Inside Chapel #24 Português

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CHAPEL Edição 24 - fevereiro de 2022 / ISSN 2527-2160

TRADIÇÃO ACADÊMICA Membros da família Lopes estudam na Chapel há três gerações

FAMÍLIAS (IM)PERFEITAS Crônica de Mari Bernini

CRIAR FILHOS HOJE Vera Iaconelli aborda os desafios da parentalidade

MEMÓRIAS AFETIVAS Por que as atividades esportivas da Chapel são campeãs de boas recordações

PATERNIDADE ATIVA O escritor e influenciador Marcos Piangers inspira pais a formarem vínculos fortes com seus filhos


INSIDECHAPEL

Engajar. Desafiar. Apoiar. Cuidar. Preparar os alunos para a vida.


EDITORIAL

Pe. Lindomar Felix da Silva OMI, Provincial dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada da Província do Brasil

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rezados(as) leitores(as) da nossa revista Inside Chapel, neste número o abre-alas fica por conta de uma história inspiradora trazida a nós pela Adriana Calabró, que retrata a vida e o testemunho de Marcos Piangers, casado, pai de duas filhas, e que fez de sua história de vida – a de um filho que foi criado sem a presença do pai – uma forma de ajudar outros casais a lidarem com um tema que tem sido tão caro à nossa sociedade. Paula Veneroso traz-nos uma envolvente entrevista com a psicoterapeuta Vera Iaconelli, que aborda, sob os mais diversos pontos de vista, questões ligadas ao ser família no mundo de hoje. Como ser? Como constituí-la? Como cuidá-la? Quem é/está preparado(a) para isto? De maneira profunda e instigante, a profissional especializada no assunto leva-nos a perceber que o conceito e a amplitude da família são muito maiores do que pensamos. Na seção onde comumente trazemos a história de um(a) ex-aluno(a), desta vez fizemos um pouco diferente, pois abrimos o baú da história da Chapel e mostramos o que poucas instituições como a nossa mostram: a história de uma família que há três gerações faz seu trajeto escolar junto à nossa família Chapel, perfazendo um tempo de quase setenta anos. Uma tradição que começou a ser escrita pela avó, passou pelas três filhas e no atual momento continua a ser vivenciada pelos três netos. Sobre o que a Chapel oferece como formação na área esportiva, uma reportagem nos mostra que, no momento, 70% dos nossos alunos já praticam alguma modalidade esportiva oferecida pela nossa Instituição. E para darmos conta de oferecermos algo de qualidade expressiva, tal qual tudo o que fazemos, contamos com uma superequipe, sem falar dos convênios, como é o caso da maior e mais famosa liga mundial de basquete, a NBA. Na sequência, temos uma linda crônica reflexiva escrita por Mari Bernini, que nos leva a pensar um pouco no real valor que damos às pessoas, e até que ponto a tecnologia disponível ao alcance de nossas mãos é boa ou não. Na seção Spotlight, abordamos sobre um inovador e próspero método de autoavaliação adotado pela Chapel, por meio do qual o próprio aluno é levado a pensar suas prioridades para o semestre, sendo avaliado no seu decurso e visto de forma mais holística ao seu término, com o auxílio de uma competente equipe sempre disponível para auxiliá-lo. E, se você pensa que as novidades haviam acabado, se enganou, porque a seção Talentos e Paixões também resolveu inovar. Agora, além do que nossos alunos produzem de bonito e elogioso, também traremos, a cada edição, um pouco do que nossos docentes gostam de fazer fora do ambiente da sala de aula. Assim, as duas primeiras histórias que leremos são muito lindas: uma é a da professora Elizabeth Noel-Morgan, que resgata e cuida de animais abandonados; e a outra é a de um casal de professores, Kahlie Graves e Érico Padilha, que cultiva uma paixão enorme por conhecer reservas ambientais existentes nos países da América do Sul. Esperamos que vocês gostem das novidades que a nossa revista está trazendo, e que a leitura destes artigos influencie de maneira muito positiva a sua vida e a de sua família. Boa leitura e que Deus, hoje e sempre, os(as) abençoe!


EXPEDIENTE INSIDE CHAPEL É UMA PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DA CHAPEL SCHOOL WWW.CHAPELSCHOOL.COM

CONSELHO EDITORIAL: Miguel Tavares Ferreira, Marcos Tavares Ferreira, Adriana Rede e Luciana Brandespim EDITORA: Paula Veneroso MTB 23.596 (paulaveneroso@gmail.com) ASSISTENTE EDITORIAL: Fernanda Caires (publications@chapelschool.com) COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Adriana Calabró, Mari Bernini, Maurício Oliveira e Paula Veneroso FOTOS: Arquivo Chapel, Fernanda Caires e Renato Parada DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Vitor de Castro Fernandes (design.vitor@gmail.com) TRADUÇÕES: Chapel School IMPRESSÃO: Eskenazi


EDITORIAL

Ms. Juliana Menezes, Chapel Elementary School Principal

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ós estamos felizes em compartilhar com vocês a 24ª Edição da Inside Chapel. Esta publicação explora a vida diária das famílias, a importância de sermos receptivos e presentes na vida de nossos filhos e as nossas escolhas ao criá-los. Gostaria de convidá-los a refletir sobre as Declarações Orientadoras da Chapel, pois nosso colégio é uma extensão de sua casa. Quando famílias decidem matricular seus filhos na Chapel School, o fazem porque acreditam e confiam em nossas Declarações Orientadoras. Como cristãos, amamos a Deus com nossos corações, almas e mentes. Em nossas casas, ensinamos aos nossos filhos a importância do Evangelho. Os valores ensinados dentro de nossas casas estão alinhados aos valores desenvolvidos no colégio. Por meio de nossos ensinamentos e das parcerias estabelecidas com as famílias na educação de seus filhos, esperamos que nossos alunos sejam capazes de aprender a tomar decisões informadas, de assumir responsabilidade por suas ações pessoais e de atender às necessidades da comunidade, além de respeitar a vida e a diversidade cultural. Usar como referência e dar vida à Declaração de Missão da Chapel, tanto em casa quanto na escola, certamente tornará realidade a Declaração de Visão Compartilhada da Chapel, a qual fundamenta nosso propósito de “Engajar. Desafiar. Apoiar. Cuidar. Preparar os alunos para a vida”. Nós devemos estar atentos aos nossos filhos, tanto em casa como no ambiente escolar. Entre outros elementos necessários a ser contemplados ao longo do processo educativo, precisamos ouvir o que eles têm a dizer, olhar para eles quando estão falando, validar e reconhecer seus sentimentos, mostrar-lhes o certo e o errado, oferecer oportunidades sensoriais para explorarem, ensinar a exercitar a criatividade e a aproveitar o tempo sozinhos. Estar totalmente presente significa que você está totalmente investido no desenvolvimento dessa relação, conectando e fortalecendo o vínculo entre seu filho e sua família todos os dias. O importante é a qualidade do tempo passado juntos, conhecendo-se profundamente, descobrindo e entendendo o que torna sua família única. Não existe uma fórmula para uma família perfeita. A parentalidade é um compromisso para toda a vida. Ocasionalmente, pais cometerão erros, mesmo que tenham as melhores intenções em suas mentes e corações. Os pais aprendem a ser pais a partir de suas experiências passadas e dos ensinamentos diários durante a criação de seus filhos. Vale sempre lembrar as palavras do escritor Richie Norton, “Cada pôr do sol é uma oportunidade de recomeçar. Cada nascer do sol começa com novos olhos”. Devemos ter um momento de reflexão e nos questionar se somos o melhor que podemos ser para as pessoas que mais amamos e para aqueles ao nosso redor. Aos olhos de nossos filhos, somos modelos e inspiração para aquilo que eles podem desejar se tornar. Os valores que ensinamos e as ações que demonstramos os moldarão para o futuro.


COLABORADORES

ADRIANA CALABRÓ [Em nome do afeto. Família, paternidade e outras aventuras, p. 20] É jornalista, escritora e roteirista. Foi premiada nas áreas de comunicação (Best of Bates International, Festival de NY, Clube de Criação) e literatura (Selo Puc/Unesco Melhores livros de 2017, ProAc – bolsa de literatura, Prêmio Off-Flip – finalista, Prêmio João de Barro – 1º lugar, Prêmio Livre Opinião – finalista e Prêmio Paulo Leminski – finalista). Idealizou e atua desde 2005 como facilitadora da Oficina de Escrita Criativa Palavra Criada (palavracriada.com.br).

MARI BERNINI [A vida perfeita dos desconhecidos, p. 37] É formada em Marketing e Propaganda e pós-graduada em Planejamento e Gerenciamento Estratégico. Trabalhou 15 anos no mundo corporativo, acumulando dez anos de experiência em gerência de vendas, mas abandonou tudo para viver exclusivamente a maternidade. Frustrada com a maternidade exclusiva, há três anos começou a compartilhar os desafios que estão por trás de toda a felicidade da maternidade. E assim tornou-se digital influencer, falando sobre vida real, maternidade, casamento e filhos, tudo com muito humor. MAURÍCIO OLIVEIRA [Três gerações, uma história, p. 32] É jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com mestrado em História Cultural e doutorado em Jornalismo pela mesma instituição. Trabalhou como repórter do jornal Gazeta Mercantil e da revista Veja. Há 15 anos atuando como freelancer, escreve com regularidade para veículos como Valor Econômico e O Estado de S. Paulo. É autor de 15 livros, incluindo as biografias Patápio Silva, o Sopro da Arte, Garibaldi, Herói dos Dois Mundos e Pelé 1283.

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PAULA VENEROSO [Não vale sentir culpa, p. 09, e Esportes: a Chapel para sempre na memória, p. 14] É editora da Inside Chapel. Jornalista e mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP, atuou como revisora, redatora e repórter nas revistas Veja, Veja São Paulo e no jornal Folha de S.Paulo. Atualmente, é professora de Técnicas de Reportagem e de Redação Jornalística em cursos de graduação, além de atuar na produção e edição de reportagens para mídias impressas e digitais.


SUMÁRIO

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DESAFIOS DA PARENTALIDADE

ESPORTES PARA A VIDA

A psicanalista Vera Iaconelli discorre acerca da criação de filhos na contemporaneidade.

Ampliação do programa de Esportes da Chapel vislumbra o alcance da totalidade dos alunos.

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Entrevista exclusiva com Marcos Piangers, escritor e influenciador digital, autor do livro O papai é pop.

Há três gerações, os Lopes vêm elegendo a Chapel para educar seus filhos.

PAI DE VERDADE

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ESCOLA DA FAMÍLIA

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CRÔNICA

SPOTLIGHT

A influenciadora digital Mari Bernini fala por que a vida perfeita dos outros é mera ilusão.

Benefícios do Portfólio de Aprendizagem; projetos Maker no Dia das Crianças; website de Artes. O que foi notícia na Chapel.

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Fique por dentro das habilidades e interesses de sete alunos e três professores do colégio.

Registro de eventos que marcaram o último semestre: celebração da Primeira Comunhão, atividades do Dia das Crianças, comemoração do Halloween e brincadeiras da Spirit Week.

TALENTOS & PAIXÕES

GALLERY


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PERFIL – VERA IACONELLI Por Paula Veneroso Fotos: Renato Parada

NÃO VALE SENTIR CULPA. COM VOZ SUAVE, PAIS E MÃES PRECISAM SE COMUNICAÇÃO CLARA E ASSERTIVA, RESPONSABILIZAR PELAS A PSICOTERAPEUTA VERA IACONELLI SUAS AUSÊNCIAS

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uando o tema é parentalidade, a voz de Vera Iaconelli vem para explicar. No entanto, mesmo com sua fala delicada e didática, ela mais desassossega do que acalma, ela nos inquieta e faz refletir. E exatamente por causa disso é uma voz necessária. Avessa a manuais que insistem em propor fórmulas prontas para a criação dos filhos, e crítica ao que ela chama de coaching da parentalidade – “um discurso completamente equivocado que supõe que os pais possam ser preparados para a parentalidade sem sofrimento, sem perda e sem sintoma, prometendo uma relação com os filhos sem nenhum tipo de problema” –, Vera garante que criar filhos sempre foi uma tarefa difícil, em todas as épocas, e que nossos pais, a quem vemos como cuidadores experientes, também não sabiam nada de criação de filhos quando nos puseram no mundo. Para começo de conversa, a psicanalista atribui a todos os seres humanos, sem exceção, o comprometimento com a parentalidade, entendida como as condições proporcionadas por uma geração para que uma nova geração advenha. “Isso implica pensar não somente no papai e na mamãe que gestaram e pariram um bebê, mas em toda a sociedade, pois mesmo quem não teve filhos e quem não pretende tê-los é responsável pela nova geração que vai substituir a gente, a geração que vai nos render”, explica. Dessa forma, é responsabilidade de todos formar uma nova geração saudável, e, mesmo aqueles que optam por não serem pais, estão incluídos na tarefa, pois necessariamente são filhos de alguém. Ademais, o encargo de cuidar de uma criança não compete necessariamente apenas aos pais biológicos, uma vez que qualquer sujeito pode ser cuidador.

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PROVOCA REFLEXÕES NECESSÁRIAS SOBRE FAMÍLIA, MATERNIDADE E CRIAÇÃO DOS FILHOS


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Fundado em 1999, o Instituto Gerar promove cursos de formação em psicanálise, além de especializações e grupos de estudo e pesquisa em parentalidade, perinatalidade, psicanálise e relações raciais, feminismo e gênero, disponibilizando bolsas de estudo integrais para a população negra. A instituição incentiva a publicação de conteúdo sobre temas como direitos humanos, representatividade negra, educação na pandemia, adoção tardia, parentalidade e outros, disponibilizando vídeos e cursos em seu canal no YouTube (Instituto Gerar). Oferece, ainda, atendimento clínico à população em geral e, principalmente, a jovens e adultos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

PERFIL – VERA IACONELLI

CONHEÇA O INSTITUTO GERAR

CONTATOS Website: institutogerar.com.br WhatsApp: 11 97338-3974 Rua Natingui, 314 – Vila Madalena – São Paulo/SP Email: atende@institutogerar.com.br Instagram: @institutogerar

familiar de homens ou mulheres que não cumpram determinados requisitos para cuidar de um filho. No entanto, e apesar de tanta responsabilidade e trabalho duro, o sucesso da parentalidade não é uma garantia. E isso não é novidade. No seu livro “Criar filhos no século XXI”, Vera afirma que “ainda que a história de cada um seja única, fica impossível determinar de antemão quais pessoas se tornarão satisfeitas com o acontecimento [de se tornarem pais] e quais se arrependerão”. “Afinal”, continua, “entre a fantasia de ter filhos e a realização existe um abismo”. Um dos motivos para essa distância é justamente a idealização feita pelos pais dos bebês que ainda nem nasceram. “Os filhos vêm para desbancar nosso narcisismo e se recusam a ser o mini me esperado”, pontua. Família ideal x Família real Outra idealização – construída pela sociedade capitalista – é a da família perfeita composta por pai, mãe e filhos. A léguas de distância da realidade, esse modelo, segundo a psicanalista, ignora e até mesmo agride todas as formas reais de família, que não são

mais novidade. “Existem muitas famílias no Brasil, por exemplo, formadas por uma mãe e um filho, ou filhos. Há outras com duas mães, dois pais, até três; combinações as mais variadas e que já estão funcionando, pois são a realidade”, declara. Para ela, o problema é que, não raro, os agrupamentos que fogem a esse ideal são tratados com desprezo. “Isso afeta as relações, porque, quando você imagina que a sua família não é digna de criar uma criança, isso é transmitido a ela, como se a origem dela fosse indigna, como se faltasse alguma coisa que a impedisse de se desenvolver normalmente”, explica. É urgente, portanto, que a sociedade abandone de uma vez por todas essa fantasia idealizada de papai, mamãe e filhinho, até porque, segundo a especialista, ninguém nunca disse que esse modelo cultural seja um ideal de normalização psíquica. “Nossa clínica está repleta de crianças, homens e mulheres que precisam de tratamento e que vêm dessa estrutura familiar calcada no modelo tradicional”, declara. O problema é que a sociedade brasileira vem lidando com a própria realidade familiar de uma forma bastante ambígua, o que acaba deslegitimando

“ORA A SOCIEDADE ACOLHE, ENTENDE E RECONHECE NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES, ORA DEMONIZA, CRITICA E DESMERECE. ESSE NÃO RECONHECIMENTO DAS FAMÍLIAS É O QUE CAUSA GRANDE PARTE DO SOFRIMENTO, DAS MAZELAS E DOS ADOECIMENTOS”

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Quem pode ser pai? Quem pode ser mãe? Por mais que toda a sociedade participe da formação de uma nova geração, os sujeitos que decidiram ter filhos carregam uma responsabilidade muito maior, afinal, exercer essa função implica aceitá-la de maneira abnegada – sem garantias de que no futuro os filhos serão gratos pela dedicação – e eterna – porque eles geralmente morrem depois dos pais. “Trata-se de uma tarefa que implica você rever suas posições, seus valores, a sua sexualidade, o seu lugar no mundo; existe uma série de questões pessoais envolvidas no exercício da função parental, mas não só, pois essa função integra ainda uma dinâmica social”, afirma, complementando: “Quem pode hoje ser pai e mãe são aqueles que, na relação com o filho, se coloquem numa posição de cuidado, de responsabilização, de transmissão da sua história, de transmissão de seu nome ao longo de toda a vida; tudo isso ancorado em relações sociais que permitam ao sujeito assumir esse papel”. Esse aval está diretamente relacionado aos deveres estabelecidos em nossa sociedade, cuja justiça pode, por exemplo, tirar o poder


“OS FILHOS VÊM PARA DESBANCAR NOSSO NARCISISMO E SE RECUSAM A SER O MINI ME ESPERADO”

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algumas formas reais de parentesco: “Ora a sociedade acolhe, entende e reconhece novas configurações familiares, ora demoniza, critica e desmerece. Esse não reconhecimento das famílias é o que causa grande parte do sofrimento, das mazelas e dos adoecimentos”. Principais desafios Entre os inúmeros desafios impostos pela criação de filhos na contemporaneidade, Vera elenca dois que, segundo ela, aparecem com mais frequência nos atendimentos clínicos. O primeiro, já mencionado no início deste texto, é a presença do coaching da parentalidade, que vende um discurso aos pais de que eles podem ser preparados para, como bons progenitores, gerar filhos que atendam às suas expectativas. “Isso não é humanamente possível; trata-se, na realidade, de uma fantasia neoliberal para vender produtos”, assinala. Para ela, uma das grandes mazelas da humanidade é quando negamos o humano em nós: “Que é justamente aquilo que não controlamos, tal como o inconsciente e a sexualidade, ou seja, aquilo de que não damos conta. Então, é preciso tomar muito cuidado com essas visões fantasiosas de tentar conseguir produtividade no âmbito da parentalidade, pois elas são péssimas”.

O segundo desafio é a virtualidade. Os novos formatos das relações pessoais, estabelecidos nesta era virtual, vão originar uma geração de crianças criadas praticamente por telas e dispositivos, e só mais à frente é que saberemos o resultado dessa mediação. “Os pais, hoje, têm que se impor e criar uma barreira entre as crianças e as telas, e entre eles mesmos e as telas”, afirma a especialista, referindo-se a estudos e pesquisas que demonstram os prejuízos causados pelo uso descontrolado de smartphones, notadamente o aumento considerável de suicídios entre crianças e jovens, além da alta de casos de automutilações e de depressão. “Já temos estatísticas mostrando o efeito nefasto do uso indiscriminado das telas. E já que a tela chegou para ficar, não podemos deixar as crianças usando isso de uma forma que não seja seletiva e controlada”, orienta. Ausência sem culpa A sobrecarga de trabalho enfrentada por pais e mães e os desafios para conciliar realização profissional e tempo com os filhos são questões insolúveis, elas sempre existirão. O ponto, para Vera Iaconelli, é que pais, mães e cuidadores precisam se responsabilizar pelas suas ausências: “As crianças precisam ser assistidas, cuidadas, olhadas, e é necessário que um adulto se dedique a elas. Se os pais ou cuidadores não puderem fazer isso, alguém vai ter que fazer. E não adianta, a ausência dos pais será sempre sentida pela criança, diminuindo a intimidade entre eles”. Essa falta de intimidade pode, inclusive, reduzir o prazer dos pais pela

parentalidade, o que moralmente não está errado, até porque, segundo Vera, não se trata de uma questão moral, apenas de se responsabilizar pelas consequências das escolhas. Ter mais ou menos intimidade com os filhos não exime pais e cuidadores da responsabilidade ética de assistir as crianças. E não adianta se culpar, pois “a culpa traz consequências piores, como mimar e compensar a criança, comprando coisas para ela, o que só trará problemas”. Não existe certo ou errado em priorizar a carreira em detrimento do tempo com os filhos, ou, de outro lado, abrir mão de uma promoção para ficar mais próximo da família. “O que existe é cada um bancar o seu próprio desejo, o que é sempre difícil, pois queremos a todo momento encontrar regras para nos pautar”, afirma a psicanalista. Ela aponta, ainda, que se essas questões não são discutidas voltam adiante em forma de adoecimentos. O distanciamento parental provocado por essas ausências não vai causar prejuízo no desenvolvimento da criança, mas vai ter um preço na relação entre pai e filho. “E tudo bem, devemos bancar isso particularmente e socialmente. O que não dá é a gente fingir que uma criança possa se criar sozinha”, finaliza.

“OS PAIS, HOJE, TÊM QUE SE IMPOR E CRIAR UMA BARREIRA ENTRE AS CRIANÇAS E AS TELAS, E ENTRE ELES MESMOS E AS TELAS”


PERFIL – VERA IACONELLI

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ada vez mais solicitada, todos querem ouvir o que ela tem a dizer sobre temas relacionados às motivações humanas, e também às aflições. E Vera Iaconelli atende a todos os pedidos com extrema generosidade – e ainda se desculpa de antemão caso sua fala não seja compreendida (o que é praticamente impossível, dada a clareza com que trata dos assuntos) –, encontrando um tempo na agenda repleta de compromissos para conceder entrevistas e participar de programas e debates. Somente nos últimos meses, ela esteve em programas da TV aberta e por assinatura, em canais no YouTube, em entrevistas no rádio, em cursos na Casa do Saber, em palestras TEDx Talks, e ainda pode ser lida no jornal Folha de S.Paulo, onde mantém uma coluna semanal, conciliando todos esses compromissos com os cursos e atendimentos no Instituto Gerar de Psicanálise, que fundou e dirige há mais de vinte anos, em São Paulo. Vera conta que o interesse pela psicologia vem desde a infância, embora à época não soubesse que o entusiasmo sentido pelas questões humanas, pelo inconsciente, pelos sonhos e pela literatura tivesse esse nome. “Fui para a psicologia e, dentro dela, conheci a psicanálise”, afirma. Mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano e

doutora em Psicologia Social, ambos pela Universidade de São Paulo, ela fez seu processo analítico não com a intenção de se tornar psicanalista – embora esta seja uma condição para quem deseja seguir essa profissão –, mas a partir das suas questões pessoais. Nesse percurso, se deparou com o nascimento das duas filhas, e a maternidade despertou-lhe mais uma curiosidade, segundo ela, “mais um sofrimento a ser tratado”. Tanto na clínica quanto na pesquisa acadêmica, Vera foi-se debruçando sobre o tema da parentalidade e suas implicações sociais, não apenas o tratando como questão de foro íntimo – entre um pai, uma mãe e uma criança –, mas sempre refletindo acerca das questões da interseccionalidade, pensando o sujeito a partir das relações de classe, gênero e raça. “O fato de eu ser uma mulher branca, de classe média alta, seria totalmente diferente se eu fosse uma mãe negra na periferia, e isso sempre ficou bastante claro para mim”, analisa. Ela conta ainda que sua relação com esse universo é curiosa, pois, mesmo trabalhando com ele há mais de 25 anos, sente que está apenas começando, que há muito ainda por ver. “Esse entusiasmo por saber mais e mais sobre a parentalidade é uma das marcas do quanto este tema é caro para mim, e do quanto ele me permitiu ter acesso a muitos discursos, distintos, fazendo interface com diversas áreas do conhecimento, como antropologia, artes, história, direitos civis, medicina, e tantas outras que ampliaram o meu campo de pesquisa e ainda me permitiram encontrar pessoas muito legais”, assegura.

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CRIAR FILHOS SEMPRE FOI DIFÍCIL. A INCURSÃO DE VERA IACONELLI NOS ESTUDOS DA PARENTALIDADE


Por Paula Veneroso Fotos: Fernanda Caires

ESPORTES: A CHAPEL PROGRAMA DE ESPORTES DO COLÉGIO CRESCE E PARA SEMPRE NA JÁ ABSORVE 70% DOS ALUNOS, COM A MAIORIA MEMÓRIA

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PRATICANDO DUAS OU MAIS MODALIDADES

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uando convidados a falar sobre seus melhores momentos na Chapel, quase todos – alunos e ex-alunos – se referem aos esportes. Se o colégio sempre apoiou as atividades físicas, dedicando contínuos e crescentes investimentos em profissionais, materiais e infraestrutura, nos últimos três anos tal empenho se intensificou. E o resultado disso pode ser conferido diariamente. Assim que as aulas terminam, começa a movimentação de alunos, professores e técnicos no campo de futebol e nas quadras poliesportivas, anunciando o início dos treinos extracurriculares. Além dos já tradicionais esportes praticados pelos Trojans, estudantes do High School (7º ao 12º ano), há três anos foi implantado o Young Trojans, um programa de atividades esportivas com capacidade para absorver a totalidade dos estudantes do 3º ao 6º ano do Elementary School – até então destinado a alunos do 3º ao 6º ano, o programa cresceu e, no início de 2022, passou a incluir também alunos do 1º e do 2º ano. “Antes, a participação dos alunos do Ensino Fundamental nas atividades extracurriculares era limitada pelo número de vagas oferecidas pelas empresas parceiras ou professores autônomos que prestavam esse serviço”, explica Bruno Pereira, diretor de esportes e idealizador do programa,


ficam registrados permanentemente na memória deles. Sempre recebemos depoimentos de ex-alunos afirmando o quanto o esporte foi importante na sua formação e na construção de lembranças afetivas da vida escolar”, avalia. Comunidade esportiva O Young Trojans permitiu que o sentimento de fazer parte da comunidade esportiva da Chapel, o qual sempre existiu entre os alunos do High School, fosse expandido para o Elementary, e isso cada um sente de imediato quando veste a camisa da Chapel para participar dos jogos amistosos ou dos festivais esportivos. “Esses eventos são uma espécie de preparação para as crianças ganharem experiência e poderem desfrutar de todos os valores que o esporte oportuniza: trabalho em equipe, resiliência e persistência são alguns deles. Além disso, para o atleta desempenhar um bom papel, ele precisa se comprometer com os treinos, se relacionar com os outros, se comunicar bem e, ainda, aprender a liderar e ser liderado”, afirma o diretor. Numa rodada de jogos amistosos, os alunos vivem experiências que independem dos resultados assinalados pelo placar. Jogar com os colegas do colégio, aprender a serem bons anfitriões ao receberem os jogos em casa, socializar com culturas diferentes são alguns exemplos de vivências pré e pós jogo que marcam os anos escolares de maneira muito positiva. “Essa interação é muito prazerosa, eles reveem amigos de outros colégios, encontram vizinhos

de condomínio, e tudo isso os marca bastante”, comenta Mr. Pereira. De Young Trojan a Junior Varsity Quando o aluno inicia o 7º ano, ele pode vir a integrar as equipes esportivas da categoria Junior Varsity (JV), que reúne os jogadores de até 14 anos de idade. Integrante da São Paulo High School League (SPHSL) – liga esportiva que reúne escolas americanas e britânicas –, a Chapel sempre participou dos festivais esportivos propostos pela entidade. Até 2018, não havia campeonatos para a categoria JV, que só disputava amistosos. No entanto, a partir daquele ano, a SPHSL passou a organizar um campeonato semestral para as equipes JV. O diretor de esportes explica que se trata de uma competição na qual as cinco escolas internacionais integrantes da liga – Chapel, PACA (Pan American Christian Academy), St. Paul’s School, Graded School e EAC (Escola Americana de Campinas) – jogam entre si, em turno único. Além dessa competição, as equipes JV disputam também o tradicional torneio Little 8, que acontece no acampamento NR, próximo a Campos de Jordão (SP). Desse evento, participam, além das escolas da SPHSL, mais três de fora do Estado: a EARJ (Escola Americana do Rio de Janeiro), a British School, também do Rio de Janeiro, e a EAB (Escola Americana de Brasília). A implementação do Young Trojans nitidamente aumentou o número de alunas interessadas em fazer parte das equipes femininas para disputar esses torneios. “Depois dele, nós conseguimos, pela primeira vez, ter um número altíssimo de meninas do 7º ano

INSTITUCIONAL – ESPORTES

que chegou à Chapel em 2018 e, desde então, vem focando seu trabalho em ampliar a participação dos alunos nas atividades físicas e esportivas. Dedicação esta que tem rendido frutos: hoje, 70% dos estudantes da Chapel praticam pelo menos uma atividade esportiva em caráter extracurricular. O Young Trojans oferece futebol de campo, basquete, vôlei e cheerleading, tanto masculino, quanto feminino. “Quando o projeto foi colocado em prática, nosso objetivo imediato era aumentar o número de meninas participando das atividades esportivas coletivas. Havia um bom número de garotas fazendo ginástica ou balé, mas pouquíssimas fazendo futebol ou basquetebol, por exemplo. Esse objetivo foi alcançado rapidamente, e já é praticamente igual o número de meninos e meninas participando das modalidades coletivas”, explica Mr. Pereira. Outras metas eram fazer com que as crianças adquirissem conhecimentos e criassem intimidade com os esportes nos quais irão competir no HS: “É sobre preparar os alunos para ter sucesso. E isso não significa apenas vencer; o sucesso pode ser alcançado pela satisfação em representar o colégio em competições ou mesmo pela participação em um jogo amistoso. Mas, para isso, é preciso estar preparado técnica, física e emocionalmente”, complementa. Mais que isso, segundo ele, a ideia por trás do programa vai além dos benefícios proporcionados pelas atividades físicas e esportivas, um dos maiores objetivos é reforçar nos alunos o senso de pertencimento: “Esses momentos

PROGRAMA DE BASQUETE DA NBA INTEGRA YOUNG TROJANS

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parceria firmada entre a Chapel e a NBA Basketball School – braço educativo da liga mais importante de basquete do mundo –, implementada para os alunos que participam do programa esportivo Young Trojans, está no seu terceiro ano. “A metodologia e a missão do programa da NBA, nos seus pilares pedagógicos, são muito alinhadas à Missão e aos Valores da Chapel. Foi por esse motivo que firmamos a parceria”, conta o diretor de esportes da Chapel, Bruno Pereira. Nesse programa, os alunos percorrem níveis de aprendizado individuais, o que o torna personalizado: “Dentro de uma mesma turma com níveis diferentes de aprendizado, o professor consegue diferenciar suas ações para atingir todos os alunos”, explica o diretor. Para isso, os professores passam por treinamento presencial e remoto e também frequentam, semestralmente, cursos de atualização oferecidos pela NBA.


DE ATLETA A EDUCADOR: O PERCURSO DE BRUNO PEREIRA

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ogador de basquete na juventude, Bruno Pereira integrou as equipes de base do clube Esperia, em São Paulo, e atuou pelo time da cidade de Guarulhos (SP) antes de iniciar a graduação em Odontologia, em Campinas, curso que não concluiu. “Depois de dois anos, tive certeza de que deveria voltar para o esporte e ingressei na PUC de Campinas para cursar Educação Física. A partir daquele momento, eu voltei às minhas origens”, revela. Trabalhando com esporte desde o início da graduação, em pouco tempo foi de estagiário a professor assistente. “Meu trabalho é esporte e educação, formação de crianças, formação de indivíduos”, comenta o professor, que construiu sua carreira dentro de colégios. Depois de atuar doze anos em colégios brasileiros e internacionais na região de Campinas, mudou-se para a capital e ingressou no St. Francis College, onde permaneceu até se inscrever para o cargo que ocupa hoje na Chapel. “Foi com muito orgulho que recebi o convite para trabalhar aqui e ele aumenta a cada dia. Hoje, posso dizer que sou fã incondicional da Chapel School”, comenta. Ele diz que é amor mesmo: “Eu recebo muito apoio aqui e tenho um excelente relacionamento com todos, alunos, colegas, diretores, funcionários, e isso tudo só faz esse amor aumentar”, comemora. A porta da sua sala está sempre aberta para receber alunos, conversar sobre jogos, organizar treinos extras, ouvir desabafos e compartilhar sucessos. “O período de intervalo dos alunos nunca é o meu, porque gosto de estar aqui para atender as necessidades deles”, afirma o professor, que nunca abriu mão da sala de aula e sempre buscou se aperfeiçoar profissionalmente: já fez duas especializações (nas áreas de Esporte na Escola e de Educação Física Escolar) e, atualmente, cursa o mestrado em Educação Internacional.


Fique por dentro das siglas e termos usados nas atividades atléticas do colégio:

Junior Varsity (JV) É como são chamadas as equipes sub-14, formadas por alunos do 7º ao 9º ano. Trojan É o mascote das equipes do High School da Chapel, representado por um guerreiro troiano. O Trojan é um lutador valente, que não esmorece mesmo diante das maiores adversidades. É comum se referir aos atletas como trojans. Young Trojans Programa esportivo do Elementary School (1º ao 6º ano) capaz de absorver a totalidade dos alunos. Mediante inscrição semestral, o aluno pode participar de alguma modalidade esportiva individual ou coletiva até cinco dias na semana, logo após o término das aulas regulares. Big 8 Torneio de 6 dias das equipes Varsity (sub-19) de escolas internacionais, dividido em dois dias e meio para a disputa de uma modalidade (por exemplo, basquete) e dois dias e meio para outra modalidade (por exemplo, futebol). O torneio conta

inscritas na categoria JV, conseguindo formar times com aproximadamente trinta alunas”, comemora Mr. Pereira. Por conta disso, a Chapel acabou colaborando com uma mudança no torneio Little 8: paralelamente ao torneio principal – cujas equipes são formadas pelos alunos mais velhos, de 14 anos –, foi organizado um outro, apenas com alunos mais novos, de 12 e 13 anos. “Isso não acontecia. Antes, o aluno mais novo só viajava para o torneio se ele fosse um atleta acima da média. Com o programa, que é totalmente inclusivo, todo aluno matriculado na Chapel vai ter a oportunidade de disputar um torneio”, explica. Com o apoio da direção do colégio, sempre que acontece um jogo dos alunos da equipe principal da modalidade, Mr. Pereira agenda, na mesma semana, jogos dos mais novos: “Queremos que todos passem pelas mesmas experiências e que, de fato, dentro do colégio, se preparem

com cerimônias de abertura e encerramento e acontece no acampamento NR. Little 8 Torneio de 6 dias das equipes Junior Varsity (sub-14) de escolas internacionais, dividido em dois dias e meio para a disputa de uma modalidade (por exemplo, basquete) e dois dias e meio para outra modalidade (por exemplo, futebol). O torneio conta com cerimônias de abertura e encerramento e acontece no acampamento NR. NR Acampamento onde são disputados os torneios esportivos Big 8 e Little 8. O resort NR se localiza em Santo Antônio do Pinhal (SP), próximo a Campos do Jordão. SPHSL – São Paulo High School League Liga esportiva que reúne escolas americanas e britânicas e é responsável pela organização do tradicional campeonato SPHSL, com jogos sediados nas escolas em turno e returno. O torneio é disputado semestralmente pelas equipes da Chapel, Graded, PACA, EAC e St. Paul’s nas categorias Varsity e, desde 2018, Junior Varsity. No primeiro semestre do ano acontecem as apresentações de cheerleading e os torneios de futebol e basquete. No segundo semestre, além das apresentações de cheerleading, são disputados os torneios de futsal, softball e vôlei.

não só como atletas, mas também como cidadãos, porque tais vivências são responsáveis pela formação da personalidade, do caráter e das habilidades socioemocionais que tanto prezamos”. De Junior Varsity a Varsity Ao completarem 15 anos de idade, os atletas passam a competir pela categoria Varsity, que participa do campeonato da SPHSL e do torneio Big 8 - Season 1 and Season 2 - (disputado por oito escolas americanas do Brasil). O campeonato da São Paulo High School League é o torneio mais longo. Realizado em dois turnos, tem a duração de um semestre. Nesse período, os times participam de jogos na Chapel e em outros colégios antes de disputarem as fases semifinal e final. Em um semestre acontecem as competições de futebol de campo e basquete, enquanto no outro são disputados futsal, softball e vôlei. “Os torneios são curtos, com duração

de três ou quatro dias, porém muito intensos, disputados no acampamento NR”, explica Mr. Pereira. A equipe de cheerleading se apresenta em ambos os semestres, sempre acompanhando ora as equipes de basquetebol ora as de futsal e se apresentando nos torneios Big 8. Segundo o diretor de esportes, o grande diferencial da Chapel é manter um calendário esportivo fixo, que é divulgado com antecedência. “Assim que o ano letivo começa, a família já fica sabendo quais serão os dias de jogo, o horário, o local – se dentro ou fora do colégio – e, assim, consegue organizar sua rotina”, explica o diretor, ressaltando que a comunicação com alunos e pais é constante. “Cumprir o calendário envolve ainda muita responsabilidade, não apenas sob o aspecto esportivo, mas, sobretudo, pelo comprometimento que o atleta deve ter tanto com a sua equipe quanto com seu próprio

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Varsity Equipe principal do colégio. Na Chapel, equivale aos times sub-19, formados por alunos do 10º ao 12º ano.

INSTITUCIONAL – ESPORTES

VOCABULÁRIO ESPORTIVO DA CHAPEL


desempenho acadêmico, tão valorizado na Chapel”, pontua. Orquestra afinada A fim de que o programa esportivo seja capaz de absorver a totalidade dos alunos ao mesmo tempo em que mantém a qualidade do serviço prestado, há uma extensa e precisa organização, envolvendo vários setores do colégio: equipes de segurança, de manutenção e limpeza, serviço de alimentação, professores e técnicos. “Em questão de vinte minutos, encerramos um dia de aula regular para começar um período de atividades extracurriculares, em que todos os espaços esportivos são utilizados simultaneamente, estando perfeitamente adequados para cada

faixa etária e modalidade”, esclarece Mr. Pereira. No campo de futebol, por exemplo, são desenhados mini campos, mais adequados para os alunos mais novos, de sete a doze anos. Para tanto, o colégio dispõe de gols menores e bolas mais leves que, assim como todos os equipamentos, são apropriados para cada faixa etária. “No período de treino do Young Trojans conseguimos ter de quatro a seis campos de futebol funcionando simultaneamente, cada um com dois professores, atendendo alunos de uma mesma faixa etária, dividida entre meninos e meninas. “Chegamos a ter quinze professores trabalhando ao mesmo tempo, todos contratados especialmente para o programa. Sempre que alguma turma aumenta, a Chapel

contrata mais professores auxiliares, a fim de manter a qualidade do serviço prestado às famílias”, conta. O mesmo acontece com as outras modalidades. Nas quadras, a altura das redes de vôlei e das tabelas profissionais de basquete, por exemplo, é regulada de acordo com a idade dos estudantes. “Aqui na Chapel, não aplicamos o esporte de adulto para a criança, por isso todos os ambientes e os equipamentos são adequados para que nossos alunos possam experimentar o sucesso e sintam prazer em praticar as atividades. Quando o período do Young Trojans termina, tudo é novamente readequado para receber os alunos do High School. É assim que o esporte vai permanecer na vida deles”, finaliza Mr. Pereira.

TROJANS: A ORIGEM DA MASCOTE* DA CHAPEL

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restes a completar 60 anos de idade, a mascote esportiva da Chapel foi idealizada por Robert Wong, então aluno do 8º ano, em 1962. Ele conta que se inspirou nos ensinamentos do padre Thomas Delaney, responsável, à época, pela paróquia do colégio e técnico do time de basquete: “Ele nos falava da importância de sermos corajosos; dizia que tínhamos que lutar sempre, com fervor, energia e paixão”. O ex-aluno se recorda das competições esportivas como importantes momentos de aprendizagem. “Nessas disputas, aprendíamos que, mais do que ganhar ou perder, o objetivo maior era atuarmos em equipe e adquirirmos disciplina. Isso nos tornou uma equipe coesa, unida,

que tentava errar o menos possível e que levava a sério os fundamentos do esporte. Tínhamos garra, no sentido de espírito de luta”, conta Mr. Wong. Foi baseado nesses princípios que ele sugeriu a imagem do soldado troiano como mascote. Mesmo sendo uma voz discordante – afinal, a tendência entre as escolas americanas era escolher animais como mascotes de times –, sua ideia foi aceita. “Eu dizia que nossa mascote deveria ser uma figura humana, dotada dos atributos de energia e força que o padre Thomas ressaltava. Foi então que sugeri ‘trojans’, que eram soldados muito habilidosos, fortes e corajosos, bastante disciplinados. Eu até fiz o desenho, o rosto de um soldado com capacete”, recorda.

*Quase todos os times possuem uma mascote. Proveniente do francês, o termo mascotte pode ser traduzido como ‘animal, pessoa ou objeto a que se atribui a possibilidade de trazer boa sorte’.


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contato: atende@institutogerar.com.br

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Temos como objetivo promover a transmissão, oferecer tratamento e desenvolver pesquisas em Psicanálise com enfoque na permanente articulação com as questões do mal-estar contemporâneo.


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Por Adriana Calabró Fotos: Arquivo Pessoal


NO CENTRO DAS ATENÇÕES ESTÃO ELAS, ANITA E AURORA, AS MENINAS QUE FAZEM DE MARCOS PIANGERS UMA VOZ PARA O MUNDO. ISSO PORQUE FOI FALANDO DE PATERNIDADE, SEMPRE A PARTIR DE UM LUGAR DE AFETO, DE VÍNCULO E NA DIREÇÃO CONTRÁRIA DA MASCULINIDADE TÓXICA, QUE ELE TOCOU CORAÇÕES DE MILHARES DE LEITORES, MILHÕES DE INTERNAUTAS E TAMBÉM DE GRANDES EMPRESAS QUE O CONTRATAM PARA PALESTRAS QUE INSPIRAM E TRANSFORMAM. AO SEU LADO, ANA, A ESPOSA, SE AFIRMA COMO O OUTRO PILAR DESSA CONSTRUÇÃO FAMILIAR FEITA DE PAIS RESPONSÁVEIS NO MELHOR SENTIDO DA PALAVRA, QUE É A CAPACIDADE DE RESPONDER DE FORMA POSITIVA ÀS SITUAÇÕES. A PALAVRA DE ORDEM PARA PIANGERS É A INVESTIGAÇÃO, POIS É POR MEIO DELA QUE OS HOMENS AMADURECEM E ASSUMEM DE FATO A INSTIGANTE JORNADA DE SEREM PAIS DE VERDADE.

ENTREVISTA DE CAPA – MARCOS PIANGERS

EM NOME DO AFETO. FAMÍLIA, PATERNIDADE E OUTRAS AVENTURAS

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ornalista de formação e seguido hoje por mais de cinco milhões de pessoas, o escritor, palestrante e influenciador Marcos Piangers optou por trazer ao mundo a sua própria vulnerabilidade ao contar em textos e em vídeos a falta que a figura paterna fez em sua vida. Essa honestidade, revelada de forma sensível, sem afetações, resultou em uma verdadeira alquimia. Afinal, o menino que não teve um pai presente, sendo criado pela mãe, hoje se transformou em uma voz potente justamente para inspirar os homens a serem as melhores versões de si mesmos quando o assunto é cuidar dos filhos. Desde a gravidez, passando pela divisão de tarefas e, principalmente, pelo vínculo diário e aprendizado conjunto, a jornada da paternidade proposta por Piangers caminha lado a lado com o processo de maturidade e de autoconhecimento do indivíduo. Talvez por isso tenha sido chamado de “guru” nos veículos de comunicação e tenha conquistado um público fiel que vê nele alguém que age de forma coerente com o que fala. Um dos indicativos desse sucesso são as 300 mil cópias vendidas de seu primeiro livro, O papai é pop, traduzido em diversos países e semente ao mesmo tempo para o segundo livro e também para um filme, estrelado por Lázaro Ramos e Paolla Oliveira. Embora o pai de Anita e Aurora, e marido de Ana, aborde a questão da paternidade de forma enfática, ele também ganhou projeção ao falar do vínculo familiar de forma mais ampla, tanto que um de seus vídeos mais famosos é aquele que estimula as pessoas a dizerem “eu te amo” para seus entes queridos. Em constante evolução pessoal, Marcos também coleciona sucessos em sua vida profissional: hoje participa do projeto literário Letters To My Young Self, que já contou com textos de Paul McCartney e Jamie Oliver, além de ficar entre os melhores influenciadores de 2020 na categoria ”comportamento”, do Prêmio iBest, e de vencer o Prêmio Influenciadores 2020. Isso mostra que Piangers é pop, mas também tem conceitos sólidos os quais vieram para ficar. E para transformar.


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Como foi a primeira vez que você falou algo para uma plateia ou audiência e se deu conta de que o seu conteúdo tocava as pessoas? MP: Eu fui liberto da minha insegurança de tratar sobre assuntos de família quando li uma compilação de quadrinhos, feita em 2010 pelo Neil Gaiman (autor britânico radicado nos Estados Unidos). Ele reuniu aqueles que considerava os melhores quadrinhos americanos e um deles era de um autor que falava de sua família e da chegada de uma nova filha, chamada Olívia (Olive). Aí eu pensei comigo: “nossa, olha que interessante, um artista usando sua sensibilidade, sua produtividade artística para falar sobre família, algo que é tão especial pra mim”. Inclusive, quando minha primeira filha nasceu, em 2005, eu tive o ímpeto de anotar tudo o que acontecia com a gente, todos os aprendizados, as coisas diferentes, engraçadas e emocionantes da nossa vida. Na época, eu guardava essa espécie de diário para mim, ainda um pouco constrangido, porque via ao meu redor uma construção de sociedade que afastava o homem da família, sem dar espaço para que ele falasse publicamente desses sentimentos afetuosos que eu tinha com relação à minha paternidade. Quando vi esse quadrinista, tive a certeza de que eu também poderia falar sobre isso para o mundo. E assim comecei a escrever no jornal as histórias pelas quais eu tinha passado


Como foi a sua infância? Como era seu jeito de brincar? E as amizades? Do que mais tem saudade? MP: Minha infância foi bastante feliz, quando eu era pequeno morava num prédio, primeiro, de quarto e sala e, depois, nos mudamos para um apartamento onde eu tinha meu próprio quarto. Foi uma alegria. Era um prédio

Como foi a sua formação educacional/ acadêmica? Quais experiências foram positivas nesse âmbito? Teve alguém que te inspirou? MP: Minha mãe sempre me falou que eu tinha que me esforçar para entrar em um colégio público, ou em uma universidade pública, pois não tinha dinheiro para particulares. Então, no primeiro ano do ensino médio, estudei edificações numa escola técnica e depois fiz um cursinho de baixa renda, em que os professores eram alunos da UFSCar - Universidade Federal de São Carlos. No final, consegui passar em Jornalismo nessa Universidade. Isso me deu muitas condições de exercitar minha capacidade de comunicação, de escrita, e certamente meus professores me inspiraram muito nesse caminho, não só me apresentando livros, mas me

ensinando a escrever e me mostrando as possibilidades do mercado de trabalho a partir das minhas principais habilidades. Essas figuras dos professores foram muito paternais para mim, então me aproximei muito de homens que eu admirava, justamente buscando substituir de alguma forma aquela figura do pai que eu não tive. Fui muito inspirado por eles na minha formação. Para você qual é a melhor definição de família? MP: Se eu pudesse resumir em uma palavra, seria afeto. Eu acredito que família não tem rigorosamente nada a ver com sangue, cromossomos, DNA. Família é afeto e isso inclui as famílias não tradicionais, aquelas que são compostas de filhos adotivos, ou que as crianças são criadas pelo avô, por um conhecido. Ah, e pai adotivo é pai, não tem essa de filho de coração! Porque todo filho é de coração. É importante que a gente chame pelo nome certo. Quando digo que família é afeto é porque o fundamental é quando a gente consegue construir um vínculo que realmente vai durar a vida toda. A gente deveria celebrar isso, aceitar madrastas, padrastos, aceitar o amor afetivo, o amor de família que, muitas vezes, a gente diminui por não ser de origem sanguínea.

ENTREVISTA DE CAPA – MARCOS PIANGERS

Você fala da força da sua mãe, como era a relação com ela no dia a dia? Que valores acredita ter recebido dela? MP: Tenho certeza de que minha mãe me ensinou a ser mais forte, a lidar com as minhas frustrações de uma maneira mais madura. Ela me ensinou a valorizar as coisas, a ter uma vida frugal, a celebrar o dia a dia agradecendo por tudo aquilo que é simples, e isso eu trago comigo até hoje. Minha mãe sempre teve muitas dificuldades financeiras, as mesmas que qualquer família de classe média teve no Brasil dos anos 80 e 90, com o agravante de que eu não tinha pai, ou seja, ela não tinha um parceiro para dividir as contas e produzir mais riqueza. Mas ainda assim, ela trazia a ideia de valorizarmos os pequenos sabores, as pequenas brincadeiras, a comida, os passeios, a observação da natureza. Outra coisa que ela me passou foi a clássica frase de mãe “você não é todo mundo”, que serviu para eu entender que eu não precisava replicar os erros das pessoas, que eu podia agir diferente. Outra que ela sempre reforçava era “quando você se esforça e vai bem na escola, não faz mais que a sua obrigação”. Hoje eu vejo isso no caminho do autoconhecimento, porque o mundo não diz “obrigado” porque você se esforça para ser sua melhor versão. Não é por palmas, nem por agradecimentos, você faz porque é a coisa certa a se fazer, é a sua obrigação, sim. Bem que ela dizia (outra clássica) que “um dia você vai entender”. Bem, eu entendi!

bastante simples, que ainda existe; esses dias eu passei na frente dele com as minhas filhas, pois queria que elas o conhecessem e contei as histórias de como a gente pulava o muro, ia no terreno baldio, ficava o dia inteiro, sábado e domingo, explorando o bairro, a pé. Era uma maneira de brincar muito diferente do que as crianças têm hoje em dia. Eu vivia na rua, inventava atividades, gostava muito de me fingir de super-herói ou de alguma pessoa que eu gostava na televisão. Eu e meus amigos “éramos” aqueles personagens. Eventualmente eu ia com a minha mãe para o trabalho porque ela não tinha dinheiro pra babá, ou não tinha creche, então eu ficava no escritório de trabalho dela, meio de canto, desenhando e inventando brincadeiras. E também me lembro de uma falta, né? A falta de um pai que me ensinasse a jogar bola, a andar de bicicleta, tanto que quando eu fui aprender a pedalar eu já tinha perto de 14 anos. São lacunas nas minhas habilidades as quais eu imagino que seriam preenchidas se eu tivesse um pai que fizesse esse papel, que me ensinasse essas coisas como os pais dos meus amigos faziam.

Antes, a boa paternidade era associada ao provimento material e à disciplina, hoje, vemos muitas outras variáveis que definem uma influência benéfica do pai na vida dos filhos. Em sua opinião, quais são as influências mais necessárias para o mundo em que vivemos? MP: Hoje há muitas pesquisas científicas que falam da importância do pai, da figura paterna e, mesmo a bibliografia pediátrica, fala muito sobre o maternar e o paternar. O maternar como o vínculo, o carinho, o afeto, o colo, e o paternar como o rompimento daquela conexão apenas tátil para uma apresentação de mundo, de desafio, de realização. Mas esses papéis podem obviamente ser exercidos tanto pela mãe como

“A FALTA DE UM PAI QUE ME ENSINASSE “NÃO É POR PALMAS, NEM POR AGRADECIMENTOS, VOCÊ FAZ PORQUE A JOGAR BOLA, A ANDAR DE BICICLETA, TANTO QUE QUANDO EU FUI APRENDER A É A COISA CERTA A SE FAZER, É A SUA PEDALAR EU JÁ TINHA PERTO DE 14 ANOS” OBRIGAÇÃO, SIM”

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nos primeiros anos da minha filha. Isso foi por volta de 2013, e esse conteúdo começou a emocionar as pessoas.


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pelo pai. A gente pode parar de dividir funções de forma tão rígida. Então, acho que o homem pode assumir o paternar, no sentido de apresentar o mundo para o filho, e exercitar essa realização, e também pode maternar com muito afeto, muito amor, muita conversa, muita sensibilidade, com muita capacidade de escuta. Antes, nos pais do passado, esse maternar não era muito desenvolvido, até porque os papéis eram muito mais definidos. Mas eles foram desafiados, em primeiro lugar por movimentos femininos que disseram “opa, a gente não quer ser só dona de casa, não quer ser só mãe”. Então os homens, em certa medida, se consideraram um pouco ressentidos por conta dessas transformações porque talvez era muito mais tranquilo simplesmente pagar as contas e, eventualmente, disciplinar os filhos com uma certa rigidez. Mas hoje, esse novo papel, ao mesmo tempo que liberta algumas mães, liberta também alguns pais que conseguem exercer uma paternidade mais equilibrada, mais sensível, o que, na minha opinião, é muito positivo. Tem também um desafio aí, que não deixa de ser uma nova prisão: se você é uma mulher que não quer trabalhar, ou se é um homem que não quer cuidar dos seus filhos. Então, é por isso que eu digo que é

preciso estabelecer uma construção familiar, um acordo de papéis que precisa ser conversado antes entre o casal. Acho que os modelos tradicionais, considerados antigos, ainda funcionam, mas isso tem de ser muito discutido e não assumido como regra. É importante que a gente tenha autoconhecimento e inteligência emocional para entender os modelos que se apresentam e poder optar de forma clara. Não existe família feliz quando só o homem é feliz, ou quando só a criança é feliz. Temos de estar constantemente investigando se as nossas opções tornam aquela família feliz como um todo. Você fala que o seu melhor pagamento é quando sua mensagem chega aos homens e faz com que eles se transformem no pensar e, principalmente, no agir. Você vê isso acontecer também no seu círculo de amigos? Tem algum exemplo próximo? MP: Eu vejo isso acontecer o tempo todo, as pessoas me mandam áudios no Instagram, mensagens nas redes sociais e por e-mail dizendo que se identificam e que foram transformadas com meus conteúdos. Eu fico sempre muito agradecido e, claro, vejo pessoas ao meu redor também descobrindo essas possibilidades de mudança. Esses dias um amigo me escreveu e falou: “olha,

cara, eu estou bastante decepcionado com o meu círculo de amizades e você é um homem que se comporta de uma forma diferente, do jeito que eu mesmo quero me comportar, então eu quero dicas e saber como que eu faço para conhecer outros homens assim”. É um amigo de anos e ele foi aos poucos percebendo que suas outras amizades se comportavam de forma desrespeitosa, agressiva, violenta, mentirosa, às vezes desonesta com a família, com os filhos. E ele, que tem dois meninos e ama seus filhos, queria encontrar um círculo de amigos diferente daquele que a gente tem o incentivo cultural, estrutural para ser. Porque se você pergunta pra alguém o que é o homem ideal, muita gente vai responder que é um cara bem vestido, boa pinta, bom de papo, com dinheiro, com carrão, com boa posição profissional. E aí a gente consegue desenhar na mente esse “macho” ideal, aquele que a gente vê nos filmes, lê nos livros, e que a gente pensa: “nossa, eu quero ser isso, quero ser um realizador, ser bem-sucedido”. Mas se a pergunta é: o que é um bom homem, ou o que você considera um homem bom? Aí, então, começa a surgir uma outra imagem na cabeça. Um bom homem é um cara honesto, gentil, é um ser humano respeitoso, que trata bem as pessoas, a esposa, os filhos, ele se comporta


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ENTREVISTA DE CAPA – MARCOS PIANGERS


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no trabalho, entende as diferenças, e as respeita por onde passa. É alguém que reflete antes de agir, é ponderado. Então, quando olho para esse homem bom, começo a me relacionar com virtudes masculinas, e humanas, que me interessam muito mais. Prefiro muito mais ser um bom homem do que um homem ideal, ou idealizado. Então, o que eu quero é oferecer um caminho, uma ideia, para que cada vez mais homens sejam bons homens, ao invés de ficarem nessa corrida para ser um homem ideal, inalcançável que, certamente, se machuca e machuca as pessoas que estão ao seu redor. Você fala que o ideal é que a gravidez seja do casal, em conjunto. Qual a maior dificuldade de ter esse máximo grau de empatia? MP: Acho que as grandes dificuldades

modernas são por causa da nossa obsessão por dinheiro e consumo, o que faz com que a gente esteja sempre ocupado, sem tempo pra nada. Então, no momento em que descobrimos a gravidez, a gente pensa: “ah, então beleza, o meu papel aqui é trabalhar mais, ganhar mais, comprar coisas, pintar o quarto, comprar um berço na internet e está feita a minha parte”. Só que a gravidez é fantástica porque ela oportuniza para o homem engravidar junto. Nove meses preparam o bebê, mas preparam a mãe também, é um tempo muito bom para o casal se organizar, conversar, discutir, fazer um cronograma, planejar não só o nome, mas também o que eles esperam quando o filho chegar. “Vamos tentar fazê-lo dormir bastante, vamos tentar fazer essa criança ser autônoma desde pequena, vamos entender essa criança,

vamos decidir quem é que vai ficar com ela de manhã, quem vai ficar de tarde...”. Todas essas discussões ajudam o casal a se fortalecer e a se preparar para esse momento. Muitos homens que não engravidam junto com a mulher certamente tomam um susto quando chega o bebê, porque o impacto de uma criança na casa é muito grande. E a mulher, que já passou por uma série de transformações biológicas, tem também uma transformação social e emocional, o que deixa esse homem um pouco assustado, ressentido. Ele se sente preterido e não consegue passar pelo puerpério, sentindo o que a mulher está sentindo. Isso é típico, um clichê dos casais e, por isso, é importante que o homem engravide junto. É bom para o casamento, para o homem, para a mulher e, principalmente, muito bom para a criança ter essa harmonia nos primeiros meses.


Você tem acompanhado a trajetória do Marcos. Como essa dinâmica de palestras e compromissos é para vocês? O que ajuda e o que atrapalha? AC: Nós mudamos em 2017 para Curitiba, para perto da minha família. A gente sentia falta de um “ninho maior”. Eu também viajo para dar palestras e a vida escolar das meninas estava se tornando um desafio. A Anita reclamava que ninguém queria fazer trabalho com ela na escola, porque ela vivia viajando. Em Curitiba, passamos a contar com a minha mãe para ficar com elas quando os dois estão fora. Viajar é divertido e nos ensina muita coisa, mas confesso que gostei de dar uma parada ‘pandêmica’ e dar a devida atenção às coisas da

casa, às questões familiares. O fato de o Marcos viajar muito não me incomoda, principalmente depois que as meninas cresceram. Acho que o segredo de um bom casamento é cada um ter seu tempo. É bom sentir saudades. Ajuda nisso, nas nossas individualidades, atrapalha porque, às vezes, a vida fica parecendo uma gincana: aeroporto, logísticas, viagem, prova na escola, reuniões… socorro! Vocês já chegaram a dizer que é importante que os pais que queiram ter filhos reservem tempo para eles. Como é isso na prática? AC: É comum que a chegada de um filho afaste o casal. Aconteceu com a gente, inclusive. Acho bem importante falar sobre isso para que as pessoas não romantizem a chegada do bebê. Ter consciência já nos prepara para encarar de outra forma. Com o segundo filho, por exemplo, isso não é mais uma questão tão séria. Casais precisam de tempo a sós, para ter conversas de adultos, falarem bobagens e namorarem. Quando há divergência de opiniões entre vocês em relação a como conduzir a formação das meninas, como vocês se organizam?

AC: Nós dois somos muito racionais e ‘cabeçudos’, então a argumentação tem que ter suporte teórico e empírico. É na base do convencimento. O Marcos cede bastante. Não sei se porque aprimorei muito minhas técnicas de discussão ou se porque estou sempre certa mesmo. Como você acha que as mulheres podem contribuir para criar novos paradigmas de paternidade? AC: Uma mulher que faz tudo do seu jeito, ou que acha que o marido não vai mais admirá-la se ela não der conta da casa e do filho, está fadada a viver exausta. E a ter um marido que não divide nada. Eu sou muito tranquila, peço ajuda, delego e faço “como dá”, sempre. Tenho orgulho de ser uma péssima dona de casa. Você também é autora. Como é essa troca entre vocês dois na questão dos escritos? Um é “leitor crítico” do outro? AC: Sim, a gente mostra os textos. Não tudo, nem sempre. Nós dois temos muito senso de humor e isso transparece na escrita, a ponto de, muitas vezes, as pessoas confundirem nossos textos. O Marcos gosta mais de falar de amor e sentimentos, eu sou mais de fazer piadas ou reflexões críticas.

Anita e Aurora dizem que, além de pop, o papai é: APRENDIZ “Ele está sempre estudando, aprendendo, em busca de aprimoramento!”

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ascida em Curitiba, a escolhida de Marcos Piangers se chama Ana Cardoso e também é puro movimento. Além de jornalista, ela é mestre em Sociologia Política; autora de três livros: Mamãe é Rock, Natal, férias e outras histórias e Quando falta ar; criadora do projeto Bonne Chance, que oferece aulas de francês com refugiados; e colaboradora do coletivo feminista Casa da Mãe Joanna. Aqui, ela também conta um pouco da vida em família.

ENTREVISTA DE CAPA – MARCOS PIANGERS

MAMÃE É ROCK E MUITO MAIS


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Acha que a questão social e econômica interfere na forma como os homens criam seus filhos? Qual é o impacto desses fatores externos? MP: Eu acho que não. Há bons e maus pais em todas as classes sociais. Acho que o trabalhador que está numa situação de vulnerabilidade econômica tem essa desculpa, mas eu conheci pais pertencentes a classes sociais menos abastadas muito participativos, carinhosos e que valorizam aquele tempo com seus filhos mesmo que seja de dez, vinte minutos. Da mesma forma, vi famílias ricas, que têm muitas contas e, portanto, muita correria, mas que também entenderam que um tempo de qualidade com os filhos é valioso. Ou seja, isso independe da classe social. Infelizmente, se você quer ser um mau pai, ou seja, se você tem outras prioridades, se coloca outras coisas na frente do seu filho, vai sempre existir uma desculpa. “Ah, tenho muitas contas para pagar”, “tenho uma empresa para tocar”, “sou uma pessoa de vulnerabilidade econômica, estou correndo atrás”, e até “preciso ir para a academia”. São muitas desculpas que se pode dar, mas eu acho que são ilegítimas, porque tem sempre gente que se esforça para ter uma paternidade ativa, carinhosa e afetiva, mesmo que ela não seja perfeita. Você fala de multiplicadores, de pessoas que você gostaria de ver palestrando e escrevendo sobre os mesmos temas que você aborda. Acha que isso está de fato acontecendo? Como um homem comum, no dia a dia, pode contribuir com uma sociedade de melhores pais, mesmo que não seja um? MP: Eu acho que todo homem pode contribuir para uma sociedade de melhores pais, quando toma algumas decisões. Por exemplo, ser um homem fiel, um homem atento, que ouve a esposa, que quer construir uma família com boa comunicação. Um homem que, em vez de só falar, também ouve, e não só o que quer ouvir, mas, sim, o que a outra pessoa está falando de fato. E também falar de uma maneira empática para que os outros entendam. Essa desconstrução da masculinidade tóxica autodestrutiva traz o entendimento de que esse homem pode se cuidar, pode cuidar dos outros. E pode também sair dos grupos de whatsapp mais perversos, cheios de pornografia, vídeos e fotos horríveis, que fazem mal pra ele e

para o relacionamento. Nessas atitudes ele vai dando exemplos para outros homens, que vão ficando curiosos: “Ah, então me explica, você não quer mais ficar bebendo cerveja e falando bobagem?” E esse homem vai dizer: “Não, eu tive a coragem de amadurecer”. Porque eu brinco que tem muitos homens na síndrome de Peter Pan que não querem crescer e ficam dependentes de uma figura de mãe, ou de uma mulher idealizada, como a Sininho, que atende todos os seus desejos. Se você olha para as civilizações ancestrais, em todas havia o momento na vida do garoto que ele passava por um ritual que dizia: até aqui você foi servido, a partir de agora você vai ter de cuidar dos outros, a partir daqui você vai ter de ser corajoso, gentil, esforçado, vai ter de desenvolver virtudes de coragem para cuidar da tribo, cuidar dos outros e assumir as responsabilidades sobre as pessoas que estão ao seu redor. E muitos homens modernos decidiram não passar por esses rituais de amadurecimento e continuar vivendo no mundo de Peter Pan, encantado, com medo do capitão Gancho e do relógio – que é o tempo. A vida vai cobrar e vai dizer: então você vai morrer sozinho? Porque talvez esse seja o grande medo masculino. Então, para mim, esse amadurecimento vai muito além de pagar as contas, ele vai em direção ao autoconhecimento, à capacidade de comunicação, à possibilidade de desenvolver habilidades, de ser um bom homem. Eu quero com certeza ver mais homens compartilhando essas experiências para uma construção de mundo mais saudável. As redes sociais constroem fenômenos da noite para o dia e fazem parte da vida de crianças e jovens. Acha que a internet está “assumindo a paternidade” em termos de referências? MP: Acho que a internet é um ambiente bastante diverso e celebra os valores da sociedade. Se essa sociedade é doente e traz valores de violência, agressividade e desinformação, então o consumo e as redes sociais vão refletir isso. A gente vê muito mais fotos de gente em festa, ostentando algum tipo de consumo do que com seus filhos no colo, passando por momentos difíceis de trocar xixi, cocô e limpar vômito. Ou então momentos de reflexão, positivos. Acho que temos nas mãos um computador poderoso que poderia estar nos aproximando

das reflexões mais inspiradoras que a humanidade já produziu. A gente tem no bolso todos os livros, todo o conhecimento já gerado pela humanidade no passado, e isso poderia, sim, nos fazer evoluir de uma forma muito mais rápida. Mas alguns desses sistemas são construídos para nos afastar das nossas virtudes e, portanto, acho que sim, a tecnologia pode ser muito ruim. O que eu tento é usar todas as ferramentas tecnológicas para inspirar virtudes, esse é o meu critério. Se vai tornar a vida das pessoas melhor, eu publico, se não, eu não publico. Por isso eu não exponho fotos das minhas viagens, das minhas conquistas materiais ou experiências pessoais. Acho que estou falando ali para todas as pessoas, então não é sobre mim, é sobre todos nós. Não é uma reflexão sobre o Marcos, não é uma necessidade de cliques, curtidas, é uma reflexão que possa ajudar todas as famílias. Em caso de pais separados, que contam com uma dinâmica diferente de convivência com os filhos (por exemplo, na divisão de fins de semana e datas comemorativas), qual você considera a melhor postura dos adultos? MP: Em primeiro lugar, a conexão com o amor que já existiu um dia. Acho que todo casal precisa se lembrar do tempo que se gostava, se admirava e se respeitava. O respeito é esse sentimento poderoso que permite uma família continuar em frente, mesmo depois de separada. E tudo isso deve existir por respeito aos filhos, aqueles que os pais dizem amar, então é importante observar isso. Muitos homens e mulheres dizem que amam os filhos, mas os usam como forma de magoar o cônjuge, como objeto de disputa, de alienação parental; um fala mal do outro criando cisão e violência verbal. Acho que a mágoa é que causa isso. Por essa razão, é muito, muito importante o casal se entender e se respeitar, pois existem as crianças no meio dele. E é tão mais bonito quando um casal consegue superar suas mágoas, seus desentendimentos e constrói outra forma de família, com maturidade e sem decepcionar os filhos. Não há nada mais decepcionante para uma criança do que perceber que ela é mais madura do que os pais. Dores vão existir nos filhos, mesmo que os pais tentem acertar ao máximo. A questão


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primeiro livro de Marcos Piangers, O papai é pop, foi escrito ao longo de dez anos, desde o momento em que sua primeira filha, Anita, chegou ao mundo, e durante todo o desenvolvimento dela. “Eu fui anotando as experiências do parto, aquilo que ela fazia quando chegava do colégio, as vezes que ela ficava cantando em vez de tocar a campainha. Que bom que eu anotei, porque várias passagens eu esqueço, e quando releio, penso: ‘ah, caramba, é mesmo, a gente viveu isso e foi muito bonito’”, conta ele. O sucesso do livro, que também trazia experiências da vida do autor, inclusive junto da mãe e do avô, foi tanto que a editora imediatamente quis lançar O papai é pop 2, desta vez com textos escritos a partir de 2015, contendo diversas reflexões e feito com um projeto gráfico divertido e interativo. Nesse segundo livro, além da presença de Anita, tinha também a de Aurora, a segunda filha do casal. Meu filho não sai do iPad. Meu filho não sai do videogame. Meu filho não sai do celular. Meu filho não sai da frente da televisão. Nossos filhos não saem de dentro dos aparelhos eletrônicos que compramos com dinheiro suado em dez vezes na loja de departamentos. Nossos filhos lembram alguém? Lembram nós mesmos. Nós também não saímos da frente do celular. Não desgrudamos os olhos da tv. Estamos sempre no computador. Esses dias aconteceu a cena mais triste e engraçada: minha filha dizia ”olha, pai!” pela décima vez, enquanto eu lia e-mails do trabalho” no celular. Ela, então, veio até a minha frente e se abaixou até ficar atrás do celular, de forma a entrar no meu campo de visão. “Só ficando aqui atrás do celular pra você olhar pra mim”. Foi só mais um tapa na cara do papai, dentre tantos que minha filha me dá. Cada tapa me faz um pai melhor. Passei a notar em casa, no restaurante, nos almoços de família: as crianças dizem “olha, pai!” o tempo todo. Estão pulando em um pé só, “olha, pai! Estão descendo uma rampa correndo, “olha, pai” Estão fazendo caretas engraçadas, olha, pai! O papai é pop 2, p. 73

ENTREVISTA DE CAPA – MARCOS PIANGERS

TER UM FILHO, ESCREVER UM LIVRO

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Outro sucesso editorial de Marcos é O Poder do Eu te Amo, que registrou em páginas um dos seus vídeos de maior sucesso nas redes. “Foi uma delícia transformar em texto, usando todas as possibilidades do novo formato. Quando eu conto que o meu sogro nunca disse ‘eu te amo’ para os seus filhos, você vira a página e tem duas em branco, como se realmente faltasse alguma coisa. Então, o livro é também uma experiência”, explica ele. No design desse projeto, Piangers contou com seu grande amigo, Fabio Haag, que, segundo ele, também é um pai inspirador.


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da paternidade também pode cair no paternalismo? MP: Gosto de dizer que, se eu pudesse separar a atitude dos pais em três erros, o primeiro seria a omissão. “A minha vida é muito corrida, eu tenho muitos compromissos, muitas contas para pagar, então eu tercerizo a educação dos meus filhos. Para a escola, para a sogra, para a avó, para a esposa, a babá, o vizinho, e também para as aulas, natação, judô”. É uma forma de dizer que, se algo vai mal, a culpa é dos outros. E nessa omissão a gente acaba criando filhos que não conhecemos direito, despreparados para a vida, carentes. Essa correria também pode trazer outros dois erros que servem para substituir a nossa falta de tempo. Um deles é a permissividade, porque já que eu trabalho tanto, vou permitir que meus filhos façam o que quiserem quando estivermos juntos. Então faço tarefa para eles, dou tudo o que me pedem, dou presentes numa troca materialista que deseduca e cria crianças muito mimadas. Ou então, eu estou muito corrido, muito cansado, o que me faz um pai autoritário, que determina regras e quer que elas se apliquem à casa, aos relacionamentos, aos filhos, sem muito conhecimento sobre eles e sem interesse na personalidade deles. Isso porque, para desenvolver boas regras, precisa ser de forma personalizada, responsável. Muitos pais com esse autoritarismo criam filhos inseguros, que nunca sabem se estão fazendo a coisa certa e nem o que o mundo espera deles. Então esses pais omissos, permissivos ou autoritários vão gerar crianças com características muito imaturas e disfuncionais. Mas a gente tem uma quarta personalidade de pai que é o pai presente, o pai humilde, que está investigando o filho, está prestando atenção. As pesquisas mostram que um pai pode ter de dez a vinte minutos de qualidade com os filhos diariamente, o que já é suficiente para gerar o vínculo. Um tempo que seja de plena atenção,

sem tecnologia, sem televisão, com comunicação plena. Momentos de leitura, de conversa, de risada, de cosquinha, de brincadeira, que eles mesmos inventam. Dez a vinte minutos por dia de uma experiência gratuita e muito pouco estressante criam esse vínculo poderoso, porque o pai conhece o filho, o filho aprende com o pai. As crianças desenvolvem uma autoestima elevada, uma boa capacidade de relacionamento social, um melhor desempenho escolar, um bom preparo para as profissões, para o mundo corporativo, uma visão positiva de si mesmas e, principalmente, do futuro! Olha, que legal: uma criança corajosa! O segredo é ser um pai presente, ativo, participativo. Idealizações, expectativas, aspirações. Talvez seja impossível não tê-las em relação aos filhos. Em sua opinião, como administrar da melhor maneira essas ansiedades que a vida traz? MP: Primeiro, entendendo que a culpa não é sua. Se você errar, tem a ver com o seu histórico, com as suas referências, com aquilo que te ensinaram, com uma série de valores estruturais equivocados. Cada erro é um aprendizado. E a culpa não tem uma função muito boa porque você fica paralisado, achando que, simplesmente assumindo a culpa, reconhecendo que você errou, já é uma grande coisa em vez de buscar uma evolução, um aprendizado que conduza a outro tipo de atitude. Eu quero matar a parte do Marcos que errou com a Anita, que errou com a Aurora; eu quero que, daqui a um ano, ele tenha morrido, essa parte imatura, grosseira, atrapalhada, ignorante. Em vez de ficar se culpando, o importante é entender que tem partes da gente que são mal construídas, mesmo. A comparação não é com os outros, com as outras famílias, é com você mesmo, com o ontem. Você está melhor ou pior? Quando você está melhor, então pode dizer: “Olha, estou fazendo um bom trabalho”.

Você dá bastante valor ao trabalho social, inclusive com a renda de livros revertida para instituições cuidadoras. Como você acha que crianças e adolescentes podem se engajar nessas causas de forma natural, que faça sentido para eles? MP: As crianças, os jovens, sintoos bastante idealistas. Estão comprometidos com a igualdade de gênero, com as questões ambientais e também são muito românticos em relação ao trabalho, o que não acho ruim, não. Eles estão exigindo que as empresas os tratem melhor, que ofereçam condições boas e que tenham um impacto positivo no mundo, cuidando de seu ambiente, pagando bem os colaboradores, não deixando que eles sejam destratados ou desrespeitados, então sou muito otimista. A minha filha fala: “pai, quando acabar a pandemia quero ir trabalhar num asilo”. Eu tive a chance de levá-las nas instituições que a gente ajudou, e elas puderam ver a importância do trabalho feito. Quando falamos em educação financeira, reforçamos que uma parte tem que ir para doação. Que isso faz bem para o outro, para nós mesmos e para a sociedade, e que distribuir as nossas bênçãos é uma parte importante da vida. Acho que essas conversas despertam nelas a vontade de ajudar, pois os bons exemplos vêm das ações. Lamentavelmente, a preguiça biológica humana absorve os maus exemplos também, e de uma maneira muito mais rápida, muito mais imediata. O papai fala um palavrão, a criança fala logo em seguida; o papai é desrespeitoso, responde de forma imatura, é grosseiro, lá vai a criança fazer o mesmo com alguém. Essa repetição gasta menos energia do que o esforço de ser educado, de ajudar o próximo. Por isso esses reforços são importantes, têm de ser falados e sublinhados em família, em público, sempre que a gente puder.


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ual a sua dica para pais de primeira viagem? E para aqueles que querem dar um reset em alguns hábitos e experimentar algo novo na relação com os filhos? Estruturalmente, culturalmente, a gente vai ouvir que tem de ser muito bemsucedido nas finanças, na vida material, e que isso é a coisa mais importante. Mas o grande segredo de uma família feliz é que ela não se compara com outras famílias, com os outros, ela apenas se investiga. Atenta e humildemente se pergunta: “Será que eu estou sendo o melhor marido que eu posso ser, a melhor esposa, a melhor mãe, o melhor pai?”. Exercitando essa investigação de uma forma saudável, compassiva, não ansiosa nem agressiva, desenvolve-se em família um aprimoramento dessa experiência. Não importa quanto dinheiro se tem, não importa o tamanho do seu carro, do seu apartamento, seu filho vai querer mesmo é sua presença, seu afeto, seu carinho. O que ele vai querer é a sua atenção, porque atenção é amor. E não custa nada!

ENTREVISTA DE CAPA – MARCOS PIANGERS

DE PAI PARA PAI

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ara O papai é pop virar filme, foi um processo longo. O primeiro convite para vender os direitos do livro foi em 2018, em 2019 foi concretizado, em 2020 veio a pandemia, e só em 2021 foi confirmado. Mas era para valer. Nos papéis principais, ninguém menos que Paolla Oliveira e Lázaro Ramos, além de Elisa Lucinda interpretando a mãe de Piangers. Foram sessenta dias de gravação que contaram com a mesma matéria-prima do livro: pura emoção. Uma curiosidade é que o próprio Marcos foi convidado para fazer uma pontinha na produção, vivenciando o set de filmagem. “Eu me lembro de uma figurinista falando que o filme estava lindo e eu perguntei se ela achava que ia fazer sucesso. A resposta foi: ‘olha, filmes que fazem sucesso tem muitos, mas filmes lindos que nem esse, tem poucos’. Eu também acho que o resultado vai tocar as pessoas; quando eu assisti ao primeiro corte eu chorei muito, minha mãe viu e chorou muito também; a gente se emocionou em família”.

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DAS PÁGINAS PARA AS TELAS


Por Maurício Oliveira Fotos: Fernanda Caires

TRÊS GERAÇÕES, ESTUDAR NA CHAPEL, UMA HISTÓRIA UMA TRADIÇÃO QUE UNE

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AVÓ, TRÊS FILHAS E (POR ENQUANTO) TRÊS NETOS

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sta seção da Inside Chapel é normalmente dedicada ao perfil de um ex-aluno ou ex-aluna do colégio, mas desta vez vai ser um pouco diferente: será o perfil de uma família. Trata-se do relato de uma ligação profunda com a instituição, iniciada há quase 70 anos. Contar essa história significa, também, homenagear muitos outros casos semelhantes em que a experiência de estudar na Chapel vem sendo transmitida de mães e pais para filhas e filhos. A jornada que contaremos aqui começou em 1953, com o casamento, em São Paulo, do espanhol Vicente Vázquez Fernandez com a cubana Mary Cid Vázquez. Ele havia chegado ao país aos 30 anos, a trabalho, e ela havia se mudado com a família na adolescência. Os dois se conheceram durante uma festa de casamento na comunidade espanhola da cidade. As duas primeiras filhas do casal, Henrietta, nascida em 1954, e Charlotte, em 1957, foram matriculadas na Chapel, que estava ainda em seus primeiros anos de funcionamento – as aulas eram dadas por freiras que moravam no segundo andar do prédio. A instituição havia sido fundada em 1947 como uma escola católica para crianças de famílias americanas residentes em São Paulo. Aos poucos, ela foi se abrindo para estudantes com pais de outras origens. A escolha pela Chapel se deu principalmente em virtude da visão cosmopolita de Mary. “Minha mãe queria um ensino que combinasse a formação religiosa com a experiência internacional. Encontrou isso naquela jovem escola que dava os


ENTREVISTA ALUMNUS – FAMÍLIA LOPES Incentivo ao raciocínio O casal decidiu, então, mudar-se para o Canadá. As meninas continuaram os estudos em Toronto, sem qualquer problema de adaptação, por conta do pleno domínio do idioma inglês e da base sólida construída na Chapel. Tudo indicava que a sequência da vida delas se daria por lá – o que de fato ocorreu na trajetória de Henrietta, que hoje mora nos Estados Unidos. Ela é professora de colégio público em Raleigh, na Carolina do Norte, certificada para dar aula em qualquer estado do país. O destino de Charlotte foi diferente, no entanto. Com a morte do pai, ela veio ao Brasil, aos 20 anos, para cuidar das questões relacionadas ao inventário. O plano original era voltar ao Canadá, mas aqui ela conheceu José Eduardo, com quem se casaria seis meses depois. O casal teve três filhas: Carla, Débora

e Mônica, nascidas com diferença de apenas um ano entre elas – respectivamente, em 1980, 1981 e 1982. Charlotte fez questão de matriculá-las na Chapel, pois compartilhava da mesma visão que havia impulsionado a mãe a escolher a instituição. “É um tipo de ensino que ajuda a raciocinar, a buscar a compreensão verdadeira do conteúdo”, ela avalia. Experiência multicultural As três meninas iniciaram a trajetória escolar em 1985 e cumpriram toda a formação na Chapel. “Acho que o principal ganho para as minhas filhas foi a exposição a diversas culturas, fator essencial para que desenvolvessem uma visão ampla de mundo. Aprendi com a minha mãe que isso é o mais importante”, diz Charlotte. Aos 41 anos, a primogênita Carla recorda com carinho do cotidiano no colégio, mas principalmente dos eventos especiais, como a formatura do 12th grade. “Guardo o senior yearbook,

todo assinado, e também os music programs. Tenho os vídeos e vira-e-mexe os assistimos. Todos os eventos eram bem cuidados e nos sentíamos muito importantes.” Carla ingressou em Administração na Pontifícia Universidade Católica (PUC), mas depois de seis meses decidiu mudar para o mesmo curso na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), seguido pela pós em Marketing na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “O domínio de inglês foi um enorme diferencial no momento de buscar os primeiros empregos, ainda durante a universidade”, ela descreve. Depois de fazer carreira em multinacionais, na área de vendas e marketing, Carla decidiu iniciar uma nova atividade, em confeitaria. Em 2018, foi para Madri, na Espanha, fazer um curso nessa área na célebre Le Cordon Bleu. Voltou ao Brasil depois de dois anos, período que incluiu uma passagem também pela Áustria. “Durante essa viagem, reencontrei amigos da época da

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primeiros passos”, lembra Charlotte, que permaneceu por quatro anos na Chapel, enquanto Henrietta ficou por oito anos.


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Chapel. Foi muito bacana perceber como esses vínculos são fortes.” Lembranças afetivas Apesar de todos os benefícios acadêmicos proporcionados pela experiência na Chapel, Carla considera que o mais importante foi mesmo a vivência multicultural. “Tive muitas amizades que foram embora, pois eram filhos de pais expatriados. Como manter contato naquela época não era tão fácil como hoje, isso certamente me ajudou a aprender a lidar com despedidas e a valorizar o presente, sem me preocupar muito com o futuro.” Além dos laços afetivos, o grupo de ex-colegas da Chapel forma uma poderosa rede de contatos profissionais, pois uma das características históricas do colégio é originar uma grande diversidade na escolha das carreiras. Além do mais, no caso de três irmãs com idades tão próximas umas das outras, as amizades iam além da sala de aula e se estendiam aos colegas e às colegas das irmãs. “Quem estudou na Chapel numa mesma época certamente tem muitas afinidades”, diz a irmã do meio, Débora, 40 anos. Para ela, colocar as filhas Isabella e Sophia (de 13 e 11 anos) na Chapel foi uma decisão natural. “Acredito muito nos valores da Chapel e tenho certeza de que esse é o aspecto que mais fará diferença na vida delas. O fundamental é que sejam pessoas generosas e de bons princípios, e isso se constrói pela combinação entre os ensinamentos passados em casa e no colégio.” Ela lembra de muitos momentos compartilhados com as irmãs nos anos estudantis, como as idas e vindas de ônibus. “Íamos um tanto sonolentas pela manhã, mas na volta era uma festa. Fazíamos muitas amizades.” Quando as filhas entraram no colégio, foi inevitável uma viagem ao passado. “Até hoje, quando chego à Chapel, os ambientes despertam lembranças de situações e de pessoas”, conta Débora – que se formou em Publicidade e iniciou o curso de Moda, mas interrompeu a carreira

enquanto as filhas eram pequenas. Agora planeja o retorno, talvez numa área diferente. Tradição familiar A caçula Mônica, 38 anos, é diretora de marketing da Nespresso no Brasil, cargo que assumiu há poucos meses – nova etapa de uma carreira que já incluiu passagens pela BIC, Nestlé e Gympass. A exemplo de Carla, ela fez Administração pela Faap, com pós no Insper. As experiências profissionais de Mônica a levaram a morar na Suíça e na Malásia. Quando estava na Nestlé, responsável pelo marketing da marca NESCAU, desenvolveu junto com a agência Ogilvy Brasil o projeto “Meninas fortes”, para incentivar a prática de esportes pelas meninas. A campanha foi premiada no festival de publicidade de Cannes, em 2017, com o Glass Lion, categoria dedicada ao reconhecimento de trabalhos que promovam a equidade de gênero. Para Mônica, o incentivo às atividades físicas é uma das fortalezas da Chapel. “Havia não apenas uma estrutura fantástica, como também o estímulo ao esporte tanto para as meninas quanto para os meninos, algo que julgo ter tido um impacto muito grande na minha formação pessoal e profissional.” Algumas das amizades mais próximas mantidas por ela são herança do tempo da Chapel. “É uma relação que acaba sendo diferente daquelas acontecidas depois, já na vida adulta, porque crescemos juntos, passamos por alegrias, tristezas, perrengues, brigas, amadurecimento. É nessas amizades que eu encontro o ombro amigo, o senso mais forte de pertencimento e uma conexão profunda. É como se fôssemos da mesma família.” Esses vínculos têm sido ainda mais reforçados pelo fato de que vários integrantes dessa turma hoje estão com filhos pequenos. No caso de Mônica, são dois meninos, Thomas e Matheus, de quatro e dois anos – o mais velho já está na Chapel, dando sequência à tradição familiar.


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ENTREVISTA ALUMNUS – FAMÍLIA LOPES


Um chamado à prática Somos um projeto que luta pela segurança alimentar, mudança de hábitos de consumo e agroecologia. É o exercício de viver o mundo que a gente quer viver.

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A partir da venda de cestas de alimentos produzidos sem venenos por pequenos agricultores da região de Osasco (SP), o coletivo arrecada o valor necessário para doação da mesma qualidade de alimentos para mulheres-mães em situação de vulnerabilidade. Além de saber de onde vem sua comida e apoiar pequenos produtores, você tem a chance de se tornar um agente de transformação social e mudar a realidade à nossa volta.

Você pode pedir a cesta solidária no linktr.ee/ecoz ou contribuir na nossa vakinha online.

(11) 94254-4074

@ecoz_cs


CRÔNICA – MARI BERNINI

Por Mari Bernini Fotos: Arquivo Pessoal

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A VIDA PERFEITA DOS DESCONHECIDOS


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CRÔNICA – MARI BERNINI acaba acreditando que a vida do outro são apenas aqueles bons momentos. Então, vêm as frustrações. Não ter o corpo perfeito da modelo, não ter o marido tão dedicado que aquela atriz posta, não ter filhos tão educados como as crianças daquela blogueira, ou começar a pensar que está falhando no casamento e na formação da família, por não ter uma família tão incrível como as que vemos por aí nas redes sociais. E as comparações começam a ser injustas! Quando assistimos a uma cena triste de um filme, nos emocionamos porque a nossa mente se entrega à emoção que o filme passa… E a internet é a mesma coisa. Às vezes nos entregamos tanto à “realidade” postada que nos esquecemos de avaliar a nossa realidade. Talvez a pessoa que vive a vida perfeita e invejada por nós gostaria de estar no nosso lugar, justamente por não sabermos quais são os bastidores de sua vida. Todos temos medo, todos temos sonhos que não foram realizados ainda, todos nos frustramos, todos ficamos tristes, todos nós passamos por perrengues que são difíceis de

acreditar… Mas às vezes a bolha digital nos faz pensar que essas dificuldades são exclusividade nossa. E não é bem assim! A nossa vida é importante, a nossa família é especial. O que precisamos fazer é parar e enxergar que os momentos desafiadores nos fazem crescer, nos fazem evoluir, e nos levam para onde queremos chegar. E então percebemos que nossa vida é perfeitamente maravilhosa do jeito que precisamos que seja. Devemos saber de uma vez por todas que somos mães suficientemente boas para nossos filhos, do jeito que eles precisam que sejamos. Quem foi que disse que as falhas cometidas por nós são só nossas? Estamos todas errando, aprendendo, trabalhando, nos esforçando, pagando contas e tentando não surtar. Afinal, a perfeição não passa de uma projeção. A vida precisa ter foco no que realmente importa, que é ser grato por tudo aquilo que a gente já tem. E que este seja o nosso exercício diário: agradecer e aproveitar a realidade que temos, e sofrer menos com a realidade que o outro posta.

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sua família não é perfeita. A minha família também não é. E, sinceramente? Ainda bem! É inegável que a tecnologia trouxe inúmeras vantagens para o mundo atual, porém, uma das coisas mais difíceis trazidas pelo mundo digital foi a facilidade da comparação. Quando éramos mais jovens, as pessoas com as quais nos comparávamos eram pessoas reais. Era a amiga da escola, a vizinha, a prima que encontrávamos nos eventos de família. Pessoas com as quais convivíamos, as quais assistimos os perrengues e admirávamos as conquistas, logo, era uma comparação mais justa. Com as redes sociais, isso se tornou doentio, pois nós nos comparamos com realidades completamente diferentes das nossas, e passamos a acreditar que essas realidades são um padrão no qual todos devem se encaixar. Mas não é bem assim… O que vemos nas redes sociais é apenas um recorte da vida real. As pessoas tendem a mostrar ali os seus melhores momentos, e quem os assiste


SPOTLIGHT

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PORTFÓLIO FAVORECE ENGAJAMENTO DOS ALUNOS NO PRÓPRIO APRENDIZADO

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dotado pela Chapel a partir do 2º ano do Elementary School, o Portfólio de Aprendizagem do Estudante – ou SLP em inglês (Student Learning Portfolio) – é um documento preenchido pelos alunos a cada semestre letivo, em que registram seu progresso acadêmico nas diversas áreas do conhecimento, bem como seu amadurecimento e desenvolvimento socioemocional. Nas séries do Elementary School, os alunos fazem portfólios das três áreas principais: Alfabetização, Matemática e CARES (acrônimo, em inglês, de Cooperação, Assertividade, Responsabilidade, Empatia e Autocontrole). Já no High School, os estudantes constroem um documento para cada matéria do currículo.


SPOTLIGHT Pausa para reflexão Ao longo do semestre, os portfólios são revisitados, em uma nova fase de reflexão: “No meio do semestre, os alunos releem tudo o que escreveram e avaliam, de forma muito autônoma, se eles entenderam quais eram as metas, se as metas que colocaram para si são importantes, se eles estão de fato trabalhando para conseguir alcançá-las e se estão pedindo ajuda quando precisam”, conta Ms. Santos. Ela afirma ser fundamental os alunos saberem se estão no caminho certo para alcançar os objetivos propostos, e diz que, nessa fase, eles podem acrescentar estratégias para cumprir suas metas, caso estejam encontrando dificuldades. A professora Maxine Rendtorff, que leciona inglês e teatro para o High School, considera o portfólio um ótimo instrumento de reflexão para

o aluno: “Ao mesmo tempo em que ele percebe onde pode melhorar, também celebra suas conquistas, aumentando sua confiança no aprendizado”. Ela lembra que, no documento, os objetivos de aprendizagem são descritos numa linguagem próxima dos alunos, sem jargões técnicos, tornando-o extremamente acessível. Outra importante característica dos portfólios é que eles não são padronizados, uma vez que se adaptam às especificidades de cada matéria. “Em Artes, por exemplo, cada aluno estabelece seus objetivos de aprendizagem pensando nas técnicas que serão utilizadas. A aprendizagem se torna mais significativa, pois não é mais o professor ditando o que deve ser feito, mas são os alunos refletindo sobre a própria prática”, afirma Sylvia Almeida, professora de Artes Visuais do High School. E esse é um ponto bastante importante: os portfólios são centrados nos alunos, que se tornam cada vez mais responsáveis pela sua aprendizagem. Evidências e feedback No final do semestre, novamente os alunos revisitam os portfólios, desta vez com o intuito de verificar se atingiram as metas ou se ainda estão trabalhando para alcançálas. Nesse momento, além de receberem o feedback dos professores, evidências de aprendizagem são anexadas ao documento. “Caso seja uma habilidade socioemocional que foi aprimorada, serve como evidência a anotação do professor. No mais, as evidências são trabalhos, testes, projetos, entre outros”, afirma Ms. Pezoa. “Em Artes, costumamos anexar imagens de trabalhos produzidos ao longo do semestre que mostram a evolução das técnicas”, explica Ms. Almeida. Nas reuniões de pais, os portfólios são compartilhados com as famílias. Nessas ocasiões, o próprio aluno os apresenta aos pais e professores, contando como está se desenvolvendo em cada área ou disciplina. “Esse documento é um ótimo ponto de partida para a conversa com os pais; é uma forma de o aluno se comunicar com eles, mostrando seu progresso”, afirma Ms. Rendtorff. “Mais do que ser um guia para as reuniões com os pais, o portfólio é uma forma de abordagem muito positiva e envolvente, pois primeiro apresentamos os pontos positivos, depois falamos do problema e, em seguida, apontamos uma solução”, finaliza Ms. Almeida.

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Passo a passo O aluno começa sua reflexão, observando os conteúdos curriculares que já domina, assim como as habilidades desenvolvidas, e registra aquilo que sabe fazer bem. Em seguida, pensa nos pontos que precisa aprimorar, estabelecendo metas a serem atingidas, para daí traçar algumas estratégias de como chegar aos objetivos determinados por ele mesmo. “É muito interessante porque o portfólio permite uma reflexão por parte do aluno e proporciona autonomia para ele pensar sobre o que já aprendeu, sobre aquilo que conquistou, perceber o que ainda está em processo, o que ele pretende colocar como metas no próprio processo de aprendizagem e qual é o plano que ele tem em mente para conseguir atingi-las”, explica Stella Santos, professora do 2º ano, complementando: “É importante que eles entendam que, para estabelecermos metas na vida, precisamos ir passo a passo, e pensar em coisas atingíveis para não se tornar uma frustração”. Para tanto, apesar de o aluno preencher o seu portfólio de maneira independente, os professores os orientam para que as metas sejam realistas e, claro, integrem o currículo daquela série. “Quando uma criança se coloca uma meta, ela faz de tudo para atingi-la. Os estudantes ficam bem empolgados e começam a trabalhar imediatamente”, comenta Gabriela Pezoa, professora do 2º ano. Segundo ela, um dos aspectos mais interessantes dessa ferramenta “é que primeiro eles pensam no que já são bons para depois pensarem no que querem melhorar”.


DIA DA CRIANÇA É COMEMORADO COM PROJETOS DE EDUCAÇÃO MAKER

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o dia 8 de outubro, os alunos do Elementary School comemoraram o Dia das Crianças de uma forma diferente: criando e construindo seus próprios projetos de artes e tecnologia. Tudo começou quando a diretora do ES, Juliana Menezes, solicitou ideias para promover uma comemoração em que as crianças pudessem se entreter de uma forma mais significativa. Foi então que a professora líder de Educação Maker, Karina Wenda, sugeriu atividades para todas as séries, contemplando o estágio de desenvolvimento das crianças por idade. O primeiro passo foi criar um workshop em que professores e assistentes tivessem a oportunidade de vivenciar cada projeto a ser proposto. Ao experimentar se colocar na posição dos alunos, os professores puderam antecipar as alegrias e ansiedades de serem expostos a uma atividade desconhecida na qual deveriam resolver problemas de forma criativa. “Olhando pela lente de quem idealizou o evento e, trazendo a educação maker para a prática dos professores, a experiência foi muito profunda, porque contei com a colaboração de todos os professores e assistentes que, sem exceção, se envolveram numa parceria incondicional para fazer um evento que trouxe o sorriso e o prazer das crianças de estarem no colégio”, comenta Ms. Wenda. Ela diz que viu as crianças muito felizes e empolgadas com as atividades: “E todas levaram suas criações para casa, orgulhosas. Todos juntos, fizemos um dia inesquecível”, conta, emocionada. De acordo com Cristina El Dib, professora de Artes, “foi um dia muito intenso, e também muito produtivo. E todos saíram felizes, professores satisfeitos e alunos realizados”. Ela conta que, nos grupos que acompanhou, viu estudantes colaborando com os colegas que encontravam dificuldades. “Isso é um dos focos da educação maker”, aponta. De acordo com o professor de Tecnologia Otávio Garcia, os professores foram orientados a não intervirem, “pois a cultura maker pressupõe deixar a criança chegar sozinha a uma conclusão, “pensando nas soluções possíveis ao encontrar um problema”, afirma, complementando: “A chave

do sucesso foi, além da colaboração entre os alunos, a atitude de não dar respostas a eles. A cada problema apresentado, não dávamos a resposta, mas estimulamos o pensamento criativo para a solução dele”. 1º e 2º anos | Paraquedas Após a leitura do livro João e o Pé de Feijão, os alunos do 1º e 2º ano foram desafiados a ajudar João, preso no castelo do gigante, a chegar com segurança ao solo. Para tanto, tiveram de construir um paraquedas que funcionasse, descendo do pé de feijão e aterrissando com segurança. Um grande pé de feijão foi montado na quadra – onde aconteceram as atividades – e as crianças lançavam seus paraquedas do alto da instalação, testando suas criações. 3º e 4º anos | Pop-It O brinquedo de silicone que virou febre entre as crianças foi reproduzido pelos alunos em materiais diversos como papel, papelão, fita adesiva e papel plástico adesivo. O grande desafio das crianças foi resolver problemas para fazer esse brinquedo funcionar sem, por exemplo, rasgá-lo. Na construção do PopIt, se apresentaram muitos desafios de coordenação motora fina – cortar papelão espesso, colar várias camadas de papel e papelão, aplicar papel plástico adesivo sem deixar bolhas, entre outros –, e os estudantes tiveram que pensar em soluções para resolvê-los de forma colaborativa. 5º e 6º anos | Artbot O projeto das últimas séries do Elementary School foi construir um robô que se movesse ao mesmo tempo em que desenhasse sobre papel, em razão das canetinhas coloridas acopladas a ele. O corpo do robô foi feito com caixa de papelão e a parte elétrica dele, com motores DC e fios conectores, que funcionavam com bateria. Além do desafio de montar um circuito pela primeira vez, os alunos tiveram que resolver vários problemas técnicos para ver suas máquinas funcionando.


SPOTLIGHT

TRABALHOS ARTÍSTICOS DOS ALUNOS DO HIGH SCHOOL SÃO REUNIDOS EM WEBSITE

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epois da produção criativa, o processo artístico somente se completa com a apreciação estética, ou seja, a contemplação da obra. É por tal motivo que a Chapel sempre exibiu as produções artísticas dos alunos, normalmente no final de cada semestre letivo, em exposições abertas à comunidade do colégio. Com a pandemia da covid-19, as aulas de Artes – assim como aconteceu em todas as disciplinas – passaram a ser ministradas remotamente e as exposições presenciais foram suspensas. “Durante esse período, somente o fazer artístico estava acontecendo, a apreciação estava se perdendo, pois eu só conseguia mostrar as produções de uma turma aos próprios alunos dela, durante as aulas, compartilhando a tela do computador, o que era um tanto limitado”, conta Sylvia Almeida, professora de Artes do High School. Foi ao receber o link de uma exposição artística virtual que Ms. Almeida se inspirou: “Achei incrível e passei o primeiro semestre de 2021 buscando uma solução que atendesse às nossas necessidades”, conta. Para tanto, ela mergulhou no estudo da ferramenta Google Sites, que permite a construção de websites de maneira intuitiva. Em um trabalho extenso de pesquisa, a professora reuniu e fotografou os trabalhos de todas as séries do High School e alimentou o site, organizando as produções por série e, dentro delas, por técnica utilizada, com textos descritivos e explicativos. Com isso, Ms. Almeida conseguiu retomar as exposições artísticas. “Lancei esse website para as famílias, em junho de 2021, para que voltasse a existir a apreciação artística das produções. E a repercussão foi tão boa que, apesar de estarmos hoje de volta às aulas presenciais, nunca mais deixaremos de fazer exposições virtuais”, comemora Ms. Almeida, lembrando que as exposições presenciais já foram retomadas e continuarão a ser montadas. O website de artes vai funcionar também como um arquivo, pois reunirá não só as exposições atuais, mas também as de anos anteriores, que estão sendo fotografadas e inseridas pela professora. “Todas as obras que estão nos meus arquivos digitais estão sendo adicionadas. Portanto, ele será um lugar onde alunos e ex-alunos poderão encontrar suas produções; é um site vivo”, conta. Nele, já podem ser encontradas as exposições completas dos alunos do 7º ao 12º ano e da turma de IB Arts do ano letivo 2020-2021 e também todos os trabalhos artísticos produzidos no primeiro semestre do ano letivo 2021-2022. As produções artísticas dos alunos do High School e do IB Arts podem ser apreciadas em: https://sites.google.com/chapelschool.com/mainartexhibition/home


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TALENTOS & PAIXÕES

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partir desta edição, a seção Talentos & Paixões traz novidades. Junto às habilidades e predileções dos alunos da Chapel, ela passa a divulgar também os hobbies, interesses e atividades de professores além da sala de aula. Nas próximas páginas, conheça a professora que se dedica a resgatar e cuidar de animais abandonados e o casal de mestres cuja meta é conhecer reservas ambientais sul-americanas. Conheça também sete alunos do 6º ao 12º ano que se destacam em práticas esportivas, desenvolvem atividades artísticas – como pintura, música, canto e dança – e se dedicam a clubes, a ações de voluntariado e ao empreendedorismo.


”EU REALMENTE ME ORGULHO DO MEU CORAÇÃO PELO AMOR QUE CONSIGO TRANSMITIR E DOAR, E PELO CUIDADO QUE TENHO PELOS SERES DA NATUREZA EM GERAL”

ELIZABETH NOEL-MORGAN AMOR INCONDICIONAL

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Tendo passado parte de sua infância numa fazenda, Elizabeth Noel-Morgan desenvolveu um relacionamento muito amoroso com os mais diversos animais. “Na varanda da casa, papagaios e tucanos voavam livremente”, recorda a professora do Kindergarten, que leciona na Chapel há mais de vinte anos. Todos no ECEC conheciam a coelhinha Cupcake que, sob os cuidados da professora e seus alunos, atingiu a incrível marca de nove anos de vida e permanece viva na memória de antigos estudantes. Na época, era comum manter alguns bichos de estimação no colégio, para que fosse desenvolvido um certo senso de responsabilidade e de muito carinho em relação aos animais. Certa vez, uma pequena gata foi encontrada acidentalmente entre as raízes de uma árvore nas proximidades da Chapel. Estava visivelmente fraca e também foi adotada, e é muito querida pela sua atual dona. Estas duas histórias ilustram bem o relacionamento de amor entre Ms. Noel-Morgan e a natureza. A professora passa os fins de semana na companhia de seu irmão Edward e de sua cunhada que moram às margens de uma represa. A propriedade é uma espécie de santuário por receber constantes visitas de pássaros como tucanos, papagaios, maritacas, jacutingas e outros animais silvestres. Ms. Noel-Morgan se diz altamente realizada com seu trabalho junto às crianças e aos bichos, pois, segundo ela, trata-se de um dom, um bem que lhe traz muita alegria. “Eu realmente me orgulho do meu coração pelo amor que consigo transmitir e doar, e pelo cuidado que tenho pelos seres da natureza em geral”, finaliza. Testemunhando a riqueza dessa harmonia com a natureza, o símbolo inspirador de suas classe é a colméia de abelhas, pois incentiva disciplina, ajuda mútua, cooperação e trabalho conjunto.


TALENTOS & PAIXÕES

“ALÉM DE TUDO O QUE ENVOLVE NOSSA PROFISSÃO, NÓS SOMOS APAIXONADOS POR VIAGEM E ADORAMOS EXPLORAR O BRASIL” – ÉRICO PADILHA

KAHLIE GRAVES E ÉRICO PADILHA Conhecer os parques nacionais e estaduais brasileiros e percorrer a América do Sul desbravando suas belezas naturais. Esses são alguns dos objetivos que os professores Érico Padilha e Kahlie Graves vêm conquistando há mais de nove anos, desde que se conheceram na Chapel e descobriram que tinham muito mais em comum do que apenas a paixão pela docência. “Além de tudo o que envolve nossa profissão, nós somos apaixonados por viagem e adoramos explorar o Brasil”, conta Mr. Padilha, professor de Brazilian Social Studies. Ele e a companheira, Ms. Graves, professora do 1º ano, já fizeram cerca de quarenta viagens a destinos naturais, dentro e fora do país. “Eu sempre gostei de viajar, e um dos motivos de eu me mudar para o Brasil, além da experiência de lecionar numa escola internacional, foi poder explorar a América do Sul”, revela Ms. Graves, natural do Estado de Nova York. Evitando os roteiros turísticos tradicionais, o casal opta por destinos cujo percurso também possa ser explorado. Para tanto, eles têm uma caminhonete 4x4 adaptada para esse tipo de aventura, além de barracas de camping e demais acessórios. A primeira grande viagem que fizeram com a caminhonete foi também a mais longa da dupla: durou 23 dias. Saindo de São Paulo, foram até o Rio Grande do Sul, atravessaram a Argentina, cruzaram os Andes, foram até Santiago do Chile e, de lá, chegaram ao deserto do Atacama. Um dos maiores desafios dessas viagens, segundo eles, é não deixar lixo ou resíduos por onde passam. No Brasil, já percorreram as chapadas Diamantina (BA), dos Guimarães (MT) e dos Veadeiros (GO), e estiveram no Parque Estadual do Jalapão (TO), nos Lençóis Maranhenses (MA), no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ) e no Parque Nacional de Itatiaia (RJ). Já exploraram as cavernas do Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), em São Paulo, e descobriram as belezas do Parque Estadual de Terra Ronca, em Goiás. “Lá há um conjunto de galerias subterrâneas que são lindas”, aprecia Mr. Padilha. Um dos destinos preferidos deles é o Parque Nacional da Serra da Canastra (MG): “É um lugar marcante pois reúne belezas naturais; é onde nasce o rio São Francisco e, como está em Minas, além de próximo, há muitas cidades bucólicas no percurso que oferecem comidas maravilhosas”, pontua o professor. As viagens do casal não se restringem apenas aos períodos de férias ou feriados prolongados. “Costumamos viajar também a destinos próximos de São Paulo, que conseguimos fazer em dois ou três dias”, comenta Ms. Graves, elencando as cachoeiras de Bueno Brandão (MG), a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí (SP), e o Pico dos Marins, em Piquete (SP). O casal, que não costuma repetir os destinos, pretende em breve conhecer o Parque Nacional da Chapada das Mesas, no sul do Maranhão. Registros dessas aventuras podem ser apreciados no Instagram, em #brazilyouresopretty.

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AVENTURAS NA NATUREZA


“PRATICO ESPORTES TODOS OS DIAS DA SEMANA. FUTEBOL É O MEU PREFERIDO, ATÉ NO VIDEOGAME, MAS TAMBÉM JOGO BASQUETE, VÔLEI E TÊNIS, E GOSTO DE NADAR E PRATICAR ATIVIDADES AQUÁTICAS”

DAVI CHOO TODO DIA É DIA DE ESPORTES

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Entusiasmado por esportes, Davi Choo tem apenas 12 anos, mas já pratica várias modalidades. Na Chapel, pelo programa Young Trojans, treina futebol, basquete e vôlei, e, fora do colégio, faz aulas de tênis. Além disso, o aluno do 6º ano gosta de natação e de outras atividades aquáticas, como surf e stand up paddle. Sua modalidade preferida é o futebol, que pratica desde os 6 anos de idade. “Comecei a jogar na quadra do meu prédio e depois passei a treinar na Chapel também”, conta o meio-campista, torcedor do Corinthians. Assistir a partidas de futebol é algo que Davi também aprecia. Ele conta, com alegria, que já teve a oportunidade de presenciar, no Allianz Parque, em São Paulo, a seleção brasileira vencer por 3 a 0 a seleção chilena em uma partida eliminatória para a Copa do Mundo 2018. Não à toa, o que Davi mais curte na Chapel é o campo de futebol. Mas não só: “Gosto muito da comida, que é ótima, e também adoro os professores, que são legais e gentis”, afirma. Por falar em comida, a culinária é outro grande interesse dele, que desde bem novo já acompanhava a mãe na cozinha, enquanto ela preparava bolos e outras delícias. Durante a pandemia, Davi participou das aulas virtuais de culinária ministradas pelo colégio e aprendeu bastante. “Prefiro fazer doces, bolos e pudins, principalmente de leite condensado e de tapioca”, conta. Para comer, seu prato predileto é uma iguaria coreana chamada bibimpah, que leva arroz, vegetais, carne e ovo frito, e é finalizada com um molho picante que une todos os sabores. Mas esse prato ele ainda não faz, quem prepara é a mãe, excelente cozinheira. Nos momentos de lazer, além de praticar esportes e jogar Fifa no videogame, Davi gosta de brincar com o irmão, que tem 10 anos e estuda no 4º ano da Chapel. “Nós nos damos muito bem. Quando temos alguma briga, costumamos resolver rapidamente e logo voltamos a brincar”, comenta, orgulhoso.


TALENTOS & PAIXÕES

“FAZER O QUE EU GOSTO ME DEIXA MUITO FELIZ E DOU MUITO VALOR A ISSO. MAS, DIANTE DE TUDO O QUE EU FAÇO E AINDA QUERO FAZER, O TEMPO É BASTANTE LIMITADOR”

BIANCA DARIPA DEDICAÇÃO ÀS ARTES E AO VÔLEI

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O interesse de Bianca Daripa pelas artes plásticas começou tão cedo e foi tão genuíno que, aos 7 anos de idade, começou a ter aulas com uma professora particular com quem aprendeu diversas técnicas. “Particularmente, gosto de fazer arte em cerâmica e de desenho realista. Às vezes, no entanto, pinto quadros abstratos e geométricos”, conta a jovem de 14 anos. Na Chapel desde o Kindergarten, ela é uma leitora voraz, apreciadora de todos os gêneros ficcionais, especialmente realismo fantástico e suspense. O curioso é que nem sempre foi assim. Bianca conta que, até o 3º ano do Elementary, ela não gostava de ler porque não dominava bem o inglês, apenas o português. Porém, a partir do 4ºano, isso mudou: “A Chapel sempre incentivou a leitura, e quando eu passei a entender melhor o inglês, destravei e comecei a ler muito, e hoje amo essa atividade”, conta a aluna do 8º ano. Quando ela tinha 11 anos de idade, integrou a delegação brasileira da CISV - Children’s International Summer Villages, organização internacional que promove educação para a paz e amizade intercultural. Depois de um longo processo seletivo, passou um mês no Japão interagindo com crianças de outros países e aprendendo sobre novas culturas. Outra paixão de Bianca é o vôlei, que começou a praticar no colégio como atividade extracurricular e, há cerca de dois anos, passou a treinar no Esporte Clube Pinheiros, do qual é sócia. Prestes a ingressar no time principal, a rotina de treinos se intensificou, fazendo com que o tempo para exercer outras atividades tivesse ficado escasso. A dança é uma delas. Depois de praticar balé clássico por nove anos, a jovem está ansiosa para iniciar aulas de dança contemporânea, mas luta para fazer caber na agenda tantos compromissos. “Fazer o que eu gosto me deixa muito feliz e dou muito valor a isso. Mas, diante de tudo o que eu faço e ainda quero fazer, o tempo é bastante limitador”, confessa. Para isso, tem o apoio da mãe, que a ajuda na organização da rotina e ainda lhe dá aulas de francês para iniciá-la no idioma que será oferecido no High School.


“GOSTO MUITO DE FAZER PARTE DE ALGO. PARTICIPO DO STUCO E NÃO VEJO A HORA DE PODER ACOMPANHAR MEU PAI EM ATIVIDADES VOLUNTÁRIAS, EM COMUNIDADES CARENTES”

PAULA LINS ENGAJADA EM PROJETOS

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Na Chapel há pouco mais de dois anos, Paula Lins nasceu no Brasil, mas aos cinco anos de idade mudouse com a família para a Inglaterra e, três anos depois, foram para a Espanha, retornando ao País em 2019. O que ela mais gosta no colégio são as pessoas e os esportes. “Além das minhas amigas, gosto das pessoas da Chapel em geral, e adoro os esportes. Recentemente, comecei a praticar vôlei”, conta. Desde muito nova faz natação e já participou de vários campeonatos. Criativa, a aluna do 7º ano gosta de artes e de trabalhos manuais, e também adora fazer experimentos culinários. “Uma vez, queria fazer cupcake mas eu não tinha os ingredientes da receita. Substituí usando a minha imaginação e deu certo”, recorda. Em relação às artes, ela também gosta de inovar: “Prefiro fazer arte criativa em objetos do que pintar telas. Certa ocasião, em férias na praia, desenhei e pintei em conchas”, lembra. Paula aprecia participar de projetos e esse foi um dos motivos que a levaram a ingressar no StuCo, o grêmio estudantil da Chapel, no início do ano letivo. Uma de suas primeiras atividades foi ajudar na organização do Pep Rally, festividade que tem por objetivo animar os atletas na abertura dos torneios esportivos. “Gosto do momento de organizarmos os materiais e adoro fazer parte de algo”, revela. Quando o colégio participou do projeto “Mi Casa, Tu Casa”, de doação de livros e escrita de cartas a crianças e jovens venezuelanos refugiados e abrigados em Roraima, Paula se envolveu bastante, colaborando na doação de livros e na redação das cartas aos refugiados. Sempre que pode, participa com o pai de eventos da Associação Assistência sem Fronteiras, organização beneficente fundada no início da pandemia da covid-19 para distribuir alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade. Seu pai atua semanalmente na distribuição de alimentos, mas ela ainda não pode ir a campo por causa da idade. “Mas sempre que eles realizam eventos donatários eu vou. E fico muito orgulhosa do meu pai, por ele ajudar as pessoas”, afirma a jovem.


TALENTOS & PAIXÕES

“FAZER ESCALADA É MEU MAIOR PRAZER. MAS TAMBÉM ADORO ESTUDAR ASSUNTOS ESPECIFICAMENTE DIFERENTES – QUE ALGUNS PODEM CONSIDERAR ESTRANHOS –, E TER DOMÍNIO SOBRE TAIS TEMAS”

MARTA FONTES DE CASTRO

Assim que a entrevista começa, Marta Fontes de Castro avisa que seus hobbies e interesses podem parecer estranhos e muito específicos, como, por exemplo, seu fascínio pelo movimento artístico-intelectual do final do século 19, na Inglaterra, e que teve o escritor e dramaturgo Oscar Wilde como um dos maiores representantes. Ela se refere ao Esteticismo, cujos adeptos defendiam que a Arte não deveria ser julgada pela moralidade, já que seu papel seria elevar a Estética e transmitir Beleza e não valores sociais ou políticos. “Esse é um tema que adoro, mas não me pergunte o porquê”, avisa a aluna do 10º ano, que está no Brasil – e na Chapel – há quase dois anos. Nascida em Bruxelas porque os pais lá trabalhavam, ela passou apenas algumas semanas na Bélgica antes de retornar a Portugal, terra da família. Após sete anos, a família foi para a França, onde permaneceu por cinco anos, e, depois, para a Suíça, onde moraram por dois anos antes de se mudarem para o Brasil. Essa é uma das razões pelas quais a jovem de 15 anos fala quatro idiomas – português, inglês, francês e espanhol –, ou “três e meio”, segundo ela, já que ainda não escreve com desenvoltura em espanhol. Seu prazer pela leitura a faz começar vários livros ao mesmo tempo. “Tenho lido muitos livros de Sherlock Holmes, mas gosto também de variar, lendo histórias de detetive em quadrinhos, e até de terror. Adoro graphic novel”, afirma. Sua incursão nas artes inclui ainda desenho – que passou a praticar há três anos após uma amiga da família ensinar-lhe algumas técnicas –, canto e teatro. “Sempre cantei e, recentemente, venho tendo aulas com uma professora. Também gosto de atuar e, por isso, além de participar do Drama Club, faço aulas de teatro”, conta. Os esportes também estão entre as atividades preferidas da jovem, que treina vôlei na Chapel e, fora dela, costuma andar de skate e praticar wakesurf, além de fazer escalada bouldering – modalidade praticada em pequenas formações rochosas ou paredes artificiais, sem o uso de material de proteção. “Fiz muito bouldering na Suíça e em Portugal. Aqui no Brasil ainda não encontrei um local interessante para praticar”, finaliza.

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PAIXÃO PELO CONHECIMENTO


LORETA DELEUSE

“GOSTO DE COMPANHIA. PASSAR TEMPO COM A MINHA FAMÍLIA, MINHAS AMIGAS E AS PESSOAS QUE AMO ME FAZ FELIZ. TAMBÉM ADORO ANDAR DE BICICLETA E PASSEAR COM AS MINHAS CACHORRAS, MOANA, PINK E AISHA”

CUIDADO E AFEIÇÃO AOS ANIMAIS

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Motivada pela avó e dotada de grande criatividade, Loreta Deleuse sempre apreciou artes e design. “Minha avó pinta muito bem e, sempre que podemos, pintamos juntas; é algo que adoramos fazer. Também gosto de design, desde pequena vivia mudando os móveis de lugar do meu quarto e até hoje adoro transformar ambientes”, conta a jovem de 15 anos. Com o apoio dos pais, que confiam na sua habilidade, ela participa das decisões quanto à decoração da casa. “A sorte é que tenho um gosto muito parecido com o da minha mãe, que acaba concordando comigo quando dou alguma opinião sobre design de ambientes”, revela. Na Chapel desde o 3º ano do Elementary, Loreta praticou vôlei durante um tempo, mas há três anos treina futebol, integrando a equipe feminina Junior Varsity. “É um esporte que adoro praticar, e fiz muitas amizades por causa dele, o que é bastante importante para mim”, afirma a meio-campista – e, por vezes, atacante –, que tem melhorado sua performance à medida que se aplica nos treinos. Fora do colégio, fez natação durante quatro anos. Como atividade física, gosta de andar de bicicleta e encontrar amigos pelas ruas do bairro. Outra atividade à qual se dedica é ajudar a encontrar lares adotivos para cães abandonados. Loreta diz que foi incentivada pela mãe, integrante de um grupo do bairro Alto da Boa Vista que resgata, alimenta e trata da saúde de cães abandonados ou vítimas de maus tratos. “Convivendo com os cães que passam uma temporada na minha casa, eu percebi que isso me interessa bastante, até porque eu sempre vivi com cachorros em casa”, explica. Atualmente ela tem três: Moana, Pink e Aisha, com as quais adora passear. Na Chapel, o que mais a marcou foi o acolhimento recebido quando ingressou no colégio: “Eu sou muito tímida, mas logo no primeiro dia de aula fiz várias amizades, e as pessoas comentam até hoje que consegui me integrar rapidamente”, afirma a jovem, que gosta de passar seu tempo com as pessoas queridas, além de curtir a companhia da família e das cachorras.


TALENTOS & PAIXÕES

“UM PROJETO LEVA A OUTRO E TODOS ELES SE ENTRELAÇAM. CONFESSO QUE NÃO É FÁCIL EQUILIBRAR OS ESTUDOS – PRINCIPALMENTE O IB – COM OS PROJETOS, MAS É MUITO GRATIFICANTE”

FRANCISCO PRADO Francisco Prado tem apenas 19 anos de idade mas empreende como um profissional com anos de experiência. Prestes a concluir o High School, o jovem é engajado em projetos dentro e fora da Chapel. No colégio, onde ingressou em 2019, é membro do grêmio estudantil – StuCo – e do NHS (National Honor Society), no qual já ocupou o cargo de secretário. Fora dele, comanda outros quatro projetos: uma produtora, uma loja online de acessórios masculinos e uma plataforma de edição de vídeos, todos focados em tornar serviços e produtos mais acessíveis para o mercado. Desenvolve também trabalhos de produção e criação musical, que considera um hobby. “Sempre gostei de interagir dentro da escola, desenvolvendo ideias e colaborando com outras pessoas. E isso reflete no trabalho que desenvolvo fora”, explica o aluno. No momento, seu projeto principal é o aplicativo Edink, uma plataforma digital que conecta editores de imagem a pessoas e empresas interessadas em editar vídeos. Idealizado há cerca de dois anos, está prestes a ser lançado oficialmente. “É o meu maior projeto e o que mais curto fazer. No pré-lançamento, cadastramos mais de uma centena de editores parceiros, e, até meados deste ano, o aplicativo já deve estar operando. Ele será bastante intuitivo e extremamente fácil de usar”, conta. Seu interesse por produção de filmes vem desde os 13 anos de idade quando, junto com um amigo, se matriculou num curso de férias na Academia Internacional de Cinema de São Paulo. Logo em seguida, fundaram a Light Films e começaram a fazer produções para eventos de familiares. Com o tempo, passaram a produzir filmes institucionais, comerciais e curtas-metragens. “A produtora nos abriu muitas portas, um projeto levou a outro e, no final, todos eles se entrelaçam”, afirma. Francisco conta que os conhecimentos em música, artes e design, adquiridos durante a vida escolar, e seu empenho em dominar softwares de edição e de programação, incluindo a criação de websites, o ajudam a ter ideias, impulsionando os projetos. “Minhas noções em design digital, por exemplo, me permitiram criar o logo do StuCo e toda a identidade visual do grêmio”, revela o jovem que explora violoncelo, piano, bateria e violão. Ele confessa que não é fácil equilibrar os estudos – o IB, principalmente – com os projetos e a vida social, mas é muito gratificante. Com tanta aptidão para aprender e empreender, não à toa, seu objetivo é cursar Business com foco em inovação, área para a qual está direcionando suas applications, em universidades dos Estados Unidos.

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EMPREENDEDOR NATO


“SER VICE-PRESIDENTE DO MUN REPRESENTA SER O LÍDER DE UM GRUPO NO QUAL TODOS COMPARTILHAM A MESMA PAIXÃO, QUE É DEBATER”

TONI SERRES

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INTERESSE EM POLÍTICA INTERNACIONAL Nascido em Barcelona, na Catalunha (Espanha), onde residiu até os 9 anos de idade, Toni Serres começou a se interessar por política e economia em razão do conflito separatista estabelecido há anos na região. “Nós, os catalães, temos nossa própria língua e cultura, por isso desejamos a independência, e tudo isso está muito presente na minha família, que apoia a causa separatista”, conta o jovem de 16 anos, aluno do 11º ano. Acompanhar a discussão do tema pelos seus familiares criou nele um interesse genuíno pela política em geral, notadamente no que diz respeito à resolução de conflitos. “Passei a acompanhar temas de política internacional pela internet e hoje isso é bastante natural para mim”, comenta. Há cerca de dois anos, Toni, que está na Chapel desde o 6º ano, começou a participar do clube MUN (Modelo das Nações Unidas), que incentiva os alunos a se engajarem na elaboração de agendas globais e na solução de conflitos e disputas internacionais, participando de simulações de assembleias da ONU. “Quando ingressei nesse clube, além de acompanhar a política das grandes nações mundiais, eu tive de pesquisar também sobre países menores, sem grande destaque na mídia, mas que vivem conflitos políticos interessantes”, afirma, explicando que gosta muito de realizar tais pesquisas, a fim de entender o que está acontecendo em territórios além do nosso alcance. Nas seis conferências MUN das quais participou, o ECOSOC (Conselho Econômico e Social) foi o comitê em que mais atuou, no entanto, seu preferido é o Conselho de Segurança, cujos temas, para ele, são os mais interessantes de serem discutidos. Atualmente, Toni ocupa o cargo de vice-presidente do clube, função que demanda responsabilidades administrativas, as quais divide com outros dois alunos – presidente e secretária-geral – e com o professor-líder, Donald Campbell. “Ser vice-presidente do MUN representa ser o líder de um grupo no qual todos compartilham a mesma paixão, que é debater. Porém, uma grande responsabilidade é a de estabelecer e facilitar as conexões entre os nossos alunos e as conferências”, afirma. Além dos temas políticos, o jovem toca bateria há três anos e gosta de jogar futebol – integra a equipe Varsity da Chapel – e costuma praticar pádel, modalidade esportiva comum na Espanha, disputada em duplas, com raquetes e bola.


GALLERY

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missa especial que celebrou a Primeira Comunhão dos alunos do Elementary School, as brincadeiras e atividades que comemoraram o Dia das Crianças, e as fantasias divertidas do Halloween e da Spirit Week foram alguns dos eventos que marcaram o último semestre na Chapel. Confira, nas próximas páginas, registros fotográficos desses momentos de união e de confraternização que movimentaram a comunidade escolar.


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09 - Participando da leitura, os colegas do 4º ano Frederico Barbosa, Catherine Kassis e Yasmin Zagman. 09 - Fourth grade classmates Frederico Barbosa, Catherine Kassis, and Yasmin Zagman participate in the reading.

08 - Com as velas que representam a luz, Natalia Hanftwurzel, Giullio Ferrigno e Valentina Boueiri, todos do 4º ano. 08 - With candles that represent the light of Christ, Natalia Hanftwurzel, Giullio Ferrigno, and Valentina Boueiri, all from the 4th grade.

07 - As amigas Catherine Kassis e Gabriella Ciao, ambas do 4º ano. 07 - Friends Catherine Kassis and Gabriella Ciao, both 4th graders.

06 - Do 4º ano, Joaquina Furlong e Juan Fabios receberam a luz de Cristo. 06 - Fourth graders Joaquina Furlong and Juan Fabios received the light of Christ.

05 - Os colegas Henrique Dunphy, Fernanda Talonia (7º) e Beatriz Souza (6º). 05 - Classmates Henrique Dunphy, Fernanda Talonia (7th), and Beatriz Souza (6th).

04 - Os alunos do 5º ano também fizeram a sua primeira comunhão. 04 - Fifth grade students also had their first communion.

02 e 03 - Os alunos do 4º ano receberam a primeira eucaristia. 02 and 03 - Fourth grade students received their first Eucharist.

01 - A celebração especial foi conduzida pelo Pe. Miguel Pipolo. 01 - The special celebration was led by Father Miguel Pipolo.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

PRIMEIRA COMUNHÃO / FIRST COMMUNION

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16 - Participando da leitura, Anna Beatriz Lima, Isabela Schahin, Caio Cruz e Arthur Trabulsi, todos do 5º ano. 16 - Fifth graders Anna Beatriz Lima, Isabela Schahin, Caio Cruz, and Arthur Trabulsi participate in the reading.

15 - Julia Rocha, do 5º ano. 15 - Julia Rocha, from the 5th grade.

14 - Acendendo a luz de Cristo, Mirela Carvalho, Jack Fisher e João Campos, do 5º ano. 14 - Fifth graders Mirela Carvalho, Jack Fisher, and João Campos light a candle with the light of Christ.

13 - As colegas Beatriz Souza (6º ano) e Mirela Carvalho (5º ano). 13 - Friends Beatriz Souza (6th grade) and Mirela Carvalho (5th grade).

12 - Isabela Schahin, Arthur Trabulsi e Guilherme Aymoré, do 5º ano, participando da celebração. 12 - Fifth graders Isabela Schahin, Arthur Trabulsi, and Guilherme Aymoré participate in the ceremony.

11 - Do 5º ano, Emilia Garabato e Caio Cruz. 11 - Fifth graders Emilia Garabato and Caio Cruz.

10 - As amigas do 4º ano, Valentina Cavanaugh, Yasmin Zagman e Maria Masi. 10 - Fourth grade friends, Valentina Cavanaugh, Yasmin Zagman, and Maria Masi.

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09 - Do 5º ano, Rafaela Braga, Laís Ribeiro, Mirela Carvalho, Samantha Smith e Sophia Fonseca trabalhando em seus projetos Makers. 09 - Fifth graders Rafaela Braga, Laís Ribeiro, Mirela Carvalho, Samantha Smith, and Sophia Fonseca working on their Makers projects.

08 - Ms. Julia Ragusin investiu na fantasia espacial. 08 - Ms. Julia Ragusin committed to the space costume.

07 - Os alienígenas Lucas Fenner e Tomás Fernandes, do Pre II. 07 - Aliens Lucas Fenner and Tomás Fernandes, both from Pre II.

06 - As amigas Maria Valentina Boesel e Donatella Carui, do Kindergarten. 06 - Kindergarten friends Maria Valentina Boesel and Donatella Carui.

05 - Como astronautas da NASA, Enrico Cuoco e Pedro Jesus, do Kindergarten. 05 - Kindergarten students Enrico Cuoco and Pedro Jesus as NASA astronauts.

04 - O astronauta Lucca Delmazo, do Pre I. 04 - Astronaut Lucca Delmazo, from Pre I.

03 - Ian Ferrari, Ana Carolina Ohara e Luisa Echenique com seus trajes espaciais. 03 - Ian Ferrari, Ana Carolina Ohara, and Luisa Echenique with their space themed costumes.

02 - Gabriella Campos, do 1º ano. 02 - Gabriella Campos, from 1st grade.

01 - Ms. Roberta Braga e Mr. Caio Oliveira se fantasiaram de naves espaciais com raios de luz. 01 - Ms. Roberta Braga and Mr. Caio Oliveira dressed up as spaceships with beams of light.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

DIA DAS CRIANÇAS / CHILDREN’S DAY

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17 - De astronauta da NASA, Bruna Malzoni, do Pre II. 17 - Bruna Malzoni, from Pre II, as a NASA astronaut.

16 - Os espaciais do 4º ano: Frederico Barbosa, Guilherme Linguanotto, Ekaterini Karavitis e Maria Eduarda Salgado. 16 - Fourth grade space travelers: Frederico Barbosa, Guilherme Linguanotto, Ekaterini Karavitis, and Maria Eduarda Salgado.

15 - Do 2º ano, as amigas Maria Fernandes, Valentina Figueiredo e Stella Carui. 15 - Second grade friends Maria Fernandes, Valentina Figueiredo, and Stella Carui.

14 - Lucca Karam, do 5º ano, divertiu-se como astronauta. 14 - Fifth grader Lucca Karam had fun as an astronaut.

13 - Ms. Allison, entre as alunas do 5º ano Ana Luisa Nagano, Isabelle Merçon e Isabella Yamada. 13 - Ms. Allison between 5th graders Ana Luisa Nagano, Isabelle Merçon, and Isabella Yamada.

12 - Mr. Otávio Garcia orienta a produção de Manuela Pedreira e João Pedro Berger. 12 - Mr. Otávio Garcia guides the production of Manuela Pedreira and João Pedro Berger.

11 - Os colegas Mr. John Morrison e Mr. Thomas Souza. 11 - Colleagues Mr. John Morrison and Mr. Thomas Souza.

10 - Maria Eduarda Louro e Sarah Lochter, do 5º ano, construindo um Artbot. 10 - Fifth graders Maria Eduarda Louro and Sarah Lochter build an Artbot.

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07 - As Mike Wazowskis Ms. Emanoelli do Valle e Rafaela Braga (5° ano), e as Sullivans Ms. Juliana Menezes e Laís Ribeiro (5° ano). 07 - Ms. Emanoelli do Valle and Rafaela Braga (5th grade) dressed as Mike Wazowski, and Ms. Juliana Menezes and Laís Ribeiro (5th grade) dressed as Sullivan.

06 - A bruxa Beatriz Pelloso, do Kindergarten. 06 - The witch Beatriz Pelloso, from Kindergarten.

05 - Divertindo-se no Dia das Bruxas, Riri Kageyama, Agness Choi, Maria Luiza Almeida e Maria Fernanda Dirani. 05 - Riri Kageyama, Agness Choi, Maria Luiza Almeida, and Maria Fernanda Dirani have fun during Halloween.

04 - O Drácula João Pedro Sanches, do Pre II. 04 - João Pedro Sanches, from Pre II, as dracula.

03 - Ms. Emanoelli do Valle, como Mike Wazowski, com Dan Prudente Vara e a bruxinha Isabella Campos. 03 - Ms. Emanoelli do Valle, as Mike Wazowski, together with Dan Prudente and Vara Isabella Campos, dressed as a witch.

02 - Jayden Sun, do Pre II, brincou de Homem Aranha. 02 - Jayden Sun, from Pre II, came as Spiderman.

01 - Do Kindergarten, a malévola Donatella Carui, a mulher gato Maria Valentina Boesel e a esqueleto Helena Moura. 01 - Maleficient Donatella Carui, Catwoman Maria Valentina Boesel, and skeleton Helena Moura, all kindergarten students.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

HALLOWEEN

14 - Gustavo Rocha, do 3º ano, caprichou na fantasia de zumbi. 14 - Third grader Gustavo Rocha went all out with his zombie costume.

13 - Com uniforme de Hogwarts, Lis Postali com as bruxas Scarlett Dapuzzo e Ms. Juliana Nuin. 13 - Lis Postali, dressed for Hogwarts, together with the witches Scarlett Dapuzzo and Ms. Juliana Nuin.

12 - Em homenagem ao personagem Jack O’Lantern, Ana Carolina Almeida e Helena Bortolin com Ms. Flavia Tacchini. 12 - With a Jack O’Lantern theme, Ana Carolina Almeida and Helena Bortolin together with Ms. Flavia Tacchini.

11 - Antonia Pereira, do 1º ano, divertiu-se com sua sacola decorada. 11 - First grader Antonia Pereira had fun with her decorated bag.

10 - A pequena múmia Luisa Echenique, do 1º ano. 10 - The little mummy Luisa Echenique, from 1st grade.

09 - Do 6º ano, as bruxas Allegra Ribeiro e Sophia Oliveira com a fada Fernanda Sousa. 09 - From 6th grade, the witches Allegra Ribeiro and Sophia Oliveira with fairy Fernanda Sousa.

08 - Do 2º ano, a múmia Noah Shea e a Arlequina Valentina Figueiredo. 08 - From 2nd grade, mummy Noah Shea and Harlequin Valentina Figueiredo.

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28 - Caracterizado de turista, Mr. Bryan Sanders arrasou no quesito criatividade. 28 - Dressed as a tourist, Mr. Bryan Sanders showed great creativity.

29 - De Cavaleiro Jedi, Mr. Leonardo Silveira. 29 - Mr. Leonardo Silveira as a Jedi Knight.

19 - Cezario Caram, do 11º ano, encarnou o marinheiro Popeye. 19 - Cezario Caram, from the 11th grade, came as Popeye the sailor.

20 - A bruxa Ana Clara Martins, do 11º ano, chegou à festa em grande estilo. 20 - The witch Ana Clara Martins, in 11th grade, came to the party in great style.

21 - As panteras do 10º ano: Clara Vasconcelos, Guilhermina Santos e Sophia Hirschfeld.

27 - Qianyu Zhou (Miranda), do 7º ano, fez sucesso fantasiada de Qiqi (Genshin Impact). 27 - Seventh grader Qianyu Zhou (Miranda) was a hit dressed as Qiqi (Genshin Impact).

26 - Celebrando os esportes, as colegas do 7º ano Luna Correa, Maria Rafaela Marrar e Luana Pinto. 26 - Seventh grade friends Luna Correa, Maria Rafaela Marrar, and Luana Pinto celebrate sports.

25 - Do 7º ano, as amigas Julia Paraskevopoulos, Lorena Cardoso e Roberta Miguel. 25 - Seventh grade friends Julia Paraskevopoulos, Lorena Cardoso, and Roberta Miguel.

24 - Enrico Camargo, do 8º ano, de Hawks (My Hero Academia). 24 - Eighth grader Enrico Camargo as Hawks (My Hero Academia).

23 - Do 10º ano, Leonardo Glaser (Luigi) e Yoonho (Ben) Dong (Mario). 23 - Tenth graders Leonardo Glaser (Luigi) and Yoonho (Ben) Dong (Mario).

22 - Marta Castro, do 10º ano, festejou o Dia das Bruxas como mosqueteira. 22 - Tenth grader Marta Castro, celebrated Halloween as a musketeer.

21 - The 10th grade Charlie’s Angels: Clara Vasconcelos, Guilhermina Santos, and Sophia Hirschfeld.

18 - Com criações inusitadas, as amigas do 11º ano Gabriela Rueda e Chloe Teillere celebraram o Dia das Bruxas. 18 - Eleventh grade friends Gabriela Rueda and Chloe Teillere celebrated Halloween with novel creations.

17 - Os Executive Officers do StuCo Pedro Loureiro (12º), Giovana Vasconcellos (12º), Bruno Monte Alto (11º) e Carolina Versolato (12º) capricharam nos looks. 17 - StuCo Executive Officers Pedro Loureiro (12th), Giovana Vasconcellos (12th), Bruno Monte Alto (11th), and Carolina Versolato (12th) showed off their looks.

16 - O time de professores exibindo suas criações: Mr. Paulo Silva, Ms. Maria Fernanda Pagani, Ms. Carolina Amaral, Ms. Eliana Cardia, Ms. Juliana Hanftwurzel, Ms. Aline Cuchiaro, Ms. Juliana Nuin, Ms. Flavia Tacchini, Ms. Paula Busso e Ms. Ana Flávia Souza. 16 - The team of teachers showing off their creations: Mr. Paulo Silva, Ms. Maria Fernanda Pagani, Ms. Carolina Amaral, Ms. Eliana Cardia, Ms. Juliana Hanftwurzel, Ms. Aline Cuchiaro, Ms. Juliana Nuin, Ms. Flavia Tacchini, Ms. Paula Busso, and Ms. Ana Flávia Souza.

15 - Arlequinas em duas versões, as irmãs Manuela Gurgel (3º ano) e Antonia Gurgel (Kindergarten). 15 - Sisters Manuela Gurgel (3rd grade) and Antonia Gurgel (Kindergarten), dressed as two versions of harlequins.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

HALLOWEEN

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08 - Os seniors Pedro Sousa, Carolina Versolato e Filipe Brinckmann. 08 - Seniors Pedro Sousa, Carolina Versolato, and Filipe Brinckmann.

07 - Caracterizado como gaúcho, Rodrigo Antoni, do 11º ano. 07 - Eleventh grader Rodrigo Antoni dressed as a gaucho.

06 - Do 11º ano, Hanna Joo e Chloe Teillere. 06 - Eleventh graders Hanna Joo and Chloe Teillere.

05 - Mr. Colin Weaver encarnou o famoso Lobo Mau. 05 - Mr. Colin Weaver brought to life the famous Big Bad Wolf.

04 - As vilãs do 10º ano Guilhermina Santos, Gabriela Figueiredo e Maria Clara Rodrigues. 04 - Tenth grade villains Guilhermina Santos, Gabriela Figueiredo, and Maria Clara Rodrigues.

03 - Do 7º ano, os nerds Luis Castro, Gabriel Fernandes e Nicolas Garzon curtiram a semana festiva. 03 - Seventh graders Luis Castro, Gabriel Fernandes, and Nicolas Garzon enjoyed the festive week dressed as nerds.

02 - Homenageando o movimento hippie, Sophya Souza (11º ano), Ms. Sylvia Almeida, Juliana Kouri e Luisa de Marchi, também do 11º ano. 02 - Paying tribute to the hippie movement, we have Sophia Souza (11th grade), Ms. Sylvia Almeida, Juliana Kouri, and Luisa de Marchi, also 11th graders.

01 - Representando tribos musicais, as colegas do 9º ano Maria Eduarda Oliveira, Laura Santiago e Alma Castanares arrasaram no primeiro dia da Spirit Week. 01 - Representing different musical tribes, 9th grade friends Maria Eduarda Oliveira, Laura Santiago, and Alma Castanares were a hit on the first day of Spirit Week.

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

HIGH SCHOOL SPIRIT WEEK

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17 - Despedindo-se da Chapel, os seniors Francisco Prado, Victoria Oliveira e Sofia Velasco aproveitaram a Spirit Week. 17 - Saying goodbye to Chapel, seniors Francisco Prado, Victoria Oliveira, and Sofia Velasco enjoyed Spirit Week.

16 - Celebrando o azul e branco, Luana Pinto, Luna Correa e Maria Rafaela Marrar, todas do 7º ano. 16 - Celebrating blue and white, Luana Pinto, Luna Correa,and Maria Rafaela Marrar, all 7th graders.

15 - As seniors Giovana Vasconcellos e Luisa Ventura compareceram com as cores da Chapel. 15 - Seniors Giovana Vasconcellos and Luisa Ventura represented with the Chapel colors.

14 - Os amigos do 7º ano Luis Castro, Enzo Hein e Gabriel Fernandes se encontraram no Dia do Azul e Branco. 14 - Seventh grade friends Luis Castro, Enzo Hein, and Gabriel Fernandes met up on Blue and White Day.

13 - As amigas Meredith McCulloch, 9º ano, Grace Cho (7º ano) e Stella Hodge (8º ano) capricharam no visual. 13 - Friends Meredith McCulloch (9th grade), Grace Cho (7th grade), and Stella Hodge (8th grade) were looking good.

12 - Do 8º ano, os Enrico Camargo, de Kim Kardashian, e Luca Menezes, de celebridade. 12 - Eighth graders Enrico Camargo, as Kim Kardashian, and Luca Menezes, as a celebrity.

11 - Santiago Herrera, do 12º ano, vestiu-se com muito estilo para o dia de gala. 11 - Senior Santiago Herrera dressed with style for the gala day.

10 - A “vaca” Ms. Sylvia Almeida com a fazendeira Isabela Kokudai, do 12º ano. 10 - Ms. Sylvia Almeida as a “cow” with farmer Isabela Kokudai, from the 12th grade.

09 - O fazendeiro Vinicius Zimath com a “vaca” Abdul Smaili, ambos do 8º ano. 09 - Vinicius Zimath as a farmer with his “cow” Abdul Smaili, both 8th graders.

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