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Sumário Apresentação ......................................................................................................................................................... 3 Nos caminhos de uma vida melhor .......................................................................................................... 5
O CETRA ....................................................................................................................................................................8
Missão .........................................................................................................................................................................8
Público Acompanhado ........................................................................................................................................ 9 Referencial Metodológico Institucional .................................................................................................... 10
Projetos, ações e resultados ...................................................................................................................... 12
Projeto Dom Helder Câmara ......................................................................................................................... 12
Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido Cearense ................................................................................................................................................................ 14 Uma Terra e Duas Águas – P1+2 ................................................................................................................ 16
Programa Um Milhão de Cisternas - P1MC ............................................................................................. 19
Assentamentos em Ação para o Fortalecimento da Agricultura Familiar ................................. 20
Projeto Fundo Rotativo ................................................................................................................................... 23 Comercialização Solidária – Feiras e Mercado Institucional ............................................................28
Juventude Rural: Cultura, Organização e Protagonismo ................................................................... 33 Empoderamento e Autonomia de Mulheres Rurais ............................................................................. 40
Estratégias de Gestão ....................................................................................................................... 47 Eventos Realizados ........................................................................................................................................... 50
Conversa de Quintal ........................................................................................................................................... 50
Dia Internacional da Mulher .......................................................................................................................... 53 Encontros Territoriais de Agroecologia e Socioeconomia Solidária ............................................ 55
Representação Institucional .......................................................................................................................... 58
Participação em Eventos ................................................................................................................................. 58
Parcerias ................................................................................................................................................................ 59
Conquistas e desafios ........................................................................................................................................ 60
Anexos .................................................................................................................................................. 61
2
APRESENTAÇÃO
O ano de 2012 foi intenso, de muita energia positiva e de ânimo para fortalecer as ações voltadas para a Convivência com o Semiárido, os cuidados com o meio ambiente, a participação das mulheres e da juventude. Foi um período de muitas realizações e também de emoções, especialmente quando feitas junto às famílias agricultoras do Ceará, lideranças rurais, técnicos e entidades parcerias, seja diretamente nas comunidades, seja em eventos locais, regionais e nacionais. Esta sistematização de tudo que realizamos expressa a dinâmica institucional referente ao ano de 2012. O intuito é partilhar as experiências vivenciadas
por
diferentes
sujeitos
na
produção
agroecológica,
na
comercialização solidária, na construção da equidade nas relações de gênero e de gerações, na ampliação e na multiplicação de conhecimentos, visando o desenvolvimento rural sustentável e solidário e a visibilidade institucional. Acreditamos que a superação da pobreza exige mudanças estruturais – econômicas, políticas, educacionais, culturais, ambientais - especialmente aquelas ligadas ao modelo de desenvolvimento. O cotidiano, nesse contexto, aparentemente desprovido de intencionalidade revolucionária, se desponta, principalmente, porque é neste espaço, onde agricultores e agricultoras garantem sua produção e reprodução e, ainda criam formas de resistência contra tudo aquilo que ameaça sua forma de vida. É na luta diária onde também são construídas as mudanças – na família, no roçado, no quintal, na associação, no sindicato, na feira. Portanto, uma vida digna no Semiárido passa, necessariamente, pelo empoderamento dos sujeitos sociais, pelo reconhecimento das identidades, pelo respeito às especificidades e por mudanças na direção das políticas públicas relacionadas ao mundo rural. O CETRA, ao longo de sua história é comprometido com essas mudanças e este relatório que é o resultado do esforço coletivo: instâncias de gestão e equipe técnico-operacional. Seu objetivo é apresentar ao público, especialmente a agricultores e agricultoras, parceiros e apoiadores, o resultado das ações que repercutem no 3
desenvolvimento das unidades familiares, na construção do conhecimento, na apropriação de tecnologias sociais, na organização dos espaços sóciopolítico-cultural e na comercialização solidária. Portanto, no desenvolvimento rural sustentável. Continuamos com o exercício de refletir nossa prática, rever os processos institucionais e sistematizar experiências e aprendizados de uma trajetória de 31 anos. Compartilhamos, além da descrição das atividades, imagens e algumas falas que melhor expressam o que foi realizado nos Territórios da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central durante o ano. Este Relatório está sistematizado em dois formatos: i) Versão completa em CD-ROM; ii) Síntese impressa, indicando os itens gravados no CD-ROM. Com isso buscamos oferecer um panorama geral das ações e também evitar o desperdício de papel, atitude de proteção da natureza.
Coordenação Colegiada
4
NOS CAMINHOS DE UMA VIDA MELHOR
Se olharmos um pouco para trás, a partir do ano de 1978, veremos que a situação no campo era crítica, uma realidade que perversamente combinava extrema miséria, violência, exploração e expropriação dos meios de produção de milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Mas também um tempo onde brotava a luta, a resistência e a organização social. Foi nesse período que a semente do CETRA foi sendo semeada - na serra, no sertão e na praia – passando, a partir de 1981, a possuir personalidade jurídica
Dinâmica de interação em Oficina de Formação em Agroecologia - Arquivo CETRA
Nunca é demais lembrar nossa história, nossa caminhada, nossos processos de construção de conhecimento e de novos saberes. Os processos de organização social e política de trabalhadores rurais em luta por justiça no campo. Hoje, passadas mais de três décadas e alcançadas algumas conquistas, especialmente no que se refere aos direitos de trabalhadores e 5
trabalhadoras rurais, o CETRA continua sua atuação no campo, no âmbito da convivência com o semiárido na perspectiva do fortalecimento da agricultura familiar agroecológica, da igualdade de gênero e da socioeconomia solidaria, tendo em vista sempre, os direitos humanos e especialmente, a superação da pobreza. Sob um novo paradigma, a assistência técnica e social voltada para a Agricultura Familiar e referenciada na Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) contribui com a consolidação do meio rural como um espaço social e de produção, ainda que, enfrentando muitos obstáculos. A agricultura familiar no Brasil é responsável por cerca de 70% da comida que chega à mesa do povo brasileiro, cumprindo, assim, o papel vinculado a segurança alimentar do país, como revelam os dados do Censo Agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE/2009, enquanto que a maior parte da produção do agronegócio é destinada ao mercado de exportação. As informações geradas pelo Censo expressam a atualidade e a importância econômica e social da produção agrícola familiar, além de demonstrarem que a concentração de terras no país, representa um dos maiores impedimentos para a implantação de outro estilo de desenvolvimento rural. Assim, já se vão 34 anos desde o comecinho, com os primeiros passos dessa história dados em 1978. História que é alimentada através de sonhos, da reflexão crítica e do esforço coletivo de homens e mulheres de muitas gerações – agricultoras, agricultoras, técnicos, acadêmicos, entre tantos. Trata-se, portanto, da construção de um mundo justo, igualitário e democrático. As mudanças, fruto das lutas cotidianas desses sujeitos sociais, despontam
na
realidade
e
na
paisagem
do
Semiárido,
pleno
de
possibilidades. As mudanças observadas no Semiárido têm implicações políticas e econômicas, sociais e culturais, de modo que, mesmo com a severa seca que o Ceará atravessa, a vida no campo está muito diferente, é outra vida comparada àquela de trinta e poucos anos atrás. É claro que isso é o reflexo de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, que finalmente chegaram ao campo.
6
O CETRA é parte desses processos. Cresceu e hoje tem abrangência estadual em razão dos diferentes projetos que desenvolve, voltados para a convivência com Semiárido, para a justiça de gênero, para a inclusão da juventude rural, enfim, para o desenvolvimento rural sustentável. Neste relatório, procuramos compartilhar as experiências e o trabalho coletivo realizado, prioritariamente nos Territórios da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central, além da atuação em outras regiões e municípios do Estado. Agradecemos a agricultores e agricultoras participantes desse processo, a toda equipe técnico-social que, com compromisso e criatividade, colaborou efetivamente na construção de outra realidade: uma vida melhor. Agradecemos também aos parceiros e financiadores que, em mais um ano, creditaram confiança em nosso trabalho. Antonio Pereira Neto Diretor Presidente Maria Nair Soares Diretora Secretária
7
O CETRA
Missão O CETRA tem por missão “Promover o Desenvolvimento Rural Sustentável, considerando as dimensões, econômica, política, de gênero, socioambiental e cultural junto a agricultoras e agricultores familiares com base na agroecologia, na socioeconomia solidária na igualdade de gênero e na universalização dos direitos humanos, visando uma sociedade justa e igualitária”. Sua visão de futuro diz respeito a tornar-se referência no desenvolvimento de ações para a Convivência com o Semiárido, no campo da agroecologia e da socioeconomia solidária, com ênfase em tecnologias sociais e na comercialização em feiras agroecológicas e solidárias. A entidade definiu seis estratégias de missão, através das quais procura-se contribuir efetivamente para o cumprimento da missão, a partir da agricultura familiar de base agroecológica, tendo em vista ações de abrangência nos diferentes segmentos humanos – mulheres e homens, jovens e adultos, povos tradicionais e quilombolas – que vivem em comunidades rurais nos Territórios prioritários da atuação institucional – Territórios da Cidadania Vales do Curu Aracatiaçu e Sertão Central. Entretanto, também desenvolveu ações com famílias agricultoras de outros Territórios e municípios do Ceará com programas de implantação de tecnologias sociais de convivência com o Semiárido. Durante esse ano desenvolveram-se projetos, relacionados com as linhas estratégicas da Missão institucional, a saber:
1. Fomentar ações de convivência com o semiárido, contribuindo para o fortalecimento da Agricultura Familiar; 2. Fomentar ações de enfrentamento à desertificação, priorizando a preservação
da
biodiversidade
da
Caatinga
e
seu
manejo
sustentável; 3. Contribuir na ampliação do acesso de agricultores e agricultoras às diversas formas de financiamento, priorizando as iniciativas de socioeconomia solidária; 8
4. Apoiar iniciativas de comercialização solidária, que favoreçam a geração de renda, priorizando as feiras agroecológicas e solidárias; 5. Apoiar processos de organização da juventude rural, em sua dimensão social, ambiental, econômica, cultural e política, fortalecendo o protagonismo juvenil; 6. Contribuir para o fortalecimento da organização das mulheres trabalhadoras rurais, para o exercício da cidadania e a construção de relações igualitárias de gênero. A principal finalidade das ações é fortalecer a agricultura familiar, objeto da estratégia institucional, a fim de criar condições favoráveis a uma melhor convivência com o Semiárido e a boas oportunidades para produzir e gerar renda, tendo acesso a créditos e à comercialização solidária. A inserção da juventude rural nas áreas da cultura e geração de renda e o empoderamento sociopolítico, econômico e cultural das mulheres nos dois territórios da ação institucional são elementos essenciais ao desenvolvimento integrado e sustentável, considerando o respeito aos direitos humanos de agricultores e agricultoras familiares do Ceará. O enfrentamento à desertificação é uma linha estratégica importante para a entidade, haja vista que a maior parte do Território do Estado do Ceará é situada no semiárido, antes conhecida como “Polígono das Secas”, com predominância do Bioma Caatinga. Mesmo não tendo ações diretas nessa estratégia durante este ano, trabalhou com 30 famílias, remanescentes de projeto executado no ano anterior, que estimulou a adoção de práticas de manejo da Caatinga no Território da Cidadania Sertão Central, disseminando novos conhecimentos e revelando os benefícios resultantes dessa prática de manejo deste importante e único Bioma, que só existe no Nordeste do Brasil.
Público Acompanhado O público prioritário das ações do CETRA é constituído de homens e mulheres de diferentes gerações. São pessoas assentadas da reforma agrária, com propriedades de terra que variam entre 10 a 50 ha., parceiros e meeiros que vivem em localidades dos municípios constantes da área 9
geográfica da ação institucional. São, especialmente famílias de baixa renda, que vivem na zona rural do Ceará, produzindo alimentos prioritariamente para o autoconsumo, utilizando a mão-de-obra familiar. Outras características do público acompanhado pelo CETRA são: •
Mais de 80% de sua renda vem da agricultura;
•
Não utiliza mão-de-obra remunerada;
•
Utiliza implementos agrícolas manuais;
•
A maioria não tem acesso a crédito para produção e comercialização;
•
A maior parte das sementes empregadas corresponde a variedades locais, próprias e ancestrais;
•
A comercialização do excedente da produção, quando há, é feita na comunidade e/ou em feiras agroecológicas e solidarias nos municípios;
•
Possui renda mensal familiar inferior a um salário mínimo;
•
As pessoas adultas acima de 40 anos possuem baixo grau de escolaridade, havendo ainda pessoas analfabetas;
•
Enfrenta
dificuldades
no
acesso
aos
serviços
públicos,
principalmente de crédito, saúde, infraestrutura, saneamento básico, cultura e lazer; •
Possui acentuada religiosidade.
Referencial Metodológico Institucional O referencial metodológico que orienta a realização das ações do CETRA baseia-se no processo participativo, no diálogo e, principalmente, na construção de conhecimento. Trata-se de um processo complexo que compreende o saber gerado socialmente por técnicos/as e agricultores/as, os saberes comuns a esses sujeitos e as trocas de experiências, sendo esse fluxo responsável por gerar novos conhecimentos, ou seja, sintetizar as aprendizagens coletivas e o espírito inovador humano, quando estimulado a buscar resolução de problemas, questões, perguntas. A ação políticopedagógica busca, portanto, estimular e potencializar esse fluxo de conhecimentos, partindo da interação entre o saber técnico científico e o 10
contexto de vida de agricultores e agricultoras, do saber/fazer, do reconhecimento das identidades e dos aspectos sócios históricos e culturais. Predomina na ação institucional o respeito à autonomia e à autodeterminação dos sujeitos sociais – ativos, dinâmicos, protagonistas – que são estimulados a liderarem as dinâmicas locais, inclusive atuando como agentes multiplicadores/as de experiências em agroecologia, considerando, especialmente, a construção de relações igualitárias entre homens e mulheres, e entre adultos e jovens. A abordagem metodológica – sensibilização, discussão, capacitação e formação – contempla técnicas pedagógicas participativas, vivenciais e a observação empírica da realidade em transformação. Durante a realização das atividades, agricultores e agricultoras participantes, são estimulados/as à troca de saberes e de experiências, em nível local, regional, intermunicipal e interestadual. Nos
processos
de
formação
e
capacitação
são
adotados
procedimentos metodológicos e didático-pedagógicos, como dinâmicas de grupo, práticas de campo, estudos dirigidos, interpretação de textos e sua relação com a realidade, estudos de caso, dramatizações, elaboração de diagnósticos, construção de mapas das unidades familiares, entre outras. Nesse contexto, os intercâmbios de experiências são instrumentos essenciais para estimular a troca de conhecimento.
Formação da equipe – Relações de gênero
11
Projetos, Ações e Resultados Os projetos a seguir compõem as linhas estratégicas institucionais. Eles encontram-se relacionados e se complementam.
Projeto Dom Helder Câmara - PDHC Da relação de parceria com o Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), 899 famílias do Território da Cidadania Sertão Central receberam assistência social e técnica para ampliar seus conhecimentos e dinamizar suas práticas sobre as alternativas de convivência com o Semiárido em comunidades dos seguintes municípios: •
Quixeramobim – Lagoa de São Miguel, Posto Agropecuário, Recreio, Parelhas, Caraíbas, Camará, Serrinha e Lages;
•
Quixadá
–
Sítio
Veiga
(Comunidade
Quilombola),
Café
Campestre, Lagoa do Mato, Boa Vista, Iracema, Campo Alegre, Olivença e Palmares; •
Banabuiú - Boa Água, Jiqui, Logrador e Salgadinho. As atividades realizadas neste ano nas comunidades constituíram-
se
de
reuniões,
encontros,
visitas
técnicas,
visitas
de
campo,
acompanhamento a grupos de jovens e mulheres em suas unidades familiares em sua produção agrícola e não agrícola. Destacamos o acompanhamento sistemático às Unidades de Produção Agroecológica e o monitoramento do uso adequado de tecnologias sociais de convivência com o semiárido (cisternas, cisternas calçadão, biodigestor, quintais produtivos agroecológicos, entre outras). A assistência técnica-social é um instrumento importante no estimulo à adoção de inovações metodológicas, de tecnologias sociais com base agroecológica e justiça de gênero que visem à geração de renda no campo, com o mínimo de impactos negativos na natureza e o máximo de ganhos ambientais na propriedade familiar para o desenvolvimento rural sustentável. O trabalho técnico de caráter participativo e com um sistema de planejamento ascendente foi realizado a partir da construção de um 12
Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) que gerou um Plano de Manejo Ambiental (PMA) com ações de desenvolvimento sustentável, propostas para curto, médio e longos prazos e consequentemente a construção de Planos Operativos Anuais (POAs) que são renovados anualmente, tendo sempre como orientação o planejamento comunitário. Uma equipe de 06 (seis) técnicos foi responsável pelo trabalho de campo do PDHC na execução e desenvolvimento das ações no Território Sertão Central e para isso, estabeleceu parcerias significativas locais com: •
Associações comunitárias (envolvidas nos projetos);
•
Associação do Assentamento Conquista da Liberdade – AACL – Quixeramobim;
•
Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antonio Conselheiro – CDDH/AC – Senador Pompeu;
•
Cooperativa de Crédito do Sertão Central do Ceará – COCRESCE - Quixadá;
•
Centro de Pesquisa e Assessoria – ESPLAR – Sertão Central;
•
Instituto Antônio Conselheiro – IAC – Quixeramobim;
•
Instituto de Estudos e Assessoria para o Desenvolvimento Humano – SETAH;
•
Sindicatos Rurais de Quixeramobim, Quixadá, Banabuiu e Choró.
RESULTADOS •
88 (oitenta e oito) famílias das comunidades de Café Campestre e Lagoa do Mato em Quixadá beneficiadas com a construção de igual número de cisternas de placa (primeira água);
•
700 (setecentas) famílias cadastradas no Programa Seguro Safra;
•
80 (oitenta) famílias acessando o PRONAF Estiagem com um volume de recursos contratados na ordem de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) e de outras propostas elaboradas na ordem de mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);
•
70 (setenta) famílias beneficiadas com a elaboração da Proposta do FEDAF; 13
•
30 (trinta) famílias beneficiadas com a construção de 30 barraginhas;
•
10 (dez) famílias utilizando a tecnologia de biodigestores (10), que apresentam benefícios econômicos e ambientais para a comunidade;
•
24 (vinte e quatro) famílias participando do projeto algodão e adotando práticas agroecológicas de cultivo e produção de espécie melhorada;
•
30 (trinta) agricultores e agricultoras adotando práticas de manejo da caatinga em suas áreas produtivas, preservando este bioma e disseminando os benefícios dessa prática em comunidades e assentamentos rurais;
•
02 (dois) jovens contemplados com o prêmio do projeto “Jovem Agente da Cultura”, no valor de R$ 9.000,00 para cada jovem investir em suas atividades produtivas de quintal produtivo e artesanato. Esse prêmio elevou a autoestima de jovens locais, que pretendiam migrar para centros urbanos e decidiram permanecer na comunidade;
•
04 (quatro) novos agricultores e agricultoras integrados e participando das feiras agroecológicas dos municípios de Quixeramobim e Quixadá;
•
10
(dez)
intercâmbios
intermunicipais,
interterritoriais
e
interestaduais para a multiplicação do saber popular sobre agroecologia, quintais produtivos e outras tecnologias sociais de convivência com o semiárido no Nordeste.
Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido
14
Ainda na estratégia da convivência com o Semiárido, 900 (novecentas) famílias receberam acompanhamento técnico e social. São famílias que se encontram em processo de transição agroecológica, e a assistência técnica e social para esse processo, se deu em comunidades dos municípios de Apuiarés, Umirim, Itapipoca, Pentecoste, Choró, Quixadá, Quixeramobim, Banabuiu e Canindé. Foram realizadas as seguintes atividades: •
960 (novecentas e sessenta) visitas técnicas realizadas às unidades de produção familiar,
com assessoria técnica às
famílias nos aspectos produtivo, ambiental e social; •
07 (sete) cursos abordando o tema manejo sanitário de ordenha, manejo de galinhas caipira, irrigação alternativa e tecnologias de convivência com o Semiárido;
•
01 (um) curso sobre produção de cajuína e beneficiamento de mel;
•
02 (duas) oficinas de produção de compostagem, defensivos naturais e biofertilizantes com abordagem, sobre técnicas de manejo da Caatinga;
•
05 (cinco) reuniões comunitárias: i) 03 (três) tratando sobre a importância das sementes crioulas; ii) 02 (duas) sobre segurança alimentar nutricional das famílias;
•
04 (quatro) reuniões para refletir sobre mecanismos de acesso aos projetos do Fundo Estadual para Desenvolvimento da Agricultura Familiar – FEDAF – e do PRONAF com visitas subsequentes às unidades familiares para elaboração de propostas de projetos de financiamento a serem apresentados;
•
02 (dois) intercâmbios de experiências: 01 (um) em quintal produtivo agroecológico, no assentamento Boa Vista, município de Quixadá; 01 (um) na Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca.
Outras atividades não previstas no cronograma e que foram realizadas: •
48 reuniões para discutir sobre diversos temas – produção agroecológica, acesso ao crédito, elaboração de projetos (FEDAF,
PRONAFs),
comercialização
15
solidária,
segurança
alimentar e nutricional, sementes crioulas, associativismo e cooperativismo, participação das mulheres e da juventude; •
900 (novecentos) diagnósticos;
•
01 (um) planejamento participativo;
•
1.200 (mil e duzentas) visitas técnicas às unidades familiares.
RESULTADOS •
18 (dezoito) projetos elaborados no Território do Sertão Central para acesso ao Fundo Estadual para Desenvolvimento da Agricultura Familiar – FEDAF no total de R$ 396.862,83;
•
16 (dezesseis) projetos elaborados no Território do Vales do Curu e
Aracatiaçu
para
acesso
ao
Fundo
Estadual
para
Desenvolvimento da Agricultura Familiar – FEDAF, no total de R$ 100.135,60; •
01 (um) planejamento participativo com a presença de todas as comunidades através de suas representações;
Um resultado qualitativo relevante do ponto de vista sócio-político foi a participação de 20 representantes dos municípios no VII Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA, em Itapipoca.
Essa
participação foi acompanhada de troca de conhecimento e intercâmbio de ideias e experiências.
Projeto Uma Terra e Duas Águas – P1+2 Outro projeto, dentre muitos dos executados pelo CETRA em
2012,
ampliar
a
cujo
objetivo
capacidade
é das
famílias de estocar água para produzir alimentos a partir das tecnologias
sociais
para
a
melhoria do nível de segurança alimentar desenvolvidas
Tecnologia Social – Barreiro Trincheira
16
e
estratégias pelas
comunidades de armazenamento de alimentos e sementes crioulas é o Projeto Uma Terra e Duas Águas – P1+2. Com as ações deste projeto foram atendidas 380 (trezentas e oitenta) famílias do Sertão do Ceará, o que representa cerca de 1.900 (mil e novecentas) pessoas beneficiadas por essa política pública para produzir alimentos, tendo como diretriz a metodologia da Articulação do Semiárido ASA, que coordena a iniciativa no Nordeste. A primeira etapa do projeto se constituiu da identificação e seleção das famílias junto com as Comissões Municipais do Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, com base nos seguintes critérios: as características das famílias com necessidade hídrica, as possibilidades de implantação de tecnologias sociais para armazenamento e manejo da água de chuva e/ou do subsolo para favorecer e estimular práticas comunitárias do trabalho coletivo na produção de alimentos. No período, ocorreu nas comunidades selecionadas a apresentação do Projeto P1+2, que significa uma terra e duas águas. A discussão em torno dos critérios de seleção para o cadastro das famílias buscou respeitar a aptidão das unidades familiares, comunidades e municípios em relação às tecnologias sociais. Com a seleção das famílias, foi realizado seu cadastramento, utilizandose um questionário para facilitar o monitoramento e consultas de todas as partes
envolvidas.
Realizaram-se
ainda oficinas de capacitação, com destaque para a gestão de água para produção de alimentos e sistema simplificado de irrigação e de manejo de águas. Houve socialização de boas
práticas
por
ocasião
de
intercâmbios nas comunidades, com vistas a valorizar a trajetória das
Tecnologia Social – Bomba popular
famílias. Assim, na construção do mapa da propriedade fez-se reflexão sobre as tecnologias apropriadas ao Semiárido, com trocas de experiências quanto à organização interna da produção e práticas agroecológicas. As construções foram realizadas em
17
regime de mutirão, seguido da discussão sobre a estratégia de assessoria técnica, respeitando o agroecossistema local.
RESULTADOS •
380 (trezentos e oitenta) famílias diretamente beneficiadas, considerando 225 (duzentos e vinte e cinco) com tecnologias individuais com cisternas de placa, e 155 (cento e cinquenta e cinco) com tecnologias coletivas com as barraginhas, barragens subterrâneas, entre outras;
•
137 (cento e trinta e sete) mulheres beneficiadas diretamente com tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, aumentando a capacidade de estocagem de água em suas unidades familiares para produção de alimentos;
•
137 (cento e trinta e sete) mulheres capacitadas em gestão de água e sistema simplificado de manejo da água para produção de alimentos;
•
243 (duzentas e quarenta e três) tecnologias sociais de estocagem de água para múltiplos usos implantadas em comunidades difusas do Semiárido;
•
104 (cento e quatro) cisternas calçadão construídas;
•
38 (trinta e oito) cisternas de enxurrada construídas;
•
38 (trinta e oito) barraginhas construídas;
•
37 (trinta e sete) barreiros trincheira construídos;
•
08 (oito) barragens subterrâneas construídas;
•
10 (dez) tanques de pedra construídos;
•
08 (oito) bombas d’água popular instaladas;
•
225 (duzentas e vinte e cinco) unidades de caráter produtivo implantadas com infraestrutura de cercas, viveiros, insumos, ferramentas e equipamentos;
•
03 (três) casas de sementes crioulas e nativas fortalecidas na comunidade de Lagoa do Porco em Madalena, comunidade de Sítio do Meio em Pentecoste e comunidade de Juá em Itapajé;
18
•
01 (um) viveiro de mudas frutíferas, hortícolas e nativas implantado no Assentamento Parelhas, em Quixeramobim, através de um grupo de jovens;
•
10 (dez) eventos de capacitação para o grupo de jovens do Assentamento construção
de
Parelhas um
sobre
viveiro
coleta, de
armazenamento
mudas
frutíferas
e
com
aproveitamento de sementes nativas e aquisição de sementes em
área
de
reserva
legal,
e
também
sobre
quintais
agroecológicos e unidades familiares de produção.
Programa Um Milhão de Cisternas - P1MC Para a construção de equipamentos sociais de armazenamento de água para consumo humano, o CETRA desenvolveu outro projeto apoiado pelo Programa Um Milhão de Cisternas – P1MC – e pela Fundação Banco do Brasil que permitiu a construção, no município de Quixadá, de 707 (setecentas e sete) cisternas de placa. Para isso, foram cadastradas 1014 (mil e catorze) famílias, capacitados 20 (vinte) representantes de Comissões Municipais, 10 (dez) pedreiros e aproximadamente 1.000 (mil) pessoas participaram de cursos de gestão de recursos hídricos (GRH). Ainda em relação à Convivência com o Semiárido, foram adotadas outras tecnologias sociais como as 348 (trezentas e quarenta e oito) cisternas de enxurrada para garantir a produção nos quintais agroecológicos. Foi uma ação estratégica resultante de convênio com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) do Ceará, em municípios dos Territórios da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu (Itapipoca, Miraíma, Tejuçuoca, Uruburetama, Irauçuba, Apuiarés, General Sampaio e Umirim), Sertões de Canindé (Madalena, Caridade, Itatira, Paramoti, Boa Viagem e Canindé) e Sobral
(Cariré,
Coreaú,
Forquilha,
Frecheirinha,
Groaíras,
Meruoca,
Mucambo, Pacujá, Reriutaba, Sobral e Varjota). Realizaram-se processos de formação e capacitação de 93 (noventa e três) pedreiros, 222 (duzentas e vinte e duas) pessoas em gestão de água para produção de alimentos, 2.673 (duas mil, seiscentas e setenta e três) pessoas em gestão de recursos hídricos e 506 (quinhentas e seis) pessoas beneficiadas com atividades de intercâmbios e trocas de 19
experiências. Foram beneficiadas com cisterna de placa 2995 (duas mil, novecentas e noventa e cinco) famílias. Em síntese, ao longo do ano de 2012, do total de 2700 (duas mil e setecentas) pessoas envolvidas neste projeto, 1.350 (mil, trezentas e cinquenta) são mulheres entre as quais 800 (oitocentas) são jovens. Em termos de crédito, no Território Sertão Central 18 (dezoito) projetos foram elaborados para acesso ao FEDAF no total de R$396.862,83 e no Território Vales do Curu Aracatiaçu 16 (dezesseis) projetos foram elaborados, também para acesso ao FEDAF no total de R$ 100.135,60.
Assentamentos em Ação para o Fortalecimento da Agricultura Familiar
Com o projeto Assentamentos em Ação para o Fortalecimento da Agricultura Familiar – no contexto da Política e Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – foram assessoradas 901 (novecentas e uma) famílias no Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Destacando-se nos municípios de Itapipoca e Trairi os assentamentos: Córrego dos Cajueiros, Croatá Ramada I e Croata Ramada II, Escalvado, Fazenda Macaco, Lagoa da Cruz, Maceió, Taboca Laginha, Várzea do Mundaú e Lagoa das Quintas. Visitas
técnicas
sistemáticas
se
realizaram
visando
o
reconhecimento das famílias, a identificação das unidades de produção familiar e o mapeamento das dificuldades e potencialidades das áreas para qualificar e direcionar as ações de ATER. Nessa perspectiva houve momentos sócio-educativos, com aprofundamento de reflexões sobre o fortalecimento da gestão das associações, das unidades de produção familiar e encontros de educação ambiental direcionados a crianças, jovens e adultos. O fortalecimento dos quintais produtivos também esteve na pauta com a realização de oficinas, dias de campo e intercâmbios, planejamento das Unidades de Produção Familiar, considerando as cadeias ou arranjos produtivos mais fortes nas áreas, da mesma forma, o acompanhamento da implantação de crédito de instalação, visitas técnicas de orientação ao manejo de culturas e rebanhos, capacitações com vistas à agregação de valor aos produtos da agricultura familiar e elaboração e PRONAFs. 20
Realizaram-se igualmente, cursos sobre mercados convencionais, compras governamentais e espaços de comercialização solidária, diagnósticos e encaminhamentos nas áreas, social e educacional, elaboração e projetos FEDAFs, oficinas de arte e educação focando prioritariamente a juventude com musicalidade, teatro, dança, dentre outras. Quanto à abordagem metodológica no campo da Agroecologia, trabalhou-se a partir da concepção do outro olhar para a agricultura familiar. Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido junto às comunidades buscou compreender a complexidade dos sistemas produtivos (agroecossistema), considerando suas interações biológicas, físicas, químicas, ecológicas, sociais e culturais. Para a adoção das práticas de manejo agroecológico pelas famílias e para a mudança de comportamento em relação ao agroecossistema, a equipe trabalhou a transição agroecológica a partir da diversidade dos subsistemas presentes nas unidades familiares, transitando das ações de intervenção prática de conservação dos recursos naturais à realização de momentos que proporcionaram uma melhor compreensão das dimensões e relações de gênero e geração. Considerando o contexto das ações descritas, reiteramos que toda intervenção institucional nessas realidades, considerou um processo amplamente participativo, no qual implicou no envolvimento dos sujeitos presentes no contexto de suas ações. Marcado por um procedimento de reflexão-ação, característico dos processos dialógicos adotados e de experiências metodológicas participativas, envolveu técnicas pedagógicas de vivências e estimulação a construção do conhecimento agroecológico.
RESULTADOS •
60% (sessenta por cento) dos quintais produtivos diversificados;
•
Experiências agroecológicas multiplicadas no Território;
•
50% (cinquenta por cento) das famílias assessoradas, pelo menos, adotando adubo natural como cobertura do solo;
•
Agricultores fortalecidos nas ações de produção, qualificação e comercialização;
21
•
Atividades culturais (quadrilhas, reisados, grupos de música e dança) dinamizadas nos assentamento com o mapeamento e a realização de noites culturais nos assentamentos, Maceió, Escalvado, Macaco e Várzea do Mundaú.
Entre os impactos na vida das famílias acompanhadas, destacam-se: •
Crescente número de agricultores adotando tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, com procedimentos que diminuem o consumo de água e que possibilitam uma produção mais satisfatória em suas hortas e quintais produtivos.
•
O aumento da capacidade de estocagem de água pelas famílias ao gerar segurança hídrica ao longo do tempo possibilita às mesmas colocarem em prática com os saberes adquiridos, formas de reaproveitamento desse precioso e escasso líquido. Essas
condições,
aliadas
ao
processo
de
transição
agroecológica, influenciam para que as famílias tenham um novo olhar para a agricultura e contribui para a mudança das paisagens do Semiárido.
Para aprimorar o desempenho na execução das atividades, o CETRA realizou, junto ao quadro de instrutores, dois cursos: um de Gestão de água para produção de alimentos e o outro voltado para pedreiros/as, discutindo a Construção de equipamentos sociais. Houve uma maior participação de jovens e mulheres nos processos de capacitação e também nos intercâmbios, revelando, portanto, a riqueza cultural das comunidades por meio das expressões dos grupos musicais, de dança, de drama e de poesia. Esses grupos estão inseridos na dinâmica interna das associações e das comunidades, dos projetos produtivos e na discussão das principais linhas de crédito. No Sertão Central, é expressiva a formação de novos grupos de mulheres na organização social e produtiva, com negociações para acessar o crédito, como foi o caso do grupo de mulheres organizadas com criação de galinha caipira que vendem a produção para o mercado institucional Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. 22
Além de acompanhar, sistematizar as boas práticas e divulgá-las em espaços como o Fórum Cearense pela vida no Semiárido - FCVSA , a ASA, a Rede ATER Nordeste e demais Redes afins, foi uma tônica que tomou força ao longo de 2012 na dinâmica do CETRA.
Encontro do FCVSA
As ações relativas ao Financiamento de Atividades Produtivas tiveram como prioridade a formação e a qualificação de agricultores e agricultoras familiares para o acesso a crédito. A ampliação dos recursos do Fundo Agroecológico Rotativo e Solidário – FRAS – foi de fundamental importância para melhor atender às demandas da Região, Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Foi uma meta alcançada no ano.
Projeto Fundo Rotativo Solidário Esse processo foi possível com a elaboração do Projeto Fundo Rotativo
Solidário
para
o
Fortalecimento
da
Agricultura
Familiar
Agroecológica e de Redes Sociais, apresentado ao Banco do Nordeste e aprovado com a finalidade de mobilizar recursos justamente para ampliar o FRAS e para fortalecer a Rede de Agricultores/as Agroecológicas/as e Solidários/as deste Território da Cidadania tendo em vista a autonomia financeira, a sustentabilidade ecológica e a organização socioeconômica das famílias das comunidades envolvidas. O projeto proporcionou a formação de lideranças integrantes do Comitê Gestor do Fundo Rotativo e a capacitação sobre Gestão de Finanças Solidárias e Organização Social, assessoria à Rede nos processos de liberação de recursos e o acompanhamento técnico na gestão e em sua aplicação em todas as fases. As atividades realizadas envolvendo membros da Rede e técnicos do CETRA
no
Território
da
Cidadania
compreenderam: 23
Vales
do
Curu
e
Aracatiaçu
•
Assessoria
projeto
do
Fundo
Rotativo
e
à
Rede
nos
procedimentos de alteração do regimento interno; •
Assessoria no processo de avaliação e planejamento da Rede de Agricultores/as em Itapipoca e Trairi;
•
Assessoria à Assembleia Geral da Rede para aprovar o Regimento Interno, deliberar sobre os primeiros grupos e/ou associações a se beneficiarem com os recursos do Fundo e sobre o respectivo Regimento Interno de cada grupo.
•
Contribuição no processo de alteração no Regimento Interno do FRAS, que melhoraram significativamente a participação de agricultores/as e sua interação, consolidando as ações, e consequentemente o entendimento sobre o Fundo e sua visibilidade no Território. O Fundo Rotativo favoreceu 130 (cento e trinta) pessoas do
Território da Cidadania Vales do Curu Aracatiaçu, procedentes de: •
Amontada: Comunidade – Leste;
•
Apuiarés: Comunidades – Riachos do Paulo e Sabonete;
•
Itapipoca: Comunidades – Lagoa do Juá, Escalvado, Sitio Coqueiro, Bom Jesus, Barra do Córrego, Córrego Novo e Humaitá;
•
Trairi: Comunidades – Batalha, Córrego dos Furtados, Gengibre, Purão, Salgado dos Ferreira, Tijipió, Várzea do Mundaú e Vieira dos Carlos;
•
Tururu: Comunidade – Novo Horizonte;
RESULTADOS •
67 (sessenta e sete) agricultores/as beneficiados/as com a liberação de Crédito e com consequente fortalecimento dos grupos em que estão engajados;
•
100 (cem) Agricultores/as capacitados sobre processos de gestão e finanças;
•
08 (oito) novos grupos formados e realizando a gestão de fundos de crédito; 24
•
37 (trinta e sete) quintais melhor estruturados com a liberação de recursos do FRAS;
•
12 (doze) agricultores/as acessaram o FRAS para fortalecimento das feiras;
•
50 (cinquenta) FRAS sob a gestão de mulheres;
•
15 (quinze) FRAS sob a gestão de jovens.
A
infraestrutura
dos
sistemas
familiares
de
produção
foi
aprimorada a partir do financiamento através do FRAS para melhoramento de aprisco, apiário, casa de mel, galinheiro, campo de forragem, cerca, aquisição de insumos – tela, sombrite, sistema simplificado de irrigação, moto-bomba, forrageira, arado, máquina de costura, carroça p/animal de tração, bomba elétrica, bomba d’água manual, entre outros. Essa Rede de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos/as foi contemplada por sua experiência, com o Prêmio Economia Criativa Fomento a Iniciativas Empreendedoras e Inovadoras, na categoria Modelos de Gestão de Empreendimentos e Negócios Criativos. O projeto foi apresentado pelo CETRA a partir do Edital Economia Criativa, do Ministério da Cultura. Os recursos se destinam à melhoria da infraestrutura das Feiras no Território. Com essa premiação a Rede ganhou mais credibilidade, visibilidade e responsabilidade no exercício de sua função de construção coletiva do conhecimento agroecológico no Território, que se irradia através das Feiras e Fundos Solidários no Semiárido e no Brasil. O CETRA acompanhou também os encontros semestrais do Grupo Gestor da Rede em cujos momentos são definidas as estratégias e atribuições entre os membros, realizado planejamento e discutidas estratégias para aprimorar propostas definidas em Assembléia Geral da Rede. Como resultados qualitativos, são observados como positivos: •
Fortalecimento e a consolidação das ações da Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as e Solidários/as do Território Vales do Curu e Aracatiaçu;
25
•
Agricultores/as mais capacitados sobre processos de gestão de finanças solidárias;
•
Quintais Produtivos e Feiras Agroecológicas e Solidárias dinamizadas, ampliadas e fortalecidas;
•
Ações da Rede divulgadas no Território, com maior número de mulheres em sua gestão e número de membros ampliado, além de experiências sobre agroecologia, socioeconomia solidária e convivência com o Semiárido socializadas;
•
Aumento significativo da participação de mulheres no VII Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia SolidáriaETA;
•
Alimentação
das
famílias
diversificada
e
garantida,
proporcionando segurança alimentar e nutricional.
Apicultores que compõem a Rede de Apicultores Agroecológicos do Território Vales do Curu e Aracatiaçu participaram de eventos de formação que incluíram reflexão acerca da problemática de seca e as possíveis alternativas para famílias rurais no contexto do Semiárido Cearense. Os objetivos programáticos foram cumpridos, em particular quanto à ampliação do Fundo Rotativo Agroecológico e Solidário/FRAS no Território Vales do Curu e Aracatiaçu e com iniciativas de geração de renda para melhorar a qualidade de vida das famílias. No Sertão Central ainda que a articulação de agricultores/as em Rede esteja em fases preliminares, ocorrem reuniões periódicas entre agricultores/as e, nesses momentos as famílias e os grupos organizados no Território, discutem sua dinâmica, com vistas a uma articulação mais efetiva entre esses sujeitos no sertão. Para o acesso ao crédito neste Território, as famílias contam com a Cooperativa de Crédito Rural do Sertão Central – COCRESCE, que tem sede na cidade de Quixadá e oferece diferentes linhas de crédito. 1. Crédito pessoal Valor Financiado: Até R$ 700,00
26
Prazo Máximo: Oito meses Carência: 30 Dias Forma de Pagamento: Parcelas Fixas.
2. Micro crédito Valor Financiado: Até R$ 500,00 Prazo Máximo: Seis meses Carência: 30 dias Forma de Pagamento: Parcelas Fixas. Garantias: Aval solidário; Itens Financiáveis: Atividades geradoras de rendas.
3. Custeio Valor Financiado: Até R$ 800,00; Prazo Máximo: Oito meses; Carência: Até oito Meses; Forma de Pagamento: Parcela única ou fixas; Itens Financiáveis: Matéria prima e Equipamentos.
4. Desconto de cheque Valor Financiado: Até R$ 500,00 - Por cooperado/a; Valor máximo por cheque: R$ 300,00; Prazo Maximo: 2 meses.
5. Investimento Valor Financiado: Até R$ 1.500,00; Prazo Maximo: 24 meses; Carência: oito meses; Forma de Pagamento: Parcelas fixas; Itens
Financiáveis:
Avicultura,
Artesanato,
Horticultura,
mercearia,
sacoleiras, piscicultura e ultras atividades geradoras de rendas. As expectativas são otimistas, haja vista que se trata de realidades bastante diferenciadas e diversificadas, no litoral, na serra e no sertão, que
27
possuem riquezas e potencialidades que, se bem aproveitadas pelas famílias agricultoras, podem modificar sua vida e a paisagem.
Comercialização Solidária – Feiras e Mercado Institucional
A comercialização da produção agrícola e não agrícola de base familiar sempre foi um desafio para agricultores/as que conviviam - e muitos ainda convivem - permanentemente com a presença da figura do atravessador que lhes tirava toda possibilidade de obter um resultado mais expressivo de seu trabalho e, portanto, ter sua receita familiar aumentada. É uma situação que se reproduziu na vida de agricultores durante anos. Foi necessário um trabalho lento e persistente ao longo de anos para que mudanças acontecessem e um contingente representativo de produtores enxergasse suas potencialidades e acreditasse em sua capacidade de realizar mudanças. Nesse processo de longo prazo o CETRA através do trabalho de formação de agricultores familiares – adultos e jovens – contribuiu para que as famílias, aos poucos, descobrissem suas potencialidades e, trabalhando de forma coletiva encontrassem novos jeitos de valorizar o produto de seu trabalho. Começaram a vender sua produção nas comunidades, depois em feiras próprias e também no mercado institucional – Merenda Escolar, Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que atualmente têm acesso e tornou-se mais efetiva a busca por alternativas de mercado. O espaço próprio e muito significativo de agricultores/as familiares é a Feira Agroecológica e Solidária que vem se multiplicando nos Territórios de atuação do CETRA – nos municípios de Itapipoca, Trairi, Tururu, Apuiarés, na ordem de sua instalação no Território Vales do Curu e Aracatiaçu e em Quixeramobim e Quixadá e no Território Sertão Central. A Feira Agroecológica e Solidária é uma Tecnologia Social utilizada por agricultores e agricultoras agroecológicos, que tinham e ainda têm dificuldade em relação à comercialização e encontraram nesse espaço, a alternativa para comercializar sua produção de forma justa.
28
Os depoimentos de agricultores e agricultoras revelam a relevância desse importante espaço de comercialização, como se vê na declaração de Dona Graça Patrício (Assentamento Novo Horizonte – Tururu):
Feira Agroecológica e Solidária
Aqui não é uma feira tradicional, uma feira qualquer. A nossa feira é diferenciada, por quê? Nós temos aqui um produto que não vem da roça. Nós temos amor, nós temos alegria, nós temos parceria, nós temos troca de experiências e de saberes. (...) a pessoa vem aqui e pede uma receita; vem pra mandar um recado; vem pra conversar, bater um papo; vem porque sabe que os alimentos são novos e são limpos, sem veneno. Tem muita coisa que conta para o nosso sucesso e para que o consumidor esteja sempre nos procurando. É a qualidade de nosso produto. Aí, quando ele vai saindo (consumidor) diz assim: até na outra quarta. Entre as estratégias utilizadas junto a agricultores na perspectiva da comercialização, destaca-se a capacitação das famílias para fortalecer e aumentar a produção e a produtividade agroecológica diversificada, garantir a segurança alimentar e promover a comercialização solidária, considerando a urgência na geração de renda para melhorar a vida das famílias do semiárido cearense. Pensando
as estratégias
de
inovação e
técnicas
sustentáveis
condizentes com a realidade de cada Território, seus subsistemas e condições familiares, realizou-se, planejamento participativo tendo em vista aspectos relativos à construção coletiva do conhecimento com base na agroecologia, na socioeconomia solidária, nas relações igualitárias de gênero e cidadania, com participação do público masculino e feminino, adulto e jovem. Cuidou-se para que a assessoria técnica e social estivesse presente 29
em todas as etapas do planejamento da produção, da gestão das unidades produtivas, do manejo dos agroecossistemas e da comercialização em feiras, assim como nas redes e grupos solidários. A meta institucional é o fortalecimento da agricultura familiar em âmbito territorial, com incentivo à participação feminina e jovem nos processos de formação para a cidadania, de construção coletiva do conhecimento, com abordagens temáticas especificas, seja nos aspectos
agroecológico
da
convivência com o semiárido, da comercialização solidária, seja trabalhando os conceitos de gênero e gerações, com vistas a convivência social com respeito aos direitos e as diversidades Oficina de beneficiamento com mulheres
humanas.
As ações desse projeto permitiram o acompanhamento a 100 (cem) famílias, desde o manejo da produção, aos empreendimentos solidários para a comercialização, além da assessoria à Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as e à Rede de Apicultores/as do Território Vales do Curu Aracatiaçu, obtendo durante o ano um avanço significativo em seu quadro social, ampliado de100 (cem) para 150 (cento e cinquenta) membros. A Rede é um espaço de organização social, formação e economia, haja vista os processos que dinamiza no Território. No âmbito produtivo se destacam na assistência técnica e social, os dias de campo e intercâmbios, em especial quanto ao preparo da terra para plantio e os cuidados necessários - controle sanitário, produtivo e reprodutivo, colheita, beneficiamento, armazenamento e comercialização de produtos de origem animal e/ou vegetal. Da mesma maneira, foi incentivada a prática do registro da produção. Com esse instrumento adotado, cada família teve condições de avaliar seus processos produtivos e fazer os encaminhamentos necessários à sustentabilidade do agroecossistema e, além disso, compartilhar e 30
multiplicar suas práticas para fortalecer, também, as relações de amizade, companheirismo e especialmente a construção de conhecimentos, a partir da práxis. No comercialização
acompanhamento solidária,
a
técnico-social
equipe
também
da priorizou
produção trabalhar
e o
beneficiamento de produtos agroecológicos, a partir da discussão do processo higiênico-sanitário em todo o ciclo, ou seja, antes, durante e póspreparação, atentando para as condições adequadas do ambiente, utensílios e higiene pessoal, atenção às embalagens, rótulos e envasamento. Além dos cuidados com armazenamento e tempo de preparação, foram destacados elementos fundamentais para a garantia sanitária com infraestruturas mínimas padronizadas da produção beneficiada. Uma oficina sobre o beneficiamento de caju para produção de cajuína ocorrida no assentamento Batalha – Trairi foi destaque com a participação de feirantes e de outros/as agricultores/as convidados/as com debate sobre os benefícios da cajuína, por ser um alimento saudável de qualidade superior, por gerar renda razoável e por se tratar de um produto raro, de qualidade e aceitação comercial, muito procurado pelo publico consumidor. A certificação participativa da produção é igualmente tratada como uma forma de fortalecimento de grupos, comunidade, associações e/ou cooperativas, além de estratégias de baratear o custo de produção e dar visibilidade aos produtos da agricultura familiar. Um evento diferente é o festival anual do mel na comunidade de Riacho do Paulo, município de Apuiarés que é uma tradição local de importante significado para a comunidade que reunir as pessoas que participam com orgulho do evento na comunidade e envolve convidados. Neste ano, o festival do mel envolveu 60 apicultores e teve a participação de outros segmentos e a presença do poder público local, de estudantes da Escola Técnica e demarcou politicamente a atividade apícola no território, ao debater com o poder público sobre apoio e investimentos em assessoria técnica, financiamento das ações de formação e do processo de comercialização. Houve divulgação dos produtos apícolas - mel, cera, pólen, própolis – e das boas práticas de manejo, preservação, reflorestamento e beneficiamento do mel. 31
As
Feiras
eventos
que
visibilidade
à
são dão
agricultura
familiar em nível municipal. Desde
a
primeira
Feira
iniciada em Itapipoca há sete anos, o processo de organização de agricultores e agricultoras familiares é crescente e, neste ano já são quatro municípios que contam com este evento. O CETRA acompanhou as famílias
envolvidas
diretamente
da
produção
agroecológica
e
na
comercialização dessas 04 (quatro) Feiras Agroecológicas e Solidárias, no Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu sistematizou dados da produção em quintais e, durante as feiras, observou o atendimento de feirantes junto a consumidores e consumidoras, suas demandas, a forma de organização dos produtos, os preços ofertados baseados em cálculos dos custos de produção, a diversidade de produtos oferecidos, a higiene pessoal e do ambiente. Estes são aspectos importantes debatidos nas reuniões com feirantes vinculados à Rede. As feiras dos municípios de Apuiarés e Tururu neste Território foram instaladas no segundo semestre de 2012. Em 2012 houve a inclusão de mais 07 (sete) famílias na feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca e 02 (duas) famílias na feira de Trairi que
acontecem
semanalmente. Essas experiências estão
se
multiplicando
e,
ainda em 2012, inaugurou-se a
Feira
Solidária Quixadá,
Agroecológica no
município Território
e de da
Cidadania Sertão Central, que Primeira Feira Agroecológica de Quixadá
32
acontece semanalmente com a participação quatro famílias. Está no começo, mas já aponta para seu fortalecimento em razão do interesse dos participantes. A estratégia de resistência para a manutenção das feiras é fundamental para o CETRA, pois permite sua visibilidade no universo da agricultura familiar nos territórios em que atua e que se baseiam nos critérios da agroecologia e da socioeconomia solidaria como é a
comercialização
solidária nesses municípios. É inegável o desafio manter o funcionamento das feiras e a produção, convivendo com a estiagem prolongada. O acesso a programas de compra governamental de produtos da agricultura familiar, 03 (três) famílias conseguiram participar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), sendo 02 (duas) famílias do Território Vales do Curu e Aracatiaçu e 01 (uma) do Sertão Central. No Programa Nacional de Alimentação Escolar, são 10 (dez) famílias – 09 (nove) no Território do Sertão Central e 01 (uma) no Território Vales do Curu e Aracatiaçu que acessaram este mercado e há perspectiva de aumentar para 07 (sete) famílias do município de Itapipoca, Território Vales do Curu em 2013. Intercâmbios de Experiências: Tradição, Invenção e Criatividade - Os intercâmbios entre feirantes foi uma das estratégias diferenciadas de monitoramento e controle social adotadas pelo CETRA, para avançar na certificação participativa da produção, sendo realizada pelas próprias famílias envolvidas nas feiras, sob o acompanhamento da entidade. Aliada à discussão sobre a certificação participativa, os intercâmbios desempenham também um papel de formação, com a demonstração de práticas agroecológicas, destacando-se o manejo do solo, da água e da caatinga, a diversificação das áreas, a manutenção da flora nativa, sistemas alternativos de irrigação, criação de pequenos animais, produção de compostagem orgânica e de biofertilizantes e uso de defensivos naturais alternativos no controle de insetos. Durante os intercâmbios também se discutiu sobre a rotulagem nas embalagens, a importância de embalagens apropriadas a cada produto, a exposição e organização dos produtos na barraca, os processos contínuos de higienização dos produtos e do espaço, combinação de preços, padronização, atendimento cordial aos consumidores, a a identificação de 33
feirantes através das batas padronizadas, planejamento contínuo da produção e oferta planejada de produtos. Foram realizados 12 intercâmbios nos dois territórios, durante o ano. O acompanhamento à Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as do Território da Cidadania Vales do Curu, se deu em 06 (seis) reuniões com representantes de 100 (cem) famílias envolvidas, cuja pauta incluiu a construção de consensos em torno da organização da entidade enquanto espaço de reflexão, deliberação e decisão. São ocasiões que voa além das reflexões, são oportunidades de tirar dúvidas e entender os mecanismos de acesso aos diversos programas disponíveis no Estado, as linhas de crédito para infraestrutura, produção socioambiental e emergencial, organização, acesso e acompanhamento na execução do projeto Fundo Rotativo Agroecológico e Solidário – FRAS, resultante do Convenio com o Banco do Nordeste do Brasil. Juventude Rural: Cultura, Organização e Protagonismo É importante a oficina, pois é uma oportunidade que faz o grupo crescer. Estimula o grupo, pois o pessoal da comunidade não acreditava na gente, e nós mostramos que podemos continuar e com a oficina vai fazer o grupo crescer. (Regilane Alves – Comunidade Sítio Coqueiro, Grupo Balanço do Coqueiro - Oficina de Teatro)
O ano de 2012 foi um ano especial para o CETRA ao desenvolver ações envolvendo a juventude rural através de três projetos: i) Terra Viva: Um Novo Olhar da Juventude para o Meio Rural; ii) Fortalecendo Organização – Reforçando Cidadania Feminina Rural; iii) Assentamentos em Ação, com o visando promover a organização sócio política e cultural de jovens, fortalecer sua identidade no espaço rural e proporcionar formação que favoreça ocupação laborativa na perspectiva, também, da geração de renda para que jovens de municípios do Território Vales do Curu e Aracatiaçu, onde se realizam os projetos,
permaneçam em suas
comunidades e assentamentos, valorizando sua terra, sua cultura, sua estória e competências, fortalecendo seu sentimento de pertença.
34
O projeto Um Novo Olhar da Juventude para o Meio Rural, resultante do Prêmio Itaú de Excelência Social, proporcionou a realização oficinas
com
atividades
artístico-culturais,
com
a
juventude rural que expressou seu
talento,
seu
potencial
lúdico, criativo e artístico, na oficina de pintura em tecido que teve a participação de 20 (vinte)
jovens,
que
trabalharam com pintura em camisetas, demonstrando sua
Exposição fotográfica – Museu da Imagem e do Som
identidade jovem rural. Esse trabalho proporcionou a geração de renda para o grupo com a comercialização de sua produção. O curso de fotografia realizado no segundo semestre do ano anterior, proporcionou a incursão de jovens no interior de suas comunidades, identificando imagens, que capturadas sob o olhar
de
jovens
em
45
(quarenta e cinco) imagens fotográficas impressas
rurais e
destinaram-se
que,
Exposição fotográfica – Museu da Imagem e do Som
emolduradas, à
exposição
itinerante que circulou em vários espaços em Fortaleza no decorrer deste ano e também, na Cúpula dos Povos durante a Conferência da ONU, Rio
Exposição fotográfica – Cuca Che Guevara
+ 20, na cidade do Rio de Janeiro. Duas oficinas de arte e cultura trataram da criação de tambores e outros instrumentos de percussão, com jovens e adolescentes das comunidades de Sitio Coqueiro, Assentamento Maceió, município de Itapipoca e Vieira dos Carlos e Várzea, assentamento Várzea do Mundaú, município de Trairi. Nesses eventos teve muita criatividade e musicalidade entre jovens na faixa etária de 12 a 22 anos, que se integraram facilmente. 35
Essas ações se realizaram através do projeto Fortalecendo Organização – Reforçando Cidadania Feminina Rural que teve apoio de organização da cooperação internacional e objetivou animar e fortalecer grupos culturais, o que foi alcançado.
Meninas e jovens tiveram oportunidade de construir
instrumentos de percussão de efeito - xequerê e ganzá - utilizando material reciclável - garrafa pet, sementes diversas, madeiras, cabaças. Esse grupo de jovens, no começo um pouco acanhado, soltou a voz e o corpo deixando a energia fluir com o toque dos instrumentos que construíram nas oficinas. Tocando ritmos nordestinos - baião, xote, ciranda, maracatu, coco e marchinha - mulheres de diferentes gerações deram a tônica da oficina e expressaram sua satisfação em participar das atividades. Vejamos mais um depoimento de Regilane Alves, atuante do grupo Balanço do Coqueiro, assentamento Maceió/Itapipoca: Tá legal. O pessoal está interagindo muito e aprendendo ritmos e marcação do tempo. Estamos aprendendo a ter mais ouvido para a música e organizar mais o nosso grupo culturalmente!
Ao final das oficinas, as participantes se organizaram e fizeram uma apresentação cultural em sua própria comunidade Sitio Coqueiro, proporcionando momentos de lazer demonstrando sua autoestima e o reconhecimento do povo da comunidade. As oficinas de arte e cultura tiveram continuidade também em comunidades do município de
Trairi
e
permitiram
aflorar a musicalidade e a criatividade cinco
de
vinte
e
(25)
jovens
assentados/as
das
comunidades Carlos
e
Vieira
dos
Várzea
do
Mundaú, sendo 20 mulheres
Festa Junina no Assentamento Várzea do Mundaú (Trairi)
participando de atividades artísticas que envolveram o canto, a dança e a prática com instrumentos de percussão. 36
Como parte do projeto Assentamentos em Ação, desenvolvido em áreas de assentamento da reforma agrária, se realizaram 04 (quatro) oficinas de Arte e Cultura para Jovens, utilizando a linguagem teatral, no Assentamento Maceió, município de Itapipoca. Participaram onze (11) jovens entre catorze (14) e vinte e cinco (25) anos das comunidades Barra do Córrego, Sítio Coqueiro e Jacaré. O teatro foi a forma de expressão escolhida pelos grupos, uma vez que a oficina objetivou potencializar os grupos culturais já existentes. Por isso foram adotadas técnicas de interpretação, jogos cênicos, improvisações coletivas e técnicas circenses durante os dois dias de atividades, observando que o grupo respondia muito bem aos exercícios referentes à corporeidade, a construção de um corpo expressivo foi a pauta da oficina. Alongamentos e aquecimentos direcionados a despertar um corpo em expressão, criativo, pronto a se comunicar no contato com outros, foram elementos importantes no processo. Ainda em relação à expressão corporal, utilizaram-se as técnicas circenses de acrobacia e montagem de pirâmides humanas, na tentativa de transformar o corpo, também em um instrumento de comunicação. No Assentamento Macaco, também em Itapipoca, uma oficina de arte, cultura e educação foi realizada a partir da demanda do assentamento que já conta com 02 (dois) grupos de coral ativos, ambos de origem religiosa - um da igreja católica e um de igreja evangélica. Na discussão sobre este trabalho cultural, foi consenso a realização de uma oficina de Canto Coral de Música Popular Brasileira, para crianças, jovens e adultos. A participação da comunidade foi expressiva e as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer técnicas vocais, técnicas de respiração, dicção e divisão das vozes. Todas as músicas praticadas são de origem popular, de compositores e intérpretes brasileiros renomados como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, p.ex. No repertorio teve também músicas de domínio público do cancioneiro nordestino. O grupo foi convidado a se apresentar no dia do aniversário do Assentamento, dia 12 de março de 2012, quando o mesmo completou vinte e cinco (25) anos da imissão de posse. Se os livros são bons amigos que nos convidam a viajar, uma oficina de contação de histórias complementa esse passeio, essa viagem, com a dinâmica corporal, alçando a imaginação a vôos ainda mais altos. 37
Oficina de arte com este foco foi realizada no Assentamento Escalvado para jovens e adultos, visando fortalecer o Ponto de Leitura local e mobilizar ações culturais para o assentamento. Na dinâmica da oficina, procurou-se incentivar e recuperar a tradição oral, uma das formas mais antigas de contar histórias e fortemente presentes nas culturas tradicionais. Houve vários momentos de aprendizagem. Técnicas de narração, canções infantis e expressão corporal e vocal foram exploradas e socializadas durante a oficina, com expressiva participação.
Para
estimular
mais
o
grupo,
foram
exibidos
dois
documentários: “Histórias” e “Doutores da Alegria”, seguidos de um ligeiro debate no grupo. Um momento coletivo de contação de história contribuiu para a comunidade apreciar novos meios e formas de trazer o lúdico para o encantamento das histórias. A comunidade Salgado do Nicolau, no assentamento Várzea do Mundaú município de Trairi, entrou no ritmo das danças populares durante a oficina de arte para dezoito (18) jovens, entre 13 e 29 anos, com a participação de alguns integrantes do grupo de jovens local - Juventude e União do Salgado do Nicolau - JUSANIO. Técnicas de danças populares como a dança do coco, a dança cabaçal e a ciranda, deram o tom a oficina. Trabalhou-se técnicas corporais circenses para desenvolver o corpo que dança, consciente de si e que carrega uma identidade cultural. Ao final, foi realizada uma roda de conversa, aonde os jovens colocaram suas impressões sobre o que vivenciaram: “Para nós, aqui da comunidade de Salgado, a oficina foi importante porque nunca temos a oportunidade de receber oficina de arte, de dança. Tudo é muito difícil. Mas todos nós gostamos muito de aprender fazer pirâmides, dançar coisas novas, coisas que nunca a gente tinha pensando em fazer”. E as pirâmides foram um diferencial, pela aprendizagem de algo novo, ainda mais quando há adesão massiva: “Nos ajudou a colocar o grupo pra frente, agora vamos nos encontrar e sempre dançar e fazer pirâmides para melhorar a nossa quadrilha”, observou Aldeni Carlos, líder e mobilizador do grupo JUSANIO. Diálogo entre jovem Rural e Urbano - Um importante evento com esse segmento, foi o intercâmbio entre jovens rurais do Território Vales do Curu e Aracatiaçu e jovens urbanos do Centro Urbano de Arte, Ciência e Esporte – CUCA Che Guevara em Fortaleza, ocorrido no Restaurante Dona 38
Chica em Fortaleza, que permitiu a troca de informações e experiências e a visão de mundo de cada grupo sobre educação, trabalho, moradia e expectativas de vida entre vinte jovens rurais e jovens urbanos. Na ocasião foi inaugurada a exposição fotográfica “Um Novo Olhar da Juventude para o Meio Rural” no espaço do restaurante. Trata-se de uma exposição itinerante, já mencionada, com quarenta e cinco (45) imagens expostas em espaços de relevância de visitação, que no ano anterior ocupou o Hall da Assembléia Legislativa e em 2012, esteve no Restaurante Dona Chica, no CUCA Che Guevara, no Museu da Imagem e do Som em Fortaleza. Em julho a exposição seguiu para a cidade do Rio de Janeiro, com grupos de jovens de três estados do Nordeste, resultado de parceria ente o CETRA, a ASSEMA/Ma., o CAATINGA e o CENTRO SABIÁ/Pe., para participar da Cúpula dos Povos durante a Conferência Rio + 20. Ali, a juventude Rural desses estados do Nordeste, interagiu com outros grupos, e expôs suas artes e comercializou suas produções artesanais. A exposição esteve também no Encontro Nacional da Articulação do Semiarido (EnconASA) que aconteceu em Januária - MG., e durante o II ETA – Encontro Territorial de Agroecologia do Sertão Central ocorrido Quixeramobim– CE. Essa oportunidade de mostrar o trabalho fotográfico da juventude rural foi estratégica pela valorização e o reconhecimento à importância dada pelas famílias ao trabalho de seus filhos/as que transmitiram muita emoção. O trabalho com a juventude foi de sensibilização sobre questões políticas, sociais, culturais, ambientais e econômicas locais. A juventude está muito mais presente na vida das comunidades, mostrando seu sentimento de pertença e colaborando com atividades agrícolas, valorizando seu lugar de origem, dando mais importância ao meio rural. As ações e atividades envolveram um total de cento e vinte (120) jovens, sendo 80 mulheres, que tiveram em mais de dois projetos desenvolvidos pelo CETRA que ajudaram a fortalecer a organização de 11 (onze ) grupos de jovens no Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Quatro (04) jovens das áreas de atuação institucional do CETRA participaram do VI Fórum Social da Juventude Rural da Associação dos Assentamentos do Maranhão – ASSEMA - no Campus da UFMA/Bacabal – 39
MA, que tratou sobre Juventude Rural: Agroecologia, Valores Ambientais e Justiça Social. Dois representantes dos grupos de jovens de Itapipoca participaram do VII Encontro Nacional da Articulação do Semiarido, em Januária – MG – EnconASA, com a palavra de ordem “É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste”. Nesses momentos, o CETRA se articulou com o Programa “Diz ai Juventude” do Canal Futura de TV, juntamente com o Centro Sabiá, Caatinga de Pernambuco e ASSEMA do Maranhão.
Articulam-se para construir a Rede da Juventude Rural no
Nordeste.
Empoderamento e Autonomia de Mulheres Rurais
A troca de informação pra gente é muito boa. Se dá muito quando a gente anda no quintal e vai cochichando com as outras mulheres. A gente fala das dificuldades da gente, no trabalho da casa e do quintal. O tempo vai passando e quando a gente vê já acabou o encontro. Passa rápido. (Dona Rosa - Comunidade Gengibre – Município de Trairi)
O CETRA é pioneiro no apoio à organização social e política de mulheres trabalhadoras rurais do Ceará e, ao longo do ano de 2012, manteve essa tradição, realizando ações junto ao público feminino, através do projeto “Fortalecendo Organização Reforçando Cidadania Feminina Rural” com suporte financeiro proveniente de fundos públicos brasileiro e da cooperação internacional. O projeto teve por objetivo promover o empoderamento de 40
mulheres trabalhadoras rurais a partir da organização sócio-produtiva em seus quintais, com base nos princípios da agroecologia e da socioeconomia solidária e da equidade de gênero, a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias envolvidas, comercializar de forma solidária o excedente, quando houver, gerar renda, e promover especialmente, a autonomia financeira e o empoderamento político das mulheres. Visou igualmente, contribuir na superação da pobreza, da violência sexual e doméstica das mulheres e promover o desenvolvimento rural sustentável, no contexto da agricultura familiar, num esforço conjunto para alcançar as metas do milênio da ONU. Na realização das ações, o diálogo fluiu mais efetivamente entre grupos de mulheres adultas e jovens que se organizam socialmente e desenvolvem
atividades
econômico-produtivas
de
pesca,
artesanato,
(rendas, bordados, confecção de roupas), agropecuária, extrativismo, comércio e serviços (saúde e educação) nas regiões geográficas prioritárias da intervenção institucional: Territórios da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central. As atividades deste projeto se realizaram em comunidades de 05 (cinco) municípios do Território Vales do Curu e Aracatiaçu - Amontada, Apuiarés, Itapipoca, Trairi e Tururu e em 04 (quatro) municípios do Território Sertão Central - Banabuiu, Choró, Quixadá e Quixeramobim. Processos de formação e informação se efetuaram junto a grupos de mulheres adultas e jovens com enfoque na promoção da igualdade de gênero, na inclusão das mulheres na economia a partir capacitação para o manejo sustentável de quintais produtivos agroecológicos, a autogestão de empreendimentos (artesanato – bordados, renda de bilro, redes de dormir) e no acesso ao crédito (PRONAF Mulher, Fundo Rotativo Solidário), visando sua autonomia econômica e seu empoderamento sócio-político e cultural. Esses processos constituíram-se de oficinas temáticas, cursos de formação, encontros, reuniões, visitas técnicas, intercâmbios, tudo visando diversificar e beneficiar a produção, qualificar o artesanato, aprimorar a gestão do empreendimento e estimular a participação em redes, fóruns, movimentos de mulheres, sindicatos e conselhos, tendo sempre em vista a igualdade de gênero. 41
A assessoria técnico-social do CETRA foi assegurada no acompanhamento às unidades de produção. Os intercâmbios tiveram grande importância na troca de experiências entre os grupos, em nível local, intermunicipal e interestadual, facilitados que foram, pelas parcerias com outras organizações de mulheres e mistas, que estimulou a participação em feiras agroecológicas e solidárias nos municípios de Itapipoca, Trairi e Apuiarés que se sensibilizaram igualmente, para boas práticas com a adoção dos princípios da agroecologia, da solidariedade, da afirmação das mulheres enquanto cidadãs de direitos que passaram utilizar a tecnologia social “quintal produtivo agroecológico” com outro olhar e como uma ferramenta para alcançar melhores níveis de vida. O Quintal é considerado um espaço primordial para produção de alimentos sob a gestão feminina. O Quintal Produtivo não é mais simplesmente a extensão da casa. É um espaço de produção qualificada, que proporciona a segurança alimentar da família e assegura uma receita própria para as mulheres que comercializam sua produção na comunidade, nas feiras agroecológicas solidárias e até no mercado institucional. Sempre na perspectiva de fortalecer a organização sócio-politica, econômica e cultural de mulheres trabalhadoras rurais, realizaram-se oficinas temáticas sobre planejamento familiar, saúde e direitos sexuais, saúde e direitos reprodutivos, direitos humanos das mulheres, que se constituíram espaços de aprofundamento dos conceitos e dimensões de gênero entre mulheres
jovens
e
adultas
e
entre
grupos
mistos.
Encontros
intercomunitários, intermunicipais e interterritoriais propiciaram debates interessantes a respeito da condição feminina no mundo rural, a violência contra as mulheres no contexto da Lei Maria da Penha, a questão do preconceito etino-racial e as políticas públicas para mulheres, a fim de construir conhecimento coletivo sobre os direitos de cidadania das mulheres e da importância de sua participação política, para romper com todas as formas de violência e preconceitos exercidos contra as mulheres, atitudes remanescentes do patriarcado, que ainda são vigentes na nossa sociedade. Estava previsto neste projeto o envolvimento de 100 (cem) mulheres do Território da Cidadania Sertão Central e 140 (cento e quarenta) do Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Levou-se em conta a 42
possibilidade de 10 mulheres por grupo tendo a participação de mulheres indígenas e remanescentes de quilombos. No entanto, com os recursos mobilizados as ações deste projeto se concentrassem no Território Vales do Curu e Aracatiaçu, cuja meta prevista de atingir cento e quarenta (140) mulheres, foi superada em 26.42%, ou seja, um universo de 176 mulheres se envolveu diretamente nas ações do projeto. A intervenção institucional nessa temática fortaleceu o trabalho em rede, articulou com outras organizações de mulheres em nível estadual e regional - Fórum Cearense de Mulheres, Programa de Formação de Formadoras do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste MMTR/NE, parcerias locais com a Rede de Agricultores Agroecológicos e Solidários de Itapipoca, a Rede de Apicultores do Território Vales do Curu e Aracatiaçu, Sindicatos de Trabalhadores/as Rurais de Itapipoca, de Trairi, de Apuiarés e de Tururu, Sindicato de Servidores Públicos Municipais de Itapipoca e Tururu - SINDSEP e Associações Comunitárias.
RESULTADOS •
176 (Cento e setenta e sete) mulheres dos grupos envolvidos recebendo assessoria técnica e social continuada;
•
15
(Quinze)
mulheres
com
acesso
ao
Fundo
Rotativo
Solidário/FRAS; •
65 (Sessenta e cinco) mulheres jovens envolvidas diretamente nas ações do projeto e na vida comunitária;
•
25 (Vinte e cinco) agricultoras capacitadas nos temas gênero, agroecologia e socioeconomia solidária;
•
05 (Cinco) unidades demonstrativas de Quintais Produtivos Agroecológicos, implantadas e gerenciadas por mulheres em todo o processo de produção, gestão e comercialização;
•
02 (Duas) mulheres comercializando sua produção na feira agroecológica de Apuiarés;
•
40 (Quarenta) mulheres envolvidas no projeto participaram do VII Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidaria – ETA, com intervenção qualificada nas discussões; 43
• 06 (Seis) mulheres engajadas na Rede de Agricultores/as Agroecológicos e Solidários de Itapipoca e mais próximas do Movimento
de
Mulheres
Trabalhadoras
Rurais
do
Nordeste/MMTR-NE. Ações e projetos envolvendo grupos específicos de mulheres tiveram destaque no Território da Cidadania Sertão Central com atividades que envolveram noventa e seis (96) mulheres organizadas em 05 (cinco) grupos no município de Quixadá e em 04 (quatro) grupos no município de Quixeramobim. As atividades se constituíram de oficinas temáticas, reuniões e assistência técnica, com abordagem nos temas gênero, agroecologia, tecnologias
sociais,
comercialização,
gestão
de
empreendimentos
e
artesanato, geração de renda e contribuíram com o fortalecimento dos seguintes grupos: •
14 (catorze) do grupo de mulheres da comunidade Lages Quixeramobim, com participação ativa nas feiras feministas e com projeto de banco de matéria prima em funcionamento;
•
12 (doze) mulheres da comunidade Parelhas-Quixeramobim, participando ativamente na feira da agricultura familiar e comercializando sua produção artesanal uma vez por semana nas feiras que acontecem ao longo do ano;
•
12 (doze) mulheres do Grupo da comunidade Olho D’água – Quixeramobim, participando da feira da agricultura familiar, comercializando sua produção agrícola e, uma vez por semana comercializa seus artesanatos, inclusive na feira feminista;
•
16 (Dezesseis) mulheres da comunidade Veiga – Quixadá, organizadas em grupo de produção de galinha caipira para postura através de Projeto ECOELCE/UECE, comercializando na feira da agricultura familiar e na feira feminista, quando acontece;
•
24 (vinte e quatro) mulheres de grupos das comunidades Olivença
e
Palmares/Quixadá
e
Posto
Agropecuário/
Quixeramobim, organizadas e participando da feiras feminista, com efetiva participação nos movimentos sociais;
44
•
12 (Doze) mulheres da comunidade Boa Vista, município de Quixadá, trabalhando com quintais produtivos, beneficiando o leite de cabra para a produção de queijos e gestão feminina na pousada rural local. Produtos da agricultura familiar sob gestão das mulheres (hortaliças, frutas, queijo de cabra) e artesanato comercializados na feira que acontece semanalmente cidade de Quixadá e junto a hóspedes da pousada;
•
06 (seis) mulheres da comunidade Café Campestre – Quixadá, desenvolvendo projeto de corte e costura e comercializando sua produção na feira feminista que acontece mensalmente em Quixadá;
•
09 (nove) meninas adolescentes engajadas nas ações do projeto Juventude Rural participaram de um curso serigrafia e estão produzindo camisetas, o que está começando a gerar renda própria.
•
Outras
ações
envolvendo
mulheres
aconteceram
simultaneamente em diferentes lugares do estado aonde o CETRA desenvolveu projetos, resultando em: •
1.350
(Mil,
trezentos
e
cinquenta)
mulheres
recebendo
acompanhamento técnico e social (ATER) em vários municípios do Ceará; •
137 (Cento e trinta e sete) mulheres capacitadas em gestão de água e sistema simplificado de manejo da água para produção de alimentos (Projeto P1+2);
•
137 (Cento e trinta e sete) mulheres capacitadas em gestão de recursos hídricos e beneficiadas diretamente com tecnologias sociais de convivência com o semiárido - Cisternas Calçadão, Cisternas de Enxurrada, Barraginhas, Tanques de Pedra e Bombas d’Água Popular, ampliando a capacidade de estocagem de água para produção de alimentos nas unidades familiares;
•
36 (Trinta e seis) mulheres acessando crédito do Fundo Rotativo Agroecológico e Solidário de Itapipoca;
45
•
50 (Cinquenta) Fundos Rotativos Solidários – FRAS, sob a gestão das mulheres. Os resultados qualitativos revelam aumento significativo na
participação das mulheres em todo o ciclo da produção, desde o planejamento à comercialização do produto final, com destaque para a forma mais organizada da produção e comercialização solidária familiar, quando da participação direta das mulheres no processo, assim como da maneira como as mulheres preservam a sabedoria popular e tradicional em seus afazeres e vivências diárias. Com o exercício da participação das mulheres nas ações do projeto, em particular na comercialização nas feiras e na participação na Rede Agroecológica e Solidária de Itapipoca, o protagonismo feminino repercutiu na dinâmica local com a renovação de lideranças femininas nas comunidades e com mais visibilidade em nível municipal e/ou regional. Momentos
importantes
propiciaram
a
reflexão
sobre
o
reconhecimento do trabalho da mulher nos espaços de decisão (Sindicatos, Cooperativas, Conselhos), produtivos, na economia e na comunidade, e o aprofundamento da reflexão sobre a divisão sexual do trabalho na família e a releitura dos processos históricos das comunidades assentadas, com relevância à visibilidade das atividades realizadas por mulheres. Foi estimulado o exercício de um olhar diferenciado sobre o Quintal Produtivo enquanto tecnologia social e como espaço de produção destinado à segurança alimentar e nutricional e de combate a fome, como também a introdução de técnicas de estilização em produção artesanal junto a dois grupos de artesãs de renda de bilro nos assentamentos Maceió/Itapipoca e Várzea do Mundaú/Trairi. Nos distintos momentos de capacitação em rede e dos eventos do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste - MMTR/NE., foram formadas agentes multiplicadoras em gênero e cidadania, planejamento, monitoramento, avaliação e controle social de políticas públicas. Por outro lado, a divulgação de boas práticas de gestão de empreendimentos pelas mulheres na edição especial do Boletim Tecendo Redes, a experiência do Projeto Fortalecendo Organização Reforçando Cidadania Feminina Rural, coordenado pelo CETRA, tem caráter importante 46
para a visibilidade do trabalho que tem abrangência temática diversificada. Neste sentido, a entidade foi convidada pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA, do Rio de Janeiro, para participar do I Encontro de Lideranças de Movimentos de Mulheres do Nordeste, que abordou especificamente a saúde da mulher, com foco no e contribuir na discussão sobre o câncer do colo do útero e da mama que afeta um número cada vez mais elevado de muitas mulheres e as dificuldades no atendimento de qualidade e eficiente às mulheres no campo das políticas de saúde.
Estratégias de Gestão Durante esse período o Conselho Diretor e a Coordenação Colegiada
empreenderam
esforços,
juntamente
com
suas
equipes
operacionais das atividades meio e fim, para cumprir as recomendações do Plano Estratégico em relação às linhas estratégicas da gestão na perspectiva de aprimorar o desempenho face aos desafios da sustentabilidade institucional, política e financeira, da efetividade na comunicação, no processo de formação das equipes, nas temáticas e áreas geográficas da atuação da entidade, nas atividades meio e fim. O CETRA mobilizou e acessou recursos para desenvolver projetos que contemplam as linhas estratégicas da missão e da gestão.
Sobre a
sustentabilidade institucional, tanto política quanto financeira, as instâncias diretivas o Investiu esforço na mobilização de recursos públicos e privados, nacional e internacional. Participou de Editais Públicos a fim de acessar recursos para a realização de ações junto a agricultores e agricultoras familiares, para superar a pobreza, gerar renda e conviver com a realidade do semiarido, considerando sempre a participação feminina e a igualdade de direitos e de gênero. Na perspectiva, ainda, da sustentabilidade institucional, dois momentos importantes de mobilização de reforços se destacaram: a) elaboração de projeto para o segmento juventude rural em consórcio com a organização Associação Cristã de Base/ACB – Crato - Ceará, para a Petrobras; b) elaboração do projeto do edital Petrobras ambiental. Os resultados devem ser divulgados em 2013.
47
Também
participou
do
Edital
da
Secretaria
Estadual
do
Desenvolvimento Agrário – SDA, nos lotes de projetos para a construção de equipamentos sociais de convivência com o Semiárido e de produção de alimentos – cisternas de placa, quintais produtivos. Tomou a iniciativa de concorrer ao Prêmio Economia Criativa, através de Edital do Ministério da Cultura
–
MINC,
destinado
a
fortalecer
a
Rede
de
Agricultores
Agroecológicos e Solidários de Itapipoca com a reestruturação das Feiras Agroecológicas locais. As fontes de recursos para financiamento da ação institucional durante o ano de 2012 tiveram procedência nacional e internacional, pública, privada e da sociedade civil, a saber:
Mobilização de recursos I. Públicos e Privados: - Ministério do Desenvolvimento Agrário - /MDA; - Banco do Nordeste do Brasil – BNB (Instituição Financeira); - Fundação Branca do Brasil – FBB (Instituição Jurídica de Direito Privado sem fins lucrativos); - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA; - Projeto Dom Helder Câmara - PDHC; - Fundo Itaú de Excelência Social (Remanescente do Prêmio de 2011); - Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará – SDA.
II. Cooperação Internacional: - Manos Unidas – Espanha; - Comitê Alemão do Dia Mundial de Oração – Alemanha.
III. Sociedade Civil – Brasil: - Rede ATER Nordeste; - Articulação do Semiárido – ASA Brasil.
Essas duas últimas organizações são parceiras institucionais com atuação na região Nordeste. A Rede ATER resulta de uma articulação entre 13 organizações sociais da Região que trabalham na perspectiva da construção de novas relações sociais, econômicas, políticas e culturais no 48
contexto da agricultura familiar do semiárido. As organizações membros realizam ações nas áreas de assistência técnica e social, a partir de recursos mobilizados através de projetos da Rede. A relação com a ASA Brasil data da década passada, mais precisamente do ano 2002 quando da sua criação. Atualmente o CETRA, compõe a Coordenação Executiva e é uma das Unidades Gestores Microregionais. A ASA é uma Rede articulada nos estados que possuem clima semiarido, que vai para além da região Nordeste e dos limites do Bioma Caatinga. O CETRA participa da proposta pioneira da ASA de construir um milhão de cisternas de placa para armazenar água da chuva para consumo humano nos períodos de verão, atendendo às necessidades das famílias rurais de baixa renda que vivem no semiarido cearense. Trabalha também com outras tecnologias - Cisternas Calçadão, componente do Programa “Uma Terra e Duas Águas” = P1 + 2. A entidade representa a ASA em espaços em nível nacional como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável – CONDRAF, órgão colegiado do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em 2012 o CETRA intensificou sua participação no Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, Rede Cearense de Socioeconomia Solidária, Rede ATER Nordeste, Rede Cearense de ATER e na Articulação do Semiárido Brasileiro com maior articulação e visibilidade de suas ações. Ainda, com vistas ao fortalecimento institucional, realizou em julho, sob a consultoria de Domingos Corcione, a oficina “Enfrentando a Crise e Construindo o Futuro”, inicialmente com um balanço sobre a realidade política, econômica, social e cultural da entidade. Os processos de formação da equipe interdisciplinar aconteceram ao longo do ano conforme as condições e as disponibilidades institucionais. Realizou-se um curso de formação modular sobre a temática de gênero, com a equipe permanente, das atividades meio e fim que teve assessoria de consultoria especializada no assunto. Outros momentos de formação da equipe se deram internamente, refletindo sobre temas relacionados às estratégias da ação em estreita relação com o trabalho institucional de campo.
49
Na área de comunicação, o CETRA contou com profissional da área e avançou e o sistema de comunicação virtual e impressa recebeu atualização da página institucional web e a criação de uma página virtual em Rede Social - Face Book – denominada Cetra Trabalhador. São dois espaços virtuais são alimentados frequentemente com divulgação de todos os eventos e ações institucionais. O Boletim Tecendo Redes teve 07 edições Impressas. Esse processo deu mais visibilidade institucional com a divulgação das ações junto a agricultores e agricultoras familiares. Portanto, o aprimoramento dos processos de comunicação interna e externa criou as condições necessárias para ampliar a visibilidade institucional com a divulgação das ações e atividades da instituição no estado do Ceará, com a efetiva participação dos principais protagonistas – agricultores e agricultoras familiares de todas as gerações e da equipe interprofissional engajadas das atividades do CETRA.
Eventos Realizados Conversa de Quintal Conversa de Quintal é um projeto sócio-político do CETRA que se realiza desde 2008 e vem sendo dinamizado no decorrer dos anos e se constitui um espaço de articulação política . Em 2012, foram realizadas cinco edições: 1. Homenagem, Inauguração do Quintal das Margaridas e Conversa de Quintal sobre Políticas para Mulheres A primeira Conversa do ano se deu com a inauguração do Quintal das Margaridas no mês de março, quando foram homenageadas quinze militantes femininas históricas, atuantes nas áreas, social e política. A homenagem considerou o papel de cada uma dessas lideranças na transformação social, onde quer que tenha sido sua atuação e seu tempo. Foram homenageadas in memorian, a trabalhadora rural, assentada da reforma agrária, liderança feminina rural e poeta Nazaré Flor, a sindicalista rural Margarida Maria Alves - Paraíba, a militante de ação católica e fundadora do CETRA Maria Dolores Borges, a missionária religiosa Irmã Dorothy - Pará e a militante da agroecologia Daniele Medeiros. As demais, 50
são a militante do movimento de mulheres rurais de Pernambuco, Vanete Almeida que faleceu em setembro de 2012, a assistente social e militante política Margarida Pinheiro, a agricultora agroecológica Maria José Alves (Zeza), a militante de movimentos sociais urbanos Maria Edite, a militante da Pastoral da Terra, Luizinha Camurça, a advogada paraibana e militante política Irmã Cleide Fontes, a trabalhadora rural assentada da reforma agrária Luiza Souza, a socióloga e ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenelle, a professora e missionária da causa indígena Maria Amélia Leite e aquela que dá nome à Lei de combate a violência contra a mulher, Maria da Penha Fernandes, que somam um total de 15 homenageadas no espaço do Quintal. Cada uma diretamente ou através de representantes recebeu uma placa simbólica com um pequeno texto sobre sua trajetória. Na ocasião foi realizada Conversa de Quintal sobre políticas públicas para mulheres e para puxar a conversa, teve como convidada a assistente social Elisabeth Ferreira, militante feminista engajada no Fórum Cearense de Mulheres e na Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB.
2. Agrotóxicos e a saúde humana A segunda Conversa de Quintal aconteceu no dia 3 de maio sob o tema “Agrotóxico e Saúde Humana” que tratou da forte presença dos defensivos agrícolas pesados, de qualidade venenosa na agricultura, especialmente na produção de alimentos. A convidada foi a professora doutora,
da
Universidade
Federal
Ceará,
Raquel
Rigotto,
médica,
pesquisadora e estudiosa do assunto. Sua abordagem se baseou na pesquisa realizada na região dos perímetros irrigados do Vale do Jaguaribe – Ceará, com destaque para o agronegócio de fruticultura no município de Limoeiro do Norte, onde a monocultura de frutas para exportação cresce e o uso de veneno é indiscriminado, causando doenças e morte de trabalhadores rurais que lidam com esse trabalho ou ocasionam doenças crônicas. Tudo isso é um mal para consumidores que têm o veneno em sua própria mesa.
3. Agroecologia e Gênero No dia 12 de julho a Conversa de Quintal aconteceu no Quintal do CETRA de Itapipoca, abordando o tema agroecologia e gênero. Teve como 51
convidada para puxar a conversa, a Economista Doméstica Karolline Abrantes, que se baseou em sua monografia, cuja pesquisa se concentrou nas experiências de Quintal Produtivo de Maria José - Zeza e Antonio Raimundo, ambos do Assentamento Maceió, Itapipoca. Na apresentação, destacou a importância de trabalhar agroecologia e gênero juntos, já que são as mulheres que iniciam o processo da transição agroecológica. Chamou-lhe a atenção nos quintais a autonomia das famílias ao consumirem o que produzem ali e comercializam o excedente nas próprias comunidades ou nas feiras solidárias. Isso contribui para expandir e dar visibilidade a agroecologia na sociedade,seja pela qualidade dos produtos sem agrotóxicos, seja pelas novas relações sociais construídas, inclusive com consumidores/as.
4. A juventude rural e os desafios na afirmação da identidade camponesa.
A quarta Conversa de Quintal realizou-se em 16 de agosto, reuniu a equipe, convidados/as e jovens de comunidades rurais para debater o tema em destaque, com a colaboração de Alexandre Pires, da entidade parceira, Centro Sabiá de Pernambuco. Alexandre enfatizou a importância do debate sobre Juventude Rural, tendo em vista as limitações desse segmento em relação ao acesso à cultura, às novas tecnologias e a oportunidades de trabalho que proporcione sua autonomia e sua satisfação morando no campo. No debate, Fabiana Menezes, jovem do assentamento Várzea do Mundaú – Trairi, que participou do projeto do CETRA, Um Novo Olhar da 52
Juventude sobre o Meio Rural, desde o início de 2011, disse: “Eu morei oito anos em Fortaleza e não queria ser agricultora, tinha preconceito. Voltei e fui aprendendo a valorizar e hoje ajudo meus pais”.
5. Da Saciologia á Sacizada A quinta e ultima edição da Conversa de Quintal do ano refletiu sobre nossa cultura histórica, enfocando figuras folclóricas e personagens de
nossas
matas,
que
fazem parte da literatura infantil onde se destacam figuras e personagens de Monteiro Lobato, que nos encantam. O escritor Flavio Paiva, convidado do dia, que também tem seus personagens – Benedito Bacurau, Saci Pererê, animou essa Conversa e interagiu com convidados sobre este fascinante no contexto de nossa cultura. Flávio escreveu livros infantis, inclusive um que trata justamente da Saciologia. Ele que é estudioso das obras de Monteiro Lobato, falou de outros personagens de nossa cultura que estão em nossas florestas e enriqueceu a conversa enfocando o personagem que deu titulo ao tema de nossa conversa, o Saci Pererê. Os convidados presentes, inclusive, jovens rurais, tiveram participação ativa no debate. DIA INTERNACIONAL DA MULHER
O CETRA, o Movimento da Mulher Trabalhadora Rural de Itapipoca, se articulou com os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Pólo através da FETRAECE Regional, Sindicato de Servidores Públicos Municipais de Itapipoca/SINDSEP, Associação de Agentes de Saúde de Itapipoca e representantes União Brasileira de Mulheres/UBM, para realizar o ato político por ocasião do Dia Internacional da Mulher. O evento foi 53
precedido de reuniões, encontros, entrevistas em radio e se realizou no dia dez (10) de março, sábado, reunindo cerca
de
500
mulheres
dos
municípios
do
Território
da
Cidadania
Vales
do
Curu
e
Aracatiaçu. O ato constou de Concentração na Praça da Matriz de
Itapipoca,
seguido
em
caminhada em direção à sede da Associação
Atlética
Banco
do
Brasil/AABB, onde se realizou um ato público com reflexão sobre os direitos humanos das mulheres e a violência de gênero. Vieram das comunidades, grupos organizados de dança e de música (sanfona, bandeiro e viola) executados pelas mulheres, inclusive, apresentação de dança do Torém, do povo Tremembé da comunidade Buriti/São José, município de Itapipoca.
Território Vales do Curu e Aracatiaçu (Itapipoca)
Território Sertão Central (Quixeramobim)
54
Encontros Territoriais de Agroecologia e Socioeconomia Solidária - ETA
Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA
Em sua sétima edição, em 2012, o Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA, do Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu, abordou o tema “As tecnologias Sociais transformam o Semiárido e constroem agroecologia”. Teve participação de cento e cinco (105) agricultores e agricultoras, dos quais, 57 mulheres e quarenta e quatro 48 homens. O compromisso de fortalecer a agricultura familiar agroecológica e solidária no Território foi reafirmado. Pela primeira vez em sete anos o ETA saiu de Itapipoca para ter lugar no município de Trairi. Esse município possui diferentes agriculturas, porém predomina a agricultura familiar agroecológica com experimentadores/as, que produzem em sua terra e comercializam em sua própria feira agroecológica municipal ou nas próprias comunidades ou ainda, no mercado institucional (PAA, Merenda Escolar). Em cada ano observam-se novidades entre os participantes do ETA, que carregam suas estórias, causos, curiosidades e surpresas. Algumas pessoas participaram do evento pela primeira vez e se encantaram com a organização, a dinâmica e o jeito de mostrar o fazer agroecológico. Pessoas originárias do sertão, nunca tinham visto o mar e se surpreenderam 55
com sua imensidão e grandiosa beleza. A presença de mulheres jovens é crescente, marcante e significativa. Durante os dois dias e meio de encontro, as diferentes tecnologias sociais para convivência com o semiárido - Barraginha, Cisterna Calçadão, Produção
Agroecológica
Integrada
e
Sustentável/PAIS,
Quintais
Agroecológicos, Casa de Sementes e o acesso ao crédito nos caminhos socioeconomia
solidária
Agroecológico
e
através,
Solidário/FRAS,
principalmente, foram
do
Fundo
apresentadas,
Rotativo
discutidas
e
aprofundadas por agricultores e agricultoras e técnicos presentes no evento. Experiências que estão dando certo no Território Vales do Curu e Aracatiaçu foram visitadas, como parte da programação do encontro, por agricultores vindos dos municípios de Apuiarés, Pentecoste, Itarema, Amontada, Itapipoca, Umirim, Paraipaba, Irauçuba, Tururu e Trairi, pertencentes a esse Território e dos municípios de Quixadá e Quixeramobim do Território Sertão Central. A sistemática do evento constituiu-se de reuniões plenárias, trabalho em grupo, visitas de intercâmbio a experiências locais com oficinas demonstrativas de atividades que fazem acontecer mudanças na vida das famílias. No ETA as atrações e manifestações populares do Território têm seu espaço garantido. As noites são embaladas por diversas apresentações da cultura local, como, reisado, drama e forró tradicional, permitindo descontração
e
maior
integração
entre
as
pessoas
presentes
–
agricultores/as, técnicos/as e convidados/as. O ambiente é preparado com primor, oferecendo um cenário colorido de chitas e símbolos característicos do meio rural. É pratica do ETA realizar um cortejo pelas ruas da cidade, para ter visibilidade e chamar a atenção da população, mostrando ao povo em geral o que acontece ao seu redor, que é visto por poucos. É assim que a agricultura familiar agroecológica e solidária mostra sua cara. Animado pelos participantes do Encontro, o cortejo é ritmado por batuques, músicas do repertório brasileiro e palavras de ordem demarcando a que veio a agricultura familiar agroecológica.
56
O VII ETA reafirmou o compromisso com a construção de um projeto político diferenciado, pautado numa lógica de desenvolvimento sustentável no semiárido, tendo por base os pressupostos da agroecologia, da socioeconomia solidária, da equidade nas relações de gênero e gerações.
Neste ano aconteceu o II Encontro Territorial de Agroecologia no Sertão Central – II ETA, Sertão Central, que teve como pauta principal as tecnologias sociais de convivência com o semiarido e se realizou no município de Quixeramobim com a participação de cerca de 100 agricultores/as,
tendo
também a presença de
agricultores/as
convidados/as
do
Território
da
Cidadania Curu que
e
Vales
do
Aracatiaçu,
com
suas
experiências, qualificaram o debate sobre a agroecologia e a socioeconomia solidária no
II Encontro Territorial de Agroecologia no Sertão Central – II ET Sertão Central
semiárido durante o ETA do Sertão Central. Assim como no ETA do Territorio Vales do Curu, o Sertão Central seguiu a metodologia, com sessão plenária de abertura, grupos de trabalho e intercâmbios de experiência com oficinas sobre experiência locais de uso de tecnologias sociais. O II ETA do Sertão Central encerrou-se com a leitura da Carta Política (anexo) aprovada pelos participantes.
Representação Institucional O CETRA se articula em nível municipal, estadual e nacional e está representado na composição de Associações, Conselhos, Fóruns e Redes, listados a seguir: •
Associação Brasileira de ONGs – ABONG; 57
•
Camara Técnica do Conselho Estadual de Segurança Alimentar – CONSEA/CE;
•
Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente;
•
Conselho do Desenvolvimento Territorial do Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu;
•
Conselho de Bacias do Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu;
•
Coordenação Executiva da Articulação do Semi-Árido - ASA Brasil;
•
Rede ATER Nordeste;
•
Rede Cearense de ATER;
•
Rede Cearense de Sócio-Economia Solidaria;
Participação em Eventos • I Encontro de Lideranças de Movimentos de Mulheres do Nordeste para a discussão sobre câncer do colo do útero e da mama, em Jaboatão dos Guararapes – Pe. • Cúpula dos Povos, durante a Conferência Rio + 20, o CETRA esteve presente com duas representantes. Uma delas acompanhou o grupo de jovens resultante da parceria com as organizações do Nordeste: SABIÁ - Centro de Desenvolvimento Agroecológico, Associação em Áreas de Assentamento do Estado do Maranhão - ASSEMA e a ONG Caatinga- Pe. • VIII Encontro Nacional da ASA -
EnconASA, realizado em Januária,
estado de Minas Gerais, teve a participação de seis representantes da entidade; • Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; • Conferencia Nacional de ATER.
58
EnconASA, realizado em Januária, estado de Minas Gerais
Parcerias •
Articulação do Semi-Árido - ASA
•
Associações Comunitárias nos dois Territórios;
•
Centro de Assessoria e Apoio a Trabalhadores/as e Instituições Não Governamentais Alternativas – Caatinga – Pe.
•
Centro de Desenvolvimento Agroecológico SABIÁ – Pe.
•
Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Estado do Ceará – FETRAECE;
•
Fórum Cearense pela Vida no Semiárido;
•
Fundação Esquel;
•
Rede ATER Nordeste;
•
Rede Cearense de Socioeconomia Solidária;
•
Rede Cearense de ATER;
•
Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as e Solidários/as do Território Vales do Curu/Aracatiaçu;
•
Rede de Apicultores do Território do Vales do Curu Aracatiaçu;
•
Sindicatos
de
Trabalhadores
e
Itapipoca, Trairi, Apuiarés e Tururu; •
STTR de Quixadá e Quixeramobim.
Conquistas e Desafios 59
Trabalhadoras
Rurais
de
Ao final cada ano a entidade avalia sua trajetória junto a agricultores e agricultoras familiares, particularmente nas áreas geográficas de sua atuação prioritária e constata que seu trabalho está surtindo efeitos e resultados positivos. O envolvimento mais efetivo de mulheres e da juventude nas ações de fortalecimento da agricultura familiar, de geração de renda para melhorar a qualidade de vida no campo, o interesse de agricultores/as em adotar inovações na agricultura, as tecnologias sociais de convivência com o semiarido, animam e fundamentam o compromisso institucional de continuar sua atuação, na perspectivas de mudanças significativas na qualidade de vida das famílias acompanhadas. Este ano, além das áreas prioritárias da ação institucional, o CETRA desenvolveu ações de convivência com o semi-árido em quase todo o estado do Ceará, ampliando sua presença para os Territórios Sertões de Canindé e Sobral. Para isso estabeleceu convênios e parcerias com organismos públicos e privados e Organizações da Sociedade Civil, na busca constante de condições que favoreçam a sustentabilidade da ação institucional, política e financeira. A entidade fecha o ano, com a aprovação do Convênio entre o CETRA e a Fundação Banco do Brasil para a execução do Projeto Comercialização Solidária da Produção Agroecológica de PAIS. Este convênio é uma prova da confiança adquirida pela instituição por seu desempenho na condução de ações de fortalecimento da agricultura familiar de convivência com o semiárido e na construção de relações igualitárias entre homens e mulheres.
Para isso o CETRA procura frequentemente
aprimorar sua intervenção social e política junto ao publico de sua atenção. Fica, pois, o desafio de cumprir os compromissos assumidos, executando com qualidade a responsabilidade a construção de outras relações, de outra agricultura, que leve em conta a qualidade da produção e o cuidado com os recursos da natureza.
ANEXOS
60
I.
Carta
Política
do
II
Encontro
Territorial
de
Agroecologia
e
Socioeconomia Solidária – Sertão Central – Ce
O semiárido, de vida e possibilidades, é construído por nós, mulheres e homens, agricultoras e agricultores agroecológicos, apoiados e incentivados por organizações da sociedade civil organizada e organizações de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Por isso dizemos que o semiárido é lugar de gente feliz, que somos nós. Nesses dois dias em que nos reunimos no II ETA do Sertão Central, foram as experiências, depoimentos e partilhas de conhecimentos que nos fizeram reafirmar a solidez de um outro olhar e de um novo fazer no meio rural, alicerçado nos princípios da agroecologia e socioeconomia solidária, que acontece e se reproduz em cada quintal, em cada roçado, em cada casa, enfim, em cada
espaço em que nós, agricultores e agricultoras
agroecológicos nos desafiamos a viver e a construir outras formas de cuidar do nosso lugar. Aqui, no II ETA, reunimos 80 agricultoras e agricultores do Sertão Central e de vários municípios e regiões do Ceará, juntando com profissionais de entidades parcerias, para refletir sobre o tema: Experiências Agroecológicas Fortalecidas pelas Tecnologias Sociais no Semiárido. Nestes
dois
dias,
mergulhamos,
especialmente
nas
vivências de famílias agricultoras que protagonizam cotidianamente no meio rural experiências exitosas de convivência com o semiárido e de construção de conhecimento agroecológico. Das experiências, dos intercâmbios e dos debates, tiramos muitos ensinamentos, dos quais destacamos: 1.
As Tecnologias Sociais vem para ampliar e consolidar as
experiências
já
existentes
no
Semiárido,
incentivando
práticas
agroecológicas de famílias no Meio Rural; 2.
As Tecnologias Sociais fortalecem as estratégias das famílias
agricultoras nas suas terras e na relação com o seu território; 3. Frente as Adversidades climáticas, as Tecnologias Sociais incidem na resiliência dos agroecossistemas da Agricultura Familiar no Semiárido.
61
4. Valorização do Conhecimento das Famílias Agricultoras através da Sistematização de suas Experiências; 5.
Ampliação da produção de alimentos pela estocagem de água nas
suas mais diversas formas, pelas tecnologias sociais no Semiárido; 6. Recuperação dos Ecossistemas Naturais pela nova forma de relação com a terra, através de uma agricultura mais sustentável e biodiversa; 7.
Fortalecimento de relações igualitárias de gênero no meio rural;
8. O fortalecimento das feiras agroecológicas e solidárias, como forma de
viabilizar a geração de renda das famílias no meio rural; Saímos deste encontro, mais fortalecidos no nosso papel de
multiplicador para a construção do conhecimento agroecológico em nossas comunidades, cuidando e criando as tecnologias sociais como forma de conviver melhor com o semiárido, se preparando frente aos momentos difíceis e conscientes do nosso papel social. Temos o poder de promover as mudanças necessárias para melhorar a qualidade de vida de cada um e cada uma. Por isso denunciamos a ausência e/ou a fragilidade das políticas até hoje executadas pelo poder público de ações efetivas para convivência com o semiárido, principalmente nos momentos de seca. Assim, exigimos do poder público a efetivação de políticas públicas que façam a diferença na vida das famílias no meio rural. É por isso que saímos daqui levando conosco a luta de sempre: •
Defesa do apoio e ampliação das tecnologias sociais de estocagem para o Semiárido;
•
O combate à desertificação e incentivo às diversas práticas agroecológicas de Agricultores Familiares no Semiárido;
•
Garantia do direito das Famílias do Semiárido a Assistência Técnica permanente e de qualidade, de acordo com as normas da PNATER;
•
Permanência e Fortalecimento dos programas da ASA – Articulação do Semiárido Brasileiro, como o P1MC para as cisternas de placas e o P1+2 para as tecnologias de 2ª Água.
•
Inclusão dos municípios que estão fora do semiárido legal, no programa de cisternas de placas.
62
•
Defesa do direito a alimentação saudável em qualidade e quantidade.
•
Fortalecimento ao protagonismo e a organização dos agricultores familiares no Semiárido
•
Construção de propostas que minimizem os impactos de grandes obras para os povos tradicionais, como as mineradoras.
•
Segurança alimentar e alimentação saudável para todos/as;
•
Ampliação e fortalecimento de estratégias de estocagem e distribuição
de
sementes
crioulas,
tradicionais
e
da
sociobiodiversidade para uma política pública. •
Elaboração de estratégias e ações efetivas para a Agricultura Familiar, de convivência com o Semiárido;
Neste dia em que saímos às ruas da cidade de Quixeramobim em cortejo, expressando nossos saberes, nossa cultura e solidariedade, finalizamos o II ETA e nos juntamos aos milhares de agricultoras e agricultores experimentadores do semiárido brasileiro que, vivenciando a agroecologia, estão construindo uma nova realidade e uma outra forma de conviver com o Semiárido. Viva o Semiárido! Viva as Mulheres e os homens do Semiárido! Quixeramobim, 01 de novembro de 2012
II. Publicações
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Boletins de Compartilhando Experiências – Publicação do Caatinga com apoio da Rede ATERNE e MDA. Experiência de Arimatéia Mesquita (Trairí) e Maria Lindomar Queiroz (Quixeramobim). Textos: Margarida Pinheiro, Neila Santos e Joana Vidal (CETRA).
Boletim O Candeeiro (P1+2). Experiência de Ernesto e Dona Duca, agricultores do Assentamento Várzea do Mundaú (Trairí). Texto: Flavia Cavalcante (CETRA)
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Boletim de Informativo do CETRA, publicado periodicamente. Apresenta matérias jornalísticas sobre atividades realizadas pela instituição. Foram produzidas também edições especiais trazendo sistematização de experiências.
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