Manaus, Outubro 2013 - Ano V - Ed.37 - ISSN 2175-0866
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Divulga Ciência Jornal do Inpa
59anos
Metade das árvores da floresta Amazônica pertence a menos de 2% das espécies Análise foi feita a partir de inventários florestais realizados em expedições de pesquisadores Pág.05
Foto: Acervo pesquisador
Foto: Giba/ MCTI
Foto: Márcio Ferreira
Foto:Daniel Jordano
Pescado
Mérito
SNCT
Pesquisa de doutorado no Inpa desenvolve método alternativo de criação de matrinxã juvenil que eleva em 30% o peso do pescado
Diretor do Inpa recebe Ordem do Mérito Científico, em Brasília, na presença de familiares, autoridades e pares do meio acadêmico
Inpa abre as portas de laboratórios para estudantes e realiza atividades esportivas durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
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Boa Leitura
“Fruteiras da Amazônia: potencial nutricional”
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Seminário traz resultados de estudos sobre monitoramento de carbono na Amazônia Pág.02
Inpa adquire equipamentos de alta resolução para análises químicas
Camerata Ukulelê se apresenta para 700 pessoas no Teatro Amazonas
Simpósios discutem tecnologia e produção de cogumelos
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Expediente TomeExpediente Ciëncia Assessor de Comunicação: Daniel Jordano (SRTE - 518/AM) - Editora Chefe: Cimone Barros - Repórteres: Cimone Barros, Daniel Jordano, Eduardo Gomes, Josiane Santos e Raiza Lucena Editoração Eletrônica: Denys Serrão - Revisão: Cimone Barros - Fotos: Daniel Jordano, Eduardo Gomes, Tabajara Moreno (acervo) e acervo pesquisadores Tiragem: 1000 - Edição 37 - outubro - ISSN 2175-0866. Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.
Outubro 2013 - Página 02 Fale com a Redação +55 92 3643-3100 / 3104 digital.inpa@gmail.com ascom_inpa Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/MCTI
TomeCiëncia Ciência Tome Foto: Giba / MCTI
Foto: Daniel Jordano
Foto: Eduardo Gomes
Diretor do Inpa é agraciado com insígnia da Ordem do Mérito Científico em Brasília
Técnico do Inpa tem participação em livro vencedor do Prêmio Jabuti 2013
Seminário traz resultados de estudos sobre monitoramento de carbono na Amazônia
O Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Científicas da Amazônia (Inpa/ MCTI), Adalberto Val, foi agraciado com a insígnia da Ordem do Mérito Científico, honraria dada a 70 cientistas e personalidades que contribuíram com a ciência. A entrega feita dia em outubro (21) pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, em Brasília. Val é pesquisador do Inpa, onde estuda desde 1981 a respiração e as adaptações dos peixes da Amazônia às modificações do meio ambiente, tanto aquelas de origem natural como aquelas causadas pelo homem. Ele é autor de mais de 100 trabalhos em periódicos; mais de 20 capítulos de livros, entre os quais se destaca “Peixes da Amazônia e seu ambiente”.
O técnico das Coleções de Invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Thiago Mahlmann, é um dos contribuintes do livro ‘Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais’, terceiro colocado no Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Naturais. Mahlmann é coautor do Capítulo 14: O Impedimento Taxonômico no Brasil e o Desenvolvimento de Ferramentas Auxiliares para Identificação de Espécies, focado nas abelhas, polinizadoras por excelência.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio do Laboratório de Manejo Florestal (LMF), promoveu de 28 a 30 de outubro, o seminário ‘Dinâmica de Carbono da Floresta Amazônica’, para apresentação dos resultados do Dinâmica do Carbono da Floresta da Amazônia (CADAF), obtidos entre os anos de 2010 e 2013. O objetivo do projeto é desenvolver técnicas de avaliação, em grande escala, da dinâmica do carbono na floresta amazônica. Para o coordenador do CADAF pelo Inpa, o pesquisador Niro Higuchi, a iniciativa no Amazonas em desenvolver um método para o projeto de carbono, sistema de inventário florestal contínuo, o coloca a frente de outros estados brasileiros e até outras regiões do mundo.
Outro representante do Inpa no Jabuti, o pesquisador José Albertino Rafael, ficou entre os 10 finalistas na 1a fase do prêmio.
Foto: Eduardo Gomes
Boa Leitura Tome Ciëncia A região Amazônica oferece uma grande variedade de frutas que podem substituir facilmente as convencionais. Porém, a falta de informações sobre os frutos, como formas de consumo e valores nutricionais, ainda geram desconhecimento da população sobre o potencial da biodiversidade Amazônica. Na publicação “Fruteiras da Amazônia: potencial nutricional”, a Coordenação de Pesquisas de Tecnologia de Alimentos do Inpa reuniu os principais frutos regionais com o objetivo de incentivar ainda mais o consumo dessas espécies, que podem suprir deficiências nutricionais e prevenir doenças. São cerca de 20 frutos, entre eles abricó, açaí, araçá boi, bacaba, buriti, camucamu, castanha-da-Amazônia, cubiu, mapati, pupunha, tucumã-do-Amazonas, umari e uxi. O livro custa R$ 50 e pode ser adquirido na Editora Inpa. Mais informações pelo telefone (92) 3643-3223 ou o e-mail: editora.vendas@gmail.com.
Estímulo natatório de matrinxã juvenil e ração com maior nível de proteína eleva em 30% peso do peixe Método alternativo de criação do peixe aliado ao treinamento físico tornou o animal resistente ao estresse Foto: Acervo pesquisador
Aplicação simultânea de técnicas gerou maiores acúmulos de gorduras no filé | Cimone Barros Da equipe do Divulga Ciência
A utilização de métodos alternativos de cultivo de matrinxã juvenil em água corrente intermitente (não contínuo) mostrou que o peixe que recebe estímulo natatório tem um ganho de peso de 30% a mais comparado com o matrinxã sedentário, tendo inclusive o melhor aproveitamento da ração. Esse é um dos resultados do artigo “Efeito da quantidade de proteína na dieta e treinamento físico sobre parâmetros fisiológicos e zootécnicos de matrinchã (Brycon amazonicus)”, publicado na Acta Amazônica, revista científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI). Assinado pelo doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG-BADPI) do Inpa, Márcio Ferreira, e pelos pesquisadores Paulo Henrique Aride, Maria de Nazaré da Silva e Adalberto Val, o estudo apontou que a aplicação simultânea do aumento da quantidade de proteína na dieta do matrinxã e o treinamento físico geram maiores acúmulos de gorduras no filé. “Isso sugere uma avaliação do tipo de gordura, pois não sabemos se é rica em ômega 3, e da aceitação dessa carne no mercado”, disse Ferreira.
Metodologia Dois níveis diferentes de proteína na ração foram testados, um com 36% e outro com 45%. A proteína de maior percentual obteve os melhores resultados. Segundo Ferreira, apesar de ser mais cara, o custo compensa devido à diminuição do tempo de crescimento do peixe. Depois dessa
“Temos de encontrar um equilíbrio entre o gasto calórico e o estímulo benéfico do exercício físico” Márcio Ferreira
fase, o matrinxã leva até oito meses para chegar ao mercado. O estudo identificou ainda que o matrinxã submetido ao treinamento físico ficou mais resistente ao estresse, um grave entrave à piscicultura. Esse estresse é um nome genérico para vários fatores, como queda na concentração de oxigênio da água, extremos de temperaturas e substâncias tóxicas na água, que reduzem o crescimento ou até matam o peixe.
Nadar contra a correnteza Para chegar aos resultados, a pesquisa reproduziu em laboratório o método de cultivo em canal de igarapé, modo predominante no norte do Amazonas, utilizando caixas d’água circular, onde foi gerada, a partir de bombas, uma correnteza de água fazendo com que os peixes fossem forçados a nadar contra ela, mas com interrupções periódicas. Com isso, produziu-se um estresse natatório, no qual os peixes foram obrigados a vencer a corrente d’água. O modelo é diferente dos métodos tradicionais, nos quais os peixes são mantidos em água corrente de forma contínua, durante 24 horas. “Temos de encontrar um equilíbrio entre o gasto calórico e o estímulo benéfico do exercício físico”, apontou Ferreira. Para o pesquisador do Inpa, Alexandre Honczaryk, o estudo pode funcionar na prática, mas com a matrinxã juvenil e para produção de subsistência, porque na fase seguinte, a de engorda, é bem mais complicada. Nela, é exigido maior tempo de tanque ou de igarapé, aumentando cada vez mais o volume de água e de ração (apesar do nível de proteína na ração chegar a cair até 28%).
Tecnologia e Inovação
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Camerata de Ukulelê e Orquestra de Violões se apresentam no Teatro Amazonas Dez alunos de escolas públicas fazem parte do projeto em Manacapuru Foto: Daniel Jordano
Óleo de buriti e solução cravoda-índia são certificados como Tecnologias Sociais Projetos melhoram a vida de comunidades do Amazonas | Cimone Barros Da equipe do Divulga Ciência
Ukulelê é produzido e tocado pelos próprios estudantes | Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência
Afinação na ponta dos dedos para uma apresentação que ficará por muito tempo na memória de dez alunos de escolas públicas de Manacapuru (município a 68 km de Manaus). Após oito meses de ensaios, a Camerata de Ukulelê se apresentou, em outubro (20), junto com a Orquestra de Violão do Amazonas para 700 pessoas no Teatro Amazonas, em Manaus. A camerata de Ukulelê é resultado de um projeto desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT)-Madeiras da Amazônia. O evento faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Inpa. O início se deu com o projeto ‘Construindo instrumento musical com madeiras da Amazônia’ desenvolvido no Programa de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic-Jr). O objetivo é transferir tecnologia para a fabricação com madeiras da Amazônia de um instrumento musical de cordas. Mas como houve interesse dos alunos pela música, a ação foi ampliada. Além de confeccionar os instrumentos, eles aprenderam a tocar o Ukulelê. No repertório, músicas internacionais, nacionais e regionais,
como a ciranda, ritmo tradicional da Princesinha do Solimões. Para a estudante Luana Monteiro, 17, o projeto ajuda na conscientização das pessoas para o uso racional da madeira. “Não precisamos desmatar e sim reaproveitar. E foi o que a gente fez (com o Ukulelê)”, disse. A tecnologia foi adquirida no Espírito Santo, por um dos sócios da empresa incubada pelo Inpa, Puro Amazonas, e a matéria-prima foi obtida a partir de resíduos de demolição dentro do campus I do Inpa e de algumas árvores caídas naturalmente. Para a coordenadora do projeto, a pesquisadora Claudete Catanhede, a iniciativa é importante por unir cultura e ciência para um fim social. “Foi a primeira vez que unimos no Estado ciência e cultura. A expectativa é que eles sigam o caminho da música. O projeto mostrou o valor da floresta pois é possível confeccionar o Ukulelê sem derrubar uma árvore”. O projeto tem o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A apresentação da Camerata no Teatro Amazonas, em Manaus, teve o apoio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC).
Dois projetos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) receberam, em outubro, o certificado de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil, em Manaus (AM). O “Óleo de buriti para a indústria de cosmético a partir da produção da farinha” e “Solução de cravo-da-índia para o controle do mosquito da dengue” agora integram a base de dados do banco de tecnologias sociais da Fundação. Os projetos participaram do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, ferramenta que identifica, certifica, premia e difunde “produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social” já aplicadas. Segundo a coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denise Gutierrez, essa certificação tem um significado social, porque há um reconhecimento público de que os projetos se constituem em verdadeiras tecnologias sociais. “É também um incentivo para os grupos de pesquisa, que começam a ver que seus produtos e resultados não têm só resultados científicos, mas também um significado de apropriação social”. A partir da demanda da indústria de cosméticos que precisava fazer óleo de buriti, o Inpa desenvolveu em Silves uma tecnologia de baixo custo e fácil acesso para atender o mercado: a farinha de buriti. De quebra, serviu como complemento de renda para 50 famílias. A farinha é utilizada como matéria-prima para sabonetes, óleos corporais e hidratantes. O projeto funcionou de 2005 a 2007. Na safra, as famílias atingiram 15 toneladas de farinha de pupunha (a R$15 o quilo) sem usar todo o potencial disponível. O comprador pegava o produto na porta das famílias integrantes do projeto.
Metade das árvores da floresta Amazônica pertence a 1,4% das espécies, aponta “força-tarefa” científica Parte das árvores mais comuns são simbólicas para Brasil e ainda exercem papel importante na economia Foto: Tabajara Moreno
Inventário florestal teve a colaboração de pesquisadores de 125 instituições | Cimone Barros Da equipe do Divulga Ciência
As palmeiras dominam a Amazônia e metade de todas as árvores da região pertence a 1,4% das espécies. É o que apontou um estudo publicado na revista norte-americana Science, de outubro (18), que contou com a colaboração de especialistas de 125 instituições, entre eles 15 pesquisadores e estudantes de pós-graduação ligados ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI). Conforme o estudo, a Amazônia possui 390 bilhões de árvores de 16 mil espécies, mas metade dessas árvores pertence a apenas 227 espécies (1,4% do total), enquanto que 11 mil espécies estão entre as mais raras e representam 0,12% das árvores. Esta é a primeira vez que uma pesquisa consegue estimar a quantidade de árvores e de espécies arbóreas existentes na Amazônia. Liderado pelo pesquisador Hans Ter Steege, do Naturalis Biodiversity Center (Holanda), o levantamento reuniu dados de 1.170 parcelas espalhadas pelos 6 milhões de km2 da Amazônia (dois terços deles no Brasil). Os cientistas denominaram essas árvores mais comuns de ‘hiperdominantes’. Muitas delas são simbólicas para o Brasil e ainda com papel im-
portante na economia. No topo do ranking estão o açaizeiro – o Euterpe precatória é campeão com 5,21 bilhões de indivíduos -, espécies da família da castanha-do-pará, patauá, buriti, barriguda, paxiúba, murumuru (parente do tucumã), breu, cacaueiro e a seringueira. “Essa hiperdominância é observada também nos nossos
“Se há pouquíssimas espécies muito abundantes, significa que há muitas que são extremamente raras e essas são as que estão em perigo de desaparecer” Flávia Costa
inventários locais”, afirmou a botânica do Inpa, Iêda Leão do Amaral. Para a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG-ECO) do Inpa e coautora do estudo, a bióloga Flávia Costa, uma implicação dessa dominância é o lado contrário, já que 62% das espécies têm uma abundância extremamente pequena e algumas delas são tão raras que talvez os cientistas nunca as encontrem.
Lista vermelha Das 16 mil espécies de árvores, menos de 6 mil espécies têm populações abaixo do que é considerada população viável para conservação, ou seja, menos de mil indivíduos. Essa situação as qualifica para entrar na lista das espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). “Se há pouquíssimas espécies muito abundantes, significa que há muitas espécies que são extremamente raras e essas são as que estão em perigo de desaparecer. É isso que nos preocupa”, disse Flávia Costa. Para o botânico do Inpa e coautor do inventário, Charles Zartman, os resultados estão gritando a necessidade de aumentar e valorizar o levantamento florestal na Amazônia. “Para entender, por exemplo, grandes frações de espécies raras nós precisamos de mais inventários para repetir e entender os padrões”, ressaltou Zartman, que destaca a colaboração internacional de uma centena de instituições para que se tivesse um resultado tão marcante. Mais informações podem ser obtidas no endereço: http://www.sciencemag. org/content/342/6156/1243092.
Pesquisa
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Central Analítica do Laboratório Temático de Química de Produtos Naturais acelera produção científica
O Inpa investiu R$ 2,2 milhões na compra de espectrômetros de massa e ressonância magnética nuclear Foto: Eduardo Gomes
Equipamentos realizam determinação estrutural de micromoléculas de plantas | Cimone Barros Da equipe do Divulga Ciência
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) inaugurou, em outubro (2), a Central Analítica do Laboratório Temático de Química de Produtos Naturais (CA-LTQPN), estruturada com equipamentos de última geração e de alto desempenho. A finalidade é acelerar a produção científica, treinar pessoal qualificado e colaborar com os cursos de pósgraduação e com outras instituições de pesquisas. Cerca de R$ 2,2 milhões foram investidos na compra dos equipamentos, verba do Ministério do Planejamento, por meio do projeto Grandes Vultos. Segundo o diretor do Inpa, Adalberto Val, paralela à aquisição dos equipamentos de alta performance, o Instituto está treinando pessoal para operá-los. “O retorno esperado disso é maior robustez nos resultados científicos e maior competitividade nos nossos produtos no âmbito acadêmico de uma maneira geral”. De acordo com um dos coordenadores do comitê administrativo da CA-LTQPN, Sérgio Nunomura, o Inpa adquiriu cinco equipamentos oriundos da Alemanha e do Japão, sendo
dois acoplados entre si: cromatógrafo líquido de alta eficiência ligado com espectrômetro de massa micrOTOF Q-II (alta resolução), cromatógrafo líquido com espectrômetro de massa Amazon Speed (fragmentação) e espectrômetro de ressonância magnética nuclear modelo Fourier 300 (300 MHz para análises rotineiras).
“O retorno esperado é maior robustez nos resultados científicos e maior competitividade nos nossos produtos acadêmicos” Adalberto Val
“Esses equipamentos atenderão especialmente a demanda de determinação estrutural de micromoléculas de plantas diminuindo o tempo de análise de dois meses aproximadamente para uma semana em média”, disse Nunomura. Antes, pesquisadores e estudantes da pós-graduação precisavam enviar os extratos e as substâncias isoladas das plantas para outras instituições, como a Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), a Universidade de São Paulo (USP) e Cetnro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) para concluir o estudo iniciado no Inpa. A expectativa agora é fazer 90% desse trabalho em casa. Outra vantagem dos equipamentos é a possibilidade do acesso direto e com isso treinar melhor os alunos da pós-graduação, já que eles poderão acompanhar o técnico ou eles mesmos serem treinados para realizar as análises. Também poderá oferecer serviços para o público externo. Para a técnica gestora do CALTQPN, Zelina Torres, um químico de produtos naturais passa de seis meses a um ano trabalhando na bancada para conseguir isolar uma substância, mas depois ele precisa saber qual é a substância precisa. E para isso, é necessário fazer espectros de ressonância magnética nuclear e obter as massas do composto, através dos espectrômetros de massa. A Central analítica começou a funcionar internamente em abril. De lá até setembro, já foram realizadas mais de 300 análises por RMN e cerca de 150 por EM.
Infraestrutura
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Simpósios discutem meios de tecnologia e produção de cogumelos comestíveis e medicinais na Amazônia Inpa produziu tecnologia para cultivar em condições rústicas quatro espécies regionais de cogumelos
Foto: Eduardo Gomes
| Josiane dos Santos e Leonardo Jerônimo Da equipe do Divulga Ciência
O cogumelo comestível é ingrediente fundamental nas comidas asiáticas e muito conhecido pela população, mas ainda possui cultivo desconhecido nos campos do Amazonas. No mundo, há aproximadamente 25 espécies cultivadas e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) já conseguiu domesticar e cultivar quatro espécies regionais: Pleurotus ostreatus, Pleurotus ostreatoroseus, Lentinus strigosus e Polyporus sp., a uma temperatura de 25°C a 28°C na fase de frutificação. De acordo com a pesquisadora do Inpa, Ceci Sales-Campos, o Laboratório de Cogumelos Comestíveis do Instituto produziu tecnologia para o cultivo de cogumelos em condições rústicas e climatizadas por meio de câmeras de cultivo com controle de temperatura, luminosidade, umidade e oxigênio, possibilitando maior produtividade. Para debater a importância dos cogumelos comestíveis e medicinais para a Amazônia e promover a interação entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, o Inpa realizou, de 12 a 15 de outubro, o Vll Simpósio Internacional sobre Cogumelos no Brasil e o VI Simpósio Nacional sobre Cogumelos Comestíveis, no Tropical Hotel, em Manaus. Ambos fazem parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Inpa. Os eventos discutiram a produção de cogumelos comestíveis e medicinais, abordando diferentes formas de cultivo. O debate também contemplou a aplicação de substâncias extraídas dos cogumelos para tratamentos de efluentes, biorremediação (quando organismos vivos são usados para remover contaminações no ambiente), bioenergia, além das propriedades nutricionais e medicinais. “A Amazônia possui potencial para a produção de cogumelos comestíveis, mas ainda é preciso a criação de uma cadeia produtiva que envolva pequenos, médios e grandes produtores”, disse Sales-Campos.
Eventos promovem interação entre pesquisadores Prêmio Samuel Benchimol Dois pesquisadores do Inpa foram agraciados no Prêmio Professor Samuel Benchimol. Luiz Antônio de Oliveira ganhou na categoria Econômica/ tecnológica com o projeto “Uso do Mesocarpo do Babaçu para a produção de etanol e alfa-amilases na Amazônia brasileira”, e Ceci SalesCampos levou em duas categorias: uma na Econômica/Tecnológica com “Cogumelos comestíveis da Amazônia como alternativa alimentar
e melhoria da qualidade de vida” (acompanhada por Meire Andrade), e a outra na categoria Suporte ao Desenvolvimento Regional com “Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais: uma estratégia bioeconômica e socioambiental para a Amazônia nos próximos anos”. “O prêmio é um estímulo para expor ideias, além disso favorece um ambiente criativo na região sendo altamente positivo para o projeto”, disse Oliveira.
Divulga Ciência
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Inpa abre as portas para comunidade unindo ciência e esporte na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
Instituto promoveu Pedala Científica, Desafio na Reserva Ducke e 3ª etapa do Campeonato de Orientação Foto: Daniel Jordano
A Pedalada Científica reuniu mais de 50 ciclistas no Campus I do Inpa | Raiza Lucena e Eduardo Gomes Da equipe do Divulga Ciência
Tubos de ensaio, microscópios, equipamentos antes nunca vistos de perto estiveram ao alcance da curiosidade de estudantes das redes pública e privada de ensino. Na 10ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), de 17 a 24 de outubro, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) abriu as portas para receber a sociedade e trocar conhecimentos sobre pesquisas desenvolvidas pelo Inpa. A novidade deste ano ficou por conta das atividades esportivas, como Pedalada Científica, Desafio na Reserva Ducke e prova de Orientação. De acordo com a coordenadora da SNCT do Inpa, Denise Gutierrez, a junção das atividades esportivas com o conhecimento científico pode ser considerada como uma forma inovadora de popularização da ciência. “O esporte possui um valor em si, mas achamos que essa associação é muito interessante para agregar valores às atividades esportivas, potencializando os benefícios do esporte e também os que a ciência traz”, disse. Este ano, o tema “Ciência, Saúde e Esporte” foi escolhido aproveitando os grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil, como o
Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No dia 20 de outubro, duas provas esportivas foram realizadas. Uma foi o “Desafio da Reserva Ducke”, uma corrida pedestre de 7 km nas trilhas da reserva, que fica no Km 26 da rodovia que liga Manaus a Itacoatiara (AM-010). A outra foi 3ª etapa do 5° Campeonato de Orientação do Ama-
“Essa associação agrega valor às atvidades esportivas, potencializando os benefícios do esporte e também os que a ciência traz” Denise Gutierrez
zonas, competição que ocorreu dentro do Bosque da Ciência. Em comemoração ao Aniversário de Manaus, o Inpa realizou a Pedalada Científica, nas alamedas do Campus I reunindo mais de 50 ciclistas. Atividades O Inpa recebeu a visita de 48 escolas públicas, que representa cerca de 3 mil estudantes. Eles participaram ainda de oficinas, minicursos,
palestras, exposições e atividades do Laboratório de portas abertas. Uma das oficinas foi ‘Criação de Abelhas sem ferrão’, ministrada por Gislene Almeida, Hélio Vilas-Boas e Diego Albuquerque. Na ocasião, os participantes aprenderam sobre multiplicação de colmeias, importância de pasto para as abelhas, investimento e boas práticas da colheita de mel. As espécies sem ferrão estudadas pelo Grupo de Pesquisa das Abelhas do Inpa são a jandaíra (Melipona seminigra) e a jupará (Melipona interrupta), as mais criadas no Amazonas. Outras oficinas e minicursos oferecidos pelo Inpa são o de ‘Piscicultura Familiar’, sustentabilidade da água (público diverso); oficina de redação (para escolas); genética e conservação dos bagres migradores da Amazônia (para ensino fundamental e médio); oficina de artesanato com material de resíduo florestal (público diverso) e o cultivo de cogumelos (para alunos de graduação). Durante a SNCT, seis laboratórios abriram as portas, com piscicultura, bioprospecção (como as plantas são tratadas, quais seus princípios ativos são úteis para controle de doença) e química analítica e ambiental.
Educação e Sociedade
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