Transição Agroecológica no Território Maciço do Baturité: a experiência de Adriano Costa

Page 1

Tecendo Redes Boletim de Sistematização de Experiência Maciço de Baturité - Ceará | Março de 2017

Transição Agroecológica no Território Maciço do Baturité A experiência de Adriano Costa

Adriano Costa do Nascimento, 44 anos, vive na comunidade de Candeia dos Anselmos, distante 12 quilômetros da cidade de Baturité (CE). Ele é presidente da associação da comunidade desde 2010, participa do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e faz parte de um grupo de oito famílias agricultoras da comunidade onde plantam em roçado coletivo. Para ele é uma alegria poder contar um pouco da sua história e das práticas agroecológicas que vem experimentando. O agricultor é assessorado pelo CETRA através da chamada de ATER Agroecologia juntamente com demais famílias da comunidade. Adriano vem caminhando dentro do processo de transição agroecológica, o agricultor tem hoje um novo olhar em relação à terra. O seu trabalho ganhou um significado diferente: ele compreende que os alimentos, por exemplo, precisam ser melhor aproveitados e proporcionar saúde a quem cultiva e consome. Adriano mostra a diferença nos galhos da goiabeira antes tomados por ataques de insetos, e agora saudáveis por conta do uso dos bioprotetores. Do pequenino quintal brotam algumas frutíferas que alimentam a sua casa com cores e sabores variados. Nesse espaço encontramos goiabeira, laranjeira, mamoeiro, bananeira, jerimum, maxixe, pimentinha, milho crioulo. “No meu quintal tento fazer com que ele seja o mais natural possível, e sei que posso comer minhas frutas sem medo de me preocupar com veneno. Aqui o pedaço é bem pequeno, tenho pouco nesse pedacinho, pois não tenho terra, mas ten-


to plantar um pouquinho de cada coisa”, conta com satisfação Adriano. Ele diz, ainda, que se sente muito bem quando oferece uma fruta ou um suco para alguém, sabendo que ali não está colocando um copo com veneno para a pessoa. Adriano lembra que o período de estiagem contribuiu para que a produção caísse um pouco, mas mesmo com as dificuldades enfrentadas foi possível colher. Apenas a produção de hortaliças foi suspensa devido à estiagem. Já no que se refere a comercialização dos produtos, a maior parte da produção é para o autoconsumo. Mesmo assim, ele já comercializa feijão, fava e hortaliças dentro da comunidade. O agricultor relata que tudo que planta na terra ali dá e que a terra da comunidade é muito boa para variadas culturas. Guardião do milho vermelho da comunidade, Adriano é conhecido por preservar todo ano essa variedade. Do roçado sai milho amarelo, milho vermelho, feijão, fava colorida, tudo plantado utilizando as sementes próprias que ele mesmo estoca. Para ele, a manutenção das sementes crioulas é a identidade da comunidade e a sua preservação é importante para que ela não se perca. Adriano planta todo ano o milho vermelho com o intuito de preservar essa variedade que vem se perdendo. Ele conta que vem realizando alguns cuidados com o solo, mas reflete que esse cuidado vai além da nossa alimentação. É um respeito à terra e a tudo que ela nos oferece. “Eu deixo todo o mato na terra, eu não tiro e não queimo. Na minha roça, limpo na enxada. Não é tirado nada do mato, por que aí o solo vai aproveitar mais”, explica o agricultor. Adriano conta que, para caminhar nesse processo, passa também por alguns desafios dentro da comunidade, mas a busca pela garantia da segurança e soberania alimentar tem sido o combustível que o alimenta em sua caminhada. “A importância de trabalhar com agroecologia é porque sabemos que estamos consumindo um produto de boa qualidade”, afirma o agricultor, apesar de lembrar que alguns vizinhos ainda usam agrotóxicos em seus roçados. “Além do mais eu sei que não estou prejudicando o meio ambiente, eu não estou matando os insetos da natureza e nem animais que fazem parte da cadeia alimentar e estou mantendo o solo mais rico, mais forte. Um solo que vai produzir melhor”, diz com orgulho Adriano. Realização

Apoio Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.