SHORT COMMUNICATION
Algarve Médico, 2020; 15 (5): 36 - 37
Farmacovigilância no Algarve e Baixo Alentejo em 2020 César Costa¹ ¹. Unidade de Farmacovigilância do Algarve e Baixo Alentejo farmacovigilancia.ufalba@gmail.com
Introdução
2020 – O ano da pandemia
A Unidade de Farmacovigilância do
NNinguém – absolutamente ninguém
Algarve e Baixo Alentejo (UFALBA) foi
conseguiria prever um ano tão atípico
inaugurada a 12 de dezembro de 2016,
como o de 2020. A pandemia provocada
dando continuidade ao processo de
pelo novo coronavírus, detetado numa
descentralização do Sistema Nacional
cidade chinesa (Wuhan) no final de
de Farmacovigilância, com o objetivo de
2019, rapidamente espalhou-se pelos
promover uma maior proximidade do
quatro cantos do planeta, provocando
mesmo com os notificadores e combater
um autêntico terramoto a nível social,
o assumido problema da subnotificação.
económico e financeiro, cujas réplicas
A UFALBA resulta de uma parceria entre
estão ainda hoje a ser sentidas. Foi
o INFARMED, I.P. e o ABC – Algarve
absolutamente assombroso assistir à
Biomedical Center e funciona sob
forma como um agente infecioso invisível
coordenação da Direção de Gestão do
mudou tão abruptamente o nosso
Risco de Medicamentos
quotidiano, criando novas necessidades,
(DGRM – INFARMED).
alterando valores materiais e modificando
controlo desta pandemia.
A UFALBA é responsável pela recolha
as prioridades de povos e nações inteiras.
Ao contrário do que seria esperado e
sistemática da informação relativa
Esta nova realidade criou,
tendo em conta todos os fatores externos
a suspeitas de reações adversas a
obrigatoriamente, uma necessidade de
medicamentos (RAM) nos distritos de
adaptação quase imediata de todos os
Faro e Beja (cerca de 593.296 habitantes),
setores a esta nova forma de quotidiano.
bem como do processamento e análise
As atividades de Farmacovigilância não
científica dessa informação, nos termos
foram exceção e foi necessário, em tempo
verificamos na figura 1.
resultantes das normas e diretrizes
record e sem planeamento prévio, adotar
Adicionalmente, verifica-se uma linha de
nacionais e comunitárias, designadamente
medidas rápidas e eficientes para garantir
tendência ligeiramente crescente, estando
pela sua comunicação aos outros Estados
a continuidade das notificações de
em linha com o crescimento constante
Membros e à Agência Europeia de
suspeitas de reações adversas e restantes
da UFALBA. Os resultados positivos que
Medicamentos (EMA).
atividades de formação e divulgação do
foram obtidos são, possivelmente, fruto
É também competência da UFALBA a
Sistema Nacional de Farmacovigilância.
da combinação da rápida adaptação
implementação das medidas de segurança
Concretamente, as reuniões internas
da UFALBA a este novo paradigma e da
adequadas de modo a minimizar os riscos
foram substituídas por videoconferências,
e proceder à comunicação e divulgação
as visitas aos diversos estabelecimentos
de outra informação pertinente aos
e instituições foram substituídas por
profissionais de saúde, doentes e público
chamadas telefónicas e e-mails e as
em geral. A UFALBA providencia também
atividades formativas foram adaptadas
formação no âmbito da Farmacovigilância
em formato de webinars. Foi também
e segurança dos medicamentos, no
reforçada a presença da UFALBA nas redes
sentido de sensibilizar e consciencializar
sociais (através das diferentes ferramentas
todos os formandos para a importância e impacto desta atividade na saúde pública.
36
de social media), de modo a transmitir ao máximo de pessoas possível que as atividades de Farmacovigilância também estavam “On”. As diversas plataformas das redes sociais desenvolveram um papel importante na disseminação de informação credível e cientificamente correta relativa à segurança dos diversos medicamentos que foram sendo utilizados no combate à pandemia. No entanto, as mesmas redes sociais foram também fonte de muita desinformação, teorias de conspiração e fake news que certamente provocaram um impacto negativo no
e adversidades, os indicadores e resultados de atividade da UFALBA mantiveram-se estáveis. Um desse indicadores é, por exemplo, o n.º de notificações mensal, que
preciosíssima contribuição de todos os Profissionais de Saúde que, apesar das dificuldades que certamente sentiram nos seus locais de trabalho, não esqueceram a importância de notificar suspeitas de RAM (representaram cerca de 96% do total de notificações rececionadas na UFALBA).