n.11 - Sept, 2018
“I write what I would want to read if I were an adolescent” by Paula Veneroso
Por Paula Veneroso
Fun and thoughtful questions directed at writer Thalita Rebouças – who responded with warmth and enthusiasm – brought the 2018 edition of the Book Fair (“One World, Many Stories”) to a close on Saturday, September 1st. Before the discussion, high school students from Drama Club, directed by teachers Ana Inglesi and Maxine Baines, evoked smiles and laughter with their performance of a skit from one of Thalita’s novels, “Fala sério, professor!”
Perguntas inteligentes e divertidas dirigidas à escritora Thalita Rebouças – que as respondeu com entusiasmo e bom humor – encerraram a edição 2018 da Book Fair (“Um Mundo, Muitas Histórias”) no sábado, 1º de setembro. Antes do batepapo começar, os alunos do Clube de Teatro, dirigidos pelas professoras Ana Inglesi e Maxine Baines, fizeram o público dar boas risadas com um esquete retirado de “Fala sério, professor!”, um dos livros de Thalita.
Interacting amicably with everyone in attendance, Thalita graciously signed autographs before taking the stage to discuss her journey to become a writer. She explained the inspiration for her novels (she has published 22 in her 18-year career), detailed some upcoming projects, and finally, responded to questions from the audience.
Extremamente à vontade entre o público, Thalita atendeu amistosamente a todos os pedidos de fotografias e, em seguida, subiu ao palco para contar um pouco da sua trajetória como escritora, revelar de onde surgem as ideias para escrever os livros (são 22 publicados em 18 anos de carreira), quais são seus projetos futuros e, claro, responder às perguntas do The author began by recalling how, 18 years ago, she left a público. promising career in journalism to chase her childhood dream: writing novels. After her first book (“Traição entre amigas”) was A escritora começou contando que, 18 anos atrás, deixou uma written for young adults, she said that, surprisingly, adolescents promissora carreira como jornalista para realizar um sonho de were the most able to relate to her story. “I often say that infância: escrever livros. Apesar de seu primeiro livro (Traição adolescents chose me,” Thalita said. “They see me as an older
sister, as somebody who they can trust.” Moreover, she said that it is incredible to hear adolescents say that they started to love reading after discovering her books. “It’s so great to play a part in people’s lives during this phase – where everything is so intense, where they have so many doubts – and to know that I am able to help kids develop the habit of reading is incredibly gratifying.” Thalita explained that everything she writes is personal, mixing imagination and reality: “I can guarantee that every character I create contains a little bit of me.” Despite wanting to quit, Thalita persisted in her dream of becoming a writer and now shares advice for those hoping to follow a similar path. “The success of my novels is a consequence of my perseverance. As I often tell kids and adolescents, do not to give up on your dreams, even if nobody else believes in them.” She added, “The first step in becoming a writer is to write; it does no good to have great ideas if you don’t get them down on paper. Then, read a lot, to improve your vocabulary and writing.” Finally, she advised young writers to seek different platforms for publication, to show their faces, and to take advantage of the internet as a way of sharing their work. “Today, I consider myself privileged to make a living off of my books. Here in Brazil, it is very difficult: people tend to read very little, an average of only three books per year.” Thalita said that her biggest motivation for writing stemmed from the fact that kids and young people said they did not like to read. Three authors that made her love to read served as her inspiration: Fernando Sabino, João Ubaldo Ribeiro e Luís Fernando Veríssimo.
entre amigas) ter sido escrito para um público de jovens adultos, ela conta que, surpreendentemente, quem mais se identificou com sua literatura foram os adolescentes. “Eu costumo dizer que os adolescentes me escolheram. Eles me veem como uma irmã mais velha, alguém em quem podem confiar”, comenta. Mais do que isso, ela diz que é incrível ouvir adolescentes dizerem que começaram a gostar de ler a partir dos seus livros. “É tão legal fazer parte da vida dessas pessoas numa idade em que tudo é tão intenso, em que eles têm tantas dúvidas, e saber que influenciei jovens a adquirirem o hábito da leitura é muito gratificante”. Nem tudo que a autora escreve aconteceu realmente com ela, pois é uma mescla de imaginação e realidade sempre. Já com relação às personagens, ela explica: “Mas eu posso garantir que cada personagem que crio tem um pouquinho de mim”. Apesar de já ter tido vontade de desistir, ela conta que persistiu no sonho de ser escritora e aconselha aqueles que querem seguir esse caminho. “O êxito dos meus livros tem a ver com a minha perseverança. Eu costumo dizer para crianças e adolescentes não desistirem dos seus sonhos, mesmo que ninguém acredite”. E continuou: “O primeiro passo para quem quer escrever é escrever, não adianta ter ótimas ideias e não colocar no papel. Depois, ler muito, para adquirir vocabulário e escrever melhor”. Por fim, ela aconselha os futuros escritores a buscarem plataformas para publicação, diz para mostrarem a cara e aproveitarem a web para divulgar o trabalho. “Hoje eu me considero uma pessoa privilegiada por conseguir viver de livros no Brasil, aqui é muito difícil, lê-se muito pouco, uma média de apenas 3 livros por ano”, complementa. Thalita revela que sua maior inspiração para escrever foi justamente o fato de ouvir crianças e jovens dizerem que não gostavam de ler. Sua inspiração veio também de três escritores que, segundo ela, a fizeram gostar de ler: Fernando Sabino, João Ubaldo Ribeiro e Luís Fernando Veríssimo. Ao ser questionada sobre seus sonhos, ela respondeu que gostaria de ver seus livros publicados em mais países – atualmente são 20 –, mas que um grande sonho é que o preço dos livros seja reduzido para que mais pessoas tenham acesso à leitura. Quando uma aluna perguntou se ela já ficou sem ideias, Thalita respondeu que este é o seu maior medo – e, brincando, bateu três vezes na mesa –, mas que até hoje ideias nunca lhe faltaram. Ela comentou que as histórias dos livros
When questioned about her dreams, Thalita responded that she aspires to be published in more countries – her work has currently been published in 20 – but that her biggest dream is to see the price of books reduced, granting wider access to literature. When one student asked Thalita if she ever ran out of ideas, she said that this was her greatest fear, but she said (knocking three times on the wooden table as the superstition says) that to this day, it has never happened. She commented that ideas emerged naturally – sometimes complete, with a beginning, middle, and end, but other times in fragments, in the form of a character or a situation that she then has to develop.
surgem naturalmente, às vezes prontas, com começo, meio e fim, e em outras ocasiões de maneira mais fragmentada, na figura de um personagem ou de uma situação – e a partir daí ela vai desenvolvendo o enredo. Disse que realiza pesquisas, principalmente quando toca em temas como bullying ou preconceito – presentes em seus últimos trabalhos –, e que, apesar de não ter hora certa para registrar uma ideia, tem disciplina para escrever: “Depois do almoço, sento em frente ao computador e desenvolvo as ideias que tive, às vezes escrevo dez horas seguidas”. E complementa: “Quando escrevo, sou uma adolescente de 14 anos, eu escrevo o que gostaria de ler se tivesse essa idade. Mas na hora de revisar, sou uma escritora de 43”. Thalita leva, em média, seis meses para escrever um livro, e contou que seu hábito de revisar diversas vezes seus textos lhe permite nunca se arrepender daquilo que publica. Ela aproveitou o bate-papo para adiantar que está terminando de escrever Confissões de uma garota linda, popular e secretamente infeliz (o terceiro da série “Confissões”), em que trata de transtorno alimentar, e por isso pesquisou sobre o tema e conversou com psicólogos e psiquiatras, “para não errar”.
Thalita also said she conducts research, especially when addressing themes like bullying and prejudice – present in her recent work – and that, despite not having a specific time to record ideas, she has discipline to write: “After lunch, I sit in front of the computer and develop the ideas that I have, sometimes writing for 10 hours straight.” She added, “When I write, I am a 14-year-old girl. I write what I would like to read if I were that age. But when I revise, I am a 43-year-old author.” Thalita said that she takes, on average, six months to write a novel, but that she revises so frequently that she has never regretted anything she has published. She mentioned that she is currently working on “Confissões de uma garota linda, popular e secretamente infeliz” (the third in the “Confissões” series), which involves an eating disorder. Thalita said she has conducted research and A escritora disse ter-se sentido muito feliz com o convite da talked with psychologists and psychiatrists to makes sure she Chapel e agradeceu a oportunidade de poder conversar com os alunos: “A possibilidade de olhar nos olhos dos meus leitores “does not get it wrong.” é sempre muito gratificante porque eles me conhecem, mas
The author said that she was thrilled to have been invited to Chapel, and thanked the school for the opportunity to talk with students: “The possibility to look my readers in the eye is always very gratifying, because they know me, but I don’t know them [personally]. So, for me, it is a unique opportunity when I have a chance like this. I really enjoyed the students’ questions,” she concluded. Art on paper and music in the air
eu não os conheço [pessoalmente]. Então, para mim, é uma oportunidade única quando eu tenho uma chance como esta. Amei as perguntas dos alunos”, finalizou. Arte no papel e canções ao pé do ouvido A manhã do sábado teve ainda outras diversões além da conversa com a escritora carioca. Pais e filhos participaram da oficina de artes, que este ano ofereceu atividades de dobradura e colagem em papel. “O tema deste ano foi Paper Cut and Folding, e, a partir de papéis coloridos e de tamanhos variados, crianças e pais criaram juntos. “Como sempre, foi um sucesso”, afirmou a professora de artes Sylvia Almeida.
Saturday morning had other festivities, in addition to the discussion with the author from Rio de Janeiro. Parents and children participated in an art workshop, which this year focused eon paper crafts. “The theme this year was paper cutting and folding. With colorful paper of varying sizes, kids and their parents created art together. As always, it was a success,” Lilian Jorio divertiu-se com as filhas na oficina. “Acho muito affirmed art teacher Sylvia Almeida. importante esse momento em que pais e filhos fazem atividades juntos. Participo todos os anos com minhas filhas, Lilian Jorio enjoyed the workshop with her daughters. “I think que adoram realizar as atividades”, comentou a mãe de Larissa these moments where parents and their children work together (1º ano) e Luisa (4º ano). are really important. I participate every year with my daughters, who love the activities,” said the mother of Larissa (1st grade) Enquanto as famílias se divertiam na oficina, visitavam os and Luisa (4th grade). estandes de livros e tomavam um lanche, as contadoras do grupo Garotas do Conto passeavam entre o público contando While the families enjoyed the workshop, visited the book stands, and enjoyed snacks, members of the group “Garotas do breves histórias e interpretando canções populares. Conto” circulated among the crowd singing brief stories and and their covers of popular songs.