Cori Magazine

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cori

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Cianotipia : Faça você mesmo | Portfolio: William Kentridge Sarah Moon Manu Duf | Processing Fotografia Generativa Fragmentos de RGB | Escultura Digital | Coletivo Norte Comum | Oficina Tipográfica | Fotografia analógica

2013


cori 2103 #3


editorial A informação que escolhemos ingerir é da responsabilidade de cada um. Não é culpa da internet, mídias sociais ou da tecnologia. Aqui vocês vão ver nomes conhecidos e desconhecidos. Artistas já estabelecidos e os que ainda estão entrando no mercado. Como editora e fundadora da revista, junto com minha equipe, convido todos que a seguram agora a abrirem os olhos ao mundo maravilhoso que todos nós habitamos hoje. ANDREA ALMEIDA | editora chefe

EDITORA CHEFE E EDITORA DE CRIAÇÃO Andrea Almeida EDITOR Carmen Santos EDITOR DE FOTOGRAFIA João Silveira MARKETING INSTITUCIONAL Raquel Souza DIRETORA EXECUTIVA Davi Machado PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Flavia Couto IMPRESSÃO Holo REDAÇÃO Bruno Maia Pedro Leite Marina Bandeira

Redação Av. das Américas, 8445/402 22799-308, Barra da Tijuca, Rioa de Janeiro, Rj Tels. (21)3795-4235

A Cori é uma revista trimestral de circulação direcionada. Todos os direitos reservados, proibida a circulação e a venda não autorizada. Todas as colunas e opiniões expressas são de responsanilidade dos respectivos autores e colunistas.

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CIANOTIPIA 10

WILLIAM KENTRIDGE 24

AGENDA 06


NORTE COMUM 57

OFICINA TIPOGRÁFICA 46 ANALÓGICA 15

PROCESSING 41 ACHADOS 6


MAI

AGENDA 2013

FESTIVAL PANORAMA Evento de dança e artes do corpo do Brasil e um dos mais importantes da América Latina. Uma grande festa vai marcar a abertura no dia 7 de março até o dia 17 vai passar pelo novo MAR, a Escola de Artes DESING WEEK 2013 Aconte-

cerá a partir de 4 de abril, e até dia 6, em São Paulo, a BDW 2012 (Brazil Design Week). Entre os palestrantes está Roselie Faria Lemos, que falará sobre a organização da 5ª Bienal Brasileira de De-

07 de março no MAM de São Paulo essa mostra expõe os trabalhos de James Ensor desde 1880 a Iniciada no dia 07 de março no MAM de São Paulo essa mostra expõe os trabalhos de James Ensor desde 1880 a 1949. A exposição já passou pelo Musée d’Orsay em Paris A coleção compreende gravuras, pinturas, escultu-

FESTIVAL DE CINEMA De 26

Mar, o CCBB traz as mais importantes artistas japonesas em atuação na exposição que reúne 110 obras, realizadas entre 1949 e 2012, incluindo pinturas, trabalhos sobre papel, esculturas, vídeos e

de março a 10 de abril, o Rio de Janeiro será a capital mundial do cinema. É quando acontece mais uma edição do Festival do Rio, trazendo centenas de títulos de mais de 60 países. Além das mostras já tradicionais, como Panorama, Expectativa, Première Brasil, Midnight, Gay, Première Latina etc., teremos ainda esse ano uma

RABISCO NA MESA Aconte-

O CLUSTER Um evento para vi-

cerá nesta terça-feira, 8 de março, no Pizza Grill Vencedor 101, o nono “Rabisco na mesa”, é um encontro de ilustradores, designers e apreciadores de artes gráficas,

abilizar negócios entre artistas, designers, estilistas e consumidores. Acontecerá nos dis 12 e 13 de abril, na Rua das Palmeiras, n 35, Botafogo, Rio de Janeiro.

ANIMA MUNDI A 21ª edição

DOKU.ARTS Entre os dias 01

YAIOI KUSAMA 12 Out a 20

do Festival Internacional de Animação do Brasil, Anima Mundi 2013, acontece nas duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro (de 2 a 11 de agosto) e em São Paulo (de 14 a 18 de agosto), e depois percorre outras cidades do Brasil na sua versão itiner-

ENCONTRO NORTE COMUM: No dia 15 artistas da promovem exposições vas, aulas, oficinas de música, cinema e

cidade coletie eventos literatu-

WILLIAM KENTRIDGE A Pinacoteca de São Paulo, de 1 de março a 5 de abril, apresenta a exposição Fortuna, incluindo 38 desenhos, 35 filmes e animações, 184 gravuras, 31 esculturas e duas vídeo instalações, produzidas pelo renomado artista sulafricano entre 1989 e 2012, incluindo séries inéditas.

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JAMES ENSOR Iniciada no dia

e 03 de março, o Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro receberá cinco programas do festival Doku.Arts, realizado em Berlim no mês de setembro. O festival exibe exclusivamente documentários que tenham como temática central Na arte e os artistas de todas as áreas. Estrada da

FOTOLIVROS O Instituto

Moreira Salles de São Paulo abre no dia 19 de julho a exposição Fotolivros latino-americanos. O objetivo da mostra é apresentar os melhores fotolivros da América Latina desde os anos 20 MUSEU TERRITÓRIO A Pinacoteca de São Paulo, apresenta a exposição Museu Território. Realizada em parceria com o Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca, a mostra conta com textos, fotos, mapas,

vídeos, propostas de atividades e vasos de plantas que apresentam processos educativos com comunidades realiza-

FRIDA BARNECK Sem pretender ser uma retrospectiva, as obras de Frida Baranek escolhidas para esta exposição obedecem a uma vontade de tornar visível um percurso iniciado em 1985. Frida Baranek escolhidas para esta exposição obedecem a uma as polaroides de Bonisson mixam tempos e espaços distintos MARCOS BONISSON Rompendo com a realidade que costuma definir a fotografia, as polaroides de Bonisson mixam tempos e espaços distintos e combinam-se em puro swing de ritmo, cor e textura.De 5 a 27 de abril no MAM. Grátis, ANIMA MUNDI A 21ª edição

do Festival Internacional de Animação do Brasil, Anima Mundi 2013, acontece nas duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro (de 2 a 11 de agosto) e em São Paulo (de 14 a 18 de agosto), e depois percorre outras cidades do Brasil na sua versão itiner-

DESING WEEK 2013 Aconte-

cerá a partir de 4 de abril, e até dia 6, em São Paulo, a BDW 2012 (Brazil Design Week). Entre os palestrantes está Roselie Faria Lemos, que falará sobre a organização da 5ª Bienal Brasileira de De-

FESTIVAL PANORAMA Evento de dança e artes do corpo do Brasil e um dos mais importantes da América Latina. Uma grande festa vai marcar a abertura no dia 7 de março até o dia 17 vai passar pelo novo MAR, a Escola de Artes YAIOI KUSAMA 12 Out a 20

Mar, o CCBB traz as mais importantes artistas japonesas em atuação na exposição que reúne 110 obras, realizadas entre 1949 e 2012, incluindo pinturas, trabalhos sobre


JUN

NOITE NO CCBB Evento de dança e artes do corpo do Brasil e um dos mais importantes da América Latina. Uma grande festa vai marcar a abertura no dia 7 de março até o dia 17 vai passar pelo novo MAR, a Escola de Artes Visuais do Parque. Lage, o Centro Cultural do Banco do DESIGN NA PRAÇA: Aconte-

cerá a partir de 4 de abril, e até dia 6, em São Paulo, a BDW 2012 (Brazil Design Week). Entre os palestrantes está Roselie Faria Lemos, que

BOTA NA RODA 12 Out a 20

Mar, o CCBB traz as mais importantes artistas japonesas em atuação na exposição que reúne 110 obras, realizadas entre 1949 e 2012, incluindo pinturas, trabalhos sobre

RABISCO NA MESA Aconte-

cerá nesta terça-feira, 8 de março, no Pizza Grill Vencedor 101, o nono “Rabisco na mesa”, é um encontro de ilustradores, designers e apreciadores de artes gráficas,

ANIMA MUNDI A 21ª edição

do Festival Internacional de Animação do Brasil, Anima Mundi 2013, acontece nas duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro (de 2 a 11 de agosto) e em São Paulo (de 14 a 18 Woutras cidades do Bra-

ENCONTRO PIPA DESIGN No dia 15 artistas da cidade promovem exposições coletivas, aulas, oficinas e eventos de música, cinema e literatura se espalham pelo Rio todo. 35 filmes e animações, 184 gravuras, 31 esculturas e duas vídeo instalações, produzidas pelo renomado artista sula-

FELINI 60 ANOS DE CINEMA

A Pinacoteca de São Paulo, de 1 de março a 5 de abril, apresenta a exposição Fortuna, incluindo 38 desenhos, 35

CURTA EM CENA Iniciada no dia 07 de março no MAM de São Paulo essa mostra expõe os trabalhos de James Ensor desde 1880 a Iniciada no dia 07 de março no MAM de São Paulo essa mostra expõe os tra-

turas, vídeos e instalações. Entrada franca para menores de 12 anos. WORKSHOP SILVERPRINT Na seda do coletivo Peixe Frito conta com textos, fotos, mapas,

FESTIVAL DE CINEMA De 26

Sem pretender ser uma retrospectiva, as obras de Frida Baranek escolhidas para esta exposição obedecem a uma vontade de tornar visível um percurso iniciado em 1985.

de março a 10 de abril, o Rio de Janeiro será a capital mundial do cinema. É quando acontece mais uma edição do Festival do Rio, trazendo centenas de títulos de mais de 60 países. Além das mostras já tradicionais, como Panorama, Expectativa, Première Brasil, Midnight, Gay, Première Latina etc., teremos ainda esse ano uma

ENCONTRO OPAVIVARÁ Um even-

to para viabilizar negócios entre artistas, designers, estilistas e consumidores. Acontecerá nos dis 12 e 13 de abril, na Rua das Palmeiras, n 35, Botafogo, Rio de Janei-

RABIOLA Entre os dias 01 e 03

de março, o Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro receberá cinco programas do festival Doku.Arts, realizado em Berlim no mês de setembro. O festival exibe exclusivamente documentários que tenham como temática central Na arte e os artistas de todas as áreas. Estrada da Gávea,

PINACOTECA LIVRE O Instituto Moreira Salles de São Paulo abre no dia 19 de julho a exposição Fotolivros latino-americanos. O objetivo da mostra, que tem curadoria de Horacio Fernández, historiador e professor na Faculdade de Bellas Artes (Cuenca, Espanha) é apresentar os melhores fotolivros da América Latina desde os anos 1920 até MOSTRA SÃO PAULO A Pinaco-

teca de São Paulo, apresenta a exposição Museu Território. Realizada em parceria com o Núcleo incluindo pinturas, trabalhos sobre papel, escul-

ANTONIO MANUEL NO MAM RIO

LINA BO BARDI Rompendo com a realidade que costuma definir a fotografia, as polaroides de Bonisson mixam tempos e espaços distintos e combinam-se em puro swing de ritmo, cor e textura.De 5 a 27 de abril no MAM. Anima Mundi 2013, acontece nas duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro (de 2 a 11 de agosto) e ANIMA MUNDI: A 21ª edição

do Festival Internacional de Animação do Brasil, Anima Mundi 2013, acontece nas duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro (de 2 a 11 de

FESTIVAL INDIANO Aconte-

cerá a partir de 4 de abril, e até dia 6, em São Paulo, a BDW 2012 (Brazil Design Week). Entre os palestrantes está Roselie Faria Lemos, que falará sobre a organização da 5ª Bienal Brasileira de De-

BIENAL DE SÃO PAULO Even-

to de dança e artes do corpo do Brasil e um dos mais importantes da América Latina. Uma grande festa vai marcar a abertura no dia 7 de março até o dia 17 vai passar pelo novo MAR, a Escola de Artes

VIREI VIRAL 12 Out a 20 Mar, o CCBB traz as mais importantes artistas japonesas em atuação na exposição que reúne 110 obras, realizadas entre 1949 e 2012, incluindo pinturas, trabalhos sobre

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ACHADOS

GIFs DA RENASCENÇA GIFs SURREAIS

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5 QUADRINHOS LIBRE

LINOTIPO O FILME 7

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1 Conhecido na internet como scorpion dagger, esse artista utiliza quadros da época da renascença para fazer gifs bem humorados. 2 O artista e cineasta experimental Bill Domonkos manipula fotos e filmes antigos para criar gifs surreais. 3 Thomas Sauvin é um colecionador de fotografias e visita o lixão1de Beijing em busca de negativos utilizados pela população durante a época de ouro das câmeras analógicas. 4 Foi uma das primeiras enciclopédias tendo sido publicada na França no século XVIII. Suas ilustrações são todas gravuras em metal muito ricas graficamente.W

5 Hal Lasko, de 97 anos realiza pinturas incríveis no paint brush de seu computador. 6 Tocar piano com bananas?

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ENCICLOPÉDIA D’ALMBERT E DIDEROT

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TESOUROS NO LIXÃO CHINÊS

PAINT BRUSH MAKEY MAKEY

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AS 7 MORTES DE PEDRO GIFs ANTIGOS 9

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É somente uma das coisas que você pode fazer com o makey makey, um teclado que utiliza a plataforma de arduíno.

7 Filme que mostra o destino de máquinas de linotipo, sucateadas e rejeitadas por museus, após caírem em desuso. 8 Uma revista co produzida por quadrinistas independentes, com a arrecadação de fundos feita por meio de crowdfunding. Diponíveis online e impressos. 9 Museu online que reúne peças antigas de arte ótica dentre elas zootropios e ludoscopios, além de gifs feitos com o acervo. 10 Produção nacional, que foi realizada em Aiuaba no Ceará. O curta nos conta a história de Pedro, um menino da roça que tem a teoria1de que existem apenas 7 tipos de mortes. 1 09




Caroline Jones “Double”, 2011 (silverprint)

Artista desconhecido “Family album”, 1978 (silverprint)

FOTO GRAFIA

retorno ao analógico A FOTOGRAFIA ANAlÓGICA, OFUSCADA E QUASE QUE PLENAMENTE SUBSTITUIDA PELA DIGITAL, VEM RECONQUISTANDO SEUS ESPAÇOS.

O desenvolvimento e a popularização da fotografia analógica em sua época de ouro permitiu que artistas, fotógrafos e entusiastas experimentassem diversos processos e materiais que possibilitavam quase que infinitos resultados para a foto tirada. As variáveis não se encontram apenas na hora da revelação, como muitos podem pensar, mas englobam cada etapa e

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cada componente envolvidos no processo, a começar pela própria câmera: a diferença entre modelos e tipos de câmeras e filmes e seus respectivos resultados pode ser imensa, variando desde aspectos formais, como o tamanho da câmera e as proporções do filme por ela utilizado, até aspectos visuais, como a sensibilidade do filme, o contraste e o nível de detalhamento obtido nas imagens.


A FOTOGRAFIA JÁ FOI MAIS DIVERSA DO QUE É NOS DIAS DE HOJE. COM SEUS MILHARES E DIVERSOS PROCESSOS DE REVELAÇÃO E REGISTRO FOTOGRAFICO, A FOTOGRAFIA ANALÓGICA – EM OUTRAS ÉPOCAS, A ÚNICA ALTERNATIVA E, HOJE EM DIA, APENAS UMA (CRESCENTE) EXCEÇÃO – POSSIBILITA UMA INFINIDADE DE RESULTADOS GRÁFICOS INCRÍVEIS E SURPREENDENTES. A FOTOGRAFIA DIGITAL, COM SEU AUTOMATIMO, NORMATIZA OS PROCESSOS E RESULTADOS FOTOGRÁFICOS, PODENDO EMPOBRECÊ-LA.

A fotografia digital também possui suas pequenas variações (tanto nos tipos e modelos de câmera quanto nos processos pós-fotográficos), porém são ínfimas se comparadas à riqueza analógica. Os diferentes modelos de câmeras e lentes, assim como programas de edição de imagem (como o photoshop) interferem na imagem, porém os seus resultados são limitados em termos de visualidade.

Guy Patterson “Used nails”, 2012 (photogram)

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Rebecca Larson “Swim”, 1998 (silverprint)

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O POTENCIAL E A RIQUEZA ÚNICA DA FOTOGRAFIA ANALÓGICA E SEUS PROCESSOS NÃO PASSARAM DESPERCEBIDOS POR OLHARES ATENTOS DE NOVOS ARTISTAS E FOTÓGRAFOS QUE BUSCAM FUGIR DO ÓBVIO; MISTURANDO TÉCNICAS ANTIGAS COM CONCEITOS E IDEIAS CONTEMPORÂNEAS, A FOTOGRAFIA ANALÓGICA CONQUISTA NOVOS ESPAÇOS ONDE ERA JULGADA EXTINTA.

FUSÃO: DIGITAL & ANALÓGICO Os diferentes processos químicos utilizados para a revelação do negativo e impressão da fotografia são os maiores agentes de variação: uma mesma foto muda completamente se revelada em cianotipia, goma bicromatada, van dyke ou silverprinting. Além dessa variação intencional, ao lidar com a fotografia analógica lidamos ainda com o agente acaso: inúmeros “acidentes gráficos” podem surpreender o fotógrafo com resultados inesperados e muito interessantes. De olho no elemento surpresa e nas texturas singulares que a fotografia analógica oferece, fotógrafos e artistas vem buscando nessa prática um modo diferente de produzir: não se prendem à hegemonia do digital – seja na fotografia em si ou em outros tipos de produções gráficas – e expandem os limites da produção gráfica munindo-se de ambas as ferramentas digitais e analógicas. É possível inclusive se apropriar de processos de revelação e impressão analógicas para produzir imagens provenientes de negativos digitais; esses negativos nada mais são que imagens digitais transformadas em negativos (através de programas como o photoshop) impressas em transparências, permitindo que se “revele” a imagem exatamente da mesma forma que um negativo original.

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Frente a esse crescente interesse contemporâneo na arte da fotografia analógica, artistas, coletivos e pessoas interessadas buscam se organizar em grupos nas redes sociais e outros espaços virtuais de forma a expandir essa produção e promover trocas. Essa organização confere maior visibilidade a essa prática crescente, viabilizando encontros, mostras e abrindo caminho no meio artístico para quem trabalha ou se interessa pela fotografia analógica. Esse crescimento tem impacto também na disponibilidade comercial de equipamentos, acessórios e produtos necessários para essa produção, frequentemente de difícil acesso.

Lojas como a Lomography estão espalhadas internacionalmente e disponibilizam diversos aparelhos fotográficos à moda antiga, popularizando essa nova velha cultura do analógico. A retomada da fotografia analógica como produção fotográfica artística também teve reflexo no ensino da fotografia. Hoje em dia é possível encontrar variadas ofertas de cursos específicos ou mais abrangentes que abordem uma ou diversas técnicas e processos analógicos. Cursos e grupos ou comunidades virtuais são ferramentas muito interessantes para quem tem vontade de aprender ou se envolver mais com essas técnicas, já que, apesar de estar aos poucos retornando, pode ainda ser muito difícil encontrar materiais, referências ou opiniões mais qualificadas sobre o assunto.

A FOTOGRAFIA DIGITAL, POR SUA MAIOR FACILIDADE DE USO E SUAS AUTOMAÇÕES, TORNA POPULAR A PRÁTICA DA FOTOGRAFIA, MAS ACABA POR UNIFORMIZAR SEUS PRODUTOS, FORNECENDO UMA GAMA MUITO LIMITADA DE ALTERNATIVAS: A VERDADE É QUE O FOTÓGRAFO ACABA FICANDO DE FORA DO PROCESSO DA FOTOGRAFIA.

Anna Lemos “Pedalar”, 2013 (silverprint em tecido)

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TUDO

AZUL

Ao contrário de outros processos fotográficos que usam prata, como a fotografia analógica em preto e branco, os cianótipos utilizam componentes de ferro. Foi usando emulsões com base em ferro que as impressões que ilustram o primeiro livro que continha fotografias foram feitas; também usavam o ferro os fotógrafos com poucos recursos na hora de tirar provas de suas fotos; e, talvez o mais significante até hoje, o processo era usado para fazer cópias baratas e rápidas de desenhos de engenheiros e arquitetos. O que impressiona e atrai fotógrafos e artistas (além de outros tipos de uso) no processo da cianotipia é a segurança da técnica, a simplicidade de sua produção, a estabilidade das impressões – são permanentes e possuem belíssimas e sutis gradações de cor em um grande leque de tons. Outro aspecto incrível

DESCOBERTA EM MEADOS DO SÉCULO XIX, A TÉCNICA – PRIMEIRA DOS ANTIGOS PROCESSOS FOTOGRÁFICOS USADOS PARA ILUSTRAR LIVROS) SE BANALIZOU ATÉ SE TORNAR, HOJE, UMA FORMA BARATA E RÁPIDA DE FOTOCOPIAR PROJETOS DE ARQUITETOS E ENGENHEIROS

da técnica é a sua grande versatilidade estética. As impressões em cianotipia são azuis, mas é possível mudar seus tons para diferentes azuis ou até para cores totalmente diferentes. Esses processos são feitos através da imersão das impressões em diferentes soluções químicas: cada uma gera um resultado diferente, surpreendente e sempre muito bonito. É possível utilizar quase que qualquer tipo de papel para imprimir fotos e imagens em cianotipia, sendo uma das únicas restrições a sua gramatura – a folha de papel precisa suportar a lavagem sem se danificar de forma irreversível.

Laura Pongé “Skull” 2012

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Ao contrário de outros processos fotográficos que usam prata, como a fotografia analógica em preto e branco, os cianótipos utilizam componentes de ferro. Foi usando emulsões com base em ferro que as impressões que ilustram o primeiro livro que continha fotografias foram feitas; também usavam o ferro os fotógrafos com poucos recursos na hora de tirar provas de suas fotos; e, talvez o mais significante até hoje, o processo era usado para fazer cópias baratas

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APESAR DE TER CAÍDO EM DESUSO NO MEIO ARTÍSTICO E PUBLICITÁRIO, A CIANOTIPIA AINDA É UTILIZADA POR ALGUNS AMANTES DAS ANTIGAS TÉCNICAS DE REVELAÇÃO E IMPRESSÃO FOTOGRÁFICA, SENDO UTILIZADA POR FOTÓGRAFOS, ILUSTRADORES E EDITORAS

e rápidas de desenhos de engenheiros e arquitetos. O que impressiona e atrai fotógrafos e artistas (além de outros tipos de uso) no processo da cianotipia é a segurança da técnica, a simplicidade de sua produção, a estabilidade das impressões – são permanentes e possuem belíssimas e sutis gradações de cor em um grande leque de tons. Outro aspecto incrível da técnica é a sua grande versatilidade estética. As impressões em cianotipia são azuis, mas é possível mudar seus tons para diferentes azuis ou até para cores totalmente diferentes. Esses processos são feitos através da imersão das impressões em diferentes soluções químicas: cada uma gera um resultado diferente, surpreendente e sempre muito bonito. É possível utilizar quase que qualquer tipo de papel para imprimir fotos e imagens em cianotipia, sendo uma das únicas restrições

O processo de cianotipia pode ser obtido tanto a partir de negativos de filmes, como de intervenções gráficas livres ou reproduções em materiais transparentes ou translúcidos. A impressão se faz por foto-contato, feito uma câmara aberta, de forma a possibilitar resultados em diferentes formatos e dimensões, através de matrizes criadas de forma livre. a sua gramatura – a folha de papel precisa suportar a lavagem sem se danificar de forma irreversível. Papéis de gramaturas muito baixas podem sucumbir à lavagem e rasgar, estragando a imagem. Tecidos também são bons suportes para se imprimir em cianotipia, desde que sejam compostos apenas por fibras naturais (tecidos sintéticos não conseguem reter a emulsão e, consequentemente, não servem para esse tipo de impressão).

Maria Angélica “Mar azul” 2013





Nesta edição você pode se deliciar com as fantásticas e bem humoradas colagens de Manu Duf, se surpreender com a grande variedade de trabalhos em diferentes mídias de William Kentridge e apreciar as delicadas e surreais fotografias de Sarah Moon


WILLIAM KENTRIDGE MAIS DO QUE APENAS O ESPAÇO DE TRABALHO, DENTRO DE SUA OBRA O ESTÚDIO ASSUME A FUNÇÃO DE PALCO.

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Kentridge nasceu em 1955, em Johannesburgo. Estudou ciências políticas e estudos africanos na Universidade de Johannesburgo antes de entrar na Johannesburg Art Foundation e se voltar para as artes visuais. Durante esse período, dedicou-se intensamente ao teatro, concebendo e atuando em diversas montagens. Na obra de Kentridge, a utilização de objetos cotidianos é constante. Itens que o artista tem à mão em seu estúdio tornam-se inspirações para a produção da arte.


Sem título (9 birds flying), 2011 (carvão)

West Coast Etchings: Scarecrow, 2010 (gravura em linóleo e água-tinta)

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The Nose n# 21, 2012 (aquarela e nanquim)

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SĂŠrie Male figure, 2012. (Aquarela, nanquim e colagem)

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Cambio, 2009 (aquarela e carv達o)

The Tree n# 11, 2012 (nanquim)

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Work, 2012 (nanquim)

Untitled, 2009 (aquarela e carv達o)

The Tree n# 2, 2008 (nanquim)

Typewritter n# 5, 2012 (nanquim)

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VÍDEO E CENA KENTRIDGE PRODUZ VÍDEO E ANIMAÇÕES USANDO VÁRIOS TIPOS DE CAMÊRAS, DESDE AS ANTIGAS ATÉ AS DE ALTA RESOLUÇÃO. TRABALHA COM CENOGRAFIA, INDUMENTÁRIA E ILUMINAÇÃO.

Palais de Tokyo,1989

A Recusa do Tempo,2012

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A Recusa do Tempo,2012

I am not me, the horse is not mine,2013


I am not me, the horse is not mine,2013

A caixa preta,2009

O Nariz,2009

Peça “A Flauta Mágica”,2010

VEJA AQUI EXPOSIÇÕES E VÍDEOS DO ARTISTA

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Ensaio Le robe a pois para Cacharrel, 1980

SARAH MOON

UMA COLETÂNEA DE FOTOGRAFIAS EXPERIMENTAIS Nascida em 1941, a artista parisiense começou sua carreira ainda como modelo de marcas famosas como Chanel, Dior e Cacharel. Moon apresenta um extenso trabalho baseado em técnicas fotográficas analógicas, muitas de suas fotos são carregadas de uma atmosfera sombria e ao mesmo tempo delicada e nos fazem lembrar um filme noir da década de 40. Sarah trabalha até hoje e é muito requisitada no mundo da moda como fotógrafa.

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Ensaio Le robe a pois para Cacharrel, 1980

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Vrais Semblants, 1991

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Série “Le coincidences”


Ensaio para Corine Sarrut, 1998

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“Censorship” (colagem) 2010

MANU DUF ARTISTA FRANCÊS NASCIDO EM LILLE, MANU DUFF USA OS MEIOS VIRTUAIS PARA DIVULGAR SUAS COLAGENS. Artista francês nascido em Lille, Manu Duff se utiliza dos meios virtuais para divulgar suas obras, assim como fazem muitos dos artistas jovens da atualidade. Usando fotocolagens e desenhos feitos à mão, o artista cria personagens e situações nada convencionais, não podendo faltar uma pitada de humor

em cada uma de suas obras. Artista francês nascido em Lille, Manu Duff se utiliza dos meios virtuais para divulgar suas obras, assim como fazem muitos dos artistas jovens da atualidade. Usando fotocolagens e desenhos feitos à mão, o artista cria personagens e situações nada convencionais, sempre com uma


“Dadue” (colagem) 2011

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“Jumelles” (colagem) 2009

“Soup” (colagem + desenho) 2008

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“Raymond” (colagem + desenho) 2008

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“Louise” (colagem digital) 2009




OFICINA TIPOGRÁFICA SP CONHECIDA POR SUA SIGLA <<OTSP>> A OFICINA É REFERÊNCIA NA PRODUÇÃO TIPOGRÁFICA NACIONAL, OFERECENDO CURSOS E DESENVOLVE PROJETOS GRÁFICOS E EDITORIAIS – PARAÍSO PARA OS AMANTES DESSA ARTE

A OFICINA RESISTE! No fluxo vertiginoso da tecnologia e da computação gráfica a ordem é trilhar o inimaginável, sempre com o olhar no futuro. Esse também é o caminho da Oficina Tipográfica São Paulo. Mas, ao olharmos para trás, buscando o resgate da linguagem visual do antigo sistema de composição e impressão tipográfica e inseri-la não apenas como um precioso recurso de estilo e sim como um inestimável método de raciocínio visu-

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al, estamos, ao mesmo tempo, apontando para a solução de um dos problemas que afetam a cultura e as artes visuais, que é o distanciamento da originalidade. Nesse percurso estamos nos conectando novamente com a origem, revivendo a tipografia clássica e seus princípios fundamentais que formaram o pensamento na comunicação visual gráfica. A computação gráfica é mais do que bem-vinda.


REVIVENDO A TIPOGRAFIA CLÁSSICA E SEUS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE FORMARAM O PENSAMENTO NA COMUNICAÇÃO VISUAL GRÁFICA, A OTSP, HOJE, É UMA ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL QUE SE DEDICA AO ENSINO E À EXPERIMENTAÇÃO, PROMOVENDO CURSOS E OFICINAS E PRODUZINDO O SEU PRÓPRIO PERIÓDICO SOBRE TIPOGRAFIA NO BRASIL, A REVISTA TUPIGRAFIA.

Porém, ao incorporar seus procedimentos técnicos na prática da atividade gráfica, ela reforçou um outro distanciamento, separando um pouco mais os designers dos impressores. Nesse sistema, o mundo “criativo” experimenta maior autonomia em relação ao mundo “técnico”. Arquivos fechados – o próprio nome indica a falta de contato – são gerados por artistas que vão de encontro ao tecnico gráfico, que por sua vez também está às voltas com os seus problemas na informatização da produção. O ideal de aproximar novamente esses dois universos foi possível com a assinatura do convênio entre a OTSP e a Escola Senai de Artes Gráficas Theobaldo De Nigris. Inaugurada em 2004, a OTSP hoje é uma organização não governamental, dedicada ao ensino e à experimentação, combinando a tipografia clássica com computação gráfica. composição manual com tipos móveis

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TUPIGRAFIA É A REVISTA BRASILEIRA DE TIPOGRAFIA, CALIGRAFIA E TYPE DESIGN QUE BUSCA TRATAR DESDE AS ORIGENS DA ESCRITA AO REMIX DIGITAL, DOS TIPOS DE MADEIRA AS LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO. A REVISTA ABORDA AS DIVERSAS FORMAS DE MANIFESTAÇÕES DA TIPOGRAFIA, ESTEJA ELA PRESENTE NA PINTURA, FOTOGRAFIA OU CINEMA.

capas diversas “Tupigrafia”

TUPIGRAFIA E A PRODUÇÃO TIPOGRAFÁFICA Embora seja o componente mais importante de um bom design, a tipografia é um tema que nunca teve o devido respeito e atenção pelo meio editorial brasileiro. Mesmo existindo um número razoável de tipógrafos nacionais, com trabalhos reconhecidos internacionalmente, o Brasil nunca teve uma publicação exclusivamente dedicada ao tema. Até agora. Tupigrafia é a revista brasileira de tipografia, caligrafia e type design. Criada no ano 2000, tem como objetivo divulgar as principais iniciativas brasileiras nessas áreas, além de trazer o melhor do cenário tipográfico internacional. Nestes 12 anos, os editores Claudio Rocha e Tony de Marco tem feito o possível (e o impossível) para publicar uma revista que fala sobre o passado e sobre o futuro das letras. Das origens da escrita ao remix digital, dos tipos de madeira as linguagens de programaçāo. Uma jornada editorial que já recebeu prêmios e foi exposta em museus.

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Tupigrafia #12, 2012 Tupigrafia #03, 2011 Tupigrafia #19, 2013

A Tupigrafia é publicada pela Oficina Tipográfica Sāo Paulo, uma ONG dedicada ao ensino e à experimentaçāo, combinando tipografia clássica com arte e tecnologia.O acervo da OTSP inclui impressoras tipográficas, uma Linotipo e muitas gavetas cheias de tipos de madeira e metal. A periodicidade da Tupigrafia (anual, quando possível) reflete a disposiçāo dos editores em priorizar a qualidade, sem qualquer pretensāo mais comercial. É preciso tempo e criatividade para fazer bem feito, ainda mais com poucos recursos – ao longo dos anos as soluções encontradas para viabilizar a produçāo gráfica da revista variaram muito. A revista aborda as diversas formas de manifestações da tipografia, esteja ela presente na pintura, fotografia, cinema, história e no próprio design gráfico. Propõe fazer o registro de personalidades (famosas ou não) que se envolveram com o universo tipográfico. Tupigrafia é a revista brasileira de tipografia, caligrafia e type design. Criada no ano 2000, tem como objetivo divulgar as principais iniciativas brasileiras nessas áreas, além de trazer o melhor do cenário tipográfico internacional.

EMBORA SEJA O COMPONENTE MAIS IMPORTANTE DE UM BOM DESIGN, A TIPOGRAFIA É UM TEMA QUE NUNCA TEVE O DEVIDO RESPEITO E ATENÇÃO PELO MEIO EDITORIAL BRASILEIRO. MESMO EXISTINDO UM NÚMERO RAZOÁVEL DE TIPÓGRAFOS NACIONAIS, COM TRABALHOS RECONHECIDOS INTERNACIONALMENTE, O BRASIL NUNCA TEVE UMA PUBLICAÇÃO EXCLUSIVAMENTE DEDICADA AO TEMA. ATÉ AGORA.

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PROCESSING

HÁ DOIS ANOS, ISHAC BERTRAN INICIOU SEUS EXPERIMENTOS COM FOTOGRAFIA GENERATIVA. O PROCESSO SE BASEIA EM PROJEÇÕES RANDÔMICAS DE DESENHOS DIGITAIS DENTRO DE UMA CÂMARA OBSCURA, ONDE SÃO FEITAS AS FOTOGRAFIAS.

FOTOGRAFIA GENERATIVA O efeito visual aleatório é causado pelas imperfeições do render produzido e pela diacronia entre o momento em que é feita a foto e projetada a imagem. O resultado final será sempre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prever em qual momento exato da projeção essa foto pode ser tirada. Essas “falhas no sistema” são únicas, impossíveis de serem reproduzidas e imperceptíveis a olho nú. O algoritmo de processing possibilita a um loop constante de falahas e captura essa beleza imprevisível do momento. As imagens são formadas por moléculas digitais, afirma Ishac, tais partículas

virtuais apresentam um movimento constante e aleatório, regido pelo algoritmo de processing. No final será sempre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prever em qual momento exato da projeção a foto foi tirada. Ishac possui um site onde experimentos podem ser vistos e tutorais estão disponíveis para download. Com um conhecimento básico de processing e fotografia, você também pode realizar fotografias generativas. O algoritmo de processing possibilita a um loop constante de falahas e captura essa beleza imprevisível do momento. Pela diacronia entre o momento em que é feita a foto e projetada a imagem. O resultado final será semIshac Bertran, 2010

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pre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prever em qual momento exato da projeção a foto pode ser tirada. Essas imagens são impossíveis de serem reproduzidas e imperceptíveis a olho nú. O algoritmo de processing possibilita a um loop constante de falahas e captura essa beleza imprevisível do momento. As imagens são formadas por moléculas digitais, afirma Ishac, tais partículas virtuais apresentam um movimento constante e aleatório, regido pelo algoritmo de processing. No final será sempre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prever em qual momento exato da projeção a foto pode ser fotografada. O resultado final será sempre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prever em qual momento exato da projeção a foto foi tirada, em um loop constante de falahas e captura essa beleza imprevisível do momento. As imagens são formadas por moléculas digitais, afirma Ishac Bertran, O efeito visual aleatório é causado pelas imperfeições do render produzido e pela diacronia entre o momento em que é feita a foto e projetada a imagem. O resultado final será sempre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prev-

TUTORIAIS

er em qual momento exato da projeção a foto pode ser fotografada. Essas “falhas no sistema” (chamadas de “glitches”) são únicas, impossíveis de serem reproduzidas e imperceptíveis a olho nú. O algoritmo de processing possibilita a um loop constante de falahas e captura essa beleza imprevisível do momento. As imagens são formadas por moléculas digitais, afirma Ishac, tais partículas virtuais apresentam um movimento constante e aleatório, regido pelo algoritmo de processing. No final será sempre uma surpresa já que o fotógrafo não pode prever em qual momento exato da projeção a foto foi tirada. Ishac possui um site onde experimentos podem ser vistos e tutorais estão disponíveis para download. Com um conhecimento básico de processing e fotografia, você também pode realizar fotografias generativas. O algoritmo processing possibilita um loop constante.

FALHAS NO SISTEMA SÃO ÚNICAS, IMPOSSÍVEIS DE SEREM REPRODUZIDAS E IMPERCEPTÍVEIS A OLHO NU. A FOTOGRAFIA GENERATIVA CAPTURA ESSA INCRÍVEL BELEZA DO IMPREVISÍVEL.

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FRAGMENTOS DE RGB Trata-se de uma técnica criada pelo estúdio Onformative, fundado por Julia Laub e Cedric Kiefer, com sede em Berlim. Fragmentos de RGB é um projeto que explora a fundo a natureza da imagem digital, desde sua construção a possíveis interações com o meio. Ao segmentar os pixels de RGB da imagem e associa-los de acordo com a sua proximidade, a percepção da imagem antes em 2-D é ampliada e tridimensinalisada. Quando o observador muda de posição, a imagem também muda, ou seja, a percepção sempre será única e lida de maneira individual. “A visão do observador e as infinitas possibilidades de geração de imagem a partir do ponto de vista pessoal foi a principal motivação para o projeto” - afirma Julia Laub. A instalação muda em sincronia com o movimento do observador em uma tela de LED de 5x8 metros de dimensão. Além da instalação que ilustra a sensível relação entre observador e imagem, também são geradas fotos durante o processo que registram todos os instantes de imagens criadas pelo movimento do espectador. As fotos presentes nessa

matéria são o resultado do primeiro testa de fragmento de RGB, realizado por Julia e monitorado por Cedric. Fragmentos de RGB é um projeto que explora a fundo a natureza da imagem digital, desde sua construção a possíveis interações com o meio. Ao segmentar os pixels de RGB da imagem e associa-los de acordo com a sua proximidade, a percepção da imagem antes em 2-D é ampliada e tridimensinalisada. Quando o observador muda de posição, a imagem também muda, ou seja, a percepção sempre será única e lida de maneira individual. A instalação muda em sincronia com o movimento do observador em uma tela de LED de 5x8 metros de dimensão. Além da instalação que ilustra a sensível relação entre observador e imagem, ercepção da imagem antes em 2-D é ampliada e tridimensinalisada. Quando o observador muda de posição também são geradas fotos durante o processo que registram todos os instantes de imagens criadas pelo movimento do espectador. Trata-se de uma técnica criada pelo estúdio Onformative, fundado por Julia Laub e Cedric Kiefer, com sede em Berlim. Fragmentos de RGB é um projeto que explora a fundo a natureza da imagem digital, desde sua construção.

AS INFINITAS POSSIBILIDADES DE GERAÇÃO DE IMAGENS A PARTIR DE UM PONTO DE VISTA PESSOAL FOI A MOTIVAÇÃO DO PROJETO.

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Julia Laub and Cedric Kiefer, 2012

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Daniel Franke & Cedric Kiefer, 2012

ESCULTURA DIGITAL Uma criação da Onformative em parceria com a Chopchop o “soundsculpture” foi projetado pelos engenheiros de computação Daniel Franke & Cedric Kiefer, foram movidos pela idéia de criar uma escultura digital de areia seguindo os movimentos do corpo de uma pessoa. A equipe contava com uma bailarina realizou todos os movimentos da escultura ao som de Kreukeltape do grupo Machinenfabriek. Os movimentos foram registrados por 3 câmeras Kiniect por meio do Processing, juntava todas as imagens em volume 3D com o programa 3D Max, dessa maneira toda a informação recolhida era usada no mesmo instante em que era gerada.

UM ÚNICO PONTO PARECE SER AINDA ABSTRATO, MAS À MEDIDA QUE ESSES PONTOS SE MULTIPLICAM, MAIS COMPLEXA E CONCRETA SE TORNA A IMAGEM. A idéia pricipal é a de que o corpo em constante mudança e movimento, através da escultura 3D, poderá ter essas mudanças registradas de uma maneira plática e ao mesmo tempo estética. O ritmo também imfluencia muito nas imagens gradas, quando a dançarina e movimenta de uma maneira mais acelerada, a

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escultura formada é completamente diferente.É possível diferenciar pela escultura qual o tipo de musica que a bailarina estava dançando. A equipe contava com uma bailarina realizou todos os movimentos da escultura ao som de Kreukeltape do grupo Machinenfabriek. Os movimentos foram registrados por 3 câmeras Kiniect por meio do Processing. A idéia prin-


cipal é a de que o corpo em constante mudança e movimento, através da escultura 3D, poderá ter essas mudanças registradas de uma maneira plática e ao mesmo tempo estética. O ritmo também imfluencia muito nas imagens gradas, quando a dançarina e movimenta de uma maneira mais dinâmica. O conceito surgiu de uma maneira muito tirvial enquanto Cedric caminhava para a casa na volta de seu trabalho. Os movimentos foram registrados por 3 câmeras Kiniect por meio do Processing, Juntava as imagens em volume 3D com o programa 3D Max, dessa maneira toda a informação recolhida era usada no mesmo instante em que era gerada. A onformative poderá ter essas mudanças registradas de uma maneira plática e ao mesmo tempo estética. O ritmo também imfluencia muito nas imagens gradas, quando a dançarina e movimenta de uma maneira mais dinâmica. Uma criação da Onformative em parceria com a Chopchop o “soundsculpture” foi projetado pelos engenheiros de computação Daniel Franke & Cedric Kiefer, foram movi-

dos pela idéia de criar uma escultura digital de areia seguindo os movimentos do corpo de uma pessoa. Movidos pela idéia de criar uma escultura digital de areia seguindo os movimentos do corpo de uma pessoa. Essa nova tecnologia pode colaborar para o monitoramento de movimentos em outras áreas além das artes como os esportes, principalmente aque-

COM O AUXÍLIO DA TECNOLOGIA KINECT, FORMAS DO CORPO PINTAM NA TELA DO COMPUTADOR A MOVIMENTAÇÃO DO ARTISTA CRIANDO UM NOVO ESPAÇO.

Vídeos aqui!

les que exigem uma detalhada performace nos movimentos como a ginástica olímpica e rítmica. O ritmo também imfluencia muito nas imagens gradas, quando a dançarina e movimenta dinâmica. Cedric e Franke chamam sua invenção de pintura corporal.

Frauke Weiss e Cedric kiefer, 2012

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NORTE COMUM foto:Thiago Diniz

O NORTE COMUM É UM COLETIVO QUE BUSCA ESTIMULAR A PRODUÇÃO CULTURAL NA ZONA NORTE DO RIO DE JANEIRO. ESSE PONTO DE ENCONTRO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA . A idéia surgiu diante da evidente escassez de projetos e atividades relacionados à cultura nessa região. Frente à essa realidade o que se vê é o êxodo generalizado de boa parte dos moradores locais (em especial os jovens) para o Centro e a Zona Sul da cidade. Onde há o monopólio da cultura no Rio de Janeiro. Trata-se de ter que ser imposta uma “inversão de rota” em âmbito cultural na cidade. O projeto é dividido basicamente em duas frentes gerais de atuação. Uma referente a criação e manutenção da rede, e a outra focada na formação de uma produtora coletiva e horizontal, promovendo a cultura. Fica evidente que esses dois pontos (a rede e a produtora) se entrelaçam e dependem um do outro. No entanto, trata-se de dois pontos de uma mesma causa, que visam um bem maior, que é a construção de relações pessoais e a rea-

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SEMPRE EXISTIU UMA GRANDE URGÊNCIA DE QUALQUER TIPO DE MANIFESTAÇÃO ARTISTÍCA E CULTURAL NA REGIÃO.


lização de projetos que fomentem ainda mais a intensificação desses laços. Falando um pouco mais sobre a rede. Pretende-se reunir estudantes, artistas, produtores, professores, pensadores, ativistas, agitadores, enfim, todos aqueles que estiverem interessados em participar ou que de alguma forma se interessam por manifestar cultura. A partir da união dessas diferentes potencialidades constrói-se campo para o comum, e dele surge a produção de atividades que visam a transformação social desse território. A rede tem fins de ligação. Conectando todos aqueles interessados em se aprofundar em discussões a respeito do território (estudos, pesquisas, reflexões) visando abrir espaço para criação do comum (a realização de ações será conseqüência desses encontros e debates). A produtora coletiva tem pretensões mais objetivas e diretas diante da urgência da realização de

qualquer tipo de manifestação artística e cultural na região. Visa a reunião de produtores, agitadores, fomentadores e artistas que estejam já com projetos prontos para serem realizados no território. A rede tem fins de ligação. Conectando todos aqueles interessados em se aprofundar em discussões a respeito do território

facebook do coletivo

A PARTIR DE DIFERENTES POTENCIALIDADES CONSTRÓI-SE O CAMPO PARA O COMUM, E DELE SURGE A PRODUÇÃO DE ATIVIDADES VOLTADAS À TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.

foto:Thiago Diniz

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Falando um pouco mais sobre a rede. Pretende-se reunir estudantes, artistas, produtores, professores, pensadores, ativistas, agitadores, enfim, todos aqueles que estiverem interessados em participar ou que de alguma forma se interessam por cultura. A partir da união dessas diferentes potencialidades constrói-se campo para o comum, e dele surge a produção de atividades que visam a transformação social desse território. A rede tem fins de ligação. Conectando todos aqueles interessados em se aprofundar em discussões a respeito do território (estudos, pesquisas, reflexões) visando abrir espaço para criação a realização de ações será conseqüência desses. O projeto é dividido basica-

mente em duas frentes gerais de atuação. O projeto é dividido basicamente em duas frentes gerais de atuação. Uma referente a criação e manutenção da rede Uma referente a criação e manutenção da rede, e a outra focada na formação de uma produtora coletiva e horizontal, promovendo a cultura em todos os bairros. Fica evidente que esses dois pontos (a rede e a produtora) se entrelaçam e dependem um do outro. No entanto, trata-se de dois pontos de uma mesma causa, que visam um bem maior, que é a construção de relações pessoais e a real.Pretende-se reunir aqueles que estiverem interessados em participar e que se interessam por cultura.

O PROJETO É DIVIDIDO EM DUAS FRENTES: UMA FOCADA NA CRIAÇÃO E OUTRA FOCADA

foto:Thiago Diniz

NA FORMAÇÃO DA PRODUTORA COLETIVA.

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