Inside Chapel #23 Português

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INSIDE

CHAPEL Edição 23 - Setembro de 2021 / ISSN 2527-2160

TRANSFORMANDO VIDAS Alcione Albanesi e o projeto Amigos do Bem

APRENDIZADO INTEGRAL Os destaques da Educação Infantil da Chapel

EMPREENDEDORISMO SOCIAL Ex-aluna Fabiana Saad dedica-se à capacitação feminina

SOMOS UM TIME Crônica de Ana Paula Henkel

MULHERES EM ASCENSÃO A jovem executiva Lisiane Lemos é uma das mais potentes vozes pela igualdade de gênero no mundo corporativo


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SUMÁRIO

Pe. Lindomar Felix da Silva OMI, Provincial dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada da Província do Brasil

P

rezados(as) leitores(as) da revista Inside Chapel, com alegria apresento-lhes o presente exemplar que fazemos chegar às vossas mãos. Já abriremos com um texto impactante, mostrando a trajetória vitoriosa de uma batalhadora jovem de apenas 31 anos de idade que vem conquistando seu lugar ao sol, destacando-se no terceiro setor, e ajudando a derrubar os muros que erroneamente erguemos historicamente, movidos muitas vezes por machismo, preconceito e discriminação que em nada ajudaram a sociedade hodierna. E seguindo na esteira da valorização de experiências que transformam vidas, e são sinais de esperança, é que também temos a grata satisfação de trazer a linda história de Alcione Albanesi, que preside a famosa ONG Amigos do Bem, responsável por levar muita esperança àqueles que historicamente conhecemos como sendo as vítimas da seca, na região nordeste do Brasil. Toda boa árvore que se preza é famosa por gerar, sempre, bons frutos. E com a árvore Chapel isso não é diferente; e é nesse sentido que você, leitor(a), terá a oportunidade de conhecer a história de sucesso de uma de nossas ex-alunas, a bem sucedida empreendedora social Fabi Saad. Vocês verão que a Chapel a alçou de uma maneira tão elevada que, no seu relato, é possível percebermos que até os dias de hoje ela deve o que tem, e o que é, à Chapel School. Todos vocês terão a oportunidade de desfrutar de uma história de sucesso e que nos enche de muita alegria, pois é feedback que nos garante que estamos verdadeiramente no caminho certo. Passado esse momento, vocês terão a oportunidade de conhecer um pouco de como se dá a organização e aplicação do Ensino Infantil, destinado às crianças na Chapel School. Possuímos um programa muito bem organizado, e que tem à sua frente profissionais renomados com graduação e pós-graduação nas melhores e mais respeitadas instituições educacionais do mundo, justamente porque, quando o que está na ordem do dia é formar bem os filhos de quem os confia a nós, não brincamos, investimos para bem prepará-los para o futuro que os espera. Nesta edição especial, em que buscamos valorizar o talento e a importância da figura feminina na sociedade, temos a enorme alegria de contar com um belíssimo texto de autoria de Ana Paula Henkel, que nos conduz exatamente a essa reflexão, acerca do papel delas numa sociedade tão marcada ainda, infelizmente, pelo pensamento exclusivista

e menosprezador acerca da importância delas para nós. Ana Paula foi muito feliz na sua reflexão, ao fazer uma análise muito isenta e abalizada, sabendo ponderar com equilíbrio e sabedoria ambos os lados da questão, e mostrando os prós e contras existentes ao longo da história, e que justificam o modelo de sociedade que temos na atualidade. A máxima da sociedade que preza por colocar em prática o propósito de fazer o bem sem olhar a quem cresceu imensamente neste tempo de pandemia, e na Chapel School não foi diferente. Por isso, abrimos alas nesta edição para revelarmos ações sociais que vêm transformando muitas vidas, acendendo a chama da esperança que estava quase apagada na vida de tantos brasileiros e estrangeiros, sobretudo quando nos sobreveio, em março de 2020, esta pandemia que, infelizmente, ainda não superamos por completo. Tão grande e desafiadora quanto a pandemia, também mostrou-se a disposição de nossos jovens estudantes de transformar em ação social tudo aquilo que aprendem como verdadeiros valores todos os dias dentro de nossa conceituada instituição educacional. Destacamos nesta edição, também, algumas iniciativas culturais, como recitais de música, palestras destinadas às famílias, exposição de estudos e descobertas científicas marcantes feitas por mulheres, mostrando que nem só de momentos tristes, como estes proporcionados pela pandemia, é tecido o mosaico da vida. E, para fechar o presente número de nossa revista informativa, seguindo a linha cultural de sucesso, destacamos nossos jovens desportistas de distintos esportes, tais como vela, equitação e futebol, para, expondo suas conquistas e histórias de vida, estimular outros jovens, moças e rapazes, a também verem no esporte um dos caminhos de realização pessoal e, quem sabe, até profissional, no futuro. Desta forma, já à guisa de conclusão, vou me despedindo e desejando que este lindo número da Inside Chapel, marcado pelo protagonismo de tantos jovens e bonitos talentos, seja motivador para cada um(a) de vocês que lerão. Vivemos tempos muito difíceis. Porém, uma coisa a presente edição que chega às vossas mãos também mostrará: quando se tem um projeto de vida alicerçado num sonho que lutamos para alcançar, nenhum empecilho nos impede de lá chegarmos no, dito, ponto mais alto do pódio. E é justamente esse o sonho que move, há setenta e quatro anos, toda a equipe que forma a grande Família Chapel School. Boa leitura e que Deus abençoe a todos(as)!!!


EXPEDIENTE INSIDE CHAPEL É UMA PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA CHAPEL SCHOOL WWW.CHAPELSCHOOL.COM

CONSELHO EDITORIAL: Miguel Tavares Ferreira, Marcos Tavares Ferreira, Adriana Rede e Luciana Brandespim EDITORA: Paula Veneroso MTB 23.596 (paulaveneroso@gmail.com) ASSISTENTE EDITORIAL: Fernanda Caires (publications@chapelschool.com) COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Adriana Calabró, Ana Paula Henkel, Maurício Oliveira e Paula Veneroso FOTOS: Acervo Amigos do Bem, Arquivo Chapel, Chico Audi, Paulo Barros e Reinaldo Borges DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Vitor de Castro Fernandes (design.vitor@gmail.com) TRADUÇÕES: Chapel School IMPRESSÃO: Eskenazi


EDITORIAL

Ms. Juliana Menezes, Chapel Elementary School Principal

É

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um prazer imenso trazer a vocês a 23ª Edição da Inside Chapel. O propósito da revista sempre foi o de oferecer às famílias visão e apoio para a educação de suas crianças. Na Chapel School, o início do semestre encheu nossos corações de alegria e esperança, assim que retornamos às aulas presenciais no campus, dando as boas-vindas a todos nossos estudantes! Estamos muito orgulhosos com o alto número de recém- matriculados. Por causa deles, temos entre nós mais de noventa novos estudantes de nove países diferentes, compondo o corpo discente deste ano letivo. O número crescente de estudantes matriculados reflete as nossas fortes práticas de ensino, nosso currículo rigoroso, nossas altas expectativas no ensino e no aprendizado, e nossos relacionamentos desenvolvidos ao longo do tempo. Além disso, estamos em um campus de qualidade excepcional. Este será o meu décimo ano aqui na Chapel School e estou felicíssima por fazer parte desta edição, que dará destaque ao Early Childhood Education Center – onde a vida escolar começa. Aqui temos a oportunidade de ver as crianças adaptando-se ao colégio, construindo relacionamentos, fazendo amigos e mantendo amizades, adquirindo habilidades linguísticas e aritméticas, começando a leitura e a escrita, fazendo a transição para o Elementary School e progredindo para o High School. Passei sete anos da minha jornada na Chapel School no ECEC, primeiro como professora e, em seguida, como diretora do ECEC. Posso assegurar que o amor, cuidado, empenho e dedicação investidos nas escolhas do programa e na rotina dos estudantes são imensuráveis. Nesta edição vocês lerão mais sobre as crenças e práticas da Chapel quanto aos anos iniciais dos educandos, e serão apresentados à Ms. Emanoelli do Valle, atual Coordenadora do ECEC. Nossa missão para nossos mais jovens educandos é fomentar e cultivar o aprendizado intrínseco. Por meio da chama de sua curiosidade, de seu interesse e amor por aprender, e por via de experiências sensoriais concretas associadas ao estabelecimento intencional de relacionamentos saudáveis, nós: Engajamos. Desafiamos. Apoiamos. Cuidamos. Preparamos estudantes para a vida.


COLABORADORES

ADRIANA CALABRÓ [Potência Transformadora, p. 09] É jornalista, escritora e roteirista. Foi premiada nas áreas de comunicação (Best of Bates International, Festival de NY, Clube de Criação) e literatura (Selo Puc/Unesco Melhores livros de 2017, ProAc – bolsa de literatura, Prêmio Off-Flip – finalista, Prêmio João de Barro – 1º lugar, Prêmio Livre Opinião – finalista e Prêmio Paulo Leminski – finalista). Idealizou e atua desde 2005 como facilitadora da Oficina de Escrita Criativa Palavra Criada (palavracriada.com.br). ANA PAULA HENKEL [Mulheres fortes não demonizam os homens, p. 35] Pesquisadora associada do Instituto Ronald Reagan, arquiteta e analista política. Ex-atleta, atuou pela Seleção Brasileira de Voleibol e disputou quatro Olimpíadas. Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, Estados Unidos, pelo vôlei de quadra. Bicampeã mundial no vôlei de praia. Vive em Los Angeles, onde cursa Ciência Política pela Ucla e é professora de cursos sobre história americana. É colaboradora da Rádio Jovem Pan e colunista da Revista Oeste. MAURÍCIO OLIVEIRA [Formação que deixa marcas, p. 30] É jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com mestrado em História Cultural e doutorado em Jornalismo pela mesma instituição. Trabalhou como repórter do jornal Gazeta Mercantil e da revista Veja. Há 15 anos atuando como freelancer, escreve com regularidade para veículos como Valor Econômico e O Estado de S. Paulo. É autor de 15 livros, incluindo as biografias Patápio Silva, o Sopro da Arte, Garibaldi, Herói dos Dois Mundos e Pelé 1283.

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PAULA VENEROSO [“O impacto que desejo causar na sociedade é no ambiente corporativo. É onde a mudança pode acontecer”, p. 19, e Educação Infantil: explorar para transformar, p. 14] É editora da Inside Chapel. Jornalista e mestre em Língua Portuguesa pela PUCSP, atuou como revisora, redatora e repórter nas revistas Veja, Veja São Paulo e no jornal Folha de S.Paulo. Atualmente, é professora de Técnicas de Reportagem e de Redação Jornalística em cursos de graduação, além de atuar na produção e edição de reportagens para mídias impressas e digitais.


SUMÁRIO

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AMIGOS DO BEM

INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA

Projeto de Alcione Albanesi é destaque no combate à fome e à pobreza no Nordeste brasileiro.

Educação Infantil da Chapel estimula o desenvolvimento de habilidades para a vida.

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Entrevista exclusiva com Lisiane Lemos, executiva da Google e criadora do projeto Conselheira 101.

Ex-aluna Fabiana Saad conta como a Chapel influenciou todas as áreas de sua vida.

IGUALDADE DE GÊNERO

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MULHERES POSITIVAS

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CRÔNICA

SPOTLIGHT

A esportista e comentarista Ana Paula Henkel fala sobre mulheres fortes.

Alunos lideram projetos sociais, lançamento do vídeo do V Recital de Música, webinários de Leo Fraiman e evento com mulheres cientistas. O que foi notícia na Chapel.

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Conheça cinco alunos que se destacam nos esportes, grêmios e clubes da Chapel.

Registro de eventos importantes da comunidade escolar: posse dos alunos no NHS e NJHS, festividades da Spirit Week, Fun Day do 6º ano, e atividades de encerramento do ano letivo do ECEC.

TALENTOS & PAIXÕES

GALLERY


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PERFIL – ALCIONE ALBANESI

Por Adriana Calabró Fotos: Chico Audi e Acervo Amigos do Bem

POTÊNCIA TRANSFORMADORA

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uem ouve Alcione Albanesi falar sobre o projeto Amigos do Bem em um auditório, de modo profissional, percebe que é uma mulher de energia efusiva, pulsante nas ideias e nas palavras, absolutamente comprometida com seu papel de presidente da instituição. Mas quem a vê em ação, de mãos dadas com crianças nos rincões do Nordeste, na linha de frente do combate contra a fome e a pobreza, entende que o seu papel como cidadã e sua visão de solidariedade vão muito além de um cargo ou título. É pura potência em movimento. Essa força observada em Alcione, é preciso dizer, não nasceu por acaso. Ela aprendeu a valorizar o trabalho voluntário e a dedicar sua inesgotável energia aos mais necessitados com Dona Guiomar, a matriarca da família. “A minha mãe é uma inspiração para mim. Sempre digo que ‘o bem se ensina’, e comigo foi exatamente assim. Desde pequena acompanhava minha mãe no trabalho social. Nas férias, cuidava das crianças que viviam nas creches que ela construiu”, conta. O mais interessante é que o legado de Guiomar Albanesi continua nas gerações seguintes, pois os netos da matriarca também são engajados no projeto e acompanham Alcione ao sertão nordestino desde a primeira viagem. “Eu vim de uma família de classe média, que conquistou tudo com muito trabalho. Meu pai era construtor, minha mãe nasceu no interior de Presidente Prudente. Estudamos em escola privada, mas acredito que o conhecimento mais importante foi o transmitido por eles: princípios e valores”, esclarece Alcione.

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COM UMA SÓLIDA FORMAÇÃO VOLTADA PARA O BEM COMUM, ALCIONE ALBANESI TRILHA UM CAMINHO DE FORÇA, RESILIÊNCIA E CONQUISTAS COM A INSTITUIÇÃO AMIGOS DO BEM. TRANSFORMAR VIDAS E CONSTRUIR O QUE PARECIA IMPOSSÍVEL SÃO AS SUAS ESPECIALIDADES


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“MUITAS PESSOAS FALAM QUE É PRECISO ‘NÃO SOMENTE DAR O PEIXE, MAS ENSINAR A PESCAR’, MAS EU SEMPRE RESPONDO: ‘EM RIO SECO NÃO SE PESCA’”


esse dom para negociar continua, mas sua verve é direcionada para multiplicar os investimentos em outros setores: o da vida e o da esperança. Um olhar para a realidade O trabalho da instituição Amigos do Bem tem 27 anos e começou de uma forma espontânea. Em 1993, Alcione Albanesi e mais vinte amigos partiram para uma viagem com destino ao sertão nordestino, onde puderam ver a triste realidade que se apresentava. Famílias inteiras sem comida, água, ou qualquer possibilidade de trabalho. “Encontramos um país diferente daquele em que vivíamos e, durante anos, levamos recursos para diminuir o sofrimento das pessoas do sertão”, conta ela. A partir de 2002, os projetos tomaram corpo e o grupo liderado por ela decidiu transformar vidas de uma forma mais sólida, sempre aprendendo com erros e acertos e adotando uma postura de irmandade. “Nos aproximamos da linguagem dos sertanejos, sempre por meio do sentimento, do amor e, acima de tudo, de uma convivência próxima com as famílias. As ações foram criadas a partir do contato gerado no dia a dia com essas pessoas”. Ao longo desse tempo de atuação, ficou claro que era preciso, inicialmente, um trabalho de base, levando água e alimento para garantir a sobrevivência e, na sequência, atendimentos médicos e construção de casas para que as pessoas pudessem viver com dignidade. “Muitas pessoas falam que é preciso ‘não somente dar o peixe, mas ensinar a pescar’, mas eu sempre respondo: ‘em rio seco não se pesca’. A pobreza do sertão e a miséria são tão profundas e seculares que, em paralelo, nós precisamos dar recursos básicos para que as pessoas possam sobreviver e, assim, se desenvolver”, explica a fundadora. Os números que o Brasil quer ver Quem não gosta de ver uma liderança que preza pela governança, transparência, boa comunicação, além de uma reconhecida aptidão para levantar fundos? Para o Instituto

Doar esses são os requisitos para premiar as melhores ONGs do ano e, em 2020, a Amigos do Bem foi eleita a melhor organização do terceiro setor. Os números mostram que essa conquista não é apenas simbólica, mas comprovada. Foram 75 mil pessoas atendidas todos os meses do ano passado, em 140 povoados de Alagoas, Pernambuco e Ceará, e 10 mil crianças e jovens nos quatro Centros de Transformação, contando com 180 mil refeições servidas todo mês. No suporte, havia mais de 10.300 voluntários em atividade tanto na arrecadação, como trabalhando in loco, no sertão. E não é só isso. Se a questão é “ensinar a pescar”, foram mais de 1.100 empregos gerados em plantações, na fábrica de beneficiamento de castanha de caju, nas oficinas de costura e artesanato e nas fábricas de doces e mel. Sem contar os educadores e os que trabalham em postos administrativos, fazendo girar essa grande roda de solidariedade. Água limpa e moradia também não faltaram, pois foram 123 cisternas e 50 poços artesianos perfurados, e mais de 540 casas construídas. Na saúde e educação superior os resultados também impressionam. São tão notáveis como a vontade de quem atravessa centenas de quilômetros para ajudar as pessoas: mais de 187 mil atendimentos médicos e odontológicos no último ano e mais de 500 bolsas de estudo para a faculdade. “Ficamos felizes com este reconhecimento, mas o nosso maior prêmio é ver a transformação na vida de milhares de pessoas. Nosso lema é ‘se não posso fazer tudo que devo, devo, ao menos, fazer tudo o que posso”, comenta Alcione sobre o prêmio. Um ciclo sustentável O nome da instituição comandada por Alcione Albanesi é bem sugestivo, pois realmente reúne vários tipos de pessoas, empresários, voluntários, trabalhadores que têm em comum uma única vontade: a de fazer o bem. E se o projeto catalisa tanto entusiasmo é porque oferece formas bastante pragmáticas de ajudar, o que faz com que todos enxerguem

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Mas afinal, o que é o Amigos do Bem? Talvez a melhor resposta seja uma imagem, de uma das ações que aconteciam com frequência antes da pandemia, em supermercados da cidade. Uma legião de voluntários, pessoas sorridentes e uniformizadas, de várias classes sociais, idades e regiões de São Paulo se alinhavam junto aos caixas. Conversavam com as pessoas, contavam com orgulho sobre o trabalho realizado no sertão nordestino e sobre como milhares de pessoas seguiam sendo beneficiadas com as doações. O discurso contagiava muitos dos clientes, que incluíam em seu carrinho mais alguns itens para serem doados e enviados para quem precisava. A impressionante força-tarefa lotava os caminhões do projeto, que seguiam para o Nordeste com os alimentos. A realidade mudou de forma compulsória e, em tempos de isolamento social, o Amigos do Bem teve de mudar a estratégia de arrecadação usando a internet e as redes sociais. Mas aquela cena inicial, a do “corpo a corpo” no supermercado, diz muito sobre o espírito do projeto idealizado por Alcione Albanesi e serve como base para que as ações online se fortaleçam. Afinal, ela e seu time acreditam que é por meio da conexão humana e da ação engajada que são construídas pontes entre duas realidades tão diferentes. A urbana, das compras de mês e supermercados cheios, e a do sertão, onde muitas pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. Vale dizer que, embora hoje Alcione viva de forma integral sua vocação nos Amigos do Bem, conquistando resultados mais do que expressivos em termos de transformação social, antes ela precisava conciliar todas as atividades beneméritas, que sempre estiveram na sua trajetória, com a agitada vida de empresária. Foi proprietária de uma indústria de lâmpadas por muitos anos, conquistando, inclusive, os executivos parceiros que, vendo o seu exemplo, também aderiram ao projeto. Desde adolescente, tinha a vocação para fazer negócios e fez história no mercado corporativo, sendo uma das pioneiras a estabelecer relações com a China. Hoje,

PERFIL – ALCIONE ALBANESI

“DEPOIS DA MINHA PRIMEIRA VIAGEM AO SERTÃO, EU JÁ SABIA QUE JAMAIS SERIA A MESMA PESSOA. EU PRECISAVA TRANSFORMAR A INDIGNAÇÃO EM AÇÃO”


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não apenas a caridade, mas todo um modelo de desenvolvimento social que traz soluções a longo prazo. “Atuamos em todas as áreas da vida das pessoas, ou seja, na educação, no trabalho e geração de renda, e ainda na base da sobrevivência”, descreve Alcione. Pode-se ter uma ideia da infinidade de recursos necessários para manter um projeto como esse, que atende nada menos do que 11 dos 17 objetivos do desenvolvimento social da ONU. São 75 mil pessoas acompanhadas, do recém-nascido ao idoso, em uma região extremamente distante e de difícil acesso. “Ainda assim nós sabemos que é possível transformar. Os quase trinta anos de trabalho nos mostram isso, mas contamos com a solidariedade de muitos para levar oportunidades ao sertão, desde a educação para crianças e jovens até o trabalho e renda para homens e mulheres em um ciclo de dignidade”,

completa Alcione que deseja aumentar cada vez mais a autossustentabilidade financeira do projeto. E por falar em ciclos, algumas histórias ilustram perfeitamente essa continuidade. É o caso de Bruna Carvalho, educadora do Centro de Transformação de Alagoas, acompanhada de perto por Alcione: “Quando tinha sete anos, ela passava sede e fome e hoje é multiplicadora do bem. Depois de receber uma bolsa para a faculdade de Pedagogia, passou a mostrar para outros como ela que é possível sonhar, transformar e criar oportunidades de se desenvolver”. Aos sete anos, Bruna precisava desesperadamente do peixe. Hoje, é capaz de levar várias crianças para pescar. A gente não quer só comida Aqueles que trabalham com os Amigos do Bem têm a dimensão do quanto fizeram ao criar quatro cidades inteiras em pleno sertão nordestino, mas

também do quanto ainda falta fazer nos demais locais atendidos pelo projeto. “As nossas crianças moram na maioria das vezes em casas de barro, em povoados isolados. Infelizmente, não conseguimos dar moradia a todos”, diz a comandante do projeto visionário. Mas ela e os voluntários continuam na trilha da confiança, inclusive acreditando no poder da nova geração: “Os jovens estão mais voltados para o próximo. Têm um olhar mais humano, colaborativo para a sociedade, realmente buscando um propósito maior de vida. Isso nos traz uma esperança muito grande porque sabemos que essa transformação social só será possível com a ajuda de muitos. Buscamos trazer um olhar da sociedade civil e das empresas para a necessidade de uma mudança em nosso país e, como consequência, uma mudança em cada um de nós”. Segundo Alcione, é por meio


Mãe de 75 mil filhos Desde que abriu mão da faceta de empresária para se dedicar totalmente aos Amigos do Bem, Alcione Albanesi passou a construir uma rotina ainda mais desafiante. Metade do mês na capital paulista e a outra metade no sertão. Ela conta dos impactos que, ainda hoje, depois de tantos anos na lida, essas realidades díspares promovem. “Quando chego a São Paulo é sempre um choque. Eu sempre falo que gostaria de voltar de jegue para, aos poucos, assistir a discrepância da realidade do sertão nordestino para os grandes centros urbanos. ”Esse abismo social é tão notório que a visão de mundo de Alcione se transformou de forma permanente desde a primeira vez que teve contato com ele. “Depois da minha primeira viagem ao sertão eu já sabia que jamais

QUER AJUDAR O AMIGOS DO BEM?

Desafio e transformação Começamos a história de Alcione Albanesi contando do dia a dia dos voluntários em ações diretas junto ao público, afinal, essa é a cara da presidente do Amigos do Bem, que sempre acreditou no estilo “mão na massa” de agir. Com a pandemia, esse

Conheça mais sobre o projeto, entre em contato ou faça sua doação. www.amigosdobem.org

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contato físico, essas oportunidades de contar a história do projeto e, assim, conquistar aliados, diminuiu drasticamente. O resultado foi que as doações foram severamente impactadas. Mais uma vez era preciso agir. Em 2020, no pico da primeira onda do vírus no Brasil, a ONG realizou uma ação emergencial. “Com as doações de muitos amigos e ajuda dos nossos voluntários, conseguimos levar alimentos a mais de 1 milhão de pessoas e atender a 300 povoados em Alagoas, Ceará, Paraíba e Pernambuco. Entregamos, de casa em casa, mais de 200.000 cestas básicas”, conta Alcione. No momento, continua arrecadando doações para distribuir 100.000 cestas básicas e atender mais de 500 mil pessoas. Tudo isso mantendo os projetos já existentes. São metas ambiciosas, definidas pela vontade inabalável de reafirmar a solidariedade. Quanto aos doadores, segundo ela, estão em qualquer parte, pois não importa o valor, mas o desejo genuíno de contribuir. Alcione acredita que o brasileiro é um povo solidário e que essa característica se intensificou por conta da pandemia. “São os gestos simples que promovem grandes mudanças e juntos podemos construir um País do bem, um país melhor”, diz ela. Para finalizar, perguntamos a essa guerreira do bem, sobre o seu maior sonho pessoal. Ela foi categórica: “Que miséria e fome sejam apenas lembrados como fatos históricos no nosso País. Que as crianças e jovens possam estudar e tenham dignidade. Que a fome e a miséria não sejam mais uma realidade na vida de milhões de pessoas no Brasil. Essa é a missão e a visão dos Amigos do Bem e é pelo que temos dedicado a nossa vida.” Sejamos todos inspirados por esse sonho transformador.

Depósito bancário ou PIX Amigos do Bem Inst. Nac. Contra a Fome e a Miséria CNPJ 05.108.918.0001/72 Banco Itaú Agência: 0466 Conta Corrente: 64653-6 Chave PIX: itau646536@amigosdobem.org

PERFIL – ALCIONE ALBANESI

seria a mesma pessoa. Eu precisava transformar a indignação em ação e é isso que nós, Amigos do Bem, junto de tantos voluntários e colaboradores temos buscado fazer. O nosso país está entre os maiores PIBs do mundo e entre os países mais desiguais do planeta. Nós precisamos agir para diminuir essa diferença gritante”, explica. Embora admire a imagem inspiradora de grandes lideranças que já passaram pelo planeta, como Gandhi e Madre Teresa de Calcutá, Alcione diz que são as pessoas comuns que fazem o bem. E que a vontade de ser alguém melhor, mais solidário é uma escolha. No caso dela, a escolha foi a de ampliar, e muito, a sua rede familiar. “Com a minha família do sertão eu aprendi a ter mais fé, a ter resistência e olhar para os meus problemas de uma forma diferente”, diz ela. Quanto aos filhos de sangue, também se dedica a eles com aspirações fincadas no amor e na proximidade, e mesmo com sua agenda lotada, dá um jeito de ter um tempo de qualidade com eles. “Meus filhos me ensinam que é possível estarmos juntos o tempo todo, mesmo eu estando ausente, às vezes, por mais de quinze dias no sertão. Me mostram que, quando é legítimo, quando vem de dentro para fora, quando colocamos amor no que fazemos, é possível manter o caminho do bem de geração para geração.” Nada como uma mãe presente tanto na vida de seus quatro filhos paulistanos como na vida dos mais de 75 mil filhos do sertão.

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da educação que crianças e jovens acessam um universo de possibilidades, e é importante que eles também ultrapassem as características regionais e isolacionistas do sertão. No projeto, os conhecimentos vão além do básico, incluindo a aprendizagem do inglês, por exemplo. “Assim como a internet, um novo idioma expande os horizontes e conhecimento de crianças e jovens”, explica ela. “A ideia é sempre dar recursos e oportunidades para que as pessoas tenham renda própria”. Para Alcione, que internalizou os valores de dona Guiomar, o ser humano prefere mais doar do que ganhar. “É muito melhor dar, do que receber. Quando doamos, somos os privilegiados”. Outra questão que independe de recursos financeiros é a fé, e Alcione diz que aprendeu muito com o sertanejo sobre fé, resistência e também sobre sonhos. “Se a barriga não está vazia, é possível sonhar”, diz ela.


Por Paula Veneroso com a colaboração de Juliana Menezes e Emanoelli do Valle Fotos: Arquivo Chapel

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EDUCAÇÃO INFANTIL: “ALUNOS CHEGAM AO COLÉGIO DURANTE EXPLORAR PARA TODO O ANO ESCOLAR. ALGUNS VINDOS DE TRANSFORMAR OUTRAS ESCOLAS LOCAIS E OUTROS DE ESCOLAS INTERNACIONAIS. INDEPENDENTEMENTE DO MOMENTO EM QUE O ALUNO CHEGA, A NOSSA MISSÃO É FAZER COM QUE ELE SE ADAPTE, ENTENDA AS ROTINAS, SINTA-SE TRANQUILO E, ACIMA DE TUDO, PERTENCENTE ÀQUELE GRUPO” – JULIANA MENEZES

Considerada uma das fases mais importantes da formação das crianças, a Educação Infantil é o momento em que os estudantes exploram e vivenciam o convívio social fora do núcleo familiar, aprendendo a lidar com a diversidade, enquanto desenvolvem e exercem sua autonomia, formando sua personalidade. O trabalho realizado no ECEC – Early Childhood Education Center promove, ao adotar as melhores práticas pedagógicas nos anos pré-escolares, a formação integral – social, emocional, física e cognitiva – de seus alunos e a base para o sucesso escolar.

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Educação Infantil da Chapel parte do princípio de que o desenvolvimento socioemocional e o acadêmico são indissociáveis. “Realizamos um trabalho minucioso de acolhimento para que os alunos se sintam parte do grupo e da comunidade. Entendemos que, ao se sentirem confortáveis e seguros no ambiente escolar, e em suas relações com as pessoas com quem compartilham experiências no seu dia a dia, a aprendizagem de fato acontece. Prezamos pela formação do ser humano como um todo”, pontua a diretora do Ensino Fundamental I e responsável pelo colégio, Juliana Menezes.


INSTITUCIONAL – ECEC Abordagem pedagógica Com abordagem pedagógica totalmente interdisciplinar, os currículos da Educação Infantil são integrados e abrangem várias áreas de estudo, de acordo com a faixa etária. “A interdisciplinaridade integra cada tema estudado. Cada estudo dura em média duas semanas, podendo chegar a quatro, de acordo com o tema desenvolvido em sala. Os alunos são convidados a participar de jogos simbólicos, de atividades sensoriais, de artes visuais, de ciências, operam conceitos de matemática, e continuam ampliando o seu vocabulário na língua inglesa, entre outras atividades, pois cada estudo nos permite explorar todas as áreas de conhecimento,” afirma Ms. Menezes.

Em todas as unidades de estudo, há uma preocupação muito grande com a qualidade do material apresentado aos alunos, assim como com a qualidade das experiências e das vivências proporcionadas, como por exemplo, “ao participarem de momentos de discussão significativos, nos quais expõem seus pensamentos e ideias, ao envolverem-se em atividades que promovem a criatividade e a imaginação, assim como o pensamento crítico e a resolução de problemas de maneira lúdica e convidativa, as crianças aprimoram e integram seus conhecimentos nos mais variados assuntos”, explica Emanoelli do Valle, que atuou três anos como professora do Pre I e, desde julho deste ano, passou a coordenar o ECEC (ver box). No ECEC, adotamos um autêntico sistema de avaliação baseado em observação para crianças, desde o nascimento até o jardim de infância, denominado Teaching Strategies GOLD. Ele aborda nove áreas de conhecimento e desenvolvimento, e é baseado em 38 objetivos de aprendizagem. Seu modelo de avaliação traz expectativas em relação a habilidades e comportamentos esperados em uma determinada idade/ série, respeitando e entendendo que o desenvolvimento de cada criança é único e muda rapidamente. “Todas as nossas intenções pedagógicas são alinhadas aos objetivos de aprendizagem previstos pelo Gold. O material utilizado é todo baseado em pesquisas e nas melhores práticas de ensino. Todas as observações colhidas dos alunos são utilizadas ao

longo do tempo para monitorar a sua evolução em relação a cada objetivo desenvolvido”, comenta Ms. Menezes. “Muitas vezes, o aprendizado de determinada habilidade se inicia no Pre I e continua a ser lapidado nas séries subsequentes. Além do mais, é sabido que as crianças se desenvolvem em tempos diferentes, e o sistema que adotamos prevê isso, o que é essencial para fornecermos suporte adequado às necessidades individuais de cada uma”, complementa Ms. Valle. Imersão em inglês A imersão na língua inglesa é outro diferencial do trabalho realizado nas séries pré-escolares da Chapel. Assim que a criança ingressa no Pre I, ela passa a vivenciar o inglês como língua oficial do colégio. No início do ano letivo, há certa flexibilização, mesclando português e inglês para facilitar a adaptação do aluno, afinal, não raro, o Pre I é a primeira experiência escolar da maioria deles. “Ao final do período de adaptação, inicia-se a imersão na língua inglesa. Durante esse tempo, os professores observam os alunos atentamente, para assegurar que se sintam confortáveis no ambiente escolar. A comunicação se dá muito por gestos e ações, demonstrando para os alunos o que esperamos deles. A todo momento, executamos ações que os levam a entender e a estabelecer conexões sobre o que estamos conversando. Os alunos se apropriam do vocabulário e da linguagem muito rapidamente”, explica Ms. Menezes. Ms. Valle reitera que,

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Destaque do currículo socioemocional, o Programa Responsive Classroom – RC (ver box) percorre todos os anos do ECEC, desenvolvendo e consolidando o senso de comunidade e pertencimento nas salas de aula. Esse trabalho é fundamental para que vínculos afetivos significativos sejam fortalecidos, promovendo maior integração entre os estudantes e seus colegas de sala, e também com os professores. “Recebemos novos alunos na Chapel durante todo o ano letivo. Alguns vindos de outras escolas locais e outros de escolas internacionais. Independente do momento em que ingressam, nossa missão é fazer com que eles se adaptem à nova rotina, sintam-se seguros e acolhidos e, acima de tudo, que pertençam a um grupo”, explica Ms. Menezes.


quando se trata de crianças, o brincar é universal, não importando a língua materna: “Mesmo que, de início, uma criança não consiga se comunicar na língua falada naquele ambiente, é no brincar que ocorrem as mais importantes interações, e, facilmente, por meio da brincadeira, as crianças internalizam uma segunda, e até uma terceira língua, de forma natural”. A partir do Pre II, os alunos continuam imersos na língua inglesa, mas passam a ter duas aulas semanais em português. “Trata-se de uma aula alinhada aos estudos diversificados do Programa Americano e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em que as crianças continuam a desenvolver o tema estudado em português com uma professora especialista. Um componente dessas aulas é também a exploração da cultura brasileira, que inclui festividades nacionais, cantigas, parlendas, entre outros. Essas aulas têm como objetivo apresentar e valorizar aspectos da cultura local e desenvolver a oralidade dos alunos”, explica Ms. Menezes. É somente a partir do 1º ano do Ensino Fundamental I que os alunos

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“TRABALHAR COM EDUCAÇÃO INFANTIL É UM PRIVILÉGIO” QUEM É EMANOELLI DO VALLE, COORDENADORA DO ECEC

iniciam a alfabetização em português. Em inglês, no entanto, o processo de alfabetização tem início no Pre I, desenvolvendo a consciência fonológica e apresentando o método fônico às crianças , formalmente, apenas no Pre II. “No Kindergarten esse processo se intensifica de maneira estruturada, na qual os alunos têm a oportunidade de aplicar o conhecimento adquirido no Pre I e Pre II. Neste ano, o método fônico continua a ser trabalhado diariamente, e inicia-se o processo de leitura e escrita guiada em inglês, respeitando o desenvolvimento de cada aluno ao se trabalhar em pequenos grupos, de acordo com as suas necessidades”, complementa Ms. Menezes. Importância da autonomia A conquista da independência é um dos objetivos primordiais da Educação Infantil. Desde muito cedo, os alunos são estimulados a se alimentarem sozinhos, a manipularem seus itens pessoais, brinquedos e materiais e, principalmente, a cuidarem de si mesmos. Essa independência permeia a área acadêmica e permite a eles se

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a Chapel desde 2018 como professora de sala do Pre I, Emanoelli do Valle delineou todo seu percurso acadêmico com o objetivo de atuar em escolas internacionais. Ainda durante a graduação em Pedagogia, conquistou, por mérito acadêmico, uma bolsa de estudos no Programa Internacional de Estudos Especializados em Educação, na Universidade de Madri, na Espanha, onde passou seis meses. Assim que se formou, morou durante um ano em New Jersey, nos Estados Unidos, a fim de cursar especializações em Desenvolvimento Infantil – físico, cognitivo e psicossocial, na Universidade de Long Island, em Nova York. De volta ao Brasil, começou a trabalhar em escolas bilíngues, sempre aprimorando sua formação em cursos voltados à Educação Infantil. Assim que ingressou na Chapel, iniciou a pós-graduação em Neurociência

tornarem protagonistas de seu próprio aprendizado. As salas de aula são equipadas com estantes repletas de materiais e atividades organizados por áreas de conhecimento – matemática, ciências, estudos sociais, linguagem –, proporcionando momentos de exploração e de livre escolha. Durante determinado momento da rotina, denominado Learning Areas, os alunos optam por uma área do conhecimento para explorar. “Nessas atividades, as crianças aprendem a ter responsabilidade com os materiais, a manuseá-los com cuidado, tanto no momento de retirá-los da estante quanto ao levá-los para a mesa e, depois, devolvê-los no lugar. Seja na exploração independente, seja em colaboração com o amigo, é um dos momentos mais apreciados pelos alunos”, afirma Ms. Menezes. “Promover a independência das crianças é essencial, elas não somente vivenciam a autonomia dentro da sala aula, mas também a levam para a suas vidas fora da escola. Trata-se realmente de cuidar de si mesmo e preparar-se para a vida, verdadeiro sentido de todo o nosso trabalho”, finaliza Ms. Valle.

no Instituto Singularidades, curso que já concluiu, e sua monografia vem sendo utilizada por diversas instituições que promovem formação de professores na área da Neurociência. Para ela, que considera a Educação Infantil uma das mais importantes etapas de formação da criança, “é um imenso prazer compor a equipe de líderes de uma escola que preza e busca por excelência na formação integral de seus alunos”. Ms. Valle costuma dizer que, como educadora, ao pensar em Educação Infantil, lhe vem à mente a palavra “privilégio”: “Todo educador contribui de maneira significativa para a formação de seus alunos; mas ser parte dessa formação no início de suas jornadas, enquanto exploram, experimentam, aprendem e descobrem não apenas sobre o mundo a sua volta, mas também sobre quem são, é um grande privilégio”.


INSTITUCIONAL – ECEC

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niciando no Pre I e seguindo até o 6º ano do Ensino Fundamental I, a base do currículo socioemocional da Chapel é o Programa Responsive Classroom (RC), que prevê o desenvolvimento social e ético dos estudantes e o emprego da disciplina positiva. Tais práticas conduzem as crianças ao exercício do protagonismo acadêmico, ao envolvê-las na criação de regras, na organização do espaço da sala de aula, na resolução de problemas, entre outras questões do cotidiano, sempre tratadas de forma colaborativa e sistematizadas em reuniões matinais que ocorrem diariamente, a fim de promover uma preparação para as demandas específicas de cada dia. Para tanto, os professores se valem de uma linguagem positiva de interação como ferramenta para promover a aprendizagem, a autodisciplina e fomentar o senso de comunidade. “Acreditamos que a

disciplina ocorre com boas práticas e bons exemplos. Focamos nas ações e nas soluções. Em situações de conflito ou comportamento inadequado, o primeiro passo é ouvir o aluno e entender o que está se passando. Juntos refletimos sobre como podemos reverter ou solucionar o problema. As consequências lógicas são aplicadas e se referem sempre à ação, nunca ao agente. Por exemplo, se algo foi quebrado, a consequência seria arrumar o que se quebrou; para uma mesa rabiscada, seria limpar/lavar a mesa, entre outros”, pontua Ms. Menezes, referindo-se a um ponto importante do currículo socioemocional: o exercício da consequência lógica, que consiste em refletir e aprender com as próprias ações, de forma que essa aprendizagem seja aplicada a contextos variados, dentro e fora da escola. A partir do Pre I, os alunos aprendem e se apropriam de conceitos

e habilidades socioemocionais desenvolvidos no seu dia a dia, durante a rotina escolar. A partir do Pre II, eles são apresentados ao currículo Caring and Sharing, paralelo ao Responsive Classroom, que aborda, de forma mais sistematizada, temas como sentimentos, resolução de conflitos, empatia, cooperação, responsabilidade, entre outros. “O Caring and Sharing é trabalhado com crianças de 4 a 6 anos, em grupos mistos, reunindo semanalmente, na mesma aula, alunos das turmas de Pre II e de Kindergarten. Durante a pandemia não tem havido grupos mistos e o currículo continua sendo desenvolvido dentro de cada sala de aula ”, explica Ms. Menezes. Nesses encontros, as crianças são estimuladas a expor suas ideias, a questionar e a se aprofundar no tema em questão, de maneira que sejam capazes de levar as estratégias discutidas em grupo para a sua vida pessoal.

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DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL NA ROTINA ESCOLAR


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Por Paula Veneroso Fotos: Paulo Barros


ENTREVISTA DE CAPA – LISIANE LEMOS

“O IMPACTO QUE DESEJO CAUSAR NA SOCIEDADE É NO AMBIENTE CORPORATIVO. É ONDE A MUDANÇA PODE ACONTECER”

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o mesmo tempo em que Lisiane Lemos se orgulha de integrar o Linkedin Top Voices 2020 – que reúne as 25 pessoas mais destacadas na rede no ano passado –, ela confessa ainda se espantar com a quantidade de seguidores que acumula na maior rede social corporativa do mundo: perto de 50 mil. A jovem executiva revela que, mesmo integrando outras listas de destaque, essa era uma conquista almejada: “Os outros prêmios que recebi foram consequência do meu trabalho, mas integrar o Top Voices era algo que eu queria muito, pois o impacto que eu desejo causar na sociedade é no ambiente corporativo, e isso é uma decisão”.

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ESPECIALISTA EM TECNOLOGIA E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL, LISIANE LEMOS É HOJE UMA DAS MAIS IMPORTANTES VOZES BRASILEIRAS PELA IGUALDADE DE GÊNERO NO AMBIENTE CORPORATIVO E, NOTADAMENTE, POR MEIO DO GRUPO CONSELHEIRA 101, ATUA PELA INCLUSÃO DE MULHERES NEGRAS EM CONSELHOS ADMINISTRATIVOS. AOS 31 ANOS DE IDADE, VEM PERCORRENDO UMA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL BRILHANTE, E CONQUISTANDO TÍTULOS E PRÊMIOS POR SUAS INICIATIVAS NO TERCEIRO SETOR. “A MAIOR PROVOCAÇÃO QUE QUERO FAZER É PERMITIR QUE MENINAS DE TODAS AS CORES VEJAM MULHERES BEM-SUCEDIDAS E PASSEM A SONHAR COM ISSO”, AFIRMA A GAÚCHA DE PELOTAS


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Já há alguns anos, as ações de Lisiane vêm sendo notadas, e não apenas no Brasil. Em 2017, aos 28 anos, integrou a lista Forbes Under 30, ao ser reconhecida pela revista americana como destaque do programa Blacks at Microsoft, que reúne colaboradores da multinacional em debates sobre diversidade e inclusão de negros dentro da mesma companhia. No ano seguinte, figurou no ranking dos jovens negros mais influentes do mundo, ao vencer na categoria empreendedorismo o Most Influential People of Africa Descent – MIPAD, da Organização das Nações Unidas (ONU). Todo esse reconhecimento é fruto, sim, de muita iniciativa, mas provém de um único propósito: estimular a inserção de profissionais negros no mercado corporativo. De acordo com levantamento realizado em 2016 pelo Instituto Ethos, em 117 das 500 maiores empresas do Brasil, os negros são maioria entre os aprendizes (57,5%) e trainees (58,2%), enquanto sua participação cai para 6,3% nos cargos de gerência, e para 4,7% no quadro executivo das companhias. Mais desfavorável ainda é a situação das mulheres negras: nas empresas analisadas, elas ocupam 10,3% dos cargos de nível funcional, 8,2% dos cargos de supervisão e apenas 1,6% de gerência. Para mudar esse cenário, Lisiane fundou com alguns amigos a ONG Rede de Profissionais Negros, depois, a convite de Luiza Helena Trajano, passou a integrar o Grupo Mulheres do Brasil, que promove o protagonismo e a liderança


Figurar na lista Top Voices 2020 do Linkedin demonstra o tamanho da visibilidade que você adquiriu na internet. Como está lidando com o fato de se ver mais influente a cada dia que passa, e que público pretende atingir? Lisiane Lemos: Eu sempre quis ser Top Voice, mas não podia porque trabalhava na Microsoft [a companhia não considera

seus colaboradores para o prêmio, já que é proprietária do Linkedin]. Como influenciadora, não posso negar que o Linkedin me proporciona, além da interação profissional e da oportunidade de conhecer pessoas incríveis, uma visão de escala e muita visibilidade, mas, justamente por conta dessa exposição, qualquer colocação minha pode ser mal interpretada e isso me faz tomar extremo cuidado com tudo o que faço nas redes sociais. O que eu quero de verdade é que as pessoas mais novas se inspirem, que vejam que as carreiras não são lineares e que tecnologia é para todo mundo, num mercado que tem 70% de vacância. Assim como eu – uma menina do interior do Rio Grande do Sul, sem condição financeira, que veio desbravar uma São Paulo repleta de nichos –, penso nos jovens, em compartilhar com eles não só as melhores, mas também as piores práticas, porque não acertei tudo na minha carreira, cometi muitos erros. Também quero, de alguma forma, enaltecer os mais velhos, os que trilharam esse caminho antes de mim. Sou uma pessoa que respeita muito isso, gosto de dar visibilidade a pessoas de outras gerações, e que não têm muita familiaridade com a tecnologia, mas que, tão gentilmente, me ensinaram alguma coisa.

ENTREVISTA DE CAPA – LISIANE LEMOS

para Mulheres na Saint Paul Escola de Negócios. Paralelamente a todas as atividades que mantém, ainda leciona no MBA de Big Data da PUC-RS e integra o conselho consultivo do Fundo de População das Nações Unidas, além de dar palestras e manter colunas de tecnologia em publicações especializadas. Não à toa, o que mais ouve dos pais é: “Calma, Lisiane”. Movida a desafios, nada é impossível para essa jovem do interior do Rio Grande do Sul que, ao se deparar com qualquer dificuldade, questiona: “Como faço para mudar isso? Quem pode me ajudar a resolver esse problema?”. Numa manhã fria de junho, na casa de praia da família, bem pertinho do Uruguai, dividiu com a Inside Chapel alguns dos muitos motivos que a levaram, ainda tão jovem, a ser considerada uma das executivas mais influentes do Brasil.

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feminina, no qual coliderou o Comitê de Igualdade Racial. Recentemente, em plena pandemia da Covid-19, criou o Conselheira 101, projeto focado na inserção de mulheres negras em conselhos administrativos, após perceber que a presença delas nesses comitês era praticamente inexistente. Formada em Direito pela Universidade Federal de Pelotas em 2012, Lisiane passou por várias posições na AIESEC – plataforma internacional que atua no desenvolvimento profissional de estudantes por meio de programas de trabalho em equipe, liderança e intercâmbio – até que, recémformada e decidida a trabalhar com vendas, ingressou na Microsoft, onde permaneceu por quase seis anos e se descobriu apaixonada por tecnologia. Especialista em transformação digital, foi para a Google em 2019, onde atualmente é gerente de grandes contas. Neta, sobrinha e filha de professoras, nunca parou de estudar. Depois da graduação, especializou-se em Gestão de Projetos na Fundação Getúlio Vargas, e fez MBA em Tecnologia da Informação na Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). Recentemente, concluiu o MBA Executivo em Administração e Negócios pela Fundação Dom Cabral e está na fase final do curso de Governança


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ENTREVISTA DE CAPA – LISIANE LEMOS LL: Para mim, escola é um ponto central, que é onde passamos boa parte da vida. Sou filha, sobrinha e neta de professoras e, tendo me tornado uma, a escola sempre foi muito importante. Lembro de duas coisas. O principal aspecto positivo é que eu sempre fui uma criança leitora. Então, escolas, invistam em suas bibliotecas, pois isso para mim era fantástico, chegava a devorar mais de três livros numa semana. Essa prática me tornou uma leitora melhor, uma escritora melhor, e me ajudou no aprendizado de línguas. Também é na escola – e esse é o ponto negativo – que o racismo se manifestou pela primeira vez. Não somente o racismo, mas todas as questões relacionadas às minorias. Eu não era apenas uma criança negra, de uma classe social mais baixa que os colegas, em uma escola de ensino privado; eu era gorda também. Ainda que as escolas tenham evoluído em políticas de diversidade e em reconhecer bullying, quando eu era criança, não

era bem assim, e acabei enfrentando todos esses preconceitos. Agora, adulta, é que consigo ver o quanto esses episódios impactaram o meu futuro, desde o fato de eu só conseguir fazer transição capilar com quase 30 anos, porque eu queria me colocar dentro daquele padrão de cabelo liso que todo mundo tinha, até a questão do peso que, para mim, é muito presente, de tentar alcançar um padrão impossível. Vem também dessa época um vício que eu tenho até hoje: colecionar canetas coloridas. Eu tinha muita vontade de têlas, mas não tinha dinheiro, então, hoje tenho mais de duzentas. Você acha que a escola e os professores falharam ao lidar com tais questões? LL: Não que meus professores fossem desatentos, acredito que eles eram despreparados. Hoje, vejo que o meu papel como professora, como educadora, é ajudar a construir a escola da qual quero fazer parte. E entendendo que a sociedade está evoluindo nesse sentido. Estar falando aqui, para esta publicação, já é uma demonstração dessa evolução. A maior provocação que quero fazer é permitir que meninas de todas as cores vejam mulheres bem-sucedidas e passem a sonhar com isso.

Como você poderia mensurar a importância do seu núcleo familiar nas suas decisões pessoais e profissionais? LL: Se pudesse ser 110%, seria isso. Eu sou muito, muito família, até demais. Com a pandemia, me mudei provisoriamente para Pelotas para ficar do lado deles. A família é muito importante nas minhas decisões profissionais, porque eles conhecem meus valores e sabem o que é importante para mim. E, por terem trajetórias bem diferentes, confio muito que me deem conselhos úteis. Meu pai começou a trabalhar com 14 anos, se aposentou com 46. E costumamos brincar, perguntando qual profissão ele não teve: lavou carro, vendeu picolé na rua, foi operário de fábrica até entrar no serviço militar e se aposentar como bombeiro. Fez faculdade com 50 anos, e o dia da formatura dele foi o mais feliz da minha vida. Vê-lo recebendo o diploma foi muito importante, pois eu sei por quantas dificuldades passou. Ele se formou em Direito. A minha mãe não foi a primeira da família a fazer universidade, minha avó foi a primeira, ela fez Pedagogia, vem daí nossa relação com a educação. A carreira da minha mãe é exemplo de pluralidade: graduada em arquitetura, tem especialização e mestrado em Química, doutorado em

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Quando lembra da sua infância e adolescência, quais fatos ou momentos vêm à sua mente como decisivos para que você tenha se transformado em quem é hoje? Quais momentos ou oportunidades foram determinantes para delinear seu futuro?


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LL: Quando fui fazer faculdade, eles disseram que não iriam se envolver nas minhas decisões, pois a carreira era minha. Quando fui para o mercado corporativo, foi igual. A única coisa que sempre falam é: “Calma, Lisiane”, porque sou muito ansiosa. Eu quero as coisas para ontem, e esse foi um dos meus maiores erros no mundo corporativo, eu queria solucionar o problema do racismo em três dias. Agora eu já estou um pouco mais tranquila e convencida de que isso não vai acontecer. Meus pais são incríveis, e um dos meus objetivos ao trabalhar é poder proporcionar experiências felizes para a minha família. Assim que pudermos viajar novamente, nossa primeira viagem será para visitar uma parte da família que mora na Nova Zelândia. Viajamos sempre em um grupo grande e, apesar das dificuldades de organização, eu me acostumei e gosto de tê-los perto nos meus momentos de lazer. Como você, formada em Direito, se transformou em uma especialista em tecnologia e transformação digital? Quais foram suas motivações para seguir carreira em empresas de tecnologia? LL: Recém-formada, me candidatei para todos os processos de trainee que encontrei, uns trinta. Eu queria ir para a área corporativa e o que me motivou a atuar com tecnologia foi o impacto: eu sempre penso qual é o maior impacto que ela pode ter, não somente no mercado, mas principalmente na vida das pessoas. A tecnologia está envolvida em tudo, desde quando alguém declara o imposto de renda até quando adquire uma casa, e gosto de ver que tem meu dedo ali. Tudo muda o tempo todo, muito rapidamente, e é essa agilidade que me motiva. E também

Em 2017 você foi premiada na categoria empreendedorismo do MIPAD (Most Influential People of Africa Descent), da ONU, e considerada uma das pessoas negras mais influentes do mundo. Tal reconhecimento veio pela criação da ONG Rede de Profissionais Negros, que atua pela inserção de pessoas negras no mundo corporativo. Conte-nos acerca das motivações que a levaram a criar essa ONG. LL: Quando criamos a Rede de Profissionais Negros, nosso objetivo era muito simples: só queríamos ser enxergados. Nós éramos – e ainda somos – tão poucos, menos de 1% na alta camada de liderança, e até ano passado a gente não tinha conselheiros de administração negros. Então, o objetivo era fazer essa ponte entre pessoas, porque a representatividade já é um elemento transformador. Apesar de sermos diferentes na nossa unidade – desde o colorismo da pele até o posicionamento político –, só o fato de nos enxergarmos e podermos trocar vivências já era muito bom. Digo isso porque o meu colega não-negro, por mais empático que seja, nunca vai entender, por exemplo, o que é entrar em um prédio e ser seguido pelo segurança. Essa foi a primeira motivação

e, em seguida, vimos que existia a possibilidade de desenvolver projetos de mentoria, algo em que acredito muito. Sempre ouvíamos que não havia negros em cargos de liderança porque não havia candidatos. Mas havia. Postávamos a vaga e encorajávamos as pessoas a aplicarem. Depois vieram as consultorias de diversidade, a fim de fortalecer profissionais negros como um todo. Pode até parecer um pouco egoísta da minha parte, mas eu cheguei em São Paulo sem amigos e essa foi uma excelente oportunidade de conhecer pessoas e fazer pontes entre elas e as empresas.

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Seus pais a influenciaram na escolha da graduação?

porque a tecnologia proporciona que tenhamos múltiplas carreiras numa só, e é justamente o que está acontecendo comigo agora, levo minha expertise para os projetos, mas sempre tem coisa nova para aprender. Eu acredito, e é importante tocar nesse assunto, que toda empresa será uma empresa de tecnologia. A Google diz que toda empresa será uma empresa de dados, e isso é uma grande verdade. Muitas pessoas acreditam que somente estarão envolvidas com tecnologia se atuarem numa tech como a Google ou a Microsoft, mas essas empresas são apenas habilitadoras da transformação. A maior oportunidade que temos em tecnologia é a de transformar digitalmente empresas tradicionais. É onde eu acho que as oportunidades estão.

Depois desse projeto, você passou a se dedicar mais à questão de gênero, com projetos voltados para as mulheres e, em seguida, mais especificamente à liderança feminina. Como foi isso? LL: Foi uma evolução natural. Vi que, dentre os profissionais negros, as mulheres tinham maior dificuldade de ascensão. Então, a convite da Luiza Trajano e da Marina Martins eu fui para o Mulheres do Brasil para coliderar o Comitê de Igualdade Racial com a Elizabeth Scheibmayr, que ainda está lá. No grupo, fizemos o recorte para liderança, porque víamos que havia um trabalho de estágio e de trainee muito bom – as estatísticas inclusive mostram um pouco de paridade nesse nível –, mas a questão era: como eu formo as novas coordenadoras, gerentes e diretoras? Então, começamos a desenhar esse projeto, que se chama Aceleradora de Carreiras, que dá ferramentas para mulheres negras traçarem sua jornada de liderança ou a aumentarem exponencialmente. Fiquei dois anos coliderando o programa, mas resolvi que queria voltar a estudar e, pelo nível de exigência da Dom Cabral, precisei parar. Falei com a Luiza e ela disse para eu não sair do grupo, então apenas me afastei do comitê, mas continuo integrando o Mulheres do Brasil. Hoje você é considerada uma das executivas mais influentes do Brasil e sua trajetória é inspiração para muitas

“SEMPRE OUVÍAMOS QUE NÃO HAVIA NEGROS EM CARGOS DE LIDERANÇA PORQUE NÃO HAVIA CANDIDATOS. MAS HAVIA. POSTÁVAMOS A VAGA E ENCORAJÁVAMOS AS PESSOAS A APLICAREM”

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Engenharia Civil e pós-doutorado em Patrimônio Imaterial. Isso é totalmente não linear, embora ela tenha seguido carreira acadêmica.


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“QUANDO EU TIVE BURNOUT E ACHEI QUE FOSSE MORRER, APRENDI A RESPEITAR OS MEUS LIMITES E ENTENDI QUE HORAS TRABALHADAS NÃO SÃO NECESSARIAMENTE HORAS PRODUTIVAS” mulheres. Quais desafios você enfrentou até conquistar o espaço que ocupa hoje e como lidou com eles?

Que conselhos você daria às mulheres que pretendem conquistar uma carreira de sucesso?

LL: Eu sempre tive mentores e mentoras. Por isso sempre digo da importância de se respeitar quem veio antes, pessoas que ajudaram a pavimentar o meu caminho, que me ajudaram a me tornar quem eu sou. Os desafios são vários. Tem a questão da idade para atingir esses cargos, escuto bastante isso, pessoas perguntando como eu, com trinta anos, já sou conselheira enquanto pessoas mais velhas não conseguiram. Outro desafio é o medo do novo e, por último, o desafio de ter me tornado uma pessoa pública. Isso não foi planejado, e é bem difícil, ainda não assimilo isso direito. Tenho comigo o grande desafio de não perder a minha essência ao mesmo tempo em que tenho de continuar a jornada. Para os próximos passos, é aquilo: quanto mais você sobe, mais devagar fica a subida, e mais solitária também. Quando se está no início de carreira, a movimentação é intensa e rápida. Já quando você quer ir de gerente a diretor, o caminho é mais longo, precisa adquirir uma certa casca, e isso demora. Por ser uma pessoa pública, todo mundo fica atento aos meus próximos passos, qualquer troca de cargo ou de empresa causa um impacto no mercado. Quando saí da Microsoft para a Google, eu saí para ser mais feliz, e não que eu estivesse triste. Tenho a preocupação de influenciar positivamente as pessoas. Outro grande desafio é estar sempre atenta para não dar burnout. Isso é sério, pois toda a sociedade está trabalhando muito; eu já não tenho limite, e, quando faço o que eu amo, daí é que não tenho limite mesmo. Se eu trabalho full time para a Google, das 9h às 18h, e quero fazer outras coisas, eu tenho que acordar mais cedo e dormir mais tarde. O exercício físico me ajuda a desconectar do trabalho; e isso é necessário: entender que o horário de trabalho acaba. Eu quero equilibrar essas coisas para ter uma vida longeva, saudável, feliz, com uma família, filhos, numa casa grande e na beira da praia, de preferência.

LL: O primeiro é: cerquem-se de pessoas mais inteligentes que você – e inteligência não é só formação ou cargo, às vezes as pessoas que têm menos formação podem ser as mais sábias. Eu sempre procurei trabalhar com pessoas que eram mais excelentes do que eu, eu gosto de trabalhar para alguém que me inspira, esse é um dos meus valores. O segundo, que me ajudou muito, é: indiquem pessoas para cargos sem pensar em recompensa. Se eu quero realmente transformar o mercado corporativo, devemos dar oportunidades. Eu não sou uma consultora, mas tenho ótimos contatos, e fazer essas conexões me ajudou muito. E o terceiro, que escutei da Luiza Trajano, que disse que nós somos do tamanho do que compartilhamos. Saímos de uma era de comando e controle, com empresas que sabiam tudo, para uma era em que estamos sempre aprendendo, e as empresas também. Precisamos estar sempre atentos para aprender com tudo e todos à nossa volta e, principalmente, com nossos próprios erros. Quando eu tive burnout e achei que fosse morrer, aprendi a respeitar os meus limites e entendi que horas trabalhadas não são necessariamente horas produtivas. Outra dica é respeitar os teus valores o tempo inteiro, não adianta trabalhar numa empresa que não casa com os teus valores. Seja a questão ambiental, a questão de diversidade, a forma coletiva como controla a hierarquia, se não bater, é certeza de uma vida infeliz. Muitos me pedem conselhos de carreira, ao trocar de empresa, e eu digo: primeiro, não tenha pressa, e, depois, pense nos valores. Não escolha só porque paga bem. Meu mentor sempre disse: não é um sprint, é uma maratona. Então, não adianta ter pressa, pois a carreira se constrói a longo prazo. Estou vivendo hoje, mas já pensando daqui a vinte anos. Quando pensei no Conselheira 101, eu estava pensando dez anos à frente, pois a média de idade de um

conselheiro é 45, 50 anos. O problema é que deu certo muito mais rápido. Então, quando as pessoas fazem aquela pergunta de onde você se vê daqui a cinco, dez, quinze anos, não é sobre cargo, é sobre a jornada. Por isso, estou sempre pensando a longo prazo, mas me permitindo fazer essas mudanças no curto prazo. Você afirma ser uma pessoa movida a desafios. Quais são os seus próximos projetos profissionais, você já os tem delineados? LL: Antes da pandemia eu diria que sim, mas a Covid mudou todos os meus planos. Eu vinha desenhando junto com meu marido uma jornada internacional, tendo os EUA como primeira opção. Mas, por questões familiares, resolvi dar um passo atrás e ficar no Brasil mais um tempo, e depois, quem sabe, ir para os Estados Unidos, mas em algum momento da vida quero trabalhar ou ter algum projeto na China. Eu gostei muito de trabalhar com gestão de parceiros, então, de alguma forma, quero seguir em contato com clientes. Neste momento o plano é: meu curso de governança termina no final do ano, a especialização pela Dom Cabral terminou em julho e ano que vem eu estou pensando se faço a certificação do IBGC para conselheira – porque meus mandatos são majoritariamente em conselhos consultivos, e apenas um em comitê de administração. Quero estar realmente preparada porque hoje, quando sento nos conselhos, vejo o quanto posso colaborar com essa visão de tecnologia e inovação sob a ótica de transformar digitalmente toda e qualquer indústria, toda e qualquer pessoa. Devo ir para esse caminho de conselho, seguindo uma carreira executiva ao mesmo tempo, tentando equilibrar as duas coisas. E quanto aos seus projetos pessoais? LL: Ando apaixonada por esportes, e brinco nas redes sociais, dizendo que sou aspirante a musa fitness. Mas é


ENTREVISTA DE CAPA – LISIANE LEMOS O que você costuma fazer quando não está trabalhando ou influenciando pessoas? LL: Eu gosto de assistir a programas de culinária com meu marido, porque ele é cozinheiro, e adoramos ver programas de outros países. Sou uma leitora de vários estilos, mas também adoro romances água-com-açúcar para descansar a mente e não ter que pensar, e gosto de tomar mate com meus pais. Como nossas casas são próximas, saio da academia, vou à casa da minha sogra roubar um café, depois passo nos meus pais. Gosto dessa convivência, sou muito caseira

e muito família. Eu gosto muito de pagode. Se a gente estivesse sem pandemia… A primeira coisa que farei quando reabrir vai ser uma festa para mim mesma, com muito pagode. Minha família gosta muito de festa. E a última que fizemos foi às vésperas da pandemia, quando meu pai completou 60 anos. Eu o persuadi a fazer a festa no dia que eu podia, pois estava com viagem marcada para Las Vegas. Então, reservei o salão, paguei a banda e o buffet para a festa acontecer no dia que eu podia, 14 de março de 2020. Fizemos a festa no sábado e o lockdown começou na segunda. Desde então, não voltei mais para São Paulo.

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brincadeira mesmo, sigo apaixonada por aprender, no momento estou aprendendo a lutar e a jogar esporte de raquete. Pretendo seguir no Conselheira 101 por mais alguns anos, entregar novas turmas, esperar a reabertura e as vacinas para poder ver minha família, abraçar as pessoas que eu amo. Esse é o maior aprendizado: ter a oportunidade de dizer para as pessoas que gostamos delas. Pessoalmente, no pós-pandemia, pretendo dar uma pausa de um ano nos estudos, que foram muito pesados este ano, e viajar mais. Quero ir para Angola. Fiz meu teste de DNA recentemente e descobri que sou 40% de povo originário de lá, e agora quero vivenciar, sentir de onde eu vim.


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ENTREVISTA DE CAPA – LISIANE LEMOS

CONSELHEIRA 101: PELA PRESENÇA DE MULHERES NEGRAS EM CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO

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o ano passado, em plena pandemia, Lisiane Lemos lançou o Conselheira 101, programa de incentivo à presença de mulheres negras em conselhos de administração. O nome do projeto fornece as pistas do seu objetivo: trata-se do início de uma jornada, já que o algarismo 101 é comumente usado como adjetivo em inglês com o sentido de “fundamental”, “elementar” ou “básico”. A seguir, Lisiane conta quais foram suas inspirações para criar esse programa e como ele está se desenvolvendo. “Esse projeto foi muito um chamado da pandemia. Tanto que eu não conheço presencialmente grande parte das cofundadoras. Comecei a me envolver com governança corporativa, a fim de manter relacionamentos para me tornar uma C-level [termo usado para designar coletivamente os executivos seniors mais altos de uma companhia como CEO, CFO e CMO], que é algo que quero, e sempre procuro a pessoa com mais experiência para me ajudar nesse caminho. Aí vi que não tinha, além da Rachel Maia, que é minha amiga, e pensei: se não tem, como vamos construir? E assim começaram as conversas, que contaram com a participação de várias mulheres não negras que também estavam atentas a isso. Unimos forças e fizemos o Conselheiras, uma das coisas mais incríveis que já fiz na vida. Posso ver nele vários pontos de transformação. Começando pelas reuniões, com a participação de muitas mulheres, depois, poder acompanhar as vitórias de cada uma, as promoções que começaram a acontecer: a Vania Neves virou CTO (Chief Technology Officer) da Vale, a Patricia Garrido foi trabalhar na área de marketing do Nu Bank, a Cristiane Neves foi promovida a líder da Latam, a Suellen Rodrigues se tornou diretora na mesma companhia. Celebrar essas vitórias encoraja as pessoas a quererem mais. Por último, vem a própria realização ao conseguirmos inserir mulheres em conselhos fiscais, conselhos de auditoria, conselhos consultivos, sendo uma fonte para empresas que precisam de uma conselheira para agregar tecnicamente e, ao mesmo tempo, trazer uma carga de diversidade aos conselhos. Formamos uma primeira turma e estamos em vias de formar a segunda. As inscritas passam por conversas orientadas com experts de mercado. Temos um gold map da jornada de governança do básico ao avançado, governança de empresas familiares, comitê de auditoria, inovação, entre outros, e trazemos conselheiros seniores para falar conosco. A Leila Loria, que é presidente do Conselho de Administração do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, é nossa cofundadora. Também trouxemos a Maria Silvia Bastos, que é a papisa da governança corporativa, e a presidente do How Mark Channel dos EUA, que é uma conselheira negra, para falar e inspirar. É um modelo de startup, vamos fazendo para ver no que vai dar.”


Por Maurício Oliveira Fotos: Reinaldo Borges

FORMAÇÃO QUE ALUNA DA CHAPEL DEIXA MARCAS SCHOOL DURANTE 13

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ANOS, A EMPRESÁRIA E EMPREENDEDORA SOCIAL FABI SAAD CONTA COMO ESSA EXPERIÊNCIA FOI DECISIVA PARA SEUS CAMINHOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

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omo seria Fabiana Saad Niemeyer, a Fabi, se ela não tivesse estudado na Chapel School? “Certamente uma pessoa muito diferente do que sou hoje. A influência da Chapel está em todas as áreas da minha vida”, diz a empreendedora social e empresária multifacetada – que, aos 36 anos, soma uma série de realizações em diversas atividades. Bastaria dizer que foi na Chapel que ela conheceu o marido, Felipe Niemeyer, a sócia, Natalie Feller, e várias das amigas mais próximas até hoje. É dos tempos da escola, também, que ela traz o gosto pelos esportes, que continuaram tendo um espaço muito importante na vida adulta. Além de todas essas questões tão definidoras de quem é Fabi, ela destaca vários outros aspectos intimamente associados aos tempos em que passou na Chapel – entre 1990 e 2002, dos cinco aos 17 anos: o uso diário do idioma inglês, o valor do trabalho em equipe, a capacidade de se expressar oralmente, a dedicação ao aprendizado contínuo, a preocupação em participar de projetos sociais e a consciência da importância da doação. Movimento em expansão Fabi é criadora do movimento Mulheres Positivas, que teve como ponto de partida a coluna que escreveu com Lelê Saddi no site We Pick. Depois disso, ela lançou seus primeiros livros, Empreendedoras. Coaching – Dicas de mulheres inspiradoras


ENTREVISTA ALUMNUS – FABI SAAD sede em Nova York e deve chegar em breve à Inglaterra. Com o objetivo de levar oportunidades de desenvolvimento a mulheres de todas as classes sociais, a empresária desenvolveu junto ao governo do Estado de São Paulo o projeto SOS Mulher, baseado nos pilares segurança, saúde e independência financeira. Voltado especialmente a mulheres em vulnerabilidade social das classes C, D e E, o projeto inclui depoimentos de delegadas, promotoras, juízas, médicas, psicólogas, economistas e outras profissionais que ajudam a compor o conteúdo. Atividade intensa “Se estou me propondo a desenvolver as mulheres, não há como focar apenas nas classes sociais elitizadas. É evidente que preciso também trabalhar com muita força com a base da pirâmide”, avalia Fabi. “O prazer em ajudar o próximo e a necessidade de fazer isso numa sociedade desigual,

como a brasileira, são sentimentos que estão enraizados em todos que passamos pela Chapel”, ela acrescenta. Outra atividade voluntária da empreendedora é na Associação de Resgate à Cidadania por Amor à Humanidade (Arcah), à qual ela está ligada há quase dez anos. A instituição proporciona caminhos de resgate da cidadania para indivíduos em situação de marginalização, por meio de projetos de educação, formação profissional e inserção no mercado de trabalho. Fabi concilia todas essas atribuições com a intensa atividade profissional como executiva na Media Bridge, onde coordena o desenvolvimento de produtos para empresas de telefonia e, também, de aplicativos e de conteúdo on demand sobre os mais diversos temas – atende clientes como BandNews, BandSports, TerraViva e AgroMais. Ela é, ainda, fundadora da startup Home IT, que gera conteúdo nas áreas de design, décor e lifestyle.

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que estão no comando de sua carreira e Mulheres Positivas, este em parceria com Fernanda Médici. “São histórias de 21 mulheres que me inspiraram a conhecer melhor o chamado ‘setor dois e meio’ e a entender o que é ser uma empreendedora social”, lembra Fabi. O movimento Mulheres Positivas inclui um programa que Fabi coordena e apresenta na rádio Jovem Pan, com o propósito de apresentar ao público mulheres que possam inspirar outras mulheres, com foco na diversidade e na inclusão. Antes, ela passou pela Forbes, Estadão e BandNews. Além do programa, o portfólio de produtos do Mulheres Positivas inclui um podcast, também na Jovem Pan, apresentado pela sócia Natalie, e o aplicativo Mulheres Positivas – que, além de ter sido lançado no Brasil com a Vivo e a TIM, já foi disponibilizado no México com a Telcel e na Claro Colômbia, com o título Mujeres Positivas. O movimento também está em expansão nos idiomas italiano e inglês – o Positive Women tem


Trabalho em equipe Para dar conta de uma agenda tão movimentada, que inclui os cuidados com a família – o casal tem dois filhos, Luca e Eduardo –, a regra número um de Fabi é exercitar constantemente a disciplina. “Tomo muito cuidado com a forma como uso meu tempo. Aprendi a dedicar minha atenção apenas ao que é realmente importante e a delegar tudo o que pode ser delegado”, ela relata. O cotidiano exige muita energia, algo que Fabi encontra nos esportes. Ela joga vôlei às segundas, futebol às terças e pratica tênis e equitação aos finais de semana. Uma vez por ano, viaja para esquiar. Essa paixão por atividades físicas é mais uma herança dos tempos da Chapel, quando a menina tinha vaga cativa nas equipes de vôlei, soccer e softball. “A prática de esportes me mostrou como é importante o trabalho em equipe, aprendizado que certamente aplico nas minhas atividades profissionais

hoje”, ela conta. Para Fabi, essa preocupação com o coletivo é uma característica marcante dos egressos da Chapel. “Não sou só eu. Percebo que este é um diferencial das pessoas que estudaram lá.” As lembranças que Fabi guarda com mais carinho dos tempos de Chapel são justamente aquelas relacionadas aos campeonatos Big4 e Little8, que muitas vezes envolviam viagens para outras cidades, como Rio de Janeiro e Brasília. Projeto para a década Outro pilar do estilo de vida de Fabi Saad é o aprendizado contínuo. Ela não parou de estudar, desde que saiu da Chapel. Cursou Comunicação e Estudos de Mídia na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), fez mestrado em Marketing na unidade italiana da European School of Economics e especialização em finanças pela Escola Superior de

Propaganda e Marketing (ESPM). Em 2013, ingressou no MBA da Fundação Getúlio Vargas, concluído em 2015. Fez também cursos em instituições como HyperIsland e St Martins College, em Londres, sobre comércio eletrônico, mídias sociais e marketing digital. Participou do Women Leadership Programme, em Oxford, com líderes de diversas partes do planeta. “Como o mundo e o mercado evoluem o tempo todo, a atualização constante é fundamental para entender a direção que as coisas estão tomando”, diz Fabi. Quando olha para o futuro, a empreendedora social se vê cada vez mais envolvida na missão que já vem desempenhando. “Quero continuar lutando pela mulher brasileira, para que consiga viver uma vida digna, com segurança, saúde e oportunidades. O foco é trabalhar por seu desenvolvimento pessoal e profissional, por meio da capacitação”, ela esclarece.

INSPIRAÇÃO COMPARTILHADA Livros de Fabi Saad reforçam sua ligação com a temática feminina.

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istórias de mulheres que assumem as rédeas de suas próprias vidas sempre tiveram grande impacto sobre Fabi Saad. Até que ela decidiu escrever o livro Empreendedoras.Coaching – Dicas de mulheres inspiradoras que estão no comando de sua carreira, sua estreia na literatura. Na sequência, Fabi se juntou à empreendedora social Fernanda Médici para abordar outro perfil que sempre a interessou, o de mulheres que agem efetivamente para transformar e melhorar o mundo. Assim nasceu o livro Mulheres Positivas, lançado em 2017. A obra conta trajetórias como as de Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo, que se dedica a questões relacionadas ao racismo e ao empoderamento da mulher negra; Leona Forman, fundadora e presidente da Brazil Foundation, instituição que busca investimentos nos Estados Unidos para projetos sociais no Brasil; Carol Celico, fundadora da ONG Amor Horizontal, que proporciona apoio e cuidados na infância e juventude em projetos sociais parceiros; e Dagmar Rivieri, a Tia Dag, fundadora e presidente da Casa do Zezinho, que há quase trinta anos realiza trabalhos sociais no Capão Redondo, uma das regiões mais pobres da cidade de São Paulo. O livro se transformou no ponto de partida do movimento com o mesmo nome, que se expandiu para diversos produtos e vem extrapolando as fronteiras brasileiras. Dando sequência à produção literária, Fabi lançou no começo deste ano, junto com Rachel Polito, seu terceiro livro abordando a temática feminina, Mais do que mulhermaravilha... Mulher real!, dentro da série literária “Mulheres fora de série”. “A ideia é mostrar que toda mulher pode e deve assumir o protagonismo de sua vida”, diz Fabi. Essa série foi concebida para tratar, de forma leve e descomplicada, de temas como empreendedorismo, organização do tempo, bem-estar, longevidade e sucesso.


ENTREVISTA ALUMNUS – FABI SAAD 33 INSIDECHAPEL

“O PRAZER EM AJUDAR O PRÓXIMO E A NECESSIDADE DE FAZER ISSO NUMA SOCIEDADE DESIGUAL, COMO A BRASILEIRA, SÃO SENTIMENTOS QUE ESTÃO ENRAIZADOS EM TODOS QUE PASSAMOS PELA CHAPEL”


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CRÔNICA – ANA PAULA HENKEL

Por Ana Paula Henkel Fotos: Arquivo Pessoal

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MULHERES FORTES NÃO DEMONIZAM OS HOMENS


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iquei muito honrada ao ser convidada para escrever para esta edição especial sobre mulheres. Vivemos os tempos mais livres da humanidade, quando podemos ser o que bem entendemos. Mulheres pertencem a qualquer espectro que elas queiram pertencer: a salas de engenharia ou a hospitais, a naves espaciais, atuando como astronautas, ou ao lar, como mães e esposas dedicadas à sua família. Temos muito o que celebrar! E nesta edição dedicada às mulheres, por mais que possa parecer estranho, venho aqui sair em defesa dos homens. Fica cada dia mais óbvio que o atual feminismo tem muito mais raiva dos homens do que amor pelas mulheres, e isso é preocupante. Isso não apenas enfraquece homens bons e dignos, mas enfraquece as justas pautas femininas. Enfraquece nosso futuro. Meninos e meninas, evidentemente, têm qualidades e defeitos, e cabe a todos nós, como sempre coube, mostrar os melhores exemplos, educar, disciplinar, impor limites e orientar. Vou sempre sair em defesa de homens maravilhosos e honrados como meu pai, meu marido, meu filho e grandes amigos. Somos um time: nas esferas familiares, profissionais e na sociedade. Precisamos uns dos outros. Homens fortes, que sabiamente se alinham a mulheres fortes, são ocupados o suficiente para não responder a

narrativas de certas elites completamente desconectadas da realidade, encapsuladas em seu mundinho de autorreferências e que necessitam sinalizar virtude demonizando todos os homens. O que essa gente não percebe é que a atitude de querer “elevar” as mulheres, demonizando todos os homens, acaba exatamente por facilitar a vida de estupradores, assediadores e agressores. Estes, de sua parte, podem alegar que são apenas “homens como todos os outros” e, assim, desaparecer na multidão. Se o comportamento abusivo do tal “patriarcado” vil é padrão e natural, como condenar os criminosos, o verdadeiro machismo e até a violência doméstica cometida pelos reais demônios em nossa sociedade? Eles estariam apenas “sendo homens”, na lógica perversa e pervertida do extremo feminismo, que precisa do aplauso fácil sem se entregar ao debate intelectualmente honesto. Esse comportamento extremista e irrefletido empurrou a sociedade para um transe coletivista em que muitos homens acreditam que é preciso pedir desculpas pelo pecado de outros, pelos pecados históricos, sejam lá quais tenham sido, e, inclusive, pedir perdão pelo futuro. Numa sociedade na qual o indivíduo e suas responsabilidades viraram coadjuvantes, onde o que vale é o coletivo, machismo

e masculinidade foram parar no mesmo balaio. Em vez de vilipendiar a masculinidade, é preciso reforçar o papel histórico dos homens na proteção das mulheres e do lar, na parceria na criação e no cuidado com os filhos, no apoio profissional em busca de nossos sonhos, e não o uso de espantalhos ideológicos preconceituosos para agradar à sanha de meia dúzia de ativistas enlouquecidas e mal resolvidas. Desde que o mundo é mundo, há estupradores, assediadores e agressores, e a maneira de combater estes crimes passa necessariamente pelo trabalho heroico de homens de bem. Um breve estudo comparado das diversas sociedades ao longo da história bastaria para qualquer um concluir que vivemos na época mais livre para as mulheres trabalharem, estudarem, criarem os filhos e se realizarem plenamente em todos os papéis que sonharem. Em 1984, na celebração dos 40 anos do desembarque das tropas americanas nas praias da Normandia, na Segunda Guerra Mundial, o presidente norte-americano Ronald Reagan fez um discurso histórico com a presença de alguns dos rangers americanos que sobreviveram àqueles dias: “Vocês eram jovens naquele dia em que tomaram esses penhascos; alguns de vocês eram apenas garotos com os


CRÔNICA – ANA PAULA HENKEL movidos pelo ódio do que estava na frente, mas por amor ao que deixavam para trás. Homens e mulheres fortes se unem pela defesa de valores importantes para ambos. Tentar calar ou eliminar um lado não é fortalecer o outro. Homens e mulheres fortes não se digladiam ou entram em uma competição vazia que preenche apenas as mentes néscias que querem pregar a estúpida ideia de que homens são “mulheres com defeito”, e que basta “castrá-los”, fazê-los pedir desculpas pelos pecados de todos os homens ruins para que sejam dóceis, obedientes e respeitadores. Aqui deixo meu apreço e carinho a todos os homens que são injustamente enquadrados em discursos hipócritas e nada agregadores, feitos apenas para envernizar a narrativa estulta e inútil do “Mulheres X Homens”. Pais, irmãos, técnicos, professores, mestres. Sinto também pelos homens que, na falta de consistência, hombridade, humildade e parceria, precisam fingir um arrependimento histórico que, na verdade, não passa de uma olhada no espelho para alimentar o próprio ego. Tenho pouquíssimas certezas na vida, mas aqui arrisco a deixar uma: a de que falo em nome de muitas mulheres gratas aos bons homens que lutam há séculos ao lado de mulheres bem resolvidas por um

mundo livre e seguro para todas nós. Difícil entender a ingratidão de algumas mulheres que escolhem a demonização de todos os homens e relativizam crimes em outras culturas, onde mulheres não têm nenhuma voz na sociedade. Ao mesmo tempo, não reconhecem a força de homens bons, que nutrem o companheirismo, a proteção, a consistência e a humildade que englobam a masculinidade, essencial para uma sociedade integrada e bem estruturada. Foram bons homens que lutaram pela liberdade e criaram as leis que proíbem os crimes que supostamente incomodam as feministas mais radicais. E esses homens são a regra, não a exceção. Uma sociedade forte - feita também de mulheres fortes - não é construída retratando os homens como inimigos a serem derrotados. Mulheres fortes não depreciam homens apenas por serem homens. Mulheres fortes combatem indivíduos perversos. Mulheres fortes combatem a mentira, a ideologia coletivista acima de nossos reais desejos e de nosso crescimento pessoal, e pavimentam o futuro com a ajuda de homens idôneos e corretos. Um reino construído apenas na histeria da demonização do sexo oposto não passa de um reino feito de castelos de areia.

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maiores prazeres da vida diante de vocês e mesmo assim arriscaram tudo aqui. Por quê? Por que vocês fizeram isso? (…) Nós olhamos para vocês e de algum jeito sabemos a resposta. Fé e crença. Lealdade e amor”. Por que esconder ou mesmo tentar vilipendiar esse traço heroico nesses homens apenas por uma agenda feminista? O que eles fizeram por nós é força. Isso é caráter. Eles não se esconderam e nos entregaram os tempos mais livres da humanidade. Não se esconder. Jamais. Isso é masculinidade, e, ao mesmo tempo, proteção. Homens reais – e não fantoches de agendas ideológicas - são pessoas com quem os outros podem contar. Seja simplesmente para fazer o que disseram que fariam, ou para estar no lugar certo, na hora certa. Tornar-se um homem significa ser consistente. Qualquer um pode fazer as coisas certas de vez em quando, e as chances são de que, se você olhar para os homens que você mais admira, todos eles ganharam seu respeito e confiança por meio da consistência. E essa grande geração que salvou o mundo do eixo nazifascista há mais de sete décadas era composta de heróis na essência do termo, em pensamento e ação, em força e capacidade de sacrificar tudo por todos. Lembrando G. K. Chesterton, eram jovens que não foram


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A EDUCAÇÃO É A ARMA MAIS PODEROSA QUE VOCÊ PODE USAR PARA MUDAR O MUNDO - NELSON MANDELA

ALUNOS DA CHAPEL EMPREENDEM AÇÕES SOCIAIS

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ada vez mais, os alunos da Chapel vêm protagonizando ações sociais e colocando em prática iniciativas solidárias, num trabalho que só cresceu durante a pandemia. Conheça, a seguir, alguns dos projetos liderados pelos estudantes, e as motivações que os levaram a se engajar neles.


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esenvolvido pela fundadora do jornal Joca, Stephanie Habrich, em parceria com o ACNUR (agência da ONU para refugiados) e com a ONG Hands On Human Rights, o “Mi Casa, Tu Casa” tem como objetivo principal arrecadar livros e montar bibliotecas bilíngues (português e espanhol) dentro dos abrigos de refugiados em Roraima, no norte do Brasil, além de promover a troca de cartas entre estudantes brasileiros e as crianças venezuelanas que lá vivem. A aluna Alma Castañares foi a responsável por trazer o projeto à Chapel e, junto com os colegas João Pedro Fegyveres e Beatriz Abram, conseguiu envolver todo o colégio numa impactante corrente de solidariedade. “Além de estimular a leitura e a educação literária, os livros representam um acolhimento, uma forma de abrir outros universos, sonhos e pensamentos além daquele mundo fechado dos abrigos. Por causa da participação de escolas de diferentes regiões do Brasil, conseguimos arrecadar mais de 31.700 livros, e a Chapel foi uma das mais comprometidas”, conta Alma. João Pedro revela os próximos passos: “Uma terceira parte do projeto é arrecadar dinheiro para o envio dos livros a Roraima e a compra de material para a construção das estantes-bibliotecas nos abrigos, que serão feitas pelos próprios adultos refugiados”. Para a aluna Beatriz Abram, o projeto chamou sua atenção por ter como meta a arrecadação de livros, o que ela ama, e também porque foi uma ótima chance de aprender mais sobre a Operação Acolhida, do governo brasileiro. “Eu cresci amando ler, e queria ajudar a dar a mesma oportunidade a essas crianças. Além disso, fiquei

muito animada para implementar a troca de cartas com os refugiados, pois eu sabia que as cartas dos alunos da Chapel seriam lindas e carinhosas, e iriam promover uma conexão especial entre nós e as crianças nos abrigos”, conta. Os alunos da Chapel comentam que aprenderam muito com a ação: “Este projeto me fez refletir sobre como é importante estarmos informados sobre o que está acontecendo no mundo, pois, antes dele, eu não sabia que estava ocorrendo uma crise humanitária na Venezuela e que o Brasil estava ajudando os refugiados a terem uma nova esperança”, diz Alma. Para João Pedro, o projeto foi uma ótima oportunidade de crescimento pessoal: “Ele me mostrou um lado bem diferente do mundo, aprendi que somos jovens privilegiados, pois temos uma ótima vida, com saúde, educação, amigos e família que estão sempre ao nosso lado. Poder participar da vida dessas crianças e jovens com os livros e as cartas é uma maneira de ajudá-los a enfrentar as dificuldades, proporcionando um pouco de alegria”. Beatriz comemora o apoio que o projeto recebeu na Chapel: “Fiquei muito emocionada com o envolvimento, tanto dos professores e coordenadores, quanto dos alunos. Quando eu encontrava crianças do elementary nos corredores, elas sempre me contavam, animadas, que já estavam escrevendo suas cartas. Fiquei muito feliz em ver que o projeto acentuou uma energia transformadora na escola”. Alma complementa: “Me senti muito feliz ao fazer parte de um projeto com tamanho impacto social, e consegui ver que, quando as pessoas se unem, conseguimos fazer a diferença”.

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PROJETO “MI CASA, TU CASA” ENVOLVEU TODO O COLÉGIO


VIÉS SOCIAL DA KONFEITARIA KOKUDAI SE AMPLIOU DURANTE A PANDEMIA

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pequeno negócio de venda de bolos, sobremesas e docinhos das irmãs Isabela e Mariana Kokudai sempre teve como foco desenvolver ações que fizessem sucesso entre os clientes de uma maneira única e com um toque especial. “Durante a pandemia, quando a KK se tornou maior, passamos a ajudar diferentes instituições que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade, o que conferiu um propósito ainda maior por trás de nossas produções”, conta Isabela. As irmãs contam que o projeto da confeitaria teve início de maneira espontânea, em 2018, mas, dois anos depois, com a pandemia, a motivação de ajudar outras pessoas nestes tempos difíceis imprimiu mais atividade ao negócio: “Por trás de tudo tem sempre o sentimento de sermos gratas por aquilo que temos em nossas vidas, escola, lar, família, alimento. Além disso, temos no sangue esse amor pela confeitaria, pois nossa avó paterna é dona de uma padaria e faz os melhores bolos do mundo”, revela Mariana. Para elas, a Konfeitaria Kokudai as fez se tornarem pessoas mais íntegras e cidadãs. “Ela nos mostra os desafios que existem neste mundo do empreendedorismo, mas também nos torna mais resilientes a erros e acertos, mais próximas daqueles que vivem em nossa cidade e, como irmãs, parceiras de negócio e de vida”, afirma Isabela. Com o aumento das vendas, elas passaram a destinar parte dos lucros a projetos sociais e instituições. “Com esse carinho que recebemos, temos a oportunidade de contribuir para deixar um pouco menos desafiadora a vida de pessoas em situação difícil, seja ajudando com a compra de algumas cestas básicas, seja fornecendo produtos de higiene”, finaliza Mariana.


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ideia de criar o projeto “Conectando pela Educação” surgiu depois que a aluna Juliana Luz fez um estágio no jornal Joca e se inspirou no envolvimento da fundadora, Stephanie Habrich, em trabalhos sociais. “Com a sua ajuda, me conectei com Julia Nicole, de 12 anos, estudante de uma escola pública de São Paulo, e passei a dar aulas virtualmente para ela toda semana”, conta Juliana. Durante a pandemia, a aluna da Chapel percebeu que o apoio dado fez tão bem a Julia Nicole que decidiu estendê-lo a outras crianças. “Foi nesse momento que pensei que muitas pessoas poderiam se conectar da mesma maneira por meio de uma plataforma”, conta. “Conectando pela Educação” é uma plataforma que oferece apoio a estudantes de escolas públicas por meio de aulas particulares de reforço online. O aplicativo conecta voluntários a alunos que precisam de ajuda, e também promove campanhas para doação de materiais didáticos, chips de internet e dispositivos eletrônicos como smartphones, tablets e computadores. “Eu acredito que a educação é um dos valores mais importantes que temos na vida, e é justamente um dos investimentos de que o nosso país precisa para superar a desigualdade”, finaliza Juliana.

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PLATAFORMA “CONECTANDO PELA EDUCAÇÃO” OFERECE AULAS PARTICULARES


“HELP THE HOMELESS UNITED” DOA KITS DE ALIMENTOS SEMANALMENTE EM SÃO PAULO

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esde fevereiro deste ano, cinco alunos da Chapel dedicam suas horas de atividades extracurriculares, às segundasfeiras, para produzir 150 kits de comida e distribuí-los a moradores de rua do centro de São Paulo. Os amigos da Chapel Theo Guimarães, Antonio Rangel, Cezario Caram, João Arantes e Rafael Seabra tiveram a ideia de criar o “Help The Homeless United”, depois do falecimento do tio de Theo, Eduardo Moreno, que há trinta anos distribuía alimentos a moradores de rua. “Esse projeto teve início anos atrás pelo meu tio, e depois da morte dele nos sentimos na obrigação de continuar a ação. Tenho um grupo de amigos legais na Chapel, resolvi chamálos e todos aceitaram”, conta Theo. O grupo conta ainda com a participação da colega Manuela Oliveira, que estuda na St. Paul’s. Os kits entregues semanalmente – de fevereiro a junho, o grupo doou mais de 3 mil – incluem marmitas, sopas, roupas e cobertores, tudo adquirido por meio de doações. Recentemente, o projeto passou a aceitar contribuições em dinheiro, e 100% do valor arrecadado é destinado à causa. A maior motivação do grupo ao criar o projeto foram os problemas ocasionados pela atual crise sanitária: “Com a pandemia, muitos perderam emprego e ficaram sem condições de se sustentar, o que causou um aumento drástico no número de moradores de rua de São Paulo. Após ver o quão delicada a situação estava, nos juntamos e decidimos lutar

contra esse problema”, explica Theo. Para os amigos, o projeto proporcionou uma grande oportunidade de crescimento pessoal. “O HTH United me trouxe a verdadeira experiência de lutar por uma causa e ajudar os que mais precisam. O simples fato de tomar uma sopa quente à noite, para nós, pode não ter tanta importância, mas para os que realmente precisam significa muito, e é o suficiente para botar um belo sorriso no rosto”, comenta Antonio. O amigo Rafael concorda: “O projeto me fez mais suscetível a ajudar as pessoas no meu dia a dia, e eu aprendi como esse simples ato pode realmente ajudar uma pessoa em um dia difícil”. Cezario comenta que a iniciativa o ensina, semanalmente, como pequenas ações podem gerar grandes resultados: “É emocionante ver como o nosso projeto realmente afeta as pessoas e ajuda aqueles que são esquecidos pela sociedade”. Para João, esses últimos meses participando do HTHU fizeram-no refletir sobre a situação das pessoas em vulnerabilidade social. “Eu vi essa oportunidade de poder dar aos outros um pouco do que eu sempre tive; é extremamente importante que cuidemos dos menos favorecidos”, avalia. Quem quiser conhecer essa ação solidária pode segui-la no Instagram, onde são postadas fotos da rotina de preparação e distribuição dos alimentos. “Pelo perfil @hthunited, qualquer pessoa pode interagir, acompanhar e ajudar nosso projeto”, finaliza Theo.


Escaneie o QR Code para assistir ao vídeo do V Recital de Música da Chapel. Instagram

Youtube

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nsiosamente aguardado pela comunidade escolar, o vídeo do V Recital de Música da Chapel foi lançado oficialmente às 19h do dia 8 de junho, com direito a contagem regressiva e apresentação da diretora do Elementary School, Ms. Juliana Menezes. “A ideia era que todos assistissem no mesmo momento, e foi emocionante saber que estávamos assistindo juntos, embora cada um estivesse em sua casa”, comemora Roberta Braga, chefe do Departamento de Música e organizadora do festival. Para o professor de música Caio Oliveira, a versão digital conseguiu resgatar parte da emoção do evento presencial: “A contagem regressiva recuperou um pouco da ansiedade da apresentação ao vivo, quando ficamos aguardando as cortinas se abrirem”. Escolhido pelos alunos, o tema do recital foi “Filmes de Animação”, e cada ano escolar (4º, 5º e 6º) cantou uma música e apresentou outra no xilofone. Todas as gravações foram realizadas individualmente, e um minucioso trabalho de edição foi responsável por unir todas as vozes e instrumentos. Ms. Braga conta que, para os alunos, foi uma surpresa, pois não haviam visto o vídeo antes do lançamento, e não sabiam como iriam aparecer na tela. “Valeu a pena termos sido bastante detalhistas na estrutura do evento, pois o resultado foi muito profissional”, comemora a professora. Os alunos do 4º ano abriram o vídeo, cantando You’ve Got a Friend in Me, da animação Toy Story, e, em seguida, tocaram no xilofone Heigh-Ho, do filme Branca de Neve e os Sete Anões. Intercaladas com comentários da diretora Juliana Menezes, as apresentações se seguiram com as turmas do 5º ano, que tocaram no xilofone a simpática Bibbidi-Bobbidi-Boo, de Cinderela, e depois cantaram Accidentally in Love, de Shrek. Encerrando o recital, os alunos do 6º ano tocaram Under the Sea, do filme The Little Mermaid, e, por fim, cantaram I’m Still Standing, da animação Sing. “O recital de música deixa bem visíveis as expectativas de aprendizagem de cada nível, mostrando o quanto conseguimos fazer com o xilofone, ou seja, a apresentação mostra como a complexidade desse instrumento vai aumentando com a progressão dos anos”, comemora Ms. Braga. Além de mostrar o desenvolvimento das crianças no programa de música, a versão do recital em vídeo permitiu que todos se assistissem, o que nem sempre é possível nas apresentações presenciais: “Nas apresentações ao vivo, enquanto uma turma está no palco, as outras estão nos bastidores aguardando sua vez de entrar”, comenta Mr. Oliveira, complementando: “Outra novidade desta edição foi que, pela primeira vez, as duas turmas de cada série tocaram e cantaram juntas, diferentemente do espetáculo presencial, em que cada turma toca e canta músicas diferentes”.

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RECITAL DE MÚSICA CELEBRA MAGIA DOS FILMES DE ANIMAÇÃO


CHAPEL PROMOVE PALESTRAS DE LEO FRAIMAN ÀS FAMÍLIAS

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om o propósito de apoiar e acolher as famílias durante a pandemia, a Chapel promoveu duas palestras com o psicólogo Leo Fraiman, especialista em orientação profissional e familiar. Em formato de webinário, as conferências aconteceram em abril e maio, e tiveram mediação das diretoras e das orientadoras educacionais, que organizaram as perguntas dos pais ao final de cada sessão. Como manter o equilíbrio emocional em tempos de crise foi o tema do primeiro encontro, que aconteceu dia 28 de abril. Segundo Fraiman, pequenos ajustes na forma como organizamos o cotidiano podem fazer uma enorme diferença na nossa saúde mental e emocional, impactando nosso rendimento e, mais ainda, a nossa felicidade. Isso passa, de acordo com o psicólogo, pela lente com a qual enxergamos o mundo, que é a maneira como encaramos os problemas, notadamente em tempos de pandemia, em que o pessimismo impera. “Não podemos ter sempre o melhor, mas podemos sempre fazer o melhor com o que temos”, disse Fraiman, resumindo a ideia central da palestra. Em maio, o psicólogo voltou a conversar com as famílias, dessa vez para tratar de relações humanas e construção da felicidade. Na ocasião, ele tratou da sustentabilidade das relações humanas, questionando o impacto que elas causam nas famílias, afinal, boa parte da saúde, imunidade, rendimento acadêmico, felicidade e sucesso advém da habilidade de lidar consigo mesmo e com os outros. Segundo

o especialista, é importante que as casas sejam lugares familiares e calorosos, nos quais as pessoas se sintam bem. Considerando que não existe na história uma época que seja apenas sombra – ou somente luz –, é humano idealizarmos um futuro em que tudo pode se resolver. No entanto, o que existe de concreto é o tempo presente, o agora, e, nesse sentido, nenhum extremo é saudável: nem a idealização utópica, nem o pessimismo compulsório. Para Erika Ferreira, orientadora educacional do 4º ao 9º ano, as palestras de Leo Fraiman proporcionaram importantes reflexões, fortalecendo o discurso pedagógico da Chapel: “Os pais estavam muito desejosos de ouvir orientações dessa natureza. Por mais que apreciem o que o colégio oferece cotidianamente, é importante ouvir de um outro profissional o que corrobora nossa prática educacional”. Cristiana Cavalcanti, orientadora educacional do ECEC ao 3º ano, concorda e ressalta a importância de eventos dessa natureza justamente nessa época de pandemia, em que formas de agregar são muito bem-vindas: “Para as famílias, o distanciamento social transformou a educação dos filhos numa tarefa ainda mais solitária do que já é. Nesse sentido, foi um conforto ouvir o Leo Fraiman nos lembrar de que a forma como encaramos a realidade faz muita diferença e reflete nos filhos, no clima da casa; e o quanto é importante tornar a casa um espaço de convívio e de troca, onde todos querem estar e pertencer”.


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EVENTO DE ALUNOS DO HS PRESTIGIA MULHERES CIENTISTAS

Chapel, mestre em Ciência da Computação e engenheira da Tesla Motors, empresa norte-americana especializada em automóveis elétricos de alto desempenho. Em suas exposições, as convidadas falaram sobre sua formação, seus trabalhos profissionais e as pesquisas que desenvolvem. Após cada participação, houve uma sessão de perguntas liderada pelos estudantes, que ficaram bem empolgados com as apresentações. “A possibilidade de conversar com pesquisadores externos foi bem aproveitada pelos alunos, que se engajaram na mesa-redonda e fizeram várias perguntas às convidadas”, comenta Ms. Ferreira. Depois do encontro, a equipe de orientação fez uma pesquisa com alunos e professores para medir a aprovação, e os resultados foram positivos: “De um modo geral, todos gostaram bastante e deram sugestões para os próximos eventos. Os alunos gostaram muito de ouvir as cientistas e solicitaram, para os próximos, um tempo maior para fazer perguntas”, avalia Ms. Ferreira. Para ela, o valor mais importante foi a interação da escola com a comunidade científica: “Eventos dessa natureza mostram como os alunos valorizam trazer o mundo real para dentro do colégio, e como é importante proporcionarmos o encontro deles com esses profissionais”, finaliza.

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urante o mês de março, para celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Chapel convidou mulheres cientistas para uma mesa-redonda com os alunos do 7º ao 11º ano. O evento Girls in STEAM aconteceu no dia 11 e fortaleceu a reflexão dos estudantes do High School acerca da representatividade das mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, afinal, estimativas da Unesco apontam que as mulheres representam menos de 30% dos cientistas do mundo. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, é essencial promover a igualdade de gênero no mundo científico para que se reconheça, de uma vez por todas, que mais diversidade promove mais inovação. E inovação foi o que não faltou na programação do Girls in STEAM, que teve a participação de cinco palestrantes, em duas sessões simultâneas, mediadas pelas orientadoras educacionais Erika Ferreira e Marta Bidoli. A sessão dirigida aos alunos do 7º ao 9º ano foi mediada por Ms. Ferreira e teve como palestrantes Tatiana Yoshida, especialista em sustentabilidade no setor de energia e fundadora do movimento Drone Like a Girl, para incentivar a participação feminina no setor de drones; Diana Roque, pesquisadora de microrganismos e organizadora de projetos como o Mergulho na Ciência, que visa aproximar meninas das ciências; e Maria Inês Ribas, doutora em Ensino de Ciências e Matemática, idealizadora e coordenadora do Projeto Menina Ciência - Ciência Menina, que objetiva minimizar o paradigma de gênero presente nas ciências. Mediada por Ms. Bidoli, a sessão voltada aos alunos do 10º e 11º ano trouxe duas cientistas: a doutora em Fisiologia Marilia Seeleander, chefe do Laboratório de Cirurgia Experimental do Hospital das Clínicas de São Paulo; e Mariana Avezum, ex-aluna da


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TALENTOS & PAIXÕES

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ara esta edição da Inside Chapel, foram convidados alunos que se destacam em esportes distintos como a vela, a equitação e o futebol, e também aqueles que brilham por sua atuação no grêmio estudantil (StuCo), no grupo do NHS (National Honor Society) e nas conferências do MUN (Modelo das Nações Unidas). Nas próximas páginas, conheça-os um pouco mais.


“FOI AO INGRESSAR NO STUCO E NO NHS QUE PASSEI REALMENTE A ME SENTIR PARTE DA COMUNIDADE DA CHAPEL”

PEDRO LOUREIRO

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EXPERIÊNCIA POSITIVA Quem vê Pedro Loureiro na Chapel, interagindo o tempo todo com colegas, professores e funcionários, organizando eventos do grêmio estudantil, protagonizando ações do clube de honra do colégio e atuando em peças teatrais, pensa que ele sempre estudou aqui. Mas, não. Ele ingressou na Chapel no 9º ano, logo depois de voltar de um intercâmbio nos Estados Unidos, onde se identificou com o sistema americano de educação universitária. Decidido a graduar-se em Bioquímica ou Medicina no exterior, o jovem de 17 anos passou a buscar escolas com currículo americano e se encantou com a Chapel. “Quando cheguei, vi esse campus maravilhoso e me apaixonei pelo lugar, pelas salas, pelas pessoas, sinto prazer em vir ao colégio, mesmo morando um pouco distante”, conta. Apesar da facilidade de fazer amigos e da da recepção calorosa dos veteranos, Pedro queria mais: “Fazer parte de um grupo de alunos que dedica seu tempo para a construção de uma comunidade melhor sempre me atraiu, e acreditei que integrar o StuCo (grêmio estudantil) seria a melhor forma de eu realmente me enturmar”. E ele estava certo. Quando iniciou o 10º ano, ingressou não somente no StuCo, mas também no NHS (National Honor Society), o clube de honra do colégio, do qual atualmente é presidente, e em outros como o Drama Club e o Math Club. Curioso e ávido por saber os porquês das coisas, Pedro chegou inclusive a criar um clube de História da Ciência, que durou um ano. Criativo, o agora aluno do 12º ano tem predileção por trabalhos voluntários e organização de eventos, e aprecia notadamente a criação de jogos e atividades que envolvam toda a comunidade escolar. “Gosto muito dos clubes, pois juntam um grupo de pessoas muito especiais, muito criativas, que se importam e são empáticas, e eu me identifico muito com isso”, comenta. Não à toa, Pedro candidatou-se à presidência do StuCo e foi eleito pela maioria do corpo estudantil. Entre as ações que propõe para a sua gestão, a integração entre os membros da comunidade escolar é a sua principal meta: “Pretendo promover projetos que desenvolvam cada vez mais a conexão e a integração dos alunos. Quero continuar o que recebi, fazer com que novos alunos possam passar pela mesma experiência positiva por que passei”, finaliza.


TALENTOS & PAIXÕES

“NA VELA, O QUE EU MAIS GOSTO É DE COMPETIR. TUDO ACONTECE MUITO RAPIDAMENTE, EM SEGUNDOS VOCÊ PODE VENCER OU PERDER”

MATHIAS REIMER COMPETITIVO NA VELA

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Mathias Reimer tinha apenas 7 anos de idade quando ingressou na Escola de Vela do Yacht Club Santo Amaro (YCSA) junto com as duas irmãs mais velhas. Alguns anos depois, já corria as primeiras regatas em equipe e foi gostando cada vez mais do esporte. Hoje, aos 17 anos, segue treinando cinco vezes por semana e colecionando conquistas na categoria Laser Radial. Em 2020, mesmo com o cancelamento de várias competições, inclusive do Mundial da Juventude, em razão da pandemia, Mathias foi campeão da Copa da Juventude na classe Laser Radial e vice-campeão do Campeonato Brasileiro de Laser Standard nas Categorias Sub-19 (Standard) e Sub-17 (Radial). “Vencer a Copa da Juventude me garantiu uma vaga para o Mundial da Juventude, mas, como ele foi cancelado, estou participando novamente das seletivas para tentar me classificar para o próximo”, conta. Aluno do 11º ano, Mathias está na Chapel desde o 9º ano, e concilia as atividades do colégio com os treinos no YCSA e as competições, que acontecem geralmente aos finais de semana e nos períodos de férias escolares. “Para mim, isso é natural. Pretendo, enquanto ainda consigo conciliar a vela e o colégio, continuar fazendo o meu melhor em todos os campeonatos; meu objetivo é sempre ir bem nas competições”, conta o jovem, que pretende estudar nos Estados Unidos e continuar competindo pela universidade. Aqui no Brasil, além de treinar no Yacht Club, Mathias costuma velejar em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, por causa dos ventos. Sempre que possível, sua equipe procura viajar para os lugares onde ocorrem os campeonatos, a fim de se acostumar às condições climáticas. Em tempos normais, ele participa de treinos ou competições quase todos os fins de semana e, no semestre, chega a sair de São Paulo umas seis vezes para correr outros campeonatos. “Eu gosto muito de competir, é o que mais me atrai na vela. Principalmente porque é um esporte em que tudo acontece muito rapidamente, e você tem que estar 100% focado do começo ao fim, pois a qualquer momento as condições podem mudar: se está mal, pode se recuperar rapidamente, e, se está bem, pode perder posições também muito rapidamente”, finaliza.


“MINHA PAIXÃO PELO HIPISMO É INDESCRITÍVEL, NÃO DÁ PARA PÔR EM PALAVRAS O AMOR QUE SINTO PELO ESPORTE E PELOS ANIMAIS”

MARIA CLARA MAXIMIANO HIPISMO PARA A VIDA

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Quando indagada sobre sua paixão pelo hipismo, Maria Clara Maximiano, de 15 anos, diz que lhe faltam palavras: “É uma paixão indescritível, não dá para pôr em palavras o amor que sinto pelo esporte e pelos animais”. Para ela, o esporte proporciona emoções únicas, que somente quem pratica pode ser capaz de senti-las. Essa paixão começou há pouco mais de três anos, quando morava em Brasília com a família. “Minha irmã praticava e eu achava o esporte lindo, por isso resolvi tentar”, conta. No início, ela considerava um hobby, mas, assim que a família se mudou para São Paulo, Maria Clara começou a levar o esporte a sério e hoje afirma que pretende levar o hipismo para a vida, dedicando-se cada vez mais a ele. Responsável por quatro cavalos – um deles aposentado e já curtindo a velhice solto, no pasto do sítio da família –, a aluna do 10º ano treina de terça a domingo, durante cerca de duas horas, no Clube Hípico de Santo Amaro, onde ficam os seus animais. Nos fins de semana, ela passa mais horas treinando, quando tem tempo para montar os três cavalos. É também nos fins de semana que acontecem os campeonatos, dos quais participa com a égua Nutreal Hillary Garden, seu cavalo principal. Em maio deste ano, ficou em terceiro lugar no VI CSN (Concurso de Salto Nacional), realizado no Clube Hípico de Santo Amaro, na categoria Jovem Cavaleiro A (1,10m). Apesar de já ter sido campeã de adestramento quando morava em Brasília, Maria Clara conta que hoje se dedica mais ao salto, e que gosta de participar de competições. No entanto, o que mais a atrai no hipismo são as amizades e os ensinamentos diários: “Nesse esporte, a gente mais perde do que ganha, e aprendemos diariamente que nem todos os treinos serão bons, por isso aprendemos a agradecer pelos dias bons e também pelos não tão bons”, afirma. Quando não está dedicada ao colégio e ao hipismo, Maria Clara gosta de fazer academia e de tocar piano, instrumento que estuda desde os 10 anos de idade e que agora voltou a praticar. “Geralmente toco para a minha família, porque eles pedem”, finaliza.


TALENTOS & PAIXÕES

“O FUTEBOL ME AJUDOU A FAZER AMIGOS E A ME INTEGRAR NA CHAPEL. É UM ESPORTE QUE PROPORCIONA MUITAS AMIZADES”

LUCIA CASTELLANOS FUTEBOL LEVADO A SÉRIO

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Nascida no México, Lucia Castellanos passou a maior parte da vida morando na Colômbia, onde estudou em escola bilíngue e aprendeu a jogar futebol. “Era um esporte que minhas amigas praticavam e eu resolvi experimentar”, conta a jovem de 15 anos. Assim que entrou para o time da escola, ela gostou bastante da modalidade e se descobriu uma excelente jogadora. Quando a família se mudou para o Brasil, e Lucia ingressou na Chapel, ela continuou jogando e atualmente integra a equipe feminina de futebol de campo do Junior Varsity, pela qual representa o colégio em torneios e jogos amistosos. Ela conta que o futebol ajudou na sua integração ao colégio e foi responsável pelas amizades que conquistou: “O futebol me ajudou a fazer amigos na Chapel; costumo jogar com minhas amigas nos intervalos das aulas, e isso foi importante para a minha adaptação”. Aluna do 9º ano, Lucia gosta de atuar no meio de campo, e uma de suas principais habilidades é se movimentar no jogo, dando passes para a equipe. Apesar de gostar de jogar e de se dedicar ao esporte, ela considera o futebol um hobby, sem pretensões profissionais. Quanto a participar de torneios, sua motivação se dá pelo time: “A competição é legal para a equipe, por isso eu gosto”. Antes de se dedicar ao futebol, a jovem também jogou tênis por muito tempo e praticou ginástica rítmica durante dois anos. Da Chapel, Lucia gosta, além dos esportes, dos professores, que considera “legais”, e das pessoas, “que são muito amigáveis”. “Acho que a Chapel é uma escola que faz as pessoas aprenderem muito sobre os valores, o respeito e a honestidade, e também oferece muito suporte quando alguém precisa”, avalia. Nos momentos de lazer, a jovem gosta de estar com as amigas, de passar o tempo com a irmã e de cozinhar: “Gosto de fazer bolos, estou aprendendo a cozinhar”, revela.


“PRETENDO INTEGRAR O MUN ATÉ A UNIVERSIDADE. AMO PESQUISAR E DEFENDER QUALQUER TÓPICO E ME SINTO MUITO CONFORTÁVEL NAS CONFERÊNCIAS”

LORENZO PERROTTI ORADOR DE DESTAQUE

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Foi por sugestão da mãe que Lorenzo Perrotti ingressou no MUN (Modelo das Nações Unidas) da escola americana que frequentava em Viena, na Áustria, onde morou durante dois anos. Ele cursava o 6º ano da AIS (American International School) e adorou a experiência: “Ia para a biblioteca depois da aula e amava estudar qualquer tópico, passava horas pesquisando e me sentia muito bem naqueles momentos”, conta o jovem de 14 anos. Ao regressar para o Brasil, a família escolheu a Chapel por indicação de amigos, pelos valores e também por causa do campus. “Bem parecido com a minha escola em Viena, eu e minha família adoramos o fato de ser grande, aberto e com muito verde”, comenta. Assim que ingressou no colégio, no 7º ano, Lorenzo entrou para o MUN, e foi aqui que participou pela primeira vez de uma conferência. “Foi uma experiência boa, me senti confortável naquele ambiente e nunca me senti diferente por ser mais novo”, afirma. Desde então, ele já participou de cinco conferências e vem se destacando cada vez mais como orador. “Um sentimento que tenho é sempre tentar fazer um pouco melhor do que da última vez, isso deve ter sido responsável pelo destaque que obtive”, conta, com modéstia. Ele afirma que o ambiente ajudou: “Como havia apenas alunos da Chapel, me senti à vontade e pude falar mais”. No entanto, a sua dedicação conta muito: “Gasto um bom tempo pesquisando sobre o tópico que vou discutir e preparando meu material, pois no momento da discussão gosto de ter propriedade sobre o que estou falando”. Para ele, o melhor momento das conferências é quando ocorrem os debates: “É quando realmente podemos discutir temas polêmicos e defender a posição do país que estamos representando, o que nem sempre é muito fácil”. Extrovertido, Lorenzo fez teatro em todas as escolas que estudou e pretende voltar em breve a integrar grupos teatrais para buscar inspiração. Nas horas livres, além de jogar futebol e basquete, treina taekwondo, esporte que começou a praticar há cerca de um ano. O que mais gosta na Chapel são os amigos e a comida. “É uma escola ótima, mas a comida se destaca”, afirma bem-humorado.


GALLERY

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cerimônia de posse dos membros dos clubes de honra NHS e NJHS, as brincadeiras da Spirit Week do High School e do Elementary School, o Fun Day do 6º ano e as atividades de encerramento do ano letivo do ECEC foram alguns dos eventos que marcaram o último semestre da Chapel. Confira, nas próximas páginas, registros fotográficos desses momentos culturais e festivos que envolveram a comunidade escolar.


09 - Mel Arantes (NJHS) e Ms. Paula Moro. 09 - Mel Arantes (NJHS) and Ms. Paula Moro.

08 - Barbara Lara (NJHS) e Ms. Paula Moro. 08 - Barbara Lara (NJHS) and Ms. Paula Moro.

07 - Ana Luiza Meira Justo (NJHS) e Ms. Paula Moro. 07 - Ana Luiza Meira Justo (NJHS) and Ms. Paula Moro.

06 - Barbara Monte Alto (NJHS) e Ms. Paula Moro. 06 - Barbara Monte Alto (NJHS) and Ms. Paula Moro.

05 - Bruno Monte Alto (NHS) e Ms. Paula Moro. 05 - Bruno Monte Alto (NHS) and Ms. Paula Moro.

04 - Bruna Simões (NHS) e Ms. Paula Moro. 04 - Bruna Simões (NHS) and Ms. Paula Moro.

03 - Marina Silva (NHS) e Ms. Paula Moro. 03 - Marina Silva (NHS) and Ms. Paula Moro.

02 - Luisa Tolda (NHS) e Ms. Paula Moro. 02 - Luisa Tolda (NHS) and Ms. Paula Moro.

01 - Os irmãos Bruno (NHS), Barbara (NJHS) e Amanda (NHS) Monte Alto tomam posse nos clubes de honra da Chapel, em março. 01 - Siblings Bruno (NHS), Barbara (NJHS), and Amanda (NHS) Monte Alto are inducted into Chapel’s honors clubs in March.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

CERIMÔNIAS DO NHS E NJHS / NHS AND NJHS CEREMONIES

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13 - No Dia do Descombinado, os colegas Valentina Domiano, Sofia Azevedo, Carolina Versolato, Pedro Loureiro, Luisa Ventura e Isabela Kokudai. 13 - On Mismatch Day classmates Valentina Domiano, Sofia Azevedo, Carolina Versolato, Pedro Loureiro, Luisa Ventura, and Isabela Kokudai.

12 - A produção descompassada de Mr. Benjamin Vaughan fez sucesso. 12 - Mr. Benjamin Vaughan’s mismatched attire was a hit.

11 - Mr. Colin Weaver aproveita o Dia do Descombinado. 11 - Mr. Colin Weaver enjoys Mismatch Day.

09 e 10 - Matheus Becklas e Clara Vasconcellos vieram descombinando. 09 and 10 - Matheus Becklas and Clara Vasconcellos showed up mismatched.

08 - Mr. Bryan Sanders caprichou no descompasso da roupa. 08 - Mr. Bryan Sanders did a great job mismatching his clothes.

07 - Diretamente de Monstros S/A, Ms. Marina Lima e Ms. Heloisa Mormito. 07 - Straight from Monsters Inc, Ms. Marina Lima and Ms. Heloisa Mormito.

06 - Enrico Camargo de Naruto. 06 - Enrico Camargo, as Naruto.

05 - As professoras Ms. Sylvia Almeida (Moana) e Ms. Maxine Rendtorff (Malévola) homenageiam filmes da Disney. 05 - Teachers Ms. Sylvia Almeida (Moana) and Ms. Maxine Rendtorff (Maleficent) pay tribute to Disney movies.

04 - Os atletas Leticia Barbosa e Juan Rueda. 04 - Athletes Leticia Barbosa and Juan Rueda.

03 - Marta Castro aproveita o Dia do Descombinado. 03 - Marta Castro takes advantage of Mismatch Day.

02 - No Dia da Profissão, as médicas Sofia Buazar e Luana Moussa. 02 - On Profession Day, Sofia Buazar and Luana Moussa came as doctors.

01 - As colegas Juliana Kouri, Delfina Girardi, Luisa de Marchi, Gabriella Castro, Maria Eduarda Melo, Juliana Sousa e Sophya Souza curtem o Dia do Pijama. 01 - Juliana Kouri, Delfina Girardi, Luisa de Marchi, Gabriella Castro, Maria Eduarda Melo, Juliana Sousa, and Sophya Souza enjoy Pajama Day.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

HIGH SCHOOL SPIRIT WEEK

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15 - A noiva da festa Valentina Figueiredo. 15 - The bride of the party, Valentina Figueiredo.

14 - Maria Fernandez em traje junino. 14 - Maria Fernandez dressed up for Festa Junina.

13 - Henrique Lamounier curte o dia junino. 13 - Henrique Lamounier enjoys the Festa Junina day.

Festa Junina / Festa Junina celebration 12 - Gustavo Rocha no Dia da Fantasia de Festa Junina. 12 - Gustavo Rocha during the Festa Junina dress up day.

11 - Ms. Daniela Hayashida, de Tatu Bola, e Ms. Elissa Choi, de Peter Pan. 11 - Ms. Daniela Hayashida as Tatu Bola, and Ms. Elissa Choi as Peter Pan.

10 - Mr. Filip Stoops encarna Harry Potter. 10 - Mr. Filip Stoops channels Harry Potter.

09 - O menino maluquinho Felipe Trabulsi. 09 - Felipe Trabulsi as Menino Maluquinho.

08 - Diretamente das páginas dos livros, Laís Ribeiro, Julia Rocha e Samantha Smith. 08 - Straight from the pages of their favorite book, Laís Ribeiro, Julia Rocha, and Samantha Smith.

Personagem de livro favorito / Character of favourite book 07 - João Campos encarna Wally no Dia do Personagem de Livro. 07 - João Campos dresses up as Waldo on Book Character Day.

06 - A produção carnavalesca de Luciana Blanco e Ms. Flavia Tacchini. 06 - The Carnaval getup of Luciana Blanco and Ms. Flavia Tacchini.

Acessórios de carnaval / Carnaval accessories 05 - Gabriela Fabios caprichou nos acessórios de Carnaval com o irmão Juan Fabios. 05 - Gabriela Fabios did a great job on her Carnaval accessories together with her brother Juan Fabios.

04 - Ms. Cristina El Dib de pirata. 04 - Ms. Cristina El Dib as a pirate.

03 - O militar camuflado David Siqueira e o astronauta Enzo Ventura. 03 - Soldier in camouflage David Siqueira and astronaut Enzo Ventura.

02 - As M&M’s Ms. Kahlie Graves, Catherine Smith e Ms. Julia Behring. 02 - Ms. Kahlie Graves, Catherine Smith, and Ms. Julia Behring as M&Ms.

Fantasia de Halloween / Halloween Costumes 01 - Divertindo-se na Spirit Week, Mirela Carvalho como Malévola e Sofia Fonseca como membro do exército da Rainha de Copas. 01 - Mirela Carvalho, as Maleficent, and Sofia Fonseca, as a member of the Queen of Heart’s army, have fun during Spirit Week.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

ELEMENTARY SCHOOL SPIRIT WEEK

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04 - Luís Castro e Nicolas Garzón com a cápsula do tempo. 04 - Luís Castro and Nicolas Garzón with the time capsule.

03 - Rafaella Cortelaso e Luna Correia concentram-se na atividade artística. 03 - Rafaella Cortelaso and Luna Correia concentrate on the art activity.

02 - Natalia Maria Castellanos Garcia capricha na decoração de sua caneca. 02 - Natalia Maria Castellanos Garcia pays attention while decorating her mug.

01 - Alef Chahoud exibe sua caneca no Fun Day do 6º ano. 01 - Alef Chahoud shows off his mug during the 6th grade Fun Day.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

FUN DAY DO 6º ANO / 6TH GRADE FUN DAY 01

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09 - Agness Chois, Ms. Fernanda Lopes, Rafael Pollastrini e Ms. Daniela Sperling se divertem com a história. 09 - Agness Chois, Ms. Fernanda Lopes, Rafael Pollastrini, and Ms. Daniela Sperling have fun with the story.

08 - Lucas Guglielmetti, Beatriz Amaro e Joaquim Santos prestam atenção na contadora. 08 - Lucas Guglielmetti, Beatriz Amaro, and Joaquim Santos pay attention to the storyteller.

07 - Andi Rubinstein prende a atenção de Agness Choi, Rafael Pollastrini, Ms. Fernanda Lopes, Maria Fernanda Dirani e Luiza Souza. 07 - Andi Rubinstein holds the attention of Agness Choi, Rafael Pollastrini, Ms. Fernanda Lopes, Maria Fernanda Dirani, and Luiza Souza.

06 - Ana Carolina Almeida (de costas), Helena Bortolin, Rebeca Buffara, Henrique Navarro, Ian Ferrari, Oliver Koppy, Carolina Soares e Valentina Cury participaram atentos. 06 - Ana Carolina Almeida (back towards camera), Helena Bortolin, Rebeca Buffara, Henrique Navarro, Ian Ferrari, Oliver Koppy, Carolina Soares, and Valentina Cury pay close attention.

05 - Maria Luiza Almeida, Leah Rangel Carrillo, Ms. Bruna e Nina Daher na sessão de histórias. 05 - Maria Luiza Almeida, Leah Rangel Carrillo, Ms. Bruna, and Nina Daher during the storytelling session.

04 - Pedro Paulo, Valentina Massih, João Hannud, Bento Martins e Maria Gabriella de Lima participam da contação de histórias por Andi Rubinstein. 04 - Pedro Paulo, Valentina Massih, João Hannud, Bento Martins, and Maria Gabriella de Lima participate in storytelling by Andi Rubinstein.

Contação de histórias com Andi Rubinstein / Storytelling with Andi Rubinstein 03 - Lucas Guglielmetti, Beatriz Amaro e Joaquim Santos concentram-se na história. 03 - Lucas Guglielmetti, Beatriz Amaro, and Joaquim Santos concentrate on the story.

02 - Já Tomás Fernandes preferiu fantasiar-se de zumbi. 02 - Já Tomás Fernandes preferiu fantasiar-se de zumbi.

Dia da Fantasia / Costume Day 01 - No Dia da Fantasia, Leonardo Amaro veio de stormtrooper. 01 - On Costume Day, Leonardo Amaro came as a stormtrooper.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

ATIVIDADES DE FIM DO ANO NO ECEC / ECEC END OF YEAR ACTIVITIES

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15 - Laura Weaver, Alice Marchini e Maria Luíza Boesel e suas camisetas tie dye. 15 - Laura Weaver, Alice Marchini, and Maria Luíza Boesel with their tie dye t-shirts.

14 - João Paulo Barroso, Dan Martin e Guilherme Echenique exibem sua arte. 14 - João Paulo Barroso, Dan Martin, and Guilherme Echenique show off their art.

13 - Com as camisetas artísticas, Alexandre Gomes, Shea Koppy e Ms. Nathália Domingos. 13 - Alexandre Gomes, Shea Koppy, and Ms. Nathália Domingos with their artistic t-shirts.

12 - Maria Fernanda Hannud e Ms. Nathália Domingos posam com suas produções. 12 - Maria Fernanda Hannud and Ms. Nathália Domingos strike a pose with their shirts.

11 - Leonardo Amaro mostra o resultado da sua arte. 11 - Leonardo Amaro shows the result of his art.

10 - Sarah Buffara e Gabriel Gomes exibem suas camisetas tie dye. 10 - Sarah Buffara and Gabriel Gomes show off their tie dye t-shirts.

09 - Leonardo Amaro se concentra na tintura. 09 - Leonardo Amaro concentrates on the dyeing process.

08 - Helena Brandão escolhe as cores da sua camiseta. 08 - Helena Brandão chooses the colors for her shirt.

07 - Sarah Buffara capricha na mistura de cores. 07 - Sarah Buffara focuses on mixing the colors.

Produção de camiseta Tie Dye / Tie Dye T-shirt production 06 - Tiago Saretta prepara as cores da sua camiseta. 06 - Tiago Saretta prepares the colors for his shirt.

05 - Ryo Komiyama e Giorgio Falluh saboreiam suas pipocas no playground. 05 - Ryo Komiyama and Giorgio Falluh enjoy their popcorn at the playground.

04 - Isabella Haddad preparando-se para a pescaria. 04 - Isabella Haddad gets ready to go fishing.

03 - Curtindo o bumbo de Mr. Caio, João Prado, Enrico Arruda, Rafaela Hsieh, Sofia Tchilian e Ms. Maria Hernandez. 03 - João Prado, Enrico Arruda, Rafaela Hsieh, Sofia Tchilian, and Ms. Maria Hernandez have fun with Mr. Caio’s drumming.

02 - No jogo de argolas, Federico Borda, Rafaella Muller, Gibran Taha, Helena Fazzio e Helena Moura. 02 - At the ring toss, Federico Borda, Rafaella Muller, Gibran Taha, Helena Fazzio, and Helena Moura.

01 - Na Festa Junina do ECEC, Gibran Taha, Helena Fazzio e Helena Moura pescam com Mr. Caio. 01 - At the ECEC Festa Junina, Gibran Taha, Helena Fazzio, and Helena Moura go fishing with Mr. Caio.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

DIA DA FANTASIA / COSTUME DAY PRODUÇÃO DE CAMISETA TIE DYE / TIE DYE T-SHIRT PRODUCTION

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