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3. E o trem partiu, em cada estação uma troca // Pag

EM CADA ESTAÇÃO UMA TROCA

O trem já está pronto para mais uma viagem. E na hora marcada o trem parte, deixando quatro mulheres distraídas, desoladas. E agora? À espera elas se distraem entre cambalhotas e galhofas. O mote para o surgimento d’E o trem partiu (2011) foi uma das cenas do filme Os Palhaços de Frederico Fellini, que acontece em uma estação de trem. As cores monocromáticas dos figurinos, das maquiagens e do cenário sugerem um tempo e um espaço não calculado, porém sugestivo. As personagens apresentam tipos bem diferentes, com características bem definidas, afetam e são afetadas pelas ações umas das outras. Os números acrobáticos costuram a narrativa e a virtuose se apresenta como elemento dramático. A música, executada por um músico-personagem, indica os acontecimentos, participa das ações e propõe a atmosfera da narrativa.

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“E o trem partiu” traz consigo sinais de aprofundamento dos estudos sobre o corpo, a poética e a multiplicidade de nossos corpos em cena.

Surge em um momento em que a companhia necessitava compartilhar, fazer trocas com outros grupos e artistas. Prova disso, é o surgimento de um projeto que foi muito prazeroso de realizar. Que nos proporcionou as trocas as quais necessitávamos, com grupos de cinco cidades do Ceará e com diferentes formas de trabalho”.

(Danielle Freitas)

E o trem partiu circulou por diversos espaços em Fortaleza, e em 2013 entra em circulação pelo estado, através do Prêmio Funarte Artes Cênicas na Rua (2012), ocupando as praças e espaços públicos de cinco cidades do estado, entre elas Itapipoca, Trairi, Maracanaú, Aracati e a própria capital. Em cada uma dessas cidades a Cia. CLE realizou residências artísticas com diferentes grupos cearenses que trabalham o circo em suas interfaces com outras linguagens artísticas, como o teatro e a dança. Uma estação de trem como um lugar de passagem, como um não lugar, nos permitiu experimentar uma dramaturgia que a cada cidade se moldava ao encontro, abria-se para o inesperado. As residências que realizamos com a Cia. Os Trapolias, de Itapipoca, a Cia. FLEX do Trairi, o Grupo Garajal de Maracanaú, a trupe do projeto Canoa Criança em Aracati e o Grupo Fuzuê em Fortaleza não só estavam pensadas como espaço de troca, mas também como de criação. A cada cidade e com cada grupo E o trem partiu apresentava e partilhava novas narrativas.

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