Divulga Ciência - Agosto 2013

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Manaus, Agosto 2013 - Ano V - Ed.35 - ISSN 2175-0866

www.inpa.gov.br

Divulga Ciência Jornal do Inpa

59anos

Pesquisa do Inpa consegue identificar casos em que morte pode ter sido causada por overdose A pesquisa desenvolvida no Instituto, por meio de estudo com larvas de moscas, permite detectar, em indivíduos mortos, se houve abuso de cocaína mesmo após vários dias de óbito Pág.03

Foto: Acervo pesquisador

Foto: Diego Mendes

Foto: Tabajara Moreno

Foto:Daniel Jordano

Borboletas trarão benefícios em longo prazo para a região Amazônica

Inpa participará de projeto que avaliará o resultado de fertilização por CO2 em floresta tropical

Inpa firma cooperação com japoneses para a criação de museus naturais

Segundo técnico do Inpa, Manaus (AM) é uma rota de passagem dessa espécie

A ideia é avaliar até que ponto a emissão de CO2 afetará a floresta amazônica

O acordo tem a finalidade de unir as tecnologias japonesas ao conhecimento de biodiversidade do Inpa

Pág.05

Pág.06

Boa Leitura Tópicos em Recursos Hídricos: uma abordagem para professores dos ensinos fundamental e médio na Amazônia Pág.02

Pág.07

GEEA apresenta potenciais de plantas alimentícias não convencionais Pág.02

Inpa e Musa lançam jogo educativo com conteúdo científico Pág.02

Sistema para pesquisas com carbono está disponível em livro Pág.02

Participação popular é tema de oficina no II Workshop de tecnologias sociais Pág.04


Expediente TomeExpediente Ciëncia Assessor de Comunicação: Daniel Jordano (SRTE - 518/AM) - Editora Chefe: Fernanda Farias - Repórteres: Clarissa Bacellar, Eduardo Phillipe Josiane Santos e Raiza Lucena Editoração Eletrônica: Denys Serrão Revisão: Clarissa Bacellar - Fotos: Eduardo Gomes, Daniel Jordano e acervo pesquisadores Tiragem: 1000 - Edição 35 - agosto - ISSN 21750866. Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.

Agosto 2013 - Página 02 Fale com a Redação +55 92 3643-3100 / 3104 digital.inpa@gmail.com ascom_inpa Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/MCTI

TomeCiëncia Ciência Tome Foto: Josiane Santos

Foto: Eduardo Gomes

Inpa e Musa lançam jogo educativo com conteúdo científico  O projeto Pesquisa Ecológica de Longa Duração-Floresta Amazônica (PELD), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e o Museu da Amazônia (Musa) lançaram dia 16, o Jogo do Cururu no Centro de Visitação do Musa no Jardim Botânico Adolpho Ducke, localizado no bairro Cidade de Deus.   No evento o bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Inpa, Pedro Ivo, palestrou de maneira lúdica sobre as características dos sapos para os estudantes da Escola Municipal Ivone Maria Barbosa e Silva. “As pessoas em geral não possuem muito contato com os anfíbios, mas as crianças estão mais abertas em aprender sobre os sapos, pois são bastante curiosas”, comentou Ivo.

Foto: Eduardo Gomes

Sistema para pesquisas com carbono está disponível em livro online

GEEA apresenta potenciais de plantas alimentícias não convencionais

O livro “Biodiversidade e Monitoramento Ambiental Integrado”, que foi lançado este ano, explica sobre o sistema RAPELD, que foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) em colaboração com pesquisadores de outras instituições. Com o objetivo de monitorar a biodiversidade da Amazônia foi adotado como sistema padrão na conferência Rio +20, para realização de projetos que envolvam a venda de carbono.   A obra que é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo EU-BON da União Europeia, esta disponível online em português e inglês.

A falta de conhecimento, produção e tabu em relação às hortaliças foram debatidos na reunião do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) no dia 15 pelo professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), Valdely Ferreira Kinupp.   Segundo ele, a sociedade vive em um imperialismo gastronômico onde, no mínimo, 52% dos alimentos são provenientes de origem euroasiática.   O pesquisador destacou alguns motivos pela ausência de hortaliças “O homem acabou lutando pela especialização alimentar em vez da diversificação, ou seja, hoje a gente come muita coisa de poucas espécies. E na mesa dos brasileiros: a falta de informação”.

Foto: Eduardo Gomes

Boa Leitura Tome Ciëncia   Hoje em dia sabemos o quão importante é conservar os recursos naturais para as próximas gerações, principalmente a enorme biodiversidade encontrada na Amazônia. Pensando nessa perspectiva, pesquisadores do Inpa, juntamente com alunos do ensino fundamental realizaram um projeto que visa capacitar professores e alunos para agirem como disseminadores da importância do uso racional da água na bacia do Tarumã-Mirim.   A obra “Tópicos em Recursos Hídricos: uma abordagem para professores dos ensinos fundamental e médio na Amazônia”, aborda de forma simples vários aspectos dos recursos hídricos , e ainda traz a apresentação artística dos estudantes durante o projeto.  Quem estiver interessado na obra entre em contato com a Editora Inpa, no contato (92) 3643-3223 ou pelo e-mail: editora.vendas@gmail.com.


Borboletas trarão benefícios em longo prazo para a região Amazônica Segundo o técnico do Inpa, Francisco Xavier, Manaus (AM) é uma rota de passagem dessa espécie, que está “visitando a cidade” Foto: Diego Mendes

A polinização também é um grande benefício que as borboletas trazem | Fernanda Farias Da equipe do Divulga Ciência

“Elas estão migrando para o Sul do Amazonas e para o norte do Mato Grosso para se reproduzir”, afirma o técnico em Ciência e Tecnologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Francisco Felipe Xavier Filho, que explica o fenômeno das borboletas que surpreendeu moradores da cidade de Manaus (AM) nas últimas semanas.  Segundo Xavier, que trabalha na Coleção de Invertebrados do Instituto, é comum a espécie Augiades crinisus migrar para se reproduzir, em conjunto com outras espécies migratórias, mas relata que é a primeira vez que observa o aparecimento em grande quantidade dessa espécie sobrevoando a cidade. De acordo com o técnico, o clima, pelo fato de ser o final do período chuvoso e início do verão, interferiu no processo de maturação da espécie.   “O clima pode ter influenciado para que as borboletas desta espécie tenham se tornadas adultas na mesma época e em vários lugares, pois sempre acontece no começo do verão, é quando elas migram em busca de um lugar adequado para se reproduzirem”, explica.   Essa migração, de acordo com

Xavier, é importante para haver mistura dos genes das borboletas, porque permite que a espécie tenha melhor carga genética repassada para seus descendentes, para que se adaptem às mudanças climáticas. “A polinização também é um grande benefício que as borboletas trazem, pois elas se alimentam do néctar

“O clima pode ter influenciado para que as borboletas tenham se tornadas adultas na mesma época” Felipe Xavier Filho

das flores, e involuntariamente, transferem o pólen de uma flor para outra, auxiliando a reprodução da vegetação na região, trazendo assim grandes benefícios para a agricultura”, esclarece.   Além disso, essa espécie, que já foi vista em vários locais da capital amazonense, e também do interior do estado, é capaz de transferir aos seus descendentes uma memória genética, tornando-os capazes de retornarem para o norte. “Aqui na

região existem populações locais de Augiades crinisus, mas ela é difícil de ser vista no meio urbano e até mesmo na floresta. Aqui na coleção do Instituto, por exemplo, temos apenas cinco exemplares dessa espécie, por isso se tornou um fenômeno atípico”, relata o técnico.   Xavier e a entomóloga Gilcélia Lourido, formada pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPG-ENT) do Inpa e especialista em lepidópteros, fizeram observações durante quatro dias e verificaram que a migração continua com grande quantidade de exemplares. “Uma das rotas é pela zona norte da cidade onde elas seguem em direção ao sul passando pelo centro da cidade. Verificamos também que elas aproveitam os fragmentos florestais do Inpa e de outras áreas verdes para se alimentarem do néctar das flores e principalmente para descansar”, conclui. Coleção de Invertebrados   Este acervo de invertebrados do Inpa é uma importante fonte de informações sobre a biodiversidade da Amazônia, que reúne as coleções de 14 grupos. O acervo total é estimado em mais de 350.000 insetos.

Meio Ambiente

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Participação popular é tema de oficina no II Workshop de tecnologias sociais do Inpa A necessidade de oferecer oficinas de capacitação nesta edição do evento surgiu após a troca de experiências durante o primeiro workshop Foto: Eduardo Gomes

Circuito da Ciência: ferramenta para divulgação científica e conscientização ambiental Todas as atividades do Circuito buscam usar diversos recursos, simples e lúdicos, para despertar interesse de crianças e jovens | Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência

Na manhã do dia 31, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) realizou a sexta edição do Projeto Circuito da Ciência em 2013. O evento tem como objetivo levar o conhecimento científico para as comunidades e popularizar a ciência.   Geralmente todo final de mês, a partir de março, o Bosque da Ciência - no bairro Petrópolis - recebe cerca de 300 estudantes das escolas municipais e estaduais amazonenses para participar do evento. Por meio de estandes e outras atividades que exemplificam temas de trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo Instituto ou por seus parceiros, os jovens podem acompanhar e aprender sobre projetos científicos de várias instituições, além de interagir com o meio natural amazônico que o Bosque oferece.   Uma das expositoras desta edição, a pesquisadora da Coordenação de Pesquisas em Clima e Recursos Hídricos (CPCR), do Inpa, Domitila Pascoaloto, traz várias amostras de água de diversos lugares, como o Rio Negro, Igarapé do 40, além de outros igarapés (curso d’água) e lagos.   No Ano Internacional de Cooperação pela Água, Pascoaloto chamou a atenção dos jovens e crianças para os problemas com a poluição, como reconhecer e evitar seu consumo, que pode ser prejudicial à saúde tanto em curto quanto em longo prazo. “É uma coisa que está inseminada na cabeça das pessoas. Uma água boa, pura, é aquela sem cor, sem odor. Então eles não conseguem entender que o Rio Negro, dependendo do caso, do meio da floresta, por exemplo, é muito mais saudável tomar essa água, do que vir aqui na cidade em um poço de 12 metros e beber aquela água, que aparentemente está limpinha”, enfatizou a pesquisadora.

Coordenadora de tecnologia social do Inpa, Denise Gutierrez | Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência

Com a proposta de capacitar para inovar e promover a inclusão social, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) iniciou no dia 19 as atividades do II Workshop de Tecnologias Sociais.   De acordo com a coordenadora de tecnologia social do Inpa, Denise Gutierrez, as atividades dessa segunda edição do workshop surgiram mediante as demandas do primeiro, em que reuniu 40 experiências de diálogos com a comunidade nos dias 21 e 22 de agosto do ano passado. “Essa primeira experiência no workshop trouxe algumas solicitações. Algumas dessas solicitações e sugestões de encaminhamento foram elaboradas nesse segundo workshop. Especialmente nos foi pedido que trouxéssemos tópicos para capacitar”, comenta.   Mediante a necessidade, o workshop trouxe, durante dois dias, oficinas de capacitação como: metodologias participativas; economia solidária; captação de fomentos socioambientais e avaliação de projetos; e construção de indicadores sociais.   “Precisamos discutir mais economia solidária – o conceito, quais as experiências, o que nós temos a ver com o tema e como podemos nos envolver -, como avaliar projetos e

desenvolver indicadores sociais que possam nos ajudar até a colocar esses projetos e seus resultados para outros espaços em que a gente solicite fomento e parceiros para utilidade e ampliação, onde estão as agencias de fomentos – como elas trabalham, quais são seus eixos principais que contemplam as tecnologias sociais - e como aliar pesquisa com intervenção – como elas dialogam, a partir de quais perspectivas e paradigmas elas surgem”, explicou Gutierrez. Tecnologia a serviço de projetos sociais  A tecnologia social é todo produto, processo ou metodologia desenvolvida ou replicada de modo interativo com comunicadores que produzam maior saúde, qualidade de vida, melhor educação e também promover o bem estar, podendo ser aplicada na alimentação, educação, acesso à água, energia, habitação, renda e ambiente.  Adalberto Val, diretor do Inpa, destacou dois pontos essenciais sobre a prática da ciência na região amazônica: “Nós temos que pensar que aqui não é um vazio demográfico, são 25 milhões de pessoas vivendo na Amazônia e segundo, sem a floresta em pé nós nem mantemos a qualidade do ambiente”, disse.


Pesquisa do Inpa consegue identificar casos em que morte pode ter sido causada por overdose A pesquisa desenvolvida no Instituto, por meio de estudo com larvas de moscas, permite detectar, em indivíduos mortos, se houve abuso de cocaína mesmo após vários dias de óbito. Foto: Acervo pesquisador

Foram utilizados dois métodos para detectar a presença de droga no tecido vivo da larva. | Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência

A pesquisa, desenvolvida pela estudante de mestrado do programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPG-ENT) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Tamires Rezende Vieira, analisou a presença de cocaína na cutícula de larvas de moscas criadas em tecido morto intoxicado, que dá possibilidade de saber o intervalo pós-morte (IPM) e se a causa foi por overdose da droga.   A pesquisa faz parte do ramo da entomotoxicologia forense, que utiliza os insetos para detectar substâncias tóxicas. Essa informação pode ser útil para uma investigação dentro do âmbito judicial. “Trata da detecção de drogas de abuso (cocaína) em larvas de insetos que se desenvolvem em corpos em decomposição. Em pessoas que morrem pelo efeito de superdosagem, a droga pode ser detectada nos insetos, mesmo depois de vários dias após a morte”, explica o orientador e pesquisador do Inpa, José Albertino Rafael. Método   Na experimentação, foram introduzidos 18 coelhos, seis para controle (sem droga), seis receberam DL

50 (dose que mata 50%) e outros seis receberam DL 100.   Após a morte dos coelhos por injeção de uma overdose de cocaína, o fígado foi retirado para ser utilizado como substrato para a criação das larvas das moscas, pois é o órgão que absorve mais rapidamente a droga.   Segundo José Albertino, a vanta-

“Trata da detecção de drogas de abuso (cocaína) em larvas de insetos que se desenvolvem em corpos em decomposição” José Albertino Rafael

gem do método é que no caso do corpo em decomposição, a droga se dilui, desaparecendo rapidamente no meio ambiente. Já nas larvas necrófagas (que se alimentam de tecido animal morto), ela absorve a droga que fica armazenada e concentrada no seu tecido. “Por meio da larva a droga é preservada no seu corpo e facilita a sua detecção para informar à polícia, que aquele corpo morreu ou, esteve envolvido com tal droga”, ressalta o pesquisador.

O estudo se concentrou em analisar as larvas das moscas no estágio 3 – nesse estágio a larva está maior e acumula maior quantidade de cocaína, portanto mais fácil de detectar por métodos químicos. Foram utilizados dois métodos para detectar a presença de droga no tecido vivo da larva: imunohistoquímica e cromatografia de camada delgada.   Se comparado o tamanho das larvas presentes em indivíduos que estiveram sob o efeito da droga com larvas presentes em indivíduos sem a presença de droga, esse tamanho é diferente. Isso acontece porque, de acordo com o pesquisador, há drogas que aceleram o desenvolvimento da larva, num curto período de tempo, e há outras que retardam. No caso da cocaína, ela acelera o desenvolvimento.   “Os resultados mostraram que é possível subsidiar laudos no âmbito judicial com base em informações coletadas nas larvas que se desenvolvem em carcaças sob suspeita de uso de cocaína”, observou Vieira.   Segundo Rafael, o próximo passo é expandir os estudos utilizando outras drogas e firmar uma parceira com a UFAM, que apoiou a pesquisa.

Tecnologia e Inovação

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Inpa participará de projeto que avaliará o resultado de fertilização por CO2 em floresta tropical A ideia é avaliar até que ponto a emissão de CO2, em maior quantidade afetará a floresta amazônica Foto: Tabajara Moreno

O mesmo experimento já vem sendo realizado nas regiões temperadas | Fernanda Farias Da equipe do Divulga Ciência

O projeto Amazon FACE (Free Air CO2 Enrichiment), a ser implantado na Reserva Biológica do Cuieiras (ZF2), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), avaliará o potencial de fertilização de gás carbônico (CO2) no possível aumento na produção de fotossíntese, eficiência do uso da água, o destino do carbono adicional nas folhas, troncos e raízes, mudanças na composição da comunidade biológica e impactos nos estoques de carbono e outros nutrientes do solo.   O projeto Amazon FACE será composto de quatro áreas de controle – de tamanho aproximado de 700 m² - isoladas por tubulações que irão borrifar gás carbônico para o interior das áreas circulares de floresta natural da Reserva Biológica do Cuieiras (BR174 Manaus – Boa Vista, Km 50) onde será verificadas todas as reações da floresta ao aumento da concentração desse gás.   Além do Inpa, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Oak Ridge National Laboratory (ORNL) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) participarão do projeto que tem previsão de implantação em 2015.

O projeto   De acordo com o pesquisador do Inpa e um dos responsáveis pelo planejamento do projeto, Antonio Manzi, esse tipo de experimento já vem sendo realizado nas regiões temperadas. “Agora queremos avaliar quais serão os efeitos nesta região onde o clima é equatorial. Preten-

“Nos experimentos vamos simular até que ponto a floresta amazônica consegue absorver o excesso de gás carbônico” Antônio Manzi

demos aumentar a concentração de gás carbônico atmosférico em 50% da concentração atmosférica atual, e assim verificar de que forma a floresta vai reagir a estas condições”, avaliou Manzi.   “Nos experimentos vamos simular até que ponto a floresta amazônica consegue absorver o excesso de gás carbônico emitido pelas atividades humanas, e assim verificar os efeitos que podem ser benéficos, como maior

produção de biomassa e menor perda de água das folhas. Agora se o efeito for fraco, significará que a floresta estará mais suscetível ao aumento de temperatura e a maior variabilidade interanual dos regimes de chuvas previstos pelos modelos climáticos”, explicou o pesquisador da Unesp, David Lapola.   De acordo com os pesquisadores envolvidos no projeto, essa quantidade excessiva de gás carbônico na atmosfera pode ser benéfica para a floresta no processo de fotossíntese. “Em geral quanto mais gás carbônico na atmosfera menos os estômatos - estrutura da epiderme de parte aéreas das plantas responsável pelas trocas gasosas entre a planta e ar atmosférico - precisam abrir para capturá-lo, e portanto perde menos água por transpiração, o que significa uma melhora na eficiência do uso da água, e isso pode ser um fator muito importante nos cenários futuros de mudanças climáticas”, explica Manzi.   Hoje em dia o gás carbônico é liberado em grande quantidade pelas atividades humanas, e os pesquisadores alertam que esse aumento intensifica o efeito estufa.

Pesquisa

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Inpa firma cooperação com japoneses para a criação de museus naturais O acordo tem a finalidade de unir as tecnologias japonesas ao conhecimento de biodiversidade do Inpa | Raiza Lucena Da equipe do Divulga Ciência

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) assinaram, no dia 29, o plano básico do Projeto para Conservação da Biodiversidade Amazônica sob conceito de Museu a Céu Aberto em Manaus (AM). O documento foi assinado pelo diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro de Paula, e pelo diretor do Grupo para Conservação da Floresta e da Natureza da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), Kenichi Shishido.   O Projeto prevê a implementação de museus a céu aberto em áreas mantidas pelo Inpa, com a junção das tecnologias japonesas para criar um ambiente interativo para estudantes e turistas, além da construção de instalações para a criação de peixesbois em semi-cativeiro e observação de copa das árvores. As áreas utilizadas serão o Bosque da Ciência (Aleixo), o Jardim Botânico Adolpho Ducke (Cidade de Deus), a Reserva Florestal Adolpho Ducke (km 26 da AM-010) e a ZF-2 (km 60 da BR-174). “A geração atual está interessada em ver algo mais interativo, pois está crescendo com acesso a toda essa tecnologia. Então essa seria uma forma mais moderna de se observar a dinâmica florestal. Como a floresta funciona a noite, ou o acordar dos pássaros, tudo poderia ser observado em tempo real ou não. Além disso queremos obter imagens de outros fenômenos naturais que não são facilmente observáveis e disponibilizá-las para a população geral. Pretendemos também, oferecer cursos de capacitação nessas áreas”, afirma a pesquisadora do Inpa e responsável pela parceria no Brasil, Vera Silva.   O projeto está previsto para iniciar em abril de 2014 e conta com o financiamento total de 5 milhões de dólares, juntamente com as tecnologias desenvolvidas pelos japoneses, o conhecimento da biodiversidade e infraestrutura oferecida pelo Inpa.   “O Japão participa do tratado de biodiversidade e também do tratado

Foto: Daniel Jordano

O Projeto prevê a implementação de museus a céu aberto

de conservação da natureza, então este projeto na Amazônia será uma contribuição a nível mundial.     O professor Shiro Kohshima já vem tentando implantar o ‘museu a céu aberto’ em outros lugares, então acredito que este Projeto servirá de modelo para que seja difundido em outros lugares”, afirma Shishido.   Para o diretor-substituto do Inpa, Estevão Monteiro, o museu será

mais uma opção para o ecoturismo em Manaus: “É um projeto muito interessante. E do ponto de vista do Inpa, seria uma forma de utilizar mais nossas áreas protegidas, como a Reserva Ducke e o Bosque da Ciência. E para Manaus, seria uma outra alternativa de turismo, um novo lugar com mais informações sobre a biodiversidade de uma forma natural para quem visitar a cidade”, declarou.

Divulga Ciência

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Projeto do Inpa realizado com estudantes resulta em livro que aborda importância de recursos hídricos A publicação trata de temas relacionados aos recursos hídricos e é voltada para professores e estudantes dos ensinos médio e fundamental Foto: Eduardo Gomes

O livro aborda os temas com uma linguagem simples e objetiva. | Raiza Lucena Da equipe do Divulga Ciência

A interação entre pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e estudantes dos ensinos fundamental e médio durante a realização de projetos desenvolvidos na comunidade Nossa Senhora de Fátima, bacia do Tarumã-Mirim, na área rural de Manaus (AM), resultaram na publicação do livro “Tópicos em Recursos Hídricos: uma abordagem para professores dos ensinos fundamental e médio na Amazônia”.   O projeto realizado por pesquisadores da Coordenação de Dinâmica Ambiental (CDAM) do Inpa, Domitila Pascoaloto, Márcio Luiz da Silva e Sebastião Átila Miranda, além de pesquisadores-colaboradores da CDAM e da Coordenação de Biodiversidade (CBIO), com bolsistas de Iniciação Científica que cursavam o ensino médio na bacia do Tarumã-Açu, durante 24 meses, teve como objetivo capacitar professores e alunos a agirem como disseminadores da importância do uso racional da água na bacia do Tarumã-Mirim.   “No projeto abordávamos vários temas sobre os recursos hídricos, em formas de palestras e oficinas. Na primeira fase, eram os pesquisadores

e os bolsistas que davam palestras. Na segunda, foram os alunos que repetiam as oficinas e desenvolveram outras atividades voltadas para ciência na escola. Foi voltado para a educação ambiental propriamente dita”, afirma Domitila Pascoaloto.   De acordo com a pesquisadora, o livro aborda temas sobre os recursos hídricos em linguagem simples. A pri-

“No projeto abordávamos vários temas sobre os recursos hídricos, em formas de palestras e oficinas.” Domitila Pascoaloto

meira parte faz a abordagem geral sobre os recursos hídricos; a segunda aborda temas sobre recursos hídricos com professores dos ensinos fundamental e médio e público afim; e a terceira apresenta a produção artística dos estudantes durante o projeto. Cartilha Heroínas do PAP   Como um dos produtos artísticos do projeto, a cartilha Heroínas do PAP (Papel, Alumínio e Plástico),

foi criada pelas estagiárias do Inpa/ CPCR, Juliana Lins, Eliana Takano e Vanessa Lins, em orientação da pesquisadora Pascoaloto. A história tem como objetivo contribuir com a conscientização da preservação e conservação dos igarapés, servindo de aprendizagem para os leitores.   “A cartilha foi baseada na sensibilização que as meninas tiveram quanto ao igarapé perto da casa delas. Então se elaborou uma história integrando o que elas vivenciaram durante o estágio científico, tanto em campo quanto laboratório e oficinas, com o que aprenderam no curso de reciclagem da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). A história é de um grupo de heroínas que se juntam para salvar o lago da escola”, explica Pascoaloto.   A cartilha ambiental conta com ilustrações criadas pelo pai de uma das bolsistas de acordo com a história criada por elas, além de outros jogos educativos sobre o conteúdo do livro.   A publicação foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e em breve estará disponível on line. Os exemplares podem ser encontrados pelo telefone (92)3643-3167.

Educação e Sociedade

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