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Jornal do Inpa Distribuição Gratuita
Manaus, Setembro 2010 - Ano II - Ed.09 - ISSN 2175-0866
www.inpa.gov.br
Avaliação da Capes revela bom desempenho dos cursos de Pós-Graduação do Inpa As instituições são avaliadas com base nos professores, alunos, teses, dissertações e produção intelectual Pág. 04
Parceria para estudar a atmosfera na Amazônia Ciência e Tecnologia
Meio Ambiente
Propostas para conter a contaminação do meio ambiente
Uma parceria do Inpa com o Inpe e outras Instituições vai garantir a análise de uma das últimas camadas da atmosfera. O equipamento para realizar a análise deve ser instalado em uma das reservas de Estudo do Inpa na BR-174
O tema foi debatido no Xl Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia. Na ocasião a pesquisadora do Instituto, Fabíola Xochilt Valdez, foi escolhida para ser a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia Pág. 05
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Economia
Agricultura sustentável na Amazônia e o novo código florestal são temas de debate A palestra enfatizou a necessidade da abertura de novas áreas destinadas à agropecuária e o uso mais eficiente da terra Pág. 03 Pesquisador do Inpa recebe prêmio em Belém (PA) Pág. 02
Inpa, SBPC e UFRR realizam reunião regional em Boa Vista Pág. 02
Inpa terá atividades durante a Semana Nacional de C&T Pág. 02
Inovação tecnológica é tema de debate entre Instituições Pág. 06
Setembro de 2010 - Página 02 Expediente
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Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) Editor Chefe: Daniel Jordano - Repórteres: Clarissa Bacellar, Eduardo Gomes, Josiane Santos e Wallace Abreu - Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Wallace Abreu - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Eduardo Gomes e Tabajara Moreno
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Tiragem: 1000 - Edição 09 - Setembro 2010 - ISSN 2175-0866. Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.
ascom@inpa.gov.br www.twitter.com/ascom_inpa Ministério da Ciência e Tecnologia
Tome Ciência Foto: Tabajara Moreno (Acervo Inpa)
Pesquisador do Inpa recebe prêmio em Belém (PA)
Inpa, SBPC e UFRR realizam reunião regional em Boa Vista (RR)
Inpa terá atividades durante a Semana Nacional de C&T
O pesquisador do Inpa Antônio Ocimar Manzi foi um dos cientistas premiados durante o XVl Congresso Brasileiro de Meteorologia que aconteceu em Belém (PA). Manzi é gerente executivo do Programa de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera na Amazônia (LBA), projeto coordenado pelo Inpa desde 2003. Cientistas de todo país e do exterior participaram de discussões que avaliaram o papel da Amazônia no clima global. Manzi atua principalmente na linha de pesquisa interação biosfera e atmosfera, tanto com trabalhos de campo como em modelagem dos processos físicos.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), a Universidade Federal de Roraima ( UFRR) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizam em Boa Vista (RR) a reunião regional da entidade. O evento ocorrerá entre os dias 19 e 22 de outubro e vai coincidir com as atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Roraima. O tema da reunião regional da SBPC é “Diversidade na Fronteira Norte". O evento ocorrerá no campus da UFRR com o objetivo de discutir políticas públicas de ciência e tecnologia (C&T).
Acontece em todo o país de 18 a 24 de outubro a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. No Amazonas o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) irá promover debates sobre a melhor utilização dos recursos naturais de forma sustentável. As atividades do Inpa para a Semana Nacional de C&T também incluem um trabalho de socialização do conhecimento científico através de oficinas educativas no Bosque da Ciência e Jardim Botânico que serão oferecidas aos estudantes e público em geral além de outras atividades educativas.
Boa leitura |Educação para que Ambiente? Escrito pelo Pesquisador Peter Weigel do Laboratório de Psicologia e Educação Ambiental (LAPSEA) e do Núcleo de Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais (NPCHS) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), o livro “Educação para que ambiente? Desafios teóricos para a educação ambiental na Amazônia” procura alertar os riscos para a homogeneização conceitual que ocorre toda vez que uma proposta acadêmica ganha os mundos da produção e da política. A obra procura alertar para os riscos que podem ser trazidos para a biodiversidade e a sociodiversidade da região e procura mostrar a riqueza de processos socioculturais existentes na região. A publicação abre discussão sobre o papel da ciência onde o conceito de sustentabilidade também encontra significado. O autor do livro tem a preocupação de levantar alguns problemas que podem vir transformar a educação ambiental em outro fator de desequilíbrio no processo de desenvolvimento regional.
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Economia - Divulga Ciência
Agricultura sustentável na Amazônia e o novo código florestal são temas de debate A palestra enfatizou a necessidade da abertura de novas áreas destinadas à agropecuária e o uso mais eficiente da terra Foto: Eduardo Gomes
Eduardo Gomes Da equipe do Divulga Ciência
Mudanças
Pesquisadores pedem equilíbrio haver desenvolvimento
longo de décadas. “Estamos fazendo uma radiografia da agopecuária no Brasil, identificando áreas que possuem baixa produtivi-
ou seja, 300 milhões de hectares. Se olharmos para trás vamos ver uma produção de terra de baixíssima produtividade, que poderiam servir para atender outras demandas, como o crescimento Com planejamento é de soja, álcool e inclusive possível haver crescimento da pastagens, sem prejuízo dos ecossistede soja, álcool e até mas naturais e isso é pastagens sem prejuízo aos possível no Brasil se nós tivermos um bom esqueecossistemas naturais ma de planejamento e gestão”, disse. dade e depois em um esquema de modelagem, podemos Sobre o palestrante propor que elas se convertam em florestas, sojas ou em cana, Arnaldo Carneiro Filho é e com isso essas demandas de pesquisador do Inpa e possui cultura não precisam se expan- graduação em Agronomia pela dir sobre biomas naturais”, Escola Superior de Agricultura destacou. Luis de Queiroz (1982), mestraO palestrante ressaltou que do em Soil Survey And Remote para atender as demandas de Sensing Aplications, pelo crescimento agrícola no país é International Institute For preciso um bom planejamento. Aerospace Survery And Earth “As áreas agrícolas no Brasil Sciences (1991), dentre outras ocupam quase um terço do país, especializações.
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O pesquisador explica que com o passar dos anos e as modificações do cenário agrícola é preciso rever algumas ações no código florestal. “Esse código foi concebido há mais de 50 anos. Hoje em dia o Brasil avançou e as paisagens mudaram, a tecnologia mudou e com isso conseguimos ter uma nova concepção da paisagem, que nos levaria pensar hoje sobre o código florestal em um outro recorte, tentando vinculá-lo a um recorte ecológico e funcional que são as bacias hidrográficas”, explicou. Carneiro Filho estuda alternativas para um novo código ambiental no Brasil que possa efetivamente trazer de volta os ativos florestais perdidos ao
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O Programa de Grande Escala da Biosfera - Atmosfera na Amazônia (LBA) coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) realizou a palestra "Radiografia e Modelagem Espacial do Uso da Terra no Brasil & Fragmentos de uma proposta de Novo Código Ambiental", ministrada pelo assessor científico da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAEPR), Arnaldo Carneiro Filho. A palestra teve o objetivo de mostrar a real necessidade da abertura de novas áreas destinadas às atividades agropecuárias e que incorporarão novas tecnologias para permitir o uso mais eficiente destas terras.
Educação & Sociedade - Divulga Ciência
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Avaliação da Capes revela bom desempenho dos Cursos de PósGraduação do Inpa Segundo a Capes, as instituições são avaliadas com base nos professores, alunos, teses, dissertações e produção intelectual. Foto: Tabajara Moreno (Acervo Inpa)
|Wallace Abreu Da equipe do Divulga Ciência
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou na primeira quinzena de setembro a avaliação trienal do desempenho dos programas de pósgraduação do Brasil. Dentre os programas oferecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCT), dois programas alcançaram nota cinco na avaliação, média máxima para cursos de mestrado, o Programa de PósGraduação em Ciências de Florestas Tropicais (PPG-CFT) coordenado por José Francisco de Carvalho Gonçalves e o Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG-Eco) coordenado por Cláudia Keller. Ao todo oito programas do Inpa, sendo um em parceira com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) obtiveram médias relevantes, com notas entre três e cinco.
bolsas, prestígio, visibilidade. Quando eu entrei na coordenação do programa em 2001, tínhamos apenas 13 alunos. Hoje, são mais de 50 alunos, todos bolsistas“, comenta Gonçalves.
Ciências Florestais O CFT é reconhecido pela Capes desde de 1983. Para o mestrado e doutorado desde 2004. Suas linhas de pesquisa abordam a Ecologia e Fisiologia Florestal; Manejo da Floresta Amazônica; Manejo de Solos Florestais da Amazônia; Recursos Genéticos e Melhoramento de Espécies Nativas da Amazônia; Silvicultura Tropical; e Sistemas Agroflorestais e Recuperação de Áreas Degradadas. “Hoje estamos entre os melhores programas de pósgraduação em ciências florestais do Brasil. Apenas quatro alcançaram nota cinco. Isso significa mais recursos, mais
Ecologia Já o PPG-Eco contempla estudos sobre a estrutura e o funcionamento de ecossistemas amazônicos, e possui seis linhas de pesquisa: Ecologia de ecossistemas, de comunidades, de populações, de organismos e humanas, além da conservação e manejo dos recursos naturais. Os estudos também incluem a análise dos efeitos de intervenções de origem antrópica nestes sistemas naturais. O objetivo do curso é que os ecólogos formados sejam capazes não somente de entender as interações entre os seres vivos e os fatores que afetam a sua distribuição e abundância, mas também de conhecer o funcionamento dos ecos-
Dentre os programas oferecidos pelo Inpa dois programas alcançaram nota cinco na avaliação da Capes
sistemas. De acordo com a coordenadora de capacitação do Inpa, Beatriz Ronchi Telles, hoje a avaliação realizada é muito mais exigente do que há alguns anos, o que torna mais valiosa a obtenção de uma nota cinco. “É importante citar também, que não tivemos nenhum curso rebaixado. Alguns mantiveram suas notas e outros conseguiram elevar esta média. Isso aumenta a possibilidade de convênios”, ressalta Telles. Avaliação As notas vão de 1 a 7. Por sua vez as notas 6 e 7 são para desempenho equivalente aos centros de ensino e pesquisa internacionais. A nota 3 equivale ao padrão mínimo, a nota 4 representa bom desempenho, já a pontuação 5 revela alto nível de desempenho e é considerada maior nota para cursos só com mestrados.
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Meio Ambiente - Divulga Ciência Propostas para conter a contaminação do meio ambiente O tema foi debatido no Xl Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia que ocorreu em Santa Catarina e contou com a participação do Inpa | Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência
Pesquisadores de todo o país estiveram reunidos em setembro para debater formas de conter a contaminação do meio ambiente causada pela ação humana. As propostas foram debatidas na cidade de Bombinhas (SC) durante Xl Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia, e contou com a participação de pesquisadores do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). Durante o evento foram apresentados trabalhos científicos na área de Ecotoxicologia. A pesquisadora do LEEM e membro do Centro e Estudo de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (projeto Adapta), Fabíola Xochilt Valdez, avalia como positivo o evento pois é uma forma de integrar os cientistas com a sociedade. “ A Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia integra membros da academia, do governo e indústria. Então, a sociedade visa promover uma discussão não apenas científica mas colocar as descobertas científicas como uma forma de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro”, disse. Nova diretoria Durante o evento foi anunciada ainda a nova diretoria da Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia onde a pesquisadora do Inpa foi escolhida para ser vice-presidente da Instituição. Segundo Fabíola Valdez, as pesquisas do norte do país vão ganhar mais destaque.” A nossa participação dará maior visibilidade às pesquisas feitas na região e assim valorizar os pesquisadores da área que atuam aqui”, destacou.
Cientistas fazem excursão em Manacapuru e debatem biocarvão Cientistas do Brasil e do exterior vão conhecer as pesquisas feitas pelo Inpa em Manacapuru, interior do Amazonas.O Instituto faz parte de uma rede que estuda a utilização deste carvão feito em laboratório para auxiliar na agricultura da região. Foto: Daniel Jordano
O objetivo é promover o intercânbio entre pesquiadores que atuam nas pesquisas com bio carvão em todo o mundo |Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência
Pesquisadores de várias instituições do Brasil e do mundo participaram de uma excursão a comunidade costa do laranjal localizada no município de Manacapuru, interior do Amazonas. O encontro foi realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e teve o objeto de promover o intercambio entre os pesquisadores que atuam nos estudos com biochar ou biocarvão em português. O Biochar é uma espécie de carvão feito a partir da queima em laboratório de materiais verdes. Depois de produzido, o Biochar é enterrado para a fertilização do solo. Os especialistas ainda analisam quais espécies de plantas podem ser usadas no processo. Segundo o pesquisador do Inpa responsável pelo encontro, Newton Falcão, as atividades em Manacapuru fize-
ram parte da programação do 3º Encontro Internacional do biochar coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Solos/RJ) onde o Inpa faz parte do comitê científico . “Esse encontro ocorreu nos dias 12 a 15 de setembro no Rio de Janeiro que teve na primeira fase as palestras e debates. Agora como parte da programação os congressistas vem ao Amazonas para conhecer o trabalho que desenvolvemos na costa do laranjal”, disse. Projeto terra preta nova A comunidade da Costa do Laranjal possui uma vasta área fértil conhecida como terra preta de índio. O local é utilizado há mais de 150 anos por várias famílias para o cultivo de hortaliças e espécies frutíferas.
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Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência
Inovação tecnológica: o caminho para o desenvolvimento O tema foi discutido em Manaus durante o II Fórum de Gestores Públicos e Transferência de Tecnologia da Região Norte . O evento foi realizado pelo Inpa e ocorreu em setembro | Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência Foto: Daniel Jordano
A reunião em Manaus foi marcada pelas propostas de cooperação entre instituições e empresas
Inovação tecnológica como que ocorram mais reuniões forma de desenvolver de manei- como essa. ra sustentável a Amazônia. Esse A inovação daqui pra frente foi o principal tema discutido do deve ser olhada sempre com a II Fórum de Gestores Públicos e ótica do desenvolvimento susTransferência de Tecnologia da tentável”, disse. R e g i ã o N o r t e ( F o rDe acordo com o Coordenatec/Norte) promovido em dor de Ações Estratégicas Manaus pelo Instituto Naci(COAE) do Inpa, Estevão Mononal de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). A importância desse O evento ocorreu na sede evento é trocar da Federação das Indústrias do Estado do Amazoexperiências, formular nas (Fieam) e reuniu gespropostas e debatê-las tores públicos ligados à nacionalmente área de pesquisas de toda a região Amazônica para discutir formas de promover a teiro de Paula, a reunião inovação, além de aproximar as abre a oportunidade de indústrias deste processo. debater problemas e busSegundo o Coordenador Geral car soluções que possam incendas Unidades de Pesquisas do tivar a Inovação Científica e TecMinistério da Ciência e Tecnolo- nológica. “A importância desse gia (MCT), Carlos Oiti, promover evento é trocar experiências, a inovação é importante para o formular propostas e debatê-las desenvolvimento. “A questão da nacionalmente. As indústrias inovação é relativamente recen- que foram convidadas para esse te. A inovação só foi praticada de debate, tem papel importante forma organizada através da lei nisso. Para que possamos realida Inovação em 2005, por isso é zar a transferência de tecnologia
Patentes A criação de patentes dos produtos e processos gerados através das pesquisas também foi destaque durante o primeiro dia do evento onde se discutiu a relação entre artigos publicados pelos pesquisadores e a importância de se proteger o conhecimento. O presidente do Fortec Nacional, Rubem Dário, destacou o papel da Amazônia no processo de Inovação Científica e Tecnológica. “Nós precisamos que este processo de Inovação venha unir mais ainda políticas públicas, Institutos de Pesquisa e indústrias que por sua vez possam pegar o conhecimento gerado dentro dos Institutos. Esse evento em Manaus é estratégico para o país e para a Amazônia”, declarou.
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precisamos estar próximo desse setor e do Inpa, em sua nova estrutura, vai fazer isso através da Coordenação Extensão Tecnológica para ter esse diálogo com as empresas”, declarou.
Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência
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Inpa, Inpe e Universidades firmam parceria para estudar a alta atmosfera na Amazônia Uma parceria entre o Inpa, Inpe, Universidade do Vale do Paraíba (Univap) e o Centro Universitário Luterano de Manaus (CEULM/Ulbra) possibilitará o estudo da atmosfera superior (mesosfera, termosfera e ionosfera) na região Amazônica. Foto: Tabajara Moreno (Acervo Inpa)
Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) fechou uma parceira com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e as universidades Univap e CEULM/Ulbra para realizar pesquisas na alta atmosfera. O objetivo é avaliar a dinâmica desta região da atmosfera na área que compreende a Amazônia. O estudo é importante para o avanço no conhecimento da região tropical brasileira. Manaus fica em uma região muito particular da região equatorial. A parceria é importante para ampliarmos o conjunto de equipamentos (sistema de radar, chamado ionossonda e GPS) que a Univap e CEULM/Ulbra operam em Manaus desde 2002. A parceria possibilitará instalar novos equipamentos na reserva ZF-2 do Inpa, localizada nas proximidades da BR 174, rodovia que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR), uma vez que o equipamento não pode ser instalado na área urbana de Manaus devido a iluminação artificial. A área de estudo varia dos 100 km a 500 Km de altitude, região onde muitos satélites operam. Segundo os especialistas, a pesquisa sobre a dinâmica da alta atmosfera e ionosfera é importante, pois essa região sofre influência direta raios solares que podem interferir nos satélites e vários fenômenos ocorrem nesta região da atmosfera, podendo interferir nas comunicações dos satélites. “A chamada ionosfera interfere na radio-
A finalidade é analisar a dinânica da alta atmosfera na região
comunicação entre solo e satélites e entre satélites. A comunicação é realizada através de ondas eletromagnéticas na faixa de rádio freqüência e a ionosfera em situações extremas pode causar até mesmo perda de comunicação”, explica Paulo Fagundes, professor e pesquisador da Univap. Outros fenômenos Além disso, a pesquisa também analisa a influência de fenômenos das áreas inferiores mais próximas ao solo e a alta atmosfera – como, por exemplo, grandes tempestades – sobre a alta atmosfera causando o que os cientistas chamam de ondas de gravidade. “As perturbações que geram ondas de gravidade na baixa atmosfera são tempestades, frentes frias e ventos orográficos”, enfatiza Alexandre Pimenta, pesquisador do Inpe. Ainda de acordo com os pesquisadores, essas falhas ou “bolhas” na alta atmosfera causam irregularidades e podem interfe-
rir no sistema de navegação e GPS. O pesquisador do Inpa, Antônio Manzi, destacou a parceria e afirmou que os estudos colaboram para ampliar o conhecimento sobre a atmosfera na Amazônia. “A pesquisa tem impacto nas comunicações uma vez que analisa os fenômenos na alta atmosfera o que é muito importante na nossa região”, declarou.
Divisões da Atmosfera Exosfera
400 km altitude
Ionosfera Mesosfera Estratosfera Troposfera
300 km 50 km 40 km 10 km
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Pesquisa - Divulga Ciência
Influência da tribo Yanomami em ecossistemas é tema de estudo A pesquisa foi realizada na área Terra Yanomami no Brasil, que possui nove milhões de hectares, abrangendo os estados de Roraima e Amazonas Foto: Eduardo Gomes
A pesquisa avaliou o modo de vida da tribo para saber sua relação com a floresta
Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência
bém para a caça, para a sobrevivência”, expõe Nilsson. A sustentabilidade de diferentes formas de desenvolvimento inclui a agricultura, a pecuária, o manejo florestal, o extrativismo, entre outros. Portanto, um grupo que utilize áreas floresta-
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) realizou uma pesquisa que avaliou o efeito da ocupação dos Yanomami sobre a floresta e, se uma possível maior sedentarização alterou os processos de regeneração das Conviver com eles aliáreas por eles ocupadas. mentou indagações e O estudo foi desenvolviesse trabalho coroa do pelo aluno de mestrado anos de convivência e do Programa de Póspesquisa Graduação em Ecologia (PPG-Eco), Maurice Seiji Tomioka Nilsson, intitulado “Mobilidade Yanomami is em benefício próprio, e os efeitos à paisagem florestal como os índios, precisa respeide seu território”, orientado pelo tar e compreender sua responpesquisador do Inpa Philip sabilidade com o uso dos recurFearnside. sos oferecidos pelo meio em que A pesquisa consiste em uma se instalam. O grupo coleta,inteanálise sobre a influência causa- gra e interpreta informações da por uma tribo indígena, os sobre todos esses fatores para Yanomami, que são coletores- maximizar a utilidade do espaço caçadores e agricultores com do qual dependem para viver. alta mobilidade, nos ecossisteForam interpretadas 12 mas em que se instalam. “Não imagens Landsat em quatro se trata apenas da busca de épocas separadas por intervalos área fértil para cultivo, mas tam- de sete anos, uma vez que os
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mapeamentos indicam a variação dos deslocamentos realizados. A área de clareiras foi relacionada com a situação demográfica dos grupos populacionais e verificada a mobilidade das residências. “Segundo a tese de Bruce Albert, os deslocamentos são explicados pela maneira como os Yanomami interpretam a morte e a doença, o que determina as alianças intercomunitárias; a morte de algum indivíduo os leva a mudar”, explica Nilsson. Resultados
A análise das imagens foi conclusiva, houve uma autoregeneração do ambiente considerável, uma resposta adaptativa à diminuição da caça e do plantio em um único local. Porém, a convivência foi um dos fatores que contribuíram para uma conclusão. “Conviver com eles alimentou indagações e esse trabalho coroa anos de convivência e pesquisa”, conclui.