SONETO Não vês, Nise, este vento desabrido, Que arranca os duros troncos? Não vês esta, Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta, Entre o horror de um relâmpago incendido?
Não vês a cada instante o ar partido. Dessas linhas de fogo? Tudo cresta, Tudo consome, tudo arrasa, e infesta O raio a cada instante despedido.
Ah! Não temas o estrago, que ameaça A tormenta fatal, que o Céu destina Vejas mais feia, mais cruel desgraça:
Rasga o meu peito, já que és tão ferina: Verás a tempestade que em mim passa: Conhecerás então, o que é ruína.
COSTA, Cláudio Manuel da In: CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: das origens ao Romantismo. 12. Ed. São Paulo: Difel, 1984. V.1. p. 177
1) - Podemos afirmar que, nos quartetos, o eu lírico descreve: a) os horrores de uma tempestade que cai como um castigo do céu. b) a destruição provocada por uma tempestade mandada por Deus. c) uma tempestade, alertando Nise sobre os perigos que podem sobrevir.