Literatura simbolismo

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O SIMBOLISMO


ORIGEM E CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SIMBOLISMO

O movimento simbolista é de origem francesa e seu marco é a obra As flores do mal (1857), do poeta Charles Baudelaire. As principais características:

o visão da poesia como forma de evocação de sentimentos e emoções; o exploração da musicalidade das palavras; o busca de palavras ricas em sugestões; o objetivo é sugerir, não descrever; o frequentes alusões a elementos que lembram rituais religiosos (incesto, altares, cânticos, anjos, salmos, etc) e dão a poesia um tom de misticismo e espiritualidade; o preferência por temas que tratam da morte, do destino, de Deus; o enfoque espiritualista da mulher, envolvendo-a num clima de sonho.


Charles Baudelaire (1821- 1867)


O SIMBOLISMO NO BRASIL

O ano de 1893 marca o inicio do Simbolismo no Brasil, quando ocorre a publicação de dois livros de CRUZ E SOUSA: Missal (poemas em prosa) e Broquéis (versos).

Cruz e Souza e Alphonsus de Gruimaraens são poetas simbolistas brasileiros mais importantes.


Por que o Simbolismo não suplantou o Parnasianismo?

O Parnasianismo foi um estilo literário que muitas vezes abusou da linguagem ornamentada e artificial. Apesar disso, vigorou durante muito tempo, desaparecendo só depois da década de 1920. Mas por que ele durou tanto? Segundo o crítico Alfredo Bosi: [...] O Parnasianismo é o estilo das camadas dirigentes, da burocracia culta e semiculta, das profissões liberais habituadas a conceber a poesia como “linguagem ornada”, segundo padrões já consagrados que garantam o bom gosto da imitação [...]

Bosi, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1994 p; 234 (fragmento)


Essa situação fez com que a rebuscada linguagem parnasiana fosse considerada uma espécie de língua literária “oficial” do Brasil, praticada por todos que se diziam intelectuais.

Era respaldada, ainda, pelo prestígio da Academia Brasileira de Letras, fundada no final do século XIX por 40 literatos, incluindo os três medalhões do Parnasianismo – Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira - , e da qual nenhum escritor simbolista jamais participou. Por isso, até hoje, em certos círculos sociais, falar bem é sinônimo de “falar difícil“, e fazer poesia é escrever de modo rebuscado com palavras pouco usuais. Desse modo, restrito a alguns escritores e limitado em sua divulgação, o Simbolismo no Brasil não conseguiu penetrar em ambientes literários mais amplos. Não pôde, assim, exercer o papel que tivera em outros países, onde abrira para inovações que levaram à poesia moderna.


Origem e características gerais do Simbolismo Origem francesa, com a obra As flores do mal (1857), Charles Baldelaire. Reação contra o materialismo e o positivismo. Resgatou o lado místico e espiritual da vida, explorou o imaginário, o misterioso território dos sonhos. Preferência por temas que tratam da morte, do destino, de Deus. Enfoque espiritualista da mulher, envolvendo-a num clima de sonho.

Escolha de palavras segundo a musicalidade e seu poder de sugestão. Frequentes alusões a elementos que lembram rituais religiosos.


O Simbolismo no Brasil

Cruz e Sousa ( 1861 – 1898)

Alphonsus de Guimaraens ( 1870 – 1921)

Angústia espiritual.

Poesia reflexiva e melancólica sobre a morte, a fugacidade da vida, os amores perdidos.

Também publicou poemas em prosa, explorando aliterações e sinestesias. Missal, Broquéis, Faróis, Últimos sonetos e Evocações.

Setenário das dores de Nossa Senhora, Câmara ardente, Dona Mística, Kiriale e Pastoral aos crentes do amor e da morte.


Augusto dos Anjos (1884 - 1914

Eu (1912)

Expressão poética muito original, com inúmeros termos tirados das ciências naturais.

Expressa com intensidade uma visão trágica da existência.

Temas: morte, decomposição da matéria, angústia que marca a condição humana.


CRUZ E SOUZA

O catarinense João da Cruz e Sousa nasceu em 1861, em Desterro, atual Florianópolis, e faleceu em 1898, no interior de Minas Gerais, onde tentava recuperar-se de tuberculose. Filho de ex-escravos, foi educado pelo casal Guilherme Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa, que adotou como filho. Por ter nascido no dia de São João da Cruz, recebeu o nome desse santo, e o sobrenome Sousa foi dado pela família que o criou. A angústia espiritual do poeta, aliada à discriminação racial e às dificuldades na vida familiar e profissional, marcou sua poesia de modo muito particular, fazendo dele o principal nome do Simbolismo no Brasil.


Além do Missal e Broquéis, Cruz e Sousa deixou os seguintes livros; Faróis, Últimos sonetos e Evocações. Em parceria com seu conterrâneo Virgílio Várzea (1863 – 1941), escreveu também Tropos e fantasias. Rompendo os limites do verso, criou ainda vários poemas em prosa, em que se reconhecem algumas características marcantes do Simbolismo, como aliterações e sinestesias.

A sinestesia é um recurso de estilo que consiste em associar, num só ato de percepção, dois sentidos ou mais, como veremos nos versos a seguir, em que os sons são associados a perfumes e luzes:


CRISTAIS Mais claro e fino do que as finas pratas O som da tua voz deliciava... Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava. Era um som feito luz, eram volatas Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades de cascatas... Tanta harmonia melancolizava. SOUSA, João da Cruz e. Broquéis. São Paulo: Edusp, 1994. p. 91. (Fragmento)


Glossário : Dolência: aflição, dor, sofrimento. Sonatas: composições clássicas; músicas instrumentais. Volatas: séries de notas rápidas, de tons rapidamente executados. Lânguida: suave.


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