Editorial
Análise de dados e sua aplicação nos atuais sistemas de produção suína
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or meio da tecnologia da informação são coletados e armazenados milhares de dados de rebanhos suínos no mundo. As novas tecnologias estão expandindo as possibilidades de coleta de dados, intercâmbio de informações, colaboração e análises. No entanto, obter precisão de informações é indispensável para qualquer empresa que almeja o sucesso. Em tempos extremamente competitivos, não se permite nenhum tipo de erro que possa atrapalhar a produtividade, destruindo a eficiência, seja qual for o tamanho ou o tipo de suinocultura. Para atingir excelência nos resultados é preciso gerar relatórios com uma base de dados confiantes. Dessa forma, veterinários e produtores podem utilizar a análise de dados para ajudar a identificar problemas até então não reconhecidos em um plantel, como também obter direcionamento de conclusões e encontrar soluções de problemas por meio de decisões cada vez mais conscientes. Outro ponto importante na análise de dados é a possibilidade de aumentar a disseminação de informações úteis para a melhoria de produtividade dos resultados reprodutivos dos plantéis comerciais. Como em toda atividade comercial, a suinocultura define-se pela sua capacidade produtiva. O número de leitões desmamados por porca por ano torna-se cada vez mais desafiador quanto à eficiência dos resultados reprodutivos, tornando a porca a protagonista dessa produtividade. Esta edição de Suínos & Cia, entre outros importantes artigos, contempla os seus leitores com um dos mais interessantes trabalhos do professor Yuzo Koketsu, que destaca “Os importantes fatores que contribuem para o alto desempenho reprodutivo de porcas em rebanhos comerciais”. Esses fatores incluem situações tanto de porcas quanto do plantel, destacando que o número de leitões nascidos vivos é um fator preditivo para a prolificidade durante a vida reprodutiva da porca. No entanto, os fatores em relação ao plantel incluem alto desempenho, manejo e tamanho do rebanho. Além disso, fatores relativos aos cachaços também devem ser considerados para melhorar o desempenho reprodutivo das porcas. Finalmente, é fundamental e de extrema importância analisar e interpretar adequadamente os dados de produção para que veterinários e gestores conheçam os fatores que afetam o desempenho reprodutivo do plantel e possam otimizar a produtividade dos reprodutores de seus clientes por meio da melhoria do manejo que controla esses fatores, juntamente com o melhoramento genético, permitindo atingir a meta de 40 leitões desmamados por porca por ano. Boa Leitura As editoras
Índice
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Entrevista
Os caminhos para o sucesso do IPVS 2020
10 Manejo
Castração de leitões e analgesia: uma prova de campo
14 Reprodução
Efeitos da utilização de plasma seminal sintético (Predil® MR-A®) no desempenho reprodutivo de porcas
18 Reprodução
Fatores que contribuem para o alto desempenho reprodutivo de porcas em rebanhos comerciais
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Capa
Reprodução Fatores que contribuem para o alto desempenho reprodutivo de porcas em rebanhos comerciais
Revista Técnica da Suinocultura
&cia
SUÍNOS
A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos-veterinários, zootecnistas, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnicocientíficos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.
28 Revisão Técnica
Resumo do 24º Congresso Internacional da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS) e do 8º Simpósio do Colégio Europeu de Veterinários Especialitas em Sanidade Suína
50 Sumários de Pesquisa 53 Recursos Humanos Quem dobrou seu paraquedas?
54 Informe Publicitário
O fantástico mundo dos probióticos
56 Dica de Manejo 60 Divirta-se
Encontre as palavras Jogo dos 7 erros Teste seus conhecimentos Labirinto
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Foto da capa cedida por Carlos Piñeiro A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.
Entrevista
Os caminhos para o sucesso do IPVS 2020 A médica-veterinária Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida comenta como pretende transformar em sucesso este importante congresso que será realizado em Florianópolis
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ernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida é médica-veterinária graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais, com doutorado em Ciência Animal pela University of Alberta (Canadá), além de pós-doutorado pela Wageningen University (Holanda). Atualmente, é professora do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, atuando em pesquisas relacionadas à reprodução de suínos. Também é coordenadora do setor de Suinocultura da Fazenda Experimental Prof. Helio Barbosa, da Escola de Veterinária da UFMG, e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular da UFMG. Ocupa, ainda, os cargos de presidente da Associação de Médicos-Veterinários Especialistas em Suínos, regional Minas Gerais – Abraves MG e membro do Conselho Diretor da International Pig Veterinary Society (IPVS), além da presidência do Comitê Organizador do congresso do IPVS 2020 - Brasil. É responsável pelos projetos de cooperação internacional entre a Universidade Federal de Minas Gerais, a University of Edinburgh (Escócia) e a University of Alberta (Canadá), com as quais mantém colaboração em diversos projetos de pesquisa. Nesta entrevista, Dra. Fernanda fala sobre o futuro IPVS no Brasil e quais as novidades que pretende abordar nesse importante e consagrado congresso internacional da associação de veterinários especialistas em suínos.
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S&C: Primeiramente, a S&C parabeniza a senhora e equipe pela conquista de mais uma vez realizar em 2020 o IPVS no Brasil. Poderia nos informar como se sente ao conquistar esse grande desafio? FA: Muito obrigada. Gostaria de afirmar que estou totalmente realizada. No entanto, como a conquista é apenas uma das etapas do processo, a realização total, propriamente dita, virá em 2020, após a constatação do sucesso do congresso do IPVS Brasil. Suínos&Cia | nº 58/2017
S&C: Exercendo tantas atividades na atualidade, como pensa em conciliar, nos próximos anos, mais essa missão de presidir a organização desse importante congresso? FA: Com tranquilidade. Estamos nos cercando de profissionais qualificados, com ampla experiência na organização de congressos e feiras, que saberão conduzir o processo segundo as nossas diretrizes. Além disso, já demos início à elaboração do planejamento do evento para que possamos pensar em todos os detalhes com tranquilidade. Planejar com antecedência é o primeiro passo para o sucesso do evento. S&C: Após a confirmação do Brasil como sede da 26a edição do IPVS, em 2020, quais os principais desafios a serem enfrentados? FA: Todos nós estamos cientes de que o nosso país atravessa uma severa crise econômica, que também repercute na cadeia produtiva de suínos. Desta forma, conseguir recursos de patrocinadores para apoiar o evento é o nosso grande desafio. No entanto, trabalharemos arduamente para buscar os recursos necessários junto aos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, às empresas parceiras e às agências de fomento. S&C: Fazendo uma retrospectiva, em 2020 terão passados 32 anos da última vez que o Brasil sediou este evento, que ocorreu em 1988, no Rio de Janeiro. Qual a principal diferença quanto
Entrevista
à evolução desse importante congresso quando comparado há três décadas? FA: Estamos falando de duas realidades diferentes. Há três décadas, o suíno apresentava menor velocidade de ganho de peso e grande deposição de gordura. Relatos da Embrapa revelaram que na década de 80, o percentual médio de carne magra não atingia sequer 50% e não se adotava no Brasil a tipificação de carcaças pelas indústrias frigoríficas. Trabalhava-se com fêmeas de leitegadas pequenas, o destino dos dejetos não era uma preocupação, tampouco se consideravam práticas de bem-estar animal. No entanto, nos últimos anos, a exigência do consumidor quanto ao consumo de gorduras desencadeou uma verdadeira revolução na suinocultura, colocando nosso país em patamares de produção de carne comparáveis aos de países com forte tradição na produção de suínos. Além disso, novas enfermidades surgiram, e a demanda do médico-veterinário especialista em suínos aumentou expressivamente. Assim, o cenário atual da suinocultura remete a preocupações quanto ao bem-estar animal, matrizes hiperprolíficas e produção ecologicamente correta. Estes temas certamente serão alvo de atenção em 2020. S&C: Por que a escolha de Florianópolis para sediar este importante evento? FA: Florianópolis, além de ser uma bela cidade e importante polo turístico do Brasil, é a capital do Estado de Santa Catarina que tem grande destaque na cadeia suinícola, não apenas como produtor, mas também como exportador de carne suína. Assim sendo, nada mais justo que um congresso dessa magnitude seja sediado no local de tamanha importância no âmbito da suinocultura nacional. S&C: O Brasil é um dos maiores países produtores de suíno no mundo. Em sua opinião, o que ainda é preciso melhorar na área de produção quando comparado com seus importantes competidores? FA: Acredito que no cenário atual, o grande gargalo da suinocultura é o custo de produção. A partir do momento em que se alcançar equilíbrio entre produção e venda, e este equilíbrio se man-
Os Abraveanos marcando presença no IPVS em Dublin tiver estável, estaremos próximos ao modelo de excelência da cadeia produtiva suinícola. S&C: O que a suinocultura brasileira poderá avançar por sediar esse importante congresso em 2020? FA: Os congressos do IPVS são motivo de encontro e troca de informações entre os mais renomados profissionais do setor suinícola de todo o mundo. Assim, acreditamos que o congresso do IPVS em 2020 será uma oportunidade única para os profissionais brasileiros envolvidos na cadeia produtiva de suínos se inteirarem das inovações em curso na suinocultura mundial. Com isso, esperamos que o conhecimento adquirido possa ser aplicado objetivando melhorar os índices de produção e aumentar o consumo da carne suína, enaltecendo ainda mais a posição do nosso país no cenário global do agronegócio.
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S&C: Sua principal área de atuação é a reprodução. Pensa em fazer algo especial no IPVS de 2020 nesse importante segmento? FA: Ainda não temos a programação definida, mas certamente o tema reprodução será debatido.
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Entrevista
Temos, hoje, grandes nomes aqui mesmo no Brasil, o que nos leva a pensar que não será difícil criar uma sessão sobre o assunto. Por enquanto, vamos pensando e amadurecendo a ideia. S&C: Quando surgiu a ideia de sediar novamente o IPVS no Brasil? FA: A ausência de um grande evento técnicocientífico condizente com a posição de destaque ocupada pelo Brasil na suinocultura mundial há muito vinha sendo questionada. Assim, a ABRAVES criou uma comissão para estudar o assunto e formatar a apresentação da candidatura brasileira para sediar o congresso IPVS, ainda em meados de 2011. Desde então, a ABRAVES esteve presente nos eventos realizados na Coreia do Sul, México e, recentemente, na Irlanda. Foram três defesas de candidatura e inúmeros trabalhos realizados para a apresentação delas, tais como escolha das cidades-sede, espaços disponíveis para a realização do evento, hotelaria, lazer e, em especial, a busca por apoio institucional e financeiro, bem como a composição da planilha de custo. S&C: Como foi competir com a Alemanha pela disputa de sediar o congresso no Brasil, estando em um país europeu? FA: A disputa com a Alemanha foi apenas a etapa final de uma “guerra” que vinha sendo travada há cerca de cinco anos. Durante todo esse período, colhemos alguns insucessos e nos fortalecemos com eles, mas sempre tivemos o apoio tanto de entidades da agroindústria quanto da área técnico-científica. A vitoriosa campanha de 2016 envolveu um grande esforço de toda a delegação brasileira na divulgação de nossa candidatura, mas em especial no convencimento dos participantes que a vinda do congresso IPVS ao Brasil fortaleceria toda a comunidade envolvida na indústria suinícola. Esta conquista foi a realização de um sonho que vai ao encontro de nossos ideais, ou seja, mostrar ao mundo que somos capazes de realizar um evento que será um marco na suinocultura brasileira.
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Fernanda Almeida e Laura Ventura S&C: Sente-se realizada com mais essa conquista na sua vida profissional? FA: Sim, muito realizada. Não somente por deixar um marco na história do IPVS, mas também por participar da diretoria de uma associação internacional que trabalha pelo profissional da suinocultura em todo o mundo. S&C: Diante desse exemplo de sucesso e perseverança, que conselho daria aos jovens veterinários que estão começando nessa maravilhosa profissão? FA: É preciso ter foco e trabalhar com afinco para alcançar seus objetivos. Força, coragem e determinação são fundamentais para enfrentar os muitos desafios que a vida lhes apresentará. Por mais que o caminho lhes pareça longo, continuem na trilha, pois quando o momento certo chegar, a vitória terá um sabor muito especial. S&C: Gostaria de deixar algum agradecimento por mais essa conquista? FA: Sem dúvida. Certamente não serei capaz de enumerar todos aqueles que, de uma forma ou outra, nos ajudaram nesta caminhada. Foram anos em busca deste desafio e, portanto, tivemos a oportunidade de receber apoio de várias empresas e inúmeros profissionais do setor, bem como de instituições de fomento e associações de suinocultores. Mas não poderia deixar de dedicar especial agradecimento à presidente da ABRAVES, Lauren Ventura, e a todos os demais membros das regionais que estiveram desde o princípio ao nosso lado e também a Flauri Migliavacca, grande incentivador e desencadeador deste processo. A Suínos & Cia agradece e deseja muito sucesso ao IPVS 2020.
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Manejo
Castração de leitões e analgesia: uma prova de campo MV Anna Amorico Serviços Veterinários para produtores de suínos - Suivet summa@pointvet.it
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castração cirúrgica de leitões, que vem sendo praticada anualmente em 96 milhões de leitões machos na Europa, é o método mais adotado para eliminar o odor de macho na carne suína. A castração cirúrgica é principalmente efetuada sem nenhum uso de analgésicos e, assim sendo considerada uma prática altamente estressante para o leitão, independentemente da idade (Carroll et al.20016; Taylor et al.2001). Por esse motivo, o tema está suscitando pesadas críticas por parte da opinião pública por não respeitar os princípios básicos de bem-estar animal, que preveem a necessidade de evitar o sofrimento animal (Sutherland et al.2012). Como resposta à demanda do consumidor, a UE publicou a Declaração Europeia sobre as alternativas à castração cirúrgica de suínos, propondo o completo abandono da prática até o final de 2018. Todavia, a declaração reconhece a necessidade da castração em algumas realidades produtivas tradicionais com o objetivo de manter elevadas as características de qualidade dos produtos. Por esta razão, são necessários métodos de castração alternativos que utilizem analgesia ou anestesia no caso de produções de origem protegida e de indicação geográfica protegida (DOP e IGP), nas quais os suínos são abatidos mais tardiamente, com
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MV Claudio Mazzoni Serviços Veterinários para produtores de suínos - Suivet summa@pointvet.it
maior peso, como no caso de algumas produções típicas da Europa, cujos suínos podem se valer de não serem submetidos à abolição da castração. Nestes casos, a maturação sexual já é presente no momento do abate, com presença potencial do desagradável odor de macho. Para estes suínos abatidos mais pesados, não parece mais sustentável por muito tempo ainda a não utilização de analgesia ou anestesia durante a castração. O objetivo deste estudo foi o de verificar a eficácia do diclofenaco em aliviar a dor pós-castração nos leitões. Foram utilizados indicadores comportamentais e fisiológicos para a avaliação da dor. Material e Método 1. Animais A prova envolveu um total de 132 leitões híbridos comerciais, provenientes de 144 porcas. A identificação individual dos animais foi realizada 30 minutos antes da castração, em concomitância com a destinação dos leitões aos diferentes tratamentos. Cada animal foi numerado em ordem progressiva no dorso com uma caneta especial (Foto 1). Foram selecionados os leitões entre 4 e 5 dias de vida, com peso médio de cerca de 2 kg. A injeção de ferro e o corte da cauda foram efetuados ao final de cada tratamento, de modo a evitar qualquer influência com os parâmetros avaliados. 2. Tratamentos
Foto 1. Observação atenciosa do comportamento dos leitões permite a expressão de vários indicadores de dor nos grupos de prova Suínos&Cia | nº 58/2017
Os leitões foram divididos em três grupos de tratamentos, cada um representado por 44 animais, igualmente distribuídos provenientes de 44 porcas, de maneira que cada leitegada continha um animal para cada tratamento diferente, a fim de eliminar o efeito leitegada/porca. • C: castração tradicional. Não foi realizado nenhum tratamento antes da castração. • M: manipulação. Foi efetuado o mesmo manejo da castração, com igual tempo, sem, todavia, proceder com a incisão dos tecidos nem a extração dos testículos;
Manejo
• D: diclofenaco. Foram injetados por via intramuscular, com agulha de insulina, 2,3 mg de diclofenaco sódico/kg de peso vivo a cada leitão, 30 minutos antes da castração, correspondente a 0,05 ml de produto/kg. A contenção dos leitões, a castração e a administração do produto antes da castração foram efetuadas sempre pelos mesmos funcionários. 3. Parâmetro Para evitar qualquer influência devido aos diferentes manejos necessários para cada tipo de parâmetro recolhido, os leitões foram subdivididos em dois grupos, dos quais um destinado às observações comportamentais, e o outro utilizado para a coleta de sangue. O primeiro grupo, composto de 72 leitões (N=24 para cada tratamento), foi submetido a quatro tipos de observação comportamental imediatamente depois da castração. Cada observação durou 30 minutos a cada intervalo de tempo: 0h, 1h, 3h30 e 24h depois da castração. As observações foram realizadas com o método “scan sampling” (scan = 1 minuto a cada 2 minutos) por dois operadores previamente formados, que registraram em quais dos comportamentos indicados na tabela 1, correspondia cada leitão. No segundo grupo de prova, composto por 60 leitões (N=20 para cada tratamento), foram realizadas, desta vez, duas coletas de sangue individuais, nos seguintes momentos: 30 minutos e 2h depois de cada tratamento. As amostras foram rapidamente refrigeradas e levadas ao laboratório, onde foram processados para quantificação do cortisol sérico.
Tabela 1. Comportamentos observados e descrição Comportamento ou posição
Descrição
Caminhando
O leitão se move caminhando
Em pé
O leitão permanece em pé
Decúbito lateral
O leitão se encontra em decúbito lateral
Decúbito esternal
O leitão se encontra em decúbito esternal
Mamada sincronizada
O leitão mama conjuntamente com outros leitões
Mamada isolada
O leitão mama ou tenta mamar sozinho
Sentado
O leitão permanece sentado
Localização ou comportamento Escamoteador
O leitão se encontra no escamoteador
Isolado
O leitão se encontra longe dos irmãos
Com dor
O leitão manifesta dor: tremor, cifose, agitação da cauda, esfregaçãona região perianal
O grupo de leitões castrados no modo tradicional levou maior tempo em posição de decúbito esternal em relação ao grupo manipulado (P=0.05), enquanto o grupo tratado com diclofenaco manifestou atividade intermediária, sem nenhuma diferença estatística com o grupo manipulado (foto 1). No que se refere à amamentação isolada (foto 2), o grupo dos manipulados e dos tratados com diclofenaco mostraram frequências estatisticamente iguais quando confrontados, e bruscamente maiores quando observado no grupo castrado tradicionalmente (grupo manipulado: P<0.001; grupo diclofenaco: P=0.004).
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4. Análise estatística Os dados foram elaborados estatisticamente por meio do teste ANOVA, repetido com uma proc MIXED (SAS 9.2), avaliando os resultados dos 3 tratamentos e dos 4 diferentes intervalos de observações e correlações presentes. As médias foram confrontadas utilizando o teste de Bonferroni. Para maior amplitude de análise, os dados comportamentais foram analisados também com uma proc GLM para a comparação entre médias. Além disso, as frequências dos vários comportamentos avaliados foram obtidas com a análise GENMOD. Resultados Os comportamentos que obtiveram maior numero de variáveis entre os grupos de tratamentos foram o decúbito esternal com análise GLM, a amamentação sincronizada e a amamentação isolada com análise de frequência GENMOD.
Foto 2. Na mesma leitegada estavam presentes todos os grupos de tratamento para evitar diferenças ligadas a ela, e não ao tipo de tratamento nº 58/2017 | Suínos&Cia
Manejo
Foto 3. Um leitão permanece isolado do resto no momento da amamentação: é um leitão que exprime desconforto potencialmente associado à dor da castração (círculo vermelho) Uma distribuição contrária de frequência foi observada no caso da amamentação sincronizada (Foto 3), com valores do grupo diclofenaco intermediários entre os grupos dos castrados tradicionalmente e dos manipulados (P=0.0187). Para todos os outros parâmetros comportamentais, não foram observadas estatísticas significantes. Das análises do cortisol sérico conclui-se que 30 minutos pós-castração, os manipulados tinham níveis evidentes inferiores em relação aos castrados (18,5 vs 40.8 micrograma/dl; P<0.001). Tais diferenças não foram mais encontradas duas horas depois. Mesmo que 30 minutos depois o cortisol do grupo diclofenaco fosse estatisticamente similar ao grupo dos castrados tradicionalmente (34,8 micrograma/dl P>0.05), considerando a média das duas coletas, o valor médio de cortisol do grupo diclofenaco resulta estatisticamente equivalente ao do grupo manipulado.
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Discussão Os resultados do presente estudo enfatizam como a castração provoca nos leitões alterações comportamentais e fisiológicas associáveis à dor de tipo aguda, como já evidenciado por outros autores (McGlone et al.1993; Taylor et al.2001; Hay et al.2003; Fredriksen et al.2011). Em particular, a manifestação de atividades não específicas e normalmente expressas pelo leitão, como a mamada e o decúbito, resultou significantemente diferente Suínos&Cia | nº 58/2017
entre os grupos castrados sem analgesia (C) e manipulados (M). Os leitões castrados sem analgesia (C) mostraram maior frequência de decúbito esternal em relação ao grupo de manipulados (M), sugerindo que tal postura possa ser um válido indicador de dor pós-castração. Em uma recente revisão sobre a identificação dos comportamentos de dor em animais de produção, Prunier et al 2013 elencam, além da postura e do comportamento correlacionado à dor, o decúbito esternal. Nos suínos, a persistência da característica posição assumida depois da castração foi precedentemente estudada por Hay et al (2003) e Llamas Moya et al. (2008), e resultados semelhantes foram observados em cordeiros (Molony et al 1993, 2002). A hipótese mais provável é que tal posição reduza a percepção de dor, por diminuição da tensão física dos tecidos interessados na castração. O percentual de frequência das amamentações, sejam sincronizadas ou isoladas, revela como os leitões castrados (C) necessitam de menos tempo perto das glândulas mamárias em relação aos manipulados (M), de acordo com o observado por Hav et al. (2003) nas primeiras horas depois da castração. Também Mellor et al. (2000) e Llamas Moya et al. (2008) individualizaram o comportamento adotado nas amamentações com relação à atividade dos leitões, ou sejam, eles se alimentam menos após a castração, com o objetivo de limitar a movimentação ou o contato próximo com os irmãos. Segundo vários autores (Wood et al 1991; Molony et al.1997), o cortisol sérico representa um indicador eficaz da presença e da intensidade do estresse agudo nos animais, principalmente se associado a uma avaliação comportamental (Leslie et al.2010). A importância dos valores de cortisol sérico até 60 minutos após o evento estressante é reportado em muitas outras publicações (Prunier et al.2005; Carroll et al.2006; Marchant-Forde et al.2009; Sutherland et al.2012), nas quais se confirmam como, além deste período de tempo (60 minutos), os níveis de cortisol começam a voltar ao normal, não fornecendo mais indicações representativas. A confirmação destes estudos, com concentração de cortisol no soro, resultou maior nos leitões castrados sem tratamento (C) em relação ao grupo manipulado (M), com uma importante diferença entre os horários de coleta (30 minutos e 2h). O tratamento preventivo com diclofenaco influenciou a resposta dos leitões à castração, seja no que se refere ao comportamento de decúbito, seja no comportamento de sucção, mostrando níveis de frequência intermediarias entre os manipulados e os castrados tradicionalmente. Mesmo que não fossem observados melhoras dos parâmetros hemáticos (30 minutos), a média dos níveis de cortisol entre as duas coletas (30 minutos e 4h) resultou ser igual a dos manipulados. Este resultado sugere uma possível interação entre a farmacocinética do diclofenaco e o tempo de absorção do produto.
Manejo
A concentração do princípio ativo no sangue poderia não ser máxima no momento da castração e na meia hora sucessiva, mas depois chegar a níveis suficientes para determinar uma clara diminuição do cortisol no sangue. Seriam necessários mais estudos sobre o melhor momento da administração de diclofenaco antes da castração para confirmação desta hipótese.
Bibliografia 1. Carroll, J. A., E.L. Berg, T. A. Strauch, M. P. Roberts,and H. G. Kattesh. Hormonal profiles, behavioral responses, and short-term growth performance after castration of pigs at three, six,nine, or twelve days of age. J. Anim. Sci. 2006; vol. 84: pp. 1271-1278. 2. Hay M., Vulin A., Genin S., Sales P., Prunier A. Assessment of pain induced by castration inpiglets: behavioral and physiological responses over the subsequent 5 days. Applied AnimalBehaviour Science. 2003; vol. 82: pp. 201- 218. 3. Leslie E., Hernandez-Jover M., Newman R., Holyoake P. Assessment of acute pain experiencedby piglets from ear tagging, ear notching and intraperitoneal injectable transponders.Applied Animal Behaviour Science 127. 2010: pp. 86-95. 4. Llamas Moya, S. L., L. A. Boyle, P. B. Lynch, and S. Arkins. Effect of surgical castration onthe behavioral and acute phase responses of 5-day-old piglets. Appl. Anim. Behav. Sci. 2008;vol. 111: pp. 133-145. 5. Marchant-Forde J.N., Lay D.C., McMunn K.A Cheng H.W., Pajor E.A., Marchant-Forde R.M.Postnatal piglet husbandry practices and wellbeing: The effects of alternative techniquesdelivered separately. J. Anim. Sci. 2009: vol. 87: pp. 1479-1492. 6. McGlone J.J., Nicholson R.I., Hellman J.M., Herzog D.N. The development of pain in Young pigs associated with castration and attempts to prevent castration induced behavioral changes. Journal of Animal Science. 1993; vol. 71: pp. 1441-1446. 7. Mellor, D.J., Cook, C.J., Stafford, K.J., Quantifying some responses to pain as a stressor.In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CAB International, Amsterdam.2000: pp. 171-198.
Como conclusão, o presente estudo confirma a presença de alterações comportamentais e fisiológicas ligadas ao procedimento da castração, referidas a um estado de estresse e dor aguda. O tratamento analgésico preventivo com diclofenaco parece reduzir tais alterações, sugerindo uma diminuição do estresse induzido pela castração e melhoramento do bem-estar animal.
8. Molony V., Kent J.E., Robertson I.S. Behavioral responses of lambs of three ages in the firstthree hours after three methods of castration and tail docking. Research in Veterinary Science.1993; vol. 55, n. 2: pp. 236-245. 9. Molony V., Kent J.E. Assessment of acute pain in farm animals using behavioral and physiologicalmeasurements. J Anim Sci. 1997; vol. 75: pp. 266-272. 10. Molony V., Kent J.E., McKendrik I.J. 2002. Validation of a method of assessment of an acutepain in lambs. Applied Animal Behaviour Science. vol. 76, n. 3: pp. 215-238. 11. Prunier A., Mounier A., Hay M. 2005. Effects of castration, tooth resection, or tail dockingon plasma metabolites and stress hormones in young pigs. J. Anim. Sci; 83: pp. 216-222.
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12. Prunier A., Mounier L., Le Neindre P., Leterrier C., Mormede P., Paulmier V., Guatteo R.Identifying and monitoring pain in farm animals: a review. Animal: an international jornal of animal bioscience. 2013; vol. 7, n. 6: pp. 998-1010. 13. Sutherland M.A., Davis B.L., Brooks T.A., Coetzee J.F. The physiological and behavioral responseof pigs castrated with and without anesthesia or analgesia. J. Anim. Sci. 2012; vol. 90: pp. 2211-2221. 14. Taylor, A. A., D. M. Weary, M. Lessard, and L. Braithwaite. Behavioral responses of pigletsto castration: The effect of piglet age. Appl. Anim. Behav. Sci. 2001; vol. 73: pp. 35-43. 15. Wood G.N., Molony V., FleetwodWalker S.M., Hogdson J.C., Mellor D.J. Effects of localanaesthesia and intravenous naloxone on the changes in behaviour and plasma concentrationsof cortisol produced by castration and tail docking with tight rubber rings in Young lambs. Research in veterinary science. 1991; vol. 51: n. 2: pp. 193199. nº 58/2017 | Suínos&Cia
Reprodução
Efeitos da utilização de plasma seminal sintético (Predil® MR-A®) no desempenho reprodutivo de porcas Xavier Nascimento Médico-veterinário – Portugal xaviernascimento@hotmail.com
Resumo
C
om o uso da inseminação artificial, muitos dos estímulos do cachaço que promovem uma boa fertilidade e prolificidade são eliminados, comumente o plasma seminal. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da utilização de plasma seminal sintético Predil® MR-A®, antes da IA, no aparelho reprodutivo da porca para melhorar a eficiência reprodutiva. No presente experimento foi feita inseminação artificial pós-cervical com doses seminais de 60 ml em ambos os grupos. No grupo avaliado foi feita a infusão transcervical prévia com plasma seminal sintético Predil® MR-A® a 37oC. A concentração das doses seminais foram de 1,5 x 109 espermatozoides. As porcas inseminadas no presente estudo foram todas multíparas. Os resultados não mostram diferença entre a taxa de gestação e taxa de parição. Porém, em relação tamanho da leitegada, houve uma melhoria no número de nascidos totais e nascidos vivos com mais de 0,99 nascidos totais e mais 0,99 nascidos vivos por leitegada. A maior diferença foi verificada em porcas de partos 3, 4 e 5 que apresentaram 1,36 leitão a mais nascido total e 1,2 a mais nascidos vivos por leitegada. Não houve diferença quanto ao número de nascidos mortos. O resultado desse estudo, quando utilizado o plasma seminal sintético previamente à IA, representou um aumento de 7,6% no número de nascidos totais e 8,6% quanto aos nascidos vivos.
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alcançar uma boa fecundação. Além disso, tem o objetivo de alcançar o máximo de rentabilidade reprodutiva do cachaço, que é a produção de um número elevado de doses seminais por ejaculado (até 40 doses), o que leva à redução acentuada do volume de plasma seminal (PS) em cada dose. O PS é uma das partes do sêmen, tendo na sua composição diferentes constituintes que influenciam na atividade uterina da porca, bem como a motilidade dos espermatozoides após a inseminação. Contudo, como aumenta o metabolismo dos espermatozoides durante a sua conservação e visto que as diferentes frações do sêmen são distinguíveis visualmente, grande parte do seu volume é rejeitada durante a coleta. Neste contexto, tem surgido novas estratégias para aumentar o desempenho reprodutivo de porcas inseminadas artificialmente, por meio da infusão uterina de compostos que estimulam o útero e o movimento dos espermatozoides. Alguns
Introdução Apesar das várias vantagens, o uso da inseminação artificial (IA) em substituição à monta natural (MN) apresenta algumas desvantagens. Uma delas é a eliminação do contato entre a porca e o cachaço, reduzindo-se muitos dos estímulos durante e após a cópula, que influenciam na atividade fisiológica da fêmea, que se faz necessário para Suínos&Cia | nº 58/2017
Figura 1 – Predil® MR-A®
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dos compostos investigados são oxitocina, prostaglandinas, estrogénios e o plasma seminal sintético (PSS). O produto utilizado neste estudo, o Predil® MR-A®, é o único PSS atualmente comercializado no mercado que foi desenvolvido com base na composição do PS do cachaço. O Predil® MR-A® tem como principal objetivo induzir os mesmos efeitos benéficos que o Plasma Semial Natural apresenta na atividade uterina ena motilidade espermática. Materiais e Métodos Neste ensaio foram inseminadas 174 porcas F1 (LargeWhite x Landrace) com pelo menos uma e, no máximo, nove parições (gráfico 1). Apenas foram incluídas porcas com IDE compreendido entre os 4 a 6 dias. A distribuição do número de partos ao desmame foi feita de forma a assegurar a uniformidade de ambos os grupos do ensaio (tabela I). As marrãs foram excluídas da amostra devido à grande variação individual que apresentaem relação ao comportamento de cio e ao desempenho reprodutivo (taxa de parto e prolificidade). As porcas com avaliação de condição corporal (CC) ≤ 2,0 (escala de 1-5) não entraram no ensaio. O sêmen utilizado na IA foi coletado de um único cachaço RAM2 (Pietran x Duroc), todas às segundas-feiras pela manhã. A elaboração das doses foi realizada no laboratório da propria granja. A diluição da dose foi na proporção de 1:10 do sêmen, com diluente comercial MR-A®. A detecção de cio foi feita por um funcionário, duas vezes por dia, utilizando a presença do cachaço. Nas fêmeas, quatro dias pós desmame, foram observadas as características da vulva (edemaciada e hiperêmica) e da aplicação de pressão no dorso da porca (reflexo de tolerância ao homem). Em cada semana, todas as porcas do ensaio foram inseminadas com sêmen da mesma coleta, por meio de inseminação artificial pós-cervical (IAPC). Nas porcas do grupo-teste (CP), foi introduzido, por meio do cateter, o Predil MR-A® (30 ml)(fig.1) à temperatura de 37oC a 40oC, imediatamente antes da inseminação. No grupo-controle (SP), apenas foi feita a infusão da dose seminal (60 ml). A confirmação da gestação realizou-se entre os dias 22 - 25 após a IA, com o recurso da ecografia transabdominal por ultrassonografia B-Mode em tempo real. Para determinar a significância estatística dos resultados utilizou-se o teste t e considerou-se um intervalo de segurança de 95% (valores p<0,05 foram considerados significativos).
Gráfico 1: Distribuição do número de partos anteriores nas porcas utilizadas no ensaio
Grupo-controle
Grupo-teste
87
87
3,74 ± 2,09
3,78 ± 2,00
N º de porcas N º de partos (média ± D.P.)
Tabela I - Média (± D.P.) de paridade das porcas usada nos dois grupos do ensaio
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RESULTADOS TAXA DE GESTAÇÃO SP (82/87)
CP (83/87)
p
93,1%
94,2%
>0,05
Tabela II – Taxa de gestação das porcas nos dois grupos em estudo SP (N=81)
CP (N=80)
p
Nascidos vivos
11,99 ± 2,81
12,98 ± 2,25
<0,05
Nascidos mortos
1,11 ± 1,28
1,11 ± 1,31
1
Nascidos totais
13,10 ± 2,68
14,09 ± 2,33
<0,05
Tabela III – Média do número de NV, NT e NM
Discussão No que se refere à taxa de gestação, apesar de ser superior no grupo CP (+1%), não existe diferença significativa (p>0,05) entre os grupos. A mesma melhoria foi registada em estudos anteriores com IAIC e PSS1. Em outro ensaio2, com IAPC e PSS, verificou-se um aumento de 79,07% (SP) para 84,07% (CP), contudo, a diferença também não foi estatisticamente significativa. Deve-se constar também que os valores da taxa de gestação obtidos nesse ensaio estão abaixo do desejável em nº 58/2017 | Suínos&Cia
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O número de NM por porca/parto foi semelhante em ambos os grupos (1,11), enquanto a taxa de mortalidade média ao parto situou-se nos 7,9% no grupo CP, e no SP rondou os 8,5%. Apesar de não ser esperada, a semelhança no número de NM não deixa de ser positiva. O aumento da prolificidade acarreta maiores cuidados na maternidade durante os partosporque quanto mais leitões nascem, mais prolongados são os partos, logo, mais NM são esperados. Sendo assim, o manejo na maternidade parece que foi adequado,à medida em que se conseguiu responder a um aumento da prolificidade sem que isso significasse um aumento de NM.
uma exploração suinícola. Uma possível explicação para uma diferença menor neste estudo seria que o aumento da taxa de gestação em porcas tratadas com PSS poderá ser mais evidente num efetivo com desempenho reprodutivo mais fraco, não se verificando a mesma tendência em outros ensaios com taxas de gestação acima do valor mínimo recomendado, como se verificou em ambos os grupos deste estudo.
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A utilização do PSS melhora o desempenho reprodutivo da porca, verificando-se um aumento no número de NT e NV no grupo CP. As variações nas médias de NT entre os grupos SP e CP foi estatisticamente significativa (p<0,05). De acordo com os resultados obtidos, registrou-se um aumento de 7,6% no número de NT nas porcas do grupo CP, correspondendo, em média, a mais 0,99 leitão por porca/parto, o que, multiplicado pelo número de partos/porca/ano (2,4) e pelo número de porcas que constituem o efetivo reprodutor (191), representa um acréscimo de aproximadamente 453 NT na produção anual da exploração. A utilização do PSS representaria, então, um aumento de 6.005 NT/Ano para 6.458 NT/ano. Considerando uma taxa de mortalidade na maternidade de 15% (valor máximo aceitável), esse encremento corresponde a um aumento de 385 leitões desmamados/ano. Relativamente ao número de NV, verifica-se que é superior em 8,6% no grupo CP, o que significa, em média, mais 0,99 leitão vivo por porca/ parto. Este resultado é bastante positivo e significa que o aumento de NT no grupo CP foi acompanhado por um aumento de NV, e não de NM. Suínos&Cia | nº 58/2017
Tendo em conta os métodos do ensaio, três fatores devem ser considerados para explicar o aumento do número de NT e NV no grupo CP. Primeiro deve-se considerar a ação dos componentes existentes no PSS. Analisando a sua composição, destaca-se a função da hipotaurina. Esta, já referida em estudos anteriores, além da sua capacidade antioxidante, induz o movimento dos espermatozoides3. Desta forma, as células espermáticas chegam ao oviduto mais rapidamente e em maior número, aumentando o número de óvulos fecundados. Este é o único composto do produto que poderá explicar os resultados obtidos, à medida que o PSS, contrariamente ao PS natural, não contém estrogênios nem as proteínas envolvidas em muitos dos fenômenos após a MN. Outras duas variáveis poderão influenciar esta melhoria nos resultados da prolificidade: o volume total inseminado e a temperatura. Estes fatores deviam ter sido estudados neste ensaio, de forma a clarificar o efeito do PSS, por meio da infusão transcervical de 30 ml de diluidor comercial MR-A® (utilizado na exploração) a 37oC, antes da IA, nas porcas do grupo SP. De fato, no grupo CP, além da dose seminal (60 mL), foram introduzidos 30 ml de PSS, o que perfaz um volume total de 90 ml. No grupo SP, esse volume foi mais reduzido, visto que apenas se inseminou com a dose seminal (60 ml). Na IAPC, ainda é pouco claro até que ponto o volume da dose seminal influencia no número de espermatozoides que alcança o oviduto, visto que os estudos existentes apresentam resultados contraditórios. Segundo alguns autores 4,5, um volume maior de sêmen parece acelerar o transporte de espermatozoides do corpo uterino para a terminação dos cornos uterinos e pode, assim, reduzir a fagocitose dos espermatozoides, aumentando o número de células espermáticas viáveis no momento da fertilização no oviduto. Isto é particularmente importante quando a IA é feita muito antes da ovulação. Outros autores6 referem-se, por outro lado, que um excessivo
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grau de diluição durante a conservação (dose com muito volume e poucos espermatozoides) prejudica a funcionalidade espermática e, com isso, a sua posterior fertilidade e prolificidade. Assim, o ideal seria aumentar o volume durante o processo de IA, por meio da adição de um líquido que induza a motilidade espermática5. O PSS enquadra-se nesta descrição ao proporcionar um aumento de volume inseminado no útero da porca, bem como ao aumentar a motilidade espermática. No que se refere ao fator temperatura, não existe consenso relativamente às vantagens da utilização de sêmen aquecido (37oC). A maioria dos autores considera que a aplicação de sêmen a 18oC no útero da porca não interfere com a fertilidade nem com a prolificidade. Contudo, tendo em conta a anatomia do trato reprodutivo da porca, é possível fazer uma inferência ponderada relativamente a este assunto. A infusão de Predil® MR-A®,bem como da dose seminal, ambos à temperatura de 37oC, é certamente vantajosa. Com a utilização do PSS, a introdução da sonda ao longo do cérvix torna-se mais fácil, e a IA é precedida por um estímulo certamente relaxante e indutor da motilidade uterina. Seguidamente, a infusão da dose seminal processa-se mais rapidamente, reduzindo-se a duração de cada IA. Estes aspetos abrem portas a novas investigações para avaliar se a infusão uterina de 30 ml de diluidor comercial MR-A® num grupo-controle e de 30 ml de PSS num grupo-teste, a 37oC, produz diferentes resultados no desempenho reprodutivo das porcas dos dois grupos. Isto porque, com relação à composição, o diluidor MR-A® pouco difere do Predil® MR-A®. Contrariamente ao PSS, o diluidor MR-A® contém antibióticos, no entanto, não contém hipotaurina na sua composição. Ambos têm substratos energéticos para os espermatozoides, bem como substâncias responsáveis pela manutenção osmótica do sêmen. Conclusões Este estudo permitiu concluir que a infusão uterina de 30 ml do PSS Predil® MR-A®, imediatamente antes da IAPC, em porcas multíparas, resultou: a) No aumento (p<0,05) de 7,6% e 8,6% do número de NT e NV por porca, respetivamente. b) Na manutenção das taxas de gestação e de partos.
Bibliografia 1. Garcia Ruvalcaba, J.A, Pallás Alonso, R., Hernández-Gil, R., Dimitrov, S. (2009). The use of synthetic seminal plasma (Predil MR-A) as a method to facilitate procedures with cervical and post-cervical artificial insemination of sows. Trakia Journal of Science, 1(1).
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2. Dimitrov, S. (2012). Postcervical artificial insemination of sows in combination with synthetic seminal plasma (Predil MR-A®). Contemporary Agriculture, 61(3-4), 169-174. 3. Donnelly, E.T., McClure, N., Lewis, S.E.M. (2000). Glutathione and hypotaurine in vitro: effects on human sperm motility, DNA integrity and production of reactive oxygen species. Mutagenesis, 15(1), 61-68. 4. Alba Romero, C. (2013). La inseminación intrauterina en cerdos: beneficios y riesgos. AVANCES, 10 (101), 17-24. 5. Aleu, J.R. (2015). 3stres3.com: la página del cerdo. Acedido em Mai. 28. 7, 2015, disponível em: https://www. pig333.com/what_the_experts_say/ swine-ai-which-technique-to-use-andhow-many-sperm-per-dose_8498/ 6. Dubé, C., Beaulieu, M., Reys-Moreno, C., Guillemette, C., Bailey, J.L. (2004). Boar sperm storage capacity of BTS and Androhep Plus: viability, motility, capacitation, and thyrosine phosphorylation. Theriogenology, 72, 874886. nº 58/2017 | Suínos&Cia
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Fatores que contribuem para o alto desempenho reprodutivo de porcas em rebanhos comerciais PhD Yuzo Koketsu Médico-veterinário, Professor, School of Agriculture Meiji University, Japão koket001@meiji.ac.jp
Introdução
C
om a tecnologia de informação são coletados e armazenados muitos dados dos rebanhos comerciais. As novas tecnologias estão expandindo as possibilidades de coleta de dados, intercâmbio de informações, colaboração e análises. A utilização de tudo isso, contudo, tem sido limitada. A análise dos dados da granja pode ajudar veterinários e produtores a identificar um problema de produção até então não reconhecido e tomar uma melhor decisão sobre as possíveis soluções. Além disso, a análise de dados poderia aumentar a disseminação de informações úteis para melhorar a produtividade e os resultados nos plantéis de reprodução. Poderiam ser identificados fatores importantes associados ao desempenho reprodutivo a fim de maximizá-lo, no que diz respeito às reprodutoras. Neste trabalho analisamos fatores associados ao desempenho das porcas e à produtividade do plantel em rebanhos comerciais. Os fatores incluem ambas as situações: nos níveis de porcas e plantel. Com relação aos fatores relacionados às porcas, existem os de risco e outros. O desempenho reprodutivo não é uma doença, e há um caso em que o fator de risco não é um termo apropriado. Por exemplo, o LNV (leitões nascidos vivos) não é um fator de risco, mas sim um fator preditivo para a prolificidade das porcas durante toda sua vida produtiva (Iida et al., 2015). Os fatores no nível do plantel incluem rebanhos de alto desempenho, fatores de manejo e o tamanho dos rebanhos. Além disso, os fatores relativos aos cachaços devem ser considerados para melhorar o desempenho reprodutivo das porcas.
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A. Quarenta leitões desmamados/porca/ano O número de leitões desmamados/porca/ ano (LDPA), é comumente utilizado como uma medida de comparação para confrontar a produtividade dos plantéis de reprodutores entre rebanhos ou países. Os valores-alvo para LDPA aumentaram de 20 para 30 leitões nas últimas três décadas, sendo Suínos&Cia | nº 58/2017
40 LDPA o provável próximo objetivo da suinocultura. Para atingir 40 LDPA será necessário obter tanto 17,3 leitões desmamados por porca quanto 2,3 leitegadas por porca/ano, assumindo, também, 28 dias de lactação, 115 dias de gestação e 36 dias não produtivos por porca (Dial et al., 1992; Almond et al., 2006). É provável que a genética e o manejo das porcas possam aumentar o LDPA em até 40 leitões em um futuro próximo. No entanto, embora o LDPA seja uma boa medida para avaliar a produtividade de rebanhos no curto prazo, não é a melhor medida para a longevidade e nem para o bem-estar de leitões e porcas. Há uma preocupação com relação ao fato de que os rebanhos com 40 LDPA possam produzir muitos leitões pequenos. Assim, o bem-estar dos leitões poderá ser comprometido se aumentarmos geneticamente a prolificidade da porca até um nível tão alto, a menos que a melhoria genética seja direcionada para aumentar a sua capacidade uterina, o número de tetas funcionais e a produção de leite.
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B. Desempenho reprodutivo em rebanhos comerciais Desempenho reprodutivo da porca Na árvore de produtividade dos rebanhos de reprodutores (Dial et al., 1992), existem dois ramos: um é o número de leitões desmamados por porca, e o outro é o número de leitegadas/porca/ ano. O número de leitões desmamados depende do número de leitões nascidos vivos e da mortalidade no pré-desmame. O número de leitegadas/ porca/ano, depende dos dias não produtivos/porca e da extensão dos períodos de lactação e gestação. O desempenho reprodutivo da porca inclui tanto a Taxa de Parto (TP) como o intervalo do desmame/cio (IDC). Já a prolificidade, por exemplo, se refere a LNV (leitões nascidos vivos). Em termos de fertilidade, o número de leitegadas/porca/ano é afetado pela TP e pelo IDC, bem como pelo intervalo de uma segunda inseminação por retorno de cio e pela taxa de retorno ao cio, por meio de seus efeitos sobre os dias não produtivos. Por sua vez, a prolificidade é determinada pelos efeitos do LNV e da mortalidade pré-desmame sobre o número de leitões desmamados. No entanto, a mortalidade de porcas está relacionada com a fertilidade, pois quando aumenta a mortalidade eleva o referido índice e também os dias não produtivos, o que diminui a fertilidade ao longo da vida. A ocorrência de abortos nos rebanhos comerciais também aumenta o número de dias não produtivos de marrãs e porcas (Lida et al., 2016). Desempenho ao longo da vida A vida média de uma porca, nos países do sul da Europa e no Japão, é de, aproximadamente, 1.000 dias. É importante para os produtores de suínos que o potencial reprodutivo durante a vida da porca seja maximizado, a fim de diminuir os custos de produção e a ineficiência econômica dos rebanhos de reprodução comerciais (Stalder et al, 2012). O desempenho ao longo da vida inclui a longevidade, que é medida por meio do número de partos ou da idade de corte ou remoção, além do LNV, LD (leitões desmamados), dos dias não produtivos (Sasaki et al, 2011) ao longo da vida produtiva da porca. O LNV e vida útil anualizado é uma medida de prolificidade integrada para porcas, que combina o LNV e com os dias não produtivos ao longo da vida. Em contrapartida, o número anualizado de leitões desmamados pode ser considerado como
uma medida integrada da produtividade reprodutiva ao longo da vida da porca, que combina o seu desempenho (exemplo, LNV e mortalidade no prédesmame) com o manejo da lactação, incluindo técnicas de cuidado com os leitões até o desmame e técnicas de adoção. Por exemplo, o número anualizado de leitões nascidos vivos por porca é calculado como sendo o número de leitões nascidos vivos, dividido pelos dias de vida reprodutivos da porca no plantel, multiplicado por 365 dias. Os dias de vida reprodutivos da porca no plantel correspondem ao número de dias a partir da data em que ela foi inseminada pela primeira vez até a sua remoção do plantel. Para as fêmeas de reposição, a data da primeira inseminação parece ser mais apropriada do que a data de entrada no plantel, pois a referida data costuma variar entre os rebanhos.
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C. Fatores de informações da porca, para o seu desempenho Paridade baixa ou alta As fêmeas de baixa paridade, especialmente as fêmeas de primeira gestação e as porcas de primeiro parto, apresentam menor desempenho reprodutivo em comparação com as porcas de parto 2 a 5, além de uma TP menor, nível mais alto de retornos ao cio, LNV mais baixo e Intervalo Desmame/Cio mais elevado. À medida que a ordem de partos aumenta, o desempenho reprodutivo também melhora, atingindo um pico entre os partos 2 a 5, antes de declinar. Por exemplo, o LNV é mais alto entre os partos 3 e 5, enquanto a TP é mais alta entre os partos 2 e 4. As porcas de paridade 1 também têm um IDC prolongado, o que pode ser explicado pela imaturidade do sistema endócrino nas fêmeas jovens em crescimento e pela sua baixa ingestão de ração durante a fase de lactação, o que nº 58/2017 | Suínos&Cia
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diminui a secreção de LH (Koketsu et al., 1996a), levando a um crescimento folicular restrito em seus ovários. Porcas de parto 1, em rebanhos de reprodução comerciais, podem não consumir nutrientes e energia suficientes para crescer e atingir o seu nível de desempenho reprodutivo maduro adequado. Porcas mais velhas também apresentam menor desempenho reprodutivo, em comparação com as de partos 2 a 5. Existem várias razões para esse menor desempenho. Como exemplo, podemos citar o fato da taxa de ovulação e fertilização diminuírem em porcas mais velhas. Além disso, a mortalidade embrionária, as perdas de gestação e o número de leitões natimortos aumentam, devido à resposta mais lenta às demandas de espaço uterino por fetos em crescimento e aos estímulos dos processos de parto (Almond et al., 2006). Adicionalmente, porcas mais velhas (partos igual ou maior a 5) e também marrãs têm maior risco de abortarem, em comparação com porcas de parição 3 a 5 (lida et al., 2016).
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Fatores sazonais ou climáticos Os índices que medem a fertilidade e a prolificidade tendem a diminuir durante os meses de verão. Por exemplo, a TP é mais baixa no verão, assim como também o LNV de porcas cobertas nessa época, em comparação às porcas inseminadas no inverno ou na primavera. Defende-se a hipótese de que a redução do desempenho reprodutivo no verão ocorra por meio da combinação das altas temperaturas características dessa estação, o que levaria à redução na secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), prejudicando o desenvolvimento do folículo ovariano e levando ao comprometimento das funções do corpo lúteo, que passaria a secretar concentrações mais baixas de progesterona (Bertoldo et al., 2012). Suínos&Cia | nº 58/2017
Diversos estudos têm destacado fatores climáticos importantes relacionados a esses efeitos sazonais, incluindo temperatura máxima e mínima diária, umidade e fotoperíodo. Os dados climáticos de estações meteorológicas localizadas próximas de rebanhos estudados têm sido usados para quantificar a associação entre as altas temperaturas e o desempenho das porcas (Tummaruk, 2012; Bloemhof et al., 2013; lida and Koketsu, 2013, 2014b). Por exemplo, o aumento da temperatura externa diminui a TP e o número total de leitões nascidos, enquanto aumenta retornos ao cio, IDC e mortalidade. Além disso, o impacto do efeito do verão ou da temperatura exterior sobre o desempenho reprodutivo varia, dependendo do número de partos. Um estudo prévio mostrou que, à medida que a temperatura externa aumentou de 25oC para 30oC, o número total de leitões nascidos no parto 1 decresceu 0,6 na parição subsequente da mesma fêmea, enquanto que para as marrãs as diminuições no parto subsequente foram apenas de 0,2 leitões (Iida and Koketsu, 2014b). Outro exemplo diz respeito ao IDC nas porcas de parição 1, que aumentou em 0,8 dia, enquanto a temperatura máxima diária subiu de 25oC para 35oC; já nas parições 2 ou mais, o aumento no IDC foi de apenas 0,3 dia. (Iida and Koketsu, 2013). Estes resultados indicam que as porcas de parto 1 são mais sensíveis a tais mudanças de verão em comparação às marrãs ou porcas de segundo ou mais partos. Este tipo de sensibilidade parece estar relacionado com a imaturidade do sistema endócrino nas fêmeas de parição 1 e também à baixa ingestão alimentar nessa fase (durante a lactação). Consumo de ração durante a lactação e seus padrões O menor consumo de ração durante a fase de lactação implica em várias consequências, entre elas menor peso ao desmame, IDC prolongado, baixa TP, maior número de retornos ao cio ou a mais porcas reinseminadas devido a falhas reprodutivas e um menor número de leitões nascidos vivos (LNV), na parição subsequente (Koketsu et al., 1996b). Este é, particularmente, o caso de porcas de parição 1 na qual a baixa ingestão de ração durante a lactação é um fator prejudicial, relacionado ao desempenho reprodutivo no pós-desmame, assim como ao IDC e à TP. Alguns padrões de ingestão de alimento durante a lactação (por exemplo, maior declínio no consumo) estão relacionados com um IDC prolongado e com mais porcas reinseminadas devido a falhas reprodutivas. No entanto, a extensão do período de lactação e os sistemas de alimentação automáticos avançados para porcas lactantes podem alterar esses riscos para o desempenho reprodutivo.
Reprodução
Duração da lactação Tem havido uma preocupação com relação aos sistemas de desmame precoce, nos EUA, os quais parecem estar associados a um desempenho reprodutivo inferior ao padrão esperado para as porcas, trazendo como consequência TP mais baixos, IDC mais prolongados e menores índices de LNV no parto subsequente (Koketsu et al., 1998). Além disso, períodos de lactação mais curtos diminuem proporcionalmente a ingestão média de ração durante a lactação. No entanto, desde o ano 2000, a suinocultura norte-americana tem se movido do desmame precoce para o aumento na duração do período de lactação (Knauer and Hostetler, 2013), buscando melhorar o desempenho do crescimento dos leitões de creche e dos animais de terminação. Há que se considerar também que, na União Europeia, o desmame de leitões com menos de 28 dias de idade está proibido desde 2013 (Comissão Europeia: Animal Welfare Practices, 2015). Enquanto isso, há outra preocupação com relação ao fato de que algumas porcas em lactação prolongada perdem a sua reserva corporal devido à alta produção de leite, prolongando o IDC e baixando a TP. Número de inseminações ou coberturas A determinação do número ideal de inseminações está relacionada com a otimização do desempenho reprodutivo e a minimização dos custos. A inseminação única, devido, em parte, ao atraso no tempo, está relacionada com a baixa TP (Kaneko et al., 2013). Inseminar duas vezes com a detecção precisa do cio é mais eficaz, em termos de custo, do que fazer três inseminações tradicionais, em função dos custos da mão de obra, do sêmen e do catéter (Takai et al., 2010). O uso de um antagonista do hormônio GnRH, administrado por via intravaginal na forma de gel, demonstrouse bastante eficaz no avanço e na sincronização da ovulação (Knoxe et al., 2014). Com esta tecnologia, uma única inseminação tem sido praticada na suinocultura dos EUA, permitindo a redução dos custos e a manutenção do desempenho reprodutivo semelhante, obtido com inseminações múltiplas. Período periparto ou o evento do parto A mortalidade de porcas é um indicador da saúde materna e do bem-estar dos animais. O parto é um importante fator de risco para as porcas em todas as paridades e estações do ano. Um estudo anterior demonstrou que aproximadamente 68% das mortes de porcas ocorrem no período entre 4 semanas antes do parto e 4 semanas após
o parto (Iida e Koketsu, 2014 a). À medida que o número de partos aumenta, o risco de mortalidade para as porcas também aumenta. Assim, porcas velhas e de alta paridade (por exemplo, paridade 6 ou mais), no período periparto, possuem maior risco de virem a óbito (Sasaki e Koketsu, 2008). Também tem sido demonstrado que em zonas climáticas subtropicais os aumentos de mortalidade em porcas de paridade baixa acentuam-se durante o verão; já no caso de porcas mais velhas, esse aumento ocorre durante o inverno (Iida and Koketsu, 2014a). Parece que as fêmeas de paridade inferior e que têm ainda o organismo imaturo são as mais sensíveis à temperatura ambiente elevada, em comparação com as porcas multíparas. Os suínos são particularmente susceptíveis ao estresse causado pelo calor porque têm um sistema cardiovascular fraco e glândulas sudoríparas limitadas (Frazer, 1970). Torções nos órgãos abdominais internos e insuficiência cardíaca são as principais causas de morte em fêmeas suínas (Stalder et al., 2012). Problemas cardiovasculares semelhantes podem ocorrer em mulheres: por exemplo, a miopatia miocárdica periparto é relatada como sendo um distúrbio no qual, inicialmente, ocorre disfunção sistólica ventricular esquerda e insuficiência cardíaca (Silwa et al., 2006). As porcas mais velhas são mais sensíveis às baixas temperaturas em comparação às fêmeas de baixa paridade, em zonas climáticas subtropicais (lida e Kokatsu, 2014a). Nos seres humanos, a prevalência de hipertensão gestacional, préeclampsia e eclampsia também é maior nos partos que ocorrem nos meses de inverno (TePoel et al., 2011). Tais doenças podem estar relacionadas a respostas de porcas velhas ao frio ou a grandes variações na temperatura diária durante o inverno. Adicionalmente, em áreas de clima subtropical, tanto as instalações para suínos como os sistemas de aquecimento e isolamento das granjas parecem ser insuficientes para atender às necessidades desses animais.
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Intervalo desmame-cobertura (IDC) O IDC é uma medida de desempenho reprodutivo associada com o LNV, a TP e os retornos ao cio. As porcas com um IDC curto, que são cobertas/ inseminadas entre 3 e 6 dias após o desmame, têm maiores índices de TP e de LNV, em comparação com aquelas inseminações entre 7 e 20 dias após o desmame (Hoshino and Koketsu, 2008; Tummaruk et al., 2010). O IDC tende a aumentar em períodos de lactação curtos e devido ao baixo consumo de ração durante a fase de lactação (Koketsu et al., 1996b). Além disso, o IDC prolongado está relacionado com uma curta duração do estro e com um intervalo menor entre o início do estro e a ovulanº 58/2017 | Suínos&Cia
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ção (Weitze et al., 1994; Kemp and Soede, 1996). Uma consequência disso é o aumento do risco de se cobrir/inseminar em um período no qual o desempenho reprodutivo é ainda inferior ao padrão esperado para as porcas (período sub-ótimo), o que pode ser uma das principais causas de baixa TP e baixo LNV. Conforme mencionado anteriormente, a utilização de um antagonista do hormônio GnRH, aplicado nas porcas por via intravaginal, facilita a inseminação de dose única em tempo fixo nas porcas desmamadas. Caso esta prática tornese comum, o IDC talvez venha a se tornar um fator menos importante para a avaliação do desempenho reprodutivo. Número de leitões nascidos vivos (LNV) O LNV, na paridade 1, é um fator que pode ajudar os produtores a identificar as porcas altamente prolíficas numa fase inicial (lida et al, 2015). O LNV de uma porca é determinado por fatores ambientais ou de manejo e pelo potencial genético (Hoving et al., 2011). As porcas que têm um LNV elevado no primeiro parto tipicamente manifestam um LNV elevado em todas as ordens de parições subsequentes e têm o TP elevado até a parição 3. Estas porcas altamente prolíficas também costumam ter um elevado desempenho reprodutivo ao longo da vida.
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Peso ao nascer e taxa de crescimento prédesmame Os índices de origem, em porcas, incluem seus pesos ao nascer e suas taxas de crescimento pré-desmame. Marrãs com menor idade, na puberdade, têm pesos ao nascer mais elevados e maior crescimento pré-desmame (Vallet et al., 2016). Estas características podem afetar o desempenho re-
produtivo subsequente das porcas. O crescimento no pré-desmame é afetado pela produção de leite da porca, enquanto pesos de nascimento mais elevados estão associados a um número menor de leitões nascidos na leitegada. Número de leitões desmamados Um aumento no número de leitões desmamados ou no peso da leitegada no desmame poderia prejudicar o desempenho reprodutivo de uma porca no pós-desmame devido a um aumento na condição de sua perda de reservas corporais, na fase de lactação. Dessa forma, o uso de técnicas de adoção de leitões e de manejo de desmame prejudicam o estado metabólico das mesmas, diminuindo o seu desempenho reprodutivo no pós-desmame (Quesnel et al., 2007). Também as porcas que recebem 3 ou mais leitões para adoção teriam o seu IDC prolongado (Usui and Koketsu, 2013). Idade das marrãs na primeira cobertura (IPC) O desenvolvimento e o manejo de marrãs são procedimentos importantes para otimizar o desempenho reprodutivo delas como porcas. É útil registrar a idade das marrãs por ocasião do primeiro cio e as datas dos cios não utilizados para o desenvolvimento e o manejo adequado. Esses parâmetros, no entanto, são pouco registrados nos rebanhos comerciais de suínos norte-americanos, enquanto, em contrapartida, a IPC (idade de primeira cobertura) é comumente registrada (Patterson et al., 2010). Portanto, a IPC é também um fator a ser considerado na análise dos índices de LNV e do desempenho ao longo da vida, em plantéis comerciais. O aumento da IPC está associado ao aumento do LNV, no primeiro parto (lida et al., 2015). Nos EUA, no sul da União Europeia e no Japão, uma IPC atípica de aproximadamente 240 dias tem sido praticada com o objetivo de aumentar o peso corporal e as reservas corporais das fêmeas de reposição a serem utilizadas primeiro. Número de leitões natimortos Por definição, leitões natimortos são aqueles que estavam vivos no início do processo do parto, mas que morreram durante o mesmo (Dial et al., 1992). Na prática, leitões natimortos são classificados como leitões encontrados mortos atrás da porca, sem sinais de decomposição e no primeiro exame após o parto, em rebanhos comerciais (Vanderhaeghe et al., 2013). Como a IPC ou o IDC, o número de leitões nascidos mortos é um fator importante no desempenho da
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porca, estando relacionado a outros aspectos da sua performance reprodutiva. Por exemplo, verificou-se que o risco de aborto para porcas está associado às porcas com leitões natimortos (Iida et al., 2016). Tal associação entre o aumento de abortos e o número de leitões natimortos pode ser explicada pela presença de agentes infecciosos, como o parvovírus suíno e o vírus da PRRS (Almond et al., 2006). D. Informações do rebanho Informações do rebanho correspondem a vários fatores úteis que caracterizam um sistema de produção. Características do plantel, práticas de manejo, sistemas de produção e tipos de instalação podem ser todos analisados como informações do rebanho. Tamanho do plantel O tamanho do plantel indica quão avançado é o sistema de produção, incluindo o montante de investimento, a qualidade das instalações, dos recursos humanos e o melhoramento genético. Rebanhos mais numerosos costumam ser associados a um número de leitões desmamados/porca/ano (LDPA) elevado (King et al., 1998). O tamanho do plantel em si não parece aumentar diretamente o LDPA, mas granjas de grande porte tendem a ser capazes de contratar mais trabalhadores especializados e a utilizar melhores instalações, em comparação com as menores. Além disso, pode haver um melhoramento genético mais rápido e um sistema de produção mais adequado, em plantéis maiores. Plantéis de alto desempenho O conceito de rebanhos de alto desempenho está relacionado com o benchmarking ou a aferição das melhores práticas e tem sido utilizado para fornecer valores para metas de desempenho e eficácia (Koketsu, 2007). Os plantéis podem ser categorizados em dois grupos, com base no LDPA: plantéis de alto desempenho e comuns. Nos países do sul da Europa, os rebanhos de alto desempenho têm uma TP de 4% a 7% mais elevada e possuem de 4% a 6% menos possibilidade de risco de retornos ao cio, em comparação aos rebanhos comuns. Consequentemente, esses plantéis de alto desempenho têm menos dias não produtivos, tais como intervalos entre reinseminações ou coberturas e intervalos entre descartes. Além disso, os rebanhos de alto desempenho têm 0,6 a 0,9 leitão a mais em seus índices de LNV e 0,8 a 0,9 leitão desmamado a mais, em comparação por paridades com os re-
banhos comuns. No que diz respeito ao manejo de refugos, os plantéis de alto desempenho têm taxas de refugagem mais baixas nas parições de 1 a 5 e mais elevadas nas paridades 6 ou mais, comparadas com as de rebanhos comuns. Fatores de manejo do plantel As informações relativas aos fatores de manejo do plantel podem ser coletadas por meio de um questionário. O inquérito pode recolher informações sobre programas de desenvolvimento de marrãs, horários de inseminação, manejo de partos e lactação, espaço entre partos, orientações sobre descartes e assim por diante. A análise dessas informações sobre o manejo de rebanhos mostra que naqueles nos quais realiza-se a primeira cobertura/inseminação imediatamente após a primeira detecção de cio nas marrãs, ou dentro de 6 a 12 horas após nas porcas, o TP é maior, em comparação com aqueles em que a cobertura/inseminação ocorre mais tarde (Kaneko et al., 2013). Além disso, a análise mostrou que a IPC das marrãs, em plantéis que adotam o contato direto com o cachaço, foi 14 dias menor, em comparação aos rebanhos que promovem esse contato indireto (Kaneko and Koketsu, 2012). Outro achado da análise de manejo de rebanho é que os intervalos atuais de descartes para marrãs e porcas cobertas/ inseminadas são pelo menos 30 dias mais longos do que os intervalos de descartes recomendados (Sasaki and Koketsu, 2012).
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Variabilidade dentro do plantel para o número de fêmeas cobertas/inseminadas ou para a estrutura etária Um fluxo consistente de suínos por meio da instalação de produção torna-se mais importante à medida que os sistemas de produção tornamnº 58/2017 | Suínos&Cia
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se mais padronizados. Usando uma medição que considera o grupo de fêmeas em rebanhos de reprodutores, a variabilidade dentro do plantel, no fluxo de animais em uma operação de reprodução, pode ser medida como sendo o número de fêmeas cobertas/inseminadas por semana durante um período de 52 semanas. A grande variabilidade dentro do plantel, no número de fêmeas cobertas/inseminadas 16 a 19 semanas antes, está associada a uma TP anual mais baixa, ao aumento de dias não produtivos e à diminuição da produtividade reprodutiva do rebanho (Koketsu et al., 1999), além da utilização do espaço reservado às parições (Koketsu et al. 2015). Os plantéis que têm uma estrutura etária estável ao longo de dois anos têm uma TP mais elevada do que aqueles em que a estrutura etária é instável (Koketsu, 2005a). Isso porque os rebanhos com estrutura etária estável tiveram proporções mais elevadas de porcas com paridades 3 a 5 e uma proporção menor de marrãs, em comparação aos plantéis com estrutura etária instável. Portanto, em rebanhos de reprodutores, a variabilidade dentro do plantel afeta a eficiência da operação. Número de espaços entre partos Um número limitado de espaços entre partos é um gargalo para a produção de suínos na maioria dos plantéis de reprodutores. Um estudo recente (Koketsu et al., 2015) mostrou que as porcas de rebanhos de alto desempenho, com base no número de leitões desmamados/porca/ano, produziram 130 suínos (+ 3,5) e 836 kg de carne (+ 2,3). A maior eficácia na utilização do espaço entre partos está associada à menor variabilidade dentro do plantel, medida esta realizada por meio do coeficiente de variação (%) para o número de fêmeas cobertas/inseminadas 16 semanas antes.
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Fatores do cachaço e do sêmen As características seminais, incluindo os parâmetros de motilidade, podem afetar o desempenho reprodutivo das porcas. Entretanto, dados sobre as características do sêmen, das unidades de machos, não têm sido bem combinados com os dados de desempenho de porcas dos rebanhos comerciais (comunicação pessoal do Dr. Neil DeBuse, EUA). Tem que haver mais pesquisa integrando dados de campo relativos à qualidade seminal de cachaços com desempenho reprodutivo de porcas para que sejam identificadas as causas do baixo desempenho dos machos reprodutores, das porcas e do próprio plantel, além de se determinar parâmetros para a motilidade seminal e os números ideais de células móveis por dose de sêmen (Broekhuijse et al., 2011).
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E. Limitações na análise de parâmetros quando utilizam-se dados de rebanhos comerciais Há certos setores da produção de suínos que podem ser investigados por meio de estudos epidemiológicos, ou que contemplam situações que requerem consolidação ou tempo excedente para serem conduzidas por meio de experimentos controlados. À medida que a tecnologia de informação avança, a pesquisa no setor produtivo pode se expandir pelo uso de dados de planteis comerciais para disseminar informações úteis para produtores e veterinários. No entanto, existem varias limitações nos estudos realizados com base em observações não controladas, as quais não ocorreriam em experimentos controlados, conduzidos por pesquisadores de uma universidade. Por exemplo, algum dado sobre um rebanho comercial anotado de modo incorreto, o que significa considerar que alguns critérios de exclusão são essenciais. Também as práticas de manejo, questões nutricionais e de sanidade do plantel, além de parâmetros envolvendo genética, podem não ser bem controlados nos estudos de observação. Além disso, nesse tipo de estudo, as porcas não costumam ser selecionadas ao acaso, e observações múltiplas por porca não podem ser consideradas unidades independentes de observação. Outra limitação reside no fato dos dados de plantel terem também uma estrutura em dois níveis, pois práticas de manejo, sistemas de produção, instalações e programas sanitários para o plantel variam entre eles, ou seja, as porcas não são independentes do plantel. Mesmo com essas limitações, a analise de dados do plantel, desde que se utilize critérios de exclusão apropriados e modelos estatísticos de vários níveis, pode disseminar informações práticas e imediatamente aplicáveis para veterinários especialistas em suínos e produtores, notadamente sobre assuntos de produção difíceis de serem investigados por experimentos controlados. Conclusões É de extrema importância que os veterinários conheçam os fatores que afetam o desempenho reprodutivo dos suínos para que possam otimizar a produtividade dos planteis de reprodutores de seus clientes. Melhorar o manejo que controla esses fatores, juntamente com o melhoramento genético, nos permitirá atingir a meta de 40 LDPA. Finalmente, com o objetivo de melhorar a análise dos dados, é necessário assegurar a integridade, a coleta adequada e a armazenagem dos mesmos.
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Revisão Técnica
Resumo do 24º Congresso Internacional da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS) e do 8º Simpósio do Colégio Europeu de Veterinários Especialitas em Sanidade Suína 7 a 10 de junho de 2016 – Royal Dublin Society, Dublin/Irlanda PhD Antonio Palomo Yagüe Diretor da Divisão de Suinocultura SETNA NUTRICION – INZO antoniopalomo@setna.com
Introdução
C
omo representante em um evento com mais de 3. 000 inscritos, oriundos de 50 países, o 24º Congresso bianual da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos, realizado em conjunto com o 8º Simpósio da Associação Europeia de Veterinários Especialistas em Sanidade Suína, na excelente sede da Royal Dublin Society (RDS), em Dublin/Irlanda, gostaria de fazer um resumo dos trabalhos apresentados no evento. Foram apresentados 1.114 trabalhos, cujos temas tratados resolvi agrupar da seguinte maneira para facilitar sua compreensão: - 1 conferência magistral;
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- 16 conferências de palestrantes convidados; - 116 apresentações orais; - 962 posters divididos por áreas temáticas, em cada um dos dias do congresso.
O presidente do IPVS 2016 foi o Dr. Pat Kirwan, assessorado por um Comitê Organizador de nove membros e um Comitê Científico − codirigido pelos professores Paolo Martelli e Heiko Nathues − formado por outras 23 pessoas. O índice dos temas que organizei, neste resumo, é o seguinte: Índice • Sanidade animal: novos agentes • Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (SRRS) • Diarreia Epidêmica Suína (DES) • Gripe suína • Circovírus suíno • Pneumonia enzoótica por Mycoplasma hyopneumoniae • Haemophilus parasuis • Actinobacillus pleuropneumoniae • Disenteria suína • Colibacilose • Ileíte suína • Salmonelose suína • Miscelânea de patologias suínas • Parasitas • Nutrição • Reprodução • Bem-estar animal • Segurança alimentar • Manejo • Genética
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Sanidade animal: novos agentes GODDEERIS, B.M. Para induzir uma resposta imune eficaz por meio da vacinação contra as doenças infecciosas é imperativo que se tenha um bom entendimento da patogênese da doença contra a qual queremos vacinar e que se compreenda os efeitos de tal resposta. Para que o sistema imunológico esteja bem desenvolvido e apresente uma resposta ideal, é preciso que se tenha um excelente estado sanitário. A resposta imune é como a música, produzida por uma orquestra (células imunocompetentes) e guiada por um condutor (células apresentadoras de antígeno, tais como as células dendríticas interdigitais ou IDC) que interpreta a partitura (antígeno). A resposta imune é dividida em imunidade inata, responsável pela primeira linha de defesa, e em resposta imune induzida, além da imunidade adquirida, responsável por memorizar o antígeno específico. As células antígeno-específicas (membros da orquestra) têm memória imunológica e produzem moléculas imunoativas (música), que são divididas em duas populações: células B e células T. As células T se dividem em CD4 + e CD8 +. A indução da resposta imune primária ocorre nos órgãos linfoides secundários (gânglios linfáticos e baço - capturam o antígeno). A maior diferença entre os suínos e os outros mamíferos, no percurso de migração dos linfócitos, é que estes migram diretamente pelo sangue até as vênulas endoteliais (HEV); por isso o sistema linfático eferente dos suínos contém menos células linfoides do que as outras espécies. O baço do suíno é composto de polpa branca e vermelha. A primeira contém, essencialmente, leucócitos, enquanto a segunda, eritrócitos e linfócitos. As células T são encontradas na polpa vermelha e já estão presentes no nascimento, sofrendo um grande incremento após duas semanas de vida. O mesmo ocorre com as células B, especialmente com a IgM. A maioria das células produtoras de IgM está localizada na polpa vermelha, enquanto as células que produzem IgG e IgA são encontradas na polpa branca. Aos dez meses de idade as células produtoras destas duas últimas imunoglobulinas poderão ser encontradas na polpa vermelha. O sistema de defesa imunológico digestório consiste de tecido linfoide e células, distribuídos ao longo do trato gastrintestinal (lâmina própria do estômago e epitélio intestinal), constituindo a maior porção do sistema imunológico do organismo (placas de Peyer, nódulos linfáticos mesentéricos, recirculação de linfócitos de mucosa ou mucosa mensageira, IgA secretada pela superfície mucosa). A inflamação é uma resposta à irritação do tecido, lesões e infecções, sendo necessária para induzir uma forte resposta imune. É consti-
Palácio de Congressos da Royal Dublin Society (RDS) tuída por uma cascata conhecida como resposta de fase aguda, que confere proteção precoce para limitar os danos aos tecidos e levar um grande número de células fagocitárias ao local do problema. A reação é induzida por fatores de coagulação e de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, IL-12 e TNF), que são liberados pelos próprios macrófagos. A diferença imunológica mais significativa entre as vacinas vivas e as inativadas é que as segundas liberam antígenos exógenos, enquanto as vivas liberam ambos, antígenos exógenos e endógenos. Ambas as vacinas induzem uma boa resposta protetora de células B. Enquanto as inativadas induzem somente as células CD4+, as vivas induzem as células CD4+ e CD8. Outra diferença importante é que as vacinas vivas podem ser administradas tanto por via sistêmica (ou injetável) como por meio das mucosas, enquanto que as inativadas apenas por via injetável (pelo menos até o momento). A administração por meio das mucosas permite que o antígeno migre ao órgão de predileção, induzindo uma proteção tanto local quanto sistêmica. Os adjuvantes contêm aglutinantes ou padrões moleculares associados a agentes patogênicos (PAMPs) que ativam as células apresentadoras de antígenos aos linfócitos, sensibilizando os receptores que reconhecem patógenos (Toll, NOD, RXR, C-type lectin) e que fazem parte do sistema imunológico inato. No caso das vacinas inativadas é essencial que − para que o antígeno tenha tempo suficiente para ser eliminado – ele seja posto em contato e reconhecido pelo sistema imunológico. Um dos principais problemas relativos à eficácia de uma vacina é a interferência da imunidade maternal com a imunidade ativa, que pode surgir em função de vacinações anteriores, bloqueando o efeito da vacinação seguinte.
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A vacinação de mães pelo menos três semanas antes do parto produz colostro com níveis elevados de IgG, ao passo que se a vacina for aplicada mais próximo do parto, os níveis mais elevados de IgG e IgA serão os do leite. O comportamento de vacinas vivas e inativadas também difere neste ponto, devendo ser analisado em cada caso. Do mesmo modo, a interferência entre vacinações simultâneas deve ser bem testada, levando em conta seus adjuvantes e se são vivas e/ ou inativadas, para uma aplicação segura e uma resposta imune eficaz. ROSE, N. A utilização de vacinas tem por objetivo a redução dos sinais clínicos de determinadas patologias, bem como a diminuição da excreção dos agentes patogênicos. Embora a proteção individual seja a meta principal dos programas de vacinação em massa, o efeito da proteção global também contribui indiretamente para a proteção do indivíduo dentro da imunidade da granja. O impacto dos programas de vacinação na população depende, principalmente, de três fatores: a epidemiologia do agente patogênico, especialmente o seu potencial de transmissão (Ro); o impacto da vacinação na capacidade dos indivíduos em contribuir para a transmissão da infecção; e a vacinação de cobertura da população (percentual de animais imunizados). A imunização completa nem sempre é possível. A proteção parcial é expressa como sendo a capacidade de redução da susceptibilidade à infecção, ou a redução da transmissão subsequente, de modo a impedir a propagação do agente patogênico. Assim, o contato dos suínos não vacinados com os já vacinados resulta em um aumento na propagação, devido à maior susceptibilidade.
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RUSHTON, J. Na abordagem ao conceito de Uma Saúde™, o manejo de doenças, as doenças emergentes, as perdas causadas pelas doenças, o custo do manejo delas e o seu impacto sobre o bem-estar são pontos de atenção para pessoas e organizações. A base de uma boa sanidade suína está no equilíbrio dos custos fixos investidos (custos adicionais vs benefícios adicionais: mantendo um equilíbrio produção / produtividade / rentabilidade). E tudo isto considerando a produção de um alimento seguro e estável. O ponto ótimo indica a relação entre o preço relativo das perdas de produção causadas pelas doenças e o preço das suas medidas de controle. A linhagem de baixo custo representa a fronteira técnica para se tomar medidas de controle. Nem todos os custos são iguais, em termos de processos de manejo e patologias e podem ser definidos como custos variáveis, já que incluem − entre outras coisas − investimentos em pesquisa, educação, diagnóstico e infraestrutura. Ao mesmo Suínos&Cia | nº 58/2017
tempo, devemos considerar os custos fixos, já implícitos em cada sistema de produção. DOENÇA DO TREMOR CONGÊNITO (mioclonia congênita) doença esporádica de leitões neonatos caracterizada por ações mioclônicas (tremores) repetitivas médias ou severas, as quais foram relatadas pela primeira vez há um século. Atualmente tem sido identificada em granjas distintas nos EUA (Illinois, Iowa, Missouri) e na Dinamarca, a partir da prova do PCR em diferentes tecidos (sangue, plasma, cérebro, cerebelo, coluna vertebral e mesentérica, linfonodos traqueobronquiais) como causada por um vírus RNA da família Pestivírus; e também por outro vírus que afeta vampiros (morcegos hematófagos), na China. Associado ao tremor congênito do tipo A e não ao do tipo B, a doença foi reproduzida por inoculação em porcas aos 45 a 62 dias de gestação. O vírus é excretado nas fezes e não há resposta de anticorpos séricos em suínos persistentemente infectados. Os tremores de cabeça e de extremidades variam em frequência e gravidade entre leitões e leitegadas, reduzindo-se quando os animais dormem. A transmissão transplacentária foi descrita. SENECAVÍRUS A o vírus Seneca Valley (SVv) pertence à família Picornaviridae, sendo encontrado em suínos com a doença vesicular idiopática, a qual vem apresentando um aumento dramático − nos EUA e no Brasil − desde 2015, com uma analogia de 97% a 98% do genoma. Os primeiros casos datam de 1988. Também costuma ser relacionado à síndrome de mortalidade neonatal transitória, a quadros agudos de claudicação causados por lesões vesiculares nos cascos, a ulcerações na área coronariana e a casos de anorexia e febre. O SVv é detectado por PCR em fluidos, amídalas, secreções nasais, linfonodos inguinais e fezes. Também costuma se localizar em vesículas encontradas no focinho e na boca. Os isolamentos atuais, nos EUA, são diferentes dos casos históricos de SVv. O vírus também foi identificado no Canadá, Austrália, Itália e Nova Zelândia, e o seu período de incubação é de 3 a 5 dias. Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (SRRS) OSORIO, F.A. A situação epidemiológica criada pelo vírus da SRRS (SRRSv), tanto na América como na Ásia e na Europa, é realmente complexa (vírus RNA). A última década foi marcada por cinco aspectos: 1 - grande reconhecimento do seu custo elevado para os produtores; 2 - contínua frustração com o controle insuficiente da doença na granja;
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3 - aumento do interesse pelos programas de controle regionais de eliminação, mas com dúvidas sobre os procedimentos e resultados; 4 - relato de novos isolamentos emergentes, altamente virulentos; 5 - inovação na aplicação das novas técnicas de diagnóstico. As técnicas sustentáveis prioritárias, no nível científico, baseiam-se, por sua vez, em três princípios: 1 - ênfase na ideia da erradicação imediata, com medidas estritas de biossegurança e com diferentes e frustrantes experiências, em regiões endêmicas de alta densidade e em grandes granjas de produção intensiva; 2 - precaução com relação à abordagem sobre a erradicação mediante programas de vacinação eficazes; 3 - caracterização do controle genético de resistência frente à doença e avanços recentes em estudos sobre suínos transgênicos. No caso do laboratório da Universidade de Nebraska, a prioridade foi voltada para o desenvolvimento de uma nova geração de vacinas, com marcadores que conferem proteção contra o vírus e para o convencimento de que a utilização de vacinas deve ser sempre o método preferido do ponto de vista do custo/eficácia. E foi proposto em uma reunião de especialistas, em junho de 2007, na Universidade de Illinois, o desenvolvimento de uma vacina viva em dez anos. O conhecimento dos mecanismos de proteção imunológica contra o vírus da SRRS é fragmentado e derivado de diversidade genética, proteção heteróloga escaça entre cepas e persistência do vírus em animais convalescentes, na qual a modulação do sistema imunológico − tanto inata como adquirida − é variável, sendo o vírus eliminado pelos referidos animais infectados por, pelo menos, cinco meses. O efeito imediato sobre a resposta imune inata à infecção pelo vírus é a inibição severa das citocinas pró-inflamatórias 2 (IFN I e o fator de necrose tumoral alfa). Os anticorpos neutralizantes contra o vírus são o melhor exemplo de correlação com a proteção, produzida pelos suínos a partir da sexta semana pós-infecção. A presença de anticorpos neutralizantes nos suínos, em quantidades suficientes e desenvolvidos antes da infecção, promove proteção contra a mesma embora os mesmos não sejam efetivos em infecções naturais. No desenvolvimento de novas vacinas considera-se duas situações, quais sejam: a utilização de vetores virais que se replicam in vivo e que apresentam o antígeno SRRSv ao sistema
imunológico e as tecnologias de genética inversa (clones infecciosos) capazes de diferenciar animais vacinados de infectados. A natureza exata de uma resposta imune protetora não é clara, até o momento, em função do desenvolvimento da resposta imunitária adaptativa pós-infecção − em animais livres vacinados contra SRRSv − não ser totalmente conhecido. A diversidade genética de cada um dos grandes grupos de genótipos (Tipo 1, europeu, e Tipo 2, americano) apontam para uma divergência contínua nas sequências genômicas virais, o que torna complexo entender a interação vírus/hospedeiro. Além disso, é bem possível que essa interação influencie o sistema imunológico do animal de diferentes formas. As vacinas eficazes deverão cumprir três objetivos: 1 - identificar os componentes estruturais do vírus e os mecanismos do hospedeiro, base da proteção imunitária frente ao SRRSv; 2 - entender os mecanismos envolvidos na atenuação viral, como base à redução da virulência e/ou do incremento da resposta imune das cepas vacinais; 3 - aumentar a escassa eficácia de proteção das vacinas frente a cepas heterólogas. Esta situação aponta para o uso de vacinas replicadas vivas, atenuadas.
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Está sendo realizado em conjunto, pela Universidade de Nebraska e a Universidade Complutense de Madrid, um estudo sobre a análise filogenética da variabilidade dos genes estruturais na GP5 de diferentes cepas virais, por meio de neutralização cruzada, incluindo genes que codificam proteínas, as quais podem induzir anticorpos neutralizantes, necessários para promover proteção cruzada e alta cobertura antigênica em vacinas. Ao mesmo tempo está sendo desenvolvido o conceito de vacinas mosaico (SRRSvs GP3, GP4 e M), as quais contêm todos os genes estruturais de seis cepas heterólogas, clonadas dentro de uma vacina comercial. E também uma vacina a partir do vírus sintético SRRPv-CON, que gera grande proteção cruzada frente a cepas heterólogas. REINER, G. O conceito de suínos resistentes "stricto sensu” (expressão latina que significa “em sentido específico”) assume que eles sejam absolutamente indenes ou bem tolerantes às infecções. Outra possibilidade para combater algumas doenças é ter suínos geneticamente resistentes a elas. Dois exemplos de resistência são os da Escherichia coli frente às fímbrias F18 e F4 E. Somado a isso há o projeto do genoma, que deverá identificar os genes responsáveis, selecioná-los por meio de marcadores e corrigi-los por engenharia genética. nº 58/2017 | Suínos&Cia
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Em humanos, mais de 2.300 pontos quantitativos de genes (QTL) estão publicados como parâmetros de saúde, dos quais 263 estão envolvidos em resistência a patógenos (http://www.animalgenome.org/QTLdb/). Com relação ao SRRSv, diferentes autores têm encontrado diversidade no grau de envolvimento clínico, segundo a genética (Duroc, Hampshire). Foram mapeados mais de 30 QTLs, de 11 cromossomos, sendo o 4 (quatro) o que explica os 16% da variação genética. O GBP5 é considerado um gene candidato importante, dentro das resistências frente ao SRRSv. Este vírus suprime a produção de IFN I, como sua maior estratégia, para se evadir do sistema imunológico. A detecção do receptor CD163, responsável pela replicação viral, é outro campo aberto de pesquisa entre os que estão sendo trabalhados. • O SRRSv pertence à Ordem Nidovírus - Família Arteriviridae - Gênero Arterivírus. Trata-se de um vírus claramente diferenciado em dois outros, diferentes genética e antigenicamente (americano e europeu), com maior dispersão genética no primeiro e, geralmente, levando a sintomas reprodutivos e respiratórios mais graves. Em 2006 apareceu na China uma variante da cepa americana, muito agressiva (HP-PRRS), com elevadas morbidade e mortalidade. Desde 2012 utilizam-se vacinas produzidas a partir desta cepa, as quais levam a problemas graves de reversão de virulência e de recombinação com outras linhagens. Surpreendentemente foram identificadas mais variações nas cepas europeias (novos subtipos 2, 3 e 4). A hipótese é de que, na Europa Ocidental, as cepas sejam mais virulentas do que o subtipo 1 Oeste. • Nos últimos 20 anos a replicação do SRRSv em macrófagos é um diferencial da sua patogenia, estando esses tipos de células − particularmente − nos pulmões, amídalas, gânglios linfáticos, baço, endométrio e placenta. Os vírus não se replicam bem no trato respiratório superior, sendo difícil o seu isolamento nos exsudatos nasais. Uma exceção é a cepa do norte da Europa 2013 subtipo 3 Lena, que destrói macrófagos alveolares e nasais, associando-se a infecções respiratórias bacterianas secundárias em leitões e suínos de engorda. Também comportam-se assim as cepas americanas VR2332, SDSU-73, NADC e MN-184. O vírus da SRRS 1-7-4, que surgiu nos EUA em 2014, também levou a graves problemas reprodutivos e respiratórios. • A placentite é a principal causa de patologia fetal e da morte dos fetos, uma vez que eles não são capazes de desenvolver anticorpos antes de sua morte (fluidos fetais são inadequados para estudos sorológicos). Os anticorpos são produzidos nos animais oito dias após a infecção, mas precisam de várias semanas para demonstrar
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um pico de neutralização. Baixos níveis induzidos de interferon, células Killer naturais e linfócitos T complicam a eficácia das vacinas, sendo necessário adaptar as atuais − inativadas e atenuadas − com medidas de biossegurança, com o objetivo de controlar a circulação viral nas granjas. • O tempo médio que uma granja leva para voltar à estabilidade, depois do quadro de uma doença, varia de 26,6 a 37,4 semanas, de acordo com estudos realizados com um intervalo que variou de 12 a 42 semanas, havendo relato de casos de até 83 semanas. As granjas que praticam autorrenovação tendem a se estabilizar cinco semanas e meia antes. Nas dinâmicas de infecção frente aos vírus, o que causa maior instabilidade são as acomodações ruins das futuras reprodutoras e das unidades de parto, as grandes unidades de alojamento de leitões desmamados, as altas densidades populacionais, as práticas deficientes nos programas de vazio sanitário, o controle ambiental inadequado, as medidas de biossegurança mal planejadas, a entrada de fêmeas de renovação positivas e as doses de sêmen infectadas. • A presença de anticorpos maternais pode prejudicar a resposta imune, tanto humoral como celular, nos leitões vacinados ao se confrontarem com o vírus, possivelmente por inibir a replicação do vírus vacinal. • Em diferentes trabalhos que estudam a penalização dos parâmetros produtivos em suínos de engorda, ligada a problemas respiratórios, se vê que entre os principais agentes infecciosos envolvidos estão o vírus da SRRS e a bactéria Mycoplasma hyopneumoniae. • Nos EUA, o custo da doença está estimado em US$ 560 milhões, sendo difícil de ser quantificado em granjas com infecção crônica por ser preciso haver um modelo epidemiológico e econômico individual para fazê-lo. As perdas financeiras são calculadas com base na análise da margem bruta e do orçamento parcial (custo marginal, por porca, por ano). Os custos de oportunidade, em muitos casos, são variáveis. • A presença de anticorpos neutralizantes no soro, frente ao SRRSv em leitões com 15 dias de idade não interrompe a infecção nem a sua replicação e transmissão, porém reduz a viremia e a excreção viral. São necessários mais estudos para conhecer, com precisão, o efeito da presença dos referidos anticorpos neutralizantes e sua correlação quantitativa com os referidos parâmetros, assim como sua implicação sobre a imunidade efetiva. • Sobre os diferentes estudos concluídos, com o uso da vacina viva modificada em leitões, foram descritas durações de imunidade de até 26 semanas, confirmadas pela redução nas lesões − tanto macroscópicas como microscópicas − em pulmões, redução da excreção viral e menor número de suínos virêmicos.
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Diarreia Epidêmica Suína • Causada por um vírus do tipo Coronavírus, do Gênero Alphacoronavirus (RNA), relatado na Europa e na Ásia em 1971 e em abril de 2013 nos EUA, Canadá, Caribe e América do Sul (www. aasv.org/PED/SECoV_weekly-report-140430.pdf). Sua principal fonte de transmissão é a oro-fecal. A transmissão aérea é demonstrada em alguns trabalhos e não em outros. Genética e antigenicamente diferente do vírus da gastrenterite transmissível (TGE) − outro componente do grupo das coronaviroses entéricas dos suínos − que já existe nos EUA desde 1946, embora seus sintomas clínicos sejam muito semelhantes (anorexia, letargia, febre, diarreia aquosa severa, desidratação, desnutrição e vômitos ocasionais em leitões, especialmente nos primeiros dez dias de idade). Todos os suínos, de todas as idades (leitões, engorda e reprodutores), são suscetíveis ao vírus da diarreia epidêmica suína (PEDv). A mortalidade em leitões lactentes varia de 30% a 100% em granjas positivas e negativas. Os quadros agudos levam à perda completa da produção em duas a quatro semanas. Suínos de engorda não sofrem baixas, mas sim um atraso no crescimento, o que adiciona o tempo de mais uma a duas semanas para se atingir o peso de abate. As lesões são restritas ao intestino delgado, com paredes muito finas, levando a uma alta destruição das vilosidades; presença de colostro e/ ou leite não digerido no conteúdo estomacal e de conteúdo aquoso no intestino (enterite atrófica). O PEDv é detectado nos suínos até sete dias pósinfecção, enquanto que o delta coronavírus suíno (PDCov) − outro componente do grupo das corona-
viroses entéricas dos suínos − apenas até três dias e sem causar qualquer tipo de impacto nos parâmetros de produção. • Duas cepas circulam com frequência nos EUA (P e S-Indel, conhecida como V), sendo a primeira mais virulenta do que a segunda. A patogenicidade do PEDv é idade dependente. A modulação viral da resposta imune é ainda pouco conhecida, causando redução da produção de interferon do tipo I e, consequentemente, a expressão de várias proteínas antivirais. É necessário um melhor conhecimento do papel do interferon no trato intestinal, durante a infecção pelo PEDv em leitões lactentes, para melhorar as estratégias de controle. Gripe suína
Senha de identidade, em Dublin
• O vírus da gripe A é reconhecido como sendo um dos mais importantes agentes infecciosos de patologias respiratórias, tanto em seres humanos como em animais. Em suínos causa anorexia, febre, dispneia, tosse, corrimento nasal, letargia, abortos por hipertermia. A doença é caracterizada por alta morbidade e baixa mortalidade, com sensível diminuição no ganho médio de peso diário. Foi reconhecido como um agente infeccioso viral respiratório, pela primeira vez, em 1918. Permaneceu estável, nos EUA, até 1998, após a identificação de novas cepas e subtipos, que têm em seu genoma componentes humanos e avícolas difíceis de controlar, continuando até hoje a detecção de novas cepas. Em humanos, os modelos matemáticos que estudam sua transmissão sugerem uma predominância das vias aéreas. As principais vias de transmissão do vírus da gripe, em suínos, são os aerossóis (havendo diferença entre vírus), os materiais oriundos da granja (fômites), o contato direto com secreções e os animais vivos. A principal via de infecção entre granjas é o contato direto com animais infectados, tanto de forma clínica como subclínica, sendo o efetivo de fêmeas de
Antônio Palomo com Don Juan Grandía, em um dos seminários do Congresso da IPVS – ESPHM
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reposição (futuras reprodutoras) um componente essencial na transmissão entre reprodutores. A água contaminada por excrementos de pássaros é outra fonte importante de contágio. O vírus não é transmitido pelo sêmen, nem entre humanos pelo consumo de carne suína fresca ou curada. O transporte de suínos por longas distâncias está implicado na difusão espacial das cepas de origem humana, quer entre granjas ou diferentes locais de produção (ciclo completo, UPLs, engordas). • A soroprevalência, nos EUA, Canadá, Europa (Bélgica, Alemanha, Espanha) está entre os 85% e os 90% dos reprodutores. No nível de um suíno, como indivíduo, as infecções pelo vírus da gripe têm uma duração média de cinco a sete dias; no nível populacional podem prevalecer de semanas a anos. Assim, a infecção e a dinâmica de transmissão em grandes populações podem diferir muito da dinâmica observada em pequenos grupos de animais. Desde 2009, nos EUA, há um aumento dramático na sobrevida e nos relatos de casos do vírus influenza, bem como uma grande variedade de genótipos H3N2 circulando (54), dos quais seis são altamente virulentos e transmissíveis aos suínos. Granjas infectadas endemicamente são muito comuns, e hoje é evidente que a apresentação mais frequente é a subclínica. • O vírus avícola H9N2 não é transmitido de modo muito eficaz aos suínos. • Os leitões, antes do desmame, são um foco importante para a manutenção da infecção nas granjas de reprodutores, bem como para a propagação viral em instalações de leitões desmamados e suínos de engorda. Estudo realizado nos EUA, em 52 granjas com diferentes protocolos de vacinação para mães e leitões, concluiu que a relação de detecção de animais positivos diminuiu significativamente em 84% dos vacinados, em comparação aos não vacinados, sendo a vacinação antes do parto e em massa as mais eficazes, não havendo diferenças entre estes dois protocolos, nem entre o uso de vacinas comerciais ou autógenas. Em todos os casos houve redução da prevalência do vírus da gripe em leitões no momento do desmame.
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Doenças associadas ao circovírus suíno • As vacinas comerciais contra a circovirose estão disponíveis desde 2006, sendo muito eficazes na indução de proteção e − consequentemente − na redução da morbidade e da mortalidade atribuídas ao circovírus suíno do tipo 2 (PCV2). Vários testes realizados com vacinações entre três e cinco dias de idade, em comparação com três semanas de idade, deram resposta humoral semelhante. Em todos os casos se reduz a excreção viral, embora não se previna a infecção. Recentemente, nos EUA, têm sido descritas falhas vacinais com a apaSuínos&Cia | nº 58/2017
rição de quadros clínicos entre o meio e o final da fase de engorda, devidos à variante PCV2b (similar à encontrada na China em 2010). Mas as vacinas utilizadas nos EUA parecem ser eficazes também contra esta variante, e as razões para explicar essas falhas vacinais parecem ser a má conservação das vacinas (quebra da cadeia de frio), a aplicação de apenas metade da dose recomendada, o uso de produtos vencidos e a vacinação de suínos parasitados ou doentes no momento da aplicação. Os casos devidos à variante PCV2a foram reduzidos com a vacinação e os devidos à PCV2b aumentaram. Isso pode ser uma indício recente de que a capacidade do PCV2 de escapar à proteção vacinal não seja uma questão de genótipos, ainda que possa ser afetada por variações nos epítopos (substituição de alguns aminoácidos, como metionina e leucina). • A síndrome de nefropatia e dermatite dos suínos (PDNS, na sigla em inglês) foi reproduzida de forma experimental, nos EUA, infectando suínos com o PCV2a. • A vacinação tem um impacto positivo na indução de anticorpos neutralizantes, nos grupos de suínos com alto risco de contrair a doença, ainda que os títulos induzidos pela vacinação sejam baixos e inferiores aos da infecção natural pelo PCV2. • A vacinação conjunta PCV2 + MYC (Mycoplasma hyopneumoniae), em comparação ao uso exclusivo da vacina contra MYC no desmame em granjas infectadas subclinicamente pelo PCV2, resultou em uma melhoria no ganho médio de peso diário − durante a fase de engorda − da ordem de 34 g. Houve também um incremento na taxa de conversão alimentar, da ordem de 60 g, e uma redução no índice de lesões de pneumonia (0,9 vs 2,2), com um retorno sobre o investimento de € 0,08 por suíno. Mycoplasmas spp MYCOPLASMA HYOPNEUMONIAE as infecções pulmonares podem durar até sete meses, e os animais infectados podem se tornar portadores assintomáticos, capazes de infectar outros suínos. A transmissão do agente pode ser feita por contato direto e transmissão vertical. A colonização dos leitões no desmame é considerada um ponto chave para a propagação local da bactéria e a contaminação de diferentes lotes. Assim, a entrada de reprodutoras negativas em granjas positivas deve ser considerada para controlar melhor o problema, tendo-se em mente a importância do processo de aclimatação. Para isso, estabelece-se um período de contato entre as porcas que eliminam o agente e as marrãs (leitoas) ainda não infectadas, cuja duração estimada deve ser de quatro semanas (1,28 marrãs por semana), sendo necessário um grupo de dez novas marrãs e seis porcas locais.
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Na Espanha, a prevalência do agente em fluidos de lavagem brônquica é maior em adultos do que em suínos jovens, estando relacionada com a presença de sinais clínicos respiratórios. O Mycoplasma hyopneumoniae (M. hyo) está presente na maioria das granjas de suínos em nível global, sendo ele o agente primário da pneumonia enzoótica e com a capacidade adicional de aumentar a gravidade das infecções causadas por vírus, aumentando a quantidade e persistência do PCV2. Seu cultivo e as interações no isolamento com o M. hyorhinis, considerado flora normal do trato respiratório superior dos suínos, dificulta o diagnóstico. As infecções concomitantes entre M. hyo e M. hyorhinis não necessariamente agravam as lesões pulmonares, mas causam os mesmos problemas de atraso de crescimento, perda de eficiência alimentar e susceptibilidade a coinfecções bacterianas. Na Irlanda tem sido observada uma redução significativa no grau de lesões pulmonares, no abate (90.939 suínos, de 1.145 granjas, entre 2008 e 2012), atribuída à vacinação generalizada contra o M. hyo nas granjas. MYCOPLASMA HYORHINIS na Espanha, sua prevalência em fluidos de lavado traqueobronquial é similar entre leitões e suínos de engorda (10 e 20 semanas de idade), além de não haver relação com a presença de sintomas respiratórios. A colonização e o desenvolvimento das lesões por este tipo de Mycoplasma são anteriores ao M. hyo. As coinfecções têm um peso importante na manifestação dos sinais clínicos. Desde 2008 sua prevalência vem aumentando nos EUA, com o aparecimento de cepas de virulências distintas e com uma gama importante de infecções concomitantes (poliserosites, artrites, mortalidade de leitões desmamados). O isolamento bacteriano, PCR e MLST servem para seu diagnóstico e tipificação. MYCOPLASMA HYOSINOVIAE entre 2003 e 2010, sua prevalência nos EUA − no nível laboratorial − passou de 17% para 37% dos casos de artrite em suínos de engorda. A bactéria produz uma inflamação no tecido interarticular, acompanhada de um aumento do fluido local, definido como seroso, fibrinoso, purulento, macrofágico e linfoplástico. A longevidade, taxa de renovação (se forem futuras reprodutoras), além da atuação como principais portadoras, são condições para a introdução do M. hyosinoviae em granjas negativas. O diagnóstico é complexo, ainda mais se os animais estão tratados com antibióticos, sendo necessário aplicar o teste de ELISA e o PCR em amídalas e fluidos orais.
Haemophillus parasuis • O Haemophilus parasuis é um patógeno oportunista, frequente em infecções virais e em processos de estresse. Ele é o agente causador da poliserosite fibrinosa suína, da broncopneumonia catarral purulenta, de alguns tipos de artrites e meningites e da doença de Glasser, além de ser uma bactéria comensal geralmente isolada no trato respiratório superior dos suínos, em granjas convencionais. Entre 2007 e 2013, na Itália, foram sorotipados vários tipos de Haemophillus, isolados de suínos doentes, por meio do método de difusão em gel de ágar, a partir de cérebro, pulmão, articulações, pleura e exsudato pericárdico. A maior prevalência foi do sorotipo 4 (26,7%), o segundo foi o 13 (20,2%) e, em seguida, o 5 (8,6%). 30,8% dos isolados não puderam ser sorotipados. Os sorotipos 4, 12 e 13 são os mais comuns em doenças sistêmicas, isolados com mais frequência em pulmões e no exsudato pericárdico. Os fatores que alteram os padrões de colonização do H. parasuis em leitões desmamados são os antibióticos, afetando a dinâmica da infecção. A exposição de leitões jovens a baixas doses de cepas virulentas da bactéria reduz a mortalidade conferida pela doença de Glasser. Actinobacillus pleuropneumoniae
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• Do Actinobacillus pleuropneumoniae são conhecidos 15 sorotipos, segundo a composição de seus polissacarídeos capsulares. Seu período de incubação é variável, e as lesões pulmonares oscilam de acordo com a evolução clínica da doença, condicionadas pelo sorotipo, dose infectante e fatores predisponentes como agravantes. A infecção pelo sorotipo 7 tem um período de incubação três a quatro vezes maior do que o sorotipo 2 e este, por sua vez, produz um maior número de pequenas áreas de lesões pulmonares. A lesões pulmonares têm um elevado nível de neutrófilos ativos e necróticos. A tulatromicina tem mostrado um efeito imunomodulador, com benefícios antiinflamatórios comprovados para a espécie suína. Os suínos podem transportar a bactéria em suas amídalas e em lesões pulmonares crônicas (IL-10 desempenha algum papel na persistência das bactérias, mas ainda precisa ser melhor pesquisado). As células T estão envolvidas na patogenia do A. pleuropneumoniae (APP). • O sorotipo 2 do APP associa-se ao vírus da SRRS, agravando os quadros de pneumonia e pleurite, ao mesmo tempo em que o vírus da SRRS, sorotipo 1 (cepa Lelystad), agrava a suscetibilidade das cepas de média virulência do APP, sorotipo 2. • Há casos em que o APP, sozinho, pode ser responsável por artrites, osteomielites, hepatites e meningites. Ele se dissemina, regularmente, por nº 58/2017 | Suínos&Cia
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todo o organismo do animal durante a fase aguda da infecção (bacteremia), sendo necessário mais pesquisas para identificar os fatores envolvidos no desenvolvimento das alterações causadas nos diferentes órgãos. • A duração da imunidade maternal é de seis a oito semanas, sendo desejável o uso de testes sorológicos quantitativos para monitorar a imunidade passiva e determinar as estratégias adequadas de vacinação. Disenteria suína • A Brachispira hyodisenteriae é o agente causador da disenteria suína, que pode ser detectada por PCR a partir de amostras de fezes, embora o diagnóstico seja pouco sensível no caso de infecções subclínicas − as quais não são incomuns, podendo ser isolada mesmo de animais saudáveis. Em diferentes estudos há uma certa confusão relativa ao efeito negativo dos níveis elevados de soja na dieta e a sua correlação com o grau de sinais clínicos, assim como quanto ao percentual de risco relativo à infecção. • A Brachispira hampsonii provoca alterações no nível do intestino grosso (esxudatos catarrais e morte celular nas criptas), já a partir de 12 horas pós-inoculação. • Das espiroquetas intestinais anaeróbicas conhecidas atualmente, três são patogênicas e altamente haemolíticas:
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- Brachispira hyodisenteriae: colite mucohemorrágica severa, em suínos em crescimento e terminados. - Brachispira pilosicoli: colite medianamente grave, em leitões desmamados e suínos em crescimento; - Brachispira murdochii: colites ocasionais medianamente graves. Colibacilose FRANCIS, D.H. A Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC) provoca diarreias em animais e humanos, primeiro por um ataque às células epiteliais do intestino delgado e, subsequentemente, pela produção de uma ou mais enterotoxinas no epitélio, o que aumenta a secreção de fluidos. Este ataque é provocado pelas fímbrias bacterianas, entre as quais se destacam cinco: K88 (F4), K99 (F5), 987P (F6), F18 e F41 − hospedeiras-específicas, associadas com determinados sorogrupos de E. coli que produzem certas enterotoxinas. As mais importantes e comuns são as termolábeis (LT), semelhantes em estrutura à toxina da cólera; e as termoestáveis (ST), duas Suínos&Cia | nº 58/2017
na verdade: STa e STb. A idade do leitão e a sua genética parecem estar altamente correlacionadas com a disponibilidade dos receptores de fímbrias. O autor, em seu trabalho, demonstra que as cepas que expressam a fímbria K88ac, chamada de K88 ETEC, são a causa mais comum de diarreia e as mais pesquisadas usando como modelo ambos − suínos e humanos e com base na sua apresentação. A K88 ETEC causa diarreias em leitões desde o nascimento até várias semanas após o desmame. Suas fímbrias podem expressar STa, na ausência de outras enterotoxinas, provocando a diarreia. As linhagens LT da ETEC são altamente diarreicas para leitões gnotobióticos (nascidos e criados em condições estéreis), enquanto que as STb atuam de modo moderado a elevado. A pesquisa sugere que a cepa LT desempenha um papel na colonização do epitélio intestinal, pela ETEC. No intestino há uma glicoproteína, do tipo mucina (IMTGP), que atua como um receptor para fímbrias K88 de modo relevante, tanto na sua colonização como na atividade toxigênica. Primeiro colonizam algumas células e, em seguida, avançam na forma de mosaico. Conclui-se que ambas − fímbrias de adesão e enterotoxinas − são essenciais no desenvolvimento de diarreia nos leitões pela E. coli. Apenas os animais que expressam receptores específicos IMTGP são susceptíveis à infecção clínica. Estes receptores parecem diminuir com a idade, em função do desenvolvimento das membranas de glicocálix, que revestem o epitélio de absorção intestinal. Uma alternativa, para se proteger contra o efeito diarreico das toxinas LT, consiste em dar polifenóis aos animais por via oral. Muitos trabalhos demonstram a eficácia das vacinas − tanto em reprodutoras como em leitões na fase posterior ao desmame − devendo-se levar em conta a interferência da imunidade materna no sistema imunológico imaturo dos leitões, no momento da vacinação. Em seus ensaios com vacinas próprias, o autor chegou às seguintes conclusões: - vacinas vivas utilizam cepas avirulentas de E. coli, cepas modificadas para expressar a subunidade b da enterotoxina LT ou cepas conjugadas com plasmídeos, que expressam as fímbrias K88. Neste caso, observa-se uma proteção parcial nos suínos que receberam a vacina que só expressa K88 e nenhuma proteção nos que receberam apenas o gene LTb. Uma pesquisa recente mostrou que a aplicação desse tipo de vacina estimulou uma resposta imediata da proteção inata. Suas vias de administração são oral e nasal; - vacinas de multi subunidades, consistentes na purificação do antígeno K88, demostraram elevada proteção; o mesmo já não ocorreu com as vacinas comerciais que continham apenas a enterotoxina LT.
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LUPPI, A. A Escherichia coli é uma bactéria gram-negativa flagelada, da família Enterobacteriaceae e responsável por causar diarreia neonatal, diarreia pós-desmame, edema, sepse, poliserosite, mastite e infecções do trato urinário. A epidemiologia das colibaciloses, as condições ambientais, a multiplicidade de fatores e as medidas de prevenção e controle − bem como um diagnóstico correto, tanto clínico quanto laboratorial − são essenciais para abordar a resolução do problema. A colibacilose entérica leva a grandes perdas devido à mortalidade, redução no crescimento, custos com tratamentos, vacinas e suplementos alimentares. Nos casos de diarreia pós-desmame, a mortalidade pode chegar a 25%, e dependendo da gravidade do problema, suas perdas podem variar de € 40,00 a € 314,00 por porca. São identificados dois tipos básicos envolvidos nessa patologia: a E. coli enterotoxigênica (ETEC) e a E. coli enteropatogênica (EPEC), sendo o primeiro o mais importante em termos de prejuízos. A ETEC responsável pelas diarreias neonatais possui adesinas e proteínas de superfície conhecidas como fímbrias, identificadas como F4 (K88), F5 (K99), F6 (987P) e F41. Tais fímbrias permitem que as bactérias liguem-se a receptores específicos, localizados nas bordas dos enterócitos do intestino delgado. À medida que os leitões crescem, estes receptores são modificados (ex.: F18 nas diarreias comuns e F4 no pós-desmame). Também têm sido identificadas adesinas envolvidas na aderência difusa (AIDA), associadas às cepas de ETEC causadoras de diarreia pós-desmame e que têm um papel definido na colonização do intestino dos leitões. As ETEC aderem à mucosa intestinal e produzem enterotoxinas que causam alterações no fluxo de água e eletrólitos do enterócitos, aumentando o volume de líquido no lúmen do intestino delgado, o qual não é absorvido pelo intestino grosso, causando desidratação, acidose metabólica e morte. Nos casos de diarreia neonatal são identificadas, especialmente, enterotoxinas STa − com maior número de receptores no jejuno (área maior hipersecreção). Nas diarreias pós-desmame as toxinas identificadas são a STa, a STb e a LT (jejuno, íleo e, possivelmente, duodeno). O diagnóstico das colibaciloses contempla seis ações: 1- Abordagem para o diagnóstico: o diagnóstico presuntivo é baseado nos sinais clínicos e nas lesões. A diarreia neonatal é mais comum em leitões de zero a quatro dias de idade e, em condições endêmicas, concentra-se mais em leitegadas de marrãs. A diarreia pós-desmame é normalmente observada de duas a três semanas pós-parto, podendo ocorrer até entre seis e oito semanas após o desmame. Para o diagnóstico deve-se selecionar de três a cinco leitões não tratados, que apresentem diarreia a não mais do que 12 a 24 horas para se observar bem as lesões. O intestino delgado
está geralmente dilatado, um pouco edemaciado e hiperemiado. Deve-se tomar amostras de tecido do jejuno, íleo e do intestino grosso para o estudo bacteriológico e viral. Elas devem ser inoculadas em ágar-sangue, Hektoen ou McConckey. Colônias de sorotipos F4 e F18, oriundas de cepas ETEC positivas, são sempre haemolíticas. Enquanto os F5, F6, F41 e EPEC não são. 2- Próximo passo para o diagnóstico definitivo: após o isolamento das cepas cultivadas, devemos identificar sua patogenicidade, comumente mediante sorotipificação (teste de aglutinação utilizando soro polivalente, que determina LPS da parede celular, antígenos S ou F, das fímbrias) ou genotipagem (por PCR, que determina os genes que codificam toxinas ou fímbrias). Doença
Sorogrupos
Adesinas ETEC
Diarreia neonatal
O8, O9, O20, O64, O101
F5, F6, F41
Diarreia neonatal
O8, O138, O141, O145, O147, O149, O157
F4
Diarreia pós-desmame
O8, O138, O139, O141, O147, O149, O157
F4, AIDA
Diarreia pós-desmame
O8, O138, O139, O141, O147, O149, O157
F18, AIDA
3- Diagnóstico diferencial com colibacilose: devemos diferenciar a diarreia neonatal de outras causas de diarreia, como o Clostridium difficile, o Clostridium perfringens dos tipos A e C, o Isospora suis, o rotavírus dos tipos A, B e C, o coronavírus − tanto o da diarreia epidêmica, como o da gastrenterite transmissível. A diarreia pós-desmame deve ser diferenciada de etiologias como as Salmonella spp, a Lawsonia intracellularis, as Brachispira spp, o rotavírus e o coronavírus. 4- A presença de ETEC no intestino é suficiente para causar a colibacilose entérica? Sua presença é necessária, embora não suficiente. Ela exige mudanças ambientais e fatores de risco reconhecidos. Este agente patogênico é excretado nas fezes dos suínos saudáveis, sendo um habitante natural do trato intestinal dos mesmos e cujos fenótipos aumentam com a idade; enquanto que nos quadros clínicos de enterite por E. coli observa-se uma alteração no equilíbrio das bactérias que formam a flora saprófita. 5- É essencial o isolamento da cepa patogênica? As ETEC isoladas de diarreia neonatal podem ser hemolíticas (F4) ou não hemolíticas (F4, F5, F6 e F41), enquanto que na diarreia pós-desmame a maioria é hemolítica (F4 e F18). A utilização do PCR para a identificação de fatores de virulência em amostras tomadas diretamente de animais doentes, mas sem tipificar os isolados individuais, pode ser incerta e difícil de interpretar. O isolamento da cepa responsável
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é necessário para a realização do teste de antibiograma in vitro. 6- Que metodologias são usadas na avaliação da suscetibilidade a antibióticos? O método de difusão por discos (Kirby-Bauer) e o teste de suscetibilidade por diluição. O primeiro é qualitativo e não serve no caso de resistências (à colistina, por exemplo). Nesses casos, indica-se o segundo, já que ele determina a concentração inibitória mínima bacteriana (quantitativo). Dentro das pautas gerais de manejo e medidas preventivas recomendadas para o controle da colibacilose, podemos enumerar as seguintes: a) Temperatura ambiental: um dos fatores mais importantes é a manutenção da temperatura, umidade e correntes de ar adequadas a cada idade dos leitões. b) Higiene: essencial, tanto nas salas de parto como com relação aos vazios sanitários entre partos e nas creches (eliminar toda a matéria orgânica, biofilmes, uso de detergentes e desinfetantes adequados). c) Imunidade: as vacinas comerciais contra a diarreia neonatal, aplicadas nas porcas e bem utilizadas, demonstram eficácia. Para prevenir a colonização das ETEC no pós-desmame, é necessário uma resposta IgA específica frente a F4 e F18 − no intestino delgado no momento da infecção − sendo a via oral a rota mais adequada para a vacinação, que gera uma imunidade média de 21 dias com as vacinas atuais. d) Qualidade da água de bebida: o uso de acidificantes reduz a excreção de E. coli nas fezes (ácidos lático, propiônico e acético), pois os ácidos graxos de cadeia média têm propriedades antimicrobianas. e) Programas nutricionais: a baixa ingestão de ração pelos animais, após o desmame, é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de diarreias, e a redução dos níveis de proteína bruta e de fontes de energia (cevada, arroz) na formulação afeta a digestibilidade dela. Já a suplementação de metionina, peptídeos, glutamina, proteases e lisozima tem efeito positivo na prevenção da diarreia pós-desmame. O uso de prebióticos e probióticos, como flora concorrente para inibir a adesão das ETEC, tem se revelado eficaz, estimulando também a imunidade entérica. A incorporação de imunoprofiláticos na dieta − como proteínas plasmáticas − além de promover um efeito positivo sobre a imunidade local, ajuda na prevenção da diarreia pós-desmame. A utilização de óxido de zinco (ZnO) também reduz a adesão das ETEC F4 e bloqueia o processo de invasão bacteriana, auxiliando na modulação da expressão dos genes das citocinas. O problema do zinco é o fato de ele ser pouco absorvido e excreta-
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do para o meio ambiente, além de haver o desenvolvimento de multirresistências a ele (e também a outros metais pesados, como o cobre) por parte de certas bactérias. f) Antibioticoterapia na prevenção e controle: doses incorretas, por via oral, favorecem a seleção de resistências. Os fármacos mais usados são as fluoroquinolonas, as cefalosporinas, a apramicina, o ceftiofur, a neomicina, a amoxicilina/clavulanato, o trimetoprim + sulfa e a colistina (mais utilizado). Contra muitos deles já se desenvolveu resistência em granjas, na prática, havendo diferenças entre elas e entre países. Os genes de resistência estão, frequentemente, localizados nos plasmídeos, e a resistência à colistina baseia-se na modificação de um lipopolissacarídeo local. Então, em julho de 2013, a pedido da Comissão Europeia, o CVMP, o CHMP e o EMA adotaram medidas restritivas ao uso dela pelo possível impacto negativo na saúde animal e humana. Ela só deve ser usada havendo um diagnóstico de sensibilidade e por um período não superior a sete dias, para tratamento com prescrição de doses. A decisão final foi adotada em 16/03/2015, e estas condições forçam o uso mais racional e criterioso de antibióticos. Ileíte suína • A Lawsonia intracellularis é excretada nas fezes durante o quadro clínico da doença, mas em quantidades muito variáveis entre granjas e entre lotes de leitões desmamados da mesma granja. A sorologia fornece uma boa estimativa do tempo e da prevalência da infecção, enquanto que a prova do PCR indica o nível de gravidade do problema. A detecção da L. intracellularis por qPCR, em fluidos orais, é menos sensível do que no soro. As técnicas de amplificação isotermal LAMP são dez vezes mais sensíveis do que o PCR, no caso do uso de amostras fecais. • A transmissão interespécies está demonstrada − no caso da via oro-fecal − entre ratos e suínos, razão pela qual eles devem ser considerados dentro da epidemiologia da doença. Salmonelose suína A salmonelose é uma doença prevalente em pessoas e animais, tendo sido demonstrado, na Europa, que a carne suína é a responsável, de acordo com diferentes estudos, por 8%, 9%, 15% e até 23% dos casos em humanos (EFSA). Entre 1998 e 2002, nos EUA, foi a doença que causou mais surtos na alimentação humana. Em bezerros (e também em suínos em fase de crescimento), o uso de cordas para coleta de fluido oral é o método mais utilizado para a definição do status contra a Salmonela. Comparando material coletado na piscina (pool) de fezes (25 g) com fluidos orais (corda de algodão, por 30 a 60 minutos), os resultados são
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muito semelhantes em termos de sensibilidade e especificidade. Tomando o conjunto de animais (sala) como unidade, o material de origem fecal é mais sensível do que os fluidos orais. A Salmonella entérica, subespécie entérica, surgiu em suínos e está causando surtos em humanos em todo o mundo. Em um estudo realizado na Itália, em abatedouros, a Salmonela foi isolada de nódulos linfáticos ileo-cólicos de suínos com 160 kg de peso ou nove a dez meses de idade (1 230 nós, em novembro/2013). A bactéria foi isolada em 18,6% deles, tendo sido identificados 21 sorotipos diferentes, sendo o sorotipo rissen o mais prevalente (4,3%), seguido do sorotipo derby (2,7%) e do sorotipo Typhimurium (0,74%). A maioria dos animais mostrou resistência antimicrobiana e 90% deles, multirresistências a quatro ou mais antibióticos. A entrada de Salmonelas nas granjas se dá por meio da roupa, botas, plásticos (fômites), fezes, suínos, ratos, pássaros, caminhões, moscas, matérias-primas e rações. Os caminhoneiros são um ponto alto nesse processo, sendo muito importante a adoção de medidas de desinfecção da cabine do caminhão e as trocas de botas e de roupa ao entrar para descarregar a ração na granja. O uso de acidificantes em doses elevadas (de três a cinco quilos de ácido fórmico, ácido cítri-
co, ácido benzoico) na água de bebida ou na ração reduz a prevalência e a excreção da bactéria nas fezes, ao mesmo tempo em que melhora os parâmetros produtivos nos suínos infectados de forma variável, segundo experimentos e/ou observações clínicas (diarreia, febre, vômitos). Como exemplo, o butirato de sódio a 3 kg/ ton durante quatro semanas antes do abate reduz a quantidade e o tempo de excreção da bactéria, assim como a sua prevalência, sem causar diferenças significativas nos índices zootécnicos. Em infecções experimentais não fica claro a depressão no crescimento dos suínos, posteriormente a elas, podendo haver outros fatores correlacionados que dão origem a um menor ganho médio de peso diário nas suas primeiras fases. Em um estudo realizado na Espanha, com leitões de cinco granjas distintas, a prevalência foi maior no verão (57,7%) do que no inverno (30,2%) e do que no outono e na primavera (28,6% e 25,3%, respectivamente). O sorotipo rissen foi o mais comum, seguido de Typhimurium, Brandenburg, Goldcoast e Derby (em amostras de fezes e nódulos linfáticos). A soropositividade decresce na medida em que aumenta a idade dos animais e melhora a higiene e o isolamento das baias parideiras, ações estas que ajudam a reduzir a infecção. 39
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Royal Hospital, em Dublin Pode haver suínos portadores assintomáticos que excretam a Salmonela de modo crônico durante até oito semanas na fase de engorda. Ainda que a ausência da bactéria nas fezes, no final da fase de engorda, não seja um indicador de sua presença em outros tecidos no momento do abate. Miscelânea de patologias suínas
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CLOSTRIDIUM DIFFICILE: em leitões lactentes é uma das principais causas de mortalidade, com ou sem a presença de diarreia, associada a um desequilíbrio da microflora intestinal. A doença tem sido relatada nos EUA, Canadá, Alemanha, Espanha, Japão e Argentina. A prevalência, neste último país, varia de 26% a 74% em leitões. Os sinais clínicos são edema do meso-cólon e colite supurativa focal. O uso de probióticos permite a redução da sua incidência e diminui a gravidade dos sintomas clínicos (edema do meso-cólon), em função de seu efeito competitivo com o agente em questão. STREPTOCOCCUS SUIS: muitos leitões já são colonizados imediatamente após o nascimento, mas a doença só se manifesta quando se misturam vários indivíduos, após o desmame ou a na início da fase de engorda. Tratamentos com antibióticos (ceftiofur, amoxicilina) não eliminam a presença das bactérias nas amídalas até sete dias após o término do tratamento. É uma bactéria Gram positiva, catalase negativa e anaeróbica facultativa, presente no sistema respiratório, sendo um dos patógenos mais invasivos da espécie suína, causando meningites, artrites, encefalites, metrites, infecções urinárias e septicemia, além de contribuir agravando os casos de pneumonia. São conhecidos 35 sorotipos, com elevada variabilidaSuínos&Cia | nº 58/2017
de genotípica, o que faz com que a eficácia da vacinação seja comprometida. O papel da proteção por meio da imunidade de mucosas, ou primeira resposta imune, não está totalmente claro, e a proteção cruzada entre cepas não está ainda determinada. As técnicas de diagnóstico baseiam-se nas provas de PCR e soroaglutinação. COMPLEXO RESPIRATÓRIO SUÍNO: em leitões de três a cinco e de seis a 11 semanas de idade, os patógenos mais prevalentes, na Europa, são o vírus da SRRS, cepa europeia; o Mycoplasma hyopneumoniae e o vírus da gripe. Em suínos de engorda são o vírus da SRRS, o M. hyopneumoniae e o PCV2, com poucas diferenças estacionais durante os últimos quatro anos e condicionados, sobretudo, pela temperatura e umidade. ERISIPELA: foram apresentados numerosos trabalhos realizados com uma nova vacina, mais eficaz tanto no que diz respeito aos níveis de proteção humoral como na duração dela em reprodutoras e suínos de engorda. PESTE SUÍNA: a peste suína africana (PSA) foi detectada pela primeira vez na Polônia, em fevereiro de 2014, e até o momento do estudo realizado havia 76 casos em javalis e três em granjas comerciais, todos confirmados por PCR, ELISA e teste de imuno-peroxidase, a partir de amostras de sangue e tecidos. Nos EUA foi desenvolvido um teste de identificação precoce para amostras de fluidos orais por RT-PCR (PCR em Tempo Real) para detectar o vírus da Peste Suína Clássica (PSC) com 100% de especificidade, entre o 4º e o 28º dias pós-infecção, com pico de detecção no 12º dia. Há correlação com os resultados sorológicos. Parasitas GELDHOF, P. Ascaris suum é o único parasita helminto altamente prevalente na produção de suínos atual que se manifesta tanto subclínica como clinicamente. Por isso, às vezes é difícil de diagnosticar, e suas implicações, tanto para produtores como para veterinários, também são difíceis de serem analisadas. O autor e seu grupo têm desenvolvido um teste sorológico para medir, em suínos de engorda, a exposição ao parasita, com base no reconhecimento da proteína hemoglobina AsHb produzida por ele, por meio da análise da resposta sistemática de IgG nos animais expostos. Em termos práticos, este teste mostrou mais sensibilidade para a detecção de infestações pelo A. suum do que a contagem de ovos e a verificação de “manchas de leite” em fígados, no abatedouro. Um estudo recente de soroprevalência realizado em mais de 500 granjas, nos suínos de engorda da Europa, determinou uma prevalência em 50% delas. Há uma correlação significativa entre a sorologia e parâmetros produtivos, como o ganho médio de peso diário e os dias de vida até o abate.
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JOACHIM, A. Até agora não há nenhuma vacina comercial desenvolvida contra parasitas para uso em suínos. Existem apenas duas vacinas para uso em animais de estimação: uma antiprotozoários e outra anticarrapatos. A única vacina experimental já desenvolvida para suínos, a partir do parasita Taenia solium e utilizada para prevenir a cisticercose em humanos, ainda não é comercializada, embora tenha se mostrado muito eficaz. Vacinas anticoccidiose já são usadas em frangos; e contra a Eimeria sp, em galinhas e perus, há mais de 50 anos. O problema é que estas vacinas, vivas, são susceptíveis aos coccidiostáticos e podem levar à criação de cepas resistentes quando utilizadas repetidamente. Em muitos parasitas, o desenvolvimento da imunidade é lento, e frente aos helmintos, a imunidade é incompleta e insuficiente para interromper seu ciclo biológico. Além disso, nesse caso, o controle é mais caro do que a medicação. O parasita candidato ao desenvolvimento de uma vacina contra si, em suínos, deve ser patogênico o suficiente para induzir a doença e as perdas econômicas que justifiquem a sua aplicação. Este parasita é o responsável pela sarna suína (Sarcoptes scabiei var. suis). A imunidade frente à escabiose tem sido descrita em várias espécies animais e no ser humano, tendo sido utilizado ratos nos modelos de preparação. Outros parasitas de importância para os suínos, em nível mundial, são o Strongyloides ransomi, nematoide transmitido pelo colostro após a ativação da larva hipobiótica na porca; o A. suum; o Trichuris suis e o parasita nodular Oesopagostomum sp, contra os quais não há nenhuma possibilidade de controle imunológico até o momento. Outro candidato à vacina é o parasita Toxoplasma gondii por seu caráter zoonótico, sendo os ratos e os suínos seus modelos experimentais (www.toxodb.org). • O Isospora suis também é um parasita a ser considerado, apesar de haver forte resistência dos suínos a ele, a partir da 3ª semana de idade. Os leitões infestados excretam milhões de oocistos durante a fase de infecção, causando alta disseminação entre seus pares nas primeiras semanas de vida. Um bom controle de tal excreção pode ser realizado por meio da metafilaxia, entre o 3º e o 5º dias de idade, com uma dose única de Toltrazuril (20 mg/kg de peso corporal). Provavelmente, os anticorpos frente a este parasita não são protetores, por ele ser um membro da família Apicomplexa. A disbiose (desequilíbrio na flora microbiana intestinal) contribui para o aumento da morbidade, com base na interação entre a referida flora e o sistema imunológico. São necessários mais estudos para se compreender os mecanismos de proteção e ter, assim, uma boa segurança com relação à eficácia das vacinas. A Suíça é o local onde este tipo de parasita é mais frequentemente identificado (12,8% dos casos).
• Estudos realizados em granjas na Dinamarca, com plantéis variando entre 450 e 2500 fêmeas, durante três anos e utilizando a técnica de câmaras de McMaster, analisaram amostras de fezes das quais 20% foram positivas para o A. suum (150 ovos/g de fezes), 9% para o Oesophagostomum sp (300 ovos/g de fezes) e apenas uma para o Trichuris suis. Tratamentos com anti-helminticos devem ser realizados periodicamente nas granjas, em sintonia com os controles por meio de testes de diagnóstico. Na Bélgica, 47% das granjas de suínos são positivas para o A. suum (54% em UPLs e 36% em terminações), sendo as maiores infestações em granjas com menos de 250 e com mais de 350 fêmeas. A verminose está mais associada a granjas com pisos compactados, menor higiene e programas antiparasitários pouco eficazes, tanto nas reprodutoras como nos suínos de engorda. Lagoas com água parada são uma das fontes de contaminação a serem consideradas. O teste de ELISA, com base no reconhecimento da larva L3, é a forma de detecção mais precoce da infestação. As taxas de sensibilidade e especificidade não são ainda bem conhecidas, e os mecanismos e a duração da imunidade materna, envolvidos em programas de desparasitação, tanto nas porcas como em leitões, devem continuar sendo investigados. Nutrição 41
• O conteúdo de água e de gordura óssea varia com a idade, tipo de osso e nutrientes da dieta. O conteúdo mineral, expresso como percentual de matéria seca, define o conteúdo/quantidade de gordura livre como matéria orgânica, com 56% de todo o teor de cinzas no esqueleto. Tal conteúdo varia de 62% a 72% nos ossos corticais de porcas adultas e de 44% a 46% nos ossos trabeculares (costelas, vértebras) de leitões. A quantidade de cálcio e fósforo nos ossos mantém-se constante, com uma relação de 2,1:1 (38% a 40% de cálcio e 17% a 19% de fósforo, em relação ao conteúdo de cinzas inorgânicas ósseas). Se estes valores se mostrarem alterados, deve-se suspeitar do método analítico, ou podemos correlaciona-los com problemas de aprumo em reprodutoras, fêmeas de reposição ou suínos de engorda (casos de relações Ca/P superiores a 3, em soros com concentrações de osteocalcina inferiores a 11 ug/L). • A água de bebida é um nutriente essencial para os animais de produção, especialmente para aves e suínos, tanto do ponto de vista microbiológico como físico-químico. No caso dos suínos, a má qualidade da água afeta, sobretudo, os processos digestivos e locomotores. É essencial ter a sua qualidade, bem como a presença de biofilmes, controlados em todos os níveis. • A influência da estrutura da formulação e da qualidade do granulado das rações, sobre a incidência de úlceras gastroesofágicas, está bem nº 58/2017 | Suínos&Cia
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estudada. Um trabalho realizado em 37 granjas de engorda, na Dinamarca, concluiu que nas granjas com o maior percentual de lesões no estômago a mortalidade foi maior, ainda que não significativa. E num comparativo entre o uso de rações granuladas e fareladas, concluiu-se que suínos vacinados contra o PCV2 e infectados pelo Actinobacillus pleuropneumoniae (sorotipo 6 e não o sorotipo 2), mantiveram a mesma associação correlacionada entre úlceras e pleurite encontrada em outros estudos comparativos (possivelmente por ser mais comum a vacinação em granjas com alta incidência de úlceras). Não foi detectada correlação entre a incidência de úlceras com o tipo de piso. • As xilanases aumentam a digestibilidade dos polissacarídeos não amiláceos, havendo resultados variáveis do seu efeito sobre os suínos de engorda. A meta-análise de trabalhos publicados entre 1990 e 2015 (153 artigos), usando um modelo multivariável que analisou tipos de dieta e densidade energética, encontrou melhora no crescimento de suínos (da ordem de 29 g/dia − com um intervalo de confiança de 6,0 − a 51,5 g/dia) em dietas à base de milho, comparativamente a dietas nas quais se utilizava a associação de trigo e cevada. Ao mesmo tempo, dietas com níveis de energia mais baixos deram respostas mais positivas do que aquelas com níveis mais elevados. • Os leitões desmamados são um excelente modelo para o estudo do estresse oxidativo, devendo-se levar em conta que há uma grande variação entre indivíduos. Aplicando-se vacinas conjugadas no dia do desmame (PCV2 + gripe), foi obtido um impacto negativo no consumo de alimentos (3%) e no ganho médio de peso diário pós-desmame, havendo um aumentando no estado inflamatório dos animais. Tanto a vitamina E como o selênio orgânico mostram efeitos positivos sobre a restauração do estado antioxidativo (ocorre também com o uso de concentrados de polpa de melão, na ração). • Casos de necrose de cauda são relatados em leitões recém nascidos devido a contaminações elevadas pela micotoxina DON. As concentrações de DON no plasma de porcas e leitões estão correlacionadas. • A suplementação com derivados lácteos em leitões de baixo peso na fase de lactação melhora os resultados de crescimento posteriores. • A composição dos aminoácidos do leite e do colostro das porcas é influenciada, além da dieta, pela condição corporal delas e o seu número de partos. • Foram apresentados vários trabalhos sobre a incorporação de probióticos e fitobióticos em rações de porcas e de leitões, havendo melhora na redução dos transtornos digestivos e menor utilização de antibióticos. Nessa mesma via, a inclusão de proteínas de plasma e nucleotídeos também traz benefícios.
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Reprodução ALTHOUSE, G. É necessário alta qualidade seminal para que se obtenha bons parâmetros de fertilidade. Um dos principais indicadores, na granja, é a observação de um aumento acentuado nas repetições de cio regulares. Outros indicadores, mais tardios em sua manifestação, são a redução do número de nascidos vivos, a redução da fertilidade e as leitegadas pouco numerosas ("litter scatter"). Alguns dos principais estudos relativos a esse assunto afirmam que a má qualidade do sêmen afeta até 33,3% das granjas, levando a perdas de até 1,2 leitão nascido vivo, o que pode ainda se agravar devido a fatores de manejo. Os principais pontos críticos referenciados são: - qualidade inicial do ejaculado fresco. Deve ter, pelo menos, 80% de espermatozoides com motilidade progressiva e mais de 75% de espermatozoides com formas normais. É importante determinar ainda a sua cor, odor, contaminação, volume e concentração; - pessoas envolvidas no processo: ênfase especial nas medidas de higiene das mãos, materiais de coleta e aqueles que entram em contato com o sêmen, condições de saúde, uso de protetores de cabelo e pés; - instalações: limpeza de baias, manequins, assepsia do órgão reprodutor dos cachaços e suas adjacências (prepúcio, abdómen); - laboratório: uso de material descartável, qualidade da água, lavagem, limpeza e desinfecção do material de coleta, preparação e conservação com produtos livres de detergentes, desinfecção do piso e uso de luz ultravioleta na sala de preparação das doses; - produtos contaminantes: a qualidade dos produtos e o uso de material plástico adequado para acondicionar/manipular as doses seminais (blisters, tubos) é essencial, já que há componentes que podem alterar a célula espermática (bisfenol A ou BPA, policloreto de vinila ou PVC); - diluentes: tanto sua qualidade como sua duração efetiva são diferenciais entre os vários tipos disponíveis no mercado. KOKETSU, Y. A análise dos dados das granjas pode ajudar produtores e veterinários a identificar os problemas de produção. Para isso, o autor propõe analisar tanto os fatores no nível dos animais (porcas, por exemplo) como os fatores no nível da granja, relativos à reprodução (parâmetros produtivos gerais, manejo reprodutivo, tamanho da granja). Tais parâmetros, em granjas comerciais, são agrupados como: - Parâmetros reprodutivos da porca: inclui o número de leitões desmamados por porca e o número de leitegadas por porca/ano. Os desmamados dependem dos nascidos vivos e da mor-
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talidade na lactação. E o número de leitegadas/ porca/ano depende dos dias não produtivos, da duração da lactação e da gestação. Os parâmetros reprodutivos da porca contemplam os dois pilares: fertilidade (taxa de partos e intervalo desmame/ inseminação) e prolificidade (leitões nascidos vivos). A mortalidade das porcas se relaciona com a fertilidade, assim como os abortos incrementam os dias não produtivos. - Produtividade da porca: a média de vida de uma porca é de mil dias. Este parâmetro inclui a longevidade, o número de partos e a idade da porca no abate, além da taxa de renovação, número de leitões nascidos, número de leitões desmamados e os dias não produtivos durante a sua vida produtiva. O ciclo reprodutivo da porca é definido como sendo os dias que vão desde que se insemine pela primeira vez até que se renove. Dentre os fatores reprodutivos, o que deve ser analisado, no nível de porcas, são: - partos: as porcas com menos de dois e com mais de seis partos costumam ter pior produtividade. A granja mantém-se estável entre o 2º e o 5º partos. Normalmente, as primíparas têm pior fertilidade, mais repetições, menos nascidos vivos e maior intervalo desmame/inseminação. - sazonalidade: a fertilidade e a prolificidade das porcas inseminadas no verão costuma decrescer (redução de GnRH e progesterona) e mais acentuadamente em porcas jovens. - consumo de ração na lactação: um consumo menor de nutrientes tem relação com peso mais baixo no desmame, aumento no intervalo desmame/entrada em cio, decréscimo na fertilidade, menor prolificidade no ciclo seguinte e maior taxa de porcas descartadas. Um incremento no número de dias em lactação e os sistemas de dosificação automática de ração ajudam a reduzir estes riscos. - duração da lactação: os desmames precoces depreciam os parâmetros reprodutivos, afetando negativamente a fertilidade, o número de nascidos vivos e o intervalo desmame/inseminação. - número de inseminações: o momento preciso da inseminação e a técnica utilizada são essenciais. O uso da tecnologia GnRH, com uma só inseminação, é considerado uma opção para a redução dos custos. - período periparto: a mortalidade de porcas é um indicador da saúde e do bem-estar delas. Estudos prévios demonstram que duas em cada três porcas morrem quatro semanas antes ou quatro semanas após o parto. À medida que o número de partos aumenta, o risco de mortalidade também. Considerando as condições climáticas, morrem mais porcas jovens no verão e mais porcas velhas no inverno. As duas causas principais de mortalidade são as torções de órgãos abdominais e os problemas cardiovasculares.
- intervalo desmame/inseminação (IDC): as porcas com IDC entre três e seis dias, frente às com IDC de sete a 20 dias, têm melhores taxas de fertilidade e prolificidade. Nas segundas, a duração do cio costuma ser inferior, mais irregular, além de elas apresentarem um intervalo menor entre os primeiros sinais de cio e a ovulação. - número de nascidos vivos totais: este parâmetro serve para identificar as porcas mais prolíficas em fase precoce, que terão uma vida reprodutiva superior. - peso ao nascimento e crescimento durante a lactação: são muitos os fatores que influem nestes dois parâmetros. - número de leitões desmamados: o desejável é que fosse o maior número possível e com o maior peso. Atenção aos planos de adoçõescessões e ao uso de nutrizes, de modo que esses procedimentos não alterem o estado metabólico das porcas e reduzam os seus parâmetros reprodutivos. - idade das porcas na primeira inseminação: atualmente, as empresas de genética recomendam inseminá-las aos 240 dias de idade. - número de nascidos mortos: natimortos são os leitões que estavam vivos no início do trabalho de parto, mas que morreram durante o processo. Recentemente demonstrou-se que um fator de risco de aborto em porcas estaria associado àquelas que têm uma alta taxa de natimortos.
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Dentro dos fatores reprodutivos que devem ser analisados, no nível de granjas, temos: - tamanho da granja: não há correlação direta entre maior tamanho de granja e maior número de leitões produzidos por porca, por ano. - parâmetros da granja: duas categorias de granjas são definidas, segundo este ponto. Granjas normais e granjas com altos resultados, havendo, nas segundas, melhora de 4% a 7% na fertilidade; 0,6 a 0,9 leitões nascidos vivos por parto a mais e entre 0,8 e 0,9 leitões desmamados vivos por parto, com relação às primeiras. As melhores têm menor taxa de descarte de porcas, entre os partos zero e cinco, e maior a partir do sexto parto. - fatores de manejo: esta questão inclui programas de desenvolvimento de marrãs, cronograma de inseminações, manejo de partos e lactações, duração de partos e protocolos de eliminação de porcas. O número limitado de baias de parição, em muitas granjas, é o gargalo para uma produção bem-sucedida. - estrutura para o recenciamento da granja: o fluxo contínuo de reprodutoras medido por meio do número de porcas inseminadas por semana, durante 52 semanas, e um censo estável geral e particular de porcas entre três e cinco partos darão lugar a uma eficácia produtiva superior e menos variável. nº 58/2017 | Suínos&Cia
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- central de inseminação − fator cachaço: é necessário que se tenha bem integrados os dados de qualidade de sêmen com os parâmetros reprodutivos das porcas, com o objetivo de poder identificar as causas de eventuais resultados ruins no nível dos cachaços, porcas e da granja, no geral. Assim, para que haja uma análise correta de resultados, é necessário haver segurança de que a anotação dos dados seja benfeita e que a coleta deles e seu registro estejam de acordo. • Estudo realizado na Alemanha detectou até 4,2% de porcas lactantes em cio, principalmente devido à prática de desmames parciais, com frequência irregular, de acordo com bandas semanais, e sem ter correlação com o número de partos. Em teoria, uma porca em lactação está em anestro, pois a alimentação dos leitões suprime a secreção de LH-FSH, não havendo crescimento folicular e tampouco ovulação. • Com o aumento no tamanho das leitegadas, o manejo próximo da hora do parto deve ser considerado prioritário. O uso de oxitocina na segunda fase do parto para expulsão da placenta e involução uterina tem se mostrado eficaz. • O uso de fotoestimulação (sistema maXipig) do sêmen refrigerado, a 17ºC durante 30 minutos, resulta em melhora na fertilidade (2,11%), sem afetar o tamanho da leitegada. • Estudo realizado no Brasil demonstrou que os cachaços com melhor fertilidade têm maior motilidade espermática e melhor trajetória progressiva, do que os que têm os piores índices. • Leitoas de 15 a 25 semanas de idade imunizadas com antiGnRH, em comparação a outras não imunizadas, tiveram o cio suprimido (82,06%), apresentaram desenvolvimento menor dos órgãos reprodutivos (redução de 81,71% nos ovários e de 92,81% no útero) e tiveram ganho médio de peso diário maior (+ 60 g), com incremento na ingestão diária da ordem de 250 g, sobretudo a partir da segunda dose. • A taxa de ovulação não afeta as características da leitegada, no nascimento, ainda que o tamanho dos corpos lúteos estejam relacionados com o peso e a uniformidade dos leitões ao nascer (há trabalhos que diferem sobre este ponto). • Foram apresentados vários trabalhos sobre inseminação artificial em tempo fixo após a aplicação de 10 ug de buserelina (análogo do GnRH), entre a 85ª e a 89ª horas após o desmame, e cujas conclusões confirmaram não só a redução do custo (devido ao uso de um menor nº de doses e da diminuição do tempo de inseminação), como também permitiu a utilização de doses seminais de melhor qualidade. A utilização desse material, proveniente de cachaços superiores, permitiu reduzir a variabilidade entre os animais e melhorar a qualidade do produto final. Vinte e quatro horas após o
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tratamento, o tamanho dos folículos ovarianos das porcas tratadas versus os das porcas-controle era maior (7,04 mm vs 6,42 mm). Os dados de fertilidade e prolificidade foram semelhantes aos de um trabalho realizado na Espanha, o qual estimou um ROI (retorno ao investimento) da ordem de € 2,90 por tratamento. • Foi sugerido que os espasmos sejam os responsáveis pelas falhas reprodutivas no processo de inseminação pós-cervical (Gil, J.). Bem-estar animal EDWARDS, S. Define como aspectos fundamentais do bem-estar animal que eles estejam livres de dor, ferimentos e doenças, como também se baseia nas cinco liberdades (FAWC, 1993). A dor pode ser definida como uma sensação desagradável e uma experiência emocional associada ao real ou ao potencial dano nos tecidos (IASP 1979). Em suínos, o autor destaca a dor causada pela castração nos machos, o corte de caudas, o corte de dentes, a implantação de etiquetas de identificação e a identificação por marcas auriculares ou tatuagens. Todas estas práticas estão ligadas à intervenção humana, enquanto que os distúrbios patológicos são espontâneas em animais, assim como as lesões e as infecções agudas e a maioria dos transtornos esqueléticos crônicos, respiratórios e digestivos. Para a identificação correta da falta de bem-estar nos suínos devemos conhecer, primeiramente, as características do seu comportamento. Assim, em momentos de dor aguda, o animal tem um tempo de resposta rápido, tende a escapar e mostra sinais de vocalização e alterações posturais. Nesse momento ativa-se o eixo hipotálamo/ pituitária/adrenais ou o sistema nervoso simpático, aumentando os níveis circulantes de cortisol e adrenalina, o que traz consequências fisiológicas tais quais o aumento da frequência cardíaca, da respiração e da temperatura corporal. Outros marcadores sanguíneos da dor são as endorfinas e o lactato, embora com correlações mais variáveis. Além disso, a magnitude do comportamento e das respostas fisiológicas variam entre os indivíduos, com base nas suas capacidades de adaptação, predisposição genética e experiências anteriores. Neste sentido, uma abordagem multifatorial à dor deve conglomerar tanto os métodos comportamentais, como os fisiológicos. A utilização destes métodos em processos de dor crónica, dão piores resultados. Entre os processos dolorosos associados a procedimentos de manejo em granjas, podemos mencionar: - Castração de machos: realizada com o objetivo de reduzir o odor sexual na carne (o que deprecia a carcaça), além de diminuir as agressões
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e o comportamento sexual indesejável ao redor da puberdade (considerações de ordem ética e econômica). A partir de 1º de janeiro de 2018, de forma voluntária, a União Europeia (UE) deverá adotar alternativas à castração cirúrgica, como a seleção genética, procedimentos nutricionais, anestesia geral (custo elevado) ou castração imunológica, que já é uma técnica disponível e implementada em muitos países. - Corte de caudas: realizada com o objetivo de reduzir o risco de mordeduras de caudas nos suínos de engorda, grave problema de bem-estar que leva à formação de neuromas, alterando a atividade nervosa periférica. Definida pelo equilíbrio custo/benefício no próprio animal, os processos de mordedura de cauda podem ser minimizados e até evitados pela implementação de programas de boas práticas de manejo e acertos nas instalações. Também há programas de seleção genética trabalhando nesse sentido. Na Finlândia, o corte de caudas está proibido desde 2003, havendo relatos de percentuais de mordeduras de cauda da ordem de 2,3%. Vários fatores, entre eles o espaço no comedouro, a sanidade do plantel, a qualidade dos leitões que chegam à fase de engorda e a movimentação entre baias, são considerados como causas principais do problema. A dor, associada a transtornos locomotores (traumas, infecções, doenças degenerativas), também está sendo estudada. Do mesmo modo, incluem-se os problemas de úlceras gastroesofágicas, tanto em suínos de engorda como em reprodutoras, não sendo ainda bem conhecido o grau da dor causada pelas erosões e úlceras. Outras causas de dor em suínos, como aquelas causadas por pneumonia e pleurites, devem ser consideradas. STEVENSON, P. O objetivo do bem-estar animal na espécie suína, em 2025, diz respeito à sanidade, tal como definido pelos princípios orientadores da OIE (Organização Mundial para a Saúde Animal) ou da própria EFSA (Autoridade Europeia para Segurança dos Alimentos), os quais mencionam a alta qualidade no manejo e o respeito pela integridade dos suínos. A suinocultura precisa se reinventar, produzindo proteína de qualidade superior e com base em boas normas de meio ambiente e bem-estar animal. Dentro desta visão futura, os pontos de atuação concentram- se em: - porcas gestantes criadas em grupos: na normativa europeia atual permite-se que as porcas sejam mantidas em celas individuais até a quarta semana de gestação. Outros países também têm proibido a criação em baias individuais, de forma obrigatória ou voluntária (EUA, em nove Estados; Nova Zelândia; Brasil; Canadá em 2024; Austrália em 2017; África do Sul em 2020). A pergunta que fica no ar é: no futuro, também será proibido alojar em celas individuais, nas primeiras quatro semanas de gestação?
- porcas em lactação: há vários projetos sobre os partos em liberdade, embora o ponto negativo da alta mortalidade de leitões lactentes (problema de bem-estar) ainda não tenha sido resolvido (Olari Pen, 360º Freedom Farrower, Danish SWAP Pen, PigSAFE). - castração: a partir de janeiro de 2018 a supressão voluntária da castração cirúrgica será legislada com várias alternativas, na Europa, elegendo a imunocastração como opção mais simples. A indústria e os abatedouros deverão explicar aos consumidores, que a qualidade da carne destes suínos (imunocastrados) estará assegurada. - corte de cauda e diversificação do meio ambiente: os suínos dedicam 75% do seu tempo para explorar o seu entorno. A EFSA recomenda a oferta de materiais que estimulem essa atividade de comportamento, o que, por sua vez, reduzirá os riscos de agressões, os quais devem ser comestíveis, mastigáveis, investigáveis e manipuláveis (março de 2016). As condições ambientais e de manejo incorretas são essenciais para o desencadeamento dos problemas de mordeduras de cauda (balanço correto de nutrientes, estresse por frio ou calor, qualidade do ar, densidade/espaço para os animais, sanidade ruim, competição por água/ alimentos). - redução do uso de antibióticos: uma comissão denominada “Lancet Infectious Diseases Commission” estuda a melhora na sanidade e na imunidade, concentrando-se sobretudo na redução dos fatores de estresse, redução das misturas de animais de diferentes idades, aumento do espaço por suíno e extensão da idade para o desmame.
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Atualmente não importa pensar apenas em bem-estar, mas também em medidas para promover de forma positiva este bem-estar para os suínos (“Farm Animal Welfare Committee”). Entendese que o setor necessita se ajustar rapidamente a estas mudanças legislativas sobre o bem-estar, a degradação do meio ambiente e as resistências a antibióticos para que se produza carne de melhor qualidade, o que é o desejo do consumidor (Eurobarômetro: nove em cada dez pessoas assim o veem). Segundo a Diretiva Comunitária 2008/120/ EC, os suínos deverão ter acesso permanente a material enriquecido, os quais devemos considerar que têm riscos sanitários (Salmonelas, E. coli, Klebsiellas), entre outros, necessitando, por isso, de novas pesquisas a respeito. O tipo de alojamento, no caso de grupos de porcas em gestação, influencia na saúde de ambos, porcas e leitões. Estudos realizados com grupos de número médio de fêmeas (24) alojados sobre piso ripado, em comparação com o alojamento sobre camas de palha, revelaram concentrações distintas de cortisol na saliva das mesmas. Amostras coletadas nº 58/2017 | Suínos&Cia
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nos dias 35 e 105 de gestação continham concentração superior de cortisol, no caso dos grupos mantidos sobre piso ripado, além de maior contagem de granulócitos sanguíneos e de hidro-peróxidos. Em contrapartida, não houve diferença entre as concentrações de antioxidantes biológicos em potencial, como a haptoglobina, nem com relação aos níveis séricos de IgA e IgG e níveis de IgA no leite (porcas), tampouco nos níveis séricos de IgG em leitões com quatro dias de idade. Diferentes estudos comparando leitões castrados durante a primeira semana de idade com leitões não castrados não mostrou diferenças quanto ao peso no desmame nem quanto ao ganho médio de peso diário, ainda que tenha ocorrido um incremento na taxa de mortalidade, infecções por meningite e leitões com atraso no desenvolvimento, parâmetros superiores nos animais castrados, sobretudo nos de menor peso. A supressão do cio em porcas descartadas para o abate com alto peso reduz o seu comportamento sexual e as agressões e aumenta o tempo de alimentação, melhorando o seu bem-estar e permitindo que os parâmetros zootécnicos entre fêmeas e machos sejam mais parecidos. A aplicação de duas doses de Improvest®/Improvac®, às 12 e às 16 semanas de idade, produz níveis mais baixos de estradiol e progesterona do que nos animais-controle castrados. O tamanho dos ovários é menor (3,7 g vs 9,1 g), assim como o do aparelho reprodutor (28,2 g vs 90,0 g). As fêmeas tratadas comem mais por dia e mantêm características semelhantes em termos de qualidade de carne e de carcaça (comparativo realizado em ambos, suínos brancos e Ibéricos). Foi apresentado como alternativa ao Improvac®, para castração cirúrgica, o produto Valora®, do laboratório Ceva.
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Segurança alimentar GRONTVED, C. A. O Staphylococcus aureus é uma das principais causas de doenças comunitárias em humanos, envolvido na resistência à metilpenicilina (MRSA) e associado com o aumento dos custos na área da saúde, em função de sua morbidade e mortalidade. Nas últimas décadas alguns clones de MRSA, associados à produção animal (LA-MRSA), colonizaram e têm emergido e persistido em granjas de muitos países europeus. O mais comum é o CC398, encontrado em bovinos e suínos. Os suínos, particularmente, podem ser contaminados por eles, sem mostrar qualquer sinal de doença. No nível internacional, trata-se de um problema de saúde pública. A Dinamarca, embora com elevada densidade populacional de suínos, tem baixa prevalência de MRSA em humanos. Estudos recentes demonstram que a transmissão entre pessoas é menor nos LA-MRSA do que nos MRSA, sendo os primeiros mais prevalentes em pessoas que trabaSuínos&Cia | nº 58/2017
lham em contato com animais e em seus familiares diretos. Na Noruega, 1,6 milhão de suínos são abatidos anualmente, provenientes de 1.250 granjas produtoras de leitões, ou UPLs (118 matrizes, em média, por granja), e de 800 unidades de terminação. Em um experimento realizado lá, pelos autores, foi detectado o primeiro caso de MRSA CC398 tipo spa T034 em um abatedouro, em 2011. E só em 2013 foi detectada a presença de LA-MRSA em um humano, o que demonstra uma prevalência muito baixa. Outro estudo, realizado em 252 granjas, identificou um total de apenas 24 delas positivas para o MRSA CC398. Na Noruega, os casos de MRSA em humanos têm que ser obrigatoriamente notificados. Entre 2014 e 2016 foi implantado um programa de análise na maioria das granjas de suínos norueguesas (986 UPLs, 821 terminações), tendo sido confirmada essa baixa prevalência. WALL, P. O uso de antibióticos como promotores de crescimento está proibido, nos EUA, desde janeiro de 2016. Esta mesma medida já havia sido tomada pela UE em 2006, forçando os suinocultores a buscarem alternativas, com destaque para o aumento de medidas relativas à biossegurança dentro e fora da propriedade, assim como a implementação de programas de vacinação mais precisos. O uso responsável e prudente de antibióticos foi adotado para preservar tanto a saúde animal como a humana, além de diminuir as despesas pela utilização deles. Enquanto isso, outras medidas estão sendo tomadas, entre elas a melhoria dos programas nutricionais, o aumento do espaço por suíno, o alongamento do período de lactação, a implementação de diagnósticos mais precisos com a ajuda de laboratórios, o uso de aditivos alimentares alternativos aos antibióticos e a implantação de medidas mais rígidas relativas ao manejo sanitário. • Um estudo longitudinal com 18 meses de duração foi realizado em veterinários especialistas em suínos, nos EUA, para determinar a presença de LA-MRSA em amostras nasais. A prevalência do S. aureus foi de 64% e a do MRSA foi de 9%, predominando os tipos t 034 (50%), t 002 (25%) e t 337 (18%), correlacionada com estudos realizados em suínos. A prevalência, na Holanda, foi maior, e sua associação com as infecções clínicas não é conhecida. • No Canadá foi estabelecido um programa nacional integrado para o uso de antibióticos e suas resistências bacterianas, tanto em humanos, como em animais e alimentos (CIPARS). As pesquisas foram realizadas a partir de amostras de fezes de suínos de engorda. Em apenas 9% das granjas não foi detectada nenhuma resistência nesse estudo realizado em 2014. Foram determinadas correlações entre resistências a antibióticos com áreas demográficas, com doenças específicas, planos de prevenção e medidas de biosseguridade.
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Outras experiências, relativas à redução do uso de antimicrobianos e à diminuição da resistência, continuam em andamento na Holanda, em 1.513 propriedades (desde 2009 os casos de resistência diminuíram 21,6% − havendo redução maior nas granjas que adotaram programas de vacinação mais completos, como o VetStat®, que contemplam M. hyopneumoniae, Circovírus suíno e L. intracellularis), e na França (redução de 22% no uso de antibióticos, entre 2010 e 2013, em 157 granjas - Painel INAPORC). Alguns trabalhos demonstram uma correlação positiva entre a adoção de medidas corretas de biossegurança, tanto internas como externas, menor medicação de reprodutoras, melhor qualidade de água, menores densidades populacionais e maior idade de desmame, com redução no consumo de antibióticos (dose/animal/dia, ou DDA). Manejo • Diferentes estudos, realizados com porcas de alta prolificidade, demonstram que uma parte dos leitões nascidos não toma colostro (3,9%), e outra quantidade importante de animais (27,1%) o faz a níveis subótimos, estimado em menos de 200 g, o que afeta tanto o crescimento dele como sua imunidade passiva. • 84,5% da mortalidade em leitões lactentes resumem-se a seis situações: fraqueza e esmagamento − as mais importantes; sazonalidade (período do ano); partos durante o dia ou à noite; ciclos de parição e tamanho da leitegada − as características distintas. Por exemplo, existem mais mumificados no verão, e os problemas variam em função da variação do peso dos leitões. Cuidado para não extrapolar dados de uma granja para outra, sob o risco de cometer graves erros. • A mortalidade durante a fase de lactação é um problema de bem-estar, lógico, além de econômico. Os suinocultores dinamarqueses propuseram baixar em 20% este parâmetro em suas granjas, entre 2011 e 2020 (atualmente já chegaram a 18% e a 1,8 natimorto por leitegada). Para cada ponto de mortalidade reduzido, a margem bruta por porca por ano sobe € 6,00. As principais situações associadas à mortalidade, segundo eles, são os planos de adoções e cessões, as movimentações tardias e o peso dos leitões ao nascer. • O alto risco de descarte precoce de porcas por problemas locomotores está relacionado a problemas reprodutivos, baseados no menor tamanho da leitegada no nascimento e no desmame, no pior peso dos leitões e no maior número de natimortos, além de ser uma consequência de problemas de bem-estar. • A seleção de porcas pelo tamanho da leitegada tem levado a uma maior variação no peso
Parque Central de Dublin – “Love is the natural in between” dos leitões ao nascer, devido a diferentes graus de restrições de crescimento uterino (IUGR), não havendo correlação com o sexo dos leitões nem com a morfologia de suas cabeças. O efeito interativo entre o peso ao nascer e a morfologia da cabeça na sobrevivência dos leitões requer estudos mais precisos quanto à sua funcionalidade, tanto anatômica como fisiológica. • Os principais fatores de risco associados ao crescimento insuficiente de um suíno, do nascimento ao abate, são peso ao nascer inferior a um quilo, leitões nascidos de porcas com menos de quatro partos, leitegadas com mais de 18 elementos, movimentações irregulares de leitões na maternidade, fêmeas, tratamentos realizados em leitões lactentes e leitões desmamados percentualmente na ordem dos maiores para os menores (de acordo com um estudo realizado na Dinamarca, em nove granjas). O limite de baixo crescimento está estimado em menos de 569 g/dia (25% abaixo da média), com base em regressões lineares. Para cada 10% de redução no ganho médio de peso diário, a avaliação econômica corresponde a uma perda de € 2,50/suíno sobre a margem bruta.
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• O tamanho da granja não afeta os parâmetros produtivos, mas sim o custo final de produção. De modo que, em granjas entre 5.000 e 10.000 matrizes, o custo de produção é maior do que em granjas com menos de 1.000 fêmeas, ou naquelas com entre 1.000 a 5.000 porcas (estudo realizado na Espanha entre 2010 e 2014, por Sips). • O peso do leitão ao nascer é um bom dado para se prever a sua sobrevivência durante o período de lactação, independentemente da granja e do tamanho da leitegada. O ponto de corte, a partir do qual a taxa de sobrevivência se dissipa, está estimado em 1,13 kg. • No comportamento e no manejo das porcas alojadas em grupos com estações de alimentação eletrônicas, devemos levar em conta o tipo nº 58/2017 | Suínos&Cia
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de estação, o grau de treinamento das porcas e do pessoal, o tamanho do grupo, a estrutura dos partos, a genética, a condição corporal, o ambiente, o período produtivo da gestação, a quantidade e a qualidade da ração, entre outros fatores. • A aplicação de vacinas pela via intradérmica, de acordo com diferentes trabalhos e frente a patologias distintas, confere uma proteção muito similar quando comparada à das vacinas aplicadas pelas vias injetáveis tradicionais. Além disso, é importante levar em consideração as vantagens iatrogênicas do seu uso e também os aspectos ligados ao bem estar animal. Genética MABRY, J. Alguns dos exemplos das diferentes tecnologias genéticas que têm permitido melhorar os parâmetros produtivos na suinocultura são: - “Terminal Cross Mating System”: selecionar as melhores porcas reprodutoras da linhagem materna, buscando a heterose expressa nas F1. - “Optimal Genetic System Structure”: uso do número adequado de bisavós, avós e fêmeas disponíveis dentro do sistema genético, cruzadas com machos finalizadores que tenham os melhores caracteres fixos para usufruir das vantagens − tanto na heterose maternal, como nos produtos terminados.
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- Programas de seleção BLUP: para maximizar o progresso genético. - “Market Assisted Selection”: identificar os genes que tenham maior influência nos parâmetros produtivos de sensibilidade econômica (tamanho de leitegada, índice de conversão, qualidade de carne). - “Mate-Select Software”: permite estruturar as coberturas feitas no nível das bisavós, com o objetivo de produzir as melhores linhas puras para serem cruzadas entre si, minimizando a endogamia. - “Genomic information”: factível apenas em núcleos de bisavós, partindo de um grande número de pares de genes (60 mil por cada animal). Nos últimos 30 anos as melhorias nos parâmetros produtivos, observadas sobre a base de melhora de benefícios, têm sido: o O tamanho da leitegada passou de 10 para 14 leitões, ou mais; o A gordura dorsal em P2 diminuiu de 25 para menos de 10 mm; o O percentual de carne magra saiu dos 45% para mais de 57%; Suínos&Cia | nº 58/2017
o O crescimento aumentou, passando de suínos com 100 kg de PV aos sete meses de idade, para 130 kg aos seis meses; o O índice de conversão alimentar melhorou de 3,5 para 2,5. Apesar disso há ainda alguns problemas, como o aumento do número de leitões com peso mais baixo< em função da limitação da capacidade uterina das matrizes, o que eleva as dispersões de peso ao longo da vida deles, provocando aumento na mortalidade (leitões com mais de 1,4 kg − em comparação com os de menos de um quilo − têm mortalidade de 10% e de 25%, respectivamente); a cada 100 g abaixo dos 1,4 kg há aumento da mortalidade, na fase de lactação, da ordem de 3% (e de 2% no pós-desmame), além de diminuição de 1,63 kg no peso de abate (o que corresponde a um decréscimo de 2% no valor total final do abatedouro). Também aumentam os problemas estruturais devido à mudança na proporção gordura/proteína, o que provoca aumento nas taxas de refugagem e na mortalidade de porcas e gera suínos em idade de abate com peso fora do padrão. Existe uma correlação fisiológica entre o peso ao nascer e o peso no desmame, de modo que animais com peso menor do que um quilo ao nascer e do que cinco quilos no desmame são de rentabilidade duvidosa. Dentro do objetivo principal de melhorar a taxa de retorno sobre o custo de produção, há também outros parâmetros a levar em conta, como o valor total de leitões desmamados; o valor marginal do leitão desmamado; o peso da leitegada no desmame; os dias não produtivos por porca, por ano; as porcas mortas e descartadas e o número correto de espaços de gestação/partos/ renovação de plantel, com base na capacidade produtiva. Em sua análise sobre impacto econômico, o software PigProfitTrackerC toma por base de partida 28 leitões desmamados por porca, por ano; 45% de taxa de renovação; 6,2% de mortalidade de porcas; 5% de mortalidade de leitões no pós-desmame e 4% de taxa de refugagem no abatedouro. • O efeito genético social, assim como o efeito hereditário em nível individual, podem melhorar o comportamento dos suínos, mantendo seus parâmetros produtivos. Isso requer, entretanto, mais estudos para a obtenção de seus resultados finais na produção prática, com animais alojados em grupos. • Os estudos sobre a herdabilidade do conteúdo de androsterona e de escatol na gordura dos suínos fornecem dados de 49 e 51 para cada um, respectivamente, e não há correlação entre estudos realizados com diferentes raças de machos e seus parâmetros produtivos. Os níveis de androsterona são analisados por meio da prova de ELISA, e os de escatol, por HPLC.
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Sumários de Pesquisa
Fatores de risco para úlceras gástricas em suínos de terminação M. E. Busch 1,*; E. Okholm Nielsen 2 SEGES Pig Research Centre, Copenhagen/Denmark; 2 The Danish Veterinary and Food Administration, Glostrup/Denmark 1
Introdução
A
influência da estruturação e da peletização das rações sobre o desenvolvimento de úlceras gástricas em suínos está bem estabelecida. Alguns estudos têm demonstrado um efeito benéfico do acesso à palha sobre a saúde gástrica. No entanto, o papel de outros fatores como, por exemplo, doenças e estresse, não é bem compreendido. O objetivo deste estudo foi identificar os fatores do plantel associados a uma alta prevalência de úlceras gástricas em suínos de terminação. Com base nos resultados de estudos realizados anteriormente, ficou decidida uma concentração em tipos de alimentação, doenças infecciosas, utilização de palha sobre o piso e tipos de piso usados nas baias.
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(grau 0: sem alterações, graus de 1 a 5: paraqueratose/erosão, graus de 6 a 10: úlcera/fibrose). A associação entre o risco de ocorrer uma pontuação de estômago entre 6 e 10 e os fatores de risco potenciais em termos de rebanho foram pesquisados por meio de análise de regressão logística (PROC LOGISTIC, SAS). Os fatores que explicam o ocorrido foram tipo de alimentação (ração peletizada/outra); estado de saúde do plantel, no que diz respeito à infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae sorotipos 2 e 6, ou App2, App6 (sim/não); suínos vacinados contra PCV2 (sim/ não); acesso à palha, por meio de um estrado com palha ou no chão (sim/não) e tipo de piso na baia (percentual de piso ripado, analisado como variável contínua). Além disso, o nível de mortalidade (baixa/alta) foi incluído como fator explicativo no modelo estatístico final.
Materiais e metodologia Os gerentes de 37 unidades de terminação dinamarquesas responderam a um questionário sobre alojamento, alimentação, saúde e manejo em suas granjas. Elas foram, originalmente, selecionadas para um estudo sobre mortalidade, e todas apresentaram tanto resultados muito baixos (21 granjas) quanto muito elevados (16 granjas). Os estômagos de 20 suínos por granja foram examinados macroscopicamente no momento do abate, e as alterações patológicas em suas porções esofágicas foram pontuadas em uma escala de 0 a 10
Resultados A prevalência de estômagos com pontuação de 6 a 10 foi de 51% em rebanhos com baixa mortalidade e de 62% em rebanhos com alta mortalidade, mas a diferença não foi estatisticamente significativa. A utilização de ração peletizada (OR = 3,7), a vacinação dos suínos contra o PCV2 (OR = 1,9) e a infecção do plantel com App6 (OR = 1,6) foram associadas a um risco aumentado de pontuação estomacal de 6 a 10 (p < 0,05). Não foram encontrados efeitos relacionados à infecção pelo App2, à palha ou ao tipo de piso. Conclusão O estudo confirmou o efeito negativo da ração peletizada. Suínos vacinados contra o PCV2 tiveram maior risco de apresentar úlceras estomacais, provavelmente por ser mais comum a vacinação de rebanhos com problemas de úlcera gástrica contra o PCV2. A associação entre a infecção causada pelo App6 e as úlceras estomacais comprova os resultados de um estudo dinamarquês anterior, no qual foi demonstrada a associação entre pleurisias e úlceras estomacais. Este estudo incluiu apenas um número limitado de rebanhos, no qual apenas diferenças substanciais seriam detectadas.
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Sumários de Pesquisa
Influência do sistema de alojamento da gestação sobre a saúde da porca e a transferência de imunidade materna para o neonato E. Merlot 1,*; H. Pastorelli 1; F. Robert 2; A. Prunier 1; M.- C. Meunier-Salaün 1; H. Quesnel 1 1 UMR1348 PEGASE, INRA, F-35590 Saint-Gilles/France; 2 CCPA, F-35150 Janzé/France Introdução
E
mbora o sistema de alojamento convencional, sobre piso ripado, seja predominante na criação europeia de suínos, existe uma variedade de sistemas alternativos para porcas em gestação. As consequências destes ambientes distintos, sobre a saúde das fêmeas e a imunidade a ser transferida aos seus descendentes, permanecem pouco conhecidas. Este estudo teve por objetivo determinar a influência de dois sistemas de alojamento contrastantes da fase de gestação sobre o bem-estar e os procedimentos de saúde relativos às porcas gestantes, bem como sobre as imunidades celular e humoral transferidas para os leitões recém-nascidos por meio das secreções mamárias. Materiais e metodologias Porcas em gestação foram criadas em grupos de 24 indivíduos, em um sistema de alojamento convencional com piso ripado (C, n = 18) ou em baias maiores, com o piso coberto por cama de palha (E, n = 19). Aproximadamente dez dias antes do parto (dia de gestação/DG = 105), as porcas de ambos os sistemas foram transferidas para unidades de parto com baias convencionais semelhantes. A claudicação das porcas foi avaliada durante a transferência. Amostras de saliva foram coletadas para dosagem de cortisol, na manhã de DG 35 e de DG 105. Foi realizada coleta de sangue em DG 105, para contagem de leucócitos, haptoglobina, avaliação do estresse oxidativo e dosagem das imunoglobulinas (Ig) G e A. As secreções mamárias foram coletadas no parto (uma a duas horas após o nascimento do primeiro leitão) e quatro dias depois (L4, coleta de leite após a administração de 1 mL de oxitocina) para análise da numeração celular e dos níveis de IgG e IgA. No grupo L4, dois leitões por leitegada foram coletados para análise do IgG.
No DG105, as porcas do sistema E tinham contagem sanguínea de granulócitos inferior (-17%, P < 0,001) e concentração de hidroperoxidos também menor (-19%, P < 0,01). O potencial antioxidante biológico, haptoglobina e as concentrações de IgG e IgA não diferiram (P > 0,10) entre os dois sistemas. Na transferência para as baias de parição, a claudicação foi significativamente mais prevalente no sistema C do que no sistema E (18% vs 2%, P < 0,001). Os números absolutos de células totais (entre eles os de células imunitárias CD45) por mL de secreção mamária foram similares nos sistemas E e C − no colostro −, mas foram maiores no sistema E, em comparação com o sistema C − em L4 (+ 125%, P < 0,05). As concentrações de IgG no colostro, de IgA no leite em L4 e de IgG no sangue de leitões em L4 foram semelhantes nos sistemas C e E. 51
Conclusão O cortisol, a frequência de claudicação, a contagem de granulócitos e os marcadores de estresse oxidativo indicaram que a saúde e o bemestar das porcas foram melhores no sistema E. Estas diferenças, durante a gestação, não afetaram a transferência das imunidades celular e humoral para os leitões por meio do colostro, mas devem ter afetado a transferência de componentes imunológicos celulares no leite, posteriormente. Obs: Esta investigação recebeu financiamento do projeto EU FP7 ProHealth (nº 613574).
Resultados A concentração de cortisol na saliva foi menor no sistema E, em comparação ao sistema C, tanto em DG35 quanto em DG 105 (P < 0,001). nº 58/2017 | Suínos&Cia
Sumários de Pesquisa
A resistência antimicrobiana da Pasteurellaceae NAD dependente e patogênica dos suínos 1
A. Jablonski 1,*; S. Zebek 1; D. Borowska 1; Z. Pejsak 1 Swine Diseases Department, National Veterinary Research Institute, Pulawy/Poland
Introdução
A
ctinobacillus pleuropneumoniae (App) e Haemophilus parasuis (Hps) são espécies bacterianas exigentes, comumente isoladas em casos clínicos de algumas doenças dos suínos. O App está associado à pneumonia necrotizante; e o Hps, à poliserosite, artrite e meningite dos suínos. O tratamento tem, tradicionalmente, envolvido o uso de antibióticos beta-lactâmicos, aos quais os isolados de ambos os patógenos têm sido quase que universalmente sensíveis. No entanto, têm surgido altos índices de resistência a vários grupos de antibióticos – incluindo os beta-lactâmicos − em alguns outros países, de modo que, atualmente, o tratamento tem que ser baseado no conhecimento local. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da resistência antimicrobiana de ambos, App e Hps, isolados de suínos na Polônia.
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Materiais e metodologias Foram testadas um total de 133 cepas de App e 67 cepas de Hps, isoladas a partir de suínos doentes entre 2008 e 2015. Um único isolado de uma mesma granja foi incluído. As cepas foram analisadas quanto à sua resistência frente a 11 agentes antimicrobianos, por meio do método de diluição em microcaldo (TREK, D. S.). Os valores de MIC (concentração inibitória mínima) obtidos
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foram avaliados de acordo com os critérios do CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute breakpoints, 2013). Resultados Foi detectada resistência dos App isolados frente a nove antimicrobianos testados, sendo os seguintes valores obtidos: tetraciclina (30%); ampicilina e penicilina (6% cada); eritromicina (4,5%); enrofloxacina (2,3%); tiamulina (1,5%) e ceftiofur, trimetoprim / sulfametoxazol, espectinomicina (0,8% e uma cepa, cada). A proporção significativa − 90% e 60% dos isolados − teve uma sensibilidade reduzida à eritromicina e à tetraciclina, respectivamente. Não foi detectada resistência contra amoxicilina/ácido clavulânico e florfenicol. Foi detectada resistência dos Hps isolados contra oito antimicrobianos testados, sendo os seguintes valores atingidos: tetraciclina (17,1%); enrofloxacina (13,2%); trimetoprim/sulfametoxazol, ampicilina e penicilina (9,2% cada); tiamulina e eritromicina (2,6% cada). A proporção significativa (90%) dos isolados teve uma sensibilidade reduzida somente à eritromicina. Não foi detectada resistência contra amoxicilina/ácido clavulânico, ceftiofur e florfenicol. Conclusão Este estudo demonstrou que as cepas polonesas de App e Hps têm tendências semelhantes de resistência. Até agora, os isolados de ambas as bactérias apresentaram susceptibilidade total à amoxicilina mais ácido clavulânico, bem como ao florfenicol. Os isolados de App têm grau muito limitado de resistência ao ceftiofur. As Pasteurellaceae NAD dependentes e patogênicas têm um grau de resistência, de limitado a moderado, às penicilinas naturais e semissintéticas, as quais são comumente utilizadas nos tratamentos. Nossos resultados também mostraram maior nível de resistência à enrofloxacina e ao sulfametoxazol/trimetoprim, por parte das cepas de Hps, comparativamente às de App. Obs: Pasteurellaceae é uma família de bactérias gram-negativas da ordem Pasteurellales.
Recursos Humanos
Quem dobrou seu paraquedas?
C
harles Plumb era piloto de um bombardeiro na guerra do Vietnã. Depois de muitas missões de combate, seu avião foi derrubado por um míssil. Plumb saltou de paraquedas, foi capturado e passou seis anos em uma prisão vietnamita.
Ao retornar aos Estados Unidos, passou a dar palestras relatando sua odisseia e o que aprendera na prisão. Certo dia, num restaurante, foi saudado por um homem: “Olá, você é Charles Plumb, era piloto no Vietnã e foi derrubado, não é mesmo?” “Sim, como sabe?”, perguntou Plumb. “Era eu quem dobrava o seu paraquedas. Parece que funcionou bem, não é verdade?”Plumb quase se afogou de surpresa e, com muita gratidão, respondeu: “Claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje.”
Ao ficar sozinho naquela noite, Plumb não conseguia dormir, pensando e se perguntando: “Quantas vezes vi esse homem no porta-aviões e nunca lhe disse bom dia? Eu era um piloto arrogante, e ele um simples marinheiro.” Pensou também nas horas em que o marinheiro passou humildemente no barco enrolando os fios de seda de vários paraquedas, tendo em suas mãos a vida de alguém que não conhecia. Agora, Plumb inicia suas palestras perguntando à sua plateia: Quem dobrou seu paraquedas hoje? Todos temos alguém cujo trabalho é importante para que possamos seguir adiante. Precisamos de muitos paraquedas durante o dia: um físico, um emocional, um mental e até um espiritual. Às vezes, nos desafios que a vida nos apresenta diariamente, perdemos de vista o que é verdadeiramente importante e as pessoas que nos salvam no momento oportuno sem que lhes tenhamos pedido. Deixamos de saudar, de agradecer, de felicitar alguém ou, ainda, simplesmente de dizer algo amável. Hoje, esta semana, este ano, cada dia, procura dar-te conta de quem prepara teu paraquedas e lhe agradece. Autor desconhecido
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O fantástico mundo dos probióticos MV Carlos Eduardo Junqueira Fonseca Responsável Técnico e Consultor Técnico Vitafort carlosjunqueira@vitafort.com.br
F
undada em 1976, a Vitafort tem como vocação levar para o mercado veterinário as grandes inovações tecnológicas. Atualmente, é uma das poucas empresas no Brasil com tecnologia para a produção e o manejo de microrganismos funcionais aditivos zootécnicos (promotores de crescimento biológicos: prebióticos, probióticos e simbióticos) para apoiar toda a cadeia da nutrição animal. Nesta entrevista, o médico-veterinário Carlos Eduardo Junqueira Fonseca, Responsável Técnico e Consultor Técnico da Vitafort, faz uma diferenciação entre os promotores de crescimento. De onde vem o nome probiótico? O termo probiótico teve origem a partir de duas palavras gregas, PRO = a favor e BIO = vida. A base do conceito da utilização de probióticos é a manipulação da microbiota intestinal que influencia beneficamente a saúde do animal hospedeiro. Em 1974, Parker já dizia que era um preparado de microrganismos destinados à suplementação de dietas com o objetivo de contribuir para o balanço microbiano digestivo. Em 1989, o conceito evoluiu para bactérias vivas que afetam beneficamente o animal hospedeiro, melhorando o balanço microbiano digestivo. Atualmente, Labip relata que probióticos são microrganismos vivos, os quais, após ingestão de certo número, exercem benefícios à saúde e à nutrição básica.
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O que se entende de um prebiótico e um probiótico? Prebiótico são substâncias nutricionais não digeríveis, não metabolizados ou absorvidas durante a sua passagem pelo trato digestivo, que funcionam como substrato para as bactérias benéficas. Dentre as principais fontes de prebióticos estão alguns açúcares, absorvíveis ou não, fibras e oligossacarídeos. Carboidratos de cadeia curta: Manose, Frutose e Galactose. MOS e FOS são os mais utilizados. Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício para a saúde do hospedeiro (FAO/OMS, 2002). Daí a importância Suínos&Cia | nº 58/2017
de apostar na dupla Pró+Pré. Agem para reorganizar a flora intestinal, pois possuem a capacidade de alterar a microflora de maneira favorável à saúde do animal. No intestino grosso as bactérias probióticas fermentam os oligossacarídeos em ácido acético, butírico, propiônico e outros ácidos graxos voláteis, baixando o pH do intestino grosso. O baixo pH no intestino grosso desfavorece o desenvolvimento de bactérias patogênicas gram negativas Escherichia coli, Salmonella e Campylobacter. Já os simbióticos são definidos como uma mistura de probióticos e prebióticos que afetam beneficamente o hospedeiro, por meio de uma ação sinérgica, melhorando a sobrevivência e implantação de suplementos alimentares microbianos vivos no trato gastrointestinal e estimulando seletivamente o crescimento de bactérias promotoras da saúde e bem-estar (Gibson e Roberfroid 1995). Quais são os microrganismos utilizados como probiótico? Microrganismos utilizados como probióticos: Lactobacillus, Bifidobacterium, Enterocuccus, Streptococcus, Bacillus e leveduras. Portanto, com a inclusão de probiótico na dieta animal, é possível auxiliar o bem-estar animal, a saúde intestinal e a melhoria da imunidade. As cepas de bacilos possuem atividade: Amilolítica (amido), Celulolítica (Polissacarídeos não amiláceos), Lipolítica (gordura) e Proteolítica (proteína). Como funciona a microbiota intestinal de um leitão recém-nascido? No nascimento, o trato gastrintestinal do leitão é considerado estéril. Dentro de poucas horas, após a exposição ao meio ambiente, uma abundante população microbiana desenvolvese rapidamente no trato intestinal. Inicialmente, Escherichia coli e espécies de Streptococcus e Clostrídios proliferam, com baixo desenvolvimento de Lactobacillus, pois não há secreção de ácido clorídrico nas primeiras horas de vida. A mudança progressiva normal na população bacteriana envolve diminuição da predominância de Escherichia coli, juntamente com a colonização predominante da
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população de outros microrganismos anaeróbios facultativos no intestino delgado (Lactobacillus e Streptococcus) e de uma população de anaeróbios estritos no intestino grosso (Bacteroides, Eubacterium, Bifidobacterium, Propionibacterium, Fusibacterium, Clostridium). As concentrações no intestino delgado estão em torno de 105 - 109 UFC/g (Radescki & Yokoyama, 1991). O que você entende por exclusão competitiva com o uso de probiótico na ração? É uma proposição que afirma que duas espécies competindo pelos mesmos recursos não podem coexistir de modo estável se todos os outros fatores ecológicos forem constantes. Um dos dois competidores sobrepõe sempre ao outro, conduzindo ou à extinção deste ou a um desvio evolutivo. A colonização intestinal por patógenos como Salmonella, E. coli e Campylobacter spp pode ser prevenida pela administração oral aos animais no primeiro dia de idade de conteúdo intestinal de animais adultos normais. Pelo conceito de Nurmi, é representado pela competição entre microrganismos comuns e patogênicos por sítios de ligação ou nutrientes no intestino. Qual o conceito de um simbiótico enzimático? É uma composição de produto que contém
prebiótico, probiótico e enzimas. Estas enzimas entram na composição como potencializadoras da ação dos bacilos. Já as enzimas imobilizadas ou desnaturadas são utilizadas como substrato pelas bactérias probióticas, auxiliam o processamento de carboidratos para a preparação de prebióticos e suplementam as enzimas produzidas pelos bacilos. Quais são os requisitos básicos para o microrganismo ser probiótico? Deve atender às seguintes exigências com uma concentração de ufc/g que faça ter exclusão competitiva, ou seja, competição pelo sitio de adesão e pelos nutrientes, atividade antimicrobiana e neutralização de enterotoxinas. O probiótico pode ser conjuntamente com os antibióticos?
utilizado
Sim. Entretanto pode existir interferências entre as moléculas antimicrobianas e as bactérias benéficas. Especificamente os bacilos, bactérias probióticas, demonstram, em alguns trabalhos técnicos, a compatibilidade deste uso por serem bactérias esporuladas e estáveis. O ideal é não associar o uso de probióticos com antibiótico para que este possa fazer o efeito da microflora desejado.
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Dica de Manejo
A
tualmente, a suinocultura mundial tem como principal objetivo maximizar os resultados reprodutivos, sendo fundamental, para isso, protagonizar os animais de reprodução, que são as porcas e os cachaços. A produção de sêmen encontra-se cada vez mais especializada, concentrando-se nas empresas de melhoramento genético, que transferem sêmen às propriedades comerciais por meio de genética líquida. No entanto, além das melhorias nos índices produtivos, a genética indica que é possível obter fêmeas reprodutoras com capacidade para produzir 15 ou mais leitões nascidos vivos por parto. Essas fêmeas, que apresentam tamanha capacidade produtiva, são verdadeiras Superporcas®. Superporca®: também conhecida com Super Cerda (espanhol) ou Super Sow (inglês). O conceito nasceu em uma empresa internacional de consultoria, chamada “Pig Champ Pro Europa S”, junto com o professor Yuzo Koketsu, da Universidade de Meiji, do Japão. Ambos identificaram em distintas populações de produção suína fêmeas reprodutoras capazes de produzirem desde o primeiro parto 15 ou mais leitões nascidos vivos, mantendo essa produção nos partos subsequentes. Confira abaixo quais são as principais dicas de manejo para obter e manter a maior a população de Superporcas® no plantel.
Analisar a base de dados reprodutivos e identificá-las.
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Pode-se encontrar Superporcas® em todas as genéticas atualmente presentes no país e no mundo, em granjas de diferentes tamanhos. No entanto, pode haver planteis que possuem mais Superporcas® do que outros.
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Dica de Manejo
Forma-se uma Superporca® graças ao manejo que elas recebem nas diferentes fases de produção, do nascimento até o final da sua vida produtiva.
Para ser classificada como Superporca®, a produção do primeiro parto deve ser de 15 ou mais leitões nascidos vivos.
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No nascimento, deve-se selecionar fêmeas F1 com mais de 7 pares de tetas, como também preservá-las para que possam desmamar mais de 12 leitões.
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Dica de Manejo
Para obter Superporcas® deve-se selecionar e identificar fêmeas que nasçam com peso acima de 1.200 kg. Deve-se identificar com um brinco o número da mãe da futura reprodutora.
Manter a identificação e o histórico dessas fêmeas desde o nascimento, devendo tratá-las como indivíduos.
Inseminá-las com peso superior a 140 kg e com boa condição corporal.
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Sempre deve-se manter uma situação de conforto durante toda a fase de produção, incluindo os períodos de gestação e lactação. (Fotos 1 e 2)
Foto 1 Suínos&Cia | nº 58/2017
Foto 2
Dica de Manejo
As Superporcas® são fêmeas F1 selecionadas com músculos e ossos bem desenvolvidos, articulações fortes e bons aprumos. Instalações com conforto e piso adequado são fundamentais para a manutenção desses nobres animais.
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O que se deve oferecer às Superporcas® para preservá-las e mantê-las no plantel com uma vida produtiva saudável e cada vez mais longa? - Adequada nutrição ao seu desenvolvimento corporal; - Saúde e desenvolvimento do sistema imune; - Assegurar o bem-estar animal; - Estimular adequadamente e de forma organizada o estímulo de cio e inseminação; - Cuidados essenciais com aparelho locomotor, evitando problemas de articulações e lesões de cascos. Finalmente, pode-se afirmar que as Superporcas® são fêmeas que apresentam mais nascidos vivos, maior índice de taxa de parto e maior longevidade, sendo a principal razão pela qual devemos identificá-las, preservá-las e mimá-las para que se mantenham no plantel com uma vida saudável e produtiva. Por: Carlos Piñeiro e Maria Nazaré Lisboa
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Divirta-se
Encontre as palavras A necropsia deve ser realizada por um veterinário e um auxiliar. É imprescindível ter as condições básicas para realização da prática. No diagrama abaixo, vamos encontrar as principais ferramentas para a realização da necropsia:
MESA FACAS SERRA PINÇAS CORDÃO DE ALGODÃO TESOURAS LUVAS FRASCOS SERINGAS AGULHAS BALDE SACOS PLÁSTICOS 60
MACHADINHA BISTURI SWAB
Jogo dos 7 erros
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Divirta-se
Teste seus conhecimentos Na produção de suínos, as doenças entéricas são frequentemente identificadas, com inúmeros agentes etiológicos. A Salmonella spp, destaca-se como um dos agentes nos problemas entéricos de alta prevalência no sistema digestório. Nas alternativas abaixo assinalar verdadeiro (V) ou falso (F) no que se refere à Salmonelose em suínos: (
) As espécies que mais comprometem os suínos são a Salmonella choleraesuis e a Salmonella thyphimurium.
(
) Os surtos de salmonelose ocorrem, principalmente, em casos de animais debilitados e em situações de estresse, geralmente com idade em média de cinco a dezesseis semanas.
(
) Um dos sinais clínicos da Salmonelose suína é a diarreia.
(
) A Salmonelose suína eleva os custos da produção devido ao aumento de mortalidade, ao uso de antibióticos e medidas de controle.
(
) A principal forma de infecção é fecal-oral.
(
) Os fatores predisponentes para a contaminação da salmonelose suína podem ser falhas no sistema de biosseguridade.
(
) Fatores imunossupressores apresentam pouca importância na epidemiologia da doença.
(
) A transmissão entre lotes pode ocorrer quando há ineficiência nos processos de limpeza e desinfecção.
(
) Gânglios mesentéricos tem pouca importância no diagnóstico da Salmonelose suína.
Labirinto
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nº 58/2017 | Suínos&Cia
Divirta-se
Encontre as palavras
Teste seus conhecimentos ( V ) As espécies que mais comprometem os suínos são a Salmonella choleraesuis e a Salmonella thyphimurium. ( V ) Os surtos de salmonelose ocorrem, principalmente, em casos de animais debilitados e em situações de estresse, geralmente com idade em média de cinco a dezesseis semanas. ( V ) Um dos sinais clínicos da Salmonelose suína é a diarreia. ( V ) A Salmonelose suína eleva os custos da produção devido ao aumento de mortalidade, ao uso de antibióticos e medidas de controle. ( V ) A principal forma de infecção é fecal-oral. ( V ) Os fatores predisponentes para a contaminação da salmonelose suína podem ser falhas no sistema de biosseguridade.
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Jogo dos 7 erros
( F ) Fatores imunossupressores apresentam pouca importância na epidemiologia da doença. ( V ) A transmissão entre lotes pode ocorrer quando há ineficiência nos processos de limpeza e desinfecção. ( F ) Gânglios mesentéricos tem pouca importância no diagnóstico da Salmonelose suína.
Labirinto
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