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afetividade
from Ocupação Luísa Mahin
by Clara Araújo
A relação de afeto entre os ocupantes é percebida em pouco tempo de convivência com a Ocupação Luísa Mahin. Ainda que vindos de bairros diferentes, Uruguai e Boca do Rio em sua maioria, com oito meses desde que o edifício foi ocupado, nota-se a construção de laços de confiança, companheirismo, cuidado e carinho entre os moradores, que é fundamental na rotina da Ocupação. Esta dimensão afetiva traz a humanização de um espaço anteriormente esvaziado de qualquer função e significado, fortalecendo a vontade de resistir e permanecer naquele edifício. Para além das conexões familiares que existem entre alguns moradores, a Ocupação Luísa Mahin é descrita por eles como um espaço de paz, alegria e relações de confiança e respeito, que trazem bem estar e conforto, aspectos que por vezes lhes era negado em outros momentos de suas vidas. Cotidianamente os moradores vivenciam a experiência do afeto, da solidariedade, e da vida em coletividade. São muitas as situações onde a ajuda e o apoio mútuo são colocados como uma alternativa para os problemas que surgem. Esse modelo de vida, solidária e coletiva, pode ser considerado uma inspiração para o atual contexto de sociedade individualista que vivemos. Apesar das singularidades, e dos desejos particulares e individuais, há uma compreensão de que só no coletivo é possível resistir aos enfrentamentos impostos pelo poder público, pelo mercado e pela própria sociedade.
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Imagens 1 e 2: À esquerda, parede do antigo espaço da creche da Ocupação Luísa Mahin, onde as crianças escreveram seus nomes e pintaram as mãos. À direita, em um dos apartamentos, os moradores buscam formas de deixar as casas ainda mais acolhedoras.
“Eu amo quando todo mundo se junta para jogar dominó, baralho... Quando ficam todos juntos” (Fala de um dos moradores).
Imagem 3: Material sobre afetividade na exposição feita na Ocupação. Crédito da fotografia: Mikey Blount.