REDE SOLIDÁRIA
SAÚDE NO TRECHO
Feiras do setor de transpor tes marcam primeiro semestre de 2022. Entenda > 06
Rede solidária comemora distribuição de mais de 20 mil k its de higiene Ações realizadas ao longo dos últimos dois anos tiveram resultado positivo e bene ciaram milhares de caminho neiros (as). >04
Estresse e sobrecarga de trabalho são fatores que aumentam as chances de acidentes de trânsito Transpor te rodoviário de cargas lidera rank ing de mor tes durante o ser viço. >12 Edição 93 | AGO/OUT | Ano 12
EXPEDIENTE
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EDIÇÃO: Ago/ Out - Ano 12
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DISPARADA DOS PREÇOS: IMPACTOS NO TRABALHO E NA RENDA
Oano de 2022 está se mostrando desafiador para os trabalhadores e empresários do setor do transporte rodoviário de cargas. A elevação incontrolável dos preços dos combustíveis e, por consequência, de insumos, produtos, alimentos e serviços, tem impactado fortemente o trabalho e o consumo. E isso tem refletido na vida dos brasileiros de maneira geral e nas perspectivas de crescimento econômico.
Apesar da redução do valor de ICMS, uma das políticas que tenta conter a elevação dos preços, os economistas alertam para a possibilidade de uma nova disparada da inflação nessa reta final de 2022. Os especialistas consi deram que, sem políticas que possam combater o problema a longo prazo, fica impossível manter os preços em patamares razoáveis e, portanto, uma economia saudável e sustentável.
Para nós do Jornal Chico da Boleia o preço dos combustíveis é uma preocupação diária, por isso, há anos divulgamos dados e opiniões técnicas que revelam que o Preço de Paridade Internacional, o famigerado PPI, é o grande vilão dessa história.
Instituída em 2016, essa política atrela o preço dos derivados dos combustíveis no país ao mercado interna cional, ou seja, às variações do valor do dólar e dos chamados “custos de importação”. Assim, quando qualquer um desses fatores varia – em geral para cima – no mercado externo, os preços dos derivados aqui no Brasil devem ser reajustados também. A adoção do PPI, no entanto, se revela uma contradição, visto que nenhum dos países que possuem reservas de petróleo e condições de refiná-lo para consumo interno, como é o caso do Brasil, mantém tal política.
De acordo com centrais sindicais, economistas e grande parte dos trabalhadores da Petrobras, o PPI é extrema mente nocivo para os consumidores, mas foi adotado porque favorece acionistas estrangeiros da estatal e de suas subsidiárias. Com a disparada dos preços dos combustíveis, o que temos é uma elevação também nos custos de produção e transporte, o que inflaciona os preços dos produtos e atinge diretamente o bolso dos brasileiros provocando uma queda significativa no poder de compra.
Para os caminhoneiros e caminhoneiras, a elevação do preço do diesel tem acarretado perda salarial, retração do frete e, em muitos casos, abandono da profissão. Para os empresários, fica cada vez mais difícil ser competi tivo num mercado onde há uma participação cada vez mais deprimida em termos de consumo
Outro problema para a categoria dos caminhoneiros é a redução dos valores da tabela de fretes. Apesar de ter registrado alta nos últimos meses para tentar acompanhar os valores do diesel, no mês de outubro deste ano a ANTT aprovou redução da tabela em quase 4%. A medida não agradou a muitos dos trabalhadores que se manifestam nas redes sociais e grupos de whatsapp, alegando que, apesar da redução do preço do diesel os va lores dos combustíveis continuam muito acima do esperado, impactando a renda. Outras reclamações também apontam para a alta generalizada no preço de peças de reposição e serviços de manutenção dos veículos, além do descumprimento da tabela por parte de muitos embarcadores e transportadoras e a falta de fiscalização.
Para tentar reduzir os danos dessa realidade, algumas medidas de contenção foram tomadas, como a concessão de auxílios por parte do governo federal a determinadas categorias de trabalhadores. Assim, os caminhoneiros e caminhoneiras foram contemplados com o chamado BEm-Caminhoneiro, um benefício no valor de mil reais, válido até dezembro, e que visa diminuir as perdas econômicas desses trabalhadores.
A medida do governo federal, no entanto, foi encarada por muitos como “eleitoreira”, tendo em vista que foi sancionada há menos de três meses da disputa pela presidência da República. Além disso, o benefício não con templa toda a categoria e sua concessão, desde o início, foi permeada de problemas. Analisamos o assunto na nossa reportagem principal, apresentando dados e opiniões que se dividem sobre o assunto.
Nesta edição comemoramos com muita alegria e satisfação os mais de 20 mil kits de higiene distribuídos pela Rede Solidária em 2 anos de campanha. Apesar da redução substantiva no número de casos, o coronavírus conti nua fazendo vítimas pelo país e os caminhoneiros precisam ser apoiados no seu dia a dia pelas estradas. Desde já agradecemos a todos os parceiros e amigos que nos ajudaram a viabilizar as ações da Rede Solidária pelo Brasil.
Nas páginas da coluna "Fique por Dentro" você encontra tudo o que rolou em eventos importantes do setor que estão sendo paulatinamente retomados e realizados de forma presencial. Já em "Saúde no Trecho", especialistas compartilham informações importantes sobre as campanhas de saúde que marcam o segundo semestre de 2022. Por fim, em "Oficina do Chico", você vai descobrir qual melhor óleo para o motor do seu caminhão.
Boa leitura!
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A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES
02 EDITORIAL
REDE SOLIDÁRIA COMEMORA DISTRIBUIÇÃO DE MAIS DE 20 MIL KITS DE HIGIENE.
Um projeto criado com um único objetivo: ajudar caminhonei ros e caminhoneiras durante a pandemia. Esse foi o primeiro passo para que a campanha Rede Solidária Chico da Boleia se consolidasse no setor de trans porte rodoviário de cargas e se tornasse um sucesso, contribuindo com os traba lhadores em um dos piores períodos para a população brasileira.
Desde a sua criação, no início de 2020, até hoje, a Rede Solidária já distribuiu mais de 20 mil kits de higiene ao longo das principais rodovias do país. Com a ajuda de parceiros, colaboradores e ami gos da Plataforma Chico da Boleia, a ini ciativa também pôde realizar a doação de alimentos, TAGs para pagamento eletrô nico do pedágio e outros itens necessários para os trabalhadores seguirem em suas rotinas e viagens.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, nos últimos dois anos, o país registrou mais de 34 milhões de casos de Covid-19. Infelizmente, o vírus ainda circula e é responsável por mais de 685 mil mortes provocadas desde que a emergência sanitária foi decarada.
Ao longo desses dois anos de pandemia muitos foram os obstáculos enfrentados pelos brasileiros, como a demora do Go verno Federal em estabelecer ações de prevenção e combate à doença – o que resultou no rápido aumento de contágios e mortes no início da pandemia -, bem como a propagação de fake news sobre vírus. Além disso, a ineficácia do Minis tério da Saúde em liberar as vacinas e in centivar a imunização em massa agravou ainda mais os impactos da pandemia.
Apesar desse triste quadro, que assolou a vida dos brasileiros, atualmente perce bemos uma melhora no quadro geral e com a redução da taxa de transmissão, é possível voltar à normalidade e restabele cer as atividades sem maiores restrições.
Um fator essencial para a redução de ca sos de Covid-19 e de mortes pelo mesmo vírus foi a chegada e produção de vacinas desenvolvidas por diferentes laborató rios, impactando ainda os contágios pelo coronavírus em grande escala. Entretan to, a doença não foi erradicada e muitos brasileiros ainda sofrem com os graves sintomas, as UTIs continuam recebendo pacientes infectados pelo vírus e muitas famílias seguem em luto pela perda de entes queridos.
- Por isso nós da Rede Solidária Chico da Boleia, continuamos atuando na dis tribuição de kits de higiene que ajudam a combater a Covid-19. É importante per manecer orientando nossos parceiros do trecho sobre os cuidados visando a pre venção e o bem-estar – destaca Chico da Boleia, criador do projeto.
Ainda de acordo com Chico, os par ceiros e profissionais do trecho têm a mesma percepção a respeito do as sunto e da importância dessa aju da para os trabalhadores do setor.
“Nossas ações sempre são bem recebi das. Temos certeza que essa iniciativa contribui para que os (as) caminhoneiros (as) se mantenham atentos aos cuidados necessários para o combate e prevenção da Covid-19. A solidariedade tem que continuar”, reforça.
Paradas da Rede Solidária
Graças ao apoio de diferentes parceiros e amigos da plataforma, Rede Solidária do Chico da Boleia pôde realizar diversas ações pelas principais rodovias do país.
As duas primeiras paradas do projeto, neste ano, aconteceram na primeira quin zena de março, quando os kits de higiene foram distribuídos para os (as) caminho neiros (as) na cidade de Guararema (SP), na balança de pesagem, e também no mu nicípio de Resende, mais precisamente no Posto Graal Embaixador (grupo que sempre apoia a iniciativa).
A próxima ação ocorreu em abril, em Ribeirão Preto (SP), na Rodovia Anhan guera. Já no início de junho, a campanha Rede Solidária foi realizada em São José dos Campos (SP), no Centro de Distri buição Atacadão de Jacareí. Vale ressaltar que nesse período houve um aumento de casos de Covid-19 por todo o país e, com isso, a ação se fez ainda mais necessária para ajudar os trabalhados do transporte rodoviário de cargas.
– A PACCAR Parts, por meio da linha multimarcas TRP, teve a oportunidade de participar deste projeto que traz informa ção e suporte para os motoristas em um momento delicado. É um prazer estar presente em ações que impactam direta mente o dia a dia dos nossos caminho neiros e caminhoneiras, além de ser um momento para a troca de experiências –afirma Antenor Frasson, Diretor da PAC CAR Parts Brasil.
Ainda em junho, a ações chegaram a ci dade de Tanguá, no Rio de Janeiro, onde os kits foram entregues aos caminhonei ros (as) que passaram pelo Posto JR Tan guá.
Uma das últimas iniciativas ocorreu no mês de julho, na cidade de Esmeraldas (MG), no Posto Flórida.
Marca de 20 mil kits
A importante marca de 20 mil kits dis tribuídos foi atingida em setembro deste ano, em ações da Rede Solidária que per correram várias cidades ao mesmo tem po, Com o apoio das unidades do Sest Senat, a ação esteve em Jacareí, Resende, Três Rios e Tanguá,. Ao longo de quatro dias, foram distribuídos kits de higiene e outros itens essenciais ao combate a Co vid-19.
– Contamos, mais uma vez, com o apoio tão importante da Homy Química (com a doação dos álcoois em gel); da Dpaschoal, com a doação de máscaras; da Braspress; da FETRANSCARGA, a quem agradeço o presidente Eduardo Ferreira Rebussi e toda sua diretoria pelo apoio de sempre; do Sr. Adauto Benti
vgna Filho; do Sr. Wilson Vasconcellos da Silva; o apoio do Sr. Urubatan Helou; e do Sr. Rafael Nascimento – destaca Chico da Boleia, criador do projeto.
Chico ainda reforçou que as iniciativas contaram com o apoio das unidades lo cais do SEST/SENAT. “Quero agradecer a todos os colaboradores das unidades que estiveram nas ações e aos gestores Moacyr Ortiz de Menezes Jr., da unidade Jacareí, Patrícia Viana Souza Unidade, São Gonçalo, Maristela Spinelis Costa Braz Unidade, Três Rios e Maria Idália da Cal Araújo, Resende”.
Parceiros do projeto
Com o apoio de empresas, entidades, grupos e pessoas físicas, o projeto conse guiu, ao longo de dois anos, levar apoio e informação aos trabalhadores do setor de transporte rodoviário de cargas em um dos momentos mais difíceis para o segmento.
O processo de desenvolvimento da cam panha até a escolha dos locais de entrega dos kits de higiene em 2022 depende ram do apoio de inúmeros grupos, em presas, entidades e pessoas físicas, tais como: SEST SENAT Brasil, Contagem (MG), Ribeirão Preto, Jacareí, Resende, e outras unidade regionais; DPASCHO AL; TRP PEÇAS (PACCAR PARTS) E DAF; SASCAR; TRANSPORTADORA PATRUS; TRANSPORTADORA QLP; TRANSPORTADORA ITAOBI; FE DERAÇÃO INTERESTADUAL DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE CARGAS (FENATAC); REDE GRAAL (POSTOS TREVO E EMBAIXADOR); TRANSPORTADORA COVRE; MER CEDES-BENZ CAMINHÕES; IMPLE MENTOS RODOVIÁRIOS NOMA; ANTT; ARTERIS; HOMY QUÍMICA; CONCESSIONÁRIA CCR RIO-SÃO PAULO; SINDITAC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS; APVS TRUCK; E APOIO INDIVIDUAL DE VALTER LUIZ DA SILVA.
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES04 REDE SOLIDÁRIA
Ações realizadas ao longo dos últimos dois anos tiveram resultado positivo e beneficiaram milhares de caminhoneiros (as).
TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Chico da Boleia
FEIRAS DO SETOR DE TRANSPORTES MARCAM PRIMEIRO SEMESTRE DE 2022.
Os segmentos de transporte e logística movimentaram os negócios para empresários e marcas no primeiro semestre deste ano. O momento é emblemático, visto que marca a retomada de encontros presen ciais. Assim, merece destaque a realiza ção das feiras Transpoeste, TranspoSul e Feira de Transporte e Logística (FTL), do Centro-Oeste.
Em sua segunda edição, a Feira de Transportes e Negócios do Oeste Parana ense (Transpoeste), foi realizada entre os dias 18, 19 e 20 de maio, e reuniu mais de 20 marcas expositoras no Centro de Con venções e Eventos de Cascavel (PR). O evento já havia sido adiado devido a pan demia e restrições sanitárias, mas a inicia tiva de realização da edição em uma nova data contou com importantes inovações tecnológicas para o segmento e gerou oportunidades de negócios para a região.
- A segunda edição da Transpoeste foi o marco do retorno dos grandes eventos do transporte rodoviário de cargas, ten do mais uma vez Cascavel como palco. Foi motivo de imenso orgulho e alegria porque muitos negócios foram fechados aqui - ressaltou Antonio Ruyz, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná (Sintropar), entidade que realiza a feira.
A Feira de Transportes e Negócios do Oeste Paranaense surgiu com o intuito de se consolidar no setor do transporte rodo viário de cargas na região. E os números revelam que os seus organizadores estão no caminho certo. A realização desta se gunda edição contou com a presença de 1.300 pessoas por dia, movimentando mais de R$ 150 milhões em negócios.
Ao todo, o evento teve a participação de 20 expositores: Apoiar, Autotrac, DAF Barigui, Engerisco, Escope, Facchini Ro docame, Guerra, Iveco, Mercedes Benz,
Nórdica Volvo, Personal Card, Rodofort Guerra, Scania Cotrasa, Semarc, Target Bank, Transpocred, Truck Pag, Trucks Control, Uniban, Vitana e Volkswagen.
Entre as inovações apresentadas na Transpoeste, estava a implementação de painéis solares nas frotas. Embora sua apli cação seja mais conhecida em residências, comércios e indústrias, o produto também é um ótimo recurso para ser incorporado no transporte. Seu uso tem impacto sig nificativo e comprovado na durabilidade das baterias, além disso, pode promo ver a redução do combustível, sendo um aliado dos caminhoneiros e frotistas.
Para apresentar essa inovação, a empresa Escope esteve no evento e comparitlhou os grandes benefícios da inserção da ener gia solar no setor.
- O painel solar, voltado para cami nhões, é uma novidade no mercado. Esse produto chegou para nós no ano passado e são poucas as unidades que existem no Brasil. Ele vem para aumentar a vida útil da bateria do caminhão e melhorar tam bém o desempenho do combustível, um dos insumos mais caros para quem traba lha nesse segmento - explicou a CEO da empresa, Kellen Gozdzink.
Por conta do grande sucesso do evento, a terceira edição da Transpoeste já tem data marcada. A feira acontecerá em mar ço de 2024.
TranspoSul supera expectativa de público
A 22ª Feira e Congresso de Transporte e Logística (TranspoSul), realizada entre os dias 13 e 16 de junho no Centro de Even tos da FIERGS, em Porto Alegre (RS), foi um dos grandes destaques no segmento atraindo cerca de 18 mil visitantes ao lon go do evento que movimentou cerca de R$ 1 bilhão em negócios.
O presidente da TranspoSul, Roberto Machado da Silva, destacou o retorno positivo dos expositores presentes no evento. “Vimos muita inovação em tele metria e tecnologia embarcada. Estiva ram aqui mais de vinte startups dedica das a acompanhamento de frota, gestão de fretes e outras áreas. Isso proporciona oportunidades em um momento que pre cisamos inovar. Por isso, essa retomada está se dando em grande estilo”, disse.
O evento também contou com palestras sobre temas relevantes para o setor. Uma delas foi conferida pelo assesor técnico da NTC e especialista em transportes, Lauro Valdívia, que mostrou o impac to do aumento dos insumos do trans porte na composição do valor do frete.
Valdívia ainda detalhou a composição do preço do frete com detalhes do que repre senta cada tipo de despesa no caminhão e salientou que um dos fatores mais impor tante é o tempo de uso do caminhão ao longo do mês. Para o especialista, esse fa tor merece mais atenção dos empresários de transporte que buscam diminuir seus custos de operação.
A TranspoSul reuniu também transpor tadores, operadores logísticos, empre sários, tomadores de decisões do ramo, autônomos e visitantes altamente qua lificados, atrás de inovação, tendências e negócios. A feira inovou ao atrair start ups, lançamentos de caminhões e a rea lização de test drive, novidades tecnoló gicas e assuntos relevantes para o seg mento durante o congresso, com pautas como: mobilidade urbana, economia, tendências de mercado, dentre outros.
Sua realização é uma iniciativa do Sin dicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (SETCERGS), entidade que completa 63 anos de representatividade no estado. Com um histórico de responsabilidade e compromisso, o SETCERGS detém credibilidade e a confiança de empresas, trabalhadores e membros importantes do setor do transporte rodoviário de cargas.
Primeira edição da Feira
Intermodal e Logística (FTL) gera R$ 65 milhões em negócios
Com a participação de 50 expositores e mais de quatro mil visitantes, a Feira Intermodal e Logística (FTL) do Centro -Oeste foi um dos grandes destaques do segmento no primeiro semestre deste ano. Realizada entre dos dias 11 a 14 de maio, no Centro de Convenções de Goiânia, a iniciativa fomentou a cadeia de transpor tes e logística da região, movimentando cerca de R$ 65 milhões em negócios.
Durante os quatro dias de evento, os par ticipantes tiveram acesso aos lançamentos do setor, incluindo serviços e produtos, e novas tendências para tornar as empresas mais competitivas.
Para a Federação Interestadual das Em presas de Transporte de Cargas (Fenatac), o objetivo da feira foi mostrar que o Centro -Oeste é um ponto de disseminação de ne gócios e oportunidades para todo o Brasil. E, com isso, a intenção foi de fazer da FTL uma plataforma para empresas e operado res logísticos logísticos de toda a região.
“O Centro-Oeste é estrategicamente bem posicionado a nível de Brasil, por isso escolhemos a cidade de Goiânia para re alizar a feira. Também colocamos à dis posição do público o que tem de mais moderno no setor de logística. E claro que esperamos que os expositores tenham saí do satisfeitos da FTL”, disse o presidente da Fenatac, Paulo Afonso Lutosa.
Paralelo às exposições, o evento teve uma programação composta de apresen tações e debates em fóruns e seminários, para tratar questões do mercado e temas relevantes para desenvolver e aprimorar a competitividade das empresas no contex to econômico regional, nacional e inter nacional. Duas grandes temáticas foram abordadas: o fórum de Combate ao Rou bo e Receptação de Cargas e seminário voltado para logística, além de um espaço para prática: o Armazém Modelo.
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES06 FIQUE POR DENTRO
Transpoeste, Transposul e FTL movimentaram o mercado, atraindo grandes marcas e público após dois anos sem eventos presenciais
TEXTO: Letícia Knibel/Redação Chico da Boleia | Fotos reprodução FTL e Transpoeste | Divulgação: TranspoSul
Nosúltimos meses, a Petrobras anunciou a redução do custo dos combustíveis, principal mente do diesel e da gasolina, alegando que o mercado internacional permitiu essa “evolução dos valores, sendo con dizente com a pratica de preço da es tatal”. A mudança contrasta com um ano repleto de reajustes para cima nos preços dos combustíveis, o que impactou pro fundamente a vida dos brasileiros.
De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Ab icom), no entanto, a defasagem entre o preço médio praticado nas refinarias brasileiras em comparação com a do Golfo do México é de 14%. Para atin gir o valor ideal, com base no Preço de Paridade de Importação (PPI), o valor do diesel teria que aumentar, aproxima damente, R$ 0,83 por litro.
O Preço de Paridade de Importação (PPI) é a política praticada pela Petro bras para determinar o valor dos com bustíveis comercializados pela estatal, que tem como base o valor do barril de petróleo no mercado internacional e também da cotação do dólar.
A pressão pelo reajuste dos preços se dá justamente em função do cenário in ternacional, no qual a escalada no custo do diesel é impactado diretamente pela redução da oferta global, em função dos seguintes fatores: o rigoroso frio euro peu, a guerra entre Rússia e Ucrânia e, consequemente, a proibição de impor tações por parte do governo russo, bem como o fechamento de refinarias. Assim, o preço do diesel e de outros derivados de petróleo no Brasil varia de acordo com as instabilidades do mercado es trangeiro e de fatores como os custos de importanção e a taxa cambial.
A disparidade entre os preços pode ser observada entre as refinarias da
Petrobras. Por exemplo, segundo dados da Abicom, a unidade da Bahia (Acelen) segue o preço internacional e tem reajustado os valores dos combustíveis mensalmente. O aumento repassado ao mercado pode chegar a 8,9%. Entretan to, há 28 dias a Petrobras continua com o congelamento dos valores dos com bustíveis. Devido a essa medida, a de fasagem em algumas refinarias do país chega a 17%.
O rumor nos bastidores do governo federal é de que a estatal está sendo pressionada a manter as reduções nos custos dos combustíveis até o fim do se gundo turno, para beneficiar a campanha de reeleição do presidente Jair Bolson aro. Porém, após o dia 30 de outubro, a empresa deverá retomar os aumentos do diesel e da gasolina para minimizar a defasagem e também acompanhar os reajustes do mercado internacional –com base no PPI. Um acréscimo sutil já pôde ser percebido na última semana nas bombas dos postos do país.
Dados da ANP revelam que diesel continua em alta na maioria dos estados
Mesmo com as reduções anunciadas pela Petrobras nos últimos meses, os le vantamentos feitos pela Agência Nacio nal de Petróleo, Gás Natural e Biocom bustíveis (ANP), resultados de pesquisas e comparativos de valores nas bombas de postos de todo o país, revelam que os consumidores continuam pagando caro pelo diesel. A variação do preço médio do combustível entre agosto e outubro deste ano não ultrapassa R$ 2 pelo litro do produto, na maioria dos locais avali ados.
O relatório do resumo semanal referente ao período de 31 de julho a 6 de agosto destaca, por exemplo, que o preço médio do diesel comum comercializado
no Nordeste era de R$ R$ 7,33, no Norte o valor era de R$ 7,64, no Sul R$ 7,23, no Sudeste R$ 7,37, e no Centro-Oeste R$ 7,47.
Já o levantamento realizado entre 9 a 15 de outubro revelou que o preço mé dio do diesel comum nas bombas dos postos do país foram os seguintes (tam bém por regiões): Nordeste R$ 6,68, Norte R$ 6,74, Sul R$ 6,35, Sudeste R$ 6,49 e Centro-Oeste R$ 6,55.
A redução dos valores entre o final de julho e a primeira quinzena de outubro não ultrapassou R$ 1. Ou seja, efetiva mente, os decréscimos anunciados pela Petrobras não tiveram alteração signifi cativa no bolso nos consumidores, prin cipalmente para os caminhoneiros, que dependem do diesel para abastecer seus veículos.
Apesar das medidas adotadas pelo governo federal para minimizar o im pacto dos aumentos dos preços dos combustíveis (como a criação dos auxí lios para caminhoneiros autônomos e taxistas, e também da taxação fixa do percentual do ICMS cobrado pelos es tados), que bateram recordes históricos neste ano, no fim das contas, o consumi dor continua pagando muito caro pelo produto. E essa realidade é bastante contraditária, considerando que o Brasil é um país autosuficiente em extração e refino de petróleo.
Consequências da privatização da Petrobras
Dados do Observatório Social do Petróleo (OSP), organização que di vulga informações sobre o impacto da privatização da Petrobras para os brasileiros, revelam que “se as refinarias que fazem parte do plano de desestatiza ção da empresa já tivessem sido priva tizadas, o preço do litro da gasolina es taria, em média, 19% mais caro do que o cobrado hoje sob a gestão da estatal”. Ainda de acordo com o levantamento, o
Essa estimativa é baseada nos valores cobrados pela Refinaria de Mataripe (antiga Rlam), na Bahia, antes e depois de sua privatização, em dezembro de 2021.
- A projeção mostra que a diferença média do preço da gasolina e do diesel ao longo deste ano, entre janeiro e maio, seria de 7% e 12%, respectivamente. E revela ainda que a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus (AM), se já fosse privada, cobraria R$ 0,65 a mais pela gasolina e R$ 0,86 pelo diesel. A Reman comercializa hoje a gasolina por R$ 3,79 e o diesel a R$ 4,88 o litro – destaca o Onbservatório.
O estudo ainda aponta que a Refinar ia Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), teria a maior alta entre as refinar ias privatizadas, passando a cobrar R$ 4,86 pela gasolina, ao invés dos atuais R$ 3,94, e R$ 6,25 pelo diesel, no lugar dos R$ 5,04 de hoje – um aumento de R$ 0,92 e R$ 1,22, respectivamente.
- Para chegar a esses números, leva mos em conta o comportamento passa do – antes da privatização – dos preços cobrados pelas refinarias em relação à Rlam e colocamos todos os valores em função do que é efetivamente cobrado pela Acelen, gestora da Refinaria de Mataripe, desde 1º de janeiro de 2022afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Segundo Dantas, a simulação teve como premissa que as empresas com pradoras das refinarias se comportar iam tal como a Acelen na definição de preços. “Essa simulação mostra que o efeito imediato da privatização da Petro brás é a subida geral de preços e não a diminuição, como o atual ministro de Minas e Energia quer fazer crer com sua declaração”, conclui o economista.
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTESFIQUE POR DENTRO 07
DIESEL: REDUÇÃO DOS ÚLTIMOS MESES RESULTA NA DEFASAGEM DO PREÇO DO COMBUSTÍVEL.
Mesmo com os reajustes, o valor do diesel, tanto comum como S-10, continua em alta na maioria dos estados.
TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Reprodução
preço do diesel S-10 ultrapassaria 12% do valor atual
BEM-CAMINHONEIRO
DO SETOR.
“Emmeio a um contexto de crise econômica, retração de empregos e salários, in flação galopante e queda da aprovação de seu governo, o atual presidente Jair Bolsonaro, auxiliado por seu Ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou ao Congresso Nacional a chamada PEC Kamikaze (PEC 01/2022). A Proposta de Emenda à Constituição foi aprovada com a maioria dos votos em dois turnos na Câmara, e sancionada no Senado em julho, há menos de 3 meses das eleições.
O nome “PEC Kamikaze” foi dado an teriormente pelo próprio Paulo Guedes, que descartou no passado a execução da medida, considerada por ele um “suicí dio” para as contas públicas num mo mento de retração econômica. No entan to, numa manobra para tentar melhorar a popularidade do presidente, a proposta é agora caracterizada como “PEC das Bondades” pelos aliados do governo.
Em linhas gerais, o texto do pacote combina medidas articuladas pelo gov erno com a base governista no Con gresso, dentre as quais o aumento do Auxílio Brasil de R$400 para R$600, a concessão de um auxílio de R$1.000 para os caminhoneiros autônomos e um auxílio-gasolina a taxistas no valor de R$200 por mês.
Outras medidas contidas na PEC são: aumento do vale-gás para famílias de baixa renda, o subsídio da gratuidade do transporte público para idosos, o re passe de R$ 500 milhões ao programa Alimenta Brasil, que prevê a compra de alimentos produzidos por agricul tores familiares e distribuição a famílias em vulnerabilidade alimentar, além da destinação de cerca de R$ 3,8 bilhões, por meio de créditos tributários, para a manutenção da competitividade do eta nol sobre a gasolina. Todas as medidas valem até o final deste ano.
Para proteger Jair Bolsonaro de pos síveis sanções da Lei Eleitoral, que não
permite medidas como essa em períodos pré-eleitorais, exceto em casos de calam idade pública e emergência nacional, a Proposta instituiu o chamado “estado de emergência” até 31 de dezembro de 2022. O pacote está custando para os cofres públicos mais de R$ 41 bilhões, soma que está fora do chamado “teto de gastos”, regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior.
O histórico da promulgação da PEC mostra ainda que sua apreciação acon teceu de forma “atípica”. Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-RO), respectivos presidentes da Câmara de Deputados e do Senado Federal, con tribuíram para acelerar a tramitação da proposta que, por se tratar de uma Emen da à Constituição, precisava ser aprecia da em dois turnos de votação e obter ao menos 3/5 dos votos em ambas as casas, ou seja, 49 votos entre os 81 senadores e 308 votos entre os 513 deputados.
Durante a tramitação da PEC, o portal G1 relatou que Arthur Lira anexou a PEC Kamikaze em uma outra proposta, con hecida como PEC dos Biocombustíveis e que já havia sido debatida na Comissão de Constituição e Justiça1. Assim, o texto que prevê aumento nos auxílios sociais não foi debatido individualmente na CCJ. Além disso, Lira convocou sessão extraordinária para que a comissão espe cial de análise de PEC pudesse votar o tema, o que ocorrer em uma sessão de 1 minuto.
Por fim, o presidente da Câmara e o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), articularam junto ao rela tor do processo na comissão especial (que tem como função propor mudan ças no texto original ou apontar falhas na Proposta) a manutenção do texto aprovado em primeiro turno no Senado.
De acordo com o portal G1, se o texto fosse modificado, teria de retornar ao Senado, o que faria a PEC levar mais
tempo para ser enviada para sanção. Lira também mudou a regra de votação da Câmara dos Deputados e permitiu o reg istro de presença dos membros da casa na sessão de forma remota, o que só era permitido às segundas e sextas-feiras.
No Senado a PEC também não se guiu rito habitual e não foi debatida em audiências públicas, nem analisada em comissão especial para, posteriormente, ser votada no plenário. O texto foi anali sado diretamente pelo plenário, o que agilizou sua votação e aprovação.
Apesar de obter maioria entre os con gressistas para a aprovação da PEC, Bol sonaro e seus aliados foram criticados de promoverem medidas eleitoras às ves peras da eleição. A manobra também foi amplamente denunciada pela imprensa, já que editoriais e reportagens ques tionaram o porquê do governo só ter se mobilizado para atender às necessidades desses auxílios às vésperas da eleição. Vale destacar que o Partido Novo foi o único partido do Congresso a orientar voto contrário à PEC tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados.
Também é importante recuperar que a promulgação da proposta aconteceu em meio a um contexto de desgaste e desap rovação do governo do presidente Jair Bolsonaro. Desde o início desse ano, o presidente e seus aliados tentam rearticu lar apoios perdidos ao longo do mandato para tentar uma releição. No entanto, as pesquisas eleitorais que o mostram sem pre em segundo lugar, atrás do candidato Luís Inácio Lula da Silva, seu principal adversário político.
A desaprovação do governo Bolsonaro tem origem na falta de respostas con tundentes para as necessidades sociais e econômicas do país. Esse quadro foi agravado nos últimos anos em meio aos inúmeros conflitos com a base aliada, além dos desentendimentos com Minis tros e Secretários que compuseram seu governo no passado. Tudo isso foi apro fundado durante a pandemia, período em que o presidente e os Ministérios sob sua
responsabilidade não souberam conduzir estratégias efetivas no campo da política, da economia e da saúde pública.
O resultado imediato de um governo com poucas ações para a melhoria da vida da população e afetado também pela pandemia de coronavírus foi a queda na popularidade, além de muitos eleitores arrependidos e um segundo lugar nas pesquisas para as eleições de presidente.
Por essas razões, o envio da PEC Ka mikaze e a aceleração de sua votação no congresso nacional é visto como “me dida eleitoreira”. Entre os mais críticos, fala-se em golpe, compra de votos e ma nipulação do eleitorado.
Bem-Caminhoneiro divide opiniões
O Benefício Emergencial aos Trans portadores Autônomos de Carga (BEm Caminhoneiro), também conhecido como Auxílio Caminhoneiro, foi uma das ajudas que integrou o pacote de me didas da PEC Kamikaze.
Assim, desde agosto, os transporta dores autônomos estão recebendo uma cota mensal de R$.1.000. Para recebêla, os caminhoneiros devem ter feito o Registro Nacional de Transportado res Rodoviários de Cargas (RNTR-C) até 31 de maio de 2022 e estar com a situação em "ativo" até 27 de julho deste ano. Além disso, os motoris tas devem ter CNH e CPF válidos. Não é necessário comprovar a compra de óleo diesel para ter direito ao valor.
O benefício também contempla o Caminhoneiro MEI, desde que o trans portador autônomo de cargas esteja cadastrado no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTR-C) até 31 de maio de 2022.
Mas a concessão do benefício e as dificuldades em seu acesso têm dividi do as opiniões entre os caminhoneiros. Para Moises Oliveira, caminhoneiro há 24 anos e natural de Santo Antônio de
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES08 REPORTAGEM PRINCIPAL
DIVIDE OPINIÕES ENTRE TRABALHADORES AUTÔNOMOS
Medida é interpretada como “eleitoreira” e, a longo prazo, não resolve o problema da alta do óleo diesel.
TEXTO: Larissa Jacheta Riberti | FOTO: Reprodução
Jesus, Bahia, a medida do presidente Bolsonaro pode ser caracterizada como “esmola e compra de votos”.
“O auxílio é até dezembro, então em janeiro acabou tudo. O presidente só está esperando ganhar essa eleição. Até eu se estivesse lá, não dava só mil reais de par cela não, eu dava era dois mil. Indepen dente de auxílio, eu não vou apoiar esse governo que esquece da gente durante o mandato inteiro e só lembra quando a eleição tá chegando”, destaca o camin honeiro.
Roberto Amaral Campos, caminhonei ro de Contagem, Minas Gerais, discorda. Para ele o auxílio veio em boa hora, já que muitos caminhoneiros estão aban donando a profissão por conta da eleva ção do preço do óleo diesel, das peças de reposição e dos serviços de manutenção.
“Eu já dei entrada no auxílio e com o dinheiro das primeiras parcelas comprei dois pneus novos para a dianteira do meu caminhão, que eu estava precisan do trocar há algum tempo e não tinha condições. Agradeço muito pela ajuda, pois na minha vida inteira, e eu tenho 45 anos de profissão de caminhoneiro autônomo, foi a primeira vez que alguém nos ajudou”, destacou.
Marcos Ribeiro dos Santos, de Jacareí, interior do São Paulo, também aplaudiu a medida, mas relatou que não conseguiu solicitar o auxílio a tempo de receber as duas primeiras parcelas depositadas no início de agosto.
“Eu fiz a solicitação conforme as orien tações que deram, tenho RNTRC e tra balho como autônomo, mas o dinheiro não caiu. O que me disseram é que eu tive um problema com o meu cadastro”, relatou.
Santos informou ainda que reenviou as informações e a autodeclaração, cujo prazo máximo era 29 de agosto, mas res salvou que não tem muita confiança de que irá receber o auxílio. As orientações sobre o cadastro e a responsabilidade pelo pagamento do auxílio é do Minis tério do Trabalho e Previdência (MTP).
Santos é um dos milhares de caminho neiros autônomos que não conseguiram receber o Auxílio Caminhoneiro. De acordo com o próprio Ministério do Tra balho e Previdência (MTB), após análise das primeiras requisições, 190.861 caminhoneiros foram considerados ap tos a receber os valores depositados em agosto desse ano.
Depois de duas prorrogações para o envio da auto declaração, documento necessário para que os caminhoneiros possam receber o auxilio, os números atualizados do Ministério do Trabalho mostram que, no mês de outubro, mais de 360 mil caminhoneiros e 297 mil taxistas estão recebendo as parcelas.
No entanto, esse número representa menos da metade dos 870 mil caminho
neiros cadastrados no RNTRC, segundo dados da ANTT que podem ser consul tados na aba “RNTRC em números” do site https://portal.antt.gov.br/rntrc.
Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logísti ca (CNTTL), Carlos Alberto Litti, já havia alertado para o baixo número de pagamentos efetuados até agosto. Para o representante, isso demonstra a incapa cidade do governo de planejar e executar uma medida tão necessária à categoria.
Outro crítico dessa situação é Wal lace Landim, também conhecido como Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Chorão chama a medida de PEC da Esmola e acredita que essa seja uma solução “tabajara” para o problema dos caminhoneiros.
Em nota publicada em julho desse ano, o presidente da ABRAVA escreveu: “Mil reais não resolvem o problema dos caminhoneiros, é uma tentativa clara de comprar o direito mais digno de um ci dadão que é o seu voto. É importante ressaltar que esse dinheiro não vai con seguir comprar os caminhoneiros, os únicos que ainda acreditam nesse gov erno mentiroso é uma pequena parcela de motoristas que sofrem da Síndrome de Estocolmo. Caminho neiro não é burro, não fizeram nada em três anos e meio de governo e agora vem com uma esmola que não resolve o problema.”
os trabalhadores do setor de transporte rodoviário, como os caminhoneiros autônomos, motoristas CLT e contrata dos.
Vale destacar que a categoria também tem sentido fortemente os impactos dos sucessivos aumentos dos combustíveis, da defasagem do frete (apesar do piso mínimo) e da inflação generalizada, que comprime salários e renda para toda a classe trabalhadora no Brasil.
Considerado o elo mais frágil da cadeia, os caminhoneiros autônomos convivem com a falta de cumprimento da legis lação trabalhista, que inclui controle e limite da jornada de trabalho, descanso e paradas obrigatórios, além da insegu rança nas rodovias, o pagamento através de “carta frete”, o que é proibido, e a constante precarização de sua atividade por empresas de terceirização.
Auxílio e redução do ICMS não resolvem problema da alta dos combustíveis
Então, dê um toque aí para os caras, se for possível... para liberar, para a gente seguir a normalidade...”, disse Bolsona ro em áudio eu teve sua veracidade con firmada na época pelo próprio Ministro da Infraestrutura2
Como já citado, o apoio de boa parte dos caminhoneiros autônomos à Bol sonaro foi conquistado a partir do con texto da greve de 2018. Naquela época, aliados do atual presidente visitaram al guns pontos de bloqueio mantidos pelos caminhoneiros e consolidaram um apoio baseado, principalmente, em questões que, de fato, são sensiveis e afetam a vida desses trabalhadores. A questão da segurança, com a pauta da liberação do armamento, a promessa de redução do preço do óleo diesel e em ações do novo governo que supostamente combateriam a corrupção, foram alguns dos argumen tos utilizados para convencer essa par cela. Além disso, é sempre bom desta car, os bolsonaristas sempre fizeram uso ostensivo das fakenews que, de maneira escandalosa e sem as devidas punições, manipulam e convencem o eleitorado brasileiro.
A PEC Kamikaze teve tramitaçao atípica e não foi discutida em comissões especiais ou em audiências públicas
Wallace Landim apareceu em cena durante a greve dos camin honeiros, em 2018, como um dos “lí deres” a negociarem em Brasília o piso mínimo do frete e a não cobrança de tari fas de pedágio sobre eixo suspenso (algo que já era proibido, mas continuava sendo praticado em algumas rodovias do Brasil). Ao longo daquele ano, Landim foi uma ponte entre muitos caminhonei ros autônomos e Jair Bolsonaro, sendo uma importante peça para a construção e consolidação da campanha do presidente junto aos trabalhadores do setor de trans porte rodoviário de cargas.
O “casamento” acabou cedo, em 2020, quando Wallace Landim veio à público dizer que a categoria havia sido “traída” pelo presidente Bolsonaro. Um dos mo tivos da decepção foi a mobilização do governo para a aprovação do projeto BR do Mar, que amplia a chamada “navega ção de cabotagem”, ou seja, o trans porte de carga por navios entre os portos brasileiros.
O projeto de lei, sancionado em janeiro deste ano, tem como objetivo “equilibrar a matriz de transportes brasileira”, domi nada atualmente pelo modal rodoviário. No entanto, a expansão do transporte marítimo pode afetar principalmente
O rompimento de líderes dos camin honeiros e de parte da própria categoria com o governo Bolsonaro não se resume à já citada BR do Mar. Na verdade, desde o início de seu mandato, o atual presidente não tem dado respostas contundentes às necessidades desses trabalhadores. Um dos principais problemas reside justamente nos aumentos su cessivos dos combustíveis, prin cipalmente do óleo diesel.
Vale citar também que, em setembro do ano passado, um grupo de caminhonei ros chegou a se mobilizar, bloqueando trechos de rodovias em cerca de 15 esta dos. Em grande medida, esses trabalha dores foram convencidos pela versão do governo federal de que a alta do preço dos combustíveis era culpa das alíquo tas de ICMS cobradas pelos estados. Além disso, esse grupo também aderiu à falsa e golpista narrativa de que o STF estivesse impedindo e bloqueando pos síveis ações do presidente Bolsonaro em favor dos trabalhadores.
Apesar de causarem grande preocupa ção e alarde na imprensa e na sociedade, que temeram uma nova crise de abastecimento aos moldes de 2018, os camin honeiros tiveram suas expectativas frus tradas quando, em áudio vazado para a imprensa, Bolsonaro disse ao Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que os membros da categoria se desmobilizassem.
“Fala para os caminhoneiros aí, são nossos aliados, mas esses bloqueios atra palham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres.
Depois de eleito, Bolsonaro ainda concedeu alguns poucos benefícios aos caminhoneiros que, na prática, não mudaram em nada o quadro de pre carização do trabalho desses profission ais. Um deles foi a alteração do Código de Trânsito Brasileiro, que aumentou, em alguns casos, o limite de pontos na CNH no caso de infrações de trânsito. Segundo a nova regra, agora existem três limites: 20 pontos para quem tem duas ou mais infrações gravíssimas; 30 para quem tem uma gravíssima; e 40 para quem não tiver nenhuma gravíssima.
Outra espécie de “benefício” foi a prorrogação de renovação do RNTRC que, segundo regras anteriores, deveria ser realizado a cada 5 anos para manter uma base consistente e atualizada sobre a categoria. Atualmente, o governo con siderou “indeterminada” a validade do registro, isentando a categoria dos custos da renovação.
A questão dos combustíveis, no entan to, é o ponto mais sensível dessa relação construída entre Bolsonaro e os camin honeiros que o apoiam. Desde o início de seu governo, os derivados do petróelo, como gasolina e diesel, além do gás de cozinha, têm atingido patamares históri cos, com preços elevadíssimos.
Numa guerra de narrativas, o presi dente culpa reiteradamente a cobrança do ICMS, arrecadação estadual, pela alta dos preços. Para economistas, trabalha dores da Petrobras e cientistas políticos, no entanto, o problema reside na atual política de preços da Petrobras que atrela o preço dos derivados do petróleo com ercializados no Brasil ao mercado inter nacional.
O resultado dessa política são aumen tos sucessivos nos preços de combustível
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTESREPORTAGEM PRINCIPAL 09
no país e o favorecimento de acionistas internacionais da estatal.
Como forma de reiterar sua narrativa sobre a alta dos preços dos combustíveis, Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de Lei que limita a cobrança de ICMS sobre os combustíveis. Trans formada na Lei Complementar 192/22, a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados prevê a incidência por uma única vez do ICMS sobre combustíveis, inclusive importados, com base em uma alíquota fixa por volume comercializado e única em todo o país.
As novas regras alcançam gasolina, etanol combustível, diesel, biodiesel, e gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado do gás natural. O texto também concede isenção do PIS/Pasep e da Co fins sobre os combustíveis até o final de 2022.
Na prática, isso significa que, em vez de uma incidência percentual sobre o preço, as alíquotas incidirão sobre a uni dade de medida (litros, por exemplo) e serão definidas por meio de decisão unânime do Conselho de Secretários Es taduais de Fazenda (Confaz), levando-se em conta as estimativas de evolução do preço dos combustíveis de modo que não haja ampliação do peso proporcio nal do tributo na formação do preço final ao consumidor.
O texto também prevê, durante o ano de 2022, alíquota zero do PIS/Pasep e da Cofins, tributos repassados para fi nanciar o sistema de seguridade social, sobre a produção ou importação de die sel, biodiesel, gás liquefeito de petróleo e querosene de aviação.
Um outro projeto, aprovado e sancio nado em junho desse ano na forma da Lei Complementar 194/2022, já está em vigor, e limita a cobrança do ICMS sobre produtos e serviços essenciais, como combustíveis, o gás natural, a energia elétrica, as comunicações e o transporte coletivo, à alíquota mínima de cada estado, que varia entre 17% e 18%. Na prática, isso significa que os estados não podem cobrar alíquotas diferenciadas ou superiores para os produtos e serviços em questão.
Apesar de valerem até o fim de 2022, as medidas já tem causado impacto significativo sobre a arrecadação dos impostos nos estados, principalmente aqueles com menor percentual de de senvolvimento econômico, industrial e comercial. Vale lembrar que o ICMS é a principal fonte de financiamento para despesas com saúde e educação, por exemplo.
Também vale destacar que, ao sancio nar a Lei complementar 192, Bolsonaro vetou um ponto incluído por senadores e deputados que protegeria recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvi mento da Educação Básica e de Valo rização dos Profissionais da Educação
(Fundeb). De acordo com a emenda, que foi vetada, a União deveria trans ferir dinheiro suficiente para que os estados atingissem os percentuais míni mos exigidos para as áreas de educação e saúde.
Por outro lado, Bolsonaro incluiu na PEC Kamikaze a possibilidade de outorga de créditos tributários do ICMS. Ou seja, a chamada PEC dos Com bustíveis oferece auxílio no valor total de R$ 3,8 bilhões aos produtores ou distribuidores de etanol hidratado em seu território.
O auxílio é pago aos estados e fica bloqueado até que as respectivas as sembleias legislativas tenham votado lei que concede créditos do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos produtores e dis tribuidores de etanol.
O objetivo dessa medida é reduzir a carga tributária da cadeia produtiva do etanol hidratado, de modo a manter um diferencial competitivo em relação à gasolina. A proposta permite que, até 31 de dezembro de 2022, a alíquota de tributos incidentes sobre a gasolina poderá ser zerada, desde que a alíquota do mesmo tributo incidente sobre o etanol hidratado também seja zerada. A ajuda é concedida em cinco parcelas mensais de até R$ 760 milhões cada, de agosto a dezembro desse ano.
Enquanto Bolsonaro defende uma medida que claramente favorece produ tores agrícolas de cana de açúcar e do nos de usinas de produção de etanolgrupos que compõem uma de suas mais fiéis bases de eleitores - a Petrobras, a principal empresa de combustíveis do Brasil, tem sofrido reiterados ataques midiáticos e é alvo de um grave e talvez incontornável, processo de privatiza ção.
Reside nesses fatores a principal causa do aumento dos combustíveis, segundo especialistas do Observatório Social da Petrobras, organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e responsável pela pesquisa so bre o preço justo dos combustíveis, que se baseia na análise da estrutura de cus tos da Petrobrás.
Em recente estudo, o organismo mostra que as medidas do atual presi dente não atacam a causa do problema, ou seja, a política de cálculo dos preços adotada pela atual gestão da estatal.
Em grande medida, Bolsonaro reduz suas ações a um subsídio sem resulta dos relevantes no preço final dos com bustíveis, mas com alto impacto fiscal para os estados, o que pode resultar em uma precarização ainda maior de áreas como saúde e educação.
Em nota, o Observatório apresentou as análises de Eric Gil Dantas, economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políti cos e Sociais (Ibeps). O pesquisador de
fende que nenhum desses projetos corta o mal pela raiz, já que a verdadeira ori gem do aumento dos combustíveis é o Preço de Paridade de Importação (PPI).
“As propostas só tocam em questões laterais. São meramente ataques aos sintomas. O caso do ICMS é um exem plo, é só uma alíquota que acompanha o aumento dos preços”, afirma3
Dantas ainda aponta que, ao contrário do que propagandeia o governo fed eral, o imposto não é o vilão da alta dos combustíveis. Para comprovar seu argumento, ele usa o Relatório Mensal de Mercado do Ministério de Minas e Energias de agosto de 2008. Segundo os dados do documento, o mais antigo disponível, a gasolina comum naquele mês tinha uma carga tributária estadual de 27% e federal de 16%. Ou seja, 43% do preço da gasolina era de imposto.
Segundo dados da Petrobrás, antes da Lei Complementar de Bolsonaro, a gasolina comum tinha um ICMS de 27% e carga federal de 10%. Ou seja, 37% do preço da gasolina é de imposto, uma redução em relação a 2008. Em rela ção ao gás de cozinha (GLP), a carga tributária total – desde março de 2021 não há mais tributo federal no botijão – caiu de 20% para 15% nesse mesmo período.
“Isso representa uma queda de 6 e de 5 pontos percentuais no total da carga tributária, respectivamente. E o detalhe é que o imposto não aumentou e, sim, diminuiu. Além disso, os últimos subsí dios tiveram alto custo fiscal, mas não reduziram o preço dos combustíveis”, avalia Dantas.
O Observatório ainda defende que a atual política de preços tem sido com binada com um processo de profunda privatização da Petrobras. Segundo da dos recentes do “Privatômetro” – me canismo que ajuda a medir o índice de privatização da Petrobras – em agosto deste ano a soma de ativos da empresa vendidos nos últimos sete anos já atinge a marca de R$ 280,4 bilhões.
“Desde o início de 2015, com a imple mentação do programa de desinvesti mento, foram negociados 67 ativos da estatal, sendo a maioria (40%) do setor de Exploração e Produção de petróleo (E&P). A maior parte das vendas foi concretizada no governo Bolsonaro, contabilizando R$ 175 bilhões, repre sentando 62,4% do valor total”, destaca a nota divulgada pelao OSP4
Para o organismo, a privatização dos ativos, como a BR Distribuidora, é parte de um projeto de destruição do caráter estatal da empresa e se ba seia na mentira de que a Petrobras não é lucrativa quando os números mostram exatamente o contrário.
Uma das provas desse argumento são
os dados da própria Agência Nacional do Petróleo (ANP) que, em julho deste ano, mostraram que a gasolina era, em média, 5% mais cara nos postos de bandeira "Vibra" na capital paulista.
O levantamento também indicou que, em 16 capitais das 27 capitais do país, os postos de bandeira Vibra tinham preços médios acima da média local5
Curioso constatar que o nome "Vibra energia" é a marca adotada pelos postos da antiga BR Distribuidora, totalmente privatizada em 2019 e 2021 pelo governo Bolsonaro.
Os fatores elencados anteriormente revelam que as medidas de "conteção" do governo Bolsonaro apenas poster gam a resolução dos problemas dos caminhoneiros e de toda a população brasileira que, atualmente, sofre para conseguir pagar as contas e sobreviver até o final de cada mês.
A concessão de auxílios num contexto pré-eleitoral foi fruto de uma manobra legal e parlamentar escandalosa. Por isso, a PEC Kamikaze é o reflexo de um governo que, durante 4 anos, foi omisso com as necessidades dos tra-balhadores e atuou muito mais interessado em con servar sua base de apoio do que em melhorar a vida de mais de 212 milhões de cidadãos e cidadãs.
Diante desse quadro, é preciso que voltemos a discutir as alternativas para um Brasil mais próspero e implementar medidas efetivas que promovam uma economia sustentável e saudável, com promoção de emprego, renda e dig nidade trabalhista. Só assim evitaremos que mais caminhoneiros e caminhonei ras abandonem a profissão.
Notas:
1-https://g1.globo.com/politica/noti cia/2022/07/13/sessao-de-1-minuto-acor do-para-manter-texto-e-presenca-onlinecomo-congresso-tenta-agilizar-pec-quepreve-pacote-social.ghtml
2-https://economia.uol.com.br/noticias/ redacao/2021/09/08/ministro-diz-que-bol sonaro-pediu-para-que-caminhoneiros-des mobolizassem.htm
3-https://observatoriopetroleo. com/2022/06/29/projetos-para-frear-au mento-dos-precos-nao-eliminam-causa-doproblema-afirma-osp/
4-https://observatoriopetroleo. com/2022/08/03/privatometro-contabili za-venda-de-mais-de-r-280-bilhoes-emativos-da-petrobras/
5-https://www.brasildefato.com. br/2022/07/20/postos-da-br-distribuidoravendida-por-bolsonaro-tem-gasolina-maiscara-de-sp-e-sete-capitais
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES10 REPORTAGEM PRINCIPAL
SETEMBRO AMARELO: CASOS DE SUICÍDIO AUMENTAM ENTRE JOVENS E CRIANÇAS.
Só no Brasil, mais de 14 mil ocorrências são registradas anualmente devido, principalmente, a falta de diagnóstico de doenças mentais.
Omês de setembro é dedicado ao combate ao suicídio, ato que, nos últimos anos, tem se torna do cada vez mais comum nos lares bra sileiros. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) revelam que no país, anualmente são registrados 14 mil casos de suicídio e os episódios entre os mais jovens, incluindo crianças, não pa ram de crescer. No mundo, os números podem ultrapassar um milhão de casos, nem sempre notificados. O índice é gra ve e serve de alerta para a importância do debate e da conscientização sobre os cuidados com a saúde mental.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatra, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgam informações relevantes sobre o tema por meio da campanha Setembro Amarelo, que visa principalmente promover a pre venção ao suicídio. O lema deste ano é “A vida é a melhor escolha”.
Porém, o que leva uma pessoa a come ter suicídio? De acordo com a professo ra Sônia Prado, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio São Paulo, são diversos os motivos que levam alguém a considerar tal ato como sua melhor op ção. “Pode ser por um processo emocio nal, social ou médico como o transtor no de ansiedade que leva à depressão e pode deixar a pessoa com um sofrimento tão intenso que ela não consegue achar uma saída.”
- Em geral, pode-se afirmar que cerca de 90% das pessoas que se suicidam possuem depressão ou algum outro transtorno associado, como abuso de drogas ou ansiedade, por exemplo. Mas nem todas as pessoas com depressão tem comportamento suicida – estima-se que sejam de 5% a 10%.
Ainda de acordo com Prado, a pessoa que tem pensamentos suicidas deixa vá rios sinais quase sempre reconhecíveis e previsíveis. “Por isso, precisamos iden tificar o quanto antes esses sinais, para
poder oferecer ajuda e tratamento. Para tentar impedir o ato suicida”.
Alguns dos comportamentos ou sinais que podem chamar a atenção nas relações de convivência são:
- Transtorno de ansiedade, depressão, alcoolismo ou uso de outras drogas, qua dro psicótico e estado de exaustão;
- Acontecimento traumático próximo como término de relacionamento amo roso e luto;
- Melhora súbita do humor depressivo;
- Sentimento de desesperança, pes simismo, sentimento de inferioridade constante, autoestima baixa, sentimento de culpa;
- Mudança das condições de saúde ou estado físico;
- Disponibilidade dos meios para o suicídio (recursos e métodos violentos e letais à disposição: remédios, armas…);
- Ideação suicida verbalizada aos pa rentes ou amigos;
- Conflitos ou insegurança com a sexu alidade.
A especialista reforça que as tentativas e os atos suicidas são gritos de ajuda.
Ainda que inconscientemente, as pes soas pedem socorro ao emitir todos os sinais que prenunciam ideias de tirar a própria vida. “O grande prejuízo em tudo isso é que muitas pessoas na nossa cul tura costumam rotular esses sinais como meras tentativas de chamar a atenção. E, muito por isso, ignoram os sinais. Ou, quando se dão conta do risco que eles anunciam, já é muito tarde e nada mais pode ser feito. Por isso essas ‘comunica ções’ precisam sempre ser consideradas.
Muitas vezes, elas podem conduzir para comportamentos impulsivos ou imaturos e, possivelmente, para o suicídio”.
- Para se ter uma ideia, os homens bra sileiros têm 3,7 vezes mais chances de se
suicidar do que as mulheres brasileiras, de acordo com estudo realizado pelas pesquisadoras Daiane Borges Machado e Darci Neves dos Santos, da Universi dade Federal da Bahia (UFBA). As pos síveis razões para isso estão no fato dos homens serem mais resistentes a procu rar ajuda e utilizar métodos mais letais em suas tentativas – destaca Sônia.
Com relação ao preconceito que ainda existe quando o assunto é saúde mental, Prado explica que o mesmo pode ser “descrito como a manifestação de repú dio ou hostilidade em consequência de juízos pré-concebidos acerca de indiví duos, pensamentos e comportamentos”. Ou seja, ele nasce de generalizações e estereótipos que não costumam reter a realidade.
A saúde mental ganhou muito destaque nos últimos anos. A pandemia de corona vírus, sobretudo, levou muitas pessoas a questionarem os fatores necessários para cuidar da saúde mental. “Mas ainda por uma questão cultural e por falta de in formações as pessoas preferem repudiar, julgar os comportamentos chamados de não adequados socialmente do que bus car informação e tratamento”.
O que não deve ser feito quando há suspeita de que a pessoa pensa/pla neja cometer suicídio?
Prado diz que o pensamento suici da aparece com uma frequência muito maior do que se imagina, mas nem sem pre este pensamento é declarado, seja por medo de ser mal interpretado pelas pessoas ou por não conseguir elaborar o assunto a ponto de verbalizá-lo.
- É importante esclarecer que nem sem pre uma pessoa com pensamento suicida irá concretizar o ato. Quando percebe mos alguém próximo com tais pensa mentos, é importante tentar falar com essa pessoa de forma calma, demons trando que ela é a importante e querida por muitos, principalmente por você. Demonstre acolhimento, pois muitas
vezes o pensamento suicida é uma for ma de saber o quanto ela é importante e amado – explica Prado. "E, com muito jeito e cautela, convide-o para que pro cure um terapeuta. Mostre a importância de uma orientação adequada, por um profissional tecnicamente preparado", reforça a especialista.
O que são pensamentos suicidas?
Sônia explica que os pensamentos suicidas são todos aqueles que um indi víduo tem sobre a intenção e o planeja mento de tirar sua própria vida. “Esses pensamentos podem variar desde o mero desejo de morrer até a realização ativa de planos concretos para a implementação da autólise. Este último, no qual o sujeito elaborou como, onde e quando, é o mais perigoso e propenso a realizar o ato”.
- Enquanto os pensamentos e desejos a morte podem ocorrer em uma ocasião oportuna, normalmente quando falamos sobre tendência suicida ou pensamentos suicidas, geralmente nos referimos a um padrão de recorrência no qual o desejo de morrer aparece. Eles podem parecer meramente cognitivos, embora o mais comum seja que exista um certo desejo ou desejo em um nível emocional ou motivacional – complementa a profes sora.
Com distanciamento social obrigató rio, o aumento de doenças relacionadas à saúde mental na população passou a ser recorrente, principalmente em quem já possuía fatores preexistentes.
- Mas, não temos dados concretos para afirmar que os pensamentos suicidas aumentaram durante a pandemia, o que sabemos é que foi um momento em que as pessoas tiveram, de certa forma, mais perto da morte e mais perto de si, o que pode ter aumentado a possibilidade de falar sobre vários assuntos como o suicí dio. Esse pensamento sempre existiu, o que ocorreu foi a maior disponibilidade das pessoas falarem do assunto - conclui Prado.
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTESSAÚDE NO TRECHO 11
TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Reprodução
Um levantamento feito pelo Ob servatório de Segurança e Saú de no Trabalho, por meio do Ministério Público do Trabalho (MPT), e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que, no ano pas sado, o transporte rodoviário de cargas ficou em terceiro lugar no ranking de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CATs) no Brasil. Entretanto, o segmen to lidera o relatório com o maior número de mortes. Em 2021, foram registradas 327 mortes em acidentes de trabalho e 12.771 notificações de acidentes.
Segundo Alysson Coimbra, diretor da Associação Mineira de Medicina do Trá fego (Ammetra), a jornada excessiva de trabalho, característica do setor de trans porte rodoviário de cargas, a torna mui to perigosa, principalmente quando os profissionais negligenciam tanto a saúde mental quanto física. Um dos motivos para tal comportamento deve-se a inten sa rotina, que pode chegar a até 13 horas initerruptas ao volante, diariamente.
“Tais ações abrem as portas para o abu so do consumo de álcool e de substân cias psicoativas para trabalhar por mais horas e ganhar cada vez menos. Essa conta não fecha e todos nós pagamos o preço da insegurança viária nas estradas e rodovias”, destaca o especialista.
Alysson também explica que alguns dos principais problemas de saúde de senvolvidos pelos caminhoneiros estão ligados a atividade exaustiva e ao estres se constante.
“Os caminhoneiros, em sua maioria, não conseguem manter uma rotina de prática de exercícios físicos e também não cuidam da saúde mental. Então, o sedentarismo e a obesidade são pro blemas recorrentes. Eles aumentam o risco de desenvolvimento de doenças metabólicas, principalmente diabetes e hipertensão. Essas são as doenças mais comuns que observamos na categoria”.
Coimbra ainda complementa alertan
do que as doenças crônicas, quando não estão controladas ou não são tratadas da maneira correta, podem ficar mais agu das.
- Por exemplo, no caso de hipertensão arterial - um problema comum entre os caminhoneiros - o que acontece é a ocorrência mais frequente de picos de pressão alta. No caso da diabetes, essas alterações do nível de glicose também ocorrem com maior frequência, tanto a hiperglicemia, que é o pico glicêmico, quanto a hipoglicemia, que é quando o nível de açúcar cai. Tudo isso colo ca em risco não só a vida do motorista, mas também a dos demais integrantes do sistema de trânsito porque compromete totalmente a capacidade desse condutor de dirigir de forma segura. Basta lembrar que, segundo a OMS, 90% dos sinistros de trânsito têm como causa principal as falhas humanas. Então, quando a saúde do motorista não está em dia, o risco de acidentes é ampliado, sim - complemen ta o diretor da Ammetra.
Com relação a faixa etária mais propí cia a desenvolver tais doenças, o espe cialista destaca que o risco é maior para motoristas a partir de 40 anos, por isso a ideia inicial do projeto de lei que alte rou o CTB era para que a validade de 10 anos da CNH fosse concedida até pes soas com 39 anos e não até 49, como o atual governo conseguiu aprovar.
“A ciência mostra, estatisticamente, que a partir dos 40 anos as doenças re lacionadas ao metabolismo, hipertensão, diabete e alterações visuais, ocorrem de forma mais significativa nessa faixa etária. Então, é imprescindível que eles tenham um acompanhamento médico anual, no caso de quem não tem qual quer problema de saúde, e um acompa nhamento mais frequente para aqueles que já foram diagnosticados com alguma doença”, alerta o especialista.
Além disso, vale destacar que hábitos saudáveis, como evitar álcool, fumo, ter
uma alimentação saudável, manter uma hidratação constante, fazer atividades fí sicas e ter uma rotina de sono adequada são fundamentais para a saúde.
Questionado sobre o que motiva a bai xa procura para atendimento médico por parte desses trabalhadores, Alysson explica que existe uma indisponibilida de de tempo livre e de possibilidade de acolhimento dessa categoria pelo Siste ma Único de Saúde (SUS). Consideran do que 80% dos motoristas são autôno mos, eles não possuem plano de saúde e o SUS é incapaz de se adequar para acolher esses motoristas, que transitam entre várias cidades e estados brasileiros.
- Essas doenças acabam sendo diagnos ticadas em uma unidade de pronto aten dimento, quando ele tem um mal súbito, quando ele dá entrada na emergência por causa de uma hipertensão descontrolada, um infarto, derrame ou alteração de gli cemia. E, por causa da rotina na estrada, não há um acompanhamento frequente –ressalta o especialista.
Além disso, segundo Alysson, outra grande parte só é diagnosticada e preven tivamente encaminhada para os cuidados e retirada temporariamente de circulação do trânsito no momento da renovação da Carteira Nacional de Habilitação, quan do são feitos exames por especialistas em Medicina do Tráfego. "Muitas vezes, esses exames são o único acesso a uma avaliação médica regular. Por isso é tão importante que eles ocorram com uma frequência maior. Identificando esses problemas, os especialistas em Medicina do Tráfego diagnosticam e encaminham esses motoristas para tratamento, redu zindo os riscos de sinistros”, revela.
Para prevenir essas doenças, a solução é a realização de exames periódicos e mudanças nos hábitos: consumir mais vegetais; evitar alimentos ricos em car boidratos e açucares; manter uma hidra tação regular e não abusar do consumo de carnes vermelhas e gordurosas. Na medida do possível, é preciso fazer algu ma atividade física, alongar-se ou mes mo optar por alguma caminhada que seja
mesmo no período em que o caminhão está estacionado e ele está aguardando para entregar esse frete.
- É preciso realizar campanhas infor mativas constantes sobre os cuidados específicos para a saúde da categoria.
Temos verbas públicas disponíveis para essas campanhas, mas infelizmente esse recurso é subutilizado. As empresas tam bém devem investir em ações informati vas sobre os cuidados de saúde dos seus motoristas – destaca Alysson.
Ainda de acordo com o especialista, mais de 90% dos sinistros de trânsito são causados pelo fator humano e da dos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostraram que as doenças orgânicas dos motoristas estão entre as principais causas dos sinistros. “Por isso, diante de algum sintoma, o motorista deve buscar a unidade de saúde mais próxima. Outra medida é que o caminhoneiro faça uma programação da medicação necessária para usar durante todo o seu tempo na estrada e, se ela acabar durante uma via gem, deve repor imediatamente”.
Mesmo com todas as dificuldades de fazer um acompanhamento adequado da própria saúde, seja por falta de tempo ou de condições financeiras, os caminho neiros e caminhoneiras podem sempre contar com os serviços e campanhas das unidades do Sest Senat em todo o Brasil.
O sistema atua em ações de prevenção e campanhas que prestam assistência e acolhimento aos profissionais durante todo o ano e em várias rodovias do país. Vale reiterar que o Sest Senat tem sido um importante aliado na Rede Solidária Chico da Boleia que, nos últimos dois anos, distribuiu mais de 20 mil kits, além de outros itens, para prevenir e combater a propação do coronavírus.
Além das ações itinerantes, os traba lhadores do transporte podem agendar consultas gratuitas através do site https:// www.sestsenat.org.br/saude nas especia lidades odontologia, psicologia, fisiote rapia e nutrição em qualquer estado da federação. Não perca tempo, cuide de sua saúde!
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES12 SAÚDE NO TRECHO
ESTRESSE E SOBRECARGA DE TRABALHO SÃO FATORES QUE AUMENTAM AS CHANCES DE ACIDENTES DE TRÂNSITO.
Transporte rodoviário de cargas lidera ranking de mortes durante a jornada de trabalho.
TEXTO:
Redação Chico
da Boleia
|
FOTO: Reprodução/Freepik
AGOSTO LILÁS REFORÇA A LUTA DAS MULHERES CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
Casos de agressões físicas e psicológicas aumentaram durante a pandemia.
Dados do Instituto Patrícia Gal vão revelam que, a cada hora, 26 mulheres sofrem agressão física no país e, somente em 2021, fo ram registrados 632 casos deste tipo de violência por dia. As ocorrências de vio lência doméstica aumentaram durante a pandemia e a falta de políticas públicas de combate e conscientização, bem como de amparo as vítimas, tornam a realidade da população feminina ainda mais grave.
O mês de agosto é dedicado ao com bate a violência contra a mulher e a di vulgação de informações e canais de denúncia. Entretanto, é importante des tacar que não existe apenas um tipo de agressão cometida contra essa popula ção. De acordo com a advogada crimina lista Paula Gomes da Costa Cavalcan ti, a Lei Maria da Penha destaca que a violência contra a mulher consiste em qualquer dano gerado a dimensão psicológica, emocional ou física da ví tima causado em razão do gênero, ao considerá-la um ser inferior.
“Ainda dentro da legislação, é consi derado como violência contra a mulher a sexual, patrimonial e moral (quando o agressor atinge a honra da mulher)”.
– Nós, que atuamos nessa área, tam bém nos deparamos com outro tipo de violência que não está previsto na lei que é a vicária, ou seja, praticada contra os filhos da mulher, atingindo-os com o intuito de machucar, controlar ou vio lentar a vítima enquanto mãe – destaca a advogada.
Outro ponto importante é que a vítima, de acordo com a Lei Maria da Penha, não necessariamente tem uma relação héteronormativa e afetiva (homem/mu lher). O agressor ou agressora pode ser o pai, o irmão, o cunhado ou até mesmo a mãe.
É fundamental destacar que o femini cídio, apesar de ter um tratamento legal específico, já que está previsto no Códi go Penal Brasileiro, ainda é considerado
um crime de discriminação de gênero, de misoginia (ou seja, de ódio à mulher)e de menosprezo pela condição feminina. Além disso, nem sempre o acusadopre cisa ter uma relação familiar ou afetiva com a vítima. “São processos penais di ferentes, mas o ciclo geralmente começa com a violência doméstica e acaba esca lando para um crime mais grave, ou seja, de homicídio”, explica Paula.
Outra informação divulgada pelo Ins tituto Patrícia Galvão revela que o medo (em 73% dos casos) é o principal motivo para que as mulheres agredidas ou ame açadas não busquem ajuda. A vergonha de se expor, a dependência financeira e não confiança na justiça também são fatores que reduzem a possibilidade de denúncia.
– É imprescindível que a vítima procu re atendimento especializado em casos de violência doméstica (nas DEAMs), pois os profissionais dessas delegacias foram capacitados e preparados para receber essas mulheres, e tem um outro olhar em relação a violência de gênero –reforça Cavalcanti.
Nos casos das cidades nas quais ainda não existem a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), a especialista orienta a vítima a procurar um advogado ou o Ministério Público.
Com relação a solicitação das medidas protetivas, a mulher deve procurar uma delegacia especializada ou o Ministério Público e, para tal medida, precisa haver um contexto no qual a vítima esteja em risco atual ou iminente causado a sua integridade física e/ou psicológica. A apresentação de provas também se faz necessária para obter a medida proteti va. A advogada orienta que as mulheres que estejam vivendo uma situação de violência doméstica busquem uma rede de apoio para relatar as agressões, ten tem ainda gravar as ocorrências e salvar conversas.
Pela lei, existem diferentes tipos de
medidas protetivas com o intuito tan to de proteger a vítima quanto de impor determinadas condutas para o agressor, tais como:
1. suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
2. afastamento do lar, domicílio ou lo cal de convivência com a ofendida;
3. proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus fami liares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados luga res a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
4. restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou ser viço similar;
5. prestação de alimentos provisionais ou provisórios;
6. encaminhar a ofendida e seus depen dentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
7. determinar a recondução da ofendi da e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
8. determinar o afastamento da ofen dida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e ali mentos;
9. determinar a separação de corpos.
Já as medidas protetivas de urgência poderão ser solicitadas pela vítima por meio da autoridade policial ou do Mi nistério Público, que irão encaminhar o pedido para o juiz, em um prazo máximo de 48 horas. São previstas para garantir que o agressor se afaste do lar, o proíba de ter contato com a ofendida, incluin do a possibilidade de encaminhá-la para
um programa oficial de proteção. Caso haja descumprimento, o acusado poderá ser detido por meio da prisão preventiva, decretada pelo juiz. Já a prisão condena tória ocorre quando o processo é finali zado e o responsável decreta a sentença.
– A Lei Maria da Penha ainda compre ende políticas públicas que garantem determinados suportes para as vítimas de violência doméstica. Os artigos des tacam que os estados são responsáveis por criar dispositivos de assistência so cial para as mulheres nessas situações de vulnerabilidade, oferecendo acolhi mento, orientação legal, atendimento psicológico, dentre outros – conclui a advogada.
Suporte emocional ajuda as vítimas a superarem os traumas da violência doméstica
A psicóloga clínica, Larissa Félix, ex plica que a violência doméstica causa danos a mente semelhantes aos gerados em campos de guerra, por isso é de suma importância a intervenção psicológica para que haja identificação e suporte emocional para que a vítima consiga res significar o trauma e dar sequência em sua vida sem danos mais graves.
– A principal estratégia nesses casos é a conversa e o acolhimento. É importante identificar o grau de estresse pós-trau mático que a vítima está enfrentando e que ela entenda a magnitude do ocor rido, para que então consiga expressar seus sentimentos e buscar nomes para suas emoções. É fundamental que neste processo ela tenha segurança de estar em um ambiente neutro e livre de qualquer julgamento – destaca a psicóloga.
Assim como em outras situações trau máticas, muitas vítimas ainda são re sistentes aos tratamentos psicológicos como forma de superação. A especialista reforça que a psicoterapia é um tabu a ser vencido, e que, por isso, muitas vezes esse é um trabalho descredibilizado.
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTESSAÚDE NO TRECHO 13
TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Freepik / Reprodução
QUAL O MELHOR ÓLEO PARA O MOTOR DIESEL?
Para quem vive o dia a dia e tra balha nas estradas, todo cuida do é pouco! E não apenas com o bem estar próprio, mas também com as condições de rodagem e, primcipal mente, com a manuteção do veículo.
Por isso, um bom cronograma de repa ros e os cuidados com os fluídos e com a qualidade do combustível são práticas fundamentais para manter o desempenho do motor, a durabilidade das peças e a economia de combustível. São pequenas práticas que podem tornar suas viagens e o seu trabalho mais eficiente, além de proporcionar segurança e gerar uma grande economia.
Para os caminhoneiros e motoristas em geral, portanto, é fundamental aprender sobre os óleos de motor e saber escolher o mais adequado para seu veículo e as aplicações às quais ele está destinado.
Em primeiro lugar, devemos entender a composição desse produto. Os óleos de motor podem ser classificados como mineral, sintético ou semissintético.
Os óleos do primeiro tipo são obtidos a partir do refino do petróleo, por isso conserva a maioria das suas caterísticas naturais, sendo assim mais "puro".
Já os sintéticos são fabricados a par tir de processos químicos controlados e de fórmulas desenvolvidas artificial mente. De forma geral, esses óleos têm uma performance superior, além de uma maior durabilidade — o que é uma característica muito importante, princi palmente quando se pensa na lubrifica ção de motores de veículos.
Por fim, os óleos são considerados se missintéticos, quando tem pelo menos 10% de óleos básicos sintéticos em sua composição. Os óleos semissintéticos também carregam características dos
óleos minerais, sendo um produto vol tado para entregar mais performance a um custo mais acessível.
Em geral os óleos de motor SAE 15W-40 são minerais. Já, os óle os SAE 10W-40 e SAE 10W-30 na sua grande maioria são semissintéti cos. Os SAE 5W-30, por sua vez, po dem ser semissintéticos ou sintéticos.
Classificação de desempenho dos lubrificantes automotivos
As classificações de desempenho aju dam os consumidores, trabalhadores e qualquer pessoa que se relacione com o tema a entender a “hierarquia” dos produtos e quais suas principais carac terísticas.
A classificação de desempenho mais conhecida é a API e as especificações atualmente vigentes são API CH-4, API CI-4, API CJ-4 e API CK-4. Vale desta car que é muito importante ler o manual de instruções do seu veículo e obedecer as indicaçoes de óleo do fabricante.
O mais importante é entender este exemplo: se um fabricante requer o uso de um óleo API CI-4 em seu manual, um óleo API CJ-4 pode ser utilizado. Mas o inverso não é verdadeiro. Quan to mais distante a segunda letra, por exemplo "J", "L", "M", estiver do “A” no alfabeto, mais desenvolvido e recen te é o produto.
Aditivos dos óleos para motor diesel
Os aditivos são os responsáveis por conferir melhorias aos óleos lubrifican tes e proporcionar mais eficiência em termos de lubrificação, performance e proteção às peças do motor. Tudo isso, evidentemente, vai melhorar o desem penho e a durabilidade do seu veículo.
Existem diferentes tipos de aditivos e os mais comuns aparecem de forma re corrente nos produtos do mercado:
• antioxidantes;
• detergentes;
• anticorrosivos;
• antiespumantes;
• melhoradores de viscosidade.
Testes de qualidade rendimento dos lubrificantes
Para garantir mais qualidade aos pro dutos do mercado, algumas empresas do setor realizam diversos testes para verificar o rendimento de seus óleos lubrificantes. Essas avaliações buscam medir os índices de desgaste, oxidação e manutenção das propriedades do óleo, concedendo margens mais precisas de vida útil para cada um dos produtos dis poníveis no mercado.
A oxidação, por exemplo, pode gerar o espessamento do óleo, comprometen do sua capacidade de lubrificar as pe ças do motor e, por consequência, um dano mais substantivo ao veículo. A oxidação ocorre devido à presença de contaminantes do óleo, como ácidos de combustão.
Em relação a proteção contra o des gaste do produto, é comum que sejam também realizados testes para verificar a durabilidade tanto do óleo quanto de suas propriedades. O que pode interfe rir nessa parte é novamente a presença de ácidos, fuligem e outros contami nantes.
Quem define de forma mais assertiva qual o melhor óleo para motor diesel são as montadoras. Elas realizam testes com os veículos produzidos pela marca e a partir dos diagnósticos e resultados indicam no manual do proprietário do veículo qual lubrificante tem melhor desempenho para aquele motor.
Mesmo tendo nos manuais as melho res indicações, é importante que o ges tor de frotas entenda sobre o assunto. Por muitas vezes, o lubrificante auto motivo pode fazer toda a diferença na otimização financeira ou na diminuição de prejuízos. Portanto, estar por dentro faz parte de um bom profissional res ponsável pela gestão de frotas e logís tica. Além disso, esse conhecimento pode ser sempre transmitido aos moto ristas que, no dia a dia de seu trabalho, podem ser capazes de identificar pro blemas, apontar soluções e participação de um planejamento mais adequado de manutenção para os veículos.
Pesquise preços e compre em re vendedores autorizados
Além de estar atento ou atenta ao tipo de óleo que as montadoras de veículos, sejam caminhões, carros de passeio, utilitários ou motocicletas, indicam para cada motor, é fundamental conhe cer a procedência do produto e pes quisar preços e opções disponíveis no mercado.
Por isso, os caminhoneiros e moto ristas em geral devem adquirir esses produtos apenas de lojas ou revendas confiáveis e que emitam nota fiscal como garantia. Além disso, é sempre recomendável que os consumidores fa çam uma pesquisa para saber quais pre ços estão mais adequados ao seu orça mento. Devemos sempre desconfiar de preços muito altos e também dos muito abaixo do que geralmente é praticado pelo mercado.
Essas pequenas práticas tornam pos sível uma maior economia, além de aumentar a eficiência e a durabilidade dos motores peças dos veículos. Além disso, garantem a performance e a se gurança dos veículos.
A VOZ DO SETOR DE TRANSPORTES14 OFICINA DO CHICO
A escolha do óleo óleo para o motor de seu
caminhão ou ve ículo à diesel é fundamental para a garantia do desempenho.
TEXTO: Especialista Texaco - Blog Texaco | FOTO: Freepik