claudia hersz portfolio
Trabalhos KHAZA | 2011-11 Espaço Cultural Municipal Sergio Porto | Rio de Janeiro, RJ | Rio de Janeiro, RJ Scènes de La Vie aux tropiques | série em curso a partir de 2010 Palimpsesto foi apresentado no Abre Alas 2011 |A Gentil Carioca | Rio de Janeiro, RJ Algumas obras selecionadas para Rumos ITAÚ Cultural- Edição 2011/2012 C’ est tout la même chose | intervenção Projeto Vitrine Efêmera | Estudio Dezenove ToYS é NóIS | 2010 Centro Cultural Justiça Federal – Cinelândia | Rio de Janeiro, RJ A Minha Coleção | série em curso a partir de 2008 De Humani Corporis Fabrica ( Ceci n’est pas um Magritte) | série em curso a partir de 2003 Ninhumanos | Intervenção contemplada pelo Prêmio Intervenções Urbanas 2008 em parceria com Ana Miguel Aterro do Flamengo | Rio de Janeiro, RJ Etc & Tal Trabalhos diversos Dama | Performance Apresentações diversas desde 2006 Para Anna Pink | performance Festival Performance Presente Futuro Vol III | Oi Futuro | Rio de Janeiro, RJ
Curriculum Artigos de jornais e revistas
::KHAZA:: | 2011 Espaço Cultural Municipal Sergio Porto | Rio de Janeiro, RJ
Scènes de La Vie aux tropiques série em curso a partir de 2010 obras apresentadas na ::KHAZA:: Palimpsesto foi apresentado no Abre Alas 2011 | A Gentil Carioca | Rio de Janeiro, RJ | 2011 Rumos ITAÚ Cultural | Edição 2011/2012
Paisagem: Como se faz (ao meu amor)
Adentra-se uma casa e se percebe a sair em viagem. Aqui, de onde vemos ali, aos poucos, nos encontramos no difícil papel de ser o outro do outro. Aparentemente, remissionando à francesa, Claudia Hersz atualiza o jogo da representação e localiza toda a memória do futuro que possa haver nessa poderosa fantasia do presente. No estranho momento em que o Rio de Janeiro se faz embevecido pelo reflexo de sua própria face na Baía de Guanabara (podendo não notar que se ajoelha sobre um formigueiro), constata-se a pertinência e conveniência da herança do autocrítico humor judaico que dá o tom desta mostra. Contudo, a energia afetiva que move este tapete e inspira esta exposição tem como motor imóvel o maravilhamento por essa trajetória familiar ter chegado aqui – e, não exatamente, por ter se originado acolá. Mas, como se sabe, ninguém deve esquecer bagagem no aeroporto. Quem viaja nestes tapetes voadores do Saara carrega tempo naquela caixa e nos livros, links e hiperlinks. Quem vive nesta casa vê, ao longe, o que, por agora, parece ser a linha de chegada - e do horizonte. São miragens, projeções, revelações, criações, críticas e edições de quem viaja enquanto vigia. Como é incrível ter passado nesse lugar! Dona Fryderika, sentindo a nuvem de chumbo pesar sobre os judeus da Hungria, trocou tudo por Nilópolis. A tristeza que viveu e viu foi reflexo nítido naqueles úmidos olhos - até quando, assassinada, os fechou pra sempre. As fotos de Vovó Fryda estão na caixa. Claudia Hersz cresceu ao som de iídiche em casa, brincando no pátio da igreja vizinha e temendo o dia em que seria catequizada à força. A complexa condição da dupla nacionalidade judaico-brasileira fez de Claudia uma estrangeira nativa, cuja mezuzah, palavra de Deus, é um mecanismo musical que, ao girar a manivela, toca “hava naguila, hava naguila, hava naguila, ora iê iê ô Oxum”. O próprio corpo de Deus está aqui. Carregado, líquido, no “Salade - Petite Hommage a N.L.”, tem cheiro de flor de laranjeira, toque de mão de mãe e cor de ouro de Rosa. Se tapete voador fosse peça de batalha naval, estaríamos no C 20. Mas não estamos pra esse jogo. Em Khaza - título que faz referência aos Khazares, povo asiático europeu convertido ao judaísmo no século VII, origem dos ashkenazim e da família de Hersz -, não há detalhe que não se endereçam a olhos curiosos. Claudia é uma artista que, sem proselitismos, acredita no fazer, na habilidade, no capricho, no detalhe e no uso de toda e qualquer técnica e material que à mão, ao cérebro e ao coração se oferecem. Se o movimento resultante de tudo isso é de desbravar o desconhecido continente tempo, nestes trabalhos, atravessamos dois níveis de tempo: o da história social e cultural e o das narrativas individuais. Nesta exposição, são criados teia rítmica e tecidos temporais, construídos a partir de links que nos transportam a (des)memórias, (con)vivências, criações, transcendências e (in)existências. As tapeçarias-pinturas que flutuam no espaço (sem saber de onde e para onde abrem suas janelas) foram cosidas, cozidas e ressituadas. As imagens que, um dia, estrangeiros usaram para explicar sociedades, seus espaços e costumes rugem das feiras de antiguidade e, se, depois do cajado de Abraão, são novas, os mundos são novos. Bernardo Mosqueira Outubro de 2011
http://www.youtube.com/watch?v=eH91M36aKvc
Scènes de La Vie aux Tropiques: Promenade Carioque | tinta acrĂlica, bordado e betume sobre gobelin | 85 (L) x 60 (A) cms | 2011
Scènes de La Vie aux Tropiques: Le Samba | tinta acrílica, bordado e betume sobre gobelin, latão | 53 (L) x 58 (A) cms | 2011
Scènes de La Vie aux Tropiques: Le Candomble et Dimanche au Parc du Flammand (díptico) | tinta acrílica sobre gobelin e latão 135 (L) x 65 (A) cms | 2011
Scènes de La Vie aux Tropiques: Le Roi Ciel | tinta acrílica sobre gobelin e latão | 63 (L) x 65 (A) cms | 2011
Scènes de La Vie aux Tropiques: Pain et Brioche | tinta acrílica sobre gobelin e latão | 150 (L) x 85 (A) cms | 2011
Scènes de La Vie aux Tropiques: Face de Paysage | Pintura em porcelana | 28 cms de diâmetro | 2011
Palimpsesto | gobelin tecido a m達o em algod達o circa 1900, tape巽aria em l達 circa 1960 e 2010 | 135 (L) x 110 (A) cms | 2009
IDÍLIO
Idílio? Esquece. Do Big Bang para cá tudo o que existe é uma imensa ânsia de expansão. Visceralidades, malícias, danças do acasalamento atravessando épocas numa sucessão vertiginosa de diferentes retratos e paisagens, como que lançados num superacelerador de partículas. O que está é o que sempre esteve. Esquece o idílio. Na calçada, o gato sonha de olhos abertos em degustar um suculento pássaro fresco. E os pássaros, estes animais sacanas (sim, esquece tudo o que você aprendeu com a Branca de Neve), dão rasantes cada vez mais baixos e cantam, cantam, dão rasantes e cantam sacanamente sobre o gato, que sonha na seca com idílios. Na beira de um rio em Paris cresceu Louise Bourgeois, tingindo e lavando lãs para o restauro de tapeçarias. Tapetes tecidos, desfeitos, reconstruídos como cidades no pós-guerra, com lãs de ovelhas diversas trabalhadas por gerações diversas em países diversos. Atravessamentos. Ao levar seus filhos para conhecer o local, tinham encanado o rio. Esquece o idílio. Quando as luzes do Aterro começam a se acender, à maresia se misturam odores humanos, e os gatos e os pássaros sacanas dormem. Íbis incrustada na pedra, a imagem dessa capital nunca vai apodrecer. Cidade feniciana, felliniana, fellacciana, o Rio de Janeiro atravessa, e me arrebenta.
Carmen Molinari
Scènes de La Vie aux Tropiques: La Pinacothèque de la Cour | Colagem, lápis de cor e nanquim sobre quebra-cabeças | 140(L) x 95 (A) | 2011
C’est tout la même chose | intervenção | 2011 Projeto Vitrine Efêmera | Estudio Dezenove | Rio de Janeiro, RJ
Funções equivalentes e o mito da serpente
A equivalência forma conteúdo é muitas vezes negligenciada quando deixamos de lado algum dos elementos constitutivos da obra de arte, isto é, não observamos que o resultado advém de todos os fatores de uma equação elaborada que o artista realiza entre o que é visível e o que está por ser visto. Não raro encontramos literaturas Neste projeto, C´est tout la même chose, que realiza para o Vitrine Efêmera, Claudia Hersz volta a tecer sua longa mortalha já iniciada e desfeita em projetos anteriores e esclarece que sua odisseia nos traz a premissa de que veremos senão aquilo que já vimos antes (é tudo a mesma coisa). Uma provocação pautada em trabalhos seus como Dama – mulher e seda sobre vinil e Damas – as que cortam e as que brotam. Ao reformular e reconstituir caminhos que percorreu, entende a artista na síntese de suas ações o enunciado duchampiano étant donnés. Sabe que arte é matemática e, sendo dado que forma conteúdo, toma o que vê ao lado do que pensa. Decerto não podemos atravessar duas vezes o mesmo rio, não percebemos da mesma maneira o mesmo episódio, não interpretamos um texto sob os mesmos prismas. Estamos em constante mutação com novidades na abordagem que fazemos de aspectos amplos no conhecimento que adquirimos ao longo da vida. Com Claudia não é diferente. A intervenção que faz é arquitetada de modo a servir ao olhar e ao raciocínio um único cenário que se estende para além dos limites da vitrine indo até a calçada à frente num jogo de sedução com o público que movimenta e altera a obra com sua presença fugaz sobre o tapete quadriculado. Contudo, não deixa escapar em sua lógica proposicional que forma e conteúdo são inseparáveis e que a aparência não é arbitrária. Suas bonequinhas de porcelana, umas com facas e outras com arbustos na cabeça, estão dispostas em um jogo de damas. Elas nos falam de um confronto iminente. Umas cortam, outras brotam, forças contrárias, antagônicas, porém imprescindíveis umas às outras. Em verdade são a mesma pessoa todas elas, tal e qual encontramos na Cabala o Mito da Serpente em sua essência dualística apoiada nos símbolos da dupla natureza humana. Lembremos que Abel e Caim são tidos naquela doutrina como opostos de uma mesma entidade, tanto quanto a Serpente (tentação) e Jeová (abnegação). A todo mito temos um rito conjugado. Para Claudia, seu rito final é o que dizia Merleau-Ponty em A dúvida de Cézanne: “o artista não deve apenas criar e exprimir uma ideia deve enraizá-la na consciência dos outros.” Osvaldo Carvalho agosto de 2011
Bom dia, Claudia ou: Tudo Diverge Embora não nos tenhamos encontrado n'A Vitrine, lá estivemos a observar com calma seu tecido tabuleiro de tons assemelhados, quase no neutro (campo intensivo que impede que haja “a mesma coisa”: primeira boa negação do título!); sobre ele, o sólido elevado (variações de planos: segunda boa negação do título!); sobre o sólido, o jogo de cavalheiros (“homens que dançam com damas” e damas “mulheres que dançam com cavalheiros”); logo: terceira boa negação do título! Dispostos quase todos os seres frente à frente carregam eles sua diferidas ereções plásticas: punhal duro; púbis eriçado (assim: quarta boa negação do título!). Aquele seu monumento flagra o Momento Único, quase inviável: Eros não é em um só tempo e total e coletivamente hormonal. Seria preciso talvez algum traço, algum, que marcasse o sexo - a guerra - o encontro- o desejo - a vontade de domínio - a força da lâmina o vigor do capim, que marcasse seus distúrbios: negar-se-ia mais e mais o título. Mas há em você, na coisa feita, AMOR, afecção; para dar-lhe carne diversa: dois aproximam-se, destacam-se, negam o igual, dizem sim à DIFFÉRENCE. Beijos, admirável Claudia.
Roberto Corrêa dos Santos Setembro de 2011
ToYS é NóIS | 2010 Centro Cultural Justiça Federal – Cinelândia | Rio de Janeiro, RJ
Toys é Nóis “L u t ei para e scapar da i n f ân ci a o m ai s ce do possí v el . E assi m qu e con se gui , v ol t ei corre n do pra el a. “ Orson We l l e s
Viver a infância –no passado ou agora– é o passaporte de entrada para essa exposição. A artista estabelece o seu campo de ação entre o universo lúdico e o artístico. Lúdico está ligado ao prazer, centrado no sentido amplo da palavra brincar, jogar – e é esse convite que nos é feito aqui. Como numa volta ao passado, uma reminiscência localizada na memória deste período da vida – onde o sonho e a realidade se misturam – numa atmosfera de esperança, faz-de-conta e uma forte dose de ironia, Claudia criou um mundo à parte. Por meio de uma postura crítica e humorada, os trabalhos da artista aparecem como alegorias sobre a história da arte, combinando aspectos estéticos e existenciais. O visitante precisa estar atento e aguçar a percepção para identificar e entender onde a obra acontece. Percebemos de imediato que a escala foi rearranjada. A modificação da escala traz uma mudança de sentido. Incômodo? Não para a curadora, que vive numa escala especial.
Assim como Emília na Chave do Tamanho mexe onde não deve e as criaturas mudam suas
escalas, a artista nos convida a atravessar o espelho de Alice e cair no mundo maravilhoso de Claudia Hersz, mundo calcado na reordenação do objeto cotidiano. Um universo de experiências da vida incorporado ao universo da arte. Em sua casa-ateliê, ela acumula objetos achados – restos para muitos – e esses objetos-restos são como seus prolongamentos nesse estar no mundo. O exercício do fazer com prazer possibilita uma reflexão em que o jogo adere à arte, aceita brincadeiras, incertezas e dúvidas, num mundo onde habitualmente tudo deve ser certo ou errado. E isso nos recorda o que nos faz humanos: além de sermos homo sapiens, somos homo ludens também. Isabel Sanson Portella
A Metรกfora | hall da Justiรงa Federal | MDF e espelho
A Metáfora e o Não | MDF, metal e espelho de acrílico | 300 (L) x 220 (A) x 180 (P) cms – (Variáveis) | 2009
Sic Transit Gloria Mundi | MDF e livros | 240 (L) x 80 (A) x 240 (P) cms | 2010
Isso até criança faz | desenhos de Picasso sobre lousinha mágica | 200 (L) x 70 (A) x 3 (P) cms | 2004
Quem é o Rei? | estojo , plástico, espelho côncavo e metal | 34(L) x 14 (A) X 14 (P) | 2010
O Joker não é Bobo não...| Espelho de acrílico, cabinhos e corrente de aço, moeda | 240 (L) x 80 (A) x 240 (P) cms | 2010 http://www.facebook.com/video/?id=701133154#!/video/video.php?v=434452933154
ToYS é NóIS | video projeção em 4 ms (L) x 3ms (A) | duração: 1’ 50” https://www.facebook.com/claudia.hersz#!/video/video.php?v=435771008154
A Minha Coleção série em curso a partir de 2008
A Minha Coleção
A Minha Coleção é composta por miniaturas de obras de arte. Esta série, iniciada em 2008 e ainda em curso, foi pensada inicialmente como a Coleção da Barbie, o que acabou por ser determinante na escala da maior parte dos trabalhos (a escala 1/Barbie é aproximadamente 1/8), e também num certo “desvio para o rosa” em trabalhos iniciais.
Acabei me dando conta que a Barbie jamais colecionaria arte e assumi que eu não era apenas a produtora e curadora papéis que me outorguei quando comecei - mas que esta era A Minha Coleção, ligada a meus afetos, desejos, admiração ou simplesmente à percepção de que algumas obras ficam interessantes miniaturizadas (perdendo a alma e a aura que tinham em seus tamanhos normais).
Atualmente, a coleção conta com miniaturas de trabalhos dos seguintes artistas: Andy Warhol, Anna Bella Geiger, Barrão, Beuys, Cildo Meirelles, Jarbas Lopes, Kosuth, Louise Bourgeois, Lucio Fontana, Magritte, Marcel Duchamp, Nelson Leirner, Rauschenberg e Tunga
O meu Anna Bella | Parafina pigmentada, alumĂnio, purpurina e ferro | 16 (L) x 5,5 (A) x 2 (P) cms | 2009
O meu Duchamp | Moldagem em sabonete glicerinado | 7,5 (L) x 6,5 (A) x 9 (P) cms | 2008
O meu Beuys | Tinta acrĂlica sobre madeira, madeira, parafina e arame | 5,5 (L) x 11 (A) x 5,5 (P) cms | 2008
O meu Nelson Leirner | Anilina sobre madeira e plรกstico | 14 (L) x 8,5 (A) x 8,5 (P) cms | 2009
O meu Kosuth | PlĂĄstico, fotografia, impressĂŁo sobre papel sulfite | 2008
O meu Jarbas Lopes | plรกstico | 10 (L) x 10 (A) x 0,5 (P) cms | 2010
O meu outro Duchamp | madeira, tinta PVA e plรกstico abs cromado | 2010
My Gritte | Seda, papel, madeira e plรกstico 19 (L) x 26 (A) x 8 (P) cms | 2011
O meu Tunga | fios de aรงo e lacinho de fita 2010
De Humani Corporis Fabrica (Ceci n’est pas um Magritte) sÊrie em curso a partir de 2003
"Visível e móvel, meu corpo está no mundo das coisas, é uma delas, está preso no tecido do mundo e sua coesão é a de uma coisa. Mas, porque vê e se move, mantém as coisas à sua volta - as coisas são um anexo ou um prolongamento dele, estão incrustadas em sua carne, fazem parte de sua definição plena e o mundo é feito da mesma matéria que o corpo”. Merleau-Ponty em "O Olho e o Espírito"
Desdobramentos da série “Ceci n’est pas um Magritte”
Claudia Hersz menciona Merleau-Ponty em O Olho e o Espírito. Naturalmente que seu trabalho se inclina sobre determinadas idéias de Ponty, como a noção de carnalidade, e é compreensível que possamos perceber (com todos os sentidos) em seus objetos, ecos das idéias do filósofo. Aí a artista encontra pontos de referência e vínculos efetivos com a tradição. Mas os objetos de Claudia, construídos com látex, a partir de impressões no corpo, engendram um campo diferente e nos falam de um espaço distinto. Utilizando o látex, a artista produz impressões a partir da pele. A pele por sua vez é o maior órgão sensorial do corpo humano. É a superfície sobre a qual o mundo se inclina, no processo sensível constituído de impressão, sensação e percepção. As obras, então, apontam para a superfície, linha limítrofe entre o dentro e o fora. É este o espaço acionado e este espaço tem profundidade que se manifesta pela ressonância, e em reverberações já não da pele, mas do limite. O espaço não existe nem para dentro, nem para fora, existe na ressonância.Há profundidade na superfície. Seu poder é fazer vibrar. Esta é sua ação. Disto nos fala Claudia Hersz. Isto a distingue. Alberto Saraiva
Fatoração | látex, dióxido de titânio e borracha | 70 (L) x 20 (A) x 40 (P) cms
Remix [Magritte-Bourgeois] | Látex líquido, dióxido de titânio, algodão e ilhoses metálicos | 46 (L) x 292 (A) x 25 (P) cms
Ninhumanos Intervenção contemplada pelo Prêmio Intervenções Urbanas 2008 em parceria com Ana Miguel Aterro do Flamengo | Rio de Janeiro, RJ
Ninhumanos A área do Aterro do Flamengo, como todo mundo sabe, já pertenceu ao mar. Por outro lado, a terra empregada na sua consecução já foi montanha. Daí o sentimento ambíguo quando passamos por ele, mesmo em alta velocidade, mas particularmente quando nos deixamos levar pelo caprichoso desenho de Burle Marx, por si só um convite ao passeio a esmo, sem objetivo definido, a expressão mais pura e simples da vilegiatura. Anda-se pelo Aterro com uma sensação dúbia, como quem sofre a nostalgia da atmosfera espessa de quem habita o chão do mar e, simultaneamente, acostumou-se a ver as coisas desde o alto. Ficamos assim entre peixe e pássaro, nem uma coisa nem outra. Mas há quem opte. Talvez porque a lógica implacável da vida em sociedade desloque alguns para a borda, enquanto outros, até por uma disposição do espírito, preferem ficar nela, como um desses pássaros que circulam entre nós sem que saibamos nada deles. Foi com uma prova dessa condição que Claudia Hersz e Ana Miguel se depararam. Deambulando pelo jardim, perceberam algo estranho no alto de uma árvore cuja imponência se estampa já no nome: Ficus Benghalensis. Desconfiadas, pediram a um garoto – Pedro – que subisse para espiar o que havia entre seus galhos. Pedro voltou com a insólita nova: havia um ninho humano. Precário, singelo, mas definitivamente um ninho. Com os despojos típicos deixados por gente que se deixa ficar por ali. Vai daí que elas, num impulso mesclado de afeto e crítica, porque sempre haverá uma ponta de dúvida se entre aqueles que temos na conta de expropriados existirá quem prefira não ter posses, resolveram incrementar o ninho. Ampliaram e tornaram segura a construção, dotaram-na de algum conforto como luzes e ganchos, pintaramna de vermelho e ocuparam-na com um mobiliário macio, preservando, na medida do possível, sua condição de segredo, mais um dos mistérios que, como uma brasa adormecida, encrava-se nos interstícios da metrópole. Agnaldo Farias
Etc & Tal Trabalhos diversos
Nossa Senhora do Glopocob | Imagem fotogrรกfica em moldura antiga | 39 (L) x 59 (A) x 5 (P) cms | 2011
Broken China | Porcelana, rejunte pigmentado, madeira e metal | 19(L) x 35 (A) x 19(P) cms | 2010 Prêmio Aquisição do 17º Salão de Pequenos Formatos – UNAMA – 2011
Você é o Rei – Ave Ubi Bava | Espelho convexo e metal | 4 (L) x 5,3 (A) x 1 (P) cms | 2008
My Own Drian | Fotografia | 50(L) x 65 (A) cms | 2006
Anna Bella com brinco de pĂŠrola | Fotografia | 100 (L) x 135 (A) | 2004
Colar de Itu | acrílico, aço e metal | 120 (L) x 170 (A) x 12 (P) cms –variável | 2007
Dolphinus Erectus | ossada, plástico cromado e aço | Dimensões variáveis (colar aberto de 430 cms) | 2005
Fotos: Lena Amorim
DAMA Incorpo(r)ações – Espaço Bananeiras – Rio de Janeiro, RJ , Jardim da Delícias – Museu da República – Rio de Janeiro, RJ , SESC Arte 24hs – Pier Mauá – Rio de Janeiro, RJ, SESC Cultural – Rio Fashion Business, Marina da Glória – Rio de Janeiro, RJ ,
2006 2006 2010 2011
DAMA
“Fico num beco qualquer /Numa esquina qualquer Fico num beco qualquer / Numa esquina qualquer Sentindo Meu ego dissolvido na matéria em movimento” Fausto Fawcett
Não tenho um tempo nem uma meta a cumprir. Só preciso costurar, não tenho que ser nada. A mimese. Ninguém precisa prestar atenção. Costuro meu próprio vestido, sumindo no chão. O vestido cresce a cada vez e está enorme, 3 metros de altura. em seda pura. Foto de Lena Amorim
DAMA | Performance | Duração: entre 1 e 3 horas
Para Anna Pink Festival Performance Presente Futuro Vol III | Oi Futuro | Rio de Janeiro, RJ
Para Anna Pink “Um tear construir inspirou-me um dos deuses. Tendo estendido no quarto uma tela sutil e assaz grande, pus-me a tecer. Enganei-os, depois, com fingidas palavras: “Não vá tanto fio estragar-se. Até que termine este pano - para a mortalha de Laerte, quando a Moira funesta da morte assaz dolorosa o colher” Dessa maneira falei, convencendo-lhes o ânimo altivo. Passo, depois, a tecer nova tela mui grande. De dia. À luz dos fachos, porém, pela noite desteço o trabalho” Homero
“Para Anna Pink” é uma performance em que duas mulheres coexistem: Uma faz um bordado à mão e o desmancha – esta existe numa projeção em tamanho real numa tela de musseline (material algo translúcido) posicionada num canto. A outra sou eu, presente, atrás dessas camadas de musseline, utilizando a própria tela de projeção para costurar à máquina, fazendo uma roupa. Ambas costuramos em tempos distintos e ao mesmo tempo . Pouco a pouco, as duas imagens vão se fundindo quando o suporte da projeção – várias camadas, num total de 10 metros – vai sendo consumido pela máquina de costura. Esse trabalho teve seu início quando achei um antigo mostruário de bordados, confeccionado por alguém que fez o curso da Escola Singer - filial Copacabana, em meados da década de 50. Esse alguém se chamava Anna Pink, e os bordados eram, na grande maioria, em rosa. Essa mulher, cujo nome comportava sua obra, em 1950 fazia algo tão igual ao que eu faço atualmente e ao que minha avó fazia em 1920: costurar. E é às Annas Pinks , verdadeiras Penélopes, que dedico esse trabalho, quase um “desvio para o rosa” Os mitos são constantemente revisitados por carregarem verdades fundamentais da humanidade, e o trabalho é claramente inspirada na passagem da Odisséia em que Penélope, a pretexto de esperar Odisseu, resolve enganar seus pretendentes com uma tecelagem que não finda. Conta com a participação de Fausto Fawcett, com quem dialogo de forma meio rap, enquanto costuro por trás dos panos, embaralhando Penélope a outros mitos, entidades, orixás e chacretes, numa Odisséia entre ítaca e Belford Roxo temperada com notícias do Fantástico.
Fotos : Clarisse Canela
Fotos : Clarisse Canela e Jo達o Penoni
Fotos : Clarisse Canela e Jo達o Penoni
Curriculum
Claudia Hersz | 09/12/1960, Rio de Janeiro, RJ Formação: Graduada em Arquitetura e Urbanismo na FAU – UFRJ -1982 Curso Arte e Crítica com Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiaralle - Parque Lage- RJ - 2001 Workshops com Rosângela Rennó, Carmela Gross e Vik Muniz- Centro Cultural Hélio Oiticica – Rio de Janeiro, RJ - 2002 Curso com Nelson Leirner- RJ – 2003 Exposições e trabalhos: 2011 2010 2009 2008 2007
::KHAZA:: - exposição individual – Espaço Cultural Municipal Sergio Porto – Rio de Janeiro, RJ Selecionada para o programa Rumos Itaú Cultural edição 2011/2012 Abre Alas – Galeria A Gentil Carioca – Rio de Janeiro, RJ 17º Salão de Pequenos Formatos – UNAMA– Prêmio Aquisição – Belém, PA Performance DAMA – SESC Cultural – Rio Fashion Business, Marina da Glória – Rio de Janeiro, RJ Galeria do Poste – Praça São Salvador – Rio de Janeiro, RJ C’est tout la même chose – Projeto Vitrine Efêmera – Estudio Dezenove – Rio de Janeiro, RJ Performance Presente Futuro Vol III - Espaço Oi Futuro – Rio de Janeiro, RJ Exposição Individual TOYS É NóIS – Centro Cultural Justiça Federal- – Rio de Janeiro, RJ SESC Arte 24hs – Pier Mauá –– Rio de Janeiro, RJ Eternal Feminine Plural -OIT – Organização Internacional do Trabalho - Genebra, Suiça Simultâneo – Viradão Carioca – Ruas do Centro, Rio de Janeiro, RJ 7ª Bienal do Mercosul - http://www.bienalmercosul.art.br/7bienalmercosul/es/claudia-hersz NANO – Studio44 –Estocolmo – Suécia Suco de Caju – Galeria Meninos de Luz – Rio de Janeiro, RJ Piscinão da Benvinda – Galeria Murilo Castro- Belo Horizonte, MG Bideiro – atuação na residência artística de Jarbas Lopes no Conjunto do Pedregulho –RJ Despacho – Ateliê da Imagem – Rio de Janeiro, RJ J Prêmio Interferências Urbanas 2008 , em parceria com Ana Miguel – NINHUMANOS – RJ Criação de mestre-sala e porta-bandeira da Pimpolhos da Grande Rio - Sambódromo, RJ Estranha - Espaço Durex, RJ Art Exhibition da Annual NYC Anarchist Bookfair – Judson Memorial Church – New York, NY Participação na revista O Ralador– Rio de Janeiro, RJ Pimpolhos da Grande Rio - Sambódromo– Rio de Janeiro, RJ Lusovideografia- Espaço Oi Futuro– Rio de Janeiro, RJ Promove workshop no CEFAV - Centro de Formação em Artes Visuais –Recife, PE
2006 2005 2004 2003 2002
FOME – Projeto Ocupação - Museu Murillo La Greca - Recife, PE Associados- Espaço Orlândia – Rio de Janeiro, RJ J Prêmio Chave Mestra- Casarão da UNEI- Santa Teresa – Rio de Janeiro, RJ FotoFrame 2007- Espaço Durex– Rio de Janeiro, RJ Feliz Aniversário, Nelson Leirner - Casa da Xiclet - São Paulo, SP III Semana Cutural em Santa Teresa- Conexão Contemporânea, Funarte, RJ Incorpo(r)ações - Espaço Bananeiras – Rio de Janeiro, RJ Nanoexposição - Galeria da UFES - Vitória,ES VIII Salón Internacional de Arte Digital Havana, Cuba e web Curadoria da mostra UniDuniTê – Estúdio 260 – Rio de Janeiro, RJ A Organização -mostra de cinema- Cine Odeon,RJ Camisa "Educação" - Galeria A Gentil Carioca – Rio de Janeiro, RJ Jardim da Delícias – Museu da República – Rio de Janeiro, RJ Fake – Galeria Novembro Arte – Rio de Janeiro, RJ Nós amamos o Recife e nosso trabalho também! - Museu Murillo La Greca - Recife, PE Nanoexposicion - ARTBO - Bogotá, Colômbia Nanoexposição - Galeria Murilo Castro - Belo Horizonte, MG Pyrata - Barca rio-Niterói, RJ Rede de Trocas - Projéteis Redemergências - Funarte, RJ Circuito Integrado – Estúdio 260, RJ FotoRio – Fotoframe – Espaço Durex – Rio de Janeiro, RJ Figura 9 – Museu da República – Rio de Janeiro, RJ Zona Oculta – CEDIM, RJ / SESC -Nova Iguaçu, RJ Salão Aberto - Casa das Retortas - São Paulo - SP Posição 2004 - Parque Lage – Rio de Janeiro, RJ Coletiva "Vestível" - Imaginário Periférico - Centro Cultural Nova Friburgo - RJ Salão de m.a.i.o. - Interferências urbanas na cidade de Salvador - BA Salão de Beleza -espaço MAMÃE - Recife, PE X Salão da Bahia - Salvador - BA Coletiva Tête-a-tête - Grupo Miolo - Museu da República – Rio de Janeiro, RJ Coletiva Tempo de Validade - Espaço Bananeiras – Rio de Janeiro, RJ Iº Salão de Arte Contemporânea de São José dos Campos- FCCR-SP Coletiva Ponto de Fuga / Ponto de Vista - Grupo Miolo -Crea – Rio de Janeiro, RJ Coletiva Canteiro de Obras - Circo Voador– Rio de Janeiro, RJ
Prêmios: Prêmio Interferências Urbanas 2008 – projeto NINHUMANOS contemplado por premiação e realizado no Parque do Flamengo Prêmio Aquisição do 17º Salão de Pequenos Formatos – UNAMA – 2011
Artigos de jornais e revistas