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Durante o período entre 30 de abril e 12 de maio, estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Univesity College of London (UCL), em parceria com um grupo de moradores da Ocupação Luísa Mahin, realizaram um conjunto de atividades com o objetivo de desenvolver um Instrumento para Ação Coletiva. Este instrumento, que foi sendo elaborado, conceitualmente, ao longo desse tempo, buscou fortalecer os processos de luta e resistência desse movimento urbano por moradia. Entre o conjunto de propostas, foram escolhidos como metodologias que permitiram diferentes abordagens e aproximação entre os participantes.

1) Oficina da Linha do Tempo

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Esse exercício foi o primeiro a ser realizado, e favoreceu o entendimento da historiografia da Ocupação Luísa Mahin, tanto para os estudantes que chegavam, quanto para os próprios moradores, que tiveram a percepção dos percursos anteriores e posteriores ao ato de ocupar. A metodologia adotada foi a delineação, no quadro que há na parede do primeiro pavimento, a partir de uma linha do tempo, das trajetórias das famílias, assim como do acercamento com o MLB.

Imagens 1 e 2: À esquerda, a construção da linha do tempo, a partir das lembranças dos moradores. À esquerda, os moradores colocam o papel com o nome e o momento em que entraram no processo de planejar e ocupar o edifício. Crédito das fotografias: Mikey Blount.

Por meio das narrativas dos ocupantes, observou-se que o processo de ocupação teve início a partir da criação dos núcleos, nos bairros do Uruguai e da Boca do Rio, pelo MLB quando o movimento chegou à Salvador. A maioria dos moradores da Ocupação Luísa Mahin iniciou o contato nesta etapa, ainda no primeiro semestre de 2016, participando ativamente das reuniões e formações que ocorreram. Após esse momento de ocupar o edifício, alguns fatos foram marcantes para as pessoas que vivem lá, como o corte de água e luz pelas concessionárias, que os colocou em situação precária. Porém, foi a idealização e criação da Escola de Formação Popular Carlos Marighella, a partir das reuniões do grupo de mulheres, que foi considerado o evento mais emblemáticos, estabelecendo uma relação direta com o bairro e a cidade.

2) Oficinas de fotografias

Foram propostas e realizadas duas oficinas de fotografias com os moradores com o objetivo de coletar imagens do cotidiano da Ocupação a partir dos olhares dos próprios habitantes. A primeira abordou algumas características técnicas da máquina, e também noções de enquadramento e proporção. Depois disso, foram disponibilizadas duas câmeras fotográficas para eles registrassem, durante dois ou três dias, as práticas diárias. Após essa etapa foram impressas as imagens e ocorreu a segunda oficina, em que se discutiu sobre o material produzido.

Imagens 3 e 4: Ambas fotografias são das oficinas de fotografia. Crédito: Paz Mackenna.

3) Caminhadas pela área

Outra metodologia escolhida foi a apreensão do bairro e do entorno, a partir dos caminhos comuns aos moradores. Foram realizados três percursos com ocupantes diferentes, em que ficaram claras as relações que se davam com o bairro e a cidade. Os deslocamentos para acessar equipamentos públicos, como escolas e postos de saúde, sempre eram maiores, pois o bairro não oferece esse tipo de suporte.

Imagens 5 e 6: À esquerda, foto da caminhada com Josemar, morador da Ocupação Luísa Mahin. À direita, foto da caminhada com outros dois ocupantes, Flávio e Beatriz. Créditos da fotografia: Mikey Blount e Jia Li, respectivamente.

4) Oficina de Mapa

Como forma de registrar as atividades de caminhada, optou-se inicialmente em fazer o registro a partir da ferramenta do mapa. Como essa é uma representação mais próxima à arquitetura, foi realizado um exercício com os ocupantes e os demais estudantes para introduzir alguns conceitos de bidimensionalidade, localização, leitura de informações, para que todos tivessem domínio do que seria produzido.

Imagens 7 e 8: Alguns registros da oficina realizada com os mapas, do Comércio e de Salvador, para identificar os trajetos dos moradores pelo bairro e pela cidade. Crédito das fotografias: Mikey Blount.

5) Entrevistas

Outra forma de interação com os moradores e com a realidade da Ocupação Luísa Mahin foi feita através da aplicação de questionários entre aqueles que se sentiram confortáveis para compartilhar as informações solicitadas. Além de informações básicas de idade, nível escolar e situação de trabalho, investigou-se também as relações estabelecidas pelos ocupantes internamente, uns com os outros e deles com os espaços. As entrevistas foram realizadas, prioritariamente, em cada apartamento, não tendo sido realizados registros fotográficos nesses momentos.

Os exercícios propostos e realizados conjuntamente entre os estudantes e os ocupantes, permitiram uma compreensão apronfundada da situação das famílias, assim como do espaço criada com a Ocupação Luísa Mahin e a Escola de Formação Popular Carlos Marighella, que será mais especificada a frente. A partir das atividades, identificou-se quatro temas, que abrangiam os processos de trabalho, e que singularizam esta ocupação. Foram eles: Afetividade, Coletividade, Cuidado e Educação. Como sequência, foram produzidos pelos estudantes, a partir das experiências com os moradores, um conjunto de elementos, com base nas interações ocorridas, que contou com cartazes, desenhos, textos e artes. Esses materiais foram apresentados para os ocupantes através de uma exposição na própria Ocupação.

Imagens 9 e 10: Fotografias do dia da exposição. À esquerda: Tiago, que é um dos moradores da Ocupação, com os cartazes ao fundo. À direita, Josemar, outro morador, pintando, a partir da técnica da serigrafia, uma camisa com a arte da Luisa Mahin elaborada por Sandra Tai. Crédito das fotografias: Mikey Blount.

Com base nas discussões e nos exercícios, realizados durante essa atividade entre universidades e movimento social, foram elaboradas as reflexões apresentadas neste documento.

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