram a perseguir o lobo. Dando um passo para trás, disse o lobo ao filhote: "Eu sou um caçador, não poderia dar certo tentar me passar por flautista".



O BOI E O SAPO Um boi bebendo água acidentalmente pisou em um filhote de sapo. Aproximando-se sua mãe – que não estava perto – pôs-se a investigar como estavam seus filhos e notou que um deles havia sumido. Ao que um dos irmãos disse: "Morreu, mãe. Pois, no momento exato em que chegou perto do parrudo quadrúpede, calmamente, colocou-se sob sua pata". "Ele era grande, então? Era grande assim?", disse o sapo enchendo-se de ar. "Muito maior", disse o pequeno sapo. E a mãe inflou ainda mais: "Era grande assim?". "Sim, mãe, MUITO maior!", disse o pequeno sapo. E continou a inflar, até ficar do tamanho de um balão. "Grande ass…", ela começou a falar antes de estourar.



A RAPOSA E A CEGONHA Havia um tempo em que a raposa e a cegonha eram boas amigas. Um dia, a raposa convidou a cegonha para jantar e decidiu pregar uma peça na cegonha: serviu a sopa em um prato. A raposa facilmente conseguia comer em seu prato, mas a cegonha mal conseguia molhar seu longo bico, terminando a refeição com mais fome do que quando começou. A raposa disse: "Lamento que a sopa não estava de seu agrado". "Não precisa se desculpar", disse a cegonha. "Mas espero que você retribua a visita indo jantar em casa nos próximos dias". Então, o dia do jantar chegou e tudo o que havia para comer estava em jarras de bocas estreitas, onde a raposa não conseguia colocar seu focinho. E, dessa vez, foi a raposa quem foi embora com fome.



O LEÃO E O RATO O rato começou a brincar sobre o corpo de um leão adormecido. Mas quando acordou, eis que o leão agarra o rato e prepara-se para devorá-lo. Precisando se salvar, o rato diz que lhe faria um favor se o soltasse. O leão, gargalhando, o deixa escapar. Mas eis que o leão se vê capturado, não muito tempo depois, por caçadores em uma rede de cordas. Neste exato momento, o rato o escuta gemer, se aproxima e rói a corda, o liberta e diz: "Você bem que riu da minha cara, porque não fora capaz de aceitar uma retribuição da minha parte. Agora fique sabendo que entre ratos também há favores".



A LEBRE E A TARTARUGA A lebre zombava dos pés lentos da tartaruga, dizendo: "Eu a vencerei com meus pés ligeiros". Ao que a tartaruga diz: "Você diz isso da boca pra fora. Lute e reconheça!". Mas quem determinará o lugar e julgará a vitória? "A raposa", disse a tartaruga, "que é a mais justa e mais sábia". Cuidadosamente, a raposa examinou a marca da largada e deu início à corrida. A tartaruga, sem perder tempo, pôs-se a caminho. A lebre espreguiçou-se e foi rapidamente deitar. Mas eis que ao aproximar-se da marca final avistou a tartaruga que vencia.



O GATO E OS PÁSSAROS O gato, que estava esfomeado, ouviu que alguns pássaros da vizinhança estavam doentes. Então, vestiu-se com um belo terno e um jaleco branco para se disfarçar de médico. Com um chapéu e uma maleta, seguiu para encontrar os pássaros. "Como estão se sentindo?", disse o gato ao bater na porta dos pássaros. "Se estiverem doentes, ficarei feliz em receitar algo para se sentirem melhor", continuou o gato. Ao que os pássaros responderam, antes de deixar o gato entrar: "Obrigado por seu zelo, mas ficaremos bem desde que você vá para bem longe daqui".



O CACHORRO O cachorro avançou sobre a carne para mastigá-la em paz. Em seu uma ponte. Enquanto atravessava, o sua sombra refletida. Pensando se tratar ainda maior de carne, decidiu que Mas eis que, ao cair na água, com a pedaço de carne, deixou cair o seu, dentes, até não enxergá-lo mais,

E A SOMBRA de um açougueiro e a carregava caminho, ele deveria passar por cachorro olhou para a água e viu de outro cachorro, com um pedaço aquele deveria ser seu também. boca aberta em direção ao enorme guardado até então entre seus na profundeza das águas.



A GRALHA VIL Um concurso de beleza teria início e Zeus anunciaria o pássaro mais belo para se tornar rei. No dia marcado, uma revoada de pássaros foi ao rio para limpar seu bico e suas penas. A gralha, com suas feias penas, notou que não tinha chance alguma perto dos outros. Então ela esperou até que todos os pássaros fossem embora e usou as mais belas penas espalhadas pelo chão para se enfeitar. Quando todos os pássaros encontraram-se perante Zeus, logo viram que a gralha estava usando suas penas e ela teve que se mostrar como realmente era.

A GRALHA E AS POMBAS Uma gralha observava pombas em um pombal. "Como são bem alimentadas", pensou, "se eu pudesse me disfarçar como uma delas, poderia pegar um pouco de sua comida". E a gralha se pintou de branco. Enquanto ficou em silêncio, as pombas não suspeitaram de nada. Mas, assim que começaram a conversar, as pombas perceberam seu disfarce e, com zombarias, a colocaram para fora do pombal. A gralha, agora feliz por estar longe das pombas, foi procurar as outras gralhas. Mas eis que elas, sem reconhecê-la, a deixaram de lado, longe da comida. E assim, a gralha terminou sem nada…



A RAPOSA E AS UVAS Em um dia quente, uma raposa deparou-se com um cacho de uvas que parecia estar no ponto para ser colhido. "Exatamente o que preciso para me refrescar." Deu alguns passos para trás, correu e pulou o mais alto que conseguiu, mas, mesmo assim, não alcançou o cacho de uvas. Voltou, contou até três e, mais uma vez, pulou. Mas as uvas continuaram fora de seu alcance. Tentou e tentou outras vezes até que desistiu. Levantou o nariz e disse: "Tenho certeza de que essas uvas estão azedas".



O RATO DA CIDADE E O RATO DO CAMPO O rato do campo convidou o rato da cidade para conhecer a vida do campo. Ele fez com que se sentisse bem-vindo e sentaram-se à mesa para comer aveia e cevada. Ao que o rato da cidade disse: "Como você pode comer isso? Em minha casa estou rodeado de luxos, volte comigo e veja por você mesmo". Então, o rato do campo seguiu para a cidade com seu amigo. Logo o rato da cidade mostrou um banquete: bolos, geleias e queijos dos mais apetitosos. Encantado, o rato do campo pôs-se a comer. Mas eis que assim que começou a colocar a comida na boca uma pessoa entrou no cômodo. Os dois ratos correram para se esconder. E assim foi se sucedendo, a cada saída para comer, uma nova pessoa aparecia. "Adeus", disse o rato do campo. "Eu vejo que você está rodeado de luxos, mas há muitos perigos por aqui. Prefiro comer aveia e cevada no sossego do meu lar."



O ALCE NA LAGOA Um alce, observando seu reflexo na lagoa ficou admirado com seus chifres. "Que grande maravilha", disse, "mas minhas pernas são tão finas…". Enquanto se admirava, um leão aproximou-se da lagoa e o perseguiu. O alce fugiu e estava bem à frente do leão enquanto estava no descampado. Mas, quando adentrou a floresta, seus belos chifres engancharam-se em uma árvore e o leão o alcançou. Tarde demais, o alce percebeu: "Que tolo fui! Acreditei que minhas pernas eram inúteis, mas elas é que me salvariam, enquanto dei toda a glória para meus chifres, que foram a causa de minha derrota."


Esopo Esopo viveu na Grécia, entre os séculos VII e VI a.C. Há quem afirme que nasceu na Trácia e que teria sido escravo. Os filósofos Platão e Aristóteles citam seu nome. As fábulas de Esopo foram reunidas pela primeira vez no século III a.C. Os personagens de muitas fábulas são animais que encarnam certos comportamentos das pessoas. Esopo é considerado o primeiro autor de fábulas e o inventor deste gênero literário.


Ayano Imai Ayano Imai nasceu em Londres, Inglaterra, em 1980. Passou a maior parte de sua infância viajando com a família. De 1986 a 1990, morou no Japão, para, em seguida, mudar-se para os Estados Unidos, dividido entre Los Angeles e Connecticut. Após retornar ao Japão em 1994, Ayano Imai estudou técnicas de pinturas japonesas, especificamente pinturas com pigmentos minerais naturais, na Universidade de Arte Musashino, em Tóquio. Na capital japonesa, desenvolveu seu interesse por ilustrações. De 2003 a 2006 participou ininterruptamente da exibição de ilustradores da feira do livro infantil de Bolonha. Seu primeiro livro foi publicado em 2006. Atualmente, vive em Chiba, no Japão.


Este livro apresenta uma seleção das clássicas Fábulas de Esopo, ilustradas e adequadas aos alunos entre o 1º e 3º anos do ensino fundamental. Além de ser uma ótima ferramenta para o aprendizado e ponto de partida para diversos temas em sala de aula, a linguagem e o tom fantástico dessas fábulas incentivam o prazer na leitura e contribuem para a formação de leitores. Por meio das fábulas, importantes valores para a vida são conhecidos de forma lúdica e reflexiva, estimulando a imaginação e tornando o aprendizado mais divertido. Categoria: para alunos entre o 1º e 3º anos do ensino fundamental Gênero: obras clássicas da literatura universal Tema: diversão e aventura



A artista Ayano Imai apresenta uma emocionante e nova perspectiva nas atemporais e populares fábulas de Esopo. Da familiar “A lebre e a tartaruga”, à intrigante “O alce na lagoa” e o “Boi e o sapo”, todos os textos ganharam um novo charme com as coloridas ilustrações.

ISBN 978-85-55431-25-8

9

788555

431258


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